• Nenhum resultado encontrado

A docência online : um caso no ensino de teclado na licenciatura em música a distância da UnB

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A docência online : um caso no ensino de teclado na licenciatura em música a distância da UnB"

Copied!
140
0
0

Texto

(1)

Universidade de Brasília

Instituto de Artes – Departamento de Música Programa de Pós-Graduação em Música

A DOCÊNCIA ONLINE: UM CASO NO

ENSINO DE TECLADO NA LICENCIATURA EM MÚSICA A DISTÂNCIA DA UNB

HERMES SIQUEIRA BANDEIRA COSTA

BRASÍLIA 2013

(2)

A DOCÊNCIA ONLINE: UM CASO NO

ENSINO DE TECLADO NA LICENCIATURA EM MÚSICA A DISTÂNCIA DA UNB

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação “Música em Contexto” do Instituto de Artes da Universidade de Brasília, na área de concentração em Música, na linha de pesquisa: Educação Musical, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Affonso Marins

Brasília 2013

(3)

A DOCÊNCIA ONLINE: UM CASO NO

ENSINO DE TECLADO NA LICENCIATURA EM MÚSICA A DISTÂNCIA DA UNB

Comissão Examinadora:

________________________________________ Prof. Dr. Paulo Roberto Affonso Marins – PPG/MUS/UnB

(Orientador)

________________________________________ Profa. Dra. Wilsa Maria Ramos – PPG/UnB

________________________________________

Profa. Dra. Maria Cristina Carvalho Cascelli de Azevedo – PPG/MUS/UnB

________________________________________ Profa. Dra. Delmary Vasconcelos de Abreu – PPG/MUS/UnB

(Suplente)

(4)

Agradeço imensamente ao meu Deus, Todo-Poderoso, pelas inúmeras oportunidades alcançadas ao longo de minha vida.

Aos meus pais, irmãos, sobrinhos, cunhados, pela carinho e encorajamento; Aos amigos do mestrado Augusto Charan, Guilherme Montenegro, Larissa Rosa, Tânia Rêgo e Verônica Gurgel, pois juntos trilhamos mais uma importante etapa de nossas vidas, cujo apoio foi fundamental para a realização desta pesquisa

A Angelina Hochica, que sempre me incentivou desde o começo

Aos amigos, por todo o apoio, mesmo nos constantes períodos de ausência Aos colegas de trabalho da Escola de Música, por todo incentivo

Ao meu orientador, prof. Dr. Paulo Marins, braço direito e esquerdo de todas as etapas e com quem pude aprender muito ao longo dessa jornada

As Professoras Doutoras Wilsa Ramos, Maria Cristina de Carvalho, Delmary Abreu que gentilmente aceitaram participar da banca, ao contribuir imensamente com seus conhecimentos

Aos professores participantes desta pesquisa, por toda atenção e concessão de informações valiosas para a realização desta pesquisa

Aos professores do PPG/MUS/UNB, pelo eterno aprendizado

Aos funcionários do PPG/MUS/UNB, os quais sempre estiveram de prontidão a nos auxiliar

A professora Isabel Montandon, que gentilmente me convidou para atuar no curso de Música a distância da UnB, o qual originou esta pesquisa;

(5)

“Educação à distância não pode ser outa maneira de ensinar, mas oportunidade renovada e potencializada de educar, conhecer, aprender.” Pedro Demo

(6)

A Deus, aos meus pais, em especial a minha mãe...

(7)

RESUMO

A educação a distância se apresenta como uma importante ferramenta educacional e social, ao permitir que uma grande parcela da população tenha acesso a um curso de formação superior, bem como em descentralizar a educação além dos espaços físicos e determinados de um campus universitário. Nesse contexto, a educação musical tem expandido sua atuação por meio de cursos de licenciatura em Música a distância, atualmente ofertada por três universidades públicas no país. Nesses cursos, além da formação para o ensino de música na educação básica, é oferecida aos estudantes formação básica em instrumentos musicais. Uma vez que o ensino de um instrumento musical é um processo dinâmico, com professor e aluno interagindo em tempo real, esta pesquisa teve por objetivo investigar como ocorre o ensino do teclado a distância, no âmbito do curso de licenciatura em Música a distância da Universidade de Brasília (UnB), assim como a utilização das tecnologias digitais nessa modalidade de ensino, por serem importantes ferramentas para veiculação do ensino online. A metodologia adotada foi o estudo de caso e os dados foram obtidos a partir de entrevistas semiestruturadas, a partir da perspectiva dos professores-pesquisadores conteudistas, docentes responsáveis pela criação das disciplinas práticas de teclado do referido curso. Verificou-se que o ensino de teclado a distância ocorre prioritariamente de modo assíncrono entre professor e aluno por meio de materiais pedagógicos, produzidos previamente e veiculados por meio da combinação de diversas mídias digitais. No ensino online, a tendência não é a substituição da figura do professor, pois este é um importante pilar da educação; portanto, torna-se um mediador da aprendizagem dos alunos; as tecnologias digitais são intensamente utilizadas para que a mediação ocorra, bem como essencial para a interatividade, a qual ocorre principalmente por meio dos materiais pedagógicos. O emprego das tecnologias digitais no ensino a distância é massivo e sua utilização, por vezes, é aleatória; constatou-se, também, a importância de uma formação inicial e continuada para a utilização dessas ferramentas tecnológicas para os docentes que atuam na educação musical a distância. Apesar da interação entre professor e aluno ocorrer majoritariamente de modo assíncrono no ensino de instrumento de um curso de licenciatura em Música a distância, em detrimento das formas síncronas de comunicação, o aprendizado do teclado é viável para a finalidade a que se dispõe: ter o instrumento de teclas para ensinar e fazer música.

Palavras-Chaves: Educação a Distância; Educação Musical a Distância; Docência online; Tecnologias digitais.

(8)

Abstract

Distance education presents itself as an important educational and social tool, to allow a large portion of the population has access to a course of higher education, as well as to decentralize education beyond the physical spaces and certain of a university campus. In this context, music education has expanded its operations through in Music distance degree, currently offered by three public universities in the country. In these courses, beyond training for teaching music in elementary education, is offered to students basic training in musical instruments, ensuring the future of this musical education teacher. Since learning a musical instrument is a dynamic process, with teachers and students interacting in real time, this research aims to investigate how teaching keyboard at distance occurs, in the course Music degree from the University of Brasilia (UnB), as well as the use of digital technologies in this type of education, to be important tools for placement of online learning. The methodology adopted was the case study and the datas were obtained from interviews with teachers content-researchers, teachers responsible for the creation of practical disciplines keyboard that course. It was found that the teaching of keyboard distance occurs primarily asynchronously between teacher and student through the learning materials produced in advance and served through a combination of various digital media. In online teaching, the tendency is not to replace the figure of the teacher, as this is an important pillar of education, therefore, becomes a mediator of student learning, digital technologies are intensively used for mediation to occur, as well as essential for the interaction, which occurs mainly through the teaching materials. The use of digital technologies in distance education is massive and its use sometimes is random, it was found, also, the importance of initial and continuing training for the use of these technological tools for teachers working music education at distance. Although the interaction between teacher and student occurs mostly asynchronously in teaching instrument a degree in music at distance, to the detriment of synchronous forms of communication, learning the keyboard is viable for the purpose for which it provides: have keyboard instrument to teach and make music.

Keywords: Distance Education; Musical Distance Education; Online Teaching; Digital Technologies.

