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Aula 02 - Lesões Corporais Sob o Ponto de Vista Jurídico.pdf

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Medicina Legal p/ Perito Criminal - Polícia Científica-GO

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AULA 02: Traumatologia Médico-legal (continuação) e

Lesões corporais sob o ponto de vista jurídico

SUMÁRIO PÁGINA

1. Apresentação 1

2. Traumatologia Médico-legal (continuação) 1

3. Lesões corporais sob o ponto de vista jurídico 19

4. Questões propostas 28

5. Questões comentadas 33

6. Gabarito 47

Olá meus amigos (as) do Estratégia Concursos!

Então, conforme mencionei no final da aula 00 (demonstrativa),

hoje, retomo a parte sobre Traumatologia Médico-legal e abordarei

Lesões corporais sob o ponto de vista jurídico.

Traumatologia Médico-legal (continuação)

Bem pessoal, seguindo e aprofundando mais um pouco sobre

traumatologia médico-legal, eu mencionei na aula 00 que os

instrumentos cortantes produzem lesões no pescoço chamadas

esgorjamento, degolamento e decapitação.

No esgorjamento, segundo a doutrina, a ferida incisional (figura

(3)

soluções de continuidade dos tegumentos, menores, próximas ou a elas

unidas.

A direção transversal ou oblíqua do ferimento constitui

importante elemento na determinação da causa jurídica da morte. Assim

é que no autocídio, em que o instrumento cortante é empunhado pela

mão direita, predomina a direção transversal ou a descendente para a

direita. Nos canhoteiros a direção é descendente para a esquerda. A

orientação da lesão incisa, descendente para a esquerda ou de

verticalidade na lateral do pescoço, é mais frequente no homicídio.

Já no degolamento as lesões (figura abaixo) provocadas por

instrumentos cortantes na região posterior do pescoço, na nuca.

(4)

Bem como no esgorjamento, essas lesões podem,

eventualmente, ser produzidas também por instrumentos

cortocontundentes. A morte pode ocorrer por hemorragia fulminante,

quando vasos de grosso calibre são atingidos, ou por lesão da medula, se

o golpe, profundo ou violento, atingir a coluna cervical.

Meus caros, na determinação da causa jurídica da morte, além

da direção do ferimento e da cauda de escoriação, já mencionadas

acima, é preciso saber as seguintes observações que a doutrina

menciona:

 Esgorjamento e o degolamento indicam homicídio, suicídio ou excepcionalmente, acidente;

 Esgorjamento e degolamento profundos, concomitantes, que atinjam a coluna vertebral, serão homicídio;

 Esgorjamento por violento golpe que atinja a coluna cervical é sugestivo de homicídio;

 Degolamento com lesão da medula é, a princípio, homicídio;

 Os instrumentos atípicos (tesouras, estilhaços de vidro, lâminas metálicas) sugerem suicídio;

 A presença de sangue nas mãos, em lesões múltiplas, afirma suicídio.

As lesões produzidas por instrumentos contundentes

podem agir de forma ativa, de forma passiva ou de modo misto,

(5)

determinando lesões superficiais e profundas, denominadas contusão e

ferida contusa.

O dano corporal produzido por essa forma de energia mecânica

compreende:

Contusões

- Escoriação — A pele é formada por duas túnicas (figura

abaixo): a epiderme (mais externa) e a derme (mais interna). Essas

duas túnicas básicas da pele formam, na realidade, um sistema

interligado e único. Dessa sorte, qualquer agressão comprometedora de

uma das camadas terá efeito também na outra.

Para produzir a escoriação o agente lesivo age tangencialmente

por uma superfície mais ou menos plana, por deslizamento ou atrito e

pressão, comprometendo apenas a epiderme.

As escoriações são popularmente chamadas esfoladuras,

arranhões, erosões. Contudo, não se confunde escoriação com erosão. As

erosões, embora sejam, também, perdas de substância interessando as

camadas superficiais da pele, não têm origem traumática, sendo

(6)

produzidas lentamente por ação de elementos corrosivos ou por certos

processos patológicos.

- Equimose — É o nome que se dá à infiltração e coagulação do

sangue extravasado nas malhas dos tecidos, sem efração deles. O sangue

hemorrágico infiltra-se nos interstícios íntegros, sem aninhamento,

originando a equimose (figura abaixo). Essa é superficial quando resulta

da ruptura, geralmente, de capilares cutâneos, e profunda, se

consequente a lesão de vasos mais calibrosos das vísceras, dos músculos

ou dos ossos.

A intensidade e o tamanho da equimose dependem do

instrumento produtor, do grau de violência, das condições anatômicas e de vascularização da região lesada, da constituição

pessoal, do sexo, da idade e da higidez do ofendido. Desse modo, a maior

frouxidão dos tecidos, como a tela subcutânea das pálpebras e da bolsa

escrotal, e a riqueza vascular favorecem a infiltração do derrame

hemático, com formação de grandes equimoses.

A equimose se diferencia do hematoma porque este é um tumor

sanguíneo geralmente causado pela ruptura de um vaso de maior calibre.

(7)

A equimose superficial evolve por uma contínua sucessão de

cores, que se inicia pelos bordos, chamada por Legrand du Saulle

espectro equimótico. O espectro equimótico se explica pelo fato de que

os glóbulos vermelhos destruídos liberam hemoglobina da qual resultam,

após progressivos processos de redução, pigmentos de hematoidina e

hemossiderina, responsáveis pela mudança de cor das equimoses no

decorrer de sua reabsorção. Tem importância pericial para

determinar, em alguns casos, a data provável da agressão. Em geral, é lívida ou vermelho-bronzeada no 1.º dia; arroxeada entre o

2.º e o 3.º; azul entre o 4.º e o 6.º; esverdeada entre o 7.º e o 10.º;

amarelo-esverdeada entre o 10.º e o 12.º; amarelada entre o 12.º e

o 17.º dias, ou mais.

Pessoal, o espectro equimótico nem sempre obedece a essa

cronologia. As petéquias (figura abaixo) - pequeno ponto vermelho

no corpo - na pele ou mucosas, causado por uma pequena hemorragia de vasos sanguíneos, tendem a desaparecer em 4 a 5 dias.

A equimose tem extraordinária importância médico-legal, pois,

na maioria das vezes, permite ao legista:

(8)

 Precisar a sede da contusão.

 Determinar a data provável da violência.

 Indicar o instrumento contundente: são sempre alongadas, em faixa ou estrias, as equimoses provocadas por

cassetete, varas, correias; arredondadas, se produzidas

pelas polpas digitais.

 Afirmar a natureza do atentado: as resultantes da aplicação violenta da pulpa digitalis, no pescoço, sugerem

esganadura, e na face interna das coxas, tentativa de

estupro ou atentado ao pudor.

 Traduzir fenômeno vital: fala a favor de traumatismo no vivo a firme aderência do sangue infiltrado e até

coagulado, se recente, nas malhas dos tecidos. As

equimoses post mortem incisadas mostram fluidez do

sangue ou fraca coagulação, não aderente às malhas

tissulares.

- Hematoma — É uma coleção hemática, um thrombos

traumatikos produzido pelo sangue extravasado de vasos mais calibrosos,

não capilares, que descola a pele e afasta a trama dos tecidos formando

uma cavidade circunscrita.

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Faz relevo na pele, discreto, e é de absorção mais lenta do que

a equimose. Importa saber que se aplicam ao hematoma (figura abaixo)

algumas das indicações do valor médico-legal da equimose.

- Bossa sanguínea — É hematoma em que o derrame

sanguíneo, impossibilitado de se difundir nos tecidos moles em geral, por

planos ósseos subjacentes, como na cabeça (figura abaixo), coleciona,

determinando a formação de verdadeiras bolsas, pronunciadamente

salientes na superfície cutânea. No couro cabeludo é conhecida

vulgarmente por “galo”.

(10)

- Bossas linfáticas — Denominadas derrames subcutâneos de

serosidade de Morell-Lavallée, são coleções de linfa, proveniente dos

linfáticos traumatizados, produzidas por contusões tangenciais, como

acontece nos atropelamentos em que os pneus, por atrição,

descolam a pele formando grandes bolsas linfáticas entre o plano ósseo e

os tegumentos.

Ferida contusa

É solução de continuidade dos tecidos produzida por tração,

explosão, arrastamento, compressão, percussão, pressão, de

intensidade suficiente para vencer a resistência e a elasticidade dos

tecidos moles.

- Contusões do crânio — Os instrumentos contundentes,

atuando violentamente, ocasionam hematomas, feridas contusas, lesões

encefálicas e fraturas dos ossos da abóbada com ou sem

afundamento, da base e da abóbada à base do crânio.

- Contusões da coluna vertebral — As contusões da ráquis

podem ocasionar fraturas, luxações, lesões da medula, completa ou

incompletamente (Síndrome de Brown-Sequard), comoção medular e

mielopatias pós-traumáticas.

(11)

As fraturas cominutivas dos corpos vertebrais ou as luxações

da coluna lesam, em geral, a medula. Segundo a violência do

traumatismo, é possível o seccionamento completo da raque e da medula

em segmentos diversos.

- Contusões torácicas — Conforme seja a intensidade de

ação do instrumento contundente, podem ocorrer contusões das partes

moles, sem fratura de costela, fratura simples de costela, fraturas

múltiplas de costelas, afundamento do tórax, laceração ou ruptura dos

pulmões, ruptura da aorta, ruptura de uma ou mais câmaras cardíacas.

- Contusões do abdome — Contusão abdominal é o

sofrimento do ventre, consequente a um agente traumático mecânico,

sem solução de continuidade da parede. É devida, frequentemente, a

atropelamentos, colisões de veículos, compressão por objetos pesados,

quedas acidentais, ou tentativa de suicídio.

- Contusões de artérias — O instrumento contundente,

atuando numa região anatômica em que uma artéria, e. g., a femoral, a

radial, repousa sobre um plano ósseo, poderá produzir contusão da túnica

adventícia e da túnica íntima ou endotélio do vaso sanguíneo, ou a sua

ruptura.

A contusão da adventícia não é mais do que uma infiltração

hemorrágica da bainha conjuntiva que, entretanto, entranha fenômenos

(12)

fisiopatológicos desproporcionais; assim é que a artéria se transforma em

um cordão rígido, que não pulsa, pelo qual passa apenas um minguado

filete de sangue, com reação vasoconstritora manifesta por isquemia

periférica.

A contusão endotelial amiúde se associa à ruptura incompleta da

túnica média arterial. Como sequelas, podem resultar, no vivo,

trombose, fenômenos vasomotores etc.

- Lesões traumáticas dos ossos — Compreendem a

contusão óssea e as fraturas.

a) Contusão óssea — É o efeito da ação dos instrumentos

contundentes determinando extravasamento de sangue com formação de

hematoma subperiostal, quando o agente vulnerante atuou obliquamente

ao eixo do osso determinando o deslocamento do periósteo, e equimose

medular resultante de microfraturas de trabéculas ósseas do tecido

esponjoso, mantendo-se, em ambas as formações, a integridade da

estrutura da ossatura.

b) Fraturas — São soluções de continuidade, parcial ou total,

dos ossos submetidos à ação de instrumentos contundentes.

Para a Medicina Legal interessam as fraturas verdadeiras ou

traumáticas, observadas nos ossos sãos submetidos à ação de agentes

vulnerantes.

(13)

São produzidas quando a força vulnerante vence a resistência

e elasticidade do osso, por compressão, distensão, flexão, torção e

contragolpe.

Assim, podemos compreender cada uma: compressão

exercida perpendicularmente ao eixo do osso produz fratura e

achatamento dele. A distensão é causa de arrancamento das apófises

ósseas. A flexão acentua ou retifica a curvatura dos ossos longos,

fraturando-os. A torção é modo de ação produtor de fraturas espiraladas,

em geral ao nível dos membros inferiores. O contragolpe amiúde produz

fraturas indiretas distantes do ponto de aplicação do agente traumático,

como nas quedas acidentais, em pé.

- Luxação (figura abaixo) — Articulação é o conjunto de

partes moles e duras que estabelece a união entre dois ou mais ossos

próximos. Toda articulação é constituída por superfícies ósseas, partes

moles interósseas, cápsula fibrosa e ligamentos. A luxação é o

afastamento repentino e duradouro de uma das extremidades ósseas da articulação, através de ruptura capsular.

- Entorse (figura abaixo) — Na entorse, as extremidades

ósseas da articulação executam um movimento que ultrapassa os limites

fisiológicos, afastando-se temporariamente uma da outra para, a seguir,

(14)

retomarem as suas relações anatômicas normais, acompanhado de

ruptura ligamentar parcial ou completa. Consiste, então, a entorse na

ruptura dos ligamentos consequente ao afastamento brusco das

superfícies articulares sem luxações e quando sujeito à ação violenta e

indireta do agente vulnerante.

- Ruptura dos meniscos — Impropriamente chamada

luxações dos meniscos, acomete sobretudo os jovens em práticas

esportivas (futebol, esqui etc.), seja por tração, seja por compressão, ou

no desempenho de certas profissões (mineiros). Este último exemplo

interessa

Já as lesões produzidas por instrumentos corto-contundentes. A forma das feridas corto-contusas (figura abaixo) varia

conforme a região comprometida e a intensidade de manejo, inclinação,

peso e o fio cortante do instrumento. Destarte, sendo o corte afiado,

preponderam as propriedades distintivas das feridas incisas; caso

contrário, prevalecem, nos tecidos, as características próprias de um

ferimento contuso.

(15)

O diagnóstico diferencial do dano corto-contundente far-se-á

com as feridas incisas e com as feridas contusas - como por exemplo: machados, mordidas, foices, etc. - através de criterioso

estudo das margens da lesão, sua profundidade, comprometimento dos

planos subjacentes, órgãos e peças constitutivas do esqueleto, inclusive.

Não obstante certos instrumentos, como, por exemplo, a

ponteira de guarda-chuva, produzirem lesões perfuro-contundentes

quando arremessados contra o corpo, aqui, enquadrarei as lesões

produzidas por projéteis de armas de fogo. Com efeito, os projéteis de

armas de fogo, por sua peculiar ação, ao atuar sobre o alvo,

concomitantemente perfurando-o e contundindo-o, caracte-rizam-se em

instrumentos traumáticos perfuro-contundentes. Os agentes dessa classe

produzem, no organismo, lesões características, representadas por orifício

de entrada, semelhante ao produzido por instrumentos perfurantes, mas

com os bordos contundidos e mortificados, o trajeto e o orifício de saída,

que eventualmente pode faltar, agindo, em geral, mais pela força

propulsora de que são dotados, com predominância nítida da ação

(16)

perfurante sobre a contundente. Os projéteis múltiplos, como os das

armas de caça, podem produzir várias feridas em um único disparo.

É de suma importância saber que os projéteis caracterizam

instrumentos da classe perfuro-contundentes, e as armas de fogo,

simples agentes contundentes.

Vamos falar um pouco sobre as lesões produzidas por

projéteis de armas de fogo. As lesões perfuro-contundentes produzidas

por projéteis de armas de fogo ensejam o estudo da ferida de entrada, do

trajeto e do orifício de saída, a forma e a dimensão, e os elementos de

vizinhança que habitualmente as acompanham.

A ferida de entrada (figura abaixo) pode ser consequente a

projétil único ou a projéteis múltiplos e, ainda, dependente da distância

de disparo, aos gases provenientes da combustão da pólvora e à bucha e

seus resíduos.

Na pele o projétil ocasiona o orifício de entrada e elementos de

vizinhança ou zona de contornos, alguns constantes, qualquer que seja o

(17)

tipo de tiro, como a orla de contusão e o halo de enxugo, e outros que

podem faltar, condicionados à distância do disparo, como a tatuagem, as

queimaduras e o negro de fumo, por exemplo, o tiro disparado a

distância, por arma raiada, que sempre imprime na pele a orla de

contusão, por mortificação e desepitelização dos tecidos, e a orla de

enxugo, faltando os demais elementos do disparo referido.

Quanto à forma: o projétil cilindrocônico disparado a distância,

atingindo a pele de raspão, sem perfurá-la, produz apenas escoriações

alongadas. Obviamente não se falará, então, em ferida de entrada.

Exercendo, porém ação perfuro-contundente, produz, em geral, orifício

de entrada aparentemente circular, redondo (tiro perpendicular), oval, linear ou em fenda (tiro inclinado ou em região abaulada), lembrando lesão determinada por instrumento perfurante, pois,

não atuando os gases e demais elementos da munição, o projé-til

limita-se a afastar as fibras cutâneas, limita-sem limita-seccioná-las. Nos tiros à

queima-roupa, dependendo da incidência do disparo, o orifício de entrada assume

forma arredondada ou ovalar, circundado por todos os elementos de

vizinhança se a arma que o efetuou tiver a alma do cano raiada.

Encontrando o projétil tecido ósseo subjacente à pele,

determina orifício de entrada de forma típica, estrelada ou raiada.

Os bordos desses orifícios podem voltar-se para dentro, devido à

ação do projétil e da elasticidade da pele, constituindo exceção a “câmara

de mina de Hoffmann”, em que há dilaceração e até eversão das margens.

(18)

A orla de contusão, orla desepitelizada de França, orla erosiva de

Piedelièvre e Desoille ou anel de Fisch é uma área pequenina,

milimétrica, que circunda o orifício de entrada, consequente à

escoriação tegumentar produzida pelo impacto rotatório e atrito do

projétil, que inicialmente tem ação contundente, de forma concêntrica ou

circular nos tiros perpendiculares, e ovalada ou fusiforme nos casos de

incidência oblíqua, sendo tanto mais pronunciada quanto mais próximo for

deflagrado o tiro. Tem, portanto, a orla de contusão valor para a

determinação da direção do tiro. Perceba na figura abaixo, que o tiro veio

na direção de subida do braço. Agora, se veio por cima ou por baixo, vai

depender como estava a vítima (deitada ou em pé).

A zona de tatuagem verdadeira resulta dos disparos à

queima-roupa ou apoiados, pelos grânulos de pólvora combusta ou incombusta,

que acompanham a bala de perto e, como verdadeiros projéteis

secundários, incrustam-se mais ou menos profundamente na pele da

região atingida. Circular, e dependendo da maior ou menor proximidade

da arma ao efetuar o disparo, podendo até ser indelével, margeia o

orifício de entrada como um anel de coloração uniformemente escura com

(19)

a pólvora negra, porque os grânulos se agrupam e se confundem, e de

cor variada, com a pólvora piroxilada, sem fumaça.

O negro de fumo é formado pela deposição da fuligem

resultante da combustão da pólvora ao redor do orifício de entrada, nos

tiros próximos, que recobre e ultrapassa a zona de tatuagem. É sinal

valioso para indicar o orifício de entrada (figura abaixo), a incidência

do disparo e também para apontar suicídio, quando presente na superfície

externa da lâmina óssea craniana (sinal de Benassi) onde, a modo dos

tiros perpendiculares, assume forma estrelada. Tem ainda particular

importância para indicar o atirador, pela amostra dos resquícios da

combustão da pólvora aderida à sua mão e colhida tecnicamente pela

chamada “luva de parafina” moldada sobre a região, que se impregna de fuligem, nitritos e de outros componentes (nitratos) da carga.

Quanto a causa jurídica da lesão pode ser homicida, suicida ou

acidental. Tiros múltiplos assestados nas costas, tórax, abdome e

membros apontam homicídio.

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Para fecharmos esta parte, vou fazer um pequeno resumo, muito

importante para sua prova, sobre as diferenças do ferimento de entrada e

saída causado por um projétil:

FERIMENTO DE ENTRADA FERIMENTO DE SAÍDA

Forma arredondada (regular) Forma irregular ("rombo")

Borda invertida Borda evertida

Possui as orlas e zonas Não possuem orlas e zonas

O diâmetro é proporcional ao projétil O diâmetro é desproporcional

Há pouco sangramento Há muito sangramento

Lesões corporais sob o ponto de vista jurídico

Pessoal, a lesão corporal é todo e qualquer dano ocasionado à

normalidade do corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, quer do

fisiológico ou mental.

O crime de lesão corporal (tipificada no artigo 129 do Código

Penal) é definido como ofensa à integridade corporal ou à saúde de

outrem, isto é, pela existência de dano somático, funcional ou psíquico.

(21)

Desta forma, a autolesão não é crime, desde que não ofenda outro bem

jurídico, pois, além de perturbar a normalidade do corpo humano, a lesão

precisa ser juridicamente relevante.

Segundo a doutrina, o crime de lesão corporal leve e lesão corporal

culposa são de ação penal condicionada à representação do ofendido ou

de quem tiver qualidade para representá-lo nos termos do artigo 88 da

Lei n.9.099/95. Nas demais espécies do crime de lesão corporal a ação

penal será pública. Segundo a quantidade do dano, as lesões corporais

classificam-se em:

 Leves — São as que não determinam as consequências previstas nos §§ 1.º, 2.º e 3.º do art. 129 do Código Penal;

 Graves — Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias; perigo de vida; debilidade permanente de

membro, sentido ou função; aceleração de parto;

 Gravíssimas — Incapacidade permanente para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou inutilização de membro,

sentido ou função; deformidade permanente; aborto.

Lesões corporais leves

As lesões corporais leves são representadas frequentemente por

danos superficiais, interessando apenas a pele, tela subcutânea, músculos

superficiais, vasos arteriais e venosos de pequeno calibre. São as

escoriações, equimoses, hematomas, feridas contusas, alguns entorses,

(22)

os torcicolos traumáticos, edemas e a maioria das luxações. Lembram

desses nomes? Por isso, a importância de aprendermos primeiro

traumatologia médico-legal.

É de grande importância saber que a rubefação, simples e fugaz

rubor da pele provocado por maior movimento de um fluido de sangue,

que não compromete a normalidade anatômica, funcional ou mental do

corpo humano, não constitui lesão corporal leve. É leve rubor que pode

ser causado até por simples emoção.

As lesões corporais leves integram, frequentemente, o corpo de

delito indireto pela natureza fugaz dos vestígios deixados pela infração,

ou em consequência da demora na realização da perícia, o que pode

constituir dificuldade intransponível para o experto. Nesse caso, a

despeito da ofensa real à integridade corporal ou à saúde de outrem,

núbio de vestígios por desaparecimento material do crime, e só nessa

hipótese, o exame de corpo de delito indireto, feito a partir de outros

elementos ou através de testemunhas idôneas, poderá suprir o exame de

corpo de delito direto decorrente da exigência legal.

Lesões corporais graves

Essas são representadas pelos quatro tipos mencionados no § 1.º

do art. 129 do nosso diploma legal (incapacidade para as ocupações

habituais por mais de 30 dias; perigo de vida; debilidade permanente de

membro, sentido ou função; aceleração de parto).

(23)

Quanto à incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30

dias, a lei não exige falta de capacidade absoluta, bastando apenas que a

lesão caracterize não impossibilidade, mas perigo ou imprudência no

exercício das ocupações habituais, por mais de 30 dias. As ocupações

habituais a que se refere o art. 129, § 1.º, I, do Código Penal, não têm o

sentido de trabalho diário, nem são aquelas de natureza lucrativa. São

todas e quaisquer atividades corporais comuns. Dessa forma, são

verdadeiramente genéricas as ocupações habituais da lei. Para avaliar o

tempo de duração da incapacidade, os peritos reexaminarão a vítima, se

não for revel, “logo que decorra o prazo de 30 (trinta) dias, contado da

data do crime”, conforme estatui o art. 168, § 2.º, do Código de Processo Penal. É o exame complementar a que se submete uma segunda vez a

vítima, um mês após, contado da data do fato delituoso e não do

correspondente auto de corpo de delito, objetivando verificar se a

incapacidade excede o trintídio.

Quanto ao perigo de vida, trata-se da probabilidade concreta e

objetiva de êxito letal próximo. O perigo de vida é uma situação atual, ou

surgida no curso de processo patológico, consequente à ofensa, em que,

pelo estado do ofendido, há o perigo de morte, se não for socorrido

adequadamente em tempo hábil.

O perigo de vida pode apresentar-se no momento da lesão ou

depois de horas ou dias, em qualquer fase da evolução clínica, antes dos

30 dias. Por isso, não pode ser suposto, virtual ou potencial, remoto ou

(24)

presumido, mas real, sério, efetivo, clinicamente confirmado, não importa

se atual ou passado.

Já na debilidade permanente de membro, sentido ou função, a

debilidade a que se refere a lei é fraqueza, diminuição de forças,

enfraquecimento, embotamento, debilitação. A debilidade pode ser

consequência de dano anatômico (amputação de dedo, por exemplo), ou

funcional (paralisia).

Segundo a doutrina, a caracterização da figura jurídica prevista no

§ 1.º, III, do art. 129 do Código Penal considera-se debilidade

permanente a debilitação de membro, sentido ou função consecutiva a

um dano traumático, limitadora duradouramente, mas não do uso da

energia, do vigor físico ou da plenitude do poder de ação, sem

comprometimento do bem-estar do organismo.

Quanto à aceleração de parto, significa antecipar o nascimento da

criança antes do prazo normal previsto pela medicina. Nesse caso, é

indispensável o conhecimento da gravidez pelo agente. Se, em

virtude da lesão corporal praticada contra a mãe, a criança nascer morta,

terá havido lesão corporal gravíssima (art. 129, § 2.º, V). Há

possibilidade de haver o nascimento com vida, mas, em razão da lesão

corporal sofrida pela mãe, que tenha atingido o feto, venha a morrer a

criança.

Segundo a doutrina, as seguintes duas hipóteses podem ocorrer: a

primeira é que se houve aceleração de parto e o feto nasceu com vida,

morrendo, em face das lesões sofridas, dias, semanas ou meses depois,

(25)

não há como falar em lesão corporal gravíssima, ou seja, cujo resultado

mais grave é o aborto, pois este é um termo específico, que significa a

morte do feto antes do nascimento. Trata-se, pois, de lesão corporal

grave (aceleração de parto); a segunda, se a lesão corporal atingiu a mãe

e também o feto, mas não provocou a aceleração de parto nem o aborto,

vindo a criança a morrer, depois do nascimento com vida, em virtude da

lesão sofrida, não há como imputar-se ao agente lesão grave ou

gravíssima, pois sua conduta, nesse prisma, não se amolda aos tipos

penais do art. 129, §§ 1.º, IV, e 2.º, V. Neste último caso, quanto à lesão

corporal, deverá ela ser tipificada como simples.

Lesões corporais gravíssimas

Essas são as ofensas à integridade corporal ou à saúde de outrem

explícitas no § 2.º do art. 129 do Código Penal (incapacidade permanente

para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou inutilização de membro,

sentido ou função; deformidade permanente; aborto).

Quanto à Incapacidade permanente para o trabalho, trata-se da

inaptidão duradoura para exercer qualquer atividade laborativa lícita.

Nesse contexto, diferentemente da incapacidade para as ocupações

habituais, exige-se atividade remunerada, que implique sustento,

portanto, acarrete prejuízo financeiro para o ofendido. A doutrina advoga

que significa qualquer modalidade de trabalho e não especificamente o

trabalho a que a vítima se dedicava. Contudo, há necessidade de serem

(26)

estabelecidas certas restrições, visto que não se pode exigir de um

intelectual ou de um artista que se inicie na atividade de pedreiro. Fixa-se

no campo do factualmente possível e não no teoricamente imaginável.

Portanto, incapacidade permanente é uma diminuição efetiva da

capacidade física comparada à que possuía a vítima antes do fato punível.

Já na enfermidade incurável entende a doutrina como a falta de

uma ou mais funções, quer por ausência congênita, quer por alteração ou

abolição definitiva das mesmas, e compatível com um relativo bom estado

de saúde.

Não configura a qualificadora a simples debilidade enfrentada pelo

organismo da pessoa ofendida, necessitando existir uma séria alteração

na saúde. Embora a vítima não seja obrigada a submeter-se a qualquer

tipo de tratamento ou cirurgia de risco para curar-se, também não se

deve admitir a recusa imotivada do ofendido para tratar-se.

Quanto à perda ou inutilização de membro, sentido ou função, é

preciso saber que a perda é a amputação posterior à agressão,

consequente à intervenção cirúrgica, objetivando salvar a vida ou evitar

consequências gravíssimas para a saúde do ofendido, ou mutilação,

quando ocorre no momento do delito. Inutilização é a falta de habilitação

do órgão à sua função específica; é a perda funcional em membro que

subsiste anatomicamente. A perda poderá ser total ou parcial, desde que

equivalha à inutilização.

Na deformidade permanente, deformar significa alterar a forma

original. Assim, configura-se a lesão gravíssima quando ocorre a

(27)

modificação duradoura de uma parte do corpo humano da vítima. Salienta

a doutrina, no entanto, estar essa qualificadora ligada à estética. Por isso,

é posição majoritária a exigência de ser a lesão visível, causadora de

constrangimento ou vexame à vítima, e irreparável. Citam-se como

exemplos as cicatrizes de larga extensão em regiões visíveis do corpo

humano, que possam provocar reações de desagrado ou piedade, tais

como as causadas pela vitriolagem (lançamento de ácido no ofendido), ou

a perda de orelhas, mutilação grave do nariz, entre outros.

E no aborto, há interrupção da gravidez normal e não patológica,

em qualquer fase do período gestatório, haja ou não a expulsão do

concepto morto, ou, se vivo, que morra logo após pela inaptidão para a

vida extrauterina, resultante de ofensa corporal ou violência psíquica,

constitui lesão gravíssima.

A espécie difere da aceleração de parto porque nesta, resultante da

agressão corporal, a criança nasce antes do tempo previsto para a

délivrance, em graus variáveis de prematuridade, porém viva e em

condições de sobreviver, caracterizando o evento lesão grave.

Lesões corporais seguidas de morte

O art. 129, após descrever no caput o crime de lesão corporal,

acrescenta no § 3.º um resultado agravador previsível — a morte da

vítima.

(28)

De acordo com o § 3.º do art. 129, o dolo só se estende à lesão

corporal, sendo a morte punida a título de culpa, pois subentende que o

agressor não quer matar a vítima, e não assume o risco de produzir a

morte previsível. Assim, Trata-se da única forma autenticamente

preterdolosa prevista no Código Penal (§ 3.º), pois o legislador deixou

nítida a exigência de dolo no antecedente (lesão corporal) e somente a

forma culposa no evento subsequente (morte da vítima). Ao mencionar

que a morte não pode ter sido desejada pelo agente, nem tampouco pode

ele ter assumido o risco de produzi-la, está-se fixando a culpa como único

elemento subjetivo possível para o resultado qualificador. Justamente por

isso, neste caso, havendo dolo eventual quanto à morte da vítima, deve o

agente ser punido por homicídio doloso.

Seguindo, como forma de agravar o tratamento penal nos casos da

chamada violência doméstica, tal Lei acrescentou o § 9.º ao art. 129 do

Código Penal. “Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,

irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha

convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas,

de coabitação ou de hospitalidade: Pena — detenção, de 3 (três) meses a

3 (três) anos”.

Vamos, agora, fazer algumas questões. Não deixem de ler os

comentários, pois, vou explorar novidades, ok?

Espero vocês na próxima aula!

Grande abraço e bons estudos!

(29)

Questões propostas

1) (CEFET-BA - 2008 - PC-BA - Delegado de Polícia) Num ferimento de entrada de projétil de arma de fogo, geralmente se encontra a presença de

A) bordas evertidas e zona de chamuscamento. B) bordas invertidas e abundante sangramento.

C) ferimento de forma irregular e zona de esfumaçamento, D) ferimento de forma regular e bordas invertidas.

E) sangramento abundante e ferimento de forma irregular.

2) (CEFET-BA - 2008 - PC-BA - Delegado de Polícia) Nas feridas cortantes ou incisas, geralmente se encontra a presença de

A) extensão maior que profundidade.

B) pouco sangramento e bordas irregulares.

C) predomínio da profundidade em relação à extensão. D) bordas evertidas e com grande profundidade.

E) lesões cujo instrumento transfere a energia por pressão.

3) (FUMARC - 2011 - PC-MG - Escrivão de Polícia Civil) Considerando as lesões produzidas por projéteis de arma de fogo, o diagnóstico diferencial entre o ferimento de entrada e o de saída no plano ósseo craniano, é feito pelo sinal de

(30)

A) Bonnet. B) Carrara. C) Strassmann.

D) “Terraza” de Hoffmann.

4) (FUMARC - 2011 - PC-MG - Escrivão de Polícia Civil) Diante de uma ferida linear, com regularidade de suas bordas, associada a abundante hemorragia, predominância do comprimento sobre a profundidade e apresentando cauda de escoriação, pode-se afrmar que a lesão foi produzida por instrumento:

A) Cortocontundente. B) Contundente.

C) Perfurante. D) Cortante.

5) (FUNCAB - 2012 - PC-RO - Médico Legista) A descrição de um orifício de entrada de projétil de arma de fogo com buraco de mina de Hoffmann, escoriação de massa de mira (sinal deWerkgartner), zona de esfumaçamento, zona de tatuagem, equimoses e queimaduras, está relacionada com:

A) tiro disparado a grande distância.

B) tiro disparado de arma de fogo de grosso calibre. C) tiro disparado a curta distância.

D) lesão produzida por projéteis múltiplos.

(31)

E) tiro encostado.

(CESPE - 2012 - PC-AL - Agente de Polícia) Em relação à perícia médico-legal, julgue os itens seguintes.

6) A lesão corporal leve pode ser caracterizada como aquela em que não impede a vítima de realizar as atividades habituais por até trinta dias, como, por exemplo, uma torção no dedo do pé.

7) Lesão corporal de natureza grave é aquela em que o objeto utilizado para a prática é muito perigoso, como um projétil de arma de fogo, ou aquela resultante da prática de ato com extrema força e violência ou, ainda, com requinte de crueldade.

8) (CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia) No que se refere à perícia médico-legal, julgue os itens subsequentes.

Considere a seguinte situação hipotética.

O pai de um recém-nascido intensamente irritado com o choro insistente do bebê, sacudiu-o, e provocou luxação em um de seus ombros. Arrependido do ato de violência por ele cometido, o pai levou imediatamente o bebê ao hospital, onde ele recebeu cuidados médicos. Os movimentos do ombro do bebê foram restabelecidos após cinco semanas, e ele não teve sequelas.

(32)

Nessa situação, sob o ponto de vista jurídico, houve lesão corporal de natureza grave.

9) (PC-SP - 2011 - PC-SP - Delegado de Polícia) A figura do "perigo de vida" nas lesões corporais diz respeito:

A) ao perigo decorrente da situação em que esteve a vítima por ocasião da agressão.

B) ao perigo resultante do dano pessoal ocasionado pelo ato criminoso.

C) à situação de prognóstico médico de grave dano

D) a situação de expectativa de risco de vida relacionada à agressão.

E) todo tipo de atividade relativa a vítima em seu cotidiano.

10) (DELEGADO DE POLÍCIA/MA_FCC_2006) Em face da Medicina Legal é correto afirmar que

A) são elementos para se classificar uma lesão corporal como de natureza gravíssima, a constatação pericial de: Incapacidade permanente para o trabalho; Perda de membro, sentido ou função; Enfermidade incurável; Deformidade permanente; Aborto. B) são elementos para se classificar uma lesão corporal como de natureza grave, a constatação pericial de: Incapacidade para o trabalho por mais de trinta dias; Perigo de Vida; Debilidade temporária de membro, sentido ou função; Aceleração do Parto.

(33)

C) de acordo com a Doutrina Médico-Legal brasileira, as Lesões Corporais são classificadas, quanto aos seus graus, em Levíssima, Leve, Grave, Gravíssima e Lesão Corporal Seguida de Morte.

D) o dano estético é classificado, de acordo com a Doutrina Médico-Legal brasileira, em leve, grave e gravíssima.

E) o aborto pode ser enquadrado como lesão corporal de natureza grave ou como de natureza gravíssima, na dependência de ter ou não havido concordância da vítima na sua perpetração.

11) (MÉDICO LEGISTA/MA_FCC_2006) Quanto às lesões corporais é correto afirmar que de acordo com a Doutrina Médico-Legal brasileira, as Lesões Corporais são classificadas em Lesão Corporal, Lesão Corporal Grave e Lesão Corporal Seguida de Morte.

12) (Inédita - Alexandre Herculano - 2014) Segundo a doutrina, as concausas, que diferem das causas, quando falamos em lesão coporal, podem ser preexistentes ou supervenientes, sendo aquelas classificadas em, EXCETO:

A) Biológicas B) Patológicas C) Fisiológicas D) Anatômicas

(34)

Questões Comentadas

1) (CEFET-BA - 2008 - PC-BA - Delegado de Polícia) Num ferimento de entrada de projétil de arma de fogo, geralmente se encontra a presença de

A) bordas evertidas e zona de chamuscamento.

B) bordas invertidas e abundante sangramento.

C) ferimento de forma irregular e zona de esfumaçamento,

D) ferimento de forma regular e bordas invertidas.

E) sangramento abundante e ferimento de forma irregular.

Comentários:

Vamos lembrar aquele pequeno resumo:

FERIMENTO DE ENTRADA FERIMENTO DE SAÍDA

Forma arredondada (regular) Forma irregular ("rombo")

Borda invertida Borda evertida

Possui as orlas e zonas Não possuem orlas e zonas

(35)

O diâmetro é proporcional ao projétil O diâmetro é desproporcional

Há pouco sangramento Há muito sangramento

Gabarito: D.

2) (CEFET-BA - 2008 - PC-BA - Delegado de Polícia) Nas feridas cortantes ou incisas, geralmente se encontra a presença de

A) extensão maior que profundidade.

B) pouco sangramento e bordas irregulares.

C) predomínio da profundidade em relação à extensão.

D) bordas evertidas e com grande profundidade.

E) lesões cujo instrumento transfere a energia por pressão.

Comentários:

De acordo com o Prof. Genival Veloso de França, os meios ou

instrumentos de ação cortante agem através de um gume mais ou

menos afiado, por um mecanismo de deslizamento sobre os tecidos e,

na maioria das vezes, em sentido linear. Apresentam como

características: forma linear; regularidade das bordas; regularidade do

fundo da lesão; ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida;

hemerrogia quase sempre abundande; predominância do

comprimento sobre a profundidade (nossa resposta); afastamento

das bordas da ferida; presença de caude de escoriação voltada para o

(36)

lado onde terminou a ação do instrumento; vertentes cortadas

obliquamente; centro da ferida mais profundo que as extremidades e

paredes da ferida lisas e regulares.

Gabarito: A.

3) (FUMARC - 2011 - PC-MG - Escrivão de Polícia Civil) Considerando as lesões produzidas por projéteis de arma de fogo, o diagnóstico diferencial entre o ferimento de entrada e o de saída no plano ósseo craniano, é feito pelo sinal de

A) Bonnet.

B) Carrara.

C) Strassmann.

D) “Terraza” de Hoffmann.

Comentários:

Aqui temos novidades na nossa aula, o Sinal do Funil de

Bonnet: quando o projétil atravessa um osso chato (exemplo: costela,

esterno, etc.), ao entrar no mesmo provoca um orifício do mesmo

diâmetro seu, mas ao sair, provoca um orifício bem maior, dando um

aspecto de “V” invertido, ou de um funil. Nos outros três sinais (Carrara,

Strassmann e Terraza de Hoffmann) são lesões causadas por martelo.

Fratura "Perfurante" de Strassmann: é o afundamento

ósseo do segmento golpeado, reproduzindo a forma e a dimensão do

objeto contundente.

(37)

Sinal do "Mapa-mundi" de Carrara: é o afundamento

parcial e uniforme com inúmeras fisuras, em forma de arcos e

meridionais.

Sinal em "Terraza" de Hoffmann: traumatismo tangencial;

produz uma fratura de forma triangular com a base aderia à porção óssea

vizinha e com o vértice solto e dirigido para dento da cavidade craniana.

Gabarito: A.

4) (FUMARC - 2011 - PC-MG - Escrivão de Polícia Civil) Diante de uma ferida linear, com regularidade de suas bordas, associada a abundante hemorragia, predominância do comprimento sobre a profundidade e apresentando cauda de escoriação, pode-se afrmar que a lesão foi produzida por instrumento:

A) Cortocontundente.

B) Contundente.

C) Perfurante.

D) Cortante.

Comentários:

Agora ficou tranquilo, não podem errar, ok? Como já vimos, os

instrumentos cortantes são os que, agindo por um gume afiado, por pressão e deslizamento, linear- ou obliquamente sobre a pele e os

órgãos, produzem soluções de continuidade chamadas feridas incisas. São

(38)

instrumentos cortantes a navalha, o bisturi, a faca, as lâminas de

barbear, as lâminas metálicas de borda linear, os estilhaços de vidro, o

papel, etc. Os instrumentos cortantes não podem ser confundidos com os

instrumentos cortocontundentes, como a foice, o machado, a roda de

trem, que agem mais pelo peso e pela força com que são empregados do

que pelo gume.

A profundidade da ferida incisa depende de gume afiado, da

intensidade de manejo do instrumento e da resistência dos tegumentos,

pois, em qualquer circunstância, o efeito produzido por uma mesma força

depende da natureza da superfície e dos planos subjacentes sobre os

quais é aplicada. Assim, habitualmente as feridas incisas não

penetram as grandes cavidades torácica e abdominal.

Segundo a doutrina, são características das feridas incisas:

 regularidade das bordas;

 regularidade do fundo da lesão;

 ausência de vestigios traumáticos em torno da ferida;  hemorragia quase sempre abundante;

 predominância do comprimento sobre a profundidade;  afastamento das bordas da ferida;

 presença de cauda de escoriação voltada para o lado onde; terminou a ação do instrumento;

 vertentes cortadas obliquamente;

(39)

 centro da ferida mais profunda que as extremidades;

 perfil de corte de aspecto angular, quando o instrumento atua de forma perpendicular, ou em forma de bisel, quando o

intrumento atua em sentido oblíquo.

Gabarito: D.

5) (FUNCAB - 2012 - PC-RO - Médico Legista) A descrição de um orifício de entrada de projétil de arma de fogo com buraco de mina de Hoffmann, escoriação de massa de mira (sinal deWerkgartner), zona de esfumaçamento, zona de tatuagem, equimoses e queimaduras, está relacionada com:

A) tiro disparado a grande distância.

B) tiro disparado de arma de fogo de grosso calibre.

C) tiro disparado a curta distância.

D) lesão produzida por projéteis múltiplos.

E) tiro encostado.

Comentários:

Pessoal, fiquem atentos! Vejamos estas três formas de dar o tiro:

- Tiros com arma apoiada ou encostados

São os tiros disparados com a boca do cano da arma contatando

intimamente com a superfície do alvo. Determinam no organismo ferida

de entrada em “câmara de mina”, pela ação da força viva do projétil

(40)

aumentando a pressão hidrostática, pela violenta expansão dos gases de

explosão anfractuando os tegumentos, pelo escurecimento do orifício de

entrada e do início do trajeto por deposição de pólvora incombusta e/ou

comburida e pelo negro de fumo (ou seja, a marca da boca do cano).

Essa marca de queimadura também é conhecida como sinal de

puppe-werkgartner.

- Tiros a curta distância ou à queima-roupa

Determinam orifício de entrada irregular, igual ou, como ocorre

fre-quentemente, por ainda atuar a violenta ação expansiva dos gases,

maior do que o calibre do projétil. A zona de tatuagem supõe disparo à

distância de 30 a 75 centímetros, ou mais; presente o negro de fumo

circundando estelarmente o orifício de entrada, admite a distância de 10 a

30 centímetros. Orla de contusão e zona de tatuagem circulares ao redor

do orifício de entrada indicam plano de tiro perpendicular à pele; serão

ovaladas ou elípticas nos tiros de direção oblíqua em que o orifício de

entrada da bala ocupa o polo oposto da orla de contusão e da tatuagem.

- Tiros de longe ou de longa distância

O orifício de entrada é habitualmente menor do que o diâmetro do

projétil, de aspecto circular, quando o agente perfurocontundente incidir

perpendicularmente sobre a superfície da pele, e oblíquo, ovalado, ou

fusiforme, quando atingir alvos inclinados ou abaulados. Excetuadas a

orla de contusão, o halo de enxugo e a aréola equimótica (nem sempre

(41)

presente), todos os demais elementos de vizinhança não podem

absolutamente ser encontrados na ferida de entrada.

Gabarito: E.

(CESPE - 2012 - PC-AL - Agente de Polícia) Em relação à perícia médico-legal, julgue os itens seguintes.

6) A lesão corporal leve pode ser caracterizada como aquela em que não

impede a vítima de realizar as atividades habituais por até trinta dias,

como, por exemplo, uma torção no dedo do pé.

Comentários:

O crime de lesões corporais subdivide-se em duas categorias: a

das lesões dolosas e a das culposas. Por sua vez, a modalidade dolosa

possui quatro figuras, que dependem do resultado provocado na vítima.

Assim, a lesão dolosa pode ser leve, grave, gravíssima ou seguida de

morte. Lesões leves - Art. 129, caput — Ofender a integridade

corporal ou a saúde de outrem: Pena — detenção de três meses a um

ano. Nota-se, inicialmente, que, quanto ao resultado, o texto legal não

define quando uma lesão corporal é leve. Ao contrário, nosso legislador

apenas descreve expressamente quando uma lesão deve ser considerada

de natureza grave (art. 129, § 1º) ou gravíssima (art. 129, § 2º). Por

isso, é por exclusão que se conclui que uma lesão é de natureza leve,

(42)

devendo ser assim considerada, portanto, aquela que não é grave e nem

gravíssima. É exatamente por isso que, no formulário próprio para os

legistas apresentarem o laudo do exame de corpo de delito, constam

quesitos em torno de todas as modalidade Dos Crimes Contra a Pessoa

consideradas graves ou gravíssimas de lesão corporal. Apenas quando o

legista responder negativamente a todas elas, é que será possível dizer

que a lesão é leve, ok? Para que haja tipificação do crime de lesão

corporal, o texto legal exige que o ato agressivo perpetrado contra a

vítima lhe tenha provocado ofensa à integridade corporal ou à saúde.

Gabarito: C.

7) Lesão corporal de natureza grave é aquela em que o objeto utilizado

para a prática é muito perigoso, como um projétil de arma de fogo, ou

aquela resultante da prática de ato com extrema força e violência ou,

ainda, com requinte de crueldade.

Comentários:

Lesões corporais graves estão previstas no art. 129, § 1º, do

Código Penal e possuem pena de reclusão, de um a cinco anos. A pena

mínima prevista — um ano — faz com que seja possível a suspensão

condicional do processo, se o réu preencher os demais requisitos do art.

89 da Lei n. 9.099/95. Embora possua denominação própria — lesão

grave — é extremamente comum que doutrinadores e juízes a ela se

(43)

refiram como lesão corporal qualificada. Vejamos quando será lesão

corporal de natureza grave:

"§ 1º Se resulta:

I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta

dias;

II - perigo de vida;

III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;

IV - aceleração de parto:

Pena - reclusão, de um a cinco anos."

E gravíssima, se resulta:

"I - Incapacidade permanente para o trabalho;

II - enfermidade incuravel;

III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

IV - deformidade permanente;

V - aborto:

Pena - reclusão, de dois a oito anos."

Gabarito: E.

8) (CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia) No que se refere à perícia médico-legal, julgue os itens subsequentes.

Considere a seguinte situação hipotética.

O pai de um recém-nascido intensamente irritado com o choro insistente

do bebê, sacudiu-o, e provocou luxação em um de seus ombros.

Arrependido do ato de violência por ele cometido, o pai levou

(44)

imediatamente o bebê ao hospital, onde ele recebeu cuidados médicos.

Os movimentos do ombro do bebê foram restabelecidos após cinco

semanas, e ele não teve sequelas.

Nessa situação, sob o ponto de vista jurídico, houve lesão corporal de

natureza grave.

Comentários:

Isso mesmo, como podemos perceber são classificadas como

grave, a lesão que resulta de: I - Incapacidade para as ocupações

habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade

permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de parto.

Logo, após cinco semanas ultrapassam um mês!

Gabarito: C.

9) (PC-SP - 2011 - PC-SP - Delegado de Polícia) A figura do "perigo de vida" nas lesões corporais diz respeito:

A) ao perigo decorrente da situação em que esteve a vítima por ocasião

da agressão.

B) ao perigo resultante do dano pessoal ocasionado pelo ato criminoso.

C) à situação de prognóstico médico de grave dano

D) a situação de expectativa de risco de vida relacionada à agressão.

E) todo tipo de atividade relativa a vítima em seu cotidiano.

(45)

Comentários:

Segundo a doutrina o perigo de vida não tem o mesmo

significado de risco de vida. O perigo de vida é a probabilidade

concreta e objetiva de êxito letal próximo. Pode apresentar-se no

momento da lesão ou depois de horas ou dias, em qualquer fase da

evolução clínica, antes dos 30 dias.

Gabarito: A.

10) (DELEGADO DE POLÍCIA/MA_FCC_2006) Em face da Medicina Legal é correto afirmar que

A) são elementos para se classificar uma lesão corporal como de natureza

gravíssima, a constatação pericial de: Incapacidade permanente para o

trabalho; Perda de membro, sentido ou função; Enfermidade incurável;

Deformidade permanente; Aborto.

B) são elementos para se classificar uma lesão corporal como de natureza

grave, a constatação pericial de: Incapacidade para o trabalho por mais

de trinta dias; Perigo de Vida; Debilidade temporária de membro, sentido

ou função; Aceleração do Parto.

C) de acordo com a Doutrina Médico-Legal brasileira, as Lesões Corporais

são classificadas, quanto aos seus graus, em Levíssima, Leve, Grave,

Gravíssima e Lesão Corporal Seguida de Morte.

D) o dano estético é classificado, de acordo com a Doutrina Médico-Legal

brasileira, em leve, grave e gravíssima.

(46)

E) o aborto pode ser enquadrado como lesão corporal de natureza grave

ou como de natureza gravíssima, na dependência de ter ou não havido

concordância da vítima na sua perpetração.

Comentários:

Vejamos quando uma lesão corporal será gravíssima:

" Art. 129 (...) § 2° Se resulta:

I - Incapacidade permanente para o trabalho;

II - enfermidade incurável;

III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

IV - deformidade permanente;

V - aborto:

Pena - reclusão, de dois a oito anos."

Gabarito: A.

11) (MÉDICO LEGISTA/MA_FCC_2006) Quanto às lesões corporais é

correto afirmar que de acordo com a Doutrina Médico-Legal brasileira, as

Lesões Corporais são classificadas em Lesão Corporal, Lesão Corporal

Grave e Lesão Corporal Seguida de Morte.

Comentários:

Conforme vimos, a doutrina também classifica em Lesão Corporal

Gravíssima, caso a lesão resuta de:

(47)

I - Incapacidade permanente para o trabalho;

II - enfermidade incurável;

III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

IV - deformidade permanente;

V - aborto.

Gabarito: E.

12) (Inédita - Alexandre Herculano - 2014) Segundo a doutrina, as concausas, que diferem das causas, quando falamos em lesão coporal, podem ser preexistentes ou supervenientes, sendo aquelas classificadas em, EXCETO:

A) Biológicas

B) Patológicas

C) Fisiológicas

D) Anatômicas

Comentários:

Pessoal, segundo Lazaretti, essa classificação e dividida em

anatômicas, que seriam anomalias orgânicas, fisiológicas, aquelas

provenientes de alterações funcionais capazes de contribuir

negativamente para o agravamento das lesões e patológicas, que são

aquelas emanadas de uma morbidade existente, como a tuberculose por

exemplo.

(48)

Gabarito: A. Gabarito 1-D 2-A 3-A 4-D 5-E 6-C 7-E 8-C 9-A 10-A 11-E 12-A 02411066139

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