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Centro de Medicina Naval, na Base Naval do Alfeite

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Academic year: 2021

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I Dedicatória

Todo este percurso que realizei até chegar onde estou, em grande parte deve-se a toda a força e trabalho que tive ao longo destes anos, por isso quero dedicar este vasto e exaustivo trabalho a mim própria.

Por tudo isso e muito mais a mim dedico este trabalho porque sempre acreditei em mim e, sempre consegui realizar com grande empenho tudo aquilo a que me proponho atingindo sempre, as metas que pretendo alcançar.

Devido ao sucedido ultimamente, o falecimento do meu pai, quero dedicar a ele todo este trabalho, pois é devido a ele que o fiz. Só tenho pena que não o tenha visto completo em vida.

Dedico também a minha querida mãe que muito contribuiu para este relatório, não só a nível moral como afectivo.

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II Agradecimentos

O mundo em que me insiro, é traçado por diversas interacções, realizadas socialmente, com as quais se foram entrelaçando no meu caminho, possibilitando a realização de inúmeras vivências assim como interacções. Assim, todos os meus agradecimentos dirigem-se a todos aqueles que tornaram possível a minha formação a nível da Psicologia.

Agradeço aos professores da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL) todo o apoio, colaboração e disponibilidade que tiveram para comigo, assim como o carinho e amizade que demonstraram ao longo destes anos.

Em seguida quero agradecer a duas grandes amigas de longa data, psicólogas clínicas, à Dra. Isabel e à Dra. Mónica que para além de uma grande amizade carinho e afeição que sempre tiveram por mim, demonstraram-se sempre disponíveis para me ajudar em tudo o que necessitasse e inclusive para discutir com elas, casos clínicos que tivesse por resolver.

Obrigada aos meus colegas especialmente à minha colega Mara Nicolau, por termos partilhado as nossas dificuldades, dúvidas, decepções, tristezas e alegrias, auxiliando-nos e ajudando-auxiliando-nos ao longo destes aauxiliando-nos e que me ajudou a não desistir.

Agradeço também à minha família e ao meu namorado pelo apoio dado em fases de desmotivação e pela presença que manifestaram aquando da execução de diversos trabalhos. Agradeço ainda à minha cadela Tuxa por ter estado sempre a meu lado, a fazer-me companhia, enquanto estudava e realizava os diversos trabalhos.

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III Agradeço também ao Centro de Medicina Naval da Marinha, por ter aceite o meu estágio auto-proposto, possibilitando-me a integração na mesma e proporcionando-me trabalhar numa área que sempre me agradou e fascinou.

Por fim agradeço á minha coordenadora do estágio do CMN, Dra. Carolina Mesquita por toda a sua disponibilidade e auxilio sempre que necessário e toda a ajuda que me tem fornecido ao longo do estágio.

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IV Resumo

O presente relatório enquadra-se no trabalho final a ser apresentado na conclusão do Mestrado em Psicologia Clínica e de Aconselhamento, da Universidade Autónoma de Lisboa.

O estágio foi realizado na instituição do Centro de Medicina Naval, na Base Naval do Alfeite. Sendo um período de aprendizagem, o estágio permitiu não só conhecer a instituição, como ter contacto directo com o contexto profissional, a aplicação dos conhecimentos adquiridos ao longo da formação académica e, fomentou a reflexão sobre a práctica desenvolvida.

Neste relatório apresentar-se-á o trabalho desenvolvido na área da Psicologia Clínica, ao mesmo tempo que é feito um paralelismo com a literatura com o intuito de explicar as problemáticas mais evidentes na população alvo.~

É apresentado também de dois casos clínicos e uma avaliação psicológica. Por último é apresentada uma conclusão de toda a parte teórica e práctica.

Palavras-chave: Psicologia Clínica, AVC, Depressão, Distúrbio da Personalidade Borderline e Dependente e população militar

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V Abstract

This report is part of the final work to be presented in the conclusion of the Master in Clinical Psychology and Counseling, of the Autonomous University of Lisbon.

The stage was made in the Naval Medical Center, precisely at the Naval Base of Alfeite.

Being a learning period, the stage has led not only to get to know the institution itself, but to have direct contact with the professionals working there, through the application of knowledge acquired during the academic time and fostered the reflection on the skills developed.

This report will present the work developed in the area of Clinical Psychology, together with the literature in order to explain the most obvious problems in the target population.

It also presents two case reports and a psychological evaluation.

Finally, we present a conclusion of all the theoretical and practical part.

Keywords: Clinical Psychology, CVA, Depression, Borderline personality disorder, Dependent personality disorder and military population.

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VI Índice Dedicatória………I Agradecimentos……….II Resumo………...IV Abstract………...V Parte I Introdução……….1

Parte II Enquadramento Teórico………...5

2.1 Contextualização do local de estágio………..5

2.1.1 Tabela nº 1………8

2.1.2 Cronograma projecto de estágio………8

2.2 Psicologia Clínica e Psicoogia Ocupacional……….11

2.2.1 AVC´S………12

2.2.2 Depressão………15

2.2.3 Transtorno da Personalidade Borderline………18

2.2.4 Personalidade Dependente………..21

Parte III Actividades realizadas no âmbito do estágio………23

3.1 Trabalho de estágio………23

3.2 Trabalho de estágio………25

3.2.1 Avaliação Psicológica……….25

3.2.2 Apresentação Clínica de dois casos………28

3.2.2.1 Apresentação do caso “G”………30

Conclusão………..33

Reflexão Pessoal………34

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VII Análise do Caso……….45 Discussão do Caso………47 Reflexão Pessoal...48 3.2.4 Apresentação do Caso “F”………49 Análise Do Caso………65 Discussão Clínica………..73 Reflexão Pessoal………74

Parte IV Discussão global do trabalho………76

4.1 Reflexão Global……….84

Referências………..86

Anexos……….89

Anexo 1 Relatório de Avaliação Psicológica do Caso Clínico “G”………...90

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1 1. Introdução

O presente relatório, ocorre no âmbito do estágio de Mestrado em Psicologia Clínica e de Aconselhamento, executado na instituição do Centro de Medicina Naval, na Base Naval do Alfeite.

A escolha da Instituição consistiu não só por ser de grande prestígio como pela possibilidade de poder contactar e ajudar, pessoas que vivem grandes temporadas afastadas dos seus familiares e amigos, por vezes em condições um pouco degradantes e de tal forma rotineiras, que nem sempre a adaptação é fácil, conduzindo-os muitas vezes á procura de ajuda do foro psicológico, com o intuito de arranjar soluções que lhes facultem essas mesmas adaptações; não só nos embarques como dentro da própria Instituição, que muitas vezes, conduz a conflitos e à detenção de grande stress.

Possibilitou-me também trabalhar, aprofundando e desenvolvendo competências na minha área de formação com uma população alvo, que sempre me despertou interesse e curiosidade.

O objectivo primordial e fulcral deste relatório de estágio, consiste essencialmente em analisar pormenorizadamente cada um dos casos clínicos escolhidos; nomeadamente, descrever a anamnese em cada um dos casos, relatar todo o acompanhamento efectuado acerca dos mesmos, assim como analisar e discutir cada um, em articulação com a revisão de literatura.

Uma vez que todas as intervenções psicológicas, assim como o acompanhamento psicológico realizado em todos os casos clínicos, foram executadas no âmbito do Modelo de Intervenção da Abordagem Centrada na Pessoa, considero pertinente abordar de uma forma sucintaesta mesma abordagem, visando explica-la e como ela se processa

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2 face “à pessoa” ou seja, qual a função do terapeuta e quais as condições que lhe são essenciais para a sua possível realização.

A Abordagem Centrada na Pessoa, insere-se na corrente Humanista, desenvolvendo-se nos anos 40, progredindo nos Estados Unidos da América. Rogers (1902-1987) introduz para a psicoterapia um panorama distinto do Homem, e, naturalmente, uma maneira explícita de acompanhar a pessoa, que solicita apoio e a ligação que se determina entre o terapeuta e o paciente ou seja, uma abordagem não-directiva desta mesma ligação (Santos, 2004).