(9)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Página

Imagem 2.1 – Polo de Cruzeiro do Sul - AC --- 40

Imagem 2.2 – Sala de Computadores do Polo de Cruzeiro do Sul --- 41

Imagem 2.3 – Estrutura da sala do Polo de Porto Nacional – TO --- 41

Imagem 2.4 – Estados atendidos pela UnB/EaD --- 43

Imagem 3.1 – Ambiente Virtual de Aprendizagem --- 52

Imagem 3.2 – Dimensões da Formação de Professores --- 65

Imagem 4.1 - Estrutura de módulos da disciplina de Teclado 1 --- 68

Imagem 4.2 – Exemplo de notação musical não tradicional --- 69

Imagem 4.3 – Exemplo de notação musical tradicional --- 69

Imagem 4.4 – Exemplo de vídeo explicativo --- 70

(10)

LISTA DE QUADROS

Página

Quadro 2.1 – Gerações da EaD --- 28 Quadro 3.1 – Recursos e mídias utilizadas pelas disciplinas de Teclado --- 53 Quadro 5.1 – Identificação dos participantes --- 85

(11)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. EaD – Educação a Distância

IES – Instituições de Ensino Superior MEC – Ministério da Educação

Moodle – Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment Prolicen – Pró-Licenciatura

TI – Tecnologia da Informação

TIC – Tecnologias de informação e comunicação UAB – Universidade Aberta do Brasil

UFSCar – Universidade Federal de São Carlos

UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul UnB – Universidade de Brasília

(12)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO --- 14

2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA --- 24

2.1 CONCEITOS --- 24

2.2 EDUCAÇÃO MUSICAL A DISTÂNCIA--- 31

2.2.1 Ensino de Instrumento Musical a Distância --- 35

2.3 O PROGRAMA UAB --- 39

2.4 O CURSO DE MÚSICA A DISTÂNCIA DA UNB --- 44

3 DOCÊNCIA ONLINE --- 46

3.1 TECNOLOGIAS DIGITAIS E A EAD --- 46

3.2 AMBIENTE VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM --- 50

3.2.1 Moodle --- 51

3.3 CAPACITAÇÃO DOCENTE PARA O USO DAS TIC NA EAD --- 54

3.4 DOCÊNCIA VIRTUAL --- 61

4 AS DISCIPLINAS DE TECLADO --- 66

5 METODOLOGIA --- 76

5.1 INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA: ESTUDO DE CASO --- 76

5.2 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS: ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA --- 78

5.3 DESENVOLVIMENTO DO TÓPICO GUIA E TRANSCRIÇÃO --- 81

5.4 SELEÇÃO DOS ENTREVISTADOS --- 83

(13)

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS --- 87

6.1 INÍCIO DA DOCÊNCIA NA EAD --- 87

6.2 DOCÊNCIA ONLINE --- 92

6.2.1 Características da docência virtual --- 92

6.3 O ENSINO DE TECLADO --- 95

6.3.1 Planejamento das aulas em Educação Musical a Distância --- 95

6.3.2 Objetivos da Disciplina --- 97

6.3.3 Conteúdos --- 99

6.3.4 Desenvolvimento das atividades e Avaliação --- 101

6.3.5 Aula de teclado a distância --- 104

6.4 TECNOLOGIAS E MÍDIAS DIGITAIS --- 108

6.5 CURSO DE FORMAÇÃO DOCENTE PARA USO DA TECNOLOGIA DIGITAL --- 113

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS --- 122

REFERÊNCIAS --- 129

APÊNDICES --- 136

APÊNDICE A – Matriz curricular do Curso de Licenciatura em Música EaD/UnB --- 137

APÊNDICE B – Guia de Entrevista --- 138

APÊNDICE C – E-mail de Contato --- 138

(14)

1 INTRODUÇÃO

Inicio esta dissertação, utilizando-me da prerrogativa da redação na primeira pessoa do discurso, para relatar minhas experiências na educação a distância, as quais originaram as questões e objetivos desta investigação.

Os primeiros contatos com o ensino online surgiram em uma disciplina optativa, ofertada pelo curso de Pedagogia da Universidade de Brasília (UnB). O curso era presencial, com alguns momentos realizados virtualmente. Durante aquele período, tive pouco interesse nessa modalidade de ensino. Em parte, por não compreender o porquê das atividades estarem sendo realizadas daquela forma; como também, por não estar familiarizado com o ambiente virtual de aprendizagem (AVA), e os recursos que este disponibilizava.

Depois dessa experiência, até a finalização da graduação não mantive relação alguma com essa modalidade de ensino. Posteriormente, tive uma nova oportunidade de ingressar na Educação a Distância (EaD) por meio de outra perspectiva. Em 2008, a convite de uma professora do Departamento de Música da UnB, iniciei as atividades como professor tutor a distância no curso de Licenciatura em Música da UnB, na disciplina de Instrumento Principal e/ou Optativo – Teclado – função a qual permaneço até o presente momento, concomitante com as funções de professor supervisor e professor pesquisador.

O tutor a distância, de acordo com o Projeto Político-Pedagógico do curso de licenciatura em Música a distância da UnB (PPP/MUS), atua como mediador entre as instituições que oferecem os cursos e os estudantes, em que sua função primordial é de facilitador da aprendizagem (PPP/MUS, 2009). Dentre outras atribuições, o tutor a distância tem como função auxiliar os processos de aprendizagem dos alunos; gerenciar as atividades seja na correção de atividades ou na condução de discussões; dar suporte técnico, selecionar softwares que sejam adequados à disciplina (DUARTE, PACHECO, 2010), “dominar as ferramentas” utilizadas no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) (PPP/MUS, 2009, p. 15); bem como dar suporte ao professor supervisor da disciplina, função esta que, em alguns casos, pode ser exercida pelo professor autor.

(15)

Professor-pesquisador conteudista, segundo nomenclatura utilizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), é aquele que concebe a disciplina de um curso a distância, em sua totalidade. Na disciplina, o docente é o responsável pela elaboração do plano de curso; das estratégias didáticas – contextualizadas à EaD; pela organização dos materiais didáticos, dos recursos, das mídias, das tecnologias e das estratégias aplicadas ao ensino a distância (PPP/MUS, 2009).

Segundo a CAPES, há outra função, a do professor-pesquisador. De acordo com as atribuições inerentes a esse docente são as mesmas do professor conteudista. Na prática, ao professor-pesquisador cabe revisar todo o conteúdo da disciplina, alterando, modificando ou mesmo incluindo um conteúdo, um material didático, uma mídia digital. Caso contrário, alterações em demasia poderiam descaracterizar a disciplina criada pelo professor-pesquisador conteudista, por se modificar os objetivos propostos pelo autor principal.

O docente pesquisador, além das questões pedagógicas supracitadas, precisa também estar articulado com os demais grupos multidisciplinares, como as Equipes de Colaboradores, entre eles os grupos de Tecnologia da Informação (TI) de suas universidades, de Coordenação de Desenvolvimento Pedagógico e Multimídias – responsáveis p.e., no apoio aos alunos no acesso e navegação no ambiente de virtual de aprendizagem, bem como no auxílio aos professores, coordenadores e tutores com a navegação e ferramentas do AVA; oferta de cursos de formação quanto à utilização de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). No caso da UnB, tais grupos estes que estão vinculados à Coordenação Operacional Adjunta de Ensino de Graduação a Distância da referida universidade.

Na função de supervisor, além do contato com o professor autor, esse docente forma os professores tutores a distância nas atividades da disciplina, de acordo com a ementa da disciplina e o currículo do curso de licenciatura. O supervisor torna viável novas estratégias de ensino-aprendizagem, propondo que uma determinada atividade possa ter diferentes possibilidades de ensino, a fim de ser apresentada ao aluno; assim como o desenvolvimento da disciplina, seja metodológico, teórico ou operacionalmente (PPP/MUS, 2009).

(16)

Não muito diferente da experiência lograda à época como aluno da graduação, os primeiros contatos com os recursos utilizados no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)1 não foram satisfatórios. Além da experiência de ensino ser diferente daquela realizada no presencial - como a ausência física da interação entre professor-aluno - a falta de familiaridade com os recursos tecnológicos, aliada com o manuseio dos recursos que essa modalidade exige, tornou essa experiência realizada na forma de erro e tentativa.

