• Nenhum resultado encontrado

A REPRESENTAÇÃO GRÁFICA:

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A REPRESENTAÇÃO GRÁFICA:"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Marcello Martinelli

tração de texto geográfico, mas, ao contrário, deverá ser um meio capaz de revelar o conteúdo da informação, proporcionando des-ta forma, a compreensão, a qual norteará os discursos científicos

permitindo ao leitor uma reflexão crítica sobre o assunto. '

A

REPR

E

SENTAÇÃO GRÁFICA

:

A

L

I

NGUAG

EM

DO MAPA

Para darmos início à proposta anunciada na Introdução é ne-cessário introduzir o interessado num domínio bem específico - o da representação gráfica.Este se inclui no universo dacomunicação visual, que por sua vez faz parte da comunicação social. Participa, portanto, do sistema de sinais que o homem construiu para se co-municar com os outros. Compõe uma linguagem gráfica bidimensional, atemporal, destinada à vista. Tem supremacia sobre as demais, pois demanda apenas um instante de percepção. Se ex-pressa mediante a construção da"imagem" - forma, em seu con-junto, captada num lapso mínimo de percepção -, porém distinta daquela figurativa, como a fotografia, a pintura, a publicidade, de características polissêmicas (significados múltiplos). Integra, ao contrário, osistema semiológico monossêmico (significado único). Sua especificidade reside essencialmente no fato de estar fundamentalmente vinculada ao âmago das relações que podem se dar entre os significados dos signos. Interessa, portanto, ver instantaneamente as relações que existem entre os signos que significam relações entre objetos, deixando para umsegundo plano a preocupação com a relação entre osignificado e o significante dos signos. Dispensa qualquer convenção constituída. É o domí -nio das operações mentais lógicas.

A imagem figurativa épolissêrnica. Diante delapergunta mo-nos: "O que nos diz a imagem?". Para cada um de nós, ela conota algo. Há, portanto, ambigüidade (Figura 1).

(2)

Marcello Martinelli

A representação gráfica é monossêmica. Há somente uma maneira de se dizer visualmente que a indústria "A" emprega quatro vezes mais trabalhadores que a indústria "B". Não há ambigüidade (Figura 2).

A

B

1111

11

1111

Portanto, a tarefa essencial da representação gráfica é trans-crever as três relações fundamentais - de diversidade (*'), de ordem (O) e de proporcionalidade (Q) - que podem ser estabelecidas entre objetos por relações visuais de mesma natu-reza. A transcrição gráfica será universal, sem ambigüidade.

Assim, a diversidade será transcrita por uma diversidade vi-sual, a ordem, por uma ordem vivi-sual, e a proporcionalidade, por uma proporcionalidade visual. Saber coordenar tais orientações significa dominar a sintaxe dessa linguagem. (Bertin, 1973; 1977;

Bonin, 1975; Gimeno, 1980; Bord, 1984; Bonin e Bonin, 1989; Blin e Bord, 1993; Martinelli, 1990; 1991; 1998; 1999) (Figura 3).

'""

RELAç6ES ENTRE OBJETOS CONCEITOS 'f'RANSCRfÇA"O GRÁFICA

CADERNO LÁPIS BORRACHA

'

#

+

MEDAllfA MEDAllfA MEDAllfA

O

e

0

DE OURO DE PRATA DE BRONZE

Jkg 4kg 16lcg

Q

11

DE ARROZ DE ARROZ DE ARROZ

RELAÇÕES

ENTRE

OBJETOS

...

A construção de mapas para a Geografia dentro deste enten-dimento exigirá ainda atentarmos para duas questões básicas: quais são as variáveis visuais de que dispomos e quais sãosuas respec-tivas propriedades perceprespec-tivas.

Ao cair um pingo de tinta em uma folha de papel branco, imediatamente percebemos que ele está em determinado lugar em relação às duas dimensões do plano.

Esta marca visível, além de ter uma posição, pode assumir modulações visuais sensíveis. As duas dimensões do plano, mais seis modulações visuais possíveis que a mancha visual pode as-sumir constituem as variáveis visuais.

Ao considerarmos as duas dimensões do plano (X, Y) e va-riando-as visualmente (Z), construiremos a imagem (Figura 4).

(X,Y) são as duas Y dimensões do plano; definem a posição de cada elemento. ~ z (Z) é a variação visível de cada elemento com posição (X, Y).

r

ri

L

L--Xl--J x

(3)

Marcello Martinelli

As variações visíveis são tamanho, valor, granulação, cor, orientação e forma,

As duas dimensões do plano, o tamanho e ovalor são ditos Variáveis da Imagem, pois constróem a imagem. Podemos p erce-ber, mesmo embaixa resolução, a figura de um rosto (Figura 5).

