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INFLUÊNCIA DO PESO DAS SEMENTES DE PALMITO-VERMELHO (Euterpe espiritosantensis Fernandes) NA PORCENTAGEM E NA VELOCIDADE DE GERMINAÇÃO 1

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INFLUÊNCIA DO PESO DAS SEMENTES DE PALMITO-VERMELHO

(Euterpe espiritosantensis Fernandes) NA PORCENTAGEM E NA

VELOCIDADE DE GERMINAÇÃO

1

CIBELE CHALITA MARTINS2, JOÃO NAKAGAWA3, MARILENE LEÃO ALVES BOVI4 E HELENO STANGUERLIM5

1 Aceito para publicação em 22.04.2000.

2 Engª. Agra, Dra.; bolsista Jovem Pesquisador FAPESP.

3 Engo. Agro., Prof. Titular Aposentado Voluntário, bolsista CNPq. 2,3Depto. Produção Vegetal, FCA/UNESP, Cx. Postal 237, 18603-970,

RESUMO - O presente estudo teve como objetivo determinar a influência do peso e/ou tamanho de sementes de palmito-vermelho na porcentagem e na velocidade de germinação. Para tanto, foram colhidos frutos maduros de 17 indivíduos, na Estação Experimental de Ubatuba (Instituto Agronômico de Campinas) e transportados em embalagem impermeável até a Faculdade de Ciências Agronômicas/ UNESP, município de Botucatu, Estado de São Paulo, onde foram despolpados. As sementes foram classificadas por tamanho em seis peneiras de crivo circular: 26/64” (10,31mm), 28/64” (11,11mm), 30/64” (11,90mm), 32/64” (12,69mm), 34/64” (13,49mm), 36/64” (14,28mm). Determinou-se, em amostragem, o peso médio das sementes classificadas (4x50 sementes frescas e resultados em g/semente). A qualidade das sementes foi avaliada através dos seguintes parâmetros: grau de umidade das sementes (3 x 7 sementes, em estufa a 105±3oC/24 horas); germinação (4x25

sementes, 20-30°C, em vermiculita, contagem no 28o dia); primeira contagem de germinação

(sete dias após a semeadura) e índice de velocidade de germinação (IVG) (germinação diária do 7o ao 28o dia). Foi avaliada a velocidade de secagem em câmara seca (umidade relativa = 34±3%

e temperatura = 22±3oC) das sementes de pesos diferentes por 216 horas. O peso das sementes de

palmito-vermelho mostrou-se positiva e altamente relacionado com o tamanho e ambas características estão relacionadas ao desempenho germinativo. Quanto maior o peso e o tamanho das sementes maior é a velocidade de germinação. Sementes com faixa de peso igual ou maior que 0,97g (selecionadas nas peneiras de crivo circular 28, 30, 32 e 34) apresentaram maior porcentagem de germinação. Foram observadas diferenças na resistência à secagem das sementes das diversas categorias ao longo do tempo. As sementes dos diferentes tamanhos secaram de modo similar até 120 horas de secagem (23 a 24% de água). Após esse período, as sementes menores que 0,97g (peneira 26) secaram mais rapidamente, atingindo 10,8% de água após 216 horas de secagem, quatro pontos percentuais abaixo das sementes maiores.

Termos para indexação: palmeira, palmiteiro, tamanho da semente, secagem.

INFLUENCE OF RED-PALMITO (Euterpe espiritosantensis Fernandes) SEED WEIGHT IN THE PERCENTAGE AND GERMINATION SPEED

ABSTRACT- The present study had as objective to determine the influence of the weight or size of seeds of red-palmito in the percentage and germination speed. Mature fruits from 17 palms were collected, in the Experimental Station of Ubatuba (Agronomic Institute of Campinas) and transported in impermeable packing to the Faculty of Agronomic Sciences/UNESP, Botucatu, São Paulo State, where they were depulped. The seeds were classified by size in six sieves of round hole: 26/64” (10.31mm), 28/64” (11.11mm), 30/64” (11.90mm), 32/64” (12.69mm), 34/64” (13.49mm) and 36/64” (14.28mm); being determined, in samples, the medium weight of the classified seeds (4x50 fresh seeds and results in g/seed). The following quality tests were applied:

Botucatu-SP; e-mail: cibele@fca.unesp.br

4 Bióloga, Pesquisadora Científica, Seção Plantas Tropicais IAC/SAA, Cx. Postal 28, 13001-970, Campinas-SP; e-mail: mlabovi@cec.iac.br 5 Aluno do Curso de Agronomia, FCA/UNESP.

