#VemPraRua1
Alexandre Borges CAVALCANTE2 Adeilton Gonçalves da SILVA JÚNIOR³
Alieny Aparecida da SILVA ⁴ Eriskarine Barbosa do NASCIMENTO ⁵
Lícia Lara Dantas BARROS ⁶ Maria Akemi YAMAKAWA ⁷ Patrícia Lais de Sousa GONÇALVES ⁸
Paulo César Pedroza MARQUES ⁹ Ceres SANTOS¹⁰
Universidade do Estado da Bahia, BA
RESUMO
Durante o ano de 2013, o Brasil vivenciou um momento histórico politico importante: O #VemPraRua. Iniciado em São Paulo, o movimento ganhou as ruas de todo o país, ganhando uma atençao especial durante a época em que o país sediou a Copa dos Confederações. O Chuteiras Fora de Foco, projeto da Universidade do Estado da Bahia, que visou a formação de estudantes para cobrir eventos de grande impacto em capitais, esteve em Salvador durante as manifestações que lá ocorreram e o resultado da cobertura fotojornalística do mesmo está presente neste ensaio.
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1 INTRODUÇÃO
Idealizado pelas professoras do curso de Comunicação Social, Jornalismo em Multimeios, o Chuteiras Fora de Foco foi um projeto realizado pela Universidade do Estado da Bahia, com o objetivo de capacitar uma equipe de 10 (que mais se tornou de 12) alunos para cobrir eventos de grande impacto, sendo o primeiro deles a Copa das Confederações na cidade de Salvador, no mês de junho de 2013. O objetivo do projeto não era o esporte em si (embora
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Trabalho submetido ao XXI Prêmio Expocom 2014, na Categoria Jornalismo, modalidade produção em fotojornalismo
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Aluno líder do grupo e estudante do 8º. Semestre do Curso Jornalismo, email: alexandre.bcavalcante@gmail.com ³ Graduando do 8º Semestre do Curso Jornalismo. Email: adeiltonjunior7@gmail.com
⁴ Graduando do 8º Semestre do Curso Jornalismo email: alieny.silva@hotmail.com
⁵ Graduada do Curso Jornalismo. Email: karine_bnascimento@hotmail.com
⁶ Graduando do 8º Semestre do Curso Jornalismo Email: licialara@gmail.com
⁷ Graduando do 8º Semestre do Curso Jornalismo Email: mariakemi@gmail.com
⁸ Graduando do 8º Semestre do Curso Jornalismo Email: paty.laiz@hotmail.com
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ele tenha aparecido de maneira forte), mas especificamente, expandir o horizonte dos alunos e capacitá-los para grandes coberturas.
O presente ensaio foi realizado durante o desenrolar do projeto, especificamente durante as manifestações que tomaram o país em junho, movimento que ficou conhecido como #VemPraRua. Durante a semana que passou em Salvador (de 17 a 22 de junho de 2013), a equipe acompanhou de perto as duas manifestações que tomaram conta da cidade (dia 17 e dia 21) e registrou diversos momentos – aqui expostos.
2 OBJETIVO
Com o advento do novo século, o uso da imagem passou a ganhar cada vez mais dimensão durante os trabalhos comunicacionais.
“Há quem situe a fotografia como simples processo de reprodução mecânica. Entretanto, esse ponto de vista corresponde ao desconhecimento das inúmeras oportunidades que ela oferece à criação artística propriamente dita. A todo momento, ocorre a intervenção humana, ora no sentido de optar por essa ou aquela maneira, ou material, ora no sentido de conduzir o trabalho em rumos criativos inéditos, ou quase inéditos.” (KELLY, 1972: P. 84)
Percebe-se, assim, a importância do fotojornalismo. Mais que uma simples reprodução de um momento, ele também registra ideias, sensações e expressões. Presta, assim, a vida em sociedade, mais que um simples serviço de exposição: denuncia, grita, avisa, expõe. E também, claro, registra. Ajuda. Dá suporte. A foto deixa de ser apenas um produto orgânico e passa a ser uma comunicação. (KELLY, 1972: P. 163).
O objetivo, ao se fotografar as manifestações do #VemPraRua, foi, então, mais do que registrar os momentos. Objetivou-se fazer um exercício de compreensão do momento político do país e tentar mostrar, nos rostos dos jovens e das multidões e nos cartazes por eles trazidos, a insatisfação, a revolta e o desejo de mudar o país – elementos que foram o cerne da manifestação.
A fotografia, segundo Milton Guran (2000, p.7) pode ser usada como um recurso base no campo metodológico de pesquisa. Sua função, assim, seria destacar uma parte de um momento durante a qual passa a ser possível desenvolver algum tipo de reflexão sobre o dito momento. Segundo o autor, a fotografia é a representação de um grupo social e de como ele se organiza. Percebe-se, claramente, como suas ideias acabam convergindo nas do movimento intitulado #VemPraRua.