A noção de Abordagem Centrada na Pessoa começou a ser comum, com um sentido mais restrito, após a expressão de Terapia Centrada no Cliente (Amatuzzi et al, 2002). Rogers, (1980 citado por Wood, 1998, p. 19) afirma que A Abordagem Centrada na Pessoa é “uma postura psicológica, se assim o preferir, a partir da qual pensamentos ou acções podem ser organizadas. É um jeito de ser”.

Esta Abordagem assenta na confiança que se cria entre o paciente e o terapeuta, persistindo a vontade em ajudar o outro ou seja, o paciente, confiando que é possível. Regula-se também num propósito de ser segura nos seus objectivos nomeadamente, ajudar o outro a atingir transformações construtivas de personalidade; em ter compaixão pelo indivíduo que está perante nós, tê-lo em consideração, entre outras (Wood, 1998). Nesta abordagem, a tarefa do profissional consiste em actuar de modo a que o cliente conceba a sua situação e consiga perceber-se melhor a si próprio (Rafael, 2000) ou seja, tem como finalidade, propiciar-lhe uma maior apropriação dele próprio, em que ele se compreenda melhor; incidindo-se, especialmente no próprio indivíduo e não no dilema que ele exterioriza (Valduga & Hoch, 2010).

A relação terapêutica, criada entre o próprio terapeuta e o seu cliente, consiste num novo estabelecer, da conformidade desaparecida entre a vivência integral do sujeito e, a

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3 sua vivência do self que tem conhecimento que existe, tornando o sujeito livre para um amadurecimento e crescimento habitual (Santos, 2004).

No entanto, para se conseguir desenvolver um ambiente psicológico facilitador de liberação do indivíduo na compreensão e condução da sua vida, numa relação terapêutica, são necessárias três condições essenciais: autenticidade, veracidade a congruência, que revela a aptidão que o terapeuta manifesta em ser ele próprio, em ser autêntico mediante o cliente (Penacchi & Carvalho, 2007), se o terapeuta for congruente na sua relação com o cliente, torna-se maior a viabilidade de que o cliente se transformará e se desenvolverá de forma construtiva e edificante (Taveira, 2003); a aceitação, atenção ou seja a aceitação incondicional, que tem como objectivo, ajudar na alteração terapêutica, o terapeuta deve receber o outro incondicionalmente ou seja inteiramente, não o julgando. Se a pessoa for inteiramente aceite, torna-se livre para ser ela própria e progressivamente, irá aceitar o seu self (eu) real (Almeida 2009). e por último, a compreensão empática (Rogers, s.d. citado por Taveira, 2003), que consiste na percepção do outro, mediante o que ele está a comunicar e vivenciar, de acordo com o seu quadro de referências (Gonçalves, 2008).

No entanto, para que seja possível a reorganização da estruturação da personalidade do sujeito, é fundamental que o cliente e o sujeito permaneçam em contacto psicológico, que o cliente se encontre vulnerável, que o terapeuta esteja congruente ao longo da entrevista, que o terapeuta receba a pessoa que pede ajuda, incondicionalmente ou seja inteiramente, não a julgando, nem fazendo juízos de valor (Rogers, 1977 citado por Rafael, 2000).

O terapeuta deve também perceber de forma empática o sujeito ou seja, deve compreender tudo o que o sujeito está a vivenciar e experienciar e por último, que o

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4 sujeita compreenda estas duas atitudes que o terapeuta tem perante ele (Rogers, 1977 citado por Rafael, 2000).

Respeitante ainda a este modelo, Carl Rogers desenvolveu duas noções fundamentais, tornando-se indispensáveis nomeadamente a Tendência Actualizante e a Não Directividade (Rogers & Kinget, 1977 citado por Gobbi et al, 1998).

A Tendência actualizante consente a confirmação própria do Self e a precaução do organismo, permitindo assim, a concordância entre a experiência vivida e o que dela simboliza (Rogers e Kinget, 1977 citado por Gobbi et al, 1998).

Esta Tendência, pertence à preposição de que “todo organismo é movido por uma tendência inerente para desenvolver suas potencialidades de maneira a favorecer sua conservação e seu enriquecimento” (Rogers & Kinget, 1977, p. 157 citado por Souza, 2008).

Por sua vez a Não-Directividade é uma atitude em que o terapeuta declara que confia na capacidade de auto-direção do seu cliente (Pagès, 1976, citado por Gobbi et al, 1998).

Tendo este relatório por base a vertente/área da Psicologia Clínica, suponho ser fundamental definir este conceito.

Este relatório encontra-se dividido em três partes, numa primeira parte é apresentada a contextualização da Instituição do respectivo local de estágio: a Saúde Ocupacional, a Psicologia da Saúde Ocupacional, os Riscos Psicossociais e o Stress.

Seguidamente, expõe-se a teoria que envolve as problemáticas identificadas nos devidos casos clínicos.

Numa segunda parte, aprofunda-se as actividades realizadas ao longo do âmbito de estágio e, todo o trabalho executado ao longo das intervenções psicológicas.

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5 Apresenta-se ainda uma avaliação psicológica, a qual menciona que tipo de plano de testagem foi usado, qual o motivo que conduziu o uso de certos instrumentos do foro psicológico (testes) e por fim, os resultados dos testes, acompanhados de um relatório de avaliação.

Numa terceira e última parte, este relatório comportará uma discussão/conclusão, onde se remete a síntese de todo o trabalho realizado, como a contextualização das problemáticas, a sua revisão de literatura e a análise dos casos e de todo o trabalho consumado. Uma avaliação realizada por mim de todo o meu trabalho, assim como as, as mais-valias do próprio estágio e da minha experiência no mesmo, as dificuldades sentidas e como as ultrapassei, que tipo de perspectivas tenho para o futuro e, quais as minhas perspectivas de intervenção e ainda, a que tipo de contribuição conduziu, todo o trabalho.

2.Enquadramento Teórico/Revisão da Literatura

2.1 Contextualização do local de Estágio

O estágio que realizei situa-se no Laranjeiro, no Centro de Medicina Naval na Base Naval do Alfeite.

O Alfeite encontra-se situado num local privilegiado à beira da margem sul do rio Tejo, com vistas para Lisboa, ocupando uma área com cerca de 440 hectares, desde a ponta dos Corvos, frente ao Seixal, até ao Caramujo e Romeira, na Cova da Piedade. É património do Estado afecto à Marinha, desde 1918, e aí estão instalados alguns dos mais importantes organismos e unidades dos quais se destacam: Base Naval de Lisboa, Arsenal do Alfeite, Base de Fuzileiros, Centro de Abastecimento Sanitário, Centro de Apoio Social do Alfeite, Centro de Educação Física da Armada, Centro de

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6 Instrução de Táctica Naval, Centro de Guerra Electrónica, Centro de Medicina Naval, Comando do Corpo de Fuzileiros, Direcção de Abastecimento, Direcção de Navios, Direcção de Transportes, Escola Naval, Esquadrinha de Escoltas Oceânicos, Esquadrilha de Navios Patrulha, Esquadrilha de Submarinos, Flotilha, Grupo nº 2 de Escolas da Armada, Laboratório de Explosivos da Marinha e Unidade de Tratamento Intensivo de Toxicodependência e Alcoolismo.

A Base Naval de Lisboa – Alfeite é actualmente e continuará a ser certamente no futuro, um dos pilares fundamentais da logística da Marinha.

O Centro de Medicina Naval está sediado num edifício – antiga Casa de Saúde do Alfeite – que, ao longo de trinta anos, tem servido a saúde naval com diferentes funções. Poderemos dividir este período desde 1973 até á presente data em quatro fases.

A primeira diz respeito á inauguração da Casa de Saúde do Alfeite em 1973 e ao seu funcionamento até 1982. Numa segunda fase de 1984 até 1991, funcionou como Central de Consultas do Hospital da Marinha. Em 1992, instalou-se no edifício o Serviço de Saúde da Base Naval de Lisboa, que, em 19 de Novembro de 1999, deu lugar ao centro de Medicina Naval.

O Centro de Medicina Naval criou-se, dado a Necessidade de introduzir na marinha novos conceitos de intervenção no âmbito da logística médico-sanitária, foi criada, na dependência da direcção do serviço de saúde, o centro de medicina naval que assumiu as atribuições e instalações do serviço de saúde da base naval de Lisboa.

