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OS DESAFIOS DO ENSINO DE ERGONOMIA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO

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OS DESAFIOS DO ENSINO DE

ERGONOMIA NA EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL

MÉDIO

Angela Regina Poletto (IFSC )

angelapoletto@ifsc.edu.br

Mario Cesar Rodriguez Vidal (GENTE/COPPE )

mvidal@ergonomia.ufrj.br

Fernando Jose Fernandes Goncalves (IFSC )

fernandojose@ifsc.edu.br

A educação profissional sempre acompanhou o desenvolvimento científico e tecnológico, sendo que neste desenvolvimento muitas áreas de conhecimento foram emergindo e a Ergonomia foi uma delas no ensino técnico de nível médio. O artigo tem coomo objetivo apresentar e comentar o ensino de Ergonomia na educação profissional técnica de nível médio e evidenciar que conhecimentos de Ergonomia pertinem para a formação profissional destes estudantes. A metodologia ampara-se no estado da arte, nos principais referenciais bibliográficos em Ergonomia e na pesquisa documental. O estudo foi estruturado nos seguintes tópicos: o ensino de Ergonomia na educação brasileira, a educação profissional técnica de nível médio, o ensino de Ergonomia na educação profissional de nível técnico.A educação profissional técnica de nível médio, ao formar os estudantes para o mercado de trabalho, tem na Ergonomia conhecimentos úteis, práticos e aplicados. Essas características do conhecimento possibilitam analisar as situações de trabalho, reestruturando-as e conciliando a atividade produtiva, resgatando o papel do trabalhador como sujeito ativo desse processo, buscando o equilíbrio entre suas capacidades e seus limites. Palavras-chave: Ensino; ergonomia, educação profissional, nível médio

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1. Introdução

Historicamente, o ensino de Ergonomia surge no Brasil como conteúdo de alguns programas de pós-graduação Stricto Sensu (mestrado e doutorado) e entradas de menor porte e intensidade em cursos de graduação. Mais recentemente, emergem iniciativas em programas de pós-graduação Lato Sensu (especialização), onde formaram-se os ergonomistas e difundiram a Ergonomia em todo país. No ensino médio a entrada da disciplina ocorre na década de 80, principalmente no Curso Técnico de Segurança do Trabalho. No entanto, as discussões e estudos sobre o ensino e o exercício da Ergonomia ignoraram esta realidade e ficaram restritas ao nível de pós-graduação e conteúdos de graduação.

É, pois, relevante assinalar que no ensino profissional técnico de nível médio, a unidade curricular de Ergonomia compõe a matriz de muitos cursos técnicos de diferentes áreas tecnológicas. Muitas vezes está desconectada de sua finalidade e/ou de seu objetivo. O que caberia para a boa capacitação dos futuros profissionais de diferentes áreas tecnológicas? É essa a essência do objeto de que trata esse artigo.

Nesse contexto, o artigo tem como objetivo apresentar e comentar o ensino de Ergonomia na educação profissional técnica de nível médio e evidenciar que conhecimentos de Ergonomia pertinem para a formação profissional destes estudantes.

A metodologia aplicada neste estudo ampara-se no estado da arte, nos principais referenciais bibliográficos em Ergonomia e na pesquisa documental. Para uma compreensão do estudo, o artigo foi estruturado nos seguintes tópicos: o ensino de Ergonomia na educação brasileira, a educação profissional técnica de nível médio, o ensino de Ergonomia na educação profissional de nível técnico e considerações finais.

2. O ensino de Ergonomia na educação brasileira

A origem da Ergonomia brasileira, enquanto disciplina, tem como ponto de partida o ensino técnico (liceu) e em disciplinas de graduações, mais frequentemente nos cursos de Desenho Industrial (Design) e Engenharia de Produção. A formação em Ergonomia se dá em cursos de de mestrado e doutorado em Desenho Industrial (Design) e em Engenharia de Produção com linha de pesquisa em Ergonomia (Másculo e Vidal, 2011).

