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Guilherme Viana Martelli 1, José Luiz Silvério da Silva 2

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MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTES E OS ASPECTOS DA URBANIZAÇÃO, AS CONSEQÜÊNCIAS DESSE EFEITO NA BACIA

HIDROGRÁFICA DO ARROIO CANCELA (SANTA MARIA – RS) Guilherme Viana Martelli1, José Luiz Silvério da Silva 2

RESUMO --- A expansão da urbanização nas últimas décadas resultou em inúmeros problemas nas cidades metropolitanas e de porte médio, principalmente em países de Terceiro mundo, resultando numa redução expressiva da qualidade ambiental e da qualidade de vida da população residente. O crescimento demográfico trouxe conseqüências negativas para as cidades, entre as quais se destaca a redução da cobertura vegetal nos espaços urbanos. Inserido nesse contexto, o Mapeamento das Áreas de Preservação Permanentes (APP’s) da Bacia Hidrográfica do Arroio Cancela (Santa Maria - RS), tem como objetivo geral a influência da impermeabilização da ocupação urbana, sobrepondo às APP’s. Assim, o presente trabalho apresenta uma abordagem metodológica apoiada no uso de sistemas de informação geográfica, para análise da dinâmica chuva-vazão, infiltração e escoamento superficial na Bacia. As análises realizadas demonstraram que a abordagem metodológica utilizada comprovou ser de grande valia para estudos relacionados aos processos de crescimento urbano e suas conseqüências na impermeabilização dos terrenos. Desta forma o estudo proporciona indicações importantes para as ações mitigadoras de ocupação local. E também demonstra, que o uso das geotecnologias se oferecem como ferramentas eficientes para armazenamento, tratamento, cruzamentos e espacialização de informações da superfície terrestre, as quais proporcionam subsídios relevantes para o planejamento urbano.

Palavras-chave: Áreas de Preservação Permanentes, Hidrologia, Meio Ambiente.

ABSTRACT --- The expansion of urbanization in recent decades has resulted in numerous problems in the metropolitan cities and medium size, especially in Third World countries, resulting in a significant reduction in environmental quality and quality of life of residents. Population growth has brought negative consequences for cities, among which highlights the reduction of vegetation cover in urban areas. Inserted in this context, the mapping of Permanent Preservation Areas (APP) Basin Hydrographic do Arroio Cancela (Santa Maria - RS) aims to describe the influence of sealing of urban occupation, overriding the Permanent Preservation Areas. Thus, this paper presents a methodological approach based on the use of geographic information systems for analysis of dynamic rainfall-runoff, infiltration and runoff in the Basin. The analysis performed showed that the methodological approach proved to be valuable for studies related to the processes of urban growth and its consequences for the waterproofing of the land. Thus, the study provides important information for mitigating actions occupation site. And also demonstrates that the use of geo offer themselves as efficient tools for storage, processing, and spatial information crosses the earth's surface, which provide subsidies for the relevant urban planning.

Keywords: Permanent Preservation Areas, Hydrology, Environment.

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Geógrafo, Mestrando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Área de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental – UFSM, Santa Maria-RS, guimartelli@yahoo.com.br

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1. INTRODUÇÃO

A expansão da urbanização nas ultimas décadas resultou em inúmeros problemas nas cidades metropolitanas e de porte médio, principalmente em países de Terceiro mundo, resultando numa redução expressiva da qualidade ambiental, refletindo na qualidade de vida da população residente.

Este crescimento demográfico trouxe conseqüências negativas para as cidades, entre as quais se destaca a redução da cobertura vegetal nos espaços urbanos. Ao criar as cidades o homem ocupou os espaços naturais, devastando quase toda a vegetação existente e diminuindo, portanto, as áreas livres para dar lugar às moradias e a outras edificações.

A questão da retirada da cobertura vegetal em ambientes urbanos tornou-se um objeto de preocupação e seu estudo justifica-se diante do intenso processo de antropização que se observa nas áreas urbanas.

