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MAIS CARO - Corte de cana no noroeste de São Paulo: o aumento dos preços tornou o etanol pouco competitivo

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Academic year: 2021

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Matriz de Energia

Aumentar a fonte

Diminuir a fonte

Paulo Montoia

MAIS CARO - Corte de cana no noroeste de São Paulo: o aumento dos preços tornou o etanol pouco competitivo Crédito: Rickey Rogers/Reuters

Não se vive sem energia e precisamos produzir cada vez mais, em razão do crescimento da população, da

urbanização acelerada e do aumento da produção agrícola e industrial. O Brasil possui a quinta população mundial para atender, espalhada no quinto maior território, e a infraestrutura para produzir e oferecer energia é prioritária para que o país não pare. O governo investe para aumentar a produção interna e garantir a oferta, mas a situação recente destoa dos progressos que haviam sido anunciados. Três grandes áreas chamam a atenção no país na busca pela produção de energia.

Petróleo

O país alcançou a autossuficiência em petróleo em 2006, e a descoberta das gigantescas jazidas de petróleo na camada pré-sal do litoral, no ano seguinte, acenavam com uma autossuficiência duradoura. A Petrobras iniciou a extração de pétroleo da camada pré-sal em 2008. Porém, a discussão no Congresso da lei de redistribuição dos royalties de petróleo entre os estados e a União, dentro da nova legislação criada para a riqueza do pré-sal,

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estendeu-se durante esses anos. Isso levou o governo a suspender qualquer leilão para licitar poços do pré-sal. Os leilões permitiriam acelerar a formação de consórcios entre petroleiras estrangeiras e a Petrobrás, para investir em plataformas, e na abertura de poços. Desde então, a Petrobrás investiu sozinha na exploração do pré-sal. Nesse período, cresceram as vendas de novos veículos e também o consumo de gasolina nos postos, do querosene na aviação, da nafta e óleo combustível na indústria e do gás doméstico. Em 2012, a produção total da empresa diminuiu cerca de 2% em relação ao ano anterior. Segundo a Petrobras, isso ocorreu em razão de uma diminuição de rendimento na produção de poços da Bacia de Campos e paradas para manutenção de plataformas. Com tudo isso, perdemos a autossuficiência em petróleo bruto. O primeiro poço do pré-sal licitado à iniciativa privada, para consorciar-se à Petrobras, está previso para ocorrer neste ano. E a Petrobrás espera recuperar o volume de produção em 2014.

Eletricidade

Em 2012, e nos primeiros meses de 2013, houve blecautes regionais de eletricidade, na região Norte, Centro-Oeste e Nordeste. Alguns apagões afetaram vários estados simultaneamente. Segundo o Ministério das Minas e Energia, eles têm sido provocados por eventos naturais, como vendavais, por falhas técnicas e pelo envelhecimento da rede de distribuição. Para enfrentar a situação o governo anunciou mais verbas para restaurar a rede de distribuição. Dentro dos projetos de aumento da oferta de energia e das redes, estão sendo construídas novas represas e hidrelétricas. Na região Norte, Roraima, Amapá e Amazonas ainda não recebem energia do Sistema Interligado Nacional. O Amazonas depende de termelétricas e Roraima de eletricidade importada da Venezuela, país que tem sofrido frequentes blecautes e, por isso, também falha no fornecimento.

Segundo o governo, 52 novas hidrelétricas estão no atual planejamento, das quais 44 em construção e 8 já inauguradas até meados de 2013. Do total previsto, 18 hidrelétricas são no bioma Amazônia, região que possui o maior potencial hídrico ainda inexplorado e onde as construções causam maiores polêmicas. Dessas hidrelétricas, duas são no Rio Madeira, em Rondônia: Santo Antônio (já inaugurada), Jirau (em inauguração neste ano), e Estreito, no Rio Tocantins, também já foi inaugurada.

A construção da represa e usina de Belo Monte, no Rio Xingu, perto do Parque Nacional do Xingu (PA), continua em andamento e são as que provocam mais críticas e protestos. As obras tem sido paralisadas por ocupações e críticas de povos indígenas, indianistas e ambientalistas contrários a construções de grandes represas na Amazônia legal, em razão dos impactos sobre fauna e flora e na vida dos índios. Em 2013, também estão em construção 11 usinas termelétricas, 99 usinas eólicas e a usina termonuclear de Angra 3.

