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PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <http://www.pubvet.com.br/texto.php?id=592>.

Sistema de Produção de Cordeiros Produção Integrada/Herval Premium

José Carlos da Silveira Osório1,2; Maria Teresa Moreira Osório1,2; Clóvis José Cardoso de Ávila3; Gilson de Mendonça4; Mabel Mascarenhas Wiegand1; Carlos

Eduardo Pedroso5; Sérgio Silveira Gonzaga6

1 Prof. da UFPEL. 2 Bolsista do CNPQ. 3 Doutorando do PPGZ–UFPEL. 4 Prof. da Unipampa. 5 Bolsista Prodoc–UFPEL. 6 Embrapa, Bagé. Resumo

O artigo tem por objetivo colocar aspectos da experiência da formação e acompanhamento de um programa para organização da cadeia produtiva da carne ovina, sem pretensão de esgotar um tema tão complexo. O Programa Cordeiro Herval Premium tem a preocupação de reforçar os elos dos segmentos da cadeia produtiva “do campo ao garfo”, propiciando “satisfação a todos” e oferta constante, ao longo ano, de um produto de qualidade voltado para a satisfação do consumidor. Mostra-se como foi criada a Denominação Específica Cordeiro Herval Premium, uma marca de carne ovina de qualidade e

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de seu Conselho Regulador, sua evolução em seis anos e o que se considera possa ser meta para os produtores que buscam otimizar o agronegócio da carne ovina de qualidade e do sistema de produção de cordeiros para abate. Conclui-se que todo sistema de produção de cordeiro para abate deve estar aberto para mudanças, uma vez que a qualidade é dinâmica no espaço e no tempo; mas, devem existir normas gerais que garantam a qualidade do produto. Há necessidade de um entendimento entre os segmentos da cadeia da carne, para satisfação de todos, do campo ao garfo, com um organismo (Conselho Regulador) que garanta a qualidade e busque sistematicamente a melhora dessa e que fortaleça os elos mais fracos da cadeia.

Palavras-chave: carne, cadeia produtiva, identificação geográfica protegida, ovino

Lambs Oroduction System

Integrated Production/Herval Premium

Abstract

This article presents basic aspects on the experience of institution and closely following up of a program to organize the sheep meat production chain, without exhausting such a complex theme. Herval Premium Program has the preoccupation of strengthening the segments of the productive chain “from the field to the table”, propitiating “satisfaction to all” and a constant offer throughout the year, of a quality product to satisfy the consumer. It is shown how the specific denomination Cordeiro Herval Premium was created, a sheep meat brand of quality and of its Regulator Council; the evolution along six years; what is considered the objective for the farmers which aim to optimize the sheep meat quality agro-business and of the production system of lambs for slaughter. It is concluded that every lamb production system for slaughter must be open to changes, since quality is dynamic in space and time. General rules must exist to assure the product quality. There is a need of and understanding among the segments of the meat chain, to the satisfaction of

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all, from the field to the table, with an organism (Regulator Council) that guarantees the quality and that looks systematically for the improvement of this chain and that invigorates the weakest links of the chain.

Formação de programa de carne ovina de qualidade

O programa do Cordeiro Herval Premium começou a partir da iniciativa de um grupo de produtores da região de Herval, que não estavam satisfeitos com a maneira de comercializar a carne de seus ovinos (preços aviltantes e inconstantes) que, a partir de uma parceria com o Departamento de Zootecnia da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas, iniciaram reuniões técnicas que deixaram claro que o objetivo não era e não seria somente o benefício do grupo que tomou a iniciativa, mas, de oportunizar a outros, uma comercialização mais justa, buscando a oferta constante de carne de qualidade que atenda as necessidades de mercada para satisfação do consumidor.

As reuniões que se seguiram resultaram na criação do Conselho Regulador do Cordeiro Herval Premium, baseada na experiência do “Ternasco de Aragon” da Espanha e necessidade de uma avaliação mais objetiva e interesse de uma denominação de origem (Osório, 1992 e 1994).

