Antonio Donizeti da Cruz**
EXPERIÊNCIA POÉTICA EM
ADÉLIA MARIA WOELLNER,
ARRIETE VILELA E VIRGÍNIA
VENDRAMINI*
Resumo: palavra poética e memória são elementos basilares na poesia de Adélia
Maria Woellner, Arriete Vilela e Virgínia Vendramini. Ao elaborar uma poiesis
alicer-çada em um mundo de significações, as poetas realizam um fazer poético que direciona à condição humana: transitoriedade e permanência. A temática social – na obra das Artistas da Palavra – está alicerçada numa construção poética capaz de valorizar os sentimentos de amor, participação frente aos inquietantes desafios que a vida impõe. Na criação literária as Artistas da Palavra (re)inventam mundos e dão sentidos à vida através das palavras, ou seja a palavra-memória é o fator imprescindível que movi-menta as aspirações e sentimentos do sujeito poético, pois no momento da recordação o eu rememora, com profundidade, os acontecimentos e experiências anteriormente vivenciados. Os textos de Woellner, Vilela e Vendramini, lapidados no cinzel da me-mória, instauram um procedimento poético em que a palavra poética tem o poder de despertar no leitor uma atenção voltada para as coisas mais simples, sensíveis, pois a linguagem é sinal de vida e permanência.
Palavras-chave: Palavra poética. Linguagem. Lírica. Vozes Femininas.
A
s palavras poéticas são balizas em um “mar de palavras” e canções, tecidasno tear de palavras, esse “ofício do verso” – de que fala Jorge Luiz Borges –, marcado pela palavra-memória, registros, histórias, linguagem, amor e poe-sia. Vozes líricas femininas da poesia brasileira, Adélia Maria Woellner, Arriete Vilela e Virgínia Vendramini, têm, em cumplicidade, o encantamento pela palavra poética e a paixão pela poesia e pela linguagem-memória.
Para o poeta Octavio Paz, a poesia é a Memória feito imagem e convertida em tra voz. A poesia é sempre a “outra voz”, porque “é a voz das paixões e das visões; é de ou-tro mundo e é deste mundo, é antiga e é de hoje mesmo, antiguidade sem datas” (PAZ, 1993, p. 140). No dizer de Paz (1993, p. 108), os poetas têm sido a memória de seus po-vos, pois “cada poeta é uma pulsão no rio da tradição, um momento da linguagem. Às vezes os poetas negam sua tradição mas só para inventar outra”. A invenção lírica se projeta do presente para o futuro. O poeta é ciente de sua tarefa: ser elo da corrente, uma ponte entre o ontem e o amanhã. Entretanto, no findar do século XX, ele “descobre que essa ponte está suspensa entre dois abismos: o do passado que se afasta e o do futuro que se arrebenta. O poeta se sente perdido no tempo” (PAZ, 1982, p. 69). Nesse sentido, ao recriar sua experiência, leva avante um passado que é um futuro. O tempo possui uma direção, um sentido, ou seja, “ele deixa de ser medida abstrata e retorna ao que é: con-cretude e dotado de direção. O tempo é um constante transcender” (PAZ, 1982, p. 69).
A função essencial do tempo na estruturação da imagem do mundo reside, con-forme Octavio Paz (1991, p. 97), no fato de que o homem, dotado de uma direção e apontando para um fim, faz parte de um processo intencional. Os atos e as palavras dos homens são feitos de tempo. Assim, a cronologia está fundamentada na própria crítica. Já a poesia é tempo revelado, isto é, o enigma do mundo que se transforma em “enigmá-tica transparência”. O poeta diz o que diz o tempo, até quando o contradiz, pois ele é capaz de nomear o transcorrer, e ainda, “torna palavra a sucessão” (PAZ, 1991, p. 98).
A poesia é potência capaz de dar sentido à vida. Ao buscar a essência da lingua-gem, o artista realiza o poder mágico através das palavras enquanto mediação, comu-nicação e exercício de construção de sentidos.
Para o filósofo Gaston Bachelard, o homem sonha através de uma personali-dade de uma memória muito antiga. Ele mira-se em seu passado, pois toda imagem para ele é lembrança. “As verdadeiras imagens são gravuras. A imaginação grava-as em nossa memória. Elas aprofundam lembranças vividas, deslocam-nas para que se tornem lembranças da imaginação” (BACHELARD, (1993, p. 181, p. 13). (Grifo do autor). Nesse sentido, memória e imaginação não se deixam dissociar, ou seja, ambas trabalham para o aprofundamento mútuo. Elas constituem, na ordem dos valores, uma união da lembrança com a imagem. “Uma memória imemorial trabalha numa retaguarda do mundo. Os sonhos, os pensamentos, as lembranças formam um único tecido. A alma sonha e pensa, e depois imagina” (BACHELARD, 1993, p. 181).