Álcool combustível

A produção e venda acelerada de carros flex bicombustíveis, movidos também a etanol hidratado, a partir de 2003-2004, fez diminuir a dependência da gasolina e era saudada como mais um exemplo brasileiro de alternativa energética, limpa e renovável. Porém, desde 2009 o consumo cai continuamente e já diminuiu 40%. Segundo a União dos Canavieiros, o governo manteve sob controle o preço da gasolina nos últimos anos. No mesmo período, os custos de produção do etanol subiram e tornaram o preço do etanol hidratado pouco competitivo (ele deve ser pelo menos até 30% mais barato que a gasolina para ser competitivo).

Como resultado, a venda do etanol hidratado nos postos despencou (veja gráfico). Os usineiros compatibilizam a produção às vendas e, além disso, aumentam a produção de outros produtos, como o açúcar, e o álcool anidro,

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que é adicionado à gasolina para diminuir a emissão de poluentes e evitar aumento de preço da gasolina.

Matrizes

Apesar desses fatores a enfrentar, a matriz energética do Brasil é uma das mais equilibradas no mundo. A matriz energética é a soma dos recursos energéticos de um país, as formas como são usados e os setores que os utilizam. A matriz é permanentemente medida e analisada pelos governos.

Os recursos são divididos em dois grupos básicos: as fontes renováveis (que em princípio não se esgotam, como o Sol e ventos) e as fontes não renováveis (como petróleo e gás). Também são subclassificados em fontes primárias (petróleo, carvão mineral, água, lenha, cana-de-açúcar e lixo), fontes secundárias (são os derivados: gasolina e óleo diesel, eletricidade, carvão vegetal, álcool e bagaço) e os setores de consumo (transporte, indústria,

agricultura, comércio e residências). No século XXI, são aspectos importantes de cada matriz a quantidade utilizada de recursos renováveis e, de preferência, não poluentes.

O petróleo é o energético mais usado no mundo, seguido pelo carvão, largamente usado em fornos siderúrgicos. A partir de 1973, a matriz mundial de energia sofreu um grande abalo quando houve o primeiro choque de elevação dos preços do petróleo, decidida pelos principais países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Na década de 1990, a preocupação passou a ser com as emissões de carbono dos combustíveis de petróleo e da queima do carvão que agravam o efeito estufa. Nessa década, cresceu o uso de gás natural, inclusive aqui, com a construção do gasoduto que traz gás natural da Bolívia ao Brasil.

Nas duas últimas décadas, a partir da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (a Eco 92, realizada no Rio de Janeiro), o mundo passou a valorizar e procurar as fontes de energia mais limpas (como a eólica) e sustentáveis, de fontes sempre disponíveis (como o biogás de lixo).

Equilíbrio brasileiro

O Brasil tem a matriz energética mais equilibrada entre as grandes nações. Em 2011, de acordo com o Balanço Energético Nacional 2012, 44,1% da energia usada pelos brasileiros veio de fontes renováveis, como a água e a cana-de-açúcar, e o restante, 55,9%, de fontes não renováveis, principalmente petróleo e gás natural (veja

gráficos). É um equilíbrio quase meio a meio. A média mundial de uso de energias renováveis, segundo relatório da Agência Internacional de Energia, é de apenas 13,2%, e a média cai para 7,6% entre os 30 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que agrupa as nações mais ricas do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, 84% da energia atual é não renovável e, segundo previsão do governo, esse

percentual pode diminuir apenas para 78% até 2035. Na União Europeia, 92% de toda a energia é não renovável. O histórico de nossa matriz mudou muito desde 1500. Durante os primeiros 400 anos, extraímos 80% do total da energia que usávamos da queima de lenha, que hoje responde por 9,7%.

A busca da energia

O suprimento de energia em um país é uma prioridade de todos os governos. A busca por recursos permanentes e renováveis de energia é histórica e transformou em áreas de interesse geo-político as regiões em que há grandes jazidas de petróleo e gás, especialmente o Oriente Médio. Manter uma oferta crescente de energia na matriz e

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mudá-la quando necessário é um desafio. É preciso conseguir os recursos energéticos, levá-los até locais de produção, como usinas e refinarias, e construir redes de distribuição, como as de eletricidade e gasodutos. Os investimentos em infraestrutura são elevados e demorados, e, por isso, uma característica das matrizes de energia dos países é que elas mudam lentamente.

Na maioria dos países, as possibilidades de construção de represas para usinas hidrelétricas estão se limitando ou acabaram. Recentemente, com o crescimento das economias da China e da Índia, que somam mais de 2 bilhões de pessoas e estão aumentando o consumo de carvão e petróleo, voltou-se a debater no exterior a possibilidade de ampliar a quantidade de usinas nucleares, já que elas não emitem gases que agravam o efeito estufa. Porém, o acidente com a usina nuclear de Fukushima, após o terromoto e o tsunami no Japão em 2011, chocaram o país e o mundo pelas consequências da contaminação radiativa.

O acidente de Fukushima levou o governo japonês a desligar, aos poucos, todas as usinas nucleares, para rever as normas de segurança e inspecioná-las. A última usina foi desligada em maio de 2012. O governo pretende religar as usinas autorizadas, mas não vai religar as muito antigas e tem planos de encerrar o uso de todas elas no futuro. Medida semelhante foi adotada pela Alemanha, que está desativando todas as suas usinas nucleares muito antigas.

Saiu na imprensa

CONSUMO DE ENERGIA DEVE CRESCER 3,3% EM JULHO ANTE 2012

Por Rodrigo Polito

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estima que o consumo de energia no sistema elétrico brasileiro em julho apresente um aumento de 3,3% em relação a igual período do ano passado, totalizando 60.241 megawatts (MW) médios. Na comparação com junho, o órgão prevê um leve recuo do consumo, de 0,3%.

“No subsistema Sudeste/Centro-Oeste, a taxa de crescimento prevista de 2,9% para o mês de julho, próxima às verificadas nos últimos dois meses, considera como principal efeito um ligeiro crescimento da carga industrial dessa região (...).

Na semana passada, o operador divulgou o desempenho do sistema em junho, quando o consumo (60 342 MW médios) apresentou alta de 3,9% em relação ao mesmo mês do ano passado e uma queda de 0,8% em comparação com o desempenho de maio.

Valor Econômico, 8/7/2013

Resumo

PROBLEMAS ATUAIS O país perdeu a autossuficiência adquirida em petróleo em 2006, pois a extração e a

produção não acompanharam o crescimento das necessidades. A produção e o consumo interno de etanol combustível também diminuíram, pois os preços do etanol deixaram de ser competitivos. Além disso, têm ocorrido blecautes regionais de eletricidade.

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MATRIZ ENERGÉTICA É o conjunto dos recursos de energia de uma sociedade ou região e as formas como eles

são utilizados. Uma matriz de energia divide-se principalmente em energia renovável (que podemos repor) e não renovável (que se esgota). Os energéticos são as fontes primárias (petróleo, carvão mineral, água, lenha, cana-de-açúcar, ventos) e fontes secundárias, derivadas das primárias (gasolina e óleo diesel, eletricidade, álcool). Os setores de consumo são transporte, indústria, agricultura, comércio e residências.

MATRIZ BRASILEIRA O Brasil possui a matriz de energia mais equilibrada entre as grandes nações. Nossa

produção e consumo de energias não renováveis e renováveis é quase empatada, meio a meio. A média de recursos renováveis é de 7,6% entre as nações mais ricas.

ENERGIA E AMBIENTE A preocupação com o esgotamento dos recursos naturais e dos impactos ambientais

valorizou dois conceitos: o de energias sustentáveis, aquelas com reposição sempre garantida, e o de energias limpas, as de fontes que fazem menos mal à saúde e ao ambiente.

NOVAS HIDRELÉTRICAS O governo está construindo 52 novas hidrelétricas, mas 18 são no bioma Amazônia.

Ambientalistas, povos indígenas e indianistas são contrários à construção de grandes represas na Amazônia, por causa dos impactos ambientais e às comunidades indígenas. A principal delas é a usina de Belo Monte, no Rio Xingu (PA).

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