O Centro tem como missão coordenar e controlar a actividade médico-sanitária de apoio às unidades e as evacuações sanitárias necessárias ao funcionamento dos escalões de cuidados de saúde instituídos, coordenar os cuidados de saúde primários na marinha, em conformidade superiormente definidos.

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7 Coordena também, os Serviços de Saúde Ocupacional e de Medicina Preventiva, bem como propor normas e princípios orientadores nestas áreas, propor os princípios orientadores e as normas para a execução da Saúde Operacional, apoiar os Comandos e unidades do ponto de vista operacional e, compete-lhe assegurar as funções atribuídas ao Serviço de Saúde da Base Naval de Lisboa no âmbito da assistência médico sanitária e da coordenação das tarefas relativas á colheita e análise de amostras fisiológicas para despiste do alcoolismo e toxicodependência.

No que respeita á estrutura do Centro de Medina Naval, este compreende um Director, um Departamento de Cuidados de Saúde Primários, um Departamento de Saúde Ocupacional de Medicina Preventiva e um Departamento de Saúde Operacional. No Departamento de Saúde Ocupacional de Medicina Preventiva, insere-se também o Serviço de Apoio á Saúde Mental, na qual se integra a psicologia; logo a área da psicologia debruça-se no âmbito da Psicologia da Saúde Ocupacional, que está ligada ao apoio á Saúde Mental.

No que respeita às funções, que o Psicólogo desempenha no Centro de Medicina Naval, destacam-se: a coordenação, organização e supervisão do SASM, compete-lhe intervir e desenvolver as acções do SASM que compreendem a promoção da Saúde Mental no Trabalho, a Vigilância Psicossocial das Doenças e Acidentes Profissionais que compreende a Avaliação e Monitorização Psicológica do Pessoal (em contexto ocupacional, em contexto operacional, caracterização do Posto de Trabalho, adequalidade entre o pessoal e o seu posto de trabalho).

Destaca-se também a Implementação do Grupo de Trabalho de Intervenções psicológicas em situações de crise, Investigação no domínio da Psicologia da Saúde Ocupacional, Supervisão de Estágios de Psicologia, colaboração com o arsenal do Alfeite na área PSO, Organização e recolha de dados estatísticos, utilização e

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8 implementação de meio e técnicas que possibilitem o registo dos dados e a intervenção psicológica e por último a elaboração do relatório anual de actividades.

2.1.1 Tabela nº 1 2.1.2 Cronograma do Projecto de Estágio

Referentes ao projecto de estágio, realizado com a Orientadora do mesmo, definiram-se os objectivos gerais e específicos que o mesmo iria integrar nomeadamente: numa primeira fase, procedeu-se à integração na Instituição, que abrange o enquadramento teórico do CMN, compreensão do seu funcionamento e da sua integração orgânica na Marinha, Integração na equipa multidisciplinar do DSOMP e, o enquadramento nos objectivos do SASM, no papel do psicólogo de saúde ocupacional e na realidade do meio naval.

Numa outra etapa, procedeu-se a uma adaptação, aos procedimentos do Serviço de Saúde Mental, ou seja, a uma inserção nos modelos de funcionamento e modalidades habituais do SASM e, ao estudo dos instrumentos e técnicas usados na Promoção de Saúde Mental no Trabalho, como as acções de promoção da saúde e bem-estar, em contexto ocupacional e operacional, acções de prevenção de factores de risco psicossociais de natureza profissional em contexto ocupacional e operacional e, uma observação da realização de promoção da saúde no trabalho.

Por fim, procedeu-se então a uma última etapa, a realização das intervenções de promoção e vigilância da saúde mental, colaborando nas acções informativas e educativas de promoção da saúde mental e de prevenção dos factores de risco psicossociais de natureza profissional, em contexto ocupacional e operacional, na

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9 realização de avaliação e monitorização psicológica dos utentes (entrevista clínica, aplicação e cotação de provas psicológicas, conducente a psicodiagnóstico, diagnóstico diferencial, avaliação cognitiva e psicométrica, deterioração mental, avaliação da personalidade e perfil ocupacional específico, avaliação do contexto e da realidade profissional, avaliação de factores sócio-económicos e familiares, avaliação de comportamentos ligados á saúde, á doença e incapacidades.

Nesta fase, também se colabora no processo de encaminhamento e de articulação com outras unidades, participa-se nas reuniões de discussão dos casos e supervisão, colaboração com a investigação e os trabalhos a decorrer no SASM e, por último elabora-se um trabalho inserido nas actividades desenvolvidas no SASM.

O estágio realizava-se duas vezes por semana no horário compreendido entre as 9H00 e as 17H00, havendo dias em que se prolongava até às 18H00. Iniciou-se em Novembro e terminou no final de Julho.

Contudo, devido á própria instituição e á disponibilidade da sua população, era impossível realizar os acompanhamentos em dias fixos, uma vez que os mesmos andavam embarcadas, os quais tinham tarefas que não lhes permitia deslocarem-se às consultas em dias fixos, solicitando, as consultas para outra dia da mesma semana de acordo com as suas tarefas a nível profissional.

Respeitante ao cronograma, este é mostrado em seguida, apresentando todas as actividades realizadas (previstas) desde o começo até ao final do estágio

Nov. Dez. Jan. Fev. Março Abril

SEMANAS 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª Integração na Institução X X X Papel do Psicólogo X X Recolha Bibliográfica X X

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10 – Observação de relatórios Realização de um Guia-Psicofármacos mais usuais X X Concept. Caso ACP X X Concept. Caso – eixos DSM IV X Critérios realização diagnóstico X Obs. Palestra – relatório de reflexão X Aprofundam. Riscos Psicossociais X Projecto Relatório de Estágio X Estudo/Aprofu ndamento de testes para avaliação psicológica X X X Realização de um Poster X Obs. Consultas X X X X X Visita ao NRP –Arpão e NRP – Bartolomeu Dias X Relatório crítico acerca da visita aos navios Formação – Riscos Psic. X X X Realização das Intervenções X X X X X X X Reunião – Orient./Estag. X X

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Maio Junho Julho

SEMANAS 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª Formação – Riscos Psic. X X X Realização das Intervenções X X X X X X X X X X X Gestão de Cargas Replayable X Formação Drogas e Álcool X Reunião – Orientadora e Estagiária X X X Última semana de estágio X

2.2 Psicologia Clinica e Psicologia da Saúde Ocupacional

A fonte de origem da palavra Clínica deriva do grego Kliné que traduz “procedimento de observação directa e minuciosa” (Barbier, 1985, p.45).

A Psicologia é uma ciência que busca as igualdades que lhe estão subjacentes possuindo distintos acontecimentos em comum (Gleitman, 2002).

A Psicologia define-se como a ciência do comportamento, ou seja, empenha-se no como e pelo sucedido do que os organismos executam (Gleitman,2002).

Hoje em dia, a expansão da Psicologia manifesta-se através de uma grande variação dos campos da sua singularidade e mediante uma vasta extensão das suas utilizações em diversos domínios da vida quotidiana (Doron e Parot, 2001).

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12 O Psicólogo trabalha em diversas competências profissionais como segurança, lazer, justiça entre outras, tendo como finalidade a promoção do seu trabalho a nível do respeito dignidade e integridade do ser humano (Teixeira, 1997).

2.2.1 AVC´S

2.2.1.1 Definição

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) em Portugal é comum a origem de morte e incapacidade, fundamentalmente em pessoas idosas.

Este distúrbio é responsável pela maioria dos internamentos hospitalares (Martins,2006 citado por Pires,2014).

O AVC define-se como uma ocorrência a nível cerebral, suscitando a morte repentina de células cerebrais num foco localizado face a um fluxo desajustado de sangue (Chamberlim & Brigham, 2005) ou seja, sucede quando ocorre uma deficiência nos vasos que conduzem o sangue ao cérebro, originando a paralisia da área que ficou sem circulação sanguínea apropriada (Manual Merck, 2012 citado por Pires, s.d. Chamberlim & Brigham, 2005).

Normalmente, sucede quando o fluxo do sangue é detido numa zona do cérebro. Sem sangue, as células cerebrais depressa começam a morrer (Chamberlim & Brigham, 2005).