(2)

seed moisture content (3x7 seeds, dried at 105±3oC/24 hours); germination test (4x25 seeds,

20-30oC, in vermiculite, counting in the 28th day); first germination counting (seven days after sowing)

and index of germination speed (daily germination of the 7th to the 28th day). Seed drying rate was

evaluated on drying chamber (relative umidity = 34±3% and temperature = 22±3oC) during 216

hours. Red-palmito seed weight was shown to be positive and highly correlated with seed size and both characteristics were related to the overall germination performance. The heavier the seed, the higher the germination speed. Seeds with weight equal or higher than 0.97g (selected in sieves of round hole 28, 30, 32 and 34) presented higher germination percentage. Different resistances to drying were observed for the diverse seed weights. Similar drying curves were observed until 120 drying hours (23 to 24% seed water content). After that, seeds under 0.97g (sieve 26) dried faster, reaching 10.8% water content after 216 hours of drying, four percentual points below the heavier seeds.

Index terms: palm, heart of palm, seed size, drying rate.

INTRODUÇÃO

O palmito-vermelho (Euterpe espiritosantensis Fernandes) é uma espécie nativa da Floresta Tropical Atlân-tica, cuja propagação natural dá-se exclusivamente por se-mentes. Formações florestais naturais dessa planta foram en-contradas na região de Santa Teresa, no Estado do Espírito Santo (Fernandes, 1989), em Ituberá e Itabuna, no Estado da Bahia (Bovi et al., 1987 e 1994). A crescente devastação do seu habitat, associada à derrubada de plantas para a extração de palmito, tornam de interesse a produção de sementes e mudas dessa espécie para a recomposição da flora nativa, a implantação de áreas para a exploração comercial e para pes-quisas, pois palmiteiros são plantas importantes para o mane-jo sustentável das áreas remanescentes de mata. São poucas as informações sobre sementes de E. espiritosantensis (Martins et al., 1999ab); a maior parte dos trabalhos de pes-quisa realizados sobre sementes de palmeiras do gênero

Euterpe refere-se às espécies E. edulis Mart. e E. oleracea

Mart., mais difundidas e exploradas comercialmente. Sementes de E. edulis podem apresentar variação no peso e tamanho (Embrapa, 1989) e essa variação pode ser atribuí-da, dentre outros fatores, à diversidade genética por tratar-se de espécie não domesticada. Macedo et al. (1974), compa-rando locais de coleta de frutos de palmiteiro, observaram que o número de frutos por quilograma variava de 406 a 950. A classificação das sementes por tamanho ou peso é uma es-tratégia que pode ser adotada para uniformizar a emergência das plântulas e para a obtenção de mudas de tamanho seme-lhante ou de maior vigor. Sementes maiores ou de maior den-sidade em uma mesma espécie são, potencialmente, mais vi-gorosas do que as menores e menos densas e originam plântulas mais desenvolvidas (Carvalho & Nakagawa, 2000).

Ao comparar dois diâmetros de frutos de E. edulis, Lin (1986) observou que os frutos grandes (diâmetro de 15,86mm) e pesados (600 frutos/kg), apresentavam sementes com mai-or percentual e velocidade de germinação do que os peque-nos (∅ 13,18mm) e leves (1060 frutos/kg). No entanto, Fleig & Rigo (1998) observaram maiores porcentagens e velocida-de velocida-de germinação em sementes velocida-de E. edulis provenientes velocida-de frutos de tamanho médio (∅ entre 13,5 e 15,0mm), quando comparados com as de frutos de tamanho pequeno (∅ < 13,5mm) ou grande (∅ > 15,0mm). A germinação rápida e uniforme das sementes, seguida por pronta emergência das plântulas, são características altamente desejáveis na formação de mudas, pois quanto mais tempo a plântula demorar para emergir do solo e permanecer nos estádios iniciais de de-senvolvimento, mais vulnerável estará às condições ad-versas do meio.

