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ANAIS I Seminário Internacional Meio Ambiente, Dinâmicas Regionais e Planejamento Territorial na Amazônia e no Cerrado

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Academic year: 2019

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Universidade Federal do Tocantins (UFT)

Porto Nacional – Tocantins – BRASIL

ANAIS

I Seminário Internacional Meio

Ambiente, Dinâmicas Regionais e

Planejamento Territorial na Amazônia e

no Cerrado

21 a 24 de junho de 2017

EIXOS TEMÁTICOS

1.

Dinâmicas regionais, identidade e cultura.

2.

Planejamento territorial e a dimensão multiescalar do urbano e rural.

3.

Os usos do território, apropriação da natureza e qualidade ambiental.

Copyright © 2017 - Universidade Federal do Tocantins – Todos os direitos reservados

(2)

Campus Universitário de Porto Nacional Rua 03, Quadra 17, Lote 11, s/n°

Setor Jardim dos Ipês | 77500-000 | Porto Nacional - TO

REALIZAÇÃO

Universidade Federal do Tocantins – UFT

Observatório de Políticas Territoriais e Educacionais – OPTE

Programa de Pós-Graduação em Geografia – PPGG

Apoio Institucional

Universidade Federal de Goiás – UFG

Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Universidade Federal de Rondônia – UNIR

Universidade Federal de Uberlândia – UFU

Universidade Estadual de Goiás – UEG

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins – IFTO

Governo do Tocantins/SEMARH – Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos

Governo do Tocantins/SEPLAN – Secretaria do Planejamento

Prefeitura Municipal de Porto Nacional

Governo Federal/Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Federal do Tocantins

Campus Universitário de Porto Nacional

S471 Seminário Internacional Meio Ambiente, Dinâmicas Regionais e Planejamento Territorial na

Amazônia e no Cerrado (1.: 2017: Porto Nacional, TO)

Anais do 1º Seminário Internacional Meio Ambiente, Dinâmicas Regionais e Planejamento Territorial na Amazônia e no Cerrado [recurso eletrônico], 21 a 24 de junho de 2017 /

Coordenação Geral Adão Francisco de Oliveira, Eguimar Felicio Chaveiro, Carlos Antônio Brandão – Porto Nacional, TO: UFT, 2017.

591p.: il.: 27 cm.

Disponível em: <http://seminariointernacionalportouft.blogspot.com.br/>

ISBN: 978-85-5659-010-7

1. Meio ambiente – Seminário Internacional. 2. Geografia - Planejamento territorial. 2. Amazônia. 3. Cerrado. I. Oliveira, Adão Francisco de. II. Chaveiro, Eguimar Felicio. III. Brandão, Carlos Antônio. IV. Fundação Universidade Federal do Tocantins. V. Título.

CDD 910 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – A reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio deste documento é autorizado desde que citada a fonte. A violação dos direitos do autor

(3)

I Seminário Internacional Meio Ambiente, Dinâmicas Regionais e

Planejamento Territorial na Amazônia e no Cerrado

Porto Nacional – Tocantins – Brasil

21 a 24 de junho de 2017

COMISSÃO ORGANIZADORA

Coordenação Geral

Prof. Dr. Adão Francisco de Oliveira – UFT Prof. Dr. Eguimar Felicio Chaveiro – UFG/IESA Prof. Dr. Carlos Antônio Brandão – UFRJ/IPPUR

Comissão Científica

Coordenação Geral da Comissão Científica

Profa. Dra. Carolina Machado Rocha Busch Pereira (UFT) Prof. Dr. Lucas Barbosa e Souza (UFT)

Membros da Comissão Científica

Prof. Dr. Artur de Souza Moret - UNIR Prof. Dr. Elizeu Ribeiro Lira - UFT

Profa. Dra. Fania Fridman - UFRJ Profa. Dra. Hipólita Siqueira - UFRJ

Profa. Dra. Kelly Bessa - UFT Prof. Dr. Rainer Randolph - UFRJ Prof. Dr. Rossevelt José Santos – UFU

Prof. Dr. Douglas Santos – UFGD Prof. Dr. Valdir Aquino Zitzke – UFT

Prof. Dr. Júlio César Borges – UEG

Secretaria do Evento

Núbia Nogueira do Nascimento

Coordenação de Logística, Hospedagem e Alimentação

Lucélia Maria Gonzaga Bernardes Ferrari Francinaldo Bó

(4)

Coordenação de Comunicação, Cerimonial e Cultura

Rogério Castro Ferreira

Coordenação de Divulgação e Propaganda

Ricardo Tadeu Marcílio Júnior Paulo Wendell Alves de Oliveira

Equipe de Editoração e Anais do Evento

Carolina Machado Rocha Busch Pereira Lucas Barbosa e Souza

Núbia Nogueira do Nascimento Poliana Cunha Damacena

(5)

SUMÁRIO

Artigos Convidados

pág. Título Autor(es) 09

DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL E

SOCIOBIODIVERSIDADE: PERSPECTIVAS PARA O CERRADO Eguimar Felício Chaveiro

24 HOMO-CERRATENSIS E A NOVA ORDEM TERRITORIAL DO CERRADO

Altair Sales Barbosa Horieste Gomes Antônio Teixeira Neto

45 CONSIDERACIONES GENERALES PARA LA PLANIFICACIÓN DEL DESARROLLO DESDE EL ÁMBITO TERRITORIAL

Ibrahin Amhed León Tellez

59 ANÁLISE AMBIENTAL DA VEGETAÇÃO NOS TRÓPICOS: OS DESAFIOS DE GESTÃO DA VEGETAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Ernesto Jorge Macaringue

Eguimar Felício Chaveiro

GT 1. Dinâmicas regionais, identidade e cultura

Pág. Título

Autor(es) Página

73 PROJETO DE ASSENTAMENTO AGROEXTRATIVISTA CHICO MENDES: UM ESTUDO SOBRE A DESVALORIZAÇÃO DOS SABERES LOCAIS NA AMAZÔNIA SUL OCIDENTAL

Francisca Mesquita Souza da Silva

A1GT1

81

MODOS DE VIDA TRADICIONAIS E “MODERNIDADE” NO

TOCANTINS: ELEMENTOS DE TRANSIÇÃO E SUAS

IMPLICAÇÕES NAS CONDIÇÕES DOS SUJEITOS SOCIAIS. Silvaldo Quirino Tavares

Reijane Pinheiro da Silva Marcileia Oliveira Bispo A2GT1

91

ECOTURISMO NO TOCANTINS: O EVENTO “RALLY DAS ÁGUAS” E AS TRANSFORMAÇÕES NA CIDADE DE ITACAJÁ

Ana Claudia Ferreira da Silva Carolina Busch Pereira A3GT1

99 CULTURA PÓS-MODERNA

Ariel Elias do Nascimento A4GT1

103 O TERRITÓRIO COMO APOIO CULTURAL NA VIDA DOS MORADORES DA ILHA DE SÃO JOSÉ EM BABAÇULANDIA-(T0)

ATINGIDA PELA UHE – ESTREITO - (MA) EM 2012

Graziane de Araújo Pitombeira Carvalho

Airton Sieben

Núbia Régia de Almeida A5GT1

111 DESIGUALDADES REGIONAIS E POLÍTICAS TERRITORIAIS: COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO TOCANTINS

Marlene Alves Borges Machado Adão Francisco de Oliveira Welere Gomes Barbosa Silveira A6GT1