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3 Com o crescimento da formação no meio acadêmico observa-se uma fase de disseminação, onde muitas formações de graduação incluem a Ergonomia nos seus conteúdos programáticos e o desenvolvimento da pós-graduação. (Másculo e Vidal, 2011).

Vidal (2006) descreve a Ergonomia enquanto disciplina como “útil, prática e aplicada”, mostrando-se útil quando incorpora conhecimentos para melhorar a relação usuário-sistema de produção dentro de todas suas interfaces. Como disciplina científica, cruza vários campos disciplinares, a fim de garantir qualidade operacional nas aplicações da atividade de trabalho, este sendo o verdadeiro objeto da Ergonomia. Como disciplina prática, busca soluções adequadas a todos os envolvidos nas organizações onde ocorrem as intervenções ergonômicas. A disciplina aplicada aborda os resultados obtidos nas intervenções ergonômicas.

Na Ergonomia brasileira destacam-se publicações que servem como livros de referência para o ensino de Ergonomia na graduação e pós-graduação. O livro intitulado, “Ergonomia Projeto e Produção, do Professor Itiro Iida, teve sua primeira edição em 1990. Este livro é destinado a estudantes que tem o primeiro contato com a Ergonomia e tem sido utilizado como livro referência em cursos de graduação e pós-graduação. (IIDA, 2016). O livro, “Ergonomia: Trabalho Adequado e eficiente”, dos Professores Francisco Soares Másculo e Mario Cesar Rogríguez Vidal (2011), é um dos contributos na disciplina de Ergonomia, em diversos campos, mas voltada principalmente para a graduação no ensino da Engenharia de Produção.

Enfim, a Ergonomia é o objeto de estudo para pesquisadores, professores e estudantes de graduação. Em contrapartida, o mundo do trabalho não se contenta com consultores especializados, ele também requer profissionais de nível técnico apropriados de conhecimentos em Ergonomia para lidar com os desafios tecnológicos que se apresentam.

3. Educação profissional técnica de nível médio

Na educação brasileira, a educação profissional técnica de nível médio teve seu marco em 1909, com a criação da Escola de Aprendizes Artífices, no Governo do Presidente Nilo Peçanha. Em 1910 foram criadas 19 escolas em várias unidades da Federação (ALMEIDA, 2002).

A criação das Escolas de Aprendizes Artífices evidenciou um grande passo ao redirecionamento da educação profissional no país, pois ampliou o seu horizonte de atuação

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4 para atender necessidades emergentes e para preparar o país para os primeiros empreendimentos industriais e fortalecer a agricultura.

A educação profissional de nível médio é um trabalho educativo e cumpre a função de garantir o direito do cidadão à educação. É, porém, uma educação que conduz ao mercado de trabalho, em constante mudança. Por isso, é fundamental a articulação entre trabalho, ciência e tecnologia. Trata-se de garantir que o cidadão se insira no mercado de trabalho em condições de modificá-lo, de acompanhar as mudanças, de se atualizar e desenvolver uma aprendizagem permanente. (BRASIL, 1996, art. 39).

Após a promulgação da atual LDBEN, a educação profissional passou a ter identidade própria, cuja característica marcante é a sua capacidade de integrar-se «às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia», com vistas a conduzir o educando «ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva» (BRASIL, 1996, art. 39). O objetivo fora criar cursos que garantissem perspectivas de trabalho para os jovens e facilitassem seu acesso ao mercado; que atendessem, também, os profissionais que já estavam no mercado, mas sentiram falta de uma melhor qualificação para exercer suas atividades. E, ainda, que fosse um instrumento eficaz de permanente empregabilidade dos trabalhadores. Poderíamos classificar a iniciativa como uma real política pública de emprego e renda.

Nesse contexto, o profissional com formação técnica tornar-se-ia apto a ocupar postos de trabalho na produção industrial, na area de prestação serviços, da saúde, no lazer enfim nas mais variadas ocupações profissionais existentes e disponíveis.

