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Pigmentação de próteses bucomaxilofaciais

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Academic year: 2021

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RESUMO

Esta revisão de literatura traz informações a respeito do uso de diversos tipos de pigmentos que podem ser usados em próteses bucomaxilofaciais, assim como sua relação com os materiais empregados na confecção da prótese. Estas informações incluem alguns tipos de pigmentos (óxidos minerais, incorporados a componentes acrílicos, porcelanizados, oleosos, e outros) assim como os materiais que podem ser pigmentados, como silicone e resina acrílica, técnicas e características de cada material e tipo de pigmento. Em busca de melhores resultados não apenas na estética e longevidade das próteses, como também na manutenção das propriedades dos materiais e pigmentos, são estudados os fatores que podem causar a deterioração das mesmas, destacando a exposição à luz ultravioleta e as mudanças de condição ambiental, além da utilização de escalas de cores pré-fabricadas que facilitariam a confecção dessas próteses, permitindo economia de tempo e de material no momento da seleção da cor. Contudo, foi observado que as propriedades físicas e mecânicas do material utilizado podem variar de acordo com a adição dos pigmentos, sendo que a pigmentação extrínseca pode resultar em menor descoloração em relação à pigmentação intrínseca. Além disso, a instabilidade de cor dos materiais podem estar relacionados com vários fatores, tendo destaque a exposição à luz ultravioleta e as mudanças de condição ambiental.

Palavras-chave: prótese maxilofacial, pigmentação, resinas acrílicas, silicones. ABSTRACT

This literature revision brings information regarding the use of several types of pigments that can be used in maxillofacial prostheses, as well as your relationship with the employed materials in the making of the prosthesis. This information include some types of pigments (mineral oxides, incorporate to acrylic components, porcelain, oily, and other) as well as the materials that can be pigmented, as silicon and acrylic resin, techniques and characteristics of each material and pigment type. In search of better results not just in the aesthetics and longevity of the prostheses, as well as in the maintenance of the properties of the materials and pigments, they are studied the factors that can cause to deterioration of the same ones, emphasizing the exhibition to the ultraviolet light and the changes of environmental condition, besides the use of scales of prefabricated colors that would facilitate the making of those prostheses, allowing economy of time and of material in the moment of the selection of the color. However, it was observed that the physical and mechanical properties of the used material can vary in agreement with the addition of the pigments, and the extrinsic pigmentation can result in smaller fading in relation to the intrinsic pigmentation. Besides, the instability of color of the materials can be related with several factors, tends prominence the exhibition to the ultraviolet light and the changes of environmental condition.

Keywords: maxillofacial prostheses, pigmentation, acrylic resin, silicon.

Pigmentação de próteses bucomaxilofaciais

Pigmentation of maxillofacial prostheses

Marcelo Coelho GOIATO* Ana Cristina MURAKAWA** Daniela Nardi MANCUSO***

* Professor Assistente Doutor da Disciplina de Materiais Odontológicos e Prótese da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - Unesp. ** Cirurgiã-dentista pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba -Unesp; estagiária do Departamento de Materiais Odontológicos e

Prótese.

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INTRODUÇÃO

A reabilitação de pacientes com mutilações faciais sempre foi um grande problema, especial-mente para aqueles em que a substituição da per-da de substância tecidual não pode ser feita por meio de cirurgia plástica. O reabilitador sempre tem o intuito de devolver função e estética ao paciente, mas, para este, na maioria dos casos, apenas a estética tem importância, principalmente se a deformação for visível a ponto de haver a segregação do indivíduo da sociedade. A estética da prótese inclui aspectos como escultura, que deve aproximar-se tanto quanto possível da morfologia facial do paciente, e coloração, tam-bém uma característica individual do paciente.

O sucesso da reconstrução depende do co-nhecimento completo dos princípios de harmonia facial, mistura de cores, ancoragem, retenção, peso da prótese, da durabilidade, da tolerância e da com-pressão tecidual e, principalmente, da fácil aquisição do material (NITCHAUSER & SÁ-LIMA15, 1996).