122 O SERTÃO SULMARANHENSE: LUGAR DE PERMANÊNCIAS E DE TRANSFORMAÇÕES

Rosimary Gomes Rocha A7GT1

131 TECENDO O TERRITÓRIO E AS TERRITORIALIDADES NO ASSENTAMENTO JONCON TRÊS IRMÃOS-CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA-PA

Cassyo Lima Santos

Marivaldo Cavalcante da Silva A8GT1

138

ANÁLISE SOCIOECONÔMICA E EDUCACIONAL DAS

MICRORREGIÕES DE MIRACEMA E RIO FORMOSO NO ESTADO DO TOCANTINS

Claudiney de F. Marinho Edinaura Rios Cunha Adão Francisco de Oliveira A9GT1

156 DESENVOLVIMENTO REGIONAL E O CONTEXTO SOCIAL DAS MICRORREGIÕES DE DIANÓPOLIS E DO JALAPÃO NO TOCANTINS

Laurecy Rodrigues Freire Lucélia Maria Gonzaga Bernardes Ferrari Silvaldo Quirino Tavares A10GT1

167 TERRITÓRIO, PODER E LUGAR: UM OLHAR SOBRE O PROJETO DE MINERAÇÃO NÍQUEL ARAGUAIA-CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA-PA

Cassyo Lima Santos Lucas Manoel Lima Santos A11GT1

176 A REGIÃO COMO CONCEITO E CATEGORIA CHAVE PARA A GEOGRAFIA

(6)

GT 2. Planejamento territorial e a dimensão multiescalar do urbano e rural

Pág. Título Autor(es) Página 188 CENTRALIZAÇÃO E CENTRO URBANO: UMA ANÁLISE DA ÁREA CENTRAL DE ARAGUAÍNA (TO)

Katiane da Silva Santos A1GT2

196 A DESAPROPRIAÇÃO DE TERRAS PARA A IMPLANTAÇÃO DE PALMAS, A CAPITAL PROJETADA DO TOCANTINS

Andreia Cristina Lucini Kelly Bessa

A2GT2

204 SOBRE AGROTURISMO, TERRITORIO SUSTENTÁVEL E MOBILIZAÇÃO DE ATORES - PERSPECTIVAS NO TERRITORIO LOCAL DO MUNICIPIO DE CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA/PA Elizamar Gomes da Silva Pupio

Pierre Teisserenc A3GT2

213 O PAPEL DO ESTADO NO CONTEXTO DA APROPRIAÇÃO DO CERRADO GOIANO

Bruno Carneiro de Oliveira A4GT2

221 A DINÂMICA URBANA DE IMPERATRIZ/MA NO CENÁRIO AMAZÔNICO

Sheryda Lila de Souza Carvalho Rutileia Lima Almeida

A5GT2

232 CONSIDERAÇÕES ACERCA DA CONSTRUÇÃO SOCIAL DA INFORMALIDADE NO BRASIL

Eder da Silva Cerqueira A6GT2

239 ENSAIOS TEÓRICOS SOBRE O TERRITÓRIO POR: CLAUDE RAFFESTIN, ROGÉRIO HAESBAERT, MARCELO SOUZA E BERNARDO MANÇANO

Carlos Eduardo R. Rocha Atamis Antonio Foschiera A7GT2

249 UMA CENTRALIDADE URBANA QUESTIONÁVEL NO OESTE BAIANO NO INÍCIO DO SÉCULO XXI

Iann Dellano da Silva Santos A8GT2

257 A VERTICALIZAÇÃO COMO FORMA DE REPRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO EM PALMAS-TO

Marcely P. da Silveira Rodrigues

Kelly Bessa A9GT2

268 O PLANEJAMENTO URBANO NO BRASIL E OS IMPACTOS DO ESTATUTO DA CIDADE

Germana Pires Coriolano Adão Francisco de Oliveira A10GT2

276 ESCASSEZ HÍDRICA, CONFLITOS E MÁ GESTÃO DO DINHEIRO PÚBLICO

Paulo Pereira Filho

Marcelo Rodrigues Mendonça A11GT2

287 RECONFIGURAÇÃO TERRITORIAL EM GOIÁS: DRÁSTICAS ALTERAÇÕES APÓS A TRANSFERÊNCIA DA CAPITAL FEDERAL NO SÉCULO XX

Bruno Augusto de Souza A12GT2

294 AS DIFERENTES FACES DA/NA FRONTEIRA E AS

MODIFICAÇÕES NO ESPAÇO URBANO DE PALMAS – TO

Thayssllorranny Batista Reinaldo

Ricardo Tadeu Marcilio Júnior A13GT2

305

A EXPANSÃO DAS PASTAGENS NO BRASIL:

DESDOBRAMENTOS ESPACIAIS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA Silvio Braz de Sousa

Laerte Guimarães Ferreira Junior

A14GT2

313 A EDUCAÇÃO DO CAMPO COMO PROPULSORA DO DESENVOLVIMENTO RURAL, A ATUAÇÃO DA ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DE PORTO NACIONAL, TO.

Kênia Matos da Silva Chaves A15GT2

321 A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA NO ESTADO DO TOCANTINS COMO MEIO DE EFETIVAÇÃO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE RURAL

Edy César dos Passos Júnior Aline Kelly Lopes da Silva A16GT2

335 AS MEDIAÇÕES POLÍTICAS NA CRIAÇÃO DE NOVOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO TOCANTINS E DE SUA CAPITAL PALMAS

Dalva Marçal Mesquita Soares Celene Cunha M. Antunes Barreira

A17GT2

346 A VERTICALIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO EM CIDADES

MÉDIAS: CONSIDERAÇÕES SOBRE A REALIDADE

SOCIOESPACIAL DE IMPERATRIZ/MA Helbaneth Macêdo Oliveira

Adão Francisco de Oliveira A18GT2

357 DO SERTÃO AO CERRADO: REESTRUTURAÇÕES DO TERRITÓRIO E DO SERTANEJO GOIANO

Júlio César Pereira Borges A19GT2

366 A GEOGRAFIA DO VOTO E SUAS INFLUÊNCIAS NA COMPOSIÇÃO DA LEI ORÇAMENTÁRIA: UM ESTUDO DAS LEIS ORDINÁRIAS E EMENTAS AO PROJETO DE ORÇAMENTO DOS GOVERNOS DO TOCANTINS NO PERÍODO DE 2002 A 2018 Witer Fonseca Naves

(7)

GT 3. Os usos do território, apropriação da natureza e qualidade

ambiental

Pág. Título Autor(es) Codigo 375 USO DO SOLO, PROPRIEDADES QUÍMICAS E PROCESSOS EROSIVOS NO MUNICÍPIO SÃO PATRÍCIO-GO DE 2014 A 2017 Venusa Tavares Lima

Cleiton Tavares Lima Andreza araújo silva A1GT3

381 PERCEPÇÃO SOBRE O USO DO FOGO E AS CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS DECORRENTES DESSE USO, PORTO NACIONAL, TOCANTINS.