A educação profissional foi oferecida durante longo tempo, no âmbito público pelos institutos federais, escolas técnicas federais, estaduais e municipais. No campo privado, no que se mencionam a estabelecimentos do chamado Sistema S (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – de SENAI; Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC; Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR; Serviço de Apoio à Pequena e Microempresa – SEBRAE), bem como, instituições empresariais, sindicais, comunitárias e filantrópicas. O setor público experimentou um crescimento quantitativo, conquanto o setor privado vem mantendo sua capacidade. O momento do ensino técnico de nível médio é o de aperfeiçoamento e consolidação da sua vocação.

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5 Contudo, ao nosso ver a educação profissional sempre acompanhou o desenvolvimento científico e tecnológico, sendo que neste desenvolvimento muitas áreas de conhecimento foram emergindo e a Ergonomia foi uma delas no ensino técnico de nível médio, e é dela que passamos a expor.

4. Ergonomia na educação profissional técnica de nível médio

A aplicação da Ergonomia, segundo a Associação Brasileira de Ergonomia- ABERGO, se constitui numa abordagem interdisciplinar no âmbito da atividade do trabalho. Assim sendo, é essencial para a produção de produtos mais competitivos e amigáveis e para a melhoria da produtividade organizacional (ABERGO,2016). Nesse contexto, a inserção da Ergonomia nos programas curriculares dos cursos técnicos contribui para a formação profissional em consonância com as demandas tecnológica. O que é um caminho necessário para estas qualidades na produção.

A unidade curricular Ergonomia, ao ser inserida no ensino profissional técnico de nível médio, está presente principalmente nos cursos técnicos de segurança do trabalho, manutenção automotiva, enfermagem do trabalho, design, edificações. Em uma leitura cuidadosa no Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos (BRASIL, 2014), verifica-se que a Ergonomia nem sempre é uma unidade curricular, mas está presente no conteúdo programático de diferentes componentes curriculares, tais como: higiene, segurança do trabalho, fisiologia do trabalho, biomecânica, profilaxia e biossegurança, usabilidade e acessibilidade.

Mais exatamente, no Curso Técnico em Segurança do Trabalho, no primeiro currículo mínimo proposto e fixado pelo Parecer n. 632 do Conselho Federal de Educação, 05 de agosto de 1987, a Ergonomia aparece como uma das matérias de natureza profissionalizante presentes nas modalidades de curso (BRASIL, 1989). Atualmente esta unidade curricular continua no currículo destes cursos e em alguns casos foi atribuído um incremento em termos de horas-aula.

Outros cursos apresentam a Ergonomia como componente curricular, um dos exemplos é o Curso técnico de Manutenção Automotiva (subsequente ao ensino médio), do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Campus Florianópolis. O projeto pedagógico do curso (PPC) foi elaborado por uma equipe de professores do Departamento Acadêmico de Metal Mecânica. Entre as unidades curriculares do curso está a de Ergonomia e Segurança Veicular.

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6 A presença dessa unidade curricular no curso está relacionada as pesquisas efetuadas a outros PPC´s de outras instituições, e da influência de profissionais tecnicamente especializados em inspeção veicular que atuavam no departamento, além das consultas a profissionais do setor automotivo. (IFSC, 2010).

O objetivo da unidade curricular é trabalhar os conhecimentos de segurança veicular e de ergonomia para contribuir na formação do técnico de nível médio em Manutenção Automotiva. A competência a ser desenvolvida no estudante é a de: “Identificar e conhecer os sistemas de segurança e de Ergonomia Veicular.” Além de exercitar a habilidade de: “Fazer e/ou propor alterações na Ergonomia e na Segurança Veicular.” Para atender o exigido no mercado de trabalho que compreende as: montadoras automotivas; concessionárias e revendas; oficinas mecânicas; empresas de fabricação e comercialização de equipamentos de diagnóstico, acessórios e peças para veículos; companhias de seguros e empresas de inspeção técnica e; setor de transportes de empresas em geral (IFSC, 2010).