Justifica-se, assim, a escolha da equipe pelo uso do recurso. O uso da fotografia no determinado momento – decorrente de um ímpeto – partiu muito mais de uma motivação pessoal, do desejo de se agregar àquele grupo e, além de registrá-los, fazer parte do movimento que eles ali faziam. Assim, o grupo pôde expor o modo como ele viu as manifestações do #VemPraRua pelo seu olhar, construindo um momento do qual ele também fez parte.
[...] sendo o real, isto é, o social constituído de seres humanos, dotados de subjetividade, a fotografia é ao mesmo tempo evidência e construção (do fotógrafo) e evidência da construção (do fotografado). (MARTINS, 2009, p. 15).
4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
Durante o processo de fotografia, priorizaram-se algumas técnicas de fotojornalismo aprendidas tanto durante a graduação quanto durante as oficinas técnicas oferecidas durante a formação da equipe.
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Figura 1: Plano Geral da manifestação do #VemPraRua em Salvador
Escolheu-se focar em planos abertos e gerais para tentar mensurar, mesmo que em um olhar nu, a quantidade de pessoas que estava presente nos protestos. O foco foi usado em algumas das fotos para mostrar os sentimentos expressos nos rostos e principalmente os cartazes carregados pelos membros do protesto. Essa escolha foi feita por entender-se que os ditos cartazes eram a maior representação dos desejos e vontades dos manifestantes, já que, no meio da multidão, a comunicação oral poderia se perder.
Outros recursos usados foram o jogo de planos (como na foto onde a máscara usada por um manifestante aparece em foco no primeiro plano enquanto o restante aparece distorcido em segundo, para mostrar o simbolismo do movimento em si – a máscara representa o icônico personagem do filme V de Vingança que lutava contra um regime dito totalitário) e o uso dos pontos (na foto em que um aparente “líder” – aparente porque um dos grandes pontos do movimento era exatamente sua falta de uma figura que liderasse – aparece enquadrado ao lado direito, com um megafone, ditando as instruções e o percurso da passeata).
5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO
Inicialmente, não havia um objetivo do grupo em cobrir as manifestações pelo fotojornalismo. A ideia surgiu durante o dia 17/06, quando o mesmo voltava de uma entrevista realizada em outro bairro da cidade e, então, viu-se jogado no meio do movimento que começa a acontecer perto do Shopping Iguatemi, um dos lugares mais lotados da cidade de Salvador. Ao ver a quantidade de pessoas, inicialmente apenas uma parte da equipe desceu do transporte e conversou com algumas pessoas, capturando sonoras e tentando entender como se daria o processo. A medida em que a quantidade de pessoas aumentava, instaurou-se a dúvida entre o grupo do que fazer: Entrar na van e regressar ao hotel ou seguir o movimento. As professoras coordenadoras, então, acharam que valia a pena a cobertura e, dessa maneira, apenas uma parte da equipe saiu com a multidão, munida de máquinas Canon.
Os primeiros registros foram feitos assim. Pela parte da noite, já no hotel, as máquinas foram descarregadas e um ensaio prévio foi montado e postado no blog que a equipe manteve alimentado durante os dias em que esteve em Salvador. Como a manifestação do dia 21 já era sabida, a equipe passou o restante dos dias se planejando e decidindo se também a cobriria e qual seria a melhor maneira para tal.
Decidiu-se, então, que no dia 21, a equipe sairia para a manifestação 1 hora antes de seu início para registrar a concentração da mesma. Dividiu-se então quem faria a cobertura fotográfica, quem faria a com vídeo e quem escreveria os textos e assim foi feito. O procedimento no hotel foi o mesmo.
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Para compor o ensaio que aqui é apresentado, toda a equipe se reuniu durante os primeiros meses de 2014 para analisar todas as fotos e selecionar as que melhores expunham os sentimentos dos manifestantes e que estavam de mais acordo com a proposta do trabalho – observar como eventos de grande impacto como a Copa das Confederações impactam capitais.
6 CONSIDERAÇÕES
As dozes fotos aqui selecionadas apresentam técnicas diferentes e representam momentos diferentes, mas, em seu conjunto, estão ligadas por uma única ideologia. Todas traduzem o sentimento de insatisfação que tomou conta do povo brasileiro durante um determinado período de tempo e que o levou a ir às ruas para lutar por um país melhor e por seus direitos. O exercício da foto, mais do que o simples registrar, serviu, então, para tentar expressar esses sentimentos e estender a reflexão do momento político que o país viveu àquela época.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GURAN, Milton. Fotografar para descobrir, fotografar para contar. In: Cadernos de Antropologia e Imagem, Vol. 10, n. 1. Rio de Janeiro: UERJ, 2000.
KELLY, C. Arte e comunicação. Rio de Janeiro: Agir, 1972.
MARTINS, José de Souza. Sociologia da Fotografia e da Imagem. 1ºed. São Paulo: Editora Contexto, 2009.