Ozana Glória de Sousa Davi Borges das Chagas Fernando Mayer Pelicice A2GT3

389 AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL E A SOCIOBIODIVERSIDADE DO CERRADO

Rosselvelt José Santos Jaqueline Borges Inácio A3GT3

398 ESPACIALIZAÇÃO E ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO BANANEIRA NA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MNAFTO

Priciane Cristina Ribeiro Benilson Pereira Sousa Fernanda Lima da Silva A4GT3

406 ANÁLISE TEMPORAL DA COBERTURA E USO DO SOLO DA MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA DE ARAGUAÍNA ENTRE OS ANOS DE 1993 E 2011 POR MEIO DE IMAGENS DE SATÉLITE LANDSAT 5 TM E GEOPROCESSAMENTO

Luciano da Silva Guedes Jorge Luis Silva Brito A5GT3

414 BATE PAPO AMBIENTAL: CONHECENDO A APA SERRA DO LAJEADO

Rutileia Carvalho Xavier Camilla Oliveira Muniz Lyon Cardoso Souza A6GT3

420

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A EDUCAÇÃO

CONSERVACIONISTA NO CONTEXTO DOS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA

João Gabriel de P. Naves Vítor de Oliveira Santos A7GT3

426

LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DAS PLANTAS

MEDICINAIS COMERCIALIZADAS NO MERCADO MUNICIPAL EM ARAGUAÍNA, TO

Claudia Scareli-Santos Isa A. Carlos Eleotério Edison Fernando Pompermayer A8GT3

435 ESTUDOS INICIAIS SOBRE RECURSOS HÍDRICOS NO PROJETO DE ASSENTAMENTO CANTA GALO

Oséias dos Santos Aquila Brito Milhomem Aline de Arruda Benevides A9GT3

442 POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS NO CONTEXTO DOS COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS

Vítor de Oliveira Santos João Gabriel de Paula Naves A10GT3

447 O CAMINHO SUSTENTÁVEL: UMA DEFESA DA NATUREZA E DA SOCIOBIODIVERSIDADE NA RESERVA EXTRATIVISTA DO EXTREMO NORTE DO TOCANTINS

Fábio Pessoa Vieira A11GT3

456 PERCEPÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL EM PROJETOS

RURAIS DE ASSENTAMENTO NO CERRADO: UMA

ABORDAGEM COM O AUXÍLIO DO MÉTODO

FENOMENOLÓGICO Lucas Barbosa e Souza

Enedina Maria Campos Rocha A12GT3

462 A QUESTÃO AMBIENTAL NO PROJETO DE ASSENTAMENTO CANTA GALO: DA COLONIZAÇÃO À DEGRADAÇÃO DO SOLO Oséias dos Santos

Izaelma Vieira Silva Aline de Arruda Benevides A13GT3

467 GÊNERO, MEDICINA POPULAR E SOCIOBIODIVERSIDADE:

APROXIMAÇÕES INICIAIS COM A PESQUISA NA

COMUNIDADE LARANJAL - ITAPURANGA(GO) Gilson do Nascimento Lima

Leila Paula Ferreira Ana Carolina de Oliveira Marques

A14GT3

475 IMPLICAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS DE NOVOS LOTEAMENTOS E CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS EM PORTO NACIONAL (TO):

UMA ABORDAGEM INTRODUTÓRIA A PARTIR DE

EMPREENDIMENTOS SELECIONADOS Tâmara de Sousa Campos

Lucas Barbosa e Souza A15GT3

483

DINÂMICA SOCIOAGROECOLÓGICA DOS

AGROECOSSISTEMAS DO BAIXO CURSO DA BACIA DO RIBEIRÃO TAQUARUSSU GRANDE, PALMAS-TO

Eliane Marques dos Santos Theresinha de Jesus Pinto Fraxe Simone Ferreira Athayde A16GT3

491 A NATUREZA SOCIALIZADA

(8)

498 A NOVA PRORROGAÇÃO DO CADASTRO AMBIENTAL RURAL-CAR PELA LEI 13.335/16

Ítalo Schelive Correia Kássio Henrique Aires Angela Issa Haonat A18GT3

503 GRANDES PROJETOS DE EXTRATIVISMO MINERAL E CONFLITOS TERRITORIAIS EM COMUNIDADES CAMPONESAS DE CATALÃO/GOIÁS

Ricardo Junior de Assis Fernandes Gonçalves A19GT3

511

A GEOGRAFIA FÍSICA E SEUS FUNDAMENTOS

EPISTEMOLÓGICOS: A NATUREZA E A PAISAGEM EM QUESTÃO

Danilo Cardoso Ferreira Filipe Borba de Moura Aladilson Magalhães Mendes A20GT3

520 ANÁLISE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO SÃO JOÃO, PORTO NACIONAL - TOCANTINS: ASPECTOS DE USO E OCUPAÇÃO

Sandro Sidnei Vargas de Cristo Patrício de Oliveira e Silva A21GT3

528 MEIO URBANO E QUALIDADE DE VIDA

Perla Cruz do Nascimento Venturini

Adão Francisco de Oliveira A22GT3

537 FRONTEIRA AGRÍCOLA DA MICRORREGIÃO DE PORTO

NACIONAL – TO: O USO DO TERRITÓRIO E APROPRIAÇÃO DA

NATUREZA ATRAVÉS DA TERRITORIALIZAÇÃO DO

AGRONEGÓCIO. Adão Francisco de Oliveira

Guilherme Pereira de Carvalho Márcia Adriana de Faria Ribeiro A23GT3

545 A DINÂMICA DO USO DO CERRADO NO MUNICÍPIO DE ITAPURANGA: O CASO DO EUCALIPTO

Danilo Cardoso Ferreira Edinalva Ferreira da Silva Rodrigo Mendonça da Silva A24GT3

555 CIDADES SUSTENTÁVEIS: TOCANTINS EM FOCO - UM OLHAR SOBRE ARAGUAÍNA

João Aparecido Bazolli Mariela Cristina Ayres Oliveira Olivia de Campos Maia Pereira A25GT3

563 ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE DE PESCA DE DOIS ANOS CONSECUTIVOS NA PERSPECTIVA DOS PESCADORES DA COLÔNIA Z-15 DO MUNICÍPIO DE BABAÇULÂNDIA-TO

Lilyan Luizaga de Monteiro Lia Raquel Batista de Sousa Adolfo da Silva-Melo A26GT3