Conforme Bachelard, os poetas ordenam suas impressões associando-as a uma tradição. O mundo é um espelho do nosso tempo e também a reação das nossas forças, isto é, “se o mundo é a minha vontade, é também o meu adversário” (BACHELARD, 1989a, p. 165-6). Resulta desse embate a compreensão do mundo mediante a surpresa das próprias forças incisivas, nas quais consistem as renovações, pois é através da ima-ginação que o homem se situa frente ao “mundo novo”, cujos detalhes predominam sobre o panorama, decorrendo daí a expressão: “uma simples imagem, se for nova, abre o mundo” (BACHELARD, 1993, p. 143).
Durand (1997, p. 405, grifo nosso) salienta que a memória tem “o caráter funda-mental do imaginário, que é ser eufemismo, ela é também, por isso mesmo, antidesti-no que se ergue contra o tempo”. É ainda “poder de organização de um todo a partir de um fragmento vivido”. Essa potência “reflexógena” é “o poder da vida”, que por sua vez, é capacidade de reação, de regresso. A organização que faz com que uma parte se torne “dominante” em relação a um todo é a negação da capacidade de equivalência irreversível que é o tempo. Por isso, a memória – bem como a imagem – é a magia dupla “pela qual um fragmento existencial pode resumir e simbolizar a totalidade do tempo reencontrado” (1997, p. 403). O ato reflexo é ontologicamente esboço da recusa funda-mental da morte. Longe de estar do lado do tempo, “a memória, como o imaginário, ergue-se contra as faces do tempo e assegura ao ser, contra a dissolução do devir, a continuidade da consciência e a possibilidade de regressar, de regredir, para além das necessidades do destino” (DURAND, 1997, p. 403).
Frente às “faces do tempo” e à cristalização da “memória”, o homem se vê iso-lado, ilhado, mesmo estando rodeado por uma multidão. Mergulhado em um mundo de imagens e realidades que dão uma configuração à própria vida, ele é sabedor da sua condição existencial: a solidão habita a sua vida. Ou seja, ela é experiência viva que se concretiza não só enquanto recolhimento, mas, acima da tudo, como sentimento intrínseco frente à sensação de isolamento e vazio vivenciado pelo sujeito humano.
Em Amor, poesia, sabedoria, o filósofo Morin (1998, p. 59) define a poesia como amor, estética, gozo, prazer, participação e, principalmente, vida. Ela é, igualmente, a manifestação de possibilidades infinitas da indeterminação humana. Já a criação poéti-ca tem o poder de reativar os conceitos analógicos e mágicos do mundo e, também, des-pertar as forças adormecidas do espírito, com o intuito de reencontrar os mitos esqueci-dos. Para o filósofo, a poesia não é somente um modo de “expressão literária”, mas um “estado segundo” vivenciado pelo sujeito e que deriva da participação, da exaltação, embriaguez e, acima de tudo, “do amor, que contém em si todas as expressões desse estado segundo. A poesia é liberada do mito e da razão, mas contém em si sua união” (MORIN, 1998, p. 9). Essas duas forças são capazes de realizar a grande transformação vital, quer dizer, o amor se liga à “poesia da vida”. O filósofo ainda complementa:
A vida é um tecido mesclado ou alternativo de prosa e poesia. Pode-se cha-mar de prosa as atividades práticas, técnicas e materiais que são necessá-rias à existência. Pode-se chamar de poesia aquilo que nos coloca num es-tado segundo: primeiramente, a poesia em si mesma, depois a música, a dança, o gozo e, é claro, o amor (MORIN, 1998, 59-60).
Em relação à figura do poeta, Morin (1998, p. 158) destaca que este é portador de uma competência plena, “multidimensional”, pois sua mensagem poética tem a capa-cidade de reanimar a “generalidade adormecida”, ao mesmo tempo em que “reivindica uma harmonia profunda, nova, uma relação verdadeira entre o homem e o mundo”.
A linguagem poética é por natureza diálogo. É social porque envolve quem fala e quem ouve. A palavra que o poeta inventa é a de “todos os dias” e faz parte de nosso ser, quer dizer,
“são nosso próprio ser. E por fazerem parte de nós, são alheias, são dos ou-tros: são uma das formas de nossa ‘outridade’ constitutiva. [...] A palavra poética é a revelação de nossa condição original porque por ela o homem, na realidade, se nomeia outro, e assim ele é ao mesmo tempo este e aquele, ele mesmo e o outro” (PAZ, 1982, p. 217).