Diante dessa falta de habilidades e conhecimentos dos recursos que o ambiente virtual exigia, pude perceber, por meio de observações e conversas informais, que outras pessoas apresentavam dificuldades em manusear esses aparatos tecnológicos. Professores com experiência pedagógica estavam em situações semelhantes a essa.

Assim como a minha própria, à época, a pouca ou nenhuma convivência desses docentes com determinadas tecnologias podia representar um obstáculo para que a disciplina de instrumento pudesse ter um melhor desenvolvimento, no sentido de que fossem exploradas as potencialidades de cada recurso, uma vez que não conhecíamos ou tínhamos intimidade com os recursos aplicados no AVA. Consequentemente, poderíamos não ter uma solução imediata para algum problema tecnológico ou pensar em outra estratégia de ensino, a qual dependesse de alguma mídia ou tecnologia para ser aplicada.

As tecnologias digitais empregadas no ensino a distância podem ser mais complexas, por serem, por vezes, o principal meio de comunicação entre professor e aluno, bem como utilizar outros recursos digitais que normalmente não seriam utilizados com frequência em uma aula presencial, como o vídeo, por exemplo – o que podem influenciar a prática de ensino e aprendizagem (MILL, 2010). Tais implicações geram, segundo Mill e Pimentel (2010, p. 126), “influências diretas (...) sobre as competências requeridas do educador e, por conseguinte, sobre a formação desse profissional”.

Moore e Kearsley (2007) ressaltam que as tecnologias empregadas na EaD são diferentes daquelas utilizadas no ensino presencial, as quais requerem mais tempo e planejamento para que sejam aplicadas devidamente nesse contexto. Para

1

(17)

o professor que atua na educação a distância, além dos conhecimentos específicos de sua área, são necessárias competências para lidar com os diversos aparatos tecnológicos em sua prática (SCHLEMMER, 2010).

Sobre essas competências, Ramos e Medeiros (2011) enfatizam a importância da efetiva apropriação do conhecimento e reflexão desses recursos, a fim de aplicá-los devidamente na prática pedagógica. Para as autoras, é imprescindível a compreensão docente sobre a utilização dessas ferramentas tecnológicas na construção de materiais para a EaD, a fim de que esses recursos possam ser devidamente explorados, “pois nada deve ser feito sem pensarmos no conteúdo que pretendemos mediar, no público alvo, na realidade social envolvida no processo e nas formas possíveis de mediação” (RAMOS, MEDEIROS, s/d, p.1).

Entretanto, conhecer as funcionalidades e aplicabilidades das ferramentas digitais utilizadas no ensino a distância é apenas uma parte do processo a ser explorada pelo docente que trabalha com a EaD. A questão não é comparar o ensino a distância com o presencial, mas sim, perceber o potencial que esta modalidade pode oferecer à educação, assim como reconhecer as possibilidades de uma licenciatura em música a distância, em especial o ensino de instrumentos musicais a distância. Sobre este último aspecto, tornou-se um desafio aos educadores musicais: como potencializar o ensino de instrumentos musicais por meio do ensino online.

Apesar de não ser um fenômeno recente em nosso país, o atual formato de Educação a Distância2, mediado pela Internet, modificou a percepção de educação, em especial a educação superior. Evita-se, por exemplo, pensar que a interação entre estudantes e professores está restrita somente a um espaço físico-temporal determinado, limitado, pois é “impossível pensar que todas as atividades educativas previstas ocorram exclusivamente no espaço da escola, na sala de aula, diante de um professor” (KENSKI, 2005, p.2). O crescimento de propostas educacionais na educação a distância (EaD) tem sido favorecida pelo desenvolvimento das tecnologias digitais, ao permitir “(...) consultas com especialistas, (...) intercambiar opiniões, problemas ou propostas com outros usuários” (LITWIN, 2001, p.17).

2

Nesta pesquisa, adotamos o termo ‘educação a distância’ (EaD) por ser mais abrangente, ao englobar ensino e aprendizagem. A fim de evitar confusões em terminologias, a EaD será utilizada também em referência à educação online, mediada pela Internet [irei reformular].

(18)

A abordagem dos conteúdos não está restrita a um determinado período de tempo, o processo pedagógico pode acontecer a qualquer instante (BORNE, 2011). O formato de aula, no ensino online, divergirá consubstancialmente do ensino em um ambiente presencial (MOORE; KEARSLEY, 2007), pois toda a disciplina deve ser planejada previamente: seleção dos conteúdos que devem ser abordados, os materiais pedagógicos a serem adotados, bem como as mídias digitais para a veiculação desse material; as formas de avaliação.

Em uma sociedade constantemente conectada, segundo Moran (2011, p.46), dispositivos tecnológicos facilitam o acesso à informação, modificam o modo como o ensino e a aprendizagem ocorrem; assim, o professor deixa de ser o centro, “para uma aprendizagem mais participativa e integrada”. Conjuntamente com a evolução da Internet, o rápido crescimento da educação torna “cada vez mais indistintos os limites entre disciplinas, instituições e locais geográficos – um mundo cada vez mais complexo, mais veloz nas mudanças e mais pluralista” (LITTO, 2009, p.14).

As possibilidades educacionais proporcionadas pela EaD são observadas no crescente número3 de instituições públicas de ensino superior (IES) interessadas em ofertar cursos na modalidade a distância, mediados pela Internet, em diversas áreas do conhecimento, favorecendo acesso a populações que, seja por falta de uma IES ou dificuldades de deslocamento à outra cidade, dificilmente teriam ingressar no ensino superior.

Com a expansão da Internet, com a evolução de diversas mídias e equipamentos digitais, houve uma mudança em como escutamos, aprendemos música (GOHN, 2010). Encontram-se cada vez mais sítios que disponibilizam materiais de apoio ao aprendizado tais como textos, áudios, vídeo aulas, bem como professores que auxiliam aluno síncrona e assincronamente por recursos digitais próprios, como chats. Ao se procurar em sítios de pesquisa na Internet, em âmbito nacional4, utilizando-se palavras-chaves como educação musical a distância, ensino de instrumentos a distância e palavras correlatas, têm-se como resultados várias opções de cursos. Em sua maioria, são cursos de iniciativa privada que ofertam

3

De acordo com dados do portal www.uab.capes.gov.br, são 95 instituições cadastradas no sistema UAB entre universidades estaduais e federais – acesso em dezembro de 2012.

4 Pesquisas sobre cursos de música a distância realizadas em âmbito internacional, Henderson Filho (2009) lista instituições que ofertam formação musical online.

(19)

formação em teoria musical, instrumentos musicais e até mesmo uma instituição privada que oferta graduação em Música5 a distância.

Atualmente três universidades públicas federais ofertam o curso de Música na modalidade a distância, mediada pela Internet: a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) e a Universidade de Brasília (UnB).

Os profissionais que tiveram suas experiências com a educação musical a distância são professores com experiência na educação presencial, sejam em disciplinas teóricas ou práticas, como as de instrumento.

Com a ampla difusão da educação a distância, percebe-se que “muito desses profissionais que hoje trabalham com EAD não tiveram uma formação ‘formal’ na área” (LITTO, 2009, p.14), ou seja, aprenderam na prática. Braga (2009) apontou em sua tese que o ensino de instrumento a distância apresenta desafios e gera desconfianças a respeito de sua eficácia. Mesmo alguns anos depois da afirmação de Braga (2009), os desafios continuam, porém, a discussão deve ser direcionada em como maximizar o ensino e aprendizado de instrumentos a distância por meio da Internet.

Então, surge a seguinte questão: como tem se configurado o ensino do instrumento de teclado em um curso de licenciatura em Música a distância? Diante desse questionamento, outras subjacentes emergem: 1) Quais são as características docentes necessárias para o ensino de teclado a distância? 2) Como as tecnologias digitais são aplicadas no ensino de teclado a distância?