As sementes de E. espiritosantensis são recalcitrantes, apresentando porcentagem alta de germinação (90,0 a 87,5%) quando não desidratadas (grau de umidade de 51,4 a 46,6%), ocorrendo a morte de todas as sementes em graus de umidade situados entre 13,4 e 15,8% (Martins et al., 1999b). A veloci-dade de secagem das sementes é função do tempo, tempera-tura e umidade relativa do ar, bem como de características intrínsecas da semente, tais como teor de água inicial, com-posição química, tamanho e área superficial (Carvalho & Nakagawa, 2000).

O objetivo desse trabalho foi determinar qual a faixa de tamanho e peso de sementes de palmito-vermelho que possi-bilita maior porcentagem e velocidade de germinação e se o tamanho da semente pode influenciar na velocidade de seca-gem, gerando informações indispensáveis para o planejamento do manejo de uso, bem como para o beneficiamento e armazenamento das sementes.

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MATERIAL E MÉTODOS

Frutos maduros de palmito-vermelho, com coloração marrom-escuro própria da espécie (Bovi et al., 1987 e 1994) e em estádio inicial de dispersão, o que caracteriza a plena maturação fisiológica das sementes, foram coletados manu-almente, em 17 indivíduos, no início do mês de agosto, na Estação Experimental do Instituto Agronômico de Campi-nas, localizada no município de Ubatuba, estado de São Pau-lo. Após a coleta, os frutos foram acondicionados em emba-lagem de polietileno (de 20mm de espessura) e transportados até o Laboratório de Análise de Sementes do Departamento de Agricultura e Melhoramento Vegetal da Faculdade de Ci-ências Agronômicas da UNESP-Campus de Botucatu, SP, onde foram despolpados. O despolpamento foi feito no dia seguinte à colheita, através de fricção contra uma peneira de malha de aço, sob água corrente. Após o despolpamento, as sementes foram armazenadas em embalagem de polietileno (de 20mm de espessura) à 10oC, onde permaneceram até o

dia seguinte, quando foram classificadas e submetidas aos testes de avaliação de qualidade.

As sementes foram classificadas por tamanho em seis peneiras de crivo circular com numerações crescentes suces-sivas. Foram utilizadas as peneiras 26, 28, 30, 32, 34 e 36 que apresentam orifícios com diâmetros de, respectivamen-te, 26/64” (10,31mm), 28/64” (11,11mm), 30/64” (11,90mm), 32/64” (12,69mm), 34/64” (13,49mm) e 36/64” (14,28mm). Para verificar a participação de cada classe de sementes no lote, uma amostra de 2kg de sementes foi classificada usando as mesmas peneiras e as sementes retidas em cada uma delas foram contadas.

Para avaliar o efeito do tamanho da semente na qualida-de foram utilizados os seguintes testes: grau qualida-de umidaqualida-de das sementes - avaliado pelo método da estufa a 105±3°C/24 horas (Brasil, 1992), utilizando-se três subamostras de sete sementes inteiras. A avaliação foi feita para salvaguardar possíveis efeitos que a desidratação poderia ter sobre o tama-nho, o peso e a qualidade das sementes, que são recalcitran-tes (Martins et al., 1999a); peso da semente - foram pesadas quatro subamostras de 50 sementes frescas em balança com precisão de 0,001g. Os resultados foram calculados em g/se-mente; germinação - conduzido com quatro subamostras de 25 sementes, na temperatura alternada de 20-30oC e luz

(78µmol.s-1m-2/8h), em vermiculita esterilizada (120oC/12

horas) dentro de caixas do tipo gerbox. A contagem das plântulas foi realizada, diariamente, do 7o ao 28o dia após a

semeadura, quando foram calculadas as porcentagens de ger-minação (plântulas normais) e de sementes mortas; primeira

contagem do teste de germinação - realizada aos sete dias após a semeadura, contabilizando-se a porcentagem de plântulas normais; índice de velocidade de germina-ção (IVG) - determinado por meio do critério estabeleci-do por Maguire (1962), contabilizanestabeleci-do-se diariamente as sementes germinadas após a instalação do teste de germi-nação.