Palavra, memória e imaginação poética estão interligadas nas obras de Adélia Maria Woellner, Arriete Vilela e Virgínia Vendramini. Com suas vozes líricas, elas ela-boram os textos/poemas dando-lhes sentidos, formas e um colorido singular, que ex-primem um “sentimento do mundo”, em que fica evidente a temática social edificada no poder das palavras e na força da linguagem poética.
As ARtIstAs DA PALAVRA
Adélia Maria Woellner nasceu em Curitiba (PR). Formou-se em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Foi professora de Direito Penal na Pontifícia Uni-versidade Católica do Paraná. Pertence a várias academias, entre elas, a Academia Pa-ranaense de Letras, Academia Internacional de Letras da Inglaterra (Grafton Road, London, England). Adélia Maria Woellner tem recebido prêmios literários e home-nagens (Comenda Medalha de Mérito Ferroviário, concedida pela RFFsA, Rio de Ja-neiro, RJ). Publicou as seguintes obras: Balada do Amor que se foi (1963); Nhanduti (1964); Poesia Trilógica (1973); Avesso meu (1990); Infinito em mim (1997); Luzes
no Espelho: memórias do corpo e da emoção (2004); Sons do silêncio (2004). A obra
Infinito em mim já foi editada em Espanhol, Inglês, Italiano, Francês, Alemão e tam-bém em Braile. tamtam-bém escreve ensaios. A obra Luzes no Espelho é uma narrativa ficcional (memória autobiográfica). A obra woellneriana já foi pesquisada nos meios acadêmicos.
Arriete Vilela nasceu em Marechal Deodoro (Alagoas). Foi professora de Litera-tura Brasileira na Universidade Federal de Alagoas. Publicou as seguintes obras: Para
além do avesso da corda (1980); Farpa (1988); Fantasia e avesso (1986); A rede do anjo (1992); Dos destroços, o resgate (Gazeta de Alagoas); O ócio dos anjos ignorados (1995);
Tardios afetos (1999); Vadios afetos (1999); Artesanias da palavra (Antologia de poe-mas, com participação de outros poetas); Maria Flor etc (2002); Grande baú, a infância (2003); Frêmitos (2004); A Palavra sem Âncora (2005); Lãs ao vento (2005); Ávidas
paixões, áridos amores (2007). Arriete Vilela tem recebido prêmios e homenagens: Prê-mio Organização Arnon de Melo – pela Academia Alagoana de Letras; PrêPrê-mio Cecília Meireles – União Brasileira de Escritores – UBE; Prêmio Jorge de Lima – pela Academia
Carioca de Letras e União Brasileira de Escritores (RJ); Recebeu, em 2005, a “Comenda Dra. Nise da silveira”, outorgada pelo Governo do Estado de Alagoas, como uma das mulheres que mais têm se destacado no panorama cultural alagoano. A obra de Arriete Vilela já foi estudada nos meios acadêmicos, tendo sido objeto de pesquisa de disserta-ções de mestrado.
Virgínia Vendramini nasceu em Presidente Prudente (sP). Foi para o Rio de Ja-neiro aos dezesseis anos, para estudar no Instituto Benjamin Constant, escolar espe-cializada na educação de Portadores de Necessidades Especiais (cegueira). Cursou, em seguida, Português e Literatura na Universidade Gama Filho. tem quatro livros publicados: Rosas não (1995); Primavera urbana (1997, ed. Blocos); Hora do arco-íris (1998, ed. Alba), que recebeu o Prêmio Murilo Mendes no Concurso Livros Inéditos. Em 1999 publica Matizes, pela ed. Blocos. Escreve desde a juventude e preocupa-se mais com a expressão do sentimento do que com os aspectos da métrica e da rima. A artista Virginia Vendramini cria e confecciona tapetes que expõe em mostras coletivas e individuais. seu trabalho com cores e formas está baseado na memória que guarda dos anos de infância, quando tinha um “pequeno resíduo de visão” (in Matizes, 1999). REDE DE IMAGENs POÉtICAs INtERCRUZADAs NAs VOZEs FEMININAs: PA-LAVRA E MEMóRIA LíRICA
Os poemas de Adélia Maria Woellner, Arriete Vilela e Virgínia Vendramini regis-tram as sutilezas de um fazer poético embasado na força da linguagem, na memória e na concretização de um dizer que aponta para imagens visuais, claras, momentos de observação atenta de um eu em sintonia com o mundo circundante.
Privilégio A poesia, generosa, permitiu-me morar com ela
(WOELLNER, 2004a, p. 44).