Assim, em 20/08/1999, em reunião com 59 pessoas, no Centro de Tradições Gaúchas Minuano, Herval, por unanimidade, conforme ata lavrada, foi decidida a criação do Conselho Regulador da Denominação Específica CORDEIRO HERVAL PREMIUM.

Dessa data em diante, muitas foram ás reuniões, com técnicos (Universidade, Embrapa, Secretaria da Agricultura, Emater, Sebrae, Conselho Municipal de Desenvolvimento, Sindicato dos Empregados Rurais de Herval, Sindicato Rural de Herval, Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços de Herval e Sindicatos Rurais de municípios vizinhos), criadores, industrias e comerciantes até chegar ao registro da marca de certificação da

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qualidade, depositada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) sob nº 822884666, que foi pioneiro para uma marca de propriedade coletiva.

Dessa experiência, podemos concluir que a base do programa do Cordeiro Herval Premium é o fator humano, pessoas do setor, pensando no todo e utilizando técnicas e parcerias disponíveis. Mas, também, é importante que exista um produto de qualidade que possa propiciar satisfação a um consumidor cada vez mais exigente. Esse produto foi e é a carne de cordeiro.

Como “Cordeiro Herval Premium”, com marca registrada pelo Conselho Regulador, os critérios para seleção dos ovinos são:

1) Condições sanitárias (isentos de ectoparasitas, foot rot, cegueira, miíases, verminose acentuada entre outras);

2) Dentição, ovinos com dente de leite até no máximo as pinças da 2ª dentição (dois dentes);

3) Peso corporal, no mínimo 25 kg e no máximo 45 kg; 4) Condição corporal, 3,0 e 3,5 com gordura de 1 a 4 mm; 5) Lã, no mínimo 10 mm e máximo 30 mm;

6) Machos inteiros, até seis meses;

7) Machos castrados, nas condições citadas anteriormente; 8) Fêmeas, não prenhes;

9) Serão aceitos ovinos de todas as raças desde que satisfeitas as condições anteriores.

Os critérios acima não são fixos e a partir de novos conhecimentos são modificados, até porque a qualidade não é estática no espaço e no tempo (Osório, 1992).

O Conselho Regulador organiza a oferta semanal de cordeiros destinados ao abate, em um processo associativo, estabelecendo a programação dos embarques dos cordeiros selecionados, controlando o transporte e abate dos animais, separando os lotes (identificados) por produtor, fiscalizando o processo e fechando a planilha com os pesos de carcaças de cada produtor. As negociações dessas carcaças a serem processadas, o preço das mesmas e demais condições de venda, são estabelecidas e definidas entre o Conselho e

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os distribuidores (Timer´s e Santa Fé). Porém, a forma como o produto é oferecido para atender as exigências do mercado, é atribuição dos distribuidores, que permanecem em contato com seus clientes. Também é acompanhado pelo Conselho o pagamento do produtor pelas distribuidoras (Souza, 2003).

O Conselho Regulador criou um fundo de reserva que garante o pagamento ao produtor e cobre os prejuízos das distribuidoras, no caso de algum equívoco de seus técnicos e transporte. Esse fundo só será utilizado com o aval da diretoria que compõem o Conselho Regulador.

Toda vez que ocorrer equívocos na seleção dos animais ou na certificação das carcaças, o diretor técnico aciona as parcerias para solucionar o problema e evitar que se repita no futuro.

Sempre que necessário os técnicos que selecionam os animais e o que certifica as carcaças buscam o melhor entendimento. Estes técnicos são certificados pelo Conselho Regulador do Cordeiro Herval Premium e recebem acompanhamento técnico para manter e aprimorar a relação entre a terminação desejada pelo consumidor e o animal.