A presente pesquisa teve por objetivo descrever e discutir a docência no ensino do instrumento de teclado do curso de licenciatura em Música a distância da Universidade de Brasília, desde o planejamento até a implementação das disciplinas, por meio da perspectiva dos professores-pesquisadores conteudistas, responsáveis pelo desenvolvimento das disciplinas. Como objetivos específicos, buscou-se investigar a percepção dos professores pesquisadores sobre: 1) o planejamento e organização da disciplina, por meio da perspectiva dos professores conteudistas; 2) quais os critérios de utilização das tecnologias digitais no ensino de teclado a distância.

5

(20)

Poucas são as pesquisas relacionadas ao ensino de instrumento a distância, em especial sobre o ensino de teclado a distância, o que faz que este estudo seja relevante para a área de educação musical a distância. Corroborado por Krüger (2009), uma das justificativas para a realização desta pesquisa pauta-se na necessidade de mais pesquisas que envolvam o ensino de música a distância. A escolha da Universidade de Brasília como campo de pesquisa justifica-se por ter sido o ambiente em que tenho atuado nas diversas funções relatadas inicialmente - desde as primeiras ofertas das disciplinas de instrumento Teclado, acompanhado ao longo dos anos o desenvolvimento dessas disciplinas. Além do mais, a UnB é pioneira em iniciativas de educação a distância no país, desde a década de 1961, com projetos para a utilização das tecnologias na educação, e a partir da década de 1990, tem participado da elaboração e implementação de políticas de EaD no Brasil (PEREIRA, MORAES, 2009).

Quanto à atuação docente no ensino online, Belloni (2010, p.258) descreve que “quase não há formações prévias para esses corpos docentes, que aprendem a fazer EaD fazendo – isto é, trabalhando em equipe com outros profissionais [grifo da autora]. A autora relata que o trabalho docente na educação a distância é bastante complexo e que os poucos estudos referentes a essa temática relevam graus elevados de exigências e complexidades bem maiores nas equipes docentes da EaD que no trabalho individual do ensino presencial.

A prática docente online divergirá da prática do presencial, também, devido à massiva utilização dos recursos tecnológicos digitais empregados na EaD, colocando o docente em reflexões, questionamentos sobre sua prática nesse contexto de educação. Esses questionamentos ocorrem, também, devido às peculiaridades intrínsecas a essa modalidade de educação bem como a vivência e experiência nesse contexto, pois o docente:

depara-se com situações, em geral, não vivenciadas anteriormente como aluno, pois grande parte se formou no ensino presencial; confronta-se com tempos e espaços organizados de uma forma diferente; estabelece um contato com os alunos sem contar com os olhares e gestos e, em várias situações, sem ter uma reação imediata sobre o que foi apresentado e proposto. Estes elementos implicam em um conjunto de saberes didático-pedagógicos “novos”, que, em muitos casos, colocam em xeque encaminhamentos dados para situações presenciais (SOUZA et al., 2008, p. 329).

(21)

Segundo Moraes (2006, p.9), a educação mediada pelas tecnologias da informação e comunicação tem a faculdade de transformar e melhorar a educação como um todo; entretanto, “requer reflexões por parte dos educadores, por estar gerando novos problemas e desafios para os educadores”. Para a autora, é necessário levar em consideração as tecnologias nos processos educativos não como meros instrumentos de auxílios, mas como ampliação dos processos de ensino, como “novos processos de aprendizagem que oferecem possibilidades de renovar ou mesmo romper com a concepção do modelo tradicional da educação”, desde que as decisões sejam conscientes sobre a função das tecnologias nas ações pedagógicas (MORAES, 2006, p.9).

De acordo com Leme e Bellochio (2007, p.88), o uso das tecnologias na educação musical não amplia o aprendizado, se consideradas isoladamente e sem senso crítico, pois levam à utilização limitada das “possibilidades que esses recursos podem proporcionar, isso, principalmente, quando são utilizados pelo professor”. Segundo os autores, essa limitação pode ser compreendida como uma necessidade em se manter atualizado quanto às variadas opções de recursos; portanto, a necessidade, “aliada à constante falta de diretivas ou normas de procedimentos quanto às maneiras de utilizar didaticamente esses recursos como mediadores no ensino de música”, resultam em práticas confusas (LEME, BELLOCHIO, 2007, p.88).

Utilizar as tecnologias digitais na prática pedagógica não significa que o professor saiba como utilizá-las ou que tenha uma ampla compreensão das possibilidades e de seu potencial educativo. O educador passa “a entender de tudo um pouco e de nada com suficiente profundidade, não conseguindo ser crítico-reflexivo em suas ações educativas mediadas por tecnologias” (LEME, BELLOCHIO, 2007, p. 89); assim, o professor acaba por se acomodar nessa estabilidade.

Quanto à necessidade de habilidades para a utilização de equipamentos tecnológicos, Dantas (2005, p. 8) afirma que uma formação inicial ao professor para o uso das TIC poderia auxiliar o profissional a “legitimar os saberes que irá utilizar na sua profissão, fato que certamente diminuiria o choque com a realidade, característico das primeiras experiências do professor no seu ambiente de trabalho”. De acordo com Carvalho (2007, p.5), não há necessidade de um professor de uma determinada disciplina ser “um especialista em tecnologia para operacionalizar

(22)

propostas inovadoras”. Não se trata apenas de uma destreza tecnológica, mas de uma mudança de atitude do docente que constatará em sua prática, “dos benefícios do uso complementar de sistemas informatizados nos processos de ensino e de aprendizagem” e tornar estas, significativas (Fritsch et al., 2003, p.141).

Krüger (2003) afirma existir um déficit na formação do professor que contemple as tecnologias digitais, pois além de haverem poucas escolas que ofertem ensino de música via computador, há também um déficit nos cursos de licenciatura e bacharelado e licenciatura que contemplem uma formação de competências nessa área tecnológica. É necessário que “o professor de música aprenda, inicialmente, a lidar com os recursos tecnológicos que escolhe, ou que precisa aprender, para poder empregá-los em relação a uma fazer musical significativo para ele e para os seus alunos” (LEME, BELLOCHIO, 2007, p.89).

Neste contexto, segundo Krüger (2006), a utilização de tecnologias na educação levou docentes ao processo de refletir, rever sobre as possibilidades, exigências e conceitos que essas ferramentas possibilitam ao ensino, aprendizagem e interações com estudantes e outros educadores. Segundo a autora, uma formação inicial e continuada que vivencie a utilização de tecnologias é pertinente, tanto para a formação de docentes quanto para prática pedagógica, a fim de uma devida apropriação desses recursos, utilizando-as, experimentando-as ao máximo.

Na Educação Musical, além desse panorama profissional em que a atuação ocorre, às vezes, com o aprender fazendo ou com experiências já realizadas por outros profissionais, poucas são as experiências e pesquisas acadêmicas, em âmbito nacional, relacionadas à temática de educação musical a distância, especialmente no tocante ao ensino de instrumento a distância (BRAGA, 2009). Diante dessas características, pode-se inferir que o ensino de instrumento online requer reflexões por parte dos profissionais envolvidos, para que se possa aprender com os cursos de Música já existentes, e assim refletir sobre o que pode e deve ser melhorado ou mesmo modificado.

(23)

Esta dissertação está estruturada em 7 (sete) capítulos. Na introdução, foram apresentadas minhas vivências na educação a distância, bem como as questões, os objetivos e as justificativas para a realização desta pesquisa, bem como minhas experiências na educação a distância. O segundo capítulo versa sobre educação a distância e mais especificamente sobre a educação musical a distância. Nesse capítulo, são descritos o curso de Música a distância da UnB, assim como o programa do Governo Federal a qual essa instituição de ensino está vinculada. São apresentadas e discutidas as pesquisas que versam sobre o ensino de instrumento a distância, e também a atuação do docente no ensino a distância.