Esse acelerado e desordenado processo de desenvolvimento urbano tem originado preocupações quanto ao controle da poluição e da proteção dos recursos hídricos. Além disso, tem provocado a redução e a artificialização dos espaços livres, tornando cada vez mais necessária a identificação dos fatores que influenciam na qualidade do meio ambiente. Alguns destes fatores são: a quantidade, estrutura e distribuição da vegetação presente, o padrão construtivo relacionado com orientação e a impermeabilização, a qualidade das águas da drenagem urbana e os resíduos veiculados nestas redes de drenagem.

O crescimento populacional das cidades brasileiras e o conseqüente aumento da área impermeabilizada nas bacias hidrográficas, o assoreamento dos leitos dos rios, a poluição dos corpos d’água e as deficiências no planejamento da drenagem urbana formam um quadro dos principais problemas que afligem, há algum tempo, os municípios brasileiros.

De acordo com Alves (2006) no Brasil, assim como no mundo, a qualidade e também a disponibilidade dos recursos hídricos está diminuindo e crescendo os conflitos relacionados ao uso. A diminuição da vazão à jusante nos períodos de estiagem e o aumento, de forma crítica, nos períodos de chuva é fruto da utilização e preservação inadequada dos recursos naturais existentes nas bacias hidrográficas.

Genz e Tucci (1995) afirmam que os principais impactos que decorrem do desenvolvimento de uma área urbana sobre os processos hidrológicos estão ligados à forma de ocupação da terra, e

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também ao aumento das superfícies impermeáveis, em grande parte das bacias que se localizam próximas às zonas de expansões urbanas ou inseridas no perímetro urbano.

Neste sentido a utilização de produtos de sensoriamento remoto, tais como imagens e fotografias aéreas, associadas aos SIG’s torna-se de fundamental importância, pois, contribuem com a análise da dinâmica temporal da transformação de determinadas áreas tais como as bacias hidrográficas. De acordo com Campana e Tucci (1994), as bacias urbanas necessitam serem planejadas com seu desenvolvimento futuro levado em consideração. Contudo, a falta de um planejamento adequado e as irregularidades na ocupação descontrolada tornam essa tarefa bastante difícil.

Inserido nesse contexto, o Mapeamento das Áreas de Preservação Permanentes (APP’s) da Bacia Hidrográfica do Arroio Cancela (Santa Maria - RS) proposto pela pesquisa, tem como objetivo geral a influência da impermeabilização da ocupação urbana, sobrepondo às Áreas de Preservação Permanentes.

Assim, o presente trabalho apresenta uma abordagem metodológica apoiada no uso de sistemas de informação geográfica, para análise da dinâmica chuva-vazão, infiltração e escoamento superficial na Bacia Hidrográfica do Arroio Cancela (Santa Maria - RS).

2. A CIDADE PARA A NATUREZA, OU A NATUREZA PARA A CIDADE

A urbanização ocupa grande quantidade de áreas, tamponando-as. Com isso, solos férteis, biótopos, ecossistemas raros e valiosos são perdidos. Os processos ecológicos são aqueles essenciais ao funcionamento dos ecossistemas, e uma vez alterados, a degradação ambiental torna-se muitas vezes irreversível, comprometendo os usos atuais e futuros. Essa lógica aplica-torna-se também às áreas protegidas implementadas dentro da malha urbana, que têm muitos objetivos e funções, dentre os quais a conservação de alguns processos ecológicos, salvaguardar atributos ou aspectos cênicos interessantes e proporcionar áreas de convívio com a natureza para a população urbana (GUAPYASÚ; HARDT, 1998, p.56).

Segundo COSTA et al (2006) as áreas verdes públicas tratadas de forma planejada constituem um benefício social, trazendo e desempenhando outras funções, como: diminuir a amplitude térmica; minimizar a poluição atmosférica causada por gases e partículas; purificar o ar através da fixação de poeiras e materiais residuais, depuração bacteriana e de outros microorganismos; reciclar os gases através dos mecanismos fotossintéticos; fixar gases tóxicos;

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minimizar a poluição sonora e visual; melhorar e equilibrar o micro clima urbano; harmonizar a paisagem urbana; contribuir na organização dos espaços urbanos e no auxílio da captação das águas pluviais; umidificar o ar; oferecer proteção aos habitantes contra os raios solares; abrigar a fauna; contribuir na melhoria das condições psíquicas das pessoas e, visando o fator econômico, as áreas verdes públicas tratadas aumentam o valor das propriedades localizadas no entorno dessas áreas.