Portanto, para a confecção de próteses maxilofaciais, o material deve ser o primeiro a ser escolhido, verificar suas propriedades físicas e mecânicas, seguido pelos pigmentos, avaliar a capa-cidade de coloração pela incorporação ao silicone e principalmente, analisar a alteração de cor da prótese, permitindo que ela seja o mais estável possível para o conforto do paciente (figura 1 e 2). REVISÃO DE LITERATURA

Conhecendo os pigmentos

Têm sido destacados muitos tipos de pigmen-tos no mercado, disponíveis tanto para pigmenta-ções intrínsecas quanto extrínsecas dos diversos tipos de materiais utilizados para confecção das próteses faciais, mas se quisermos entender o processo da coloração das próteses, devemos observar atentamente o que nos sugere OLIVEI-RA16 (1982) sobre a aplicação da teoria da cor:

“Todas as cores que nos impressionam advêm da

FIGURA 1 – paciente após procedimento cirúrgico.

FIGURA 2 – paciente reabilitad com prótese facial.

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mistura entre as chamadas cores primárias: verme-lho, amarelo e azul”. Segundo ele, a mistura delas em quantidades iguais origina as secundárias: la-ranja (vermelho + amarelo); verde (amarelo + azul); e violeta (vermelho + azul). Se forem mis-turadas as primárias com as secundárias haverá novas cores, com maior ou menor predominância de uma das cores primárias para a cor obtida. Misturando-se as secundárias com as terciárias haverá nova gama de cores, chamadas cores com-plementares. Ele afirma ainda que as tonalidades das cores se obtêm de três maneiras, com as cores chamadas acromáticas: preto, branco ou misturas e os cinza. Portanto, quando se acrescenta o bran-co, está se matizando uma cor; por outro lado, quando se acrescenta o preto, obtêm-se o sombreamento da cor.

Um pigmento pode ser definido, segundo MAYER13 (1991) como uma substância colorida e

finamente dividida, que passa seu efeito de cor a outro material quer quando bem misturado a ele, quer quando aplicado sobre sua superfície em uma camada fina. Quando um pigmento é mistu-rado ou moído em um veículo líquido para for-mar uma tinta, ele não se dissolve, mas permanece disperso ou suspenso no líquido. A pureza quími-ca dos pigmentos varia muito; alguns são compos-tos simples, quase puros; outros, também de alta qualidade, contêm componentes menores, como impurezas naturais, quer como resultado de ingre-dientes adicionados durante a fabricação para modificar a cor ou as propriedades do pigmento. Ainda segundo este autor os pigmentos po-dem ser classificados de acordo com a cor, seu uso, sua permanência, etc. Costuma-se, entretanto, classifica-los de acordo com sua origem, em pig-mentos orgânicos e inorgânicos. O termo orgâni-co pode ser aplicado a pigmentos animais, vegetais ou pigmentos orgânicos sintéticos, sendo deriva-dos de átomos de hidrogênio e carbono. Os pig-mentos inorgânicos podem ser de terras naturais, terras naturais calcinadas ou ainda origem sintéti-ca, contendo átomos de metal.

Coloração das próteses faciais

Concordando com outros autores, TASHMA21

(1967) afirmou que o problema de se obter as cores de uma prótese facial é tão difícil quanto a sua confecção propriamente dita. Ao invés de usar os pigmentos ou corantes diretamente sobre o material da prótese, ele preconizou uma “diluição” destes corantes. Foi feita uma dispersão uniforme dos corantes em uma grande quantidade de massa de pó seca e inerte, acreditando-se que o melhor veículo para esta dispersão fosse o pó da resina acrílica. Desse modo, a quantidade de corante concentrado utilizado para a prótese era bem pe-quena, permitindo uma boa coloração, satisfazen-do bem as necessidades de tonalidades diferentes e diminuindo muito o risco de possível toxicidade. Já para a coloração do PVC, RODE20 (1974)

preconizou a coloração intrínseca com as tintas oleosas Realastic e Marshall, afirmando que deve-riam ser acrescentados pigmentos brancos e fios de náilon azul e vermelho a todas as soluções para que fosse atingida a translucidez da pele humana. Em 1977, DRANE1 afirmou que a coloração