Portanto, para formação de um programa de carne ovina de qualidade é necessário:

1º Grupo de produtores, para saber a quantidade e características do produto ofertado e para composição da maior parte da diretoria executiva e do conselho.

2º Parcerias, para suporte técnico e avaliação, de transporte, abate e distribuição.

3º Reuniões, para que possa haver um entendimento claro.

4º Criar uma marca de qualidade com critérios para escolha dos animais e carcaças que levaram o certificado da marca de qualidade.

5º Criar um Conselho Regulador para a marca de qualidade, que organizará a participação dos parceiros e do fluxo do produto “do campo ao garfo”.

6º Treinar produtores e técnicos para seleção dos animais e certificações das carcaças.

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7º Fixar preços diferenciados e garantir o pagamento.

8º Estar aberto para mudanças na busca constante da qualidade do produto. Para continuidade do programa são necessárias reuniões mensais para manutenção do fluxo do produto, fixação de preços junto às distribuidoras.

Evolução do programa “Cordeiro Herval Premium”

O programa do Cordeiro Herval Premium evoluiu muito através de reuniões da diretoria executiva e conselho, colocando sempre que possível, na mesa de negociações os demais parceiros; também fez divulgação e propaganda da marca, ciclos de palestras e reuniões, de diretoria, itinerantes nas cidades dos municípios participantes e visitas a outros municípios de interesse ou com potencialidade de propiciar maior e melhor evolução do programa.

A busca da otimização do programa do Cordeiro Herval Premium foi constante e o número de produtores e cordeiros entregues, que no início preocupava, foi absorvida em curto espaço de tempo e muito cedo se verificou a necessidade de uma quantidade maior de produto. Hoje no mercado, com os mesmos custos, para otimização da cadeia do programa, 200 cordeiros por semana seria o ideal. Porém, para melhora de preços com colocação em mercados mais atrativos, sem deixar o abastecimento dos mercados alcançados, o ideal seria 500 cordeiros semanais e, cabe salientar que a demanda por carne ovina de qualidade e superior a oferta, no Brasil e no mundo.

O programa do Cordeiro Herval Premium alcançou de dezembro de 1999 a setembro de 2004 a certificação de 28.025 cordeiros (Tabela 1).

A caracterização desses animais mostra-se nas Tabelas 2 (peso corporal), 3 (peso de carcaça fria) e 4 (rendimento comercial).

As carcaças e, conseqüentemente, carnes desses cordeiros estão sendo colocadas no mercado de Porto Alegre (pela Distribuidora Timer´s) e em Pelotas (pela Distribuidora Santa Fé) também há solicitações de outras

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cidades, dentro e fora do Estado; porém, a quantidade produzida não é suficiente para atender a demanda de uma carne de qualidade garantida.

Tabela 1. Número de cordeiros certificados de 08/12/1999 á 27/09/2004.

Mês 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 Dezembro 419 949 666 761 501 Janeiro 511 538 608 611 587 Fevereiro 445 351 380 577 223 Março 585 834 532 572 513 Abril 504 543 382 265 151 Maio 490 470 501 164 200 Junho 753 551 449 370 348 Julho 351 637 507 241 350 Agosto 564 756 456 248 432 Setembro 526 576 420 252 309 Outubro 428 718 428 331 Novembro 486 745 542 418 Total 6.062 7.668 5.871 4.810 3.614

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Tabela 2. Peso corporal médio de 08/12/1999 á 27/09/2004. Mês 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 Dezembro 35,93 33,86 29,53 31,48 30,73 Janeiro 30,22 33,11 29,77 28,87 31,37 Fevereiro 32,62 32,83 31,08 26,98 33,61 Março 35,20 32,72 30,12 28,82 31,66 Abril 34,19 33,20 29,16 28,09 30,25 Maio 31,73 31,72 29,00 28,82 30,36 Junho 31,71 31,83 30,20 28,92 30,14 Julho 32,17 33,10 30,66 27,56 30,02 Agosto 33,26 33,00 31,48 29,08 32,56 Setembro 36,18 35,22 32,11 29,73 32,92 Outubro 36,16 36,69 31,93 31,14 Novembro 36,30 36,75 32,27 32,41 Média 33,73 33,77 30,55 29,46 31,69