Estas lesões ocorrem como resultado de um enfarte, em prol de uma isquemia ou hemorragia, afectando a função cerebral (Martins, 2002 citado por Cancela, 2008).

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13 A comparência de lesões neurológicas causa défices face às funções motoras, sensoriais, comportamentais, perceptivas e da linguagem. Os danos motores caracterizam-se em paralesias completas ou parciais/incompletas (Cancela,2008).

2.2.1.2 Causas e Riscos dos AVC´S

Existem diversas causas e variados riscos que originam os AVC´S. De acordo com Dubois & Rosa (1998) as causas que estão na sua origem, devem-se essencialmente, às embolias, os trombos e as hemorragias. As embolias “são pequenos fragmentos de coágulo sanguíneo, de tumor, de gordura ou de aglomerados de bactérias vindos do coração e que vêm obstruir uma artéria” (Dubois & Rosa, 1998, p. 20). O trombo “ é um coágulo que se forma no lume de uma artéria já atingida pela arteriosclerose (Dubois & Rosa, 1998, p. 20).

Por outro lado, Martins (2006) citado por Cancela (2008) referem outras causas para a origem de AVC´S, nomeadamente a hipertensão arterial, o tabaco, o colesterol alto, o Diabetes Mellitus, a obesidade, doenças das válvulas e arritmias cardíacas, dilatações do coração entre outros (Lopes, 2008 citado por Pires,2014; Chamberlim & Brigham, 2005).

2.2.1.3 AVC Isquémico e Hemorrágico

No que respeita aos AVC´S, estes podem ser de dois tipos: AVC isquémico e AVC hemorrágico.

O AVC isquémico refere-se a um processo face ao qual um tecido não recebe os nutrientes, essencialmente o oxigénio, imprescindível ao metabolismo das suas células ou seja, este AVC é impelido por cerramento de um vaso ou diminuição da pressão da

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14 perfusão cerebral, seja determinada por diminuição do débito cardíaco ou por hipotensão grave e suportada (Garett, 1994 citado por Cancela, 2008).

Estes AVC´S podem se subdividir em dois tipos: AVC Trombótico e AVC Embólico (associação de AVC, 2009 citado por Pires 2014).

Estamos perante um AVC Trombótico quando o sistema patológico responsável pela oclusão do vaso se expande no próprio sítio da oclusão (Cancela, 2008) ou seja, sucede quando coágulo que comprime a artéria que encaminha o sangue ao cérebro, denominada de trombose cerebral, que dá origem á organização de um coágulo de sangue numa artéria principal (Associação de AVC, 2009 citado por Pires 2014).

Trombose cerebral sucede geralmente durante a noite ou de manhã cedo, sendo procedida por um ataque isquémico transitório (Chamberlim & Brigham, 2005).

Referente ainda trombose, esta divide-se em trombose venosa e trombose arterial. As tromboses arteriais são as que ocorrem com maior frequência, resultantes de material ateromatoso que oclui o lúmen de um vaso. As tromboses venosas estabelecem uma escassez no conjunto dos quadros de patologia vascular cerebral (Cancela, 2008).

Por sua vez os AVC´S embólicos (embolia cerebral) ocorrem quando o bloqueio se deve a um coágulo, bolha de ar ou bloco de gordura que se produz num vaso sanguíneo, sendo transportado para o cérebro ou por um bloqueio de baixos vasos sanguíneos numa parte enorme do cérebro (Associação de AVC, 2009 citado por Pires, 2014).

A trombose cerebral e embolia cerebral que são originados por coágulos sanguíneos cercam o fornecimento de uma artéria do cérebro (Chamberlim & Brigham, 2005). No que concerne ao AVC hemorrágico este deriva de um derrame que ocorre quando explode um vaso sanguíneo no cérebro, fomentado uma hemorragia intracerebral ou parenquimatosa resultante de um vaso sanguíneo que explode dentro do cérebro, e ainda

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15 subaracnídea, resultante de um vaso que sangra a superfície para uma área suberacnóide (Valverde et al, 2010, Associação de AVC, 2009 citado por Pires 2014).

Esta hemorragia pode surgir de algumas formas, a nível de um aneurisma (“um ponto fraco ou fino na parede de uma artéria” (Cancela 2008, p. 5) e devido a uma ruptura de uma parede arterial (“ as paredes arteriais encrostadas de placa perdem a sua elasticidade, ficam rígidas, finas e sujeitas a quebrarem “ (Cancela 2008, p. 5).

2.2.2 Depressão

2.2.2.1 Definição

A Depressão é uma das doenças mais comuns no dia-a-dia que atinge parte da população.

Designadamente, esta depressão pode originar uma depressão do foro médico ou qualquer desordem mental. Maioritariamente, tem o intuito de dissimular alterações mentais importantes, surgindo muitas vezes inquietações do estado depressivo (Schneider,1983)

Uma das características presentes nesta patologia é a melancolia porém, podem ser distinguidos dois tipos de sinais da depressão nomeadamente do foro psíquico e do foro corporal. Uma das grandes características predominantes deste estado (psíquico) tem a ver com o humor. Há uma diminuição em que a pessoa quebra a vontade de viver, sendo esta diminuída, instituem-se o desespero e renúncia. Nesta primeira fase os projectos que a pessoas tinha em vista para a sua vida futura e por vezes presente, deixam de ter significado. Pode perder o gosto em viver acarretando para eventuais suicídios (Schneider,1983; Canova, 1994).

A nível das perturbações corporais, destinguem-se as insónias e as constantes alterações corporais. O indivíduo acorda muito mais cedo, não se sente bem nem

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16 repousado como anteriormente. Esta perturbação deve ser tratada por si mesmo devido aos benefícios que trará ao paciente, dormir uma quantidade de sono, considerada suficiente (Schneider,1983).

Contudo se o paciente passar diversas horas com insónias, causar-lhe-á um grande cansaço e provoca modificações no seu estado físico (Schneider,1983).

2.2.2.2 Sinais e Sintomas da Depressão

A semiologia desta patologia é designada pela corporação de um humor depressivo e de uma lentidão psicomotora. Factores como a culpabilidade, o desespero, a visão da pessimista da existência e os sinais somáticos, comportam toda esta patologia (Duron & Parot, 2001).

Para além de tristeza prolongada e desinteresse, a pessoa deprimida fica sem vontade ou prazer em levar a cabo actividades que, anteriormente, pensava como agradáveis e sente-se sem energia ou com cansaço obstinado. De uma forma geral, encontram-se queixas expostas com as funções vitais do seu organismo. Assim, dá-se normalmente uma alteração do apetite (falta ou excesso de apetite), das horas de sono também ficam modificadas (sonolência ou perda de sono) e o desejo sexual abranda de forma gradual, atenção a estes sinais que são muito importantes. Ao mesmo tempo que todo o corpo inicia a presença da depressão, é constante as pessoas deprimidas sentirem-se inúteis e sem valor, com a auto-estima muito diminuída, terem ideias relacionadascom a morte, sentirem-se incapazes de dar início e desenvolvimento tarefas que executavam com facilidade (Horiunto, Ayache &Souza, 2005; CID 10 & DSM IV; Canova, 1994; Wilkinsom, Moore & Moore, 2005).

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17 Canova (1994) menciona que as depressões podem ser reactivas, ou seja, esta depressão está ligada a casos de perdas dolorosas como morte de um ente querido, perda de emprego entre outras.

Esta depressão para alguns psiquiatras não se envolvia nas verdadeiras depressões, pelo facto de se considerarem imprevistos dolorosos que ocorrem na vida. Porém, se ocorresse um isolamento, insónias, mutismo, excitação psíquica então sim, poderiam ser incluídas e falar-se de uma depressão (Canova, 1994).

Sempre que o indivíduo padeça de uma perda que lhe faça diminuir o impulso do desejo e da esperança, acompanhando-se de um vazio emotivo, estamos perante de uma depressão (Canova, 1994).

As depressões neuróticas evidenciam-se por possuir uma grande componente ansiosa. Predomina nesta depressão o factor ansiedade um grande contributo para a mesma. Nesta depressão o sujeito manifesta dificuldade em concentrar-se no que faz, levando-se a observar e examinar-se constantemente (Canova, 1994). Sobressai também neste tipo de depressão angústia sendo um factor elementar e crucial.