intrínseca é a melhor maneira de se aplicar cor a uma prótese. No entanto, por esse método a pre-cisão na combinação de cores deixa muito a dese-jar. Portanto, ele sugeriu processar a prótese numa tonalidade ligeiramente mais clara que a normal e, em seguida, fazer uma caracterização extrínseca com pigmentos corantes diluídos em xilol. Para retirar o brilho da prótese deve-se aplicar um spray fosco à base de 100 cc de xilol, 3 gramas de selante para silicona e 1 grama de carbonato de magnésio. No mesmo ano, LEVY10 comparou a coloração

intrínseca com a extrínseca em próteses em PVC. Ele afirmou que deveria ser feita a coloração intrín-seca utilizando flocos de raiom vermelho, azul e corante oleoso transparente para fotografia, tipo Marshall. No entanto, para a coloração extrínseca, deveriam ser utilizados corantes oleosos para PVC, ou ainda a própria tinta Marshall diluída em acetona. Mas apesar da coloração intrínseca ser consi-derada como a melhor maneira de se aplicar cor a

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uma prótese, LEWIS & CASTLEBERRY11 (1980)

declararam que as propriedades de cor ideais exigidas em um material protético para prótese bucomaxilofacial teriam que aceitar e reter tanto a coloração intrínseca, quanto a extrínseca. Além disso, a aparência e a força mecânica da prótese não deveriam ser mudadas por luz solar ou outros fatores ambientais.

Dentro deste contexto, NITCHAUSER & SÁ-LIMA15 (1996) afirmam que o maior problema

enfrentado pelo reabilitador facial é conseguir reproduzir a cor exata da pele do paciente, sem a qual dificilmente se consegue uma estética aceitá-vel. O problema torna-se mais grave, uma vez que a resina acrílica termopolimerizável pigmentada sofre alteração de cor após sua polimerização a quente, o que pode inutilizar por completo um trabalho protético, gerando desperdício de mate-rial e de tempo, além da frustração do paciente e do reabilitador. Segundo os autores, nos países desenvolvidos existe uma preferência pela utiliza-ção do silicone como material reabilitador, porém este material possui certas desvantagens como alto custo e pouca durabilidade.

Escala de cores

WAGHORN24 (1969) preconizou a confecção

de peças de amostra em resina acrílica termo ativada, em presença do paciente. Uma vez obtida a cor desejada as amostras eram comparadas com a pele do paciente e cuidadosamente catalogadas, evitando-se assim as repetições.

Posteriormente FINE et al.2 (1978)

apresen-taram várias vantagens de se utilizar escalas de cores pré-fabricadas: diminuição do tempo gasto na seleção de uma cor aceitável; menor desperdí-cio de material, uma vez que a seleção e a mistura são mais disciplinadas e controladas do que pelo método de tentativa e erro; a coloração extrínseca é usada apenas para modificações mínimas e não para correção do tom de pele, e, conseqüentemen-te, a aparência é mais natural; a reprodução de qualquer cor selecionada é facilmente repetida,

uma vez que não depende de memória e sim da fórmula já existente. No entanto, a única desvan-tagem vista pelos autores era o tempo gasto na composição das fórmulas e guias de coloração. Mas, apesar de bastante trabalhoso, ainda assim era compensatório.

Para a incorporação de pigmentos, REZENDE et al.19 (1986) sugeriram como

corantes para próteses faciais os de fabricação da Indústria Odontológica Clássico, por já virem in-corporados ao polímero e serem de largo empre-go na Odontologia brasileira, para caracterização de próteses bucomaxilofaciais. Já FONSECA3

(1987) sugeriu a combinação de resina acrílica rósea e transparente além da adição de corantes minerais e fios de náilon azul e vermelho, em proporções variadas, até se obter dez cores bási-cas, para que se escolha a de maior semelhança à pele do paciente. Segundo o autor, essas cores serviriam como uma escala básica.

A fim de buscar um melhor padrão estético da prótese, MA et al.12 (1988) realizaram um estudo no

qual um retângulo de cera com diferentes texturas e espessuras foi esculpido e incluído em mufla e contramufla. Depois de eliminada a cera, o material colorido era inserido e polimerizado; e o material-teste era então comparado com a tonalidade de pele do paciente. Assim, qualquer correção poderia ser feita antes da prensagem final da prótese.