•••

•••

•••••

•••••

•••••••

···1

•••

•••••••

••

•••

••

••••

••••

••

·

.

.

. .

.

..

.

.

.

.

.

.

...

.

.

.

•••

...

••

Tamanho - Asbolinhas são pequenas, médias e grandes. O

tamanho vale-se do estímulo sensível resultante da variação

de superfície. A grande é o quádruplo da média e esta é o

quádruplo da pequena.

Valor - Éa intensidade visual:

vaidoclaro para o escuro.

Em contrapartida, a granulação, a cor, a orientação e af or-ma sãoditas Variáveis deSeparação, pois separam apenas os ele

-mentos da imagem, sem revelar a figura que seu conjunto con s-trói (Figura 6).

Mapas da Geografia e cartografia temática

Granulação - Os elementos podem comportar texturas variando dasmais finasàs mais grosseiras, sem, entreta

n-to, alterar sua intensidade visual.

Cor- Os elementos podem assumir várias cores: verme -lho, azul, verde, amarelo etc.

•••••

••••••

••

••

•••••

••

•••••••

••

••••••••••••••••••• •••••••••••••••••••••••

.

....

:

..•...•...

•••••

•e_*I*~··

-*.

•••••

.+++

e:e

.

l

.

••

+:

-i

eH::

.+++ AA++

•••

Orientação - Os elementos

podem se dispor h orizontal-mente, verticalmente ou

obliquamente.

Forma - Os elementos podem

modular sua forma: passar para um círculo, um quadrado,

um triângulo, um polígono estrelado etc.

(4)

Marcello Martinelli

Essas seis variáveis visuais mais asduas dimensões do pla-no,portanto, num total de oito, têm propriedades perceptivas que

todatranscrição gráfica deve levar em contapara traduzir adequa-damente as três relações fundamentais entre os objetos: relações

de diversidade (*-),de ordem (O) e de proporcionalidade (Q):

Percepção dissociativa ($) - a visibilidade é variável: afas tan-do davista tamanhos diferentes, eles somem sucessivamente.

Percepção associativa (==) - a visibilidade é constante: as categorias se confundem; afastando-as da vista não somem.

Percepção seletiva ( *-) - o olho consegue isolar os elementos. Percepção ordenada (O) - as categorias se ordenam espon-taneamente.

Percepção quantitativa (Q) - a relação de proporção visual é imediata. I

Devido ao fato da cor ser uma variável visual de indiscutí-vel impacto, faremos algumas considerações a seu respeito.

O estudo da cor merece atenção especial. A cor é uma reali-dade sensorial sempre presente. Sem dúvida alguma, tem grande poder na comunicação visual, além de atuar sobre a emotividade humana.

No conjunto do espectro eletromagnético, asradiações

visí-veis, isto é, aquelas sensíveis ao olho humano, têm comprimen-tos de onda que vão desde 380 até 770 nanômetros (um nanômetro vale um bilionésimo do metro). Cada faixa dessas radiações corresponde a uma luz de determinada cor pura, assim organiza-das (Delorme, 1982) (Figura 7).

r----- RADIAÇÕES

v

tst

vst

s --

---

..

.

,

I I

uv

Violeta Azul Verde ~

.

.s

Vennel/w IV

.

400 500 600 700 800nm

Mapas da Geografia ecartografia temática

Na percepção das cores devemos levar em conta três fatores fundamentais que intervêm conjuntamente. São chamados, tam-bém, de as três dimensões das cores.

O matiz é uma nuança cromática na seqüência espectral. Ele está associado, portanto, a uma radiação espectral pura. É uma cor pura. Corresponde a um único comprimento de onda bem definido na faixa do visível.

A saturação é a variação que assume um mesmo matiz,

indo desde o neutro absoluto (cinza) até a cor pura espectral. O valor é a quantidade de energia refletida. Uma série de valores pode ser comparada a uma seqüência de cinzas, que vai desde o branco até o preto, escalonados em eqüidistância perceptiva, compondo uma ordem visual.

Com base no que foi colocado, se observarmos atentamente a seqüência de cores espectrais das radiações visíveis, percebere-mos que é organizada em duas ordens visuais opostas a partir do amarelo que ocupa posição central. Uma parte do amarelo indo em direção ao violeta compõe uma ordem visual crescente, das mais claras para as mais escuras entre as cores frias. A outra,

também partindo do amarelo,' caminha para o vermelho, consti-tuindo uma ordem visual crescente, das claras para as escuras,

entre as cores quentes.