O terceiro capítulo aborda as questões tecnológicas, em especial as digitais. Foram abordados nesse capítulo os conceitos de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), capacitação docente para utilização das tecnologias digitais, específicas da Educação a Distância, assim como discussões relativas à docência online. Posteriormente, há uma descrição sobre o curso de Teclado do curso de Música a distância da Universidade de Brasília. No capítulo de Metodologia, é apresentada a metodologia que norteia a pesquisa, o estudo de caso, o qual foi empregado com o intuito de se alcançar os objetivos estabelecidos nessa pesquisa. No sexto, são apresentadas as análises dos resultados obtidos junto aos professores participantes desta pesquisa. No último capítulo, são tecidas as considerações finais sobre a pesquisa.

Espera-se que esta pesquisa seja uma possível referência para outras pesquisas da área de Educação Musical a Distância, especialmente no que se refere ao ensino de instrumento, tanto para a educação musical a distância quanto para a educação presencial. Acredita-se que o hibridismo entre presencial e a distância possa contribuir consideravelmente para a Educação Musical como um todo.

(24)

2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2.1 CONCEITOS

A Educação a Distância (EaD)6 transcende as limitações físicas, temporais. A EaD pode ser caracterizada como separação física entre professores e alunos durante parte ou em todo o processo planejado de ensino e aprendizagem (MOORE; KEARSLEY, 2007), em que docentes e estudantes podem organizar suas atividades de acordo com suas possibilidades de tempo e lugar. Além do processo de ensino e aprendizagem previamente planejado, a interação entre professores e alunos é mediada por algum tipo de tecnologia (MORAN, 2002; MOORE; KEARSLEY, 2007). Entretanto, de acordo com Valente (2009, p.38), esse distanciamento temporal não é uma característica “marcante” no ensino online, mas, principalmente o distanciamento físico, “que separa aprendizes e professor”.

Bates (2005, p.5) define educação a distância como um “método de educação”, em que a tecnologia é essencial para seu desenvolvimento, e os estudantes definem seus horários e locais para estudos, sem a necessidade de estarem face a face com um professor, a fim de conciliar estudos, trabalho e família – conciliações estas que, segundo o autor, são fatores que mais influenciam a escolha de uma formação a distância do que propriamente as distâncias geográficas.

Para Holmberg (1995), educação a distância pode ser compreendida como uma comunicação não imediata entre os alunos e uma instituição de ensino7, que pode ser de dois tipos: 1) via de mão única, em que materiais são pré-produzidos em forma de texto e áudio pela instituição e recebida pelo aluno - a comunicação entre emissor e receptor pode ser de forma simulada; 2) mão dupla, ou seja, comunicação entre instituição e estudantes, mediada por algum tipo de comunicação.

6

Nesta pesquisa, a EaD também será identificada como educação online, por se entender de uma modalidade de educação que tem como base o uso de computadores e da Internet como meios de acesso e interação entre professores e estudantes, professores e professores, estudantes e estudantes.

7

(25)

De acordo com Holmberg,

a educação a distância abrange as várias formas de estudo, em todos os níveis, que não estão sob o modo contínuo e imediato da supervisão de tutores presentes com seus alunos em salas de aula ou no mesmo local, mas que, no entanto, beneficiam-se do planejamento, da orientação e do ensino oferecidos por uma organização de apoio (HOLMBERG, 1995, p.2).

De acordo com Rebel (1993, apud BELLONI, 2009, p.26), educação a distância é um modo não contínuo de transmissão entre materiais de ensino e professores, e conteúdos de aprendizagem e estudantes, o que possibilita a este, uma maior liberdade de escolha para sua aprendizagem.

A educação a distância, segundo definição de Alves e Novoa (2002) pode ser considerada como qualquer modalidade de transmissão de conhecimento sem a presença física de professores e estudantes, a qual utiliza diversos meios como correio e televisão, para o ensino e a aprendizagem. Para essas autoras, tais sistemas de transmissão como a televisão e a correspondência apresentavam problemas pelo fato de não haver interatividade, de modo que os alunos não podiam compartilhar suas dúvidas com seus professores. Com a propagação das tecnologias da informação e comunicação, os modos de interação se ampliaram consideravelmente, e assim permitiram que a comunicação entre aluno e professor pudesse ser recíproca.

Kearsley (2011) apresenta o termo Educação On-line e afirma que “simplesmente parte do princípio de que as redes8

existem e começam a explorar o assunto a partir desse ponto” (KEARSLEY, 2011, xi). Segundo o autor, há vários temas que compõe a educação on-line, em que estão sobrepostos e inter-relacionados. Para Kearsley, nove são os temas que compõe a educação on-line, os quais, resumidamente, são apresentados:

a) conectividade, pois por meio dela é possível as pessoas interagirem, independente da localidade, com maior rapidez;

8

(26)

b) eliminação de fronteiras, pois ao ultrapassar as barreiras físicas de uma sala de aula, o aluno é capaz de acessar as informações e pessoas em qualquer lugar;

c) colaboração, considerada a maior transformação causada pela educação on-line, ao permitir que trabalhos sejam realizados por meio de compartilhamento de informações;

d) foco no aluno, embora o professor organize e defina as aulas, os alunos podem determinar sua participação e o direcionamento de suas atividades, são responsáveis por sua aprendizagem;

e) comunidade, assim como nas comunidades físicas – como uma cidade, escola – por meio das redes é possível a criação de comunidades virtuais que tenham um objetivo comum;

f) exploração, para situações que envolvam pesquisas do tipo estudos de caso, situações-problema, em que uma solução, uma estratégia deva ser elaborada, a educação on-line facilita o acesso aos recursos e conhecimentos;

g) conhecimento compartilhado, o aparecimento das redes facilitou o compartilhamento imediatamente acessível do conhecimento, que antes era mais restrito, visto que “apenas uma fração muito pequena do conhecimento humano é publicada, e as estantes ou bibliotecas podem conter muito pouco desse conteúdo” (KEARSLEY, 2011, p.8);

h) experiências multissensoriais9, em que as tecnologias podem proporcionar

tais experiências, ao se utilizar um vídeo em preferência ao texto, ao permitir uma maior interação e assim se aproximar do chamado contato pessoal;

i) autenticidade, de acordo com o autor, o mundo virtual pode ser mais real que o da sala de aula, uma vez que acessar bancos de dados, por exemplo, são atividades realistas; o que difere, segundo o autor, da falta de “pertinência”, de ligação entre as escolas e universidades com o “mundo real”

Ao se listar as ideias acima, o autor ressalta ainda que certos aspectos do ensino on-line, como compartilhamento e conectividade, estão mais presentes no

9 Kearsley descreve que a aprendizagem é mais eficaz quando são envolvidos os múltiplos canais sensoriais, que descreve como sendo: visual, cor, movimento, toque e olfato.

(27)

ensino a distância do que no ensino presencial. Kearsley (2011) aponta que alguns desses elementos já estão presentes em sala de aula, e poderiam ser melhores aproveitados, desde que fosse interesse do professor.

Apesar de não utilizar o termo Educação a Distância como outros autores supracitados, infere-se que a educação on-line mencionada por Kearsley, fundamenta-se no fato de que a aprendizagem proporciona autonomia aos estudantes em quando, como e onde aprender.

Em relação a educação a distância no país, esta era mais restrita a cursos supletivos e profissionalizantes, tais como o Instituto Monitor e o Instituto Universal Brasileiro (ALMEIDA, 2010); os quais utilizavam a correspondência como meio principal de comunicação entre instituição e aluno, tendo ênfase no material e na autoaprendizagem.