Segundo Pereira et al. (2002) é necessário ter base tecnológica em Ergonomia, para que o futuro profissional possa ter competência de mensurar o impacto de uma nova tecnologia num processo de trabalho, além de outras competências. No ensino técnico, os conhecimentos de Ergonomia se apresentam como um contributo essencial na educação profissional e tecnológica, inserindo os princípios ergonômicos no cotidiano laboral e pessoal.

5. Considerações Finais

Os estudos e publicações em Ergonomia tem priorizado o foco no ensino da graduação e pós-graduação, sem abordar a formação técnica de nível médio. Ressalta-se a importância de estudos sobre o ensino e prática da Ergonomia neste nível de ensino, com foco no processo pedagógico e metodológico. Tal reflexão tem o intuito de fortalecer a Ergonomia, neste nível de ensino e consequentemente fortalecer a educação profissional técnica de nível médio, como um todo de forma contundente.

A educação profissional técnica de nível médio, ao formar os estudantes para o mercado de trabalho, tem na Ergonomia conhecimentos úteis, práticos e aplicados. Essas características do conhecimento possibilitam analisar as situações de trabalho, reestruturando-as e conciliando a atividade produtiva, resgatando o papel do trabalhador como sujeito ativo desse processo, buscando o equilíbrio entre suas capacidades e seus limites. E é sempre bom

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7 lembrar, são os técnicos os formadores os essenciais de opinião numa empresa, portanto, inolvidáveis em qualquer construção social que se preze.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA - ABERGO. O que é ergonomia. Disponível em: <www.abergo.org.br.> Acesso: mar. 2016.

ALMEIDA, A.V. Dos aprendizes artífices ao CEFET/SC: Resenha Histórica. Florianópolis: Gráfica Agnus, 2002.

BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases Nacional. (LDBEN) 9.394/96, 1996.

BRASIL. Secretaria de Ensino de 2o Grau. Coordenadoria de Ensino para o Setor Serviço. Curso técnico de

segurança do trabalho; orientações gerais. Brasília, MEC; Uberlândia, Universidade Federal de Uberlândia,

1989.

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Educação profissional técnica de nível médio integrada ao

ensino médio. Documento Base. http://portal.mec.gov.br/setec. Acesso mai.2016.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria e Educação Profissional e Tecnológica. Catálogo Nacional dos

Cursos Técnicos. 2014.

BRITO, Antônia Edna. Formar professores: rediscutindo o trabalho e os saberes docentes. In: MENDES SOBRINHO, José Augusto de C; CARVALHO, Marlene A. (Orgs.) Formação de professores e práticas

docentes: olhares contemporâneos. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002. IIDA, I. Ergonomia - projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2016.

INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA - IFSC. Campus Florianópolis. Projeto Pedagógico do

Curso de Manutenção Automotiva. Florianópolis, 2010.

INTERNATIONAL ERGONOMICS ASSOCIATION – IEA. What is Ergonomics? Disponível em: <www.iea.cc>. Acesso em: mai. 2016.

MÁSCULO, F.S.; VIDAL, M.C. Ergonomia: Trabalho Adequado e Eficiente. São Paulo: Campus/Elsevier, 2011.

PEREIRA, L. H.; VIDAL, M.C. R., HADDAD, A. N. O ensino da ergonomia na educação profissional de nível técnico na área de saúde e segurança do trabalho. In: VI Congresso Brasileiro de Ergonomia, Recife, Anais... Recife: Associação Brasileira de Ergonomia, 2002.

VIDAL, M.C.R. Os paradigmas em ergonomia. Uma epistemologia da insatisfação ou uma disciplina para

a ação? Rio de Janeiro: Coppe/ UFRJ, 1994.

VIDAL, M.C.R Ergonomia na empresa: útil, prática e aplicada. 2a. edição - Rio de Janeiro: Editora Virtual Científica, 2002.

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