Por último as depressões cíclico-maníacas caracterizam-se por indivíduos que mantêm uma mudança mais ou menos longa de humor negro, mutismo e uma enorme desconfiança, alternando com ciclos de grande euforia alimentando-se, por ideias de grande grandez (Canova, 1994).

De acordo com o CID 10, os episódios depressivos podem ser leves em que predomina um humor deprimido, perda de interessa e qualquer prazer e um aumento da fatigabilidade. Um indivíduo que padeça desta depressão, normalmente sente uma angústia pelos sintomas e realça-se a dificuldade em executar tarefas do seu dia-a-dia. O episódio depressivo moderado ocorre quando predominam pelo menos três sintomas do episódio leve. O indivíduo que padeça desta depressão, normalmente

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18 apresenta dificuldades em continuar o seu trabalho no que respeita ao meio social ou doméstico (CID 10).

Segue-se o episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos sucedendo uma grande angústia, perda da auto-estima, sentimentos de culpa e inutabilidade podendo suceder o suicídio no caso de a patologia ser grave. Neste episódio o sujeito está incapaz de realizar actividades sociais, laboratoriais e domésticas.

Por outro lado, no episódio depressivo grave com sintomas psicóticos para além de permanecerem os sintomas dos outros episódios, neste destacam-se delírios e alucinações. Normalmente estes delírios abrangem ideias de pecado, pobreza ou desastres eminentes, dos quais o sujeito pode adoptar responsabilidade (CID 10).

2.2.3 Transtorno da Personalidade Borderline (Estado-limite)

2.2.3.1 Definição

O termo Borderline é usado por inúmeros autores, há mais de um século para designar um grupo de pacientes que se definem, por apresentarem uma modificação entre a neurose e psicose (Zanini, 1997).

Este termo surge em 1884. De acordo com Hughes (1884) citado por Zanini (1997) caracteriza estes estados da loucura, designando essas pessoas que passaram toda a sua vida de um lado para o outro da linha da sanidade.

Por outro lado Bleuler (s.d) citado por Zanini (1997) considerava a esquizofrenia latente como se fossem borderline.

Consequentemente, Henry Claude (s.d) citado por Zanini (1997) designava-os de esquizomanias, entre outros.

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19 Alexander (1927) citado por Zanini (1997) designa os estados borderline como “carácter neurótico”.

Finalmente Sters (1938) citado por Zanini (1997) formaliza o termo Borderline, dominando-o de “hemorragia mental” desencadeada por uma vasta intolerância à frustração.

Em 1967 Grinker (s.d) citado por zanini (1997) designa a síndrome borderline de acordo com os seguintes aspectos: sentimento de raiva como afecto fulcral, análise com transtorno nas relações auto-identidade consistente e depressão sem sentimento de culpa sem auto acusação ou remorso.

Ao longo dos anos este termo foi evoluindo sendo comparado ao paciente borderline actual com os histéricos do final do século XIX e princípio do século XX.

O Transtorno Borderline foi assim dividido em 4 grupos: 1 borderline com predomínio de características esquizóides e/ou paranoides mais próximas das psicoses, 2 borderline com predomínio de características distimicas e afectivas, 3 com predomínio de características anti-sociais e perversas e por último, com predomínio de características neuróticas (Zanini, 1997).

A personalidade é a parte biológica de cada indivíduo, somada ao que apropriamos da cultura. A união dessas duas partes vai originar uma variedade de comportamentos recorrentes que classificam a parte de cada um.

A borderline por sua vez é marcada pela dificuldade nas relações interpessoais, baixa auto-estima, instabilidade reactiva do humor e impulsividade (Jansem, 2012; Fernandes, 2002).

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20 O Transtorno de Personalidade Borderline é uma doença mental grave que se denomina por uma instabilidade prevalente do humor, dos relacionamentos interpessoais, da imagem que o divíduo tem de si mesmo e do seu comportamento (Swatz, Blazer & Winfield, 1990).

Este transtorno afecta aproximadamente 2% dos adultos, essencialmente mulheres jovens. Ocorre uma grande frequência elevada auto-agressões sem intenção de suicídio, assim como, algumas tentativas de suicídio mais significativo e em casos graves, o suicídio ocorre com êxito (Swatz, Blazer & Winfield, 1990).

Uma pessoa que padeça deste transtorno apresenta episódios intensos de raiva, depressão e ansiedade que podem durar algumas horas, ou um dia no máximo. Estes podem ainda unir-se a episódios de agressividade impulsiva, auto-agressão e ingestão de álcool ou drogas. A longo prazo, ocorrem mudanças da cognição e consciência ou em objectivos a longo prazo (Swatz, Blazer & Winfield, 1990).

O indivíduo que sofra deste transtorno combate com o intuito de evitar uma perda ou abandono, real ou imaginário, fazendo com que o mesmo padeça de grandes modificações comportamentais, afectivas e ocasionais, suscitando alterações na sua auto imagem (Pasini & Dametto, 2010).

De acordo com Kaplan, Sadock & Grebb (1997, p. 694) citado por Pasini e Dametto (2010) “ Os indivíduos com Personalidade Borderline podem ser muito dependentes daqueles com quem convivem, e expressam uma cólera intensa contra seus amigos íntimos, quando frustrados; contudo não conseguem tolerar a solidão e preferem uma busca desenfreada de companhia, não importando quão insatisfatória, a ficarem sós consigo mesmos. Para evitarem esta solidão, mesmo que por breves períodos de tempo, aceitarão um estranho como amigo ou serão promíscuos”.

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21 Referente aos mecanismos de defesa do sujeito Borderline, podemos aferir em primeiro a clivagem que consiste em ressaltar os aspectos bons e maus do seu próprio eu e dos objectos, proporcionando uma discordância e ambivalência emocional; em segundo lugar: a ideação primitiva que consiste em realizar imagens não reais do outro como bom ou mau na totalidade; em terceiro lugar: a onipotência e desvalorização onde o sujeito, se comporta de uma forma sublime, inabilitando os sujeitos em seu redor, dos quais podem ser vítimas de projecções más do seu próprio eu; quarto lugar: identificação projectiva que tem o intuito de realizar a externalização dos aspectos agressivos e maus de si mesmo e por último, a denegação na qual o sujeito anula um sentimento (Kernberg, O. Et al 1991).”

2.2.4 Perturbação Dependente da Personalidade 2.2.4.1 Características de Diagnóstico

Esta Perturbação apresenta como principal característica uma enorme e excessiva necessidade de ser cuidado, reflectindo uma conduta obediente, uma grande angústia de separação. Esta perturbação inicia se na idade adulta e persiste numa variedade de contextos. Os comportamentos dependentes e obedientes, determinam uma obtenção de cuidados tendo origem essencialmente na autopercepção de incapacidade para mover-se adequadamente sem ajuda dos outros (DSM IV)

Manifestam grande dificuldade em tomar as decisões do seu dia-a-dia, sem um reforço e aconselhamento excessivo dos outros (Zanin & Valerio, 2004).

Pessoas que sofram desta perturbação manifestam uma grade passividade e consentem que os outros tomem iniciativas e assumam as responsabilidades nas suas áreas de maior impacto das suas vidas (DSM IV).

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22 Quem padeça deste distúrbio, rendem-se aos excessos para receber apoio, até mesmo como voluntários na execução de tarefas menos agradáveis. Submetem-se ao desejo de outros mesmo que acarrete exigências pouco razoáveis (DSM IV).

Indivíduos com este distúrbio manifestam desconforto ou desamparo quando estão sozinhos, devido ao medo exaltado de serem incapazes de cuidar de si próprios. Muitas vezes, podem “ficar colados” mediante pessoas que possam ser vistas importantes nas suas vidas com o intuito de não ficarem sozinhos, mesmo que não tenham interesse ou envolvimento do que está em seu redor. Quando um relacionamento significativo termina, esses indivíduos podem sair urgentemente em busca de outro relacionamento que ofereça cuidados e o apoio de que necessitam. A crença na incapacidade de funcionar na ausência de um relacionamento íntimo motiva-os a se envolverem rápida e indiscriminadamente com outra pessoa. (Zanin & Valerio, 2004).

“Assim, as cognições mais marcantes nos indivíduos com Transtorno de Personalidade Dependente são referentes à baixa auto-estima, abandono e medo de errar; geralmente, referem-se a si mesmos como sendo incapazes de fazer qualquer coisa sozinhos. Do ponto de vista comportamental, a falta de iniciativa é marcante e não percebem os prejuízos que este comportamento pode acarretar na vida (Safran & MacMain, 1992; Ventura, 1998 citado por Zanin & Valério, 2004).es, e quando esses são excessivos e irrealistas (Zanin & Valerio, 2004).”

2.2.4.2 Estratégias e Técnicas Cognitivo – Comportamental

O paciente deve aprender gradualmente a separar-se de outras pessoas significativas para aumentar sua autoconfiança e senso de auto-eficácia em todos os aspectos da vida (Beck & Freeman, 1993 citado por Zanin & Valerio, 2004).

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23 Para estes fins, pesquisas enfatizam a utilização de estratégias e técnicas cognitivo-comportamentais, como treino de assertividade (resposta social apropriada para as situações, envolvendo expressão direta, honesta e adequada de sentimentos e pensamentos) (Rangé, Gorayeb, Lettner, Oliveira, Souza, Conceição & Poser 1998), treino de habilidade social (desenvolvimento de um repertório novo e mais aceito socialmente que vai capacitá-lo a influenciar seu ambiente social, em seu esforço para alcançar metas específicas) (Overholser, 1996; Rangé, Gorayeb, Lettner, Oliveira, Souza, Conceição & Poser 1998), orientações familiares (Head, Baker & Williamson, 1991), relaxamento, reestruturação cognitiva e ensaio comportamental, para uma melhor evolução no tratamento de indivíduos com TPD (Beck e Freeman, 1993; Overholser e Fine, 1994; Safran e McMain, 1992, citado por Zanin & Valerio, 2004). No entanto, a realização de estudos cada vez mais recentes na área acerca da eficácia da abordagem cognitivo-comportamental no tratamento dos pacientes com TPD são fundamentais para a confirmação destes dados e para programas de tratamento adequados baseados em estudos empíricos e científicos.

3 Actividades realizadas no âmbito de estágio 3.1 Trabalho de estágio

Inicialmente, no que respeita às actividades realizadas no âmbito do estágio, comecei por conceber um guia/tabela referente aos psicofármacos mais usados na Instituição nomeadamente: os Ansiolíticos, os Antidepressivos e os Antipsicóticos.

Seguidamente, foi-me fornecido um caso já com o diagnóstico determinado, em que tive a tarefa de o conceptualizar de acordo a Abordagem Centrada na Pessoa ou seja, tive a função de demonstrar de que forma a Abordagem

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24 Centrada na Pessoa trabalha com este tipo de distúrbio; por outro lado, foi-me incumbido o papel de conceptualizar um outro caso, de acordo com os eixos do DSM IV.

Uma outra actividade realizada consistiu, na elaboração dos passos que seriam fulcrais, fundamentais, essenciais e pertinentes para a realização do diagnóstico.

Observei uma palestra que teve a finalidade de apresentar na Escola de Tecnologias Navais, no Departamento de Limitação de Avarias, um curso de aperfeiçoamento de Higiene e Segurança no Trabalho acerca dos Riscos Psicossociais nomeadamente: o que são, a que nível pode afectar um indivíduo, a que tipos de riscos psicossociais pode o sujeito estar sujeito, quais os riscos psicossociais que podem surgir no ambiente naval, as consequências dos mesmos, o que é o stress, o que o próprio sujeito pode fazer para combater esse mesmo stress e por último o que as entidades patronais também pode fazer para combater o mesmo nos trabalhadores. Após esta observação foi-me solicitado a tarefa de elaborar uma reflexão sobre a mesma.

Realizei ainda um projecto que teve como finalidade, referir a caracterização da Instituição, os objectivos gerais da mesma e, os objectivos gerais e específicos do estágio de Psicologia. Em conjunto com o projecto foi criado também um cronograma que visava demonstrar todas as actividades realizadas (previstas) desde o começo até ao final do estágio.

Produzi a elaboração de um Poster que tinha como intuito fornecer informação aos sujeitos sobre a população alvo a que se destinava as consultas de Psicologia, quais os propostos e finalidades da mesma, onde se podem dirigir para efectuar a marcação de consultas e por fim informava-os da confidencialidade de toda a informação que era partilhada e exposta ao longo das consultas.

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25 Numa outra actividade realizada no estágio, foi-me dado a oportunidade de visitar dois NRP Portugueses: o NRP Arpão e o NRP Bartolomeu Dias. Esta visita levou-me a observar a realidade a que os militares estão sujeitos, quais e que tipos de dificuldades enfrentam, as restrições a que estão sujeitos, os problemas que podem surgir a bordo, no âmbito das condições a que podem estar sujeitos devido às operações que têm que executar. Seguidamente, elaborei uma reflexão acerca da visita.

Desde Janeiro que comecei a dar a formação sobre os Riscos Psicossociais na Escola de Tecnologias Navais, no Departamento de Limitação de Avarias, sendo esta realizada mensalmente.

Iniciei a observação de consultas, assim como os acompanhamentos e intervenções psicológicas nos finais de Janeiro, tendo reuniões de supervisão sempre que possível semanalmente, onde apresentei e discuti os casos que estava acompanhar.

3.2 Trabalho de Estágio 3.2.1 Avaliação Psicológica

No que respeita a avaliação psicológica, efectuou-se uma avaliação a um paciente tendo sido reencaminhado único e exclusivamente para esta respectiva avaliação. G do sexo masculino, com 56 anos de idade, 3 irmãos e 4 irmãs, é casado, com uma filha de 22 anos e um filho de 20 anos, sendo este autista, como habilitações literárias tem o 2º ano de escolaridade, pois não quis estudar mais.

Profissionalmente é militar exercendo a função de chefe de divisão num gabinete durante o dia.

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26 G é alto, de cabelos brancos, e olhos castanhos, um pouco forte apresentando também um pouco de barriga. Não apresenta qualquer tipo de deficiência e é de raça caucasiana. Não demonstra qualquer tipo de tatuagens nem piercings.

Ao longo da aplicação das provas, apresentou ao longo de todo o processo de avaliação, um contacto adequado correspondendo às tarefas que lhe foram propostas.

Demonstrou interesse, evidenciando satisfação pelas respectivas tarefas apresentando sempre um comportamento calmo e seguro.

Mostrou uma grande concentração e apresentação nas tarefas que ia realizando, não sendo visíveis qualquer deficiência quer a nível visual auditiva e motora.

Aplicou-se A Escala de Inteligência para Adultos (WAIS) devido a queixas de diferentes habilidades cognitivas, facultando também a averiguação do impacto de problemas do foro emocional psiquiátrico e neurológico do funcionamento cognitivo, uma vez que padeceu de um AVC, queixando-se de lesões a nível da falta de memória e dificuldade de concentração. O objectivo foi avaliar se havia deterioração nas capacidades cognitivas.

A WAIS compreende 14 subtestes que combina os conjuntos Verbal e de Manipulação, executados com o intuito de avaliar diversos aspectos do funcionamento cognitivo.

Resultados da Avaliação

Respeitante aos resultados globais, apresenta um QI Verbal de 53, QI de Realização 74 e QI Total de 127.

No que concerne ao QI Total, verifica-se que os resultados que apresenta (127), encontram-se acima da média.

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27 Apesar deste nível de inteligência, regista-se uma evidente discrepância entre os sub-testes verbais e as provas de realização, ou seja, apresenta um QI Realização superior ao QI Verbal, diferença significativa superior a 20 pontos podendo ser considerada extrema. Esta discrepância poderá sugerir uma falta de educação formal ou factores culturais como o meio onde cresceu, problemas com o raciocínio verbal, consequências do próprio AVC.

No que respeita aos Índices Factoriais, nomeadamente o de Compreensão Verbal de 82, incide o conhecimento verbal adquirido e o processo mental essencial para responder às questões, sendo a capacidade de compreensão; o índice Factorial IOP de 105 que se baseia na medida do raciocínio não-verbal, raciocínio fluído, na atenção voltada para os detalhes e na integravação visomotora.