Na prática das cores, é cômodo dispor de um círculo cromá

-tico ou círculo das cores. Para construí-lo consideramos uma sé-rie de pastilhas coloridas segundo a sucessão espectral, de acor-do com os comprimentos de onda, como já vimos. Na série vio-leta, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho, podemos conside-rar uma variação contínua de cores intermediárias, nuanças cro-máticas diferenciadas pelos matizes. Misturando-se os extremos obteremos uma gradação de cores púrpuras, dando continuidade à série, permitindo-nos fechar esta seqüência em um círculo.

Também neste,temos duas ordens visuais crescentes opostas entre as cores: de um lado, as frias,de outro, as quentes (Figura 8).

(5)

Marcello Martinelli

Colorir aspastilhsa conforme a indicação das cores:

Cores frias Cores quentes

Amarelo

Verdeamarelado

O

Amarelo ouro Verdeclaro

0

0

.

00Amareloalaranjado

Verdemédio

O

O

Laranja

Verde

O

CÍRCULODAS CORES

O

Laranjaavermelhado

Verdeescuro

O

O

Vermelho

Azul

O'

'0

Vermelhão

Azul escuro 00000vermelhão violáceo

Azularroxeado Roxo avermelhado

Roxo

A combinação entre cores numa composição não é fortuita. Podemos tentar, intencionalmente, dar idéia de tensão por anta-gonismos num mesmo campo ou, ao contrário, buscar a sensa-ção de harmonia e quietude.

Uma combinação é contrastante quando as cores são total-mente diversas entre si, como as opostas sobre o círculo das cores.

Uma combinação é harmônica quando as cores possuem uma parte básica comum a todas, como a escala monocromática ou as cores vizinhas sobre o círculo das cores.

Construído, assim, o nosso sistema monossêmico de signos, compete ao redator gráfico aplicá-lo convenientemente a cada ques-tão a ser transcrita visualmente, observando cuidadosamente as propriedades perceptivas das variáveis visuais. Transgredindo tais fundamentos estaremos comunicando inverdades e falsidades

,

.

OS FUNDAMENTOS

DA CARTOGRAFIA

TEMÁTICA:

CONSIDERAÇÕES

METODOLÓGICAS

E CRíTICAS

,

A cartografia temática não surge de forma espontânea; é historicamente sucessiva à visão topográfica do mundo, essenci-almente analógica.

A progressiva especialização e diversificação das realiza-ções da cartografia científica, operadas desde os séculos XVII e XVIIl e cristalizadas no século XIX, em atendimento às crescen-tes necessidades de aplicação confirmadas com o florescimento e sistematização dos diferentes ramos de estudos constituídos com a divisão do trabalho científico, no fim do século XVIIl e início do século XIX, culminaram com a definição de outro tipo de carto-grafia, a cartografia temática - domínio dos mapas temáticos.

Essa nova demanda de mapas norteou apassagem ~a re-presentação das propriedades apenas "vistas" para arepres

enta-ção das propriedades "conhecid:s" dos objetos. O código

analógico ésubstituído paulatinamente por um código mais ab

s-trato. Representam-se agora categorias mentalmente e não mais

visualmente organizadas. Confirma-se, assim, o mapa como ex-pressão do raciocínio que seu autor empreendeu diante da rea li-dade, apreendida a partir deum determinado ponto devista: sua

opção de entendimento de mundo. É a confirmação deuma pos -tura metodológica na elaboração da cartografia temática (Joly,

Referências

Documentos relacionados

O trabalho de migrantes de Fagundes- PB nas usinas Maravilha e Santa Tereza, em Pernambuco aborda as mudanças estruturais do Sistema Capitalista, que atingem a questão do mercado

O presente artigo analisa as transformações da representação do orixá Exu no Museu Afro-Brasileiro de Sergipe (Mabs), em Laranjeiras, SE, tendo como estudo de caso os usos e

O termo extrusão do núcleo pulposo aguda e não compressiva (Enpanc) é usado aqui, pois descreve as principais características da doença e ajuda a

A partir dos estudos empíricos será possível (re)conhecer comportamentos de recusa e rejeição por parte de mulheres pentecostais, pois as práticas femininas de

When the 10 th percentile of the Alexander stan- dard growth curve for twins was used, a birth weight below the 10 th percentile was observed in 4.9% of newborn of

Com efeito, nos países que assim procederam, os juristas interpretavam uma norma segundo a autoridade do direito romano e do direito positivo derivado do monarca, da

num ritmo aproximado de uma flexão em cada 3 segundos, partindo da posição facial, mantendo o corpo em extensão, atingindo ou ultrapassando o nível de prestação definido (