Em 1998, NEVES & VILELLA14

desenvolve-ram em silicone uma escala de tonalidades de pele humana. Foram confeccionados vinte e sete cor-pos-de-prova em silicone acético (Silastic 732 RTV), pigmentados com óxidos de ferro e dióxido de titânio. A quantidade de silicone acética manteve-se constante (dois gramas) em todos os corpos-de-prova, e os pigmentos foram misturados a ela em várias proporções até a obtenção de vinte e sete diferentes tonalidades. Através da comparação da cor dos corpos-de-prova com a cor da pele de quarenta e um indivíduos, foram selecionados os cinco corpos-de-prova com as tonalidades que mais se igualavam à cor da pele dos pacientes,

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compon-do, assim, um guia de tonalidades. Com a metodologia empregada, foi possível desenvolver uma escala de tonalidades de pele com a finalidade de facilitar a definição do tom da pele do paciente quando da confecção de próteses faciais em silicone, permitindo economia de tempo e de ma-terial no momento da seleção da cor.

Pigmentação e alterações de cor

Os pigmentos corantes inorgânicos concen-trados foram os preferidos e empregados desde a década de 1960 por RAHN & BOUCHER18, para

a coloração do silicone 399. Dentre eles os mais usados foram o Vermelho V-2876, Branco V-52, Azul V-1232, Amarelo V-1105, Marrom Avermelhado V-1106, Preto V-1747. Segundo os autores, não se verificou grande descoloração durante os primeiros 12 meses de uso das próteses, exceção feita para a cor amarelada.

No entanto, a observação de HANSON & SHIPMAN6 (1983) de que a compleição natural

da pele pode ser alterada pelo uso de cosméticos e substâncias matizantes, levou-os a empregar esses cosméticos para a coloração intrínseca das próteses, com excelentes resultados quando se empregavam alguns tipos de cosméticos, como os fabricados por Elizabeth Arden Inc. Outros, de outras fórmulas e procedências, já não apresenta-vam resultados excelentes por conterem veículos diluentes que se alteravam em contato com o silicone MDX-4-4210, empregado na confecção das próteses. Entretanto, o uso de cosméticos à base de pigmentos óxidos provou ser eficiente e prático, eliminando a necessidade de um estoque grande de cores para silicones.

TURNER et al.23 (1984) avaliaram o poliuretano

com 4 sistemas de coloração: pigmentos de terra seca, Kaolin, pigmentos da Daro e tinta óleo. As amostras foram submetidas à câmara de envelheci-mento acelerado Weather Ometer por 900h e a aná-lise foi feita pelo método visual de comparação e por comparação através do espectrofotômetro de reflexão. Os sistemas de coloração pigmentos de

ter-ra secos e tinta a óleo mostter-rater-ram-se similares na es-tabilidade de cor e foram recomendados para uso em clínica. O Kaolin teve a maior alteração de cor e o Daro embora tenha tido a menor alteração de cor, teve o maior decréscimo em resistência após o enve-lhecimento.

Segundo OLIVEIRA17 (1993) as

caracteriza-ções externas para silicone e PVC devem ser fei-tas com materiais de retoques fotográficos, como o Realastic e corantes cosméticos. Através da li-teratura, pode-se verificar que existe sempre uma grande dificuldade em se colorir os materiais para prótese facial usualmente empregados. Entretan-to, silicone e resina acrílica são coloridos com os mesmos pigmentos, embora se comportem dife-rentemente na polimerização ou vulcanização dos materiais e no decorrer do uso das próteses. En-quanto os corantes óxidos se diluem em mistura monômero-polímero, eles apenas se incorporam aos silicones. Quanto à coloração extrínseca, os pigmentos corantes oleosos Realastic e Marshall são os mais citados e empregados para o silicone. Através de seu estudo, o autor procurou analisar os resultados da coloração de resina acrílica e silicone, quando a eles se juntam pigmentos corantes à base de óxidos minerais puros, incor-porados à porcelana ou não. Após os testes e feita a comparação entre os corpos de prova, ve-rificou-se que os que sofreram menor alteração de cor foram os coloridos com pigmentos porcelanizados, seguidos pelos coloridos com óxidos minerais puros e, finalmente, os coloridos com corantes previamente incorporados ao polímero, tanto para a resina acrílica como para o silicone. OLIVEIRA17 (1993) ainda concluiu

que os pigmentos porcelanizados possuem maior estabilidade de cor, fácil manuseio, quantidade necessária reduzida em comparação com outros pigmentos, baixo custo e que não apresenta pro-blemas na sua aquisição no mercado.