O terceiro índice, Velocidade de Processamento com um índice de 90, familiariza-se com a capacidade de atentar-se para a informação, mantê-la por breves instantes emitindo-a na memória para em seguida proferir uma resposta.

Por último, a Velocidade de Processamento com um índice de 103 que consiste em resistir á distratibilidade tendo em conta os métodos face á atenção, memória e concentração para realizar a informação visual.

Verifica-se que não existe uma grande discrepância entre os índices factoriais quando agrupados em pares ressaltando de 27 pontos entre o grupo ICV-IOP que apresenta um valor superior a 27 pontos.

Aplicou-se também o MMPI devido não só ao aneurisma que teve como conhecer as características da personalidade do sujeito e detectar eventual existência de sintomas psicológicos. Possibilita também conhecer o comportamento vulgar no examinado com base nestes comportamentos, podem ser feitos hipóteses ou inferência acerca dos seus comportamentos no seu dia-a-dia.

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28 No que respeita ao Protocolo de Validade, o Sr. A apresenta um como resultado da escala L 60, uma escala F 62 e uma escala K 55.

A escala L (mentira) indica-nos “ os pontos fracos ou pequenas falhas, que as pessoas admitem que têm, embora em geral não sejam considerados como positivos, de um ponto de vista sociocultural” (Jurema, 2000, p.455)

A escala F (frequência) “detecta respostas atípicas, inusitadas, incluindo sensações bizarras, ideias estranhas, experiências peculiares, até sentimentos de alienação… “(Dahlstrom, Welsh & Dahlstrom, 1972, pp.114-115 citado por Jurema,200).

A escala K possiblita “ a identificação de factores subtis, mas eficazes, aumentando a sensibilidade do instrumento e proporcionando um meio de correcção estatísticas das escalas clínicas (Dahlstrom, Welsh & Dahlstrom, 1972, p 120 citado por Jurema, 2000). Segundo Jurema (2000) protocolos com L entre 60 e 69, F menos que 70 e K menos que 60, o protocolo é válido.

Seguidamente e de acordo com o gráfico do teste (ver gráfico em anexo), destaca-se escalonagem das etapas de interpretação do perfil clínico, no qual se destaca como resultados mais elevados duas escalas, nomeadamente a escala (d) depressão e a escala (pa) paranoia.

A elevação da escala d T-71 a qual indica a medição do sinal clínico da depressão, pode ser relacionada a um comportamento auto-agressivo. A sua elevação, não se associa apenas com depressão, mas associa-se a uma indicação de que as defesas face à ansiedade não são suficientes (Jurema, 2000).

Finalmente face ao PA T- 59 que nos indica o diagnóstico do quadro clínico da paranoia. Abrange categorias que compreendem sintomatologia paranoide (Dahlstrom, Welsh & Dahlstrom, 1972 citado por Jurema 2000).

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29 Pequenas elevações conduzem a interpretações mais negativas, apontando para uma orientação paranoide, em relação a um meio circundante, que é exigente e pouco eficiente.

3.2.2 Apresentação Clínica de dois casos

Foi possível realizar o acompanhamento de dois casos clínicos.

Os pacientes oram escolhidos á empatia criada entre ambos e à assiduidade dos mesmos, assim como a facilidade em se estabelecer a relação, ou seja, não faltavam às consultas que lhes eram marcadas e eram bastantes participativos.

Tive a possibilidade de acompanhar 10 pessoas dos quais padeciam essencialmente de depressão; no entanto, não eram assíduos nas mesmas, iniciando simplesmente e exclusivamente uma só consulta.

Dirigiam-se simplesmente ao gabinete por ordem do seu chefe.

Dos dois casos que foram acompanhados, foi possível gravar as sessões, embora tenhamos tido dificuldade na audição das mesmas. Foi possíveis as transcrições de um dos casos, de duas sessões seguidas da síntese directa de cada entrevista com o intuito de enriquecer o trabalho, colmatando esta dificuldade.

No final de cada caso irei elaborar uma reflexão pessoal acerca do mesmo.

Apresentação caso G.

Identificação

G, do sexo masculino, com 56 anos de idade, 3 irmãos e 4 irmãs, é casado, com uma filha de 22 anos e um filho de 20 anos, sendo este autista, como habilitações literárias tem o 2º ano de escolaridade, pois não quis estudar mais.

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30 Profissionalmente é militar exercendo a função de chefe de divisão num gabinete durante o dia.

O paciente é alto, de cabelos brancos, e olhos castanhos, um pouco forte apresentando também um pouco de barriga. Não apresenta qualquer tipo de deficiência e é de raça caucasiana. Não demonstra qualquer tipo de tatuagens nem piercings.

As entrevistas que se destinavam à recolha da história clinica do cliente realizaram-se ao longo de 3 realizaram-sessões.

Dados da 1ª consulta

Na 1ª consulta apresentava quanto ao seu aspecto, um aspecto cuidado apesar de simples, usando vestuário do próprio trabalho, a barba estava por fazer, manteve o contacto visual, prestando atenção ao que o examinador lhe comunicava (vígil).

Permaneceu sentado numa cadeira para trás, mexendo-se por vezes, dando ênfase aos seus gestos face ao que comunicava. A sua expressão facial revelava indiganação, sentimento de injustiça e oscilava entre o entusiasmo e quando falou do seu filho.

Quanto à sua atitude, demonstrou uma atitude colaborante e participativa. Apresentou um humor e emoção eutímico (calmo, confortável) oscilando para um humor e emoção apreensiva (ansioso nervoso preocupado).

A altura do discurso é normal. O seu discurso foi fluente, gramatical e espontâneo porém, por vezes teve dificuldade em encontrar determinadas palavras. Discurso rápido com erros gramaticais

Quanto ao pensamento, processo de pensamento e percepção, todo ele estava centrado no AVC e nas injustiças que sente no seu local de trabalho. Refere ainda que o tempo que esteve em casa, sentiu se calmo e tranquilo.

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31 Face ao insight e juízo critico, reconhece que teve o AVC e que lhe custa executar determinadas tarefas.

Motivo da Consulta Avaliação da Personalidade e funções Cognitivas.

Descrição das queixas actuais

O militar queixa-se de sentimentos de frustração, tristeza, angústia e injustiça a par da sua sintomalogia depressiva, que se manteve, no ambiente de trabalho para o qual foi destacado.

Ao longo dos anos toda a situação clínica iniciada pelo AVC que teve em 2007 causando danos psicológicos e emocionais, nomeadamente tristeza e injustiça profunda, desmotivação, ansiedade e perturbações do sono.

Vê na sua vida conjugal e familiar, o apoio e compreensão necessárias ao seu bem- estar.

Na dimensão social verifica-se uma tendência a evitar as pessoas que não o apoiaram

História da Doença Actual

G situa o início da sua sintomatologia em 2007 quando teve o AVC, sendo Internado no Hospital Garcia da Horta, tendo sido dispensado pela junta durante 60 dias de licença.

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32 Os chefes e colegas não acreditaram no sucedido o que começou a gerar em G sentimentos de nervosismo, tristeza e injustiça e crises de ansiedade e perda do sono. Refere após o AVC em 2007, se iniciaram os internamentos e hospitalizações, não só derivado do AVC mas também a má circulação nas pernas, uma artéria dilatada e um rim atrofiado.

Antecedentes Familiares

1. Pai. Faleceu há 42 anos, em 69. Refere que seu pai caiu e bateu parede e bateu com a cabeça e morreu. Tinha 5/6 anos quando o seu pai faleceu, não se recordando da relação entre ambos. Era agricultor

2. Mãe: recorda a relação com a mãe como sendo boa, tendo ocorrido um certo afastamento após se ter casado.

3. Irmãos. No que concerne ao relacionamento com os irmãos, o paciente referiu que eram unidos e sempre foram muito amigos. Brincavam muito quando eram crianças.

4. Ambiente familiar durante a infância e adolescência do paciente: não referiu 5. Qualidade das relações familiares/ familiares: refere relacionamento afectivo e

uma grande amizade com os seus avós não mencionando se correspondem á parte paterna ou materna.