A secagem das sementes de diferentes tamanhos foi rea-lizada em câmara seca, com temperatura de 22±3oC e

umida-de relativa do ar umida-de 34±3%. Para as sementes umida-de tamanhos diferentes foi determinado o teor de água inicial e retiradas subamostras a cada 24 horas para a determinação do grau de umidade durante a secagem, até que fosse atingida a umida-de letal para a espécie, situado entre 13,4 e 15,8% (Martins et al., 1999b). O grau de umidade foi avaliado pelo método da estufa a 105±3°C/24 horas (Brasil, 1992), utilizando-se três subamostras de sete sementes inteiras.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramen-te casualizado. A semeninteiramen-te de palmito-vermelho apresenta formato ovóide e, por isso, a classificação em peneiras de crivo circular possibilitou a separação das sementes apenas pela largura ou diâmetro, podendo variar o comprimento. Por esse motivo, para a apresentação e interpretação adequada dos dados de qualidade das sementes e para a análise estatís-tica, realizou-se previamente estudo da correlação entre diâ-metro do crivo das peneiras e peso das sementes. Como a relação foi linear, os tratamentos passaram a ser de ordem quantitativa (peso das sementes), empregando-se análise de regressão das diferentes características utilizadas, conforme preconizado por Gomes (1987). Curvas foram ajustadas aos dados das variáveis mensuradas visando modelar a relação delas com o tamanho ou peso das sementes. A escolha das melhores equações foi feita com o uso do programa Microcal Origin 3.5, sempre levando em consideração a significância do efeito da regressão, dos desvios da regressão testados pelo teste F, a 5% de probabilidade e do maior coeficiente de de-terminação (R2).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na amostra de 2kg de sementes de palmito-vermelho foram contabilizadas 1720 sementes, com a distribuição das sementes por tamanho seguindo uma curva normal, com média 20,00 e desvio padrão de 19,25 (Figura 1). Dessa for-ma, 48,4% das sementes foram classificadas pela peneira de diâmetro 30, ou seja possuíam o diâmetro maior que 11,11mm e menor que 11,90mm. Apenas 1,5% das sementes foram clas-sificadas como de tamanho inferior a 10,31mm (peneira 26),

(4)

enquanto que 2,6% delas tinham o diâmetro superior a 13,49mm (peneira 34). Não foram encontradas sementes retidas na peneira 36 ou menores que as classificadas na pe-neira 26 (fundo).

O processo de manuseio e classificação das sementes não influenciou o teor de água inicial que foi de 46,4±1%, independentemente do tamanho das sementes. Com isso, o desempenho germinativo, em resposta aos tratamentos, foi considerado isento de efeitos que as diferenças do teor de água poderiam provocar.

Há uma relação linear, positiva e altamente significativa (R2 = 99,88%) entre o diâmetro do crivo das peneiras e o

peso das sementes (Figura 1), demonstrando a possibilidade de utilizar-se um ou outro critério de classificação. Assim, quanto maior o peso, maior o tamanho das sementes e vice-versa. Considerando-se que a classificação das sementes, em peneiras de crivo circular, realizou a separação pelo diâmetro e que foi pequena a variação de peso, dentro de cada classe de tamanho das sementes (desvio padrão variando de 0,009 e 0,010g), pode-se afirmar que o diâmetro da semente apresen-ta-se como uma característica importante na definição do peso da semente de palmito-vermelho.

O teste da primeira contagem da germinação (Figura 2), mostrou haver uma relação também linear, positiva e alta-mente significativa (R2 = 99,39%) entre a porcentagem de

germinação aos sete dias, após a instalação do experimento e o peso das sementes. Os resultados da primeira contagem, considerada por muitos autores como um teste de vigor alta-mente correlacionado com o desempenho de plântulas (Brown & Mayer, 1986), indicaram que a germinação foi mais rápida quanto maior o peso e o tamanho das sementes. Assim, as sementes pesando 0,78g (peneira 26) apresentaram a menor porcentagem de germinação na primeira contagem e aquelas pesando 1,48g (peneira 34) a maior porcentagem. As semen-tes de tamanho intermediários (peneiras 28, 30 e 32) e peso entre 0,97g e 1,32g, apresentaram valores, intermediários e crescentes na primeira contagem da germinação.