A presença de áreas verdes nas cidades é um fator importante na busca dos aspectos positivos da relação das formas urbanas com a natureza. A distância e as formas das áreas verdes nas cidades, além da distribuição entre elas, interfere diretamente sobre as suas funções sociais, econômicas, paisagísticas, social e ecológica. Dessa forma é imprescindível que a gestão das áreas verdes urbanas incorpore os seus aspectos sociais e ambientais, e seus conceitos estejam relacionados à qualidade, quantidade e distribuição destes espaços, com associações quanto às diferentes categorias de áreas verdes e sua distribuição espacial nas áreas urbanas (JESUS e BRAGA, 2005, p.208).

O impacto da urbanização produz no escoamento, na produção de material sólido e na qualidade de água (Tucci, 1995). Os principais impactos são resumidos a seguir:

1. aumento do: escoamento superficial, vazão máxima dos hidrogramas, e antecipação dos picos;

2. redução da: evapotranspiração do escoamento subterrâneo e lençol freático; 3. aumento da produção de material sólido;

4. deterioração da qualidade das águas superficiais, principalmente no início das chuvas pela drenagem de águas de carreiam material sólido e lavam as superfícies urbanas.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Caracterização da área de estudo

A cidade de Santa Maria localiza-se na região central do Estado do Rio Grande do Sul, entre as coordenadas de 29° 39’ e 29° 43’ de latitude sul e entre 53° 50’ e 53° 45’ de longitude oeste.

A área de estudo, a Bacia Hidrográfica do Cancela, afluente do Arroio Cadena, situa-se na região urbana do município de Santa Maria-RS, entre as coordenadas 53°49’44’’ e 53°47’12’’ de longitude oeste e 29°43’02’’ e 29°41’31’’ de latitude sul (Figura 1).

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Figura 1: Localização da Bacia do Arroio Cancela. Elaboração: MARTELLI, G.V.

Conforme NIMER (1989), devido a sua latitude, o clima da cidade de Santa Maria é subtropical, apresentando quatro estações bem definidas, com invernos frios e verões quentes. As chuvas são abundantes e bem distribuídas durante todo o ano.

Para SARTORI (1979) o clima de Santa Maria, relata temperaturas médias anuais em torno de 22°C, sendo que as máximas temperaturas atingidas são superiores a 30°C e ocorrem no verão, e as mínimas temperaturas atingidas são inferiores a 5°C e ocorrem nos meses de inverno. Já as precipitações, em grande parte são causadas pela chegada das Frentes Polares que, no inverno, chegam com periodicidade média de uma semana. A pluviosidade também é influenciada pelo relevo (Elevação do Rebordo do Planalto da Bacia do Paraná), responsável pelas chuvas chamadas orográficas, que provocam precipitações que forçam o contato das Frentes com o rebordo do Planalto Meridional Brasileiro.

Geomorfologicamente, a maior parte de Santa Maria se localiza na Depressão Periférica Sul-rio-grandense, onde predomina um relevo formado de colinas suavemente onduladas com substrato formado de rochas sedimentares da Bacia do Paraná. Na porção norte da cidade o relevo é mais

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acidentado ocorrendo morros e morrotes pertencentes a Serra Geral, e tem sua biogeografia em uma transição de Floresta Estacional Semi-decidual e os campos sulinos.

Na tabela a seguir podem ser visualizadas algumas características da Bacia Hidrográfica do Arroio Cancela:

Parâmetro

Bacia Hidrográfica do Arroio Cancela

Área de Drenagem (A) 5 km² Perímetro da Bacia (P) 10,3 km C. do Rio Principal (Lp) 3,8 km Coeficiente de compacidade (Kc) 1,29 Fator de Forma (Kf) 0,36 Elevação Máxima 240 m Elevação Mínima 76 m

Declividade do Rio Principal 0,013 m/m Declividade Media da Bacia (Im) 0,1098 m/m

3.2. Elaboração dos mapas

A primeira etapa foi realizar a delimitação da Bacia Hidrográfica do Arroio Cancela, utilizando o Software Arcgis 9.3 a partir do Modelo Numérico do Terreno.