570 ANÁLISE DA DINÂMICA DA COBERTURA VEGETAL DA BACIA DO CÓRREGO CANA-BRAVA, AURORA DO TOCANTINS - TO

Zuleide Alves Ferreira Fernando de Morais A27GT3

578 SÍNTESE DO MODELO DE IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS HIDRELÉTRICOS NO BRASIL: CRÍTICAS ÀS OPÇÕES DO PLANEJAMENTO DO SETOR E À IMPLANTAÇÃO DE UHE`S Artur de Souza Moret

(9)

DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL E SOCIOBIODIVERSIDADE: PERSPECTIVAS PARA O CERRADO

Eguimar Felício Chaveiro

Introdução

É possível, aconselhável e razoável pensar o Cerrado ou os Cerrados como uma região? A pergunta pode ser: o que significa interpretar o Cerrado ou os Cerrados a partir do enfoque territorial? Estas interrogações avivam um desejo do coletivo de pesquisadores e

orientados do projeto “Desenvolvimento territorial e sociobiodiversidade: perspectiva para o mundo do Cerrado”. Este projeto, cuja substância gira em torno de uma premissa: o modelo de desenvolvimento do Cerrado implica na sua sociobiodiversidade. Ou: a sociobiodiversidade do Cerrado deve ser, para o futuro próximo, um componente ativo do modelo de desenvolvimento.

A questão pode ser posta assim: os diferentes grupos sociais, formados de etnias-raças, gêneros, identidades socioculturais, trabalhadores, latifundiários, capitalistas, empresários, gestores – e outras formas, – constroem maneiras de agir no Cerrado, produzem a sua vida ligada ao tipo de relação que estabelecem com esse bioma-território; apropriam-se dos ambientes, do solo, da água, da vegetação, do ar, da infraestrutura criada, das vias, do Estado e, ao apropriarem, desenvolvem significações do Cerrado, impacta-o, o produz como território.

Isso posto fica descortinado o rumo da pesquisa: inicialmente tratar-se-á de observar e interpretar mudanças efetivas do mundo do Cerrado. O pleito e o vigor dessas mudanças darão as pistas concretas para a análise do modelo de desenvolvimento que, nos últimos 40 anos, edificou-se no território cerradeiro. Especificamente trataremos de interpretar o Cerrado contemporâneo, detidamente o goiano. E como exemplo será elucidado os conflitos dos povos Karajá-Aruanã-Go.

Essa direção solicita, no presente texto, interrogar: existe atualmente uma matriz de desenvolvimento do Cerrado goiano? Quais são as estratégias, os fundamentos e a expressões territoriais do modelo que se implantou? Essas interrogações conduzem a outra: como o modelo de desenvolvimento implicou e está implicando na sociobiodiversidade do Cerrado?

(10)

limite do conceito “bioma”, o que pode ocasionar uma confusão na análise na perspectiva

geográfica; e, logo, uma leitura nebulosa da sociobiodiversidade; e uma adesão ao que Souza (2015) chama visão essencialista. Ou seja, deter a análise apenas do modo de produção sem observar os componentes do bioma cai, noutra vala, numa separação entre sociedade e natureza. Ou deter apenas no bioma sem considerar o modo de produção pode enviesar a análise, reduzi-la.

Decorre dessas preocupações, a tentativa é a de pautar as intepretações aglutinando e interseccionando a dimensão territorial, o que valida o mundo vivido, as características particulares e singulares dos lugares, dos sujeitos diante da força do modo de produção. Esse procedimento intenta fugir da visão essencialista sem cair numa perspectiva empiricista.

Palmilhando a sociobiodiversidade do Cerrado goiano: a construção de um fundamento

Numa roda de conversa realizada em junho de 2016, o cacique Karajá, Aruanã-Go, cercado de professores, alunos de graduação e depós-graduação do curso de geografia, da Universidade Federal de Tocantins e do Instituto de Estudos Socioambientais, da Universidade Federal de Goiás, narrou:

“..É muito triste, tenho tristeza, porque vejo que a geração nova não quer aprender a falar a língua Karajá, muitos sentem vergonha. Eu fico pensando: e daqui há alguns anos, como fica, quem vai contar a história de nosso povo? Nós temos a nossa tradição, veio do meu avô. O meu avô contava a história do nosso povo, a nossa origem e assim mantinha a nossa tradição. A sabedoria nossa vem da história. Somos contadores de história”.

As palavras do velho cacique Karajá enunciam cortes na tradição, no modo de vida e interrogam o futuro. O seu sentimento de tristeza, como que antevendo o futuro a partir das cartas do presente, serve para aglutinar outros pontos enunciadores da vida do seu povo. A fragmentação de suas terras; a invasão da cultura urbana no cotidiano da Aldeia, especialmente da aldeia Buridina; os conflitos gerados em torno da pesca, venda de peixes, uso de bebidas alcoólicas; a luta pela sobrevivência; os problemas ambientais graves do rio Araguaia e, principalmente, os dos lagos de inundação em suas terras; a interferência do turismo – e outros problemas– mostram a ordem concreta da vida dos povos Karajá.

(11)

respondem por transformações de escala regional: o modo como o Cerrado goiano se coloca na divisão regional do trabalho.

O lugar do Cerrado e a sua importância como um território ligado à economia nacional e internacional são indicados nos números abaixo:

Gráfico 01. Pauta de exportação da região Centro-Oeste 2010.

Fonte: MI/SDR, 2013

Os três vetores da economia – complexo de soja, carnes e minerais – ao mostrarem-se responsáveis pela exportação na ordem de 70% sinalizam o modelo de desenvolvimento baseado na agro-exportação, indicando também o lugar do Cerrado nas escalas regionais e internacionais. Essa constatação pode ser observada na evolução da distribuição das exportações brasileira por região:

Tabela 01. Distribuição das exportações brasileiras por região no período 2000 a 2015.

Regiões 2000 2005 2010 2015

Sul 22,34% 21,48% 14,80% 16,88%

Sudeste 58,70% 56,18% 62,34% 54,08%

Centro-Oeste 2,07% 4,78% 5,25% 12,48%

Nordeste 8,57% 9,42% 7,49% 8,08%

Norte 6,02% 6,76% 8,51% 5,71%

Fonte: MIDC, 2016.

[VALOR]%

[VALOR]% [VALOR]%

[VALOR]%

[VALOR]%

(12)

Observa-se que apenas a região Centro-oeste teve aumento comparando o ano 2000 para 2015. Verifica-se que o aumento foi vertiginoso. A região saiu no ano 2000 de 2,07% para 12,48%. Demambro (2016, pag 35), ao observar a commoditização dessa economia, analisa o processo:

“commodities são produtos com baixo valor agregado; os preços têm tendências a fortes oscilações; os modelos de produção são socialmente pouco inclusivos e possuem elevados riscos de passivos ambientais. O Brasil, nos últimos anos, vem se capacitando e adquirindo forte competitividade no agronegócio mundial. Com uma grande capacidade empreendedora e investimentos tecnológicos está entre os maiores nas

estratégias de produção de alimentos”.