No entanto, a constatação de uma germinação mais rápi-da quanto maior o peso ou tamanho rápi-das sementes, identificarápi-da no teste da primeira contagem, fica atenuada quando utili-zam-se testes que avaliam a velocidade de germinação ao lon-go de um período maior de tempo, como o índice de veloci-dade de germinação (IVG) (Figura 2). Mesmo assim, há uma relação quadrática significativa (R2 = 92,89%), descrita

ade-quadamente por equação de segundo grau, entre peso das sementes e velocidade de germinação. Os dados do IVG in-dicaram que as sementes de menor peso (0,78g e separadas pela peneira 26), apresentaram velocidade de germinação in-ferior às demais sementes, com peso superior a 0,97g e sepa-radas pelas peneiras 28 a 34.

FIG. 1. Distribuição percentual de sementes de palmito-vermelho (Euterpe espiritosantensis) separadas em peneiras com diferentes diâmetros de crivo circular (A). Relação entre as sementes de palmito-vermelho retidas nas peneiras de crivo circular e o seu peso médio (B).

Barras dispostas no sentido vertical representam os desvios padrão da média.

0 10 20 30 40 50 60 26/64´´ 28/64´´ 30/64´´ 32/64´´ 34/64´´ ( )

26

28

30

32

34

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

Y = -1,48 + 0,09

R

2

= 99,88%

A

B

Sementes (%)

Diâmetro do crivo da peneira (pol.) Diâmetro do crivo da peneira

(5)

Brown & Mayer (1986) constataram que o IVG nem sem-pre consegue mensurar diferenças existentes entre lotes ou tratamentos, podendo resultar em valores semelhantes para sub-amostras de sementes com comportamentos distintos quanto ao vigor. Esses autores destacaram que o teste da pri-meira contagem da germinação é o mais indicado para essa finalidade. Assim, se o propósito for a obtenção de plântulas, o mais rapidamente possível para a produção de mudas de palmito-vermelho, seria recomendável seguir as indicações do teste da primeira contagem, utilizando-se sementes mais vigorosas, isto é, as com maior tamanho e peso, e descartan-do aquelas muito abaixo da média descartan-do lote. Fleig & Rico (1998) constataram que sementes maiores de Euterpe edulis produ-zem mudas, aos 150 dias da semeadura, com maior tamanho de raíz, parte aérea e diâmetro do caule, mostrando-se mais vigorosas que as sementes menores. Em palmeiras de cresci-mento lento, como as do gênero Euterpe, a obtenção e sele-ção de plântulas com maior vigor é de suma importância, pois mudas vigorosas apresentam menor mortalidade e maior de-senvolvimento a campo, tanto em cultivo racional, como, e especialmente, em condições de adensamento de populações nativas em formações florestais (Bovi et al., 1987).

No teste de germinação foi observada apenas uma plântula anormal em uma das repetições da peneira 26 e ne-nhuma nas demais peneiras. Por esse motivo, os dados de plântulas anormais e sementes mortas estão apresentados numa categoria única, como sementes mortas e encontram-se

na Figura 3. O melhor ajuste dos dados foi obtido por uma função logística, com coeficiente de determinação elevado (R2 = 94,52%). O gráfico de porcentagem de sementes

mor-tas demonstra a pior qualidade das sementes de menor peso (0,78g, separadas pela peneira 26) em comparação às demais. A relação entre a porcentagem final de germinação e o peso ou tamanho das sementes pode também ser descrita, com bom ajuste (R2 = 98,08%), por uma função logística

repre-sentada e expressa na Figura 3. Os resultados finais obtidos no teste de germinação confirmaram que as sementes pesan-do 0,78g, separadas na peneira 26, apresentaram pior desem-penho que aquelas com peso igual ou superior a 0,97g (Figu-ras 3). Assim, observou-se que as sementes classificadas nas peneiras 28, 30, 32 e 34 tiveram um desempenho germinativo similar, com índices de 95% de germinação e 5% de semen-tes mortas, e significativamente superior às semensemen-tes classi-ficadas na peneira 26, que apresentaram 77% de germinação e 23% de sementes mortas. Lin (1986) e Fleig & Rigo (1998), estudando o efeito do tamanho dos frutos de Euterpe edulis, obtiveram resultados similares aos apresentados na presente pesquisa, observando maior velocidade e porcentagem de germinação, em sementes provenientes de frutos de maior tamanho.