Em seguida, foi realizado o georreferenciamento da imagem de satélite QuickBird, de 3 de maio de 2009, retirada do programa Google Earth Pro, e esta imagem foi utilizada para a identificação das Áreas de Preservação Permanentes.

Os mapas elaborados das Áreas de Preservação Permanentes, e os mapas foram os seguintes: APP’s referente a Lei 7.803 e o mapa de APP’s referente a Resolução CONAMA 369.

Os mapas das Áreas de Preservação Permanente foram elaborados a partir da identificação dos cursos d’água, e então no software ArcGIS 9.3 foi atribuído aos buffers de 15 e 30 metros das APP’s.

Foi utilizado o mapa de solos de Santa Maria – RS (PEDRON, F. et al, 2006), figura 2, e a partir dele foi elaborado o Mapa com os grupos de Solos Hidrológicos do SCS (figura 3):

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Figura 2: Mapa de Solos da Bacia Hidrográfica Arroio Cancela. Elaboração: MARTELLI, G.V.

Figura 3: Mapa dos Grupos de Solos Hidrológicos do SCS da Bacia do Arroio Cancela. Elaboração: MARTELLI, G.V.

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Também foi elaborado o mapa de permeabilidade da bacia (Figura 4), a partir da identificação das áreas impermeáveis (asfalto, telhados, concreto, etc.) e áreas permeáveis (solo exposto, gramado, florestas, etc.) através do software ArcGIS 9.3 foi feita está identificação. A taxa de impermeabilização da bacia foi de aproximadamente 36,25%.

Figura 4: Mapa dos Grupos de Solos Hidrológicos do SCS da Bacia do Arroio Cancela. Elaboração: MARTELLI, G.V.

3.3. Áreas de Preservação Permanente

As Áreas de Preservação Permanente (APP’s) constituem áreas nas quais, por imposição da lei, a vegetação deve ser mantida intacta, com o objetivo de garantir a preservação dos recursos hídricos, da estabilidade da vertente e da biodiversidade, bem como o bem-estar das populações humanas. O regime de proteção das APP’s é muito rígido. É proibida, tanto a retirada total quanto parcial, admitida excepcionalmente a supressão da vegetação somente mediante os casos de utilidade pública ou interesse social.

ARAÚJO (2002) argumenta que a maioria das cidades nascem e crescem no entorno de rios, pois estes além de funcionar como canal de comunicação, também dão suporte a serviços básicos como abastecimento de água e a eliminação dos efluentes sanitários e industriais.

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Este estudo busca, também, elaborar subsídios para a discussão e compreensão do cumprimento da legislação ambiental sobre a preservação das APP’s no Bairro Nossa Senhora de Lourdes em uma das suas mais importantes atividades, que é a busca da manutenção dos rios e das matas ciliares.

Nestas áreas, onde a vegetação (mata ciliar) desempenha uma função de proteção e preservação das águas, a sua supressão não é permitida. Assim, a retirada destes tipos de vegetação, independe da vontade do proprietário, seja ele o próprio Poder Público ou particular, bem como não depende a presença dessa mata de um ato expresso de um órgão da Administração Pública, posto que devido a sua importância o próprio Código Florestal de 1965, alterada em 1989, as instituiu, pelo simples ato da promulgação do próprio Código.

No Brasil, a primeira Lei que trata sobre as APP’s é a Lei federal nº. 4.771/65 (Código Florestal), que no seu artigo 2º apresenta dois tipos de APP’s. Havendo as criadas pela própria Lei e as por ela previstas, mas que demandam ato declaratório específico do Poder Público para sua criação.

Art. 2° da Lei federal nº. 4.771/65 (Código Florestal) - Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

a) ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d'água, em faixa marginal cuja largura mínima será:

1 - de 5 (cinco) metros para os rios de menos de 10 (dez) metros de largura:

2 - igual à metade da largura dos cursos que meçam de 10 (dez) a 200 (duzentos) metros de distancia entre as margens;

3 - de 100 (cem) metros para todos os cursos cuja largura seja superior a 200 (duzentos) metros.