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Tabela 3. Peso de carcaça médio de 08/12/1999 á 27/09/2004. Mês 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 Dezembro 15,57 14,21 11,93 13,18 13,42 Janeiro 12,42 14,02 12,54 11,87 13,22 Fevereiro 13,30 13,92 12,56 11,43 14,00 Março 14,65 14,05 12,18 12,33 13,47 Abril 14,12 13,61 11,60 11,59 12,93 Maio 13,14 12,70 11,62 12,20 13,21 Junho 13,22 13,04 12,01 12,23 13,44 Julho 13,27 13,45 12,00 11,44 13,74 Agosto 14,00 12,94 12,70 12,47 15,00 Setembro 15,34 13,95 13,43 13,05 14,64 Outubro 15,13 14,36 12,71 13,59 Novembro 15,38 15,27 13,72 14,12 Média 14,09 13,85 13,22 12,49 13,91

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Tabela 4. Rendimento comercial das carcaças de 08/12/1999 á 27/09/2004. Mês 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 Dezembro 44% 42% 40% 42% 44% Janeiro 41% 42% 42% 41% 42% Fevereiro 41% 42% 40% 42% 42% Março 42% 43% 40% 43% 43% Abril 41% 41% 40% 41% 43% Maio 41% 40% 40% 42% 44% Junho 42% 41% 40% 42% 45% Julho 41% 41% 39% 42% 46% Agosto 42% 39% 40% 43% 46% Setembro 42% 40% 42% 44% 44% Outubro 42% 39% 40% 44% Novembro 42% 42% 43% 44% Média 42% 41% 43% 42% 44%

Considerando que o período tradicional de encarneiramento é nos meses de março e abril (pequeno % em fevereiro e maio); conseqüentemente, nascimentos em agosto e setembro (pouco em julho e outubro) e, a comercialização do programa é ao longo do ano, com abates, normalmente, semanais; para que possa ser colocada carne resfriada no mercado. Portanto, há diferença de idade dos cordeiros abatidos.

A uniformidade dos valores, apresentados na Tabela 4, pode ser considerada aceitável e com certeza a amplitude de pesos corporal e de carcaças com determinada condição corporal e estado de engorduramento são responsáveis por essa; assim como o entendimento dos técnicos que selecionam os animais e destes com o que avalia o estado de engorduramento da carcaça.

Esses técnicos são treinados e avaliados através de controle de abates. Sendo que já foram realizados controles de treze abates, dos quais foram

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coletados dados individuais de 1.180 cordeiros, que serão utilizados, em parte, para a dissertação de mestrado de um aluno do Curso de Zootecnia da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel.

A partir dos dados do abate realizado em 29/03/2005, publicado no XXXIº Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária (Osório et al., 2004), tendo como objetivo estudar a relação entre avaliação “in vivo” e da carcaça e avaliadores em cordeiros certificados como “Cordeiro Herval Premium”, verificou-se pelos resultados (Tabelas 5, 6 e 7), que a padronização de critérios de avaliação do animal e da carcaça é uma necessidade para o entendimento da cadeia produtiva da carne e melhorar a relação do que o mercado busca e o que está sendo produzido e, que a condição corporal do animal é um bom indicativo do estado de engorduramento da carcaça.