Todavia, a fim de se ter uma noção de como foi a evolução da EaD e para uma melhor compreensão de questões em Educação a Distância, faz-se necessário um breve histórico da evolução dos meios de comunicação. O quadro da página seguinte mostra as gerações percorridas pela EaD e os principais mecanismos de comunicação para que a educação fosse efetivada. As datas apresentadas são aproximadas. Existem outros modelos de Gerações da Educação a Distância; entretanto, optou-se pelo modelo apresentado pelos autores Moore e Kearsley (2007), por este ser mais objetivo.

O quadro apresenta a evolução dos meios utilizados pela educação a distância. A correspondência foi o principal meio utilizado, por mais de um século, para as instruções. Com a transmissão dos conhecimentos via televisão, a educação pode alcançar um maior número de estudantes. Porém, assim como na correspondência, a interação era deficitária, uma vez que os alunos não podiam tirar suas dúvidas a tempo com os professores. Com o surgimento dos computadores e da comunicação via web, a educação a distância pôde alcançar um maior número de estudantes, bem como possibilitou que o ensino e aprendizagem pudessem ser mais efetivos, ao permitir que a comunicação entre professores e alunos ocorresse com mais facilidade.

(28)

Quadro 2.1 - Gerações da Educação a Distância

Gerações da EaD Meios de Comunicação

1ª Geração Correspondência (década de 1880). Cursos de instrução entregue pelos Correios, para aqueles que desejassem estudar em casa ou no trabalho.

2ª Geração Transmissão por Rádio e Televisão (início do Século XX). Cursos com transmissão via rádio educativa e televisão educativa, sendo que esta obteve maior popularidade.

3ª Geração Universidades Abertas (Final da década de 1960, início da de 1970). Utilizavam diversas tecnologias como transmissão via rádio e televisão, guias impressos.

4ª Geração Teleconferência (década de 1980). Elaborada para uso em grupo, por meio de áudio-conferências e posteriormente, as videoconferências, as quais se aproximavam aos ambientes de sala.

5ª Geração Internet/Web (Entre as décadas de 1960 e 1970). As aulas eram baseadas em computadores em rede.

Fonte: MOORE; KEARSLEY, 2007.

Para Litto (2009), a EaD é uma modalidade em que há uma flexibilização de horários e local para o aluno, o qual pode dar continuidade ao longo de sua vida. Sobre essa flexibilidade de organização de estudos, Henderson (2007, p. 19), diz que é uma modalidade de educação “sistematizada”, sem a presença física em um ambiente “formal de ensino e aprendizagem”, em que o estudante tem a oportunidade de organizar seus conhecimentos.

Sobre essas barreiras geográficas, Braga (2009) afirma que a educação a distância não deve ser compreendida somente para atender situações específicas, como minimizar os distanciamentos entre instituições e estudantes, mas como uma forma de atender várias vertentes educacionais. De acordo com Pereira e Pinto (2010, p.107), a EaD também vai além do rompimento geográfico-temporal, pois

(29)

permite que o contexto sociocultural das pessoas sejam valorizados, bem como o indivíduo compreende

sua capacidade de compartilhar saberes por meio de um encadeamento de fios e recursos midiáticos permissíveis por conexões humanas e tecnológicas, oportunizando-lhe rearticular e recontextualizar experiências previamente internalizadas, além de reconstruir sua visão de mundo a partir da evolução do conhecimento” (PEREIRA, PINTO, 2010, p.107).

As características da educação a distância e os objetivos a que ela se propõe foram maximizados com a utilização de computadores e o advento da internet, pois estes puderam ampliar a interação entre docentes e estudantes; interação a qual pode ser considerada como fundamental para que a educação ocorra, tornando-se assim uma importante posição como modalidade de ensino e cada vez mais empregada (BATES, 2005; HENDERSON, 2007; VALENTE, 2009).

De acordo com Valente,

As tecnologias digitais são as principais responsáveis pelas novas possibilidades na interação entre pessoas e estão contribuindo para o desenvolvimento, a reformulação e a disseminação da EaD. Na verdade tais tecnologias têm o potencial de revolucionar a EaD ou mesmo a educação presencial (VALENTE, 2009, p38).

Com a expansão da Internet, conjuntamente com os avanços das tecnologias digitais, de acordo com Prado e Almeida (2009, p. 66) a EaD tornou-se “acessível para a solução de problemas relacionados com a democratização da educação tanto na formação inicial como na formação continuada de profissionais de diversas áreas e setores da sociedade”.

Sobre o desenvolvimento da Internet, Cajazeira (2004, p.70) afirma que a ação do professor é realizada na mesma hora e local que o aluno, por meio de ferramentas que permitam a interatividade, e surge assim “um novo conceito de aprendizagem, baseado na discussão, na troca de ideias, em que cada pessoa tem a sua parcela de contribuição individual dentro do coletivo.”

No Brasil, a educação online apresenta-se também com características de cunho social, como acesso democrático à educação superior. De acordo com Litto (2009, p.3), o Brasil está entre os países que utilizam amplamente a educação

(30)

online como forma de acesso ao conhecimento e “à certificação de competências, a uma maior parcela da população”. O autor versa que a EaD “é a mais lógica solução para atender à demanda reprimida de educação superior, chegando até os alunos nas regiões mais remotas do país” (LITTO, 2009, p.4), pois evita que este estudante se desloque de sua região para estudar em outra localidade e permaneça em sua própria região, aplicando os conhecimentos ali adquiridos.

Conforme Pereira e Moraes (2009), a educação a distância tem sido um importante veículo de ingresso à educação, ao abranger diversas regiões. Pode-se afirmar que a educação online possibilitou um maior acesso ao ensino superior, bem como possibilitou um aumento da qualidade dos sistemas educacionais. (MOORE, KEARSLEY, 2007). Sobre essa discussão, Henderson (2007, p. 20) afirma que a EaD se apresenta como uma forma de “minimizar as desigualdades de oportunidades de formação escolar e de qualificação dos professores”.

Com os avanços das tecnologias digitais, em especial a Internet, a educação pôde dar um grande passo para a democratização, ao proporcionar que comunidades distantes geograficamente de uma instituição de ensino superior possam adquirir e maximizar seus conhecimentos, seja em uma formação inicial ou continuada, sem perder o vínculo com o professor.

Percebe-se que a educação online é utilizada como uma forma de ampliar o contexto da educação presencial, em que cada vez mais instituições aderem ao formato de aulas semipresenciais. Sobre esse aspecto, Moran (2010, p.137) afirma que a EaD tem se tornado referência para uma mudança significativa no ensino superior como um todo, uma vez que utilizará “mais metodologias semipresenciais, flexibilizando a necessidade de presença física, reorganizando os espaços e tempos de ensino e aprendizagem”.

(31)

2.2 EDUCAÇÃO MUSICAL A DISTÂNCIA

Ao se traçar um panorama histórico, assim como na educação a distância, pode-se dizer que a educação musical a distância também foi influenciada pelas tecnologias utilizadas em cada época, como: a educação por correspondência, as vídeo-aulas, e no atual cenário, a Internet (GOHN, 2003).

Ao se pesquisar sobre educação musical a distância nos mecanismos de busca na Internet, Henderson (2007, p.46)10 descreve que “(...) são encontradas referências a instituições que mantêm programas de ensino na área de música em diferentes níveis, de cursos livres à pós-graduação”. No Brasil, três universidades públicas ofertam curso de licenciatura em Música a distância: UnB, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No exterior, há um número considerável de universidades que ofertam cursos de música a distância, como a “pioneira” Open University a qual oferece pós-graduação na área; e a Reading University, ambas na Inglaterra (BRAGA, 2009, pp.37-38). Países como África do Sul, Austrália, Canadá e Estados Unidos também ofertam cursos online ligados à área de música (HENDERSON, 2007).