Outra Lei que tratou sobre as APP’s foi a Lei do Parcelamento do Solo Urbano, Lei federal nº. 6.766/79, que no seu artigo 4º dispõe sobre os requisitos urbanísticos para loteamento. Prevê no inciso III que ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio público das rodovias, ferrovias e dutos, será obrigatória a reserva de uma faixa non aedificandi de 15 (quinze) metros de cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica.

A Lei nº. 7.803, de 18 de julho de 1989, alterou a redação da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, tendo, portanto, uma alteração no Código Florestal Brasileiro, e então começou a vigorar como uma das principais alterações o artigo 2º:

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a) ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja:

1) de 30 (trinta) metros para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2) de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinqüenta) metros de largura;

3) de 100 (cem) metros para os cursos d’água que tenham 50 (cinqüenta) metros a 200 (duzentos) metros de largura;

4) de 200 (duzentos) metros para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros;

5) de 500 (quinhentos) metros para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros;

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água, naturais ou artificiais;

c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d’água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de largura;

d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;

e) nas encostas ou partes destas com declividade superior a 45° equivalente a 100% na linha de maior declive;

Estas alterações do Novo Código Florestal Brasileiro, Lei nº. 7.803, de 18 de julho de 1989, começaram a ser vista na Lei nº. 7.511, de 07 de julho de 1986, alterando principalmente as distâncias das APP’s, e que são atualmente vistas na Lei nº. 7.803, como vimos acima.

A legislação mais recente que trata desta temática, que dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente é a Resolução do CONAMA nº. 369, de 28 de março de 2006, que dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente.

Portanto a RESOLUÇÃO CONAMA 369/2006, que trata da intervenção e supressão de vegetação em APP’s em casos excepcionais, de utilidade pública, interresse social ou baixo impacto ambiental, Limita as faixas mínimas de APP’s de 30 metros para 15 metros, estas alterações são referentes a RESOLUÇÃO CONAMA 302/2002, que trata das APP’s de reservatórios artificiais, e a RESOLUÇÃO CONAMA 303, que trata dos limites das APP’s e estas duas resoluções trazem em seu texto as APP’s com faixa mínima de 30 metros, mas como visto acima no artigo 9 da

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RESOLUÇÃO CONAMA 369/2006, margens de cursos d’água, lagos, lagoas e reservatórios artificiais terão em casos especiais faixa de APP’s mínima de 15 metros, mas isso é só para ocupações consolidadas até 10 de julho de 2001.

Analisando-se conjuntamente os dispositivos de regulamentação ambiental, verifica-se que a implantação de áreas verdes e a regularização fundiária em APP’s, na zona urbana, deve estar vinculada às diretrizes do plano diretor, instrumento de planejamento e de gestão de conflitos do uso do solo urbano GANEM (op. cit).

Desta forma, analisando as especificações contidas no PDDUA (Lei complementar Nº. 34, Artigo 40, Parcelamento do Solo Urbano), verifica-se que nos parcelamentos realizados ao longo de águas correntes ou dormentes é obrigatória a reserva de área de preservação, em cada lado da margem, de 30 (trinta) metros de largura a partir da cota de maior inundação, caracterizada como faixa “non aedificandi”.

A partir disso, tem-se como parâmetros de análise as ocupações em APP’s de cursos d’água, considerando as especificações do Código Florestal, que remetem a Lei do Uso do Solo, que por sua vez remete para as legislações específicas ambientais. Desta forma, o CONAMA vincula a responsabilidade sobre essas definições ao Plano Diretor, permitindo, neste caso, que não se ocupe nas margens trinta metros de cada lado, que é o especificado no PDDUA.