Diferenças de performance entre sementes de diferentes tamanhos e, posteriormente de plântulas oriundas delas, são frequentemente apontadas como consequência do vigor, de-vido à quantidade de tecido de reserva das sementes

(Carva-0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Y = -23,17 + 33,92 x

R

2

= 99,39%

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

9

10

11

12

13

14

15

16

17

Y = -6,61 + 29,49 x - 10,09 x

2

R

2

= 92,89%

FIG. 2. Relação entre peso da semente de palmito-vermelho (Euterpe espiritosantensis) e o teste da primeira contagem de germinação (A) e o índice de velocidade de germinação (B).

Barras dispostas no sentido vertical representam os desvios padrão da média.

A

B

Peso da semente (g)

Primeira contagem (%)

Peso da semente (g)

(6)

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

75

80

85

90

95

100

Y = 94,51 / (1 + 80098,07 * e

-16,56 x

)

R

2

= 98,08%

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

0

5

10

15

20

25

30

35

Y = 4,94 / (1 - 74,18 * e

-5,62 x

)

R

2

= 94,52%

FIG. 3. Relação entre peso da semente de palmito-vermelho (Euterpe espiritosantensis) e germinação (A) ou sementes mortas (B)

Barras dispostas no sentido vertical representam os desvios padrão da média.

A

B

FIG. 4. Secagem de sementes de palmito-vermelho (E. espiritosantensis) separadas em peneiras com diferentes diâmetros de crivo circular.

10

15

20

25

30

35

40

24

48

72

96

120

144

168

192

216

Horas de secagem

26/64´´

28/64´´

30/64´´

32/64´´

34/64´´

Peso da semente (g) Germinação (%) Peso da semente (g) Mortas (%) Grau de umidade (%) Horas de secagem

(7)

lho & Nakagawa, 2000). No entanto, é preciso levar em con-ta, também, fatores tais como a diferença de área superficial entre sementes de diferentes tamanhos e a influência desta na absorção de água durante o processo germinativo e perdas durante o armazenamento e secagem. No presente estudo, foram observadas diferenças na resistência à secagem das sementes das diversas categorias ao longo do tempo (Figura 4). As sementes dos diferentes tamanhos secaram de modo similar até 120 horas de secagem (23 a 24% de água). Após esse período, as sementes menores que 0,97g (peneira 26) secaram mais rapidamente, atingindo 10,8% de água após 216 horas de secagem, quatro pontos percentuais abaixo das se-mentes maiores. Observa-se portanto, que durante a secagem as sementes retidas na peneira 26 (com menos de 0,97g) atin-giriam mais rapidamente o grau de umidade letal para a espé-cie, situado entre 13,4 e 15,8% (Martins et al., 1999b), do que as de maior tamanho, separadas nas peneiras 28, 30, 32 e 34. Nas condições de temperatura e umidade relativa do am-biente de secagem do ensaio, isso ocorreria após 168 ho-ras de secagem para as sementes retidas na peneira 26 e após 210 horas para as sementes de maior tamanho. Estudos mais aprofundados visando verificar se o armazenamento modifi-ca o comportamento entre os diferentes tamanhos, ou se há alguma diferença no período de conservação em função das diferentes categorias estão sendo executados.

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REFERÊNCIAS

O peso das sementes de palmito-vermelho está positiva e altamente relacionado com o tamanho e ambas característi-cas estão relacionadas ao desempenho germinativo; quanto maior o peso e tamanho das sementes maior é a velocidade de germinação. Sementes com faixa de peso igual ou maior que 0,97g (selecionadas nas peneiras de crivo circular 28, 30, 32 e 34) apresentaram maior porcentagem de germinação.

As sementes dos diferentes tamanhos secaram de modo similar até 120 horas de secagem (23 a 24% de água). Após esse período, as sementes menores que 0,97g (peneira 26) secaram mais rapidamente, atingindo 10,8% de água após 216 horas de secagem

CONCLUSÕES

Referências

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