Como um rol exemplificativo do ensino de música a distância, por meios de diversos de comunicação, pode-se destacar o Instituto Monitor (IM), criado em 1939 e o Instituto Universal Brasileiro (IUB), desde 1941 - pioneiros em EaD no Brasil. O IUB utilizava a correspondência como o principal meio de suporte tecnológico. Atualmente, essa instituição oferece várias opções de cursos a distância, dentre eles, o curso de Violão e Guitarra. Tais cursos são destinados aos iniciantes, com o propósito de que o aluno aprenda os processos técnicos dos instrumentos, por meio de apostilas impressas, DVD ou fita de Vídeo VHS, e CD ou fita Cassete. O IM também oferta curso de Violão e Guitarra, com conteúdos abrangentes, por meio de CD-ROM, com suporte aos alunos por meio de uma equipe de professores via telefone, carta, e-mail e atendimento pessoal.

Assim como há uma ampla definição sobre o termo Educação a Distância, buscou-se na literatura da área de educação musical o conceito de educação

10

Em sua tese de doutorado, Henderson (2007) apresenta um quadro exemplificativo de instituições internacionais que ofertam cursos online de mestrado e/ou doutorado em Música.

(32)

musical a distância, por se considerar que esta modalidade de educação a distância tem suas particularidades que a distingue da generalista Educação a Distância.

Verificou-se que este conceito não aduziu comentários, com exceção de Cajazeira (2004), que apresenta de modo não aprofundado o tema, e Gohn (2011), define com uma maior clareza o conceito de educação musical a distância.

A definição de Gohn (2011) para educação musical a distância relaciona-se ao contexto em que o aluno interage: por meio de materiais pedagógicos devidamente planejados por um professor, o qual pode ou não supervisionar o processo educacional, ou mesmo pode estar presente ou não em encontros presenciais preestabelecidos. Definir educação musical a distância, segundo o autor, “é caminhar sobre uma linha tênue, pois esta tarefa implica em escolhas e prioridades na seleção de conteúdos”, tanto por parte dos professores quanto dos alunos, pois é um desafio que ocorre tanto na educação a distância, quanto na educação presencial (GOHN, 2009, p.29). Para o autor, educação musical a distância pode também ser definida quando há

uma intencionalidade educacional no momento de criação dos conteúdos, quando o professor planeja os materiais; ou no momento em que o aprendiz estuda e decodifica os elementos demonstrados na prática por um intérprete, por meio do registro físico de sua expressão artística. Ou seja, a intenção de educar pode partir de um professor ou do próprio aluno, quando este direciona sua atenção e realiza reflexões sobre os variados tipos de conhecimento musical (GOHN, 2009, p.29).

Cajazeira (2004) destaca que uma das características da educação musical a distância está no atendimento a públicos específicos, bem como na expansão das tecnologias digitais. Para a autora, a educação musical mediada pela Internet tende a ser ofertada de uma maneira mais ampla,

com conteúdos específicos para adultos profissionais e/ou curiosos que se interessem por música. Com o advento das tecnologias e novas formas de transmissão, o ensino da música tende a expandir a sua ação para pessoas não-assistidas pela educação musical formal (CAJAZEIRA, 2004, p.95)

(33)

O percurso da educação musical a distância está relacionado com os avanços das tecnologias disponíveis em cada época, especialmente com o surgimento dos meios de gravação, emergidos no século XIX, os quais possibilitaram uma maior divulgação de músicas, antes restritas às partituras (GOHN, 2003, 2011). Com a expansão da Internet, “(...) a estruturação de cursos curriculares de música, com professores que acompanham e avaliam o desenvolvimento de seus alunos a distância” teve um maior impulso (GOHN, 2011, p.80).

Com base nas pesquisas concluídas que versam sobre o ensino de música a distância, pode-se inferir que há uma ênfase nos materiais didáticos, nas tecnologias utilizadas (CAJAZEIRA, 2004; GOHN, 2011), bem como a formação de professores de Música mediada pelas tecnologias (KRUGER, 2010; BORNE, 2011; BRAGA, 2009, HENDERSON, 2007).

Henderson (2007) discute sobre as possibilidades e aplicabilidades do uso da Internet e de outros recursos tecnológicos digitais como forma de ampliar as experiências, tanto docentes quanto discentes, em atividades relacionadas à música. A educação online, segundo o autor, mostra-se como uma oportunidade que os professores têm para compartilhar experiências, assim como adquirir conhecimentos para utilizar em sua prática docente, além da interação com outros profissionais da área, formando assim uma “comunidade virtual de aprendizagem” (HENDERSON, 2007, p.207). Suas conclusões direcionam-se para a viabilidade de formação do professor pela educação online, com potencialidade para atender com qualidade às demandas profissionais, principalmente ao permitir que professores, seja por motivo de disponibilidade de tempo ou mesmo deslocamento, tenham acesso a uma formação de qualidade. O autor ressalta ainda a importância da instituição, com o apoio humano e material, além do professor, o qual tem o papel de apoiar e criar um ambiente favorável à aprendizagem; e destaca que as bases para a criação de programas de formação continuada online de professores da educação básica estão na “concepção metodológica que a orienta, na gestão eficiente do ambiente, na adequação do material didático disponibilizado ao conteúdo do curso e no apoio institucional” (HENDERSON, 2007, p.207).

(34)

Krüger (2010), em sua tese, apresenta a percepção dos docentes que participaram de cursos a distância de formação continuada em educação musical, sobre como esses professores perceberam a mudança antes e depois da implementação da EaD, suas concepções sobre os processos pedagógicos e organizacionais, e reflexões a respeito da formação e ação docente, tanto dos professores que ministraram os cursos, quantos dos professores participantes da Coordenadoria de Programas Educacionais da Fundação Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (CPE/Osesp). A autora constatou a importância do envolvimento dos participantes. Os resultados apontaram para o que a autora considera como “ganhos”: questões profissionais – valorização profissional dos professores participantes, além do aprendizado dos docentes que ministraram o curso; sociais, como o alcance das músicas de concerto à comunidade envolvida, pois o “acesso é irrestrito e aberto para todos desfrutarem das oportunidades em forma de cursos e eventos didáticos” (KRÜGER, 2010, p.231). Krüger (2010, p.242) destaca a importância da articulação entre os diversos integrantes da equipe, gestores e educadores, criando assim um “contexto coerente e compartilhado, mediando as relações humanas e profissionais que se estabelecem entre todos os participantes do curso”. Outra questão apontada pela autora em seus dados referia-se à formação tecnológica e pedagógica, tanto para os docentes quanto aos participantes, de modo que as ferramentas tecnológicas pudessem ser utilizadas com maior precisão; e a parte pedagógica, para uma capacitação voltada a atender as perspectivas do ensino a distância.

A partir das perspectivas de professores universitários, Borne (2011) buscou a compreensão das práticas docentes que atuam em disciplinas de Música na modalidade a distância, sejam em cursos presenciais ou em graduações a distância, além de traçar um perfil dos profissionais que atuam na educação a distância. Em sua pesquisa, ficou evidente que os professores atuantes no ensino a distância necessitam de uma formação que contemple as especificidades da educação a distância, como a utilização das tecnologias, que, preferencialmente, o professor tenha autonomia para criar seus materiais sem a dependência de outros profissionais. O autor aponta que, além dos conhecimentos específicos inerentes a área de atuação, o professor precisa ter:

(35)

disponibilidade para fazer um planejamento minucioso, prevendo e antevendo as facilidades e dificuldades do estudante, buscando maneiras de diminuir a distância e a sensação de isolamento, como através de chats. Da mesma maneira, a criação e aplicação de avaliações devem ser bem pensadas nesse processo, assim como alternativas para propiciar uma possível flexibilização e adaptação do que está fazendo. Por fim, mas não menos importante, ter a disponibilidade de estar, no mínimo, em contato constante com os estudantes durante o curso. (BORNE, 2011, p.147)

É notável, nessas pesquisas, a discussão dos autores sobre a boa estrutura organizacional que o curso deva manter, para que seja possível o desenvolvimento da autonomia dos alunos, de modo que possa construir sua formação com maior independência, o que é um dos objetivos da educação a distância. Fica evidente, também, a questão do trabalho colaborativo entre os diversos profissionais atuantes na EaD, pois a criação de um curso depende de vários atores, contribuindo cada um com seus conhecimentos pedagógicos, tecnológicos, gerenciais, que efetivam o desenvolvimento de um curso a distância.