Portanto, a partir da revisão destes e de outros trabalhos, GARY & o SMITH5, 1998 deduziram

que o silicone RTV e os pigmentos exibem uma mudança de cor esperada. Além disso, pigmentos

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internos poderiam resultar em menos perda de cor, porque haveria menos chance dos pigmentos serem dissolvidos durante a limpeza da prótese. Eles sugeriram instruir o paciente no cuidado das próteses faciais, prolongando assim a longevidade da prótese. Os pacientes deveriam ainda ser enco-rajados, segundo eles a evitar exposição prolonga-da a luz solar, usar chapéus e óculos de sol. Eles deveriam evitar usar cosméticos na prótese; até mesmo se fosse maquilagem à base de água, pois a lavagem repetida poderia dissolver e remover alguns pigmentos da superfície externa. Os paci-entes não deveriam usar nenhum solvente como álcool de isopropil para limpar a prótese porque poderia causar dissolução dos pigmentos e ainda deveriam evitar fumar porque poderiam manchar a prótese nasal, por exemplo.

HAUG et al.7, em 1999, avaliou a estabilidade

de cor de elastômeros pigmentados, com exposi-ção ao tempo. Foram fabricados 15 espécimes para cada um dos elastômeros (Silastic Adesivo Médico tipo A, Silastic 4-4210, e Silicone A-2186) e 6 pigmentos (pigmentos de terra seca, fibras de raiom, tintas a óleo, kaolin, cosméticos líquidos e sem pigmentação), formando um total de 270 es-pécimes (18 grupos de 15 eses-pécimes cada). Os 15 espécimes de cada combinação elastômero-pig-mento foi separado em 3 subgrupos (controle, envelhecimento e exposição natural), tendo cada um desses subgrupos, 5 espécimes. Notaram alte-rações na cor, como resultado do envelhecimento, em muitos dos elastômeros pigmentados, assim como nos materiais elastoméricos sem pigmenta-ção e sem exposipigmenta-ção natural. Concluíram que a adição de corantes nos silicones alteraram o efeito do tempo tanto na coloração como nas proprieda-des do material, pois os pigmentos tendem a “proteger” os silicones da ação do tempo, possi-velmente por bloquear a radiação de luz no elastômero; e que os pigmentos inorgânicos (pig-mentos de terra secos, kaolin, tintas óleo e cosmé-ticos líquidos) são mais estáveis com a ação do

tempo do que os corantes orgânicos (fibras de raiom).

GARY, HUGET e POWELL4 (2001) fizeram

um estudo com um elastômero RTV e dois pig-mentos orgânicos sintéticos. Os grupos foram expostos à luz solar em diferentes lugares como Flórida e Arizona. Antes e depois da exposição o parâmetro de cor de cada espécime foi deter-minado espectrofotometricamente. Tanto os gru-pos pigmentados quanto os não pigmentados ofereceram resultados diferentes e com significância na alteração de cor. Além disso, os autores afir maram que a partir desse estudo abriu-se um leque de opções e uma válida linha de pesquisa para futuros estudos em alteração de cor de próteses bucomaxilofaciais e concluíram afirmando que a aceleração da alteração de cor ocorre pela radiação solar associada com fatores como temperatura ambiente, umidade relativa do ar, umedecimento causado por precipitações meterológicas e possíveis poluentes do ar.

No experimento de LEOW et al.9 (2002), sete

cores de pigmentos, consideradas essenciais para alcançar uma coloração satisfatória em próteses bucomaxilofaciais, foram comparadas pela sua fir-meza de cor, por três formulações selecionadas. No total, 21 pigmentos foram testados. Os mentos, presentes em suspensões, pastas ou pig-mentos secos, foram expostos, por 9 meses, à luz ultravioleta, temperaturas elevadas e várias con-centrações de salinidade. Como resultado, obteve-se que a descoloração dos pigmentos foi atribuída à luz ultravioleta; amostras de silicone pigmentado e sem pigmentação mostraram um “amarela-mento” e os pigmentos claros tornaram-se mais escuros. As amostras que foram expostas a uma temperatura elevada de 50ºC mostraram-se significante, porém com uma pequena alteração de cor. Há uma temperatura moderada de 35ºC, ambas amostras (pigmentadas e sem pigmentação) permaneceram com uma relativa firmeza na colo-ração. Os pigmentos continuaram firmes quando colocados em soluções salinas de concentrações

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0,15M e 5,0M. Além disso, os pigmentos em sus-pensões tiveram menor alteração de cor do que os pigmentos em pastas.

Recentemente, KIAT-AMNUAY et al.8 (2002)

procuraram avaliar o efeito dos opacificadores usa-dos em diferentes quantidades na estabilidade de cor do silicone A-2186 antes e depois do envelhe-cimento. Sessenta grupos experimentais compostos de silicone foram usados em várias concentrações (5%, 10% e 15%) de 4 opacificadores (pó calcinado, branco e pigmento seco de titânio bran-co) com um dos cinco grupos de pigmentos cos-méticos de terras secos (sem pigmentação – con-trole, vermelho, amarelo ocre, siena queimada, e uma mistura de todos os pigmentos). Todos os espécimes foram colocados em uma câmera de envelhecimento expostos à luz, spray de água, tem-peraturas flutuantes e umidade. Os autores conclu-íram que a mistura de pigmentos cosméticos de terra secos com opacificadores não protegem o silicone A-2186 dos efeitos da degradação de cor, especialmente no caso de pigmentos vermelhos.

Neste estudo TRAN et al.22 em 2004

avalia-ram a estabilidade de cor de um elastômero usado na confecção de próteses maxilofaciais quando uma luz ultravioleta absor vente (UVA) e um estabilizador de luz (HALS) foram aplicados ao elastômero contendo pigmentos orgânicos e inorgânicos. Os materiais usados foram um silicone RTV, um pigmento inorgânico natural e dois pigmentos orgânicos sintéticos, uma luz ultravioleta absorvente (UVA) e um estabilizador de luz (HALS). Os espécimes foram fabricados a partir de um molde, nomeados e expostos ao ar livre em Miami e Phoenix por aproximadamente três meses. Oito grupos (dois de cada um dos quatro tipos de materiais com ou sem aditivos) com 10 espécimes cada foram colocados em cada cidade. Os elastômeros sem pigmentação serviram como grupo controle. Os resultados mostraram que alterações de cor diminuíram significativamen-te nos espécimes com os aditivos (UVA e HALS) e pigmento amarelo e siena queimada em Miami.

Os grupos com pigmento vermelho não foram afetados pelos aditivos. Os autores concluíram que UVA e HALS mostraram-se efetivos no retardo de alterações de cor em muitas circunstâncias. CONCLUSÃO

Devido à dificuldade em se obter uma estéti-ca agradável e maior longevidade das próteses bucomaxilofaciais, vários autores têm sugerido o uso de diversos materiais para confecção das próteses. Dentro deste contexto têm sido desta-que as resinas acrílicas e os silicones, amplamente estudados, salientando as qualidades e proprieda-des de cada material, assim como o uso de varia-dos pigmentos, tanto de origem orgânica quanto inorgânica, assim como os pigmentos porcelanizados e os de uso cosmético, a fim de obter sucesso não só na aproximação da cor da prótese com a da pele do paciente, como também na manutenção das propriedades do material e durabilidade da prótese.

Muitos autores, ainda, procuram métodos para facilitar a pigmentação das próteses faciais, como o uso de escalas de cores, que facilitam a confecção dessas próteses, permitindo economia de tempo e de material no momento da seleção da cor. Além do mais, este assunto tem sido am-plamente estudado atualmente.

No entanto, as propriedades físicas e mecâni-cas do material utilizado podem variar de acordo com a adição dos pigmentos, sendo que a pig-mentação extrínseca pode resultar em menor des-coloração em relação à pigmentação intrínseca. Além disso, a instabilidade de cor dos materiais podem estar relacionados com vários fatores, ten-do destaque a exposição à luz ultravioleta e às mudanças de condição ambiental.

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