A poesia de Adélia Maria Woellner apresenta uma multiplicidade de temas que se intercruzam: fazer poético, temporalidade, solidão, memória, religiosidade. No poema ‘tecelã’, a poeta trabalha a palavra enquanto tessitura:
tecelã
Costurei palavras, retalhos colhidos no baú dos devaneios.
Fiz, do manto-poema, agasalho
das esperanças.
(WOELLNER, 2004a, p. 50).
Da mesma forma como o tecelão que vai escolhendo os fios e emaranhando-os no tear, Woellner constrói seus poemas – tecidos de palavras – com arte e precisão. Daí à afirmação do eu lírico: “fiz, do manto-poema”, tendo em visto a esperança e o viver. Nota-se, na lírica de woellneriana, um “enxugamento” dos textos, encaminhando-se cada vez mais para um estilo direto, privilegiando a economia dos meios de expressão. A poeta realiza uma construção poética alicerçada por uma linguagem densa, sutil, registrando o instantâneo, com uma poesia altamente elaborada, sintética.
No poema “Caçador de Estrelas”, o sujeito lírico se entrega ao ofício poético e faz da linguagem a razão maior de se transformar em “caçador de estrelas”:
CAÇADOR DE EstRELAs No espaço da noite, projeto meu ser: cavalgo cometas e me transformo
em caçador de estrelas... (WOELLNER, 1997, p. 21).
Ao projetar o ser, no “espaço noturno”, o sujeito poético realiza uma poesia de busca, mediante o trabalho com as palavras. Assim, o poeta – operador de enigmas - faz da linguagem um espelho de dupla face: de um lado a palavra e do outro o silêncio. Na conjugação das formas dialéticas ele constrói o universo imaginário em que é possível a total realização em meio às configurações da linguagem e das imagens simbólicas do poema, enquanto revelação da condição humana. Nas palavras de Paz, “a revelação poética pressupõe uma busca interior. Busca que em nada se assemelha à análise ou à introspecção, mais que busca, atividade psíquica capaz de provocar a passividade propícia ao surgimento de imagens” (1982, p. 65).
No poema sintético, intitulado “Batismo”, o sujeito lírico se entrega completa-mente ao ofício cantante da poesia:
Batismo
Mergulhei num mar de sonho E me fiz azul.
Batizei-me...
(WOELLNER, 1997, p. 20).
A imersão no “mar dos sonhos”, por extensão, no “mar das palavras” e também a entrega total à poesia, faz do sujeito lírico um apaixonado pela palavra poética. Nes-se Nes-sentido, uma das marcas da modernidade literária é o permanente ato de acreditar na linguagem. O poeta é sempre um apaixonado pela linguagem, ou seja, um lutador e resistente no sentido de desafiar as palavras.
No poema “Infinito em mim”, há, na declaração do eu lírico, o sentido de totali-dade em relação à palavra poética:
Infinito em mim Em tudo, na semente, a expressão do todo. No poema, resulto ser criador e criado, quando me permito fundir-me com o universo e perceber
o infinito em mim... (WOELLNER, 1997, p. 7).
No texto, constata-se que o eu lírico busca a fusão do poema ao universo. O ato criador parece surgir de uma luta de corpo a corpo com as palavras em que a poeta se dedica sem tréguas ao seu ofício de lapidar as palavras e, ao mesmo tempo, constrói uma sólida arquitetura do poema, que resulta na palavra-memória, uma vez que a fina-lidade do trabalho poético é o próprio poema, pois é esta mesma objetividade interna que, no dizer de Rosa (1980, p. 6), “o abre ao mundo e permite a comunicação. O que o poema canta, seja qual for o seu motivo ou tema explícito, é o momento sublime da criação”. Por isso a revelação do poema enquanto “ação da linguagem”, instante de ordenação e unificação com o mundo. As palavras não se diferenciam das coisas. O que as interligam “não é a relação de um signo a um referente, ou significado, mas a ener-gia que, através da operação da linguagem, as percorre e assim desvenda a unidade do presente criador” (ROsA, 1980, p. 6-7).
tempo, palavra e memória aparecem de forma articulada na poesia woellneria-na. Primeiramente, há o tempo vivido, cronologicamente, base para situar as reminis-cências vivenciadas, que são (re)elaboradas, reorganizadas pelo sujeito. Em um segun-do momento, a memória tem o poder de ativar ou reter as coisas. A memória faz parte da vida, ou seja, somos feitos, de certa forma de memória, mas também de lembranças e esquecimentos. Da conjugação do tempo e memória, a palavra é o elo vital de um Eu
que busca “reviver”, ou simplesmente lembrar o passado, mesmo que de forma evanes-cente, pois através do ato de rememorar, se realiza o milagre da linguagem.