A descoberta do alimento como mercadoria no pós-guerra, o incremento técnico-científico da

chamada “revolução verde”, o pacto do Estado brasileiro com as nações hegemônicas, a

denominada exportação de capitais, a partir das grandes corporações transnacionais, criaram condições para que o Cerrado brasileiro se tornasse uma fronteira nacional do capital internacional.

Ao analisar detidamente o processo de mundialização do capital por meio dos Investimentos Externos diretos (IEDs) no setor sucroenergético, Bunde (2017, pag, 309/310) explica que,

“Todo esse processo provocou uma reorganização territorial, levando as empresas, especialmente as multinacionais do setor sucroenergético, a formarem redes ou cadeias de cooperação com parceiros nacionais e internacionais e, com isso, criar as condições para resgatar o pensamento liberal, atuando no sentido de monopolizar tanto o mercado de açúcar e etanol como a produção da matéria prima para a fabricação dessas mercadorias, a cana-de-açúcar. O objetivo dos grupos econômicos estrangeiros é claro: repor os níveis de expansão e acumulação do capital, apropriando-se da renda da terra)”

(13)

Essas interrogações requisitam a compreensão de algumas premissas:

= o controle do território é fonte de poder econômico, da natureza e da cultura; = no modelo de acumulação atual por meio da mundialização o território é reduzido à dimensão economicista;

= há um processo de ideologização do Cerrado compreendendo o modelo de desenvolvimento. Essa ideologização ocorre mediante a representação do Cerrado no qual é escamoteado o controle das classes;

= o papel do Estado tem sido efetivo para guiar, subsidiar e ideologizar as transformações do Cerrado

= a concretização ´desse modelo no território gera conflitos na ordem da produção da vida dos diferentes grupos socioculturais.

Essas premissas garantem que tem sido efetivado uma hegemonia territorial. Essa hegemonia ocorre pela relação entre poder, território, Estado e estratégias. O que se verifica é a transformação do Cerrado num território estratégico, servindo, inclusive, de sua posição geográfica. Daqui pode-se avaliar que há uma estratégica geopolítica de dominação do Cerrado. Inocêncio (2012, pag 3), diz que

“A geopolítica foi, sem dúvida, a via modernizante do território do

Cerrado que ao articular interesses públicos e privados, nacionais e internacionais estruturou um conjunto de medidas destinadas a implantar um novo processo produtivo nas terras do planalto central...As ações estratégicas se deram em três momentos distintos: implantação do Estado Novo (1930); plano de metas de Juscelino Kubstschek (1956) e

Regime Militar (1964)”

O modo pelo qual o Cerrado brasileiro se inseriu no empreendimento da sociedade brasileira, conforme apontou a geógrafa, esboça uma matriz espacial. O que se tem denominado modernização territorial, abertura de fronteira, incorporação capitalista do território diz respeito a esse processo. Nota-se que a componente espacial, de valor estratégico, ou seja, o fato de o Cerrado ser a ponte de encontro entre o sul e o norte brasileiros justificou um conjunto de ações diretas na construção de infraestruturas.

Ao analisar “as disputas pelo subsolo e os efeitos socioespaciais dos grandes projetos de extrativismo mineral em Goiás”, o geógrafo Ricardo Assis Jr expõe o mecanismo social que se implantou no Cerrado. Diz Ele que,

“A inserção do Cerrado goiano na produção capitalista nacional e

(14)

e as estratégias de apropriação dos seus territórios, disputados pelo agrohidronegócio, indústria farmacoquímica, turismo e mineração. Recursos territoriais como terra, água e minérios tornam-se imprescindíveis para que o capital mantenha sua marcha expansionista e geração de renda, apresentando a centralidade das disputas por território e de classe diante da demanda mundial por commodities agrominerais. Os efeitos socioespaciais de grandes empreendimentos extrativistas geram conflitos socioambientais e impactam a organização dos espaços da existência coletiva de Comunidades Camponesas, trabalhadores da terra, quilombolas e povos indígenas em Goiás – os Povos Cerradeiros

(FERNANDES, 2016, pag 15)”.

A análise de inserção do Cerrado diante da demanda mundial de minérios conduz o autor a destacar dois efeitos: os conflitos socioambientais e a organização dos espaços de existência coletiva de comunidades camponesas. Esse mote analítico, apesar de não desconsiderar as características ligados à ideia de bioma, não se prende ao tom elogioso criado pela via ambientalista de leitura do Cerrado.

O vivente e a precarização do viver

É comum estudiosos do Cerrado apresentarem um rol de características desse bioma. Geralmente destacam e replicam alguns pontos.

 O Cerrado é a cumeeira da América Latina  É a caixa d´água da América Latina

 Possui uma centralidade estratégica

 É um ambiente formado de rica biodiversidade e de ricasociodiversidade  Possui um grande patrimônio farmacopopular

 É organizado mediante um mosaico de ambientes e de fitofisionomias  É um sistema biogeográfico em situação de clímax

Todos esses elementos e outros oriundos do seu gradiente natural, climático, pedológico e de sua ecologia, de seus aquíferos, de seus rios e nascentes conformam um território, pois é apropriado, usado, significado, simbolizado, há mais de 11.000 anos. Desde os Andarilhos da Claridade, os povos ceramistas, passando pelos povos indígenas, pelos bandeirantes a

(15)

àagricualtura moderna, o que se vê são forças humanas, políticas conflitando e dando destino a esse território heterogêneo, diverso, múltiplo.

Segundo a geógrafa Maria Geralda de Almeida (2102), os diferentes povos desenvolveram e desenvolvem múltiplas culturas ecológicas transformando o Cerrado na expressão de suas vivências, de seus sentimentos e de suas intencionalidades. Ora, como foi explicado anteriormente, a partir de 1960 a redescoberta internacional do Cerrado, ou a sua inserção no jogo geopolítico mundial, implicaram em vários efeitos, impactos e mudanças, tanto dos elementos naturais, como dos socioculturais.

Ler as mudanças do Cerrado por meio da cultura ecológica dos povos confere à leitura uma atenção há alguns componentes, tais como:

 A sua localização a partir da ligação com outros biomas – na fronteira do pantanal, floresta amazônica, caatinga, mata Atlântica, ajudando a compor a rica biodiversidade e as diferentes fitofisionomias;

 - a função ecológica de seu vivente dá a cada espécie uma tática ecológica. As táticas, assim como as próprias espécies são sutis, simples. Às vezes a ausência de uma abelha para a polinização altera componentes importantes da biodiversidade;

- o uso e o nome de uma planta, ou o se apelido são dotes culturais. Esses dotes são produtos milenares de saberes e de condutas éticas. Geralmente a relação de alguns grupos, como povos indígenas e camponeses, por exemplo, são mediados por valores míticos, místicos, mágicos. Contudo, a forma de apropriação da água, do solo, dos minérios ou das plantas pautados pela visão economicista passa a ser funcional. Se, de acordo com a pesquisa do professor Ricardo Assis Jr. (2016), as comunidades camponesas impactadas pelo extrativismo mínero-industrial sofrem de poluição, diminuição de vasão de água, enfraquecimento do solo, desmatamento obrigando-as a migrarem para as cidades e se assalariarem, o processo geral da empreitada econômica da modernização do território cerradeirocria outras implicações. Pode-se citar:

- o empobrecimento genético - a destruição da vegetação nativa - a extinção de animais

- a mudança de ecossistemas - o estresse da fauna

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- a substituição da fauna nativa por exótica - a contaminação de lençóis freáticos - a diminuição e poluição de mananciais - a compactação e erosão do solo

- a proliferação de doenças

A mecânica redutora da vida e a destruição da diversidade, conforme apresentou

Arroyo (2012), culmina com a “precarização do viver”. Por essa via de reflexão, pode-se criticar o modelo de desenvolvimento do Cerrado como parte constitutiva do modelo de sociedade que se implantou no Brasil. É possível o modelo de acumulação subsistir sem destruir a diversidade genética? Seria possível manter a força dos grandes conglomerados sem criar pobreza, fome e violência?