BARCELOS et al (1995) apud LIMA e BRANDÃO (2002) chamam a atenção para o fato de que as APP’s demandam atenção especial porque estão voltadas para a preservação da qualidade das águas, vegetação e fauna, bem como para a dissipação de energia erosiva. A legislação reconhece sua importância como agente regulador da vazão fluvial, conseqüentemente das cheias, preservadora das condições sanitárias para o desenvolvimento da vida humana nas cidades. Com isto, pode-se afirmar que as APP’s devem ser mantidas em suas características originais, reconhecidas como indispensáveis para a manutenção e a qualidade das bacias hidrográficas e, por conseqüência, da vida humana e seu desenvolvimento. Entretanto, em diversas cidades brasileiras essas áreas de preservação estão sendo ocupadas pela urbanização, reduzindo assim, a qualidade ambiental destes locais.

Portanto, o conhecimento e análise das condições ambientais das APP’s são fundamentais para a inserção de políticas públicas e programas de planejamento ambiental que sirvam para a recuperação e revitalização da paisagem, evitando a redução da vegetação e buscando sua ampliação.

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A figura 5 mostra a localização das Áreas de Preservação Permanentes na Bacia Hidrográfica do Arroio Cancela.

Figura 5: Mapa-Imagem das APP`s localizadas no Arroio Cancela. Elaboração: MARTELLI, G.V.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As Áreas de Preservação Permanente analisadas fazem referência a Resolução do CONAMA nº. 369, de 28 de março de 2006, que dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental e Código Florestal Brasileiro, Lei nº. 7.803, de 18 de julho de 1989.

As APP’s estão relacionadas com o Código Florestal Brasileiro, Lei nº. 7.803, definindo faixas de 30 metros em relação aos cursos d’água. Estas faixas foram atribuídas ao Arroio Cancela e seus Afluentes não canalizados, que encontram-se a nordeste da área da Bacia Hidrográfica do Arroio Cancela.

As APP’s estudas relacionadas a Resolução do CONAMA nº. 369, define a proteção de faixas de 15 metros em relação aos cursos d’água. Estas faixas foram atribuídas ao Arroio Cancela e

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seus Afluentes não canalizados, que encontram-se a nordeste da área da Bacia Hidrográfica do Arroio Cancela.

A seguir estão os gráficos do modelo chuva-vazão, infiltração e escoamento superficial, a chuva foi atribuída a partir da IDF (intensidade, duração e freqüência) de Santa Maria (Figura 6), com tempos de retorno de 2, 5 e 10 anos e o período de 60 minutos. Os gráficos foram elaborados para as APP`s atuais e com 30 metros.

Figura 6: IDF de Santa Maria – RS.

APP`s atual (TR 2 anos e t 60 min) Chuva-vazão:

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APP`s 30 metros (TR 2 anos e t 60 min) Chuva-vazão:

Infiltração e Escoamento Superficial:

APP`s atual (TR 5 anos e t 60 min) Chuva-vazão:

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Infiltração e Escoamento Superficial:

APP`s 30 metros (TR 5 anos e t 60 min) Chuva-vazão:

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APP`s atual (TR 10 anos e t 60 min) Chuva-vazão

Infiltração e Escoamento Superficial:

APP`s 30 metros (TR 10 anos e t 60 min) Chuva-vazão:

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Infiltração e Escoamento Superficial:

Os gráficos mostram que quanto maior for as APP`s, os índices de infiltração aumentam e escoamento superficial diminui, fazendo com que a Bacia não seja afetado pelas inundações. Portanto quanto maior área verde maior absorção das águas pluviais, e menor o escoamento das águas provenientes destas chuvas.

Constata-se que nas áreas canalizadas do Arroio Cancela mostra que houve um descumprimento das APP’s, mas nas áreas onde o canal principal e seus afluentes não foram canalizados localizadas na parte nordeste do bairro as APP’s estão quase que em sua totalidade preservadas.

As análises realizadas demonstraram que a abordagem metodológica utilizada comprovou ser de grande valia para estudos relacionados aos processos de crescimento urbano e suas conseqüências na impermeabilização dos terrenos.

Desta forma o estudo proporciona indicações importantes para as ações mitigadoras de ocupação local. E também demonstra, que o uso das geotecnologias se oferecem como ferramentas eficientes para armazenamento, tratamento, cruzamentos e espacialização de informações da superfície terrestre, as quais proporcionam subsídios relevantes para o planejamento urbano, bem como, para estabelecimento do plano diretor das drenagens urbanas.

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6. REFERÊNCIAS

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Referências

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