No poema Memória Atávica, o eu lírico sente a vida como “infinito mistério” e na busca de si mesmo, se defronta com o espelhamento da linguagem-memória:
Memória atávica
Em algum lugar deste infinito mistério – que é meu ser –, a emoção primitiva brilha
e reflete
a memória de todas as eras. (WOELLNER, 1997, p. 63).
O elemento atávico é recorrente na poesia woellneriana, isto é, os impulsos cria-dores oriundos da ancestralidade e da memória coletiva ganham contornos em sua obra. O atavismo também está presente no poema Heranças, de Adélia Maria:
Heranças
trago gravada nas células a memória do ancestrais e no corpo impregnados os instintos dos animais.
Desvelo minha resistência mineral. Descubro que tudo mora em mim: céus, estrelas, lua e sol, mares e areias, ventos e marés, montanhas e vales, chuvas e trovões. sou terra e sou ar, sou fogo e água.
Visto-me de folhas e flores, mastigo resinas
e me sacio em perfumes.
Afinal, despida do que não é meu, quem sou eu?
O fato de o eu lírico se (auto)descobrir integrado à essência da vida, impregnado pelos quatro elementos da natureza, no sentido bachelardiano, instaura, no texto, um di-álogo do sujeito lírico com questão atávica, centrada no enfoque da memória ancestral e na busca de resposta para a indagação: “quem sou eu?”. Em relação à obra e à temática da memória na obra woellneriana, Clarice Braatz schmidt Neukirchen tece a seguinte afir-mação: “a obra de Adélia Maria Woellner caracteriza-se, sobretudo pela busca da essência humana. A poeta, constantemente, volta-se à observação do passado, revivendo situações e tentando, assim, desvendar o âmago dos seres. sua obra evidencia que o regresso ao pas-sado é uma forma de se adquirir o autoconhecimento” (WOELLNER, 2006, p. 137).
As imagens do poema woellneriano apresentam uma maneira especial do sujeito poé-tico ver, sentir e interpretar o mundo, a partir da memória e da força onírica que faz com que o poeta seja um “sonhador de palavras”, como diz Bachelard (1989b, p. 11, grifo nosso).
[...] todo sonhador inflamado é um poeta em potencial. [...] todo sonhador inflamado vive em estado de primeira fantasia. Esta primeira admiração está enraizada em nosso passado longínquo. [...] temos mil lembranças, sonhamos tudo através da personalidade de uma memória muito antiga e, no entanto, sonhamos como todo mundo, lembramo-nos como todo mun-do se lembra – então, seguinmun-do uma das ‘leis mais constantes’ da fantasia diante da chama, o sonhador vive em um passado que não é mais unica-mente seu, no passado dos primeiros fogos do mundo.
Nesse sentido, o sonhador inflamado conjuga o que vê ao já visto, ou seja, conhece perfeitamente a associação entre imaginação e memória (BACHELARD, 1989b, p. 19). Os poemas de Woellner apresentam um fazer poético em que aparece de forma nítida o limite entre o sujeito e seu objeto de criação: o poema. Nota-se, nos versos de Woellner, a expressão suave das palavras que rompem do branco da página, transformando-se em “flor de poema”. Nesse sentido, António Ramos Rosa observa que, por meio da linguagem, o poeta preserva o ser, pois o que ele realmente sente não é, de maneira alguma, um conhe-cimento prévio, o passado, o já realizado, mas um mundo que, por meio da ação, “o poeta exerce sobre a linguagem e, reciprocamente, da linguagem sobre o poeta, se constitui, reve-lando a potencialidade infinita, um novo modo de ser aberto ao futuro” (ROsA, 1980, p. 9).
Poema 13 A palavra: o porão onde oculto as estiagens do amor. (VILELA, 2004, p. 27).
A poeta Arriete Vilela, com uma poesia densa, tece sua “rede” de palavras cen-trada na temática da memória. O poema “Não devias” apresenta uma linguagem al-tamente elaborada, com acentuado lirismo e encantamento do eu lírico para com a palavra poética:
Não devias
Não devias enamorar-te assim das minhas palavras: são fios que tecem a renda com que adorno as entardecidas beiradas dos meus dias e tecem, igualmente, a renda com que caço borboletas que, à tua semelhança, vejam solitárias ao redor do meu mistério
Não, não te devias exibir assim
à beira do poço: és pássaro de pequenas asas e basta um descuidado sopro de minha poesia para fazer-te ver o céu menor do que uma lágrima. Não devias jogar-me à passagem
– e assim, à vista de todos –
belas metáforas: esmago-as com amorosos gestos para que gotejem em mim o sumo das folhas da pitangueira com seu cheiro de infância reencontrada na tua ausência.