O que está em cena é a ação delituosa com o vivente instalado nos territórios precários do viver. De maneira que povos indígenas, pescadores, quebradoras de coco, quilombolas, camponeses, veredeiros, assim como trabalhadores urbanos das metrópoles, operários, como viventes desse mundo, são desrespeitados na sua condição de ser do mundo. Se não é possível estar no mundo, do mesmo modo não é possível ser do mundo. O mundo empobrece-se, reduz-se. A economia da destruição é junto a economia do enriquecimento. Essa economia é necrófila.

Conforme Harvey (2011) e Rigonato (2017), a vivência espacial do sujeito contemporâneo, a consecução diária da vida, face a grandes metamorfoses, sofre o abalo da instabilidade econômica e das crises financeiras; entram num regime acelerado de instabilização. A luta pela moradia, o clima psicológico das ruas, a poluição sonora, a violência do trânsito, a competitividade pelo fluxo de ruas geram um aturdimento na vida.

Como se fosse natural e indetenível signos da modernidade como urbanização, alterações da moradia, dos artefatos do trabalho e dos utensílios; dos meios de comunicação; do lazer vão imprimindo alterações no modo de vida, impregnando-o de uma racionalidade hegemônica. Contudo, além de ser impossível o isolamento, nem ser capaz de estancar as mudanças culturais, as práticas espaciais dos sujeitos costuram negociações, adesões, refreios, adaptações. Isso num clima de tensão própria de um mundo que imageia tudo, mercantiliza paisagens, subjetividades, formas de viver.

Sujeitos desenraizados do Cerrado: o exemplo dos povos Karaja

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572,083 residem no espaço rural, e 324, 834 estão nas cidades. Existem 305 etnias que falam em torno de 274 línguas e dialetos.

Esses números mostram um caráter espacial: o processo de modernização territorial e da agricultura, a construção de infraestrutura viária, portos, plataformas tecnológicas, armazéns e o novo cenário da cadeia produtiva e de serviços, tem, além de desmatado o Cerrado, impactado a floresta amazônica e gerado efeitos em todos os biomas, criando também um desenraizamento dos povos indígenas. Um percentual grande da população indígena reside atualmente nas cidades.

Além da mudança de estrutura espacial a partir do efeito violento do deslocamento das aldeias para as cidades, há, também, uma referência na divisão territorial do trabalho.

Gráfico 02. Distribuição demográfica dos povos indígenas no Brasil

Fonte: IBGE, 2010

Observa-se que as regiões norte e nordeste concentram a maioria da população. E as regiões sul e sudeste possuem os menores índices. Isso mostra que as regiões de maiores concentração de capital, tecnologia, negócios, informações e também as de maiores PIBs, expulsaram os povos indígenas para as regiões com menores índices nesses quesitos, o que indica a participação efetiva da divisão territorial do trabalho – e da desigualdade regional – como componentes indutores da localização dos povos indígenas brasileiros.

Mas se antes do processo de modernização territorial e da agricultura a divisão territorial do trabalho poderia significar um alívio para a manutenção de terras e territórios indígenas, com a demanda de energia, com o comércio de madeira e com a expansão da fronteira agrícola,

9%

11%

16%

26% 38%

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esse alívio já não é mais possível. A professora e pesquisadora Lorranne Gomes da Silva (2016), mostrou em sua tese a seguinte situação:

Quadro 01. Local e megaprojetos nos territórios indígenas.

Local Megaprojeto

Terra Indígena do Waimiri-Atroari/Roraima

Linha de transmissão de energia Terra Indígena do Povo Krenak/Minas

Gerais

Poluição do Rio Doce pelo colapso de barragem

Territórios quilombolas da Bacia do Trombetas/Pará

Mineração de bauxita e hidrelétricas associadas – complexo industrial

Bacia do Rio Xingu/Altamira/Pará Usina Hidrelétrica de Belo Monte

Rio Tapajós/Pará Complexo de hidrelétricas Tapajós e Hidrelétrica São Luiz do Tapajós

MAPITOBA/Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia

Usinas Hidrelétricas e Agronegócio Povo Indígena Guarani-Kaiowá/Mato

Grosso do Sul

Construção Civil Povo Pataxó e Tupinambá/Bahia Agronegócio Povo Indígena Xavante/Mato Grosso Agronegócio Fonte: www.mabnacional.org.br. Acesso em: 07/10/2016 Organização: SILVA, Lorrane Gomes da.

Pode-se ler no demonstrativo que vários megaprojetos envolvendo energia, agronegócio e construção civil repercutem nos territórios indígenas, alguns dos quais, como é o caso da Usina de Belo Monte, mobilizando a opinião pública internacional.O modo pelo qual os vetores da economia da região Centro-oeste, o dinamismo modernizante e excludente de algumas regiões do nordeste e a nova função da região norte na divisão regional do trabalho, especialmente na oferta de energia, tem intensificado os impactos, efeitos e implicações nos territórios indígenas.

Especialmente o que ocorreu – e está ocorrendo – com Belo Monte despertou a ação de Movimentos Sociais, de organizações indígenas e de pesquisadores. A análise dos impactos pode ser vista assim:

“Vários impactos biológicos e sociais são previstos com a redução dos

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de espécies, escassez da pesca, aumento de pressão fundiária e de desmatamento, migração de não-índios, ocupação desordenada do território, proliferação de epidemias e diminuição da qualidade da água.

(FEARNSIDE, 2011, p. 5)”.

De acordo com Fearnside, são 28 etnias no vale do Xingu, somando aproximadamente 20.000 habitantes que serão direta e indiretamente impactados. No trabalho do pesquisador consta a avaliação dos próprios indígenas:

“Depois da barragem, nós não vamos viver como agora sem a barragem. Vai desaparecer o

peixe, morrer muita caça, e a gente vai passar fome, não vamos ter todas as coisas que tem no rio e na mata. Uns vão embora porque o rio vai ficar cheio ou vão morrer. Vai estragar a vida de todos os índios, ribeirinhos e da natureza que é a nossa vida. Nós não queremos a

barragem de Belo Monte. (SEVÁ FILHO, 2005, p. 83)”.