6. Antecedentes médico-psiquiátricos na família: não referiu.

Observação Psicopatológica

Ao longo das sessões G mostrou uma atitude colaborante e participativa.

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33 Ao longo das consultas, revelou sempre um humor e emoção eutimica, e apreensiva sucendo alguma oscilação entre as mesmas, quando abordava temas que o aborreciam e incomodavam nomeadamente o ambiente de trabalho. O discurso é fluente e gramatical, espontâneo, acompanhando-o mediante gesticulação.

Conteúdo centrado no seu ambiente de trabalho e família.

Encontra-se orientado no tempo e no espaço auto e alopsiquicamente

Revela capacidade de Insight e juízo crítico, tem a consciência que é uma pessoa doente e sobre a realidade do seu ambiente de trabalho.

Conclusão

Após a observação clínica, observação psicopatológica e análise do exame psicométrico verifica-se o seguinte; no que concerne ao MMPI conclui-se que o sujeito revela desconforto pessoal e insatisfação com a sua situação profissional, presente, tal como exposto pelo próprio em situação de entrevista. Para além deste aspecto o protocolo do MMPI conclui que o indicador X pode ser discreto como desconfiado, defensivo e critico, com tendência a culpar os outros.

Expressa a sua hostilidade abertamente como sendo o resultado daquilo os chefias que…tal como também explorando em entrevista e que vai de encontro ao perfil obtido, os contactos com os elementos que o rodeiam em contexto de trabalho são difíceis devido à sua grande desconfiança.

Por último, as queixas somáticas apresentadas pelo individuo, parecem ter então com base psicológica/emocional como forma de lidar com a situação.

No concerne à WAIS, respeitante aos resultados globais, o paciente apresenta um QI Verbal de 53, QI de Realização 74 e QI Total de 127.

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34 No que concerne ao QI Total, verifica-se que os resultados que apresenta (127), encontram-se acima da média.

Apesar deste nível de inteligência, regista-se uma evidente discrepância entre os sub-testes verbais e as provas de realização, ou seja, apresenta um QI Realização superior ao QI Verbal, diferença significativa superior a 20 pontos podendo ser considerada extrema. Esta discrepância poderá sugerir uma falta de educação formal ou factores culturais como o meio onde cresceu, problemas com o raciocínio verbal, consequências do próprio AVC como é verificado na sua história clínica.

Reflexão Pessoal

Desde a primeira consulta, G demostrou ser participativo e interessado. Apresenta um discurso fluente e gramatical.

Foi-me fácil reverter para G a compreensão empática.

Não manifestei qualquer tipo de receio em aplicar os testes a G colaborou e participou de forma positiva e interessada nos mesmos.

Fiquei sensibilizada como G falava da sua família em especial dos filhos, em particular do seu filho autista.

Demonstrou ser um pai presente e preocupado com o quotidiano e escolha dos seus filhos no dia-a-dia.

Impressionou-me de forma positiva o cuidado que teve na realização dos testes, a atenção evidenciada e o gosto na execução das provas.

Tocou-me a forma como G é tratado na sua unidade de trabalho e os nervos e ansiedade que isso lhe causa.

Senti que manifesta uma grande ansiedade quando chega a hora de ir trabalhar e está no seu local de trabalho com os seus colegas.

(43)

35 Apresentação Caso M.

Identificação

M do sexo masculino, com 33 anos de idade, reside no Alto do Moinho, tem uma irmã, é solteiro, com uma filha de seis meses aproximadamente (do antigo relacionamento que durou 4 anos tendo terminado em dezembro de 2011), como habilitações literárias tem o 10º ano com um curso técnico profissional.

Profissionalmente é militar exercendo a função de cabo na direcção de navios, na parte informática na respectiva marinha.

O paciente é baixo, de cabelos e olhos castanhos, um pouco forte apresentando também um pouco de barriga. Não apresenta qualquer tipo de deficiência e é de raça caucasiana. Não demonstra qualquer tipo de tatuagens nem piercings.

Dados de observação na 1ª consulta

Na 1ª consulta apresentava um aspecto cuidado apesar de simples, usando vestuário práctico, usava umas calças de ganga, uma camisa e um casaco e tinha calçado uns ténis, a barba estava por fazer, manteve o contacto visual, prestando atenção ao que o examinador lhe comunicava (vígil). Por vezes (poucas), manteve o olhar baixo o que poderá revelar um certo desânimo.

Permaneceu sentado numa cadeira, inclinado para a frente, com os braços em cima da mesa. A sua expressão facial revelava alguma tristeza face ao assunto por ele abordado nessa mesma consulta nomeadamente o seu passado e essencialmente todo o conflito interpessoal que estava nesse momento a vivenciar com a sua namorada.

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36 Quanto à sua atitude, demonstrou uma atitude colaborante e participativa. Apresentou um humor e emoção disfórica (triste, desanimado e abatido) e um humor e emoção deprimido (triste). A altura do discurso é normal e a sua articulação também. O seu discurso foi fluente, gramatical e espontâneo.

Quanto ao pensamento, processo de pensamento e percepção, todo ele estava centrado em todo o conflito interpessoal que estava a vivenciar com a sua namorada nomeadamente sobre o que fazer em face à própria relação e uma vez que tinha sido pai há tão pouco tempo.

Motivo da consulta

M é quem faz o pedido, o qual afirmou desde inicio querer ter acompanhamento psicológico, devido a queixas de não conseguir dormir durante a noite e não se sentir cansado por isso, no entanto, afirma também que lhe foi dito que antes de vir à consulta de psicologia teria que ser visto pela psiquiatria. Referiu que a médica psiquiatra lhe receitou Dumirox 50, Diazepan 5 e Zulpide 10 mas, não queria tomar antes de vir á consulta de psicologia e pelo facto de fazer trabalhos nocturnos e ainda pelo facto de anteriormente ter padecido de uma depressão tomou medicação e afirma, que nessa altura se sentia “drogado”. Referiu ainda que neste momento achava que a medicação não era necessária e que tinha receio de criar habituação.

Quando se perguntou ao paciente o que o tinha trazido à consulta de psicologia, qual o motivo que o conduziu, referiu apenas que queria apoio psicológico e que a sua intenção sempre tinha sido essa, no entanto quando tentou vir à consulta de psicologia foi-lhe dito que teria de se deslocar primeiramente à consulta de psiquiatria.

O que o conduziu a procurar apoio foi o facto de não conseguir dormir, não se sentindo cansado com tal facto, devido a problemas que estava a vivenciar com a sua

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37 namorada, receando uma nova depressão como já tinha tido anteriormente. Mencionou também que o facto de não ter vontade de fazer nada nem mesmo o trabalho o interessava, também impulsionou a busca de ajuda.

Descrição das queixas actuais

M queixa-se de ter tido uma fase em que não conseguia dormir e outra em que não dormia e não se sentia cansado, não tendo vontade em fazer nada nem mesmo trabalhar. Refere que sentia estar perante um enorme dilema sem saber o que poderia e deveria fazer face ao que estava a suceder entre ele e a namorada nomeadamente o facto de ter deixado de gostar dela, terem acabado de ter uma filha e, não sabia o que deveria fazer, afirma muitas vezes que sempre tentou de tudo para dar resultado mas já não conseguia mais, apesar de ser uma mulher incrível, tinha simplesmente deixado de a amar. Menciona também que esses sintomas persistiram enquanto se confrontava com este dilema, tendo acabado após tê-lo resolvido, ou seja, após ter terminado a relação em Dezembro de 2011. Sentia que estava sobre uma enorme pressão, quase a explodir, receoso das decisões que teria que tomar e de magoar e desiludir as pessoas.

Estava também perante uma situação que o preocupava nomeadamente a operação que teria que fazer devido ao vírus HPV.

A par da sintomatologia, queixa-se de sentimentos de desgaste e exaustão devido às discussões que predominam com a mãe, referindo diversas dificuldades não só na relação em si mas também, dificuldades a nível de comunicação, conduzindo a uma alteração do seu sistema nervoso (aumento dos batimentos cardíacos), levando-o a perder a paciência para determinadas situações no seu dia-a-dia.

Para além da falta de paciência, afirma ainda uma certa ansiedade e revolta, sentindo um aumento das batidas do coração e uma alteração do ritmo cardíaco e uma vontade

Referências

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