Poupa-te, anjo de flores que só duram um dia. Passa à margem do que sou,
protege esses teus olhos de mares transparentes e não queiras estender o meu silêncio, a minha recusa nem os sutis precipícios sobre os quais vivo
e escrevo.
Protege o teu coração
e não atices nele a colméia que espreita, para além das cercas vivas de papoulas, a dor nos descuidos da alegria amorosa (VILELA et al, 2001, p. 29-30).
A memória lírica, no poema, surge enquanto baliza capaz de realizar e resgatar fatos e lembranças passadas, mas sempre organizada de maneira individual,
centra-da nos artifícios centra-da linguagem, nas modulações de um pensamento que (re)elabora o passado, dando novos sentidos ao ato de rememorar, como na passagem: “para que gotejem em mim o sumo das folhas / da pitangueira com seu cheiro de infância / reen-contrada na tua ausência” (VILELA et al., 2001 p. 29-30). Bosi (1994, p. 55) lembra que, memória não é sonho, é trabalho, pois “lembrar não é reviver, mas reconstruir, repensar, com imagens e ideias de hoje, as experiências do passado”.
O poema Reconciliação, de Vilela (1999, p. 64-5), apresenta uma linguagem marcada pela inquietação do eu-lírico e embasada na memória lírica:
Reconciliação
Faço-me desatenção
às vertigens da minha alma
e retorno à mágica manhã da infância para esquecer-me em sentimentos leves, inaudíveis,
sem ressonâncias de batalhas.
Faço-me rendas, delicadas singelezas,
suaves pontos no sobrecasaco do destino; faço-me brisa nos cabelos grisalhos da avó em que me tornei.
Faço-me inquietação
e nino-me no balanço da rede:
enfim, a felicidade não me cobra pressa, não me espeta com ânsias de tê-la, e a vaidade não range os dentes, porque hoje é bicho domado.
Faço-me indulgência
e, ao gosto da pitanga madura,
posso ser a saudade do doce olhar do amigo: amor e desejo tão narcisicamente identificados.
Faço-me distância
e me reconcilio com a solidão.
A recordação é o fator imprescindível que movimenta as aspirações e sentimentos do sujeito poético, pois no momento da recordação o eu rememora, com profundidade,
os acontecimentos e experiências anteriormente vivenciados. Nos poemas sintético de Arriete Vilela, a palavra – enquanto registro/memória – é a expressão maior de um eu-lírico que tem, na linguagem, a força de um contato amoroso com as palavras.
No texto Poema 27, a palavra é elemento vital da luta travada pelo poeta: Poema 27 A Palavra: uma forma de debater-me em voragens de fundo de rio aparentemente calmo (VILELA, 2004, p. 50).
Mas se há o embate do poeta com as palavras, há também a consciência de soli-dão, de vazio e impotência perante o ofício do verso, tal como no texto Poema 28, de Arriete Vilela:
Poema 28
Como inconfessável roteiro, a palavra às vezes me falta
e então vivo como lã ao vento:
desatada, transitória, cardadura inútil
(VILELA, 2004, p. 51).
O eu lírico feminino se compara como “lã ao vento”, que sente, às vezes, o apa-rente abandono das palavras, mas não o da poesia.
O texto “tua Palavra”, de Arriete Vilela, exprime uma linguagem vigorosa, acentuada pela interlocução do Eu lírico com o Outro:
tua Palavra
tua palavra de pitanga madura, lua vermelha esmagada na minha mão mesclou de amargos amores o legítimo
linho branco em que mãe, avó e bisavó bordaram um fatídico destino poético.
tua palavra de pólen na leveza da ave nômade fecundou a minha palavra: fiz-me útero
e te embriaguei, amorosamente, das sinuosidades labirínticas em que protegias os teus medos, e te nutri com a alegria das bandeirolas que se esperançavam nas manhãs de prata com os sinos a quererem-se cristais.
[...]
tua palavra invejou a minha palavra e então nos distanciamos,
porque não podíamos ser galantes entre iguais entrelinhas (VILELA, et al., 2001, p. 36-7).
Os versos do poema registram a contenção, o rigor da linguagem e as sutilezas das imagens, que resultam no equilíbrio e na condensação textual. É a memória que se cristaliza no instante de dizer quando o sujeito da enunciação diz que a palavra do outro é como “pitanga madura”, também comparada à “lua vermelha”. Há, no texto, uma aproximação de palavra-memória capaz de nomear o ser de forma amorosa, me-diante a palavra poética. Mesmo que haja a consciência de um distanciamento de eu e do outro, a certeza, para o sujeito lírico de que a palavra é portadora de esperanças, tal com os “sinos a quererem-se cristais”, ela apresenta-se como “pólen na leveza da ave nômade”. Pode-se constatar, nos versos, que a palavra – mediante o ato de nomear – realça a condição do poeta: ser solitário e, ao mesmo tempo, solidário, mediante a força das palavras, tal como afirma Cecília Meireles (1983, p. 235): “Ai, palavras, ai, palavras,/ que estranha potência, a vossa!”. Na criação literária, o poeta (re)inventa o seu mundo tecendo uma configuração poética e social à tessitura do poema.
Virgínia Vendramini, no poema “Gula”, do livro Matizes, faz um contraponto entre passado e presente, em que o eu lírico rememora o tempo distante, das coisas mais ternas e “doces” da infância:
Gula
Ainda guardo na boca O gosto de fruta verde Comida quente do sol. Não havia defensivos... Apenas um pouco de pó... Bicadas de passarinhos...
Ainda guardo a cobiça Pelas mangas e goiabas Distantes de minha gula.
Belas, nos galhos mais altos... E guardo no corpo inteiro Fome e sede insaciáveis Das coisas doces da infância, Delícias que são saudades (VENDRAMINI, 1999, p. 14).
A memória é a tônica que movimenta o poema, pois através das reminiscências, o sujeito lírico recorda o tempo da infância, no qual centra as suas aspirações mais ternas. No texto, o tempo e a memória são forças mediadoras e potências capazes de interligar os fatos, as pessoas e suas ações, bem como as coisas do mundo.
O texto Fósforos de Cor apresenta o tema da infância e das reminiscências, em que as palavras ganham um colorido marcante mediante à memória lírica do sujeito da enunciação:
Fósforo de Cor
Na sombra amiga da noite fria
Pequena chama verde-azulada, Cintilações vermelho-douradas. E chuva de estrelinhas de prata. Um palito riscado... um outro... segundos de cor e claridade, Luminosos cenários de sonhos Depressa desfazendo-se em nada. Ficava tão diferente o mundo À luz dos fósforos coloridos...
Mas o tempo mudou os brinquedos, Deixou as sombras, levou os sonhos... (VENDRAMINI, 1999, p. 12).
Através das reminiscências, o sujeito lírico recorda o tempo da infância, no qual centra as suas aspirações mais ternas em contraponto ao momento de reflexão sobre o passado. O tempo e a memória são forças capazes de interligar os fatos, as pessoas e as aspirações do eu-lírico em relação às mudanças vividas e as experiências pessoais. O tempo, nos versos de Vendramini, aparece de maneiras distintas: tempo existencial e tempo da memória. Ao historicizar e (re)presentificar o tempo vivido, o sujeito poéti-co mostra que, enquanto processo de transição, a temporalidade e a historicidade dos fatos e acontecimentos são matérias de preocupação embasadas nas circunstâncias da vida concreta e do mundo imaginário.
No poema intitulado Em tom Menor, evidencia-se o tema da memória relacio-nado à imagem do piano antigo, que ficou gravado somente na memória. Ao contra-por o tempo passado com o momento presente, o eu-lírico relembra com nostalgia as canções de outrora:
Em tom Menor
No silêncio do piano antigo Que perdura apenas na memória A saudade se exercita em notas tristes Nas escalas em tom menor.
Depois a melodia simples Dedilhada devagar, ao acaso,
Entre pausas e compassos de espera, Busca harmonia na perfeição do acorde.
E no silêncio do piano antigo Que só ressoa na memória A saudade repete incessante suas canções prediletas... Amor – seu eterno tema
(VENDRAMINI, 1999, p. 32).
O ato de recordar é elemento inerente ao fazer poético. Ao descrever mentos vivenciados em um tempo pretérito, o sujeito lírico rememora os aconteci-mentos que ficaram distanciados, mas que no momento presente o sujeito da enun-ciação reaviva na memória o conhecimento anterior e vivências de um tempo que faz o eu lírico sentir saudade das coisas e acontecimentos que ficaram distante no tempo, ao relembrar as canções prediletas ouvidas no piano. O “tom menor” aponta para as notas tristes e para o silêncio do piano.
A imagem do piano “sempre calado”, também aparece nos versos do poema “Móveis e utensílios”, em que privilegia-se as imagens do tempo e as reminiscências do sujeito lírico:
Móveis e utensílios
sala de jantar em madeira escura Com flores e com frutas entalhadas, Cristaleira plena de porcelanas Para serem vistas, jamais usadas.