Percebe-se até aqui a necessidade de uma formação, seja ela inicial ou continuada, para professores de música inseridos na educação musical online. As pesquisas apontam os desafios inerentes, os estudos e reflexões acerca da educação musical a distância, porém, evidenciam que se pode ter um ensino e aprendizagem de qualidade, mediada pela Internet.

2.2.1 Ensino de instrumento musical a distância

Poucas são as pesquisas acadêmicas que dissertam sobre ensino de instrumento musical a distância, em contexto universitário. Dos trabalhos pesquisados no banco de teses e dissertações da CAPES, apenas três pesquisas concluídas foram direcionadas ao ensino de algum tipo de instrumento musical: duas teses de doutorado e uma dissertação de mestrado – o que reafirma a proposição de Braga (2009), que o ensino de instrumento a distância ainda é um tema pouco divulgado. Segundo Braga (2009), o ensino de instrumento a distância gera algum tipo de desconfiança de profissionais que não conhecem essa modalidade de ensino, ou mesmo por parte de profissionais ligados a EaD. Há de se concordar que,

(36)

passado alguns anos desde a afirmação do autor em 2009, ainda há desconhecimentos sobre a possibilidade e condução do ensino de música a distância mediado pela Internet, principalmente os processos de ensino e aprendizagem de um instrumento musical, na modalidade a distância.

Como apontado inicialmente, as pesquisas acadêmicas cujo conteúdo era voltado para o ensino de instrumentos a distância são: Braga (2009) e Westermann (2010), em que tratam sobre o ensino de violão a distância; e Gohn (2011), o qual aborda o ensino de instrumentos percussivos. Sobre o ensino de teclado a distância, foram encontrados apenas dois artigos publicados. O primeiro trata-se de uma pesquisa de mestrado em andamento, com autorias de Rossit e Oliveira (2012), em que descreve o projeto de mestrado, o qual tem por objetivo investigar os saberes docentes dos professores que atuam no ensino de Teclado, do curso de Música a distância da Universidade Federal de São Carlos. O outro artigo, Domenici et al (2012) relatam a experiência sobre a interdisciplinar Seminário Integrador Teclado, do Pró-Licenciatura em Música (PROLICENMUS), da UFRGS.

Com uma temática direcionada ao estudo de violão via web conferência, Braga (2009) descreveu o desenvolvimento de sua pesquisa, desde os estágios iniciais, com o planejamento do curso, até à fase de implementação do curso de violão. Durante todo o processo de implementação do curso, o autor relatou as constantes reflexões dos professores envolvidos no projeto. O projeto, intitulado Oficina de Violão a distância, teve por objetivo constatar quais padrões de interação eram mais pertinentes entre estudantes e professores e estudantes durante o curso. Tais atividades foram realizadas por meio de web conferências, além de encontros presenciais já estabelecidos. Segundo o autor, apesar das limitações técnicas do recurso utilizado para realizar as aulas, os resultados apontaram para uma efetiva aprendizagem musical, além de destacar uma maior interação entre professor e aluno, aluno e aluno, num contexto de aprendizagem de um instrumento a distância.

Westermann (2010) trata sobre a autonomia em um curso a distância. O autor abordou questões que influenciavam comportamentos autônomos dos alunos de violão, do curso de licenciatura em Música a distância da UFRGS. Este curso, segundo o autor, é considerado diferenciado por estimular a “autonomia e a tomada de decisões por parte do aluno, mas também o limita, até certo ponto, pela

(37)

existência de um currículo com objetivos educacionais” (WESTERMANN, 2010, p.30). De acordo com o autor, o objetivo do curso é formar instrumentistas acompanhadores capazes de utilizar o violão como uma ferramenta auxiliar para as aulas da educação básica; seja para acompanhar, cantar e acompanhar, assim como desenvolver habilidades próprias do instrumento: tocar peças solos, transposição e improvisação. Nesse curso de violão, os materiais disponibilizados aos alunos – organizados de modo a ser um passo a passo no desenvolvimento dos repertórios trabalhados - são em forma de textos, com linguagem simplificada, partituras, letras cifradas, vídeos, fotografias, animações e áudios (WESTERMANN, 2010).

Sobre o ensino de instrumentos percussivos, Daniel Gohn descreve e justifica o curso de percussão da UFSCar “por sua utilidade como ferramenta no desenvolvimento da musicalidade” (GOHN, 2011, p. 144), ao explorar as possibilidades sonoras de cada instrumento, atenção ao modo de tocar, na percepção dos diferentes timbres, bem como a percepção de aspectos rítmicos e sua relação entre som e movimento. Sobre esse último aspecto, o autor questiona como deve ser realizada a distância, sem a presença de um professor. São necessários, de acordo com o autor, vídeos de boa qualidade para um contato síncrono – descrito na pesquisa como videoconferência - com os atores interagindo em tempo real. Entretanto, pela falta de equipamentos e conexões que permitissem essa alta qualidade de transmissão e recepção, optou-se pela utilização de textos básicos para estudos - baseados em experiências pertinentes à formação dos professores do ensino presencial – que são colocados em prática por meio de vídeos; além de fotos (GOHN, 2011). Quando se trata do ensino de instrumento a distância, como bem destacou Gohn (2011) sobre as particularidades do ensino de percussão, essa discussão pode ser ampliada para os demais instrumentos, pois além das dificuldades técnicas quanto à conexão e bons instrumentos, há de se destacar também a definição dos conteúdos da disciplina.

O artigo Teclado no Ensino de Música a Distância foi um relato de experiência, resultado de um empreendimento coletivo, pois contaram com a colaboração de alunos, tutores, professores e equipe de teclado (DOMENICI et al., 2012). O interdisciplinar Seminário Integrador Teclado resultou de um trabalho

Referências

Documentos relacionados

O score de Framingham que estima o risco absoluto de um indivíduo desenvolver em dez anos DAC primária, clinicamente manifesta, utiliza variáveis clínicas e laboratoriais

Declaro que fiz a correção linguística de Português da dissertação de Romualdo Portella Neto, intitulada A Percepção dos Gestores sobre a Gestão de Resíduos da Suinocultura:

1) Procura – observando os cenários interno e externo à organização com o objetivo de identificar oportunidades e ameaças para a inovação, um dos sócios da empresa

EQUIPO MONO O PLURIFAMILIAR CON 2 ENTRADAS, SECRETO DE CONVERSACION Y PLACA ESTER- NA TM. INSTALAÇÃO MONO OU PLURIFA- MILIAR COM 2 ENTRADAS, SEGRE- DO DE CONVERSAÇÃO E PLACA

4.5 Conclusões: Este trabalho mostrou um modelo criado para representar uma linha de transmissão monofásica através de uma cascata de circuitos π, cujos parâmetros longitudinais

Segundo apresentado na Figura 7, o processo produtivo para o produto “Vidro Engenharia”, tem as mesmas etapas do processo do produto “Vidro Comum” indo do processo de decisão

Com base nos resultados da pesquisa referente à questão sobre a internacionalização de processos de negócios habilitados pela TI com o apoio do BPM para a geração de ganhos para

IMPLANTAÇÃO DA MELIPONICULTURA E ETNOBIOLOGIA DE ABELHAS SEM FERRÃO Melipona EM COMUNIDADES INDÍGENAS NO ESTADO DO AMAZONAS Estudos de caso dos meliponários indígenas: