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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 502.732 - PR (2003/0019265-6)

RELATOR : MINISTRO FRANCIULLI NETTO

RECORRENTE : SEBASTIÃO BUENO XAVIER

ADVOGADO : ESTÊVÃO BARONGENO E OUTRO

RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

PROCURADOR : MARIANA GOMES DE CASTILHOS E OUTROS

INTERES. : FRIGORÍFICO SM LTDA E OUTRO

EMENTA

PROCESSO CIVIL - EXECUÇÃO FISCAL - ARQUIVAMENTO - ART. 40 DA LEF - DESNECESSIDADE EM INTIMAR A EXEQÜENTE DO SILÊNCIO DA RECEITA FEDERAL ANTE A REQUISIÇÃO DE OFÍCIOS FEITA PELO JUÍZO - IMPULSO OFICIAL - INÉRCIA DO

EXEQÜENTE - PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE

CARACTERIZADA.

A movimentação da máquina judiciária pode restar paralisada por ausência de providências cabíveis ao autor, uma vez que o princípio do impulso oficial não é absoluto.

Diante da inexistência da obrigação legal em intimar a autarquia para dar prosseguimento ao feito, cabia a ela, pois, zelar pelo andamento regular do feito, com a prática dos atos processuais pertinentes dentro do qüinqüênio estabelecido em lei.

Recurso especial provido.

ACÓRDÃO

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Superior Tribunal de Justiça

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, em conhecer do recurso e lhe dar provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator. Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Castro Meira e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator.

Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Francisco Peçanha Martins.

Brasília (DF), 16 de dezembro de 2003 (Data do Julgamento)

MINISTRO FRANCIULLI NETTO Relator

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 502.732 - PR (2003/0019265-6) RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO FRANCIULLI NETTO (Relator):

Cuida-se de recurso especial interposto por Sebastião Bueno Xavier, com fundamento nas alíneas "a" e "c" do inciso III do artigo 105 da Constituição Federal, contra v. acórdão proferido pelo egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

O presente recurso brotou de execução fiscal ajuizada, em 14.09.87, pelo Instituto Nacional do Seguro Social contra o Frigorífico SM Ltda. e outros, dentre os quais consta o atual recorrente.

Apesar de ordenada, não foi cumprida a citação por não terem sido encontrados os executados ou seus representantes. Tampouco foram encontrados bens, motivo pelo qual, em 28.04.89, a exeqüente requereu a expedição de ofícios à Delegacia da Receita Federal (fls. 13/14).

Expedidos os ofícios solicitados, restou silente a Delegacia da Receita Federal. Sobreveio, então, publicação ao exeqüente no Diário da Justiça de 05.10.93. Decorrido o prazo sem manifestação do exeqüente e sem que houvesse pedido de suspensão ou arquivamento, foram os autos remetidos ao arquivo em 28.10.93 (fl. 15).

Diante disso, o feito permaneceu paralisado até 28.08.00, quando sobreveio pedido de extinção, por parte da executada, ao argumento que teria operado a prescrição intercorrente (fls. 16/18).

Intimada a manifestar-se, sustentou a autarquia que o feito permaneceu inerte por culpa exclusiva do cartório, que não realizou a citação, nem intimou a exeqüente antes do arquivamento do feito (fls. Documento: 449452 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: Página 3 de 11

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24/29).

Sobreveio sentença que acolheu a pretensão do contribuinte e, reconhecida a prescrição intercorrente, foi declarada extinta a execução fiscal (fls. 31/32).

A egrégia Corte de origem, diante da apelação da autarquia e do reexame necessário, declarou a inocorrência da prescrição ao fundamento de ter havido falha no mecanismo do Judiciário. O v. acórdão restou assim ementado:

“EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. INÉRCIA DO CREDOR. NÃO CONFIGURAÇÃO.

1. Orientação desta Corte e do STJ de que a prescrição intercorrente, nas execuções fiscais, só ocorrerá se houver, além de lapso temporal, inércia imputável ao Credor.

2. Na hipótese dos autos, considerando que o Exeqüente não foi intimado pessoalmente para se manifestar, consoante determina o art. 25 da Lei de Execução Fiscal, não há falar em fluência do prescrição.

3. Assim, é de se considerar que a execução fiscal ficou paralisada por falhas do mecanismo judiciário, não havendo falar em culpa do Credor.

4. Além disso, cumpre lembrar que entre a EC nº 08/1977 e a CF/ 88 o prazo prescricional das contribuições previdenciárias era de trinta anos” (fl. 63).

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Contra essa decisão o contribuinte interpôs o presente recurso especial, no qual alega que o v. acórdão vergastado violou “não só as disposições do artigo 174, parágrafo único, inciso I, do Código Tributário Nacional, como também acabou por dar à lei federal interpretação divergente da atribuída por outros tribunais .” Diante disso, sustenta que seria desnecessário intimar a autarquia para dar prosseguimento ao feito, como de fato ocorreu (fl. 70).

Ausentes as contra-razões (fl. 98).

É o relatório.

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RECURSO ESPECIAL Nº 502.732 - PR (2003/0019265-6)

EMENTA

PROCESSO CIVIL - EXECUÇÃO FISCAL - ARQUIVAMENTO - ART. 40 DA LEF - DESNECESSIDADE EM INTIMAR A EXEQÜENTE DO SILÊNCIO DA RECEITA FEDERAL ANTE A REQUISIÇÃO DE OFÍCIOS FEITA PELO JUÍZO - IMPULSO OFICIAL - INÉRCIA DO

EXEQÜENTE - PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE

CARACTERIZADA.

A movimentação da máquina judiciária pode restar paralisada por ausência de providências cabíveis ao autor, uma vez que o princípio do impulso oficial não é absoluto.

Diante da inexistência da obrigação legal em intimar a autarquia para dar prosseguimento ao feito, cabia a ela, pois, zelar pelo andamento regular do feito, com a prática dos atos processuais pertinentes dentro do qüinqüênio estabelecido em lei.

Recurso especial provido.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO FRANCIULLI NETTO (Relator):

Cinge-se a questão em saber se, diante do despacho que determinou a expedição de ofícios à Receita Federal a pedido da própria exeqüente, seria imprescindível a intimação pessoal da autarquia sobre a Documento: 449452 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: Página 6 de 11

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inércia da Receita Federal em relação aos mencionados ofícios.

Decidiu o tribunal a quo que a causa permaneceu inerte por falha do mecanismo judiciário, pelo que não se reconheceu a prescrição intercorrente. Entretanto, merece reforma o v. acórdão recorrido, conforme o exposto a seguir.

O que se verifica, in casu , é que (1) inobstante tenha sido oficiada, não ofereceu nenhuma resposta a Receita Federal; e que, diante disso, (2) a providência do juízo de primeira instância foi proceder à intimação da exeqüente por mera publicação oficial.

Antes, todavia, de analisar esse ponto fulcral, permita-se conjecturar que, caso fosse imprescindível a intimação da exeqüente na presente hipótese, certamente a intimação deveria ser pessoal. É o que se extrai do artigo 25 da Lei de Execuções Fiscais, verbis :

"Art. 25. Na execução fiscal, qualquer intimação ao representante judicial da Fazenda Pública será feita pessoalmente".

Disso decorre que, se admitindo como irregular a intimação por publicação oficial, não poderia ser imputada culpa à exeqüente pela inércia processual, de modo que não ocorreria a prescrição intercorrente.

Há iterativos precedentes desta Corte nesse sentido, bem ilustrados pela seguinte passagem: "não se opera a prescrição intercorrente quando a credora não deu causa à paralisação do feito" (REsp 134.752/RS, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros in DJ 03.11.98).

Com efeito, a discussão acerca da apuração da culpa da exeqüente na inércia da execução fica condicionada ao juízo sobre a

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necessidade de intimação da autarquia para dar andamento ao feito diante do silêncio da Receita Federal.

Esclareça-se, igualmente, antes de penetrar no busílis da questão, que não existe obrigação específica no que concerne aos casos em que deve ser intimada a exeqüente na execução fiscal, de modo que as regras aplicáveis à espécie são somente as do Código de Processo Civil, notadamente o art. 234 do CPC: "Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa". É o que se depreende da lição de Humberto Theodoro Júnior:

"Quanto aos atos comuns do processo, isto é, dos atos que compõem a tramitação ordinária do feito, a intimação deles aos advogados das partes seguirá, quanto ao executado, as regras do Código de Processo Civil" (Humberto Theodoro Júnior, in "A Nova Lei de Execução Fiscal", LEUD, São Paulo, 1982, p. 43).

Feitos esses esclarecimentos, não resta dúvida de que prospera o inconformismo do contribuinte, pois não havia motivo para que fosse intimada a autarquia. Na verdade - sendo cediço que a movimentação da máquina judiciária pode restar paralisada por ausência de providências cabíveis ao autor, uma vez que o princípio do impulso oficial não é absoluto - o que resta evidenciado é a própria inércia do exeqüente.

Nessa trilha de raciocínio, é de bom conselho trazer à balha os enunciados no sentido de que “o processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial” , bem como que “o Juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe ...velar pela rápida solução do litígio”, dos artigos 262 e 125 do estatuto processual civil, perfeitamente aplicáveis à execução Documento: 449452 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: Página 8 de 11

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fiscal, a teor do disposto no artigo 1º da Lei de Execuções Fiscais.

Diante da inexistência da obrigação legal em intimar a autarquia, cabia a ela, pois, zelar pelo andamento regular do feito, com a prática dos atos processuais pertinentes dentro do qüinqüênio estabelecido em lei.

Esse tem sido o entendimento deste egrégio Sodalício, refletido pelas recentes ementas:

"Processual Civil. Tributário. Execução Fiscal. Inércia do Exeqüente. Prescrição Intercorrente. Lei 6.830/80 (arts. 8º, § 2º, e 40). CTN, artigo 174. CPC, artigo 219.

1. As disposições do artigo 40, Lei 6.830/80, devem harmonizar-se com as do artigo 174, CTN, travando a pretensão de tornar imprescritível a dívida fiscal, eternizando situações jurídicas e armazenando autos nos escaninhos das Secretarias das Varas.

2. A inércia da parte credora na promoção dos atos e procedimentos de impulsão processual, por mais de cinco anos, pode edificar causa suficiente para a prescrição intercorrente.

3. Precedentes jurisprudenciais.

4. Embargos rejeitados. (1ª Seção, EREsp 237079/SP, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJU 30.09.02).

* * * * * * * * * *

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"PROCESSO CIVIL - EXECUÇÃO FISCAL - PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE: PROVA.

1. Esta Corte sedimentou entendimento que a prescrição intercorrente só ocorre quando há inércia por parte da Fazenda (múltiplos precedentes).

2. (omissis)

3. (omissis)

4. (omissis) (2ª Turma, REsp 366.655/PR, Rel. Min. Eliana Calmon, DJU 31.03.03).

Pelo que precede, dou provimento ao recurso especial para declarar prescrita a ação executiva.

É como voto.

Ministro FRANCIULLI NETTO, Relator

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA

Número Registro: 2003/0019265-6 RESP 502732 / PR

Número Origem: 200204010385316

PAUTA: 03/06/2003 JULGADO: 16/12/2003

Relator

Exmo. Sr. Ministro FRANCIULLI NETTO Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro FRANCIULLI NETTO Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. MOACIR GUIMARÃES MORAIS FILHO Secretária

Bela. BÁRDIA TUPY VIEIRA FONSECA

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : SEBASTIÃO BUENO XAVIER

ADVOGADO : ESTÊVÃO BARONGENO E OUTRO

RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

PROCURADOR : MARIANA GOMES DE CASTILHOS E OUTROS

INTERES. : FRIGORÍFICO SM LTDA E OUTRO

ASSUNTO: Execução Fiscal

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Turma, por unanimidade, conheceu do recurso e lhe deu provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator."

Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Castro Meira e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator.

Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Francisco Peçanha Martins.

O referido é verdade. Dou fé.

Brasília, 16 de dezembro de 2003

BÁRDIA TUPY VIEIRA FONSECA Secretária

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