Havia um piano sempre calado E muitos álbuns de fotografia... Nas estantes quantos livros fechados, Com leitura que a Igreja proibia...
Havia bibelôs, estatuetas,
Um carrilhão que nunca se calava, Anunciando nos quartos de hora Que o tempo urgia, que a vida passava... Minhas lembranças passeiam incautas E tropeçando em vasos de saudade, No corredor escuro da memória
Vou derramando em versos minha história... História simples de uma casa antiga
Que abrigou sonhos, mágoas e brinquedos... Casa velha que se perdeu no outrora,
Mas que dentro de mim vive em segredo (VENDRAMINI, 1999, p. 47).
As imagens presentes no poema – mediante as múltiplas categorias de percepção do mundo – instauram uma operacionalização que remetem para uma (re)memoriza-ção dos acontecimentos passados. As imagens da casa antiga, com seus móveis e uten-sílios, se justapõem às lembranças do momento presente, vivenciadas pelo eu lírico, que constrói sua história a partir das sensações que afloram mediante as lembranças que “passeiam incautas” e tropeçam em “vasos de saudades, como diz o sujeito da enunciação. O olhar que se volta para as rememorações vividas anteriormente acen-tua o poder das imagens e seu poder de simbolização, pois no dizer de Jean Davallon, “a imagem é antes de tudo um dispositivo que pertence a uma estratégia de comuni-cação: dispositivo que tem a capacidade, por exemplo, de regular o tempo e as mo-dalidades de recepção da imagem em seu conjunto ou a emergência da significação” (DAVALLON, 1999, p. 30). Constata-se, que as afirmações do autor vão ao encontro das correspondências imagéticas que aparecem no texto de Vendramini. As imagens, presentes no texto, têm o poder de (re)configurar os acontecimentos a partir de uma observação atenta do sujeito poético, que registra o seu “estar no mundo” ao “reme-morar o passado”. Daí a força da imagem enquanto “um operador de memória no seio de nossa cultura”, como afirma Davallon, (1999, p. 30).
Na criação literária as poetas Adélia Maria Woellner, Arriete Vilela e Virgínia Vendrami (re)inventam mundos e dão sentidos à vida através das palavras. Nesse sen-tido, a palavra-memória é uma força que impulsiona os artistas da palavra a atingirem sonhos, objetivos e realizações.
Palavra poética e memória social são elementos basilares na poesia de Adélia Maria Woellner, Arriete Vilela e Virgínia Vendramini. Ao elaborar uma poiesis alicer-çada em um mundo de (re)significações, as poetas realizam um fazer poético direcio-nado à condição humana e ao sentido de transitoriedade. A temática social – na obra das Artistas da Palavra – está alicerçada numa construção poética capaz de valorizar os sentimentos de amor, participação frente aos inquietantes desafios que a vida impõe. Os textos de Woellner, Vilela e Vendramini – lapidados no cinzel da memória – instauram um procedimento poético em que a palavra poética tem o poder de desper-tar no leitor uma atenção voltada para as coisas mais simples, sensíveis, pois a lingua-gem é sinal de vida e permanência.
MEMORY AND EXPERIENCE POÉTICA IN ADÉLIA MARIA WOELLNER, ARRIETE VILELA AND WIDOWER VIRGINIA VENDRAMINI
Abstract: poetic word and memory are basic elements in the poetry of Harold Blum
Ma-ria Woellner, Arriete Vilela and Virginia Vendramini. To prepare a poiesis grounded in a world of meanings, the poets perform a make poetic that directs the human condition: transience and permanence. The social theme – in the work of Artists of the Word – is founded on a poetic construction capable of harnessing the feelings of love, participa-tion front to disturbing challenges that life imposes. In literary creaparticipa-tion to the Artists of the Word (re)invent worlds and give directions to life through the words, i.e. the word-memory and the important factor that moves the aspirations and feelings of the subject poetic, because at the time of remembrance the ue recalls, in depth, the events and expe-riences previously experienced. The texts of Woellner, Vilela and Vendramini, stoned the chisel of memory, they establish a poetic procedure in which the poetic word has the power to awaken the reader an attention turned to the simplest things, sensitive, becau-se the language is a sign of life and permanence.
Keywords: Poetic Word. Language. Lyrical. Female Voices.
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* texto apresentado como comunicação no IV Colóquio Internacional Cultura e Me-mória social (2009), em toledo (PR).
Recebido em: 20.02.2010. Aprovado em: 15.03.2010.
** Professor Associado da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. E-mail: donize-ti@unioeste.br