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Tabela 5. Distribuição, número e %, da avaliação in vivo e da carcaça (EE1=estado de engorduramento), de cada técnico

Condição corporal Índice CC1 CC2 CC3 EE1 1,5 4 = 5,71% 1 = 1,43% 5 = 7,14% 2,0 12 = 17,14% 14 = 20,00% 14 = 20% 10 = 14,29% 2,5 16 = 22,86% 15 = 21,43% 15 = 21,43% 9 = 12,86% 3,0 11 = 15,71% 7 = 10,00% 6 = 8,57% 14 = 20% 3,5 14 = 20,00% 11 = 15,71% 12 = 17,14% 8 = 11,43% 4,0 12 = 17,14% 18 = 25,71% 12 = 17,14% 5 = 7,14% 4,5 1 = 1,43% 5 = 7,14% 9 = 12,866% 9 = 12,86% 5,0 1 = 1,43% 10 = 14,29%

Tabela 6. Número e % de índices atribuídos na avaliação da condição corporal (por três avaliadores, CC1, CC2 e CC3) e a do estado de engorduramento da carcaça (por um avaliador, EE1)

EE1 CC1 CC2 CC3 Igual 12 = 17,14% 21 = 30,00% 21 = 30,00% Mais 0,5 24 = 34,29% 25 = 31,71% 24 = 34,29% Menos 0,5 10 = 14,29% 15 = 21,43% 17 = 24,29% Mais 1 19 = 27,14% 5 = 7,14% 6 = 8,57% Menos 1 3 = 4,29% 2 = 2,86% 1 = 1,43% Mais 1,5 2 = 2,86% 2 = 2,86% 1 = 1,43%

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Tabela 7. Coeficientes de correlação, da condição corporal avaliada por três técnicos (CC1, CC2 e CC3) e estado de engorduramento da carcaça (EE) e as demais características CC1 CC2 CC3 EE1 CC 2 0,90 ** CC 3 0,92 ** 0,95 ** EE1 0,85 ** 0,89 ** 0,89 ** Conformação in vivo 0,88 ** 0,88 ** 0,89 ** 0,89 ** Peso vivo 0,71 ** 0,76 ** 0,75 ** 0,83 ** Comprimento corporal 0,53 ** 0,63 ** 0,62 ** 0,75 **

Peso de carcaça quente 0,82 ** 0,85 ** 0,85 ** 0,90 **

Rendimento de carcaça 0,74 ** 0,73 ** 0,74 ** 0,69 **

Compacidade corporal 0,70 ** 0,72 ** 0,70 ** 0,75 **

** = (P<0,01).

Diferente do abate do dia 15/03/04, nenhum cordeiro foi classificado com o índice 1; mas, o percentual de carcaças com índice 1,5 (muito magra) aumentou de 4,62% para 7,14%. Por outro lado, o percentual de carcaças com índice 3,5 (ligeiramente engordurada) também aumentou e, inclusive com índices acima de 4 (gorda, muito gorda, excessivamente gorda) foram 34,23% das carcaças avaliadas, na amostragem realizada. Mas, isso ocorreu em função de um lote da raça Texel, com 32 cordeiros, que apresentaram média de 4,3 de estado de engorduramento da carcaça, com amplitude de 3,5 a 5, totalmente atípico, que deveriam ter sido abatidos antes. Carcaças essas, com problemas de colocação no mercado consumidor atendido pela distribuidora Timer´s, fora do padrão do Cordeiro Herval Premium.

Portanto, “SE” animais da raça Texel, com menos de 12 meses de idade, podem alcançar índices de engorduramento da carcaça acima de 3,5, certamente pode-se pensar que, caso o mercado tenha preferência por maiores quantidades de gordura nas carcaças, “É POSSÍVEL” ou, pelo menos não comercializar animais com índices abaixo de 2 ou 2,5. Isso parece claro

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que deve ser uma meta do Conselho, para que o entendimento entre produtor ↔ distribuidora ↔ consumidor melhore ainda mais, na preferência da atualidade.

Apesar desse problema, acima referido, na avaliação “in vivo” de três técnicos, respectivamente, 55,71%, 51,43% e 50% dos índices da condição corporal foi entre 2 e 3 e, 47,15% das carcaças apresentaram estado de engorduramento entre os índices 2 e 3.

Quanto à relação entre os avaliadores, Tabela 6, verifica-se que 65,72% (CC1), 83,14% (CC2) e 88,58% (CC3) da avaliação “in vivo” é igual ou mais ou menos 0,5 da avaliação da carcaça. Valores esses que são ótimos quanto à relação e mérito de correspondência dessa, entre os técnicos.

Cabe salientar que existem fatores que podem influir sobre a avaliação da condição corporal, ou seja, estar dificultando um pouco essa avaliação, como, por exemplo, a quantidade de lã (animais com muita lã, lã inteira, em relação aos com pouca lã), familiaridade com a raça ou avaliar raças distintas em um mesmo momento, entre outros. Está sendo realizado um estudo sobre os fatores que influem sobre a avaliação “in vivo” e da carcaça.

No sexto ano de existência, o Conselho Regulador teve dois presidentes, Felipe Azevedo de Souza e Sérgio de Menezes Muñoz, dinâmicos e competentes que souberam agregar produtores e parceiros em torno de uma comercialização associativa. Não cabe destacar outros nomes para não se cometer injustiças por esquecimento, mas, todos estão bem representados pelos acima citados. Até porquê, o reconhecimento com o Troféu Senar – O Sul na categoria Associativismo é por si só a afirmação de que vem sendo realizado um trabalho conjunto.

A estratificação das entregas nos anos de 2002, 2003 e 2004 (Souza, 2003, 2005), mostra (Tabela 8) que o programa não é excludente e que o sistema de coleta de animais por região (estabelecimentos próximos), permite a participação de pequenos produtores e favorece a entrega de animais terminados sem maiores encargos.

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Tabela 8. Estratificação das entregas nos anos de 2003, 2004 e 2005 (Souza, 2005)

Cordeiros abatidos por Produtor 2002 % 2003 % 2004 % Até 20 44 37 51 43 46 43 21 a 50 42 35 43 36 31 29 51 a 100 18 15 17 14 21 20 Acima de 100 16 13 8 7 9 8 Total 120 119 107

Cordeiros por produtor/ano 49 40 44

Inicialmente o programa do Cordeiro Herval Premium atuava da “porteira para fora”, muito embora tenha envolvido e orientado os produtores através de seus técnicos e de “dias de campo”; mas hoje há uma maior preocupação com as condições de criação e terminação dos cordeiros, sendo criado o Boletim Informativo do Conselho.

Aberto para mudanças, o Conselho Regulador do Cordeiro Herval Premium está evoluindo rapidamente e com uma base sólida de um programa que já comprovou ser ótimo modelo para produtores de outras regiões que desejarem conduzir o processo de maneira economicamente viável e sustentável.

Como é avaliada a condição corporal e o estado de engorduramento A condição corporal foi definida por Murray (1919) como a quantidade de gordura e os demais tecidos no organismo do animal vivo. Atualmente, em animais destinados ao abate a condição corporal busca estimar a relação músculo/gordura, fornecendo um entendimento entre o vendedor de carne e aquele que determina o momento de abate do animal. Portanto, busca-se na condição corporal uma avaliação do estado de engorduramento da carcaça.

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Para apreciação da condição corporal é utilizada a palpação de regiões corporais, que refletem o estado dos diferentes depósitos de gorduras. A comissão britânica de produção de carne (Meat and Livestock Commission– MLC, 1983) elaborou uma metodologia científica subjetiva para estimar o estado de engorduramento no cordeiro vivo. Os pontos de palpação são:

A – tronco da cola, por ser a última parte a depositar gordura, reflete o estado de engorduramento corporal. Quando se palpa essa região, busca-se detectar os ossos; maior dificuldade em senti-los, significa um maior engorduramento.

B – ao longo das apófises espinhosas lombares e sobre o músculo Longissimus dorsi e as pontas das apófises transversas lombares. Colocando-se a mão sobre elas, busca-Colocando-se Colocando-sentir sua proeminência; quanto menos, maior é o engorduramento.

C – ao longo das apófises espinhosas dorsais. D – ao longo do esterno.

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Na estimação da condição corporal é atribuído um índice de 1 a 5, com subdivisões de 0,5 em 0,5, similar à escala dos índices do estado de engorduramento da carcaça (Osório et al., 1998; Osório e Osório, 2003). Mas, cabe ressaltar, que o índice ideal será aquele que corresponda a preferência do mercado consumidor.

O estado de engorduramento da carcaça é feito por apreciação visual, avaliando-se a gordura de cobertura em quantidade e distribuição.

Na avaliação do estado de engorduramento da carcaça atribui-se um índice de 1 a 5, com subdivisão de 0,5 em 0,5. Na prática, sempre que

Índice 1,0 = excessivamente magra

Índice 2,0 = magra

Índice 3 = normal

Índice 4 = gorda

Índice 5,0 = excessivamente gorda Índice 1,5 = muito magra

Índice 2,5 = ligeiramente magra

Índice 3,5 = ligeiramente engordurada

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possível, deve-se fazer uma avaliação comparativa com ordenação das carcaças ou com padrões fotográficos.

Descrição da escala do estado de engorduramento da carcaça.

ÍNDICE DESCRIÇÃO 1, 0 EXCESSIVAMENTE MAGRA 1, 5 MUITO MAGRA 2, 0 MAGRA 2, 5 LIGEIRAMENTE MAGRA 3, 0 NORMAL 3, 5 LIGEIRAMENTE ENGORDURADA 4, 0 GORDA 4, 5 MUITO GORDA 5, 0 EXCESSIVAMENTE GORDA

Considerações para um programa de carne ovina

Como necessidade básica de novos conhecimentos, encontra-se a carência de estudos com as raças mais criadas no Rio Grande do Sul (Corriedale e Ideal), principalmente, chegando ao estudo da carne, tão importante para uma denominação específica de qualidade.

As raças Corriedale e Ideal, representam, respectivamente, mais de 50% e 20% do rebanho da região e devem ser utilizadas como ventres econômicos e, antes de uma utilização indiscriminada de cruzamentos, deve ser verificado o potencial produtivo e, a qualidade da carne dos cordeiros procedentes das raças Corriedale e Ideal.

Quanto ao crescimento e desenvolvimento e características da carcaça, existem estudos mostrando que são similares os cordeiros Corriedale e Ideal, permitindo um produto de qualidade, para ser comercializado em uma mesma categoria comercial, como é o caso de uma denominação específica de qualidade (Oliveira et al., 1996; Osório et al., 1996abc; Oliveira et al., 1998ab;

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Costa et al., 1999abc, Roque et al., 1999). Falta sim, e é muito importante, um estudo da carne desses cordeiros; começando pela raça Corriedale, verificando diferenças na qualidade de acordo com o peso de abate, que se sabe existe, como foi colocado anteriormente, mas, qual amplitude de peso que pode fazer parte de uma denominação específica de qualidade.

Para um programa de carne ovina que busca a qualidade é necessário conhecer o crescimento e desenvolvimento, morfologia do animal e da carcaça e qualidade da carne das raças e destas dentro dos sistemas de criação, pois são quesitos para a busca da uniformidade.

O treinamento e a orientação dos técnicos permitem obter uma alta relação entre os avaliadores da condição corporal (“in vivo”) e, também, destes com a avaliação do estado de engorduramento da carcaça.

Deve haver uma avaliação sistemática e uniformização dos critérios de avaliação dos técnicos registrados no Conselho Regulador do Cordeiro Herval Premium e conferir aos mesmos, “Certificado de Qualificação de Avaliação”.

Há necessidade de estudar os fatores que possam influir na avaliação “in vivo” da condição corporal e do estado de engorduramento da carcaça.

Deve-se estabelecer um perfil e sua evolução, das características de um produto de qualidade.

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Referências

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