A dimensão espacial ou o contexto territorial na qual os povos indígenas se localizam e desenvolvem a sua vida, é também um ponto a ser avaliado relativo às etnias de Goiás. Isso pode ser interpretado na leitura do mapa

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Avá-canoeiro, distantes, na região nordeste de Goiás, dividem o seu território com usinas hidrelétricas.

Nota-se que a faixa meridional do território goiano, a que se aproxima econômico e socialmente do eixo desenvolvido do país, o sul e o sudeste, não possui terras indígenas.

Vida dissipada: os povos Karajá– ruanã-Go.

Destituído de seus lugares de origem, perpetrado por perseguições, aldeamentos, divisões, grilagens e confinamento de terras, os povos Karajá vivem em aldeias no vale do Araguaia, Tocantins e afluentes. Os Karajá de Aruanã possuem cerca de 360 pessoas que se dividem em duas aldeias.

De acordo com a pesquisa feita por Lima (2010), um conjunto de pressões se

efetivam na terra, no território, no corpo e na vida desses “povos do rio”. Mudanças drásticas na língua, nas representações, nos ritos, na alimentação se somam ao casamento interétnico, uso de artefatos tecnológicos, desejos mercantis, formas de morar.

Essas alterações implicam na estrutura espaço/temporal da vida dos Karajá. Vê-se também a internalização dos conflitos externos, notadamente os que colocam o dinheiro como matéria principal da vida. Contudo, os sujeitos idosos, assim como universidades, movimentos sociais e organizações tentam gerar espaços para que costumes como o artesanato, a pesca, a alimentação de tracajá, sejam mantidos e exercidos como símbolos e efetivos de vida.

Gestados nas tensões, os povos Karajá traçam estratégias de negociação em duas vias: no campo do fortalecimento de um arco de poder que lhes defendem; e de demonstração da efetividade de sua etnia no trato com o rio, com o Outro, com a língua, com a dança, com a solidariedade. O cacique revela essa estratégia:

“Nós tentamos ensinar os mais jovens a língua e também os nossos costumes, mas não é fácil. Eles aprenderam, cresceram aqui na cidade, muitos têm vergonha de ser índio, isso dói muito. Nós não temos o costume de proibir nada, não. Queremos que as pessoas se sintam bem do nosso jeito, então nós incentivamos com a produção de nossas peças de artesanato, com a nossa cultura”.

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As tensões sociais criadas pelo mundo urbano, tecnocentrado, cortado de redes; a instabilidade econômica, os processos de ideologização e de capturas simbólicas e da subjetividade se somam ao que se referem às “pilhagens territoriais”, conflitos por água, por

terra, por títulos minerários. No caso específico dos povos indígenas, migração das aldeias, mudanças do modo de vida, redução e grilagem de terras estampam-se de maneira crucial e cruel. Está desenhado a precarização do viver, o empobrecimento do vivente como produto do adoecimento do planeta.

Considerações finais

Autores atuais especialmente do campo das humanidades, como Arroyo ( 2012) e Harvey (2011), repetem: há um grito de socorro do sujeito contemporâneo frente a precarização do viver. Implicado numa esfera mundial de negócios, de ideologias e de imaginários, sob a hecatombe de signos, informações e imagens, atropelado por uma vida urbana competitiva, desamparado e aterrorizado por violência, pela ameaça ao emprego, sob atravessamentos alhures, esse sujeito grita por suportes que lhes facultem um mínimo de equilíbrio.

A armadura social, cultural e simbólica que impacta o sujeito tem consonância com o que procede em outras esferas da vida. A erosão genética, o enfraquecimento dos solos, a contaminação da água e do ar, a alteração dos ciclos da chuva, as mudanças climáticas em diferentes escalas mostram o repertório de uma ação necrófila com o vivente.

A vida, ela inteira, é acossada, humilhada, vilipendiada. A experiência do vivido, sua leitura, sua percepção, constatou isso. Pois o corpo humano é atravessado pelo adoecimento e pela violação. E é essa experiência, noutro polo, que pode levantar bandeiras da liberdade, da solidariedade, e de meios alternativos de desenvolvimento, assim como de afetos, ações combativas no seio político.

No quadro geral desse repertório necrófilo observa-se mudanças na constituição da natureza e em sua significação. O projeto obsessivo da modernidade em conhecer e transformar a natureza, de fato, criou o triunfo técnico-científico sob a custa da destruição e extinção de várias espécies da fauna e da flora. O triunfo da razão produziu a miséria existencial. Esta espraiou-se em todos os quadrantes do mundo na linha das redes conectivas promovendo uma sociedade mundializada no campo mercantil e fragmentária e redutora na ação da vida.

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tempo, o gradiente de seu vivente sofreu abalos impensáveis. Assim como de sua estrutura espacial: foram erigidas metrópoles; cinturões urbanos; afluiu-se migrantes de várias partes do país para as suas cidades; houve perda de população das cidades pequenas; aumentou-se as cifras do PIB e da desigualdade regional e social.

Incluso nos negócios internacionais o Cerrado foi flechado pelas estratégias geopolíticas. Internacionalizado se viu perdendo a horizontalidade de relações entre os sujeitos, os grupos e suas culturas. É com esse dispositivo analítico que se pode pensar a sociobiodiversidade do Cerrado. E também o exemplo dos povos Karajá-Aruanã-Go. O abalo nas identidades desses povos – e de outros – curvados a um modelo economicista de uso do bioma, além da valência política exigiu reformular os componentes da análise: seria conveniente aproximar a leitura do bioma pela via do território, investigar o território observando o bioma.

Os povos Karajá, povos do rio Araguaia, aturdidos pela perda de terras, pelo confinamento e pela pressão urbana, ameaçados pela especulação imobiliária, na zona quente do turismo, internalizou os conflitos externos no seio de sua vida, de suas relações com o rio, de sua língua, de sua alimentação. Alcoolismo, drogadição, assalariamento, adoecimento, prostituição, casamento interétnico, venda escusa de peixes e luta para preservação de suas festas, de seus ritos, de sua cultura estampam-se na cadeia trepidante de construir a vida num território de economia mundializada.

O respeito à diversidade como bem da vida, a lição da heterogeneidade ambiental do Cerrado, a necessidade de criar arcos de poder entre movimentos sociais, universidades, escolas e frentes que defendem a vida, dão um sentido político ao termo sociobiodiversidade. A luta pelo direito à terra, ao território, à cultura é, sem dúvida, uma luta pelo vivente. O vivente é exemplo da Biogeya – terra viva.

Referências bibliográficas

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SEVÁ FILHO, A. Oswaldo. TENOTÃ-MÕ: Alertas sobre as consequências dos projetos hidrelétricos no rio Xingu. IRN, 1ª ed. 2005

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HOMO-CERRATENSIS E A NOVA ORDEM TERRITORIAL DO CERRADO

Altair Sales Barbosa Horieste Gomes Antônio Teixeira Neto

A expressão Homo-cerratensis foi criada pelo pesquisador Paulo Bertran, para batizar simbolicamente a descoberta feita pelo professor e pesquisador Altair Sales Barbosa do esqueleto humano mais antigo das Américas.

O esqueleto pertence a um indivíduo do sexo masculino e foi encontrado dentro do início das camadas Pleistocênicas, em escavação arqueológica realizada na região de Serranópolis-Goiás, com a idade de 13.000 anos antes do presente (A.P.), após recalibragem do Método Carbono 14.

Embora o esqueleto seja de um Homo-sapiens-sapiens, um dos ancestrais dos índios do Brasil, isso não o configura como o vestígio mais antigo da ocupação humana americana. Há outros vestígios não esqueletais que acusam a presença do homem no Continente Americano em épocas mais antigas.

Com o passar do tempo, a expressão Homo-cerratensis passou a designar também o habitante tradicional do Cerrado, fruto ou não de miscigenações e troca de conhecimentos entre populações indígenas, portuguesas e africanas.

O BERÇO DE TODOS NÓS

O mais antigo ancestral humano, o que originou a humanidade moderna, viveu na África há mais de dois milhões de anos. Esse meu, seu, nosso ancestral comum se chamava Homo-habilis. Não se sabe ainda se ele já dominava a habilidade de falar.

Retrocedendo muito mais no tempo, na casa dos três bilhões de anos, vamos encontrar o ancestral comum de todos os seres viventes da Terra. A reconstituição dessa grande árvore genealógica se mostraria muito fragmentada, porque várias de suas bifurcações são desconhecidas e possivelmente jamais serão conhecidas.

O certo é que quanto mais avançamos no tempo passado, mais buscamos o caminho da unidade, e quanto mais avançamos em direção aos tempos modernos, mais nos deparamos com a diversidade. À medida em que retrocedemos ou avançamos no tempo, as inúmeras variáveis se tornam mais complexas.

Mas é possível afirmar que em algum lugar de um passado recente, provavelmente há 80 milhões de anos, época em que já existiam mamíferos na Terra, pelo menos um dos nossos ancestrais já vivia, ou nós não estaríamos hoje no Planeta.

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AS PRIMEIRAS PEREGRINAÇÕES

Há pouco mais de 2 milhões de anos nosso ancestral comum, o Homo-habilis, vivia na África, sem dúvida o continente kimberlito de nossas raízes genéticas.

Passados 300 a 400 mil anos, o Homo-habilis transformou-se em uma espécie anatomicamente mais evoluída, o Homo-erectus. Seu mais antigo esqueleto foi descoberto perto do lago Turkana e data de 1,5 milhão de anos.

Mas o Homo-erectus não ficou restrito somente à África. Podemos considerá-lo um ser cosmopolita, pois seus restos fossilizados indicam que viveu na Europa, na Ásia, na ilha de Java. Dependendo do local, é chamado de Pithecanthropus-erectus, Sinanthropus pequinenses, Homem de Java, etc.

Em locais diferenciados geograficamente da Europa e da Ásia, o Homo-erectus deu origem ao Homo-sapiens arcaico, que ostenta de acordo com a região, pequenas diferenças anatômicas, como o Homo-sapiens de Heidelberg, (Alemanha); Homo-sapiens da Rodésia (África); Homo-sapiens de Dali (China).

A saída do Homo-erectus da África para outros continentes representa a primeira onda migratória de humanos, e foi realizada em levas intercaladas por intervalos de tempo relativamente longos.

Esse erectus viveu até cerca de 250 mil anos atrás, e é o ancestral do Homo-sapiens arcaico, cujo fóssil mais antigo foi encontrado na depressão de Afar, na Etiópia, e data de 160 mil anos.

O Homo-sapiens arcaico deu origem ao homem moderno, o Homo-sapiens-sapiens, que não é único de seus descendentes. Outra espécie de humanos avançados, conhecida como Homo-sapiens neanderthalensis, ou Homem de Neanderthal, também descendente do Homo-sapiens arcaico, emergiu por volta de 150 mil anos atrás na Europa e no Oriente Médio. Fósseis dessa região mostram uma transição gradual do Arcaico para o Neanderthal.

O Homem de Neanderthal foi contemporâneo dos europeus modernos e viveu até 23 mil anos atrás, quando entrou em competição e foi extinto por grupos de Homo-sapiens-sapiens oriundos da África, que representam uma segunda leva de migrantes desta região para outras situadas mais ao norte.

O DESTINO DA SEGUNDA PEREGRINAÇÃO

Durante o último estágio da glaciação Pleistocênica, denominada pela geologia americana de Wisconsin, houve grande rebaixamento do nível oceânico em todas as partes do Planeta, devido à quantidade de água retida no hemisfério norte, notadamente acima do Trópico de Câncer.

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interior dos continentes que, por sua vez, afetaram a vegetação e a fauna, levando algumas espécies à extinção e outras à busca de rotas migratórias que lhes permitissem sobreviver. O rebaixamento dos oceanos também expôs pontes de ligação entre o sul da Ásia e a Austrália, entre a Ásia e diversas ilhas do Pacífico. Por meio delas, grupos de Homo-sapiens-sapiens iniciaram processos migratórios intensos, na busca da sobrevivência e de novos modelos de organização espacial.

Algumas levas de populações do Sul da Europa retornaram à África. Alguns grupos do nordeste da Ásia, aproveitando a ponte formada pelo Estreito de Bering entre a Sibéria e o Alasca, deram início ao povoamento do Continente Americano.

O POVOAMENTO AMERÍNDIO

Atribui-se o termo Ameríndio à toda população humana nativa e seus descendentes, existentes no Continente Americano antes da chagada de Cristóvão Colombo, em 1492. Colombo de forma equivocada denominou essa população de “índios” pensando haver chegado às Índias.

Os primeiros seres humanos a povoar as Américas entraram no novo continente a pé, subsistindo à base de plantas e animais selvagens, numa época em que a água do mar, retida nos glaciares, deixava uma conexão terrestre entre a Sibéria e o Alasca, em pelo menos dois longos intervalos nos últimos 50.000 anos.

A mais antiga ponte terrestre existiu entre cerca de 50.000 e 40.000 anos atrás e foi usada por várias espécies de mamíferos do Velho Mundo, incluindo o caribu e o mamute peludo, para invadir as Américas. Após um intervalo de submergência que durou uns 12.000 anos, a ponte reapareceu entre cerca de 28.000 a 10.000 anos atrás.

Durante parte desse tempo, um continuo lençol de gelo estendeu-se do Atlântico ao Pacífico, terminando a uma latitude ligeiramente ao sul dos limites políticos atuais entre o Canadá e os Estados Unidos. Com 1.200 metros de espessura, esse monstruoso glaciar impediu a passagem do homem ou animais durante 10.000 anos.

No decorrer de alguns milênios, antes que os segmentos de Leste e Oeste se fundissem e um corredor se abrisse novamente, a ponte terrestre foi transitável. Aproximadamente há 10.000 anos, o nível do mar elevou-se e cobriu o Estreito de Bering. Desde essa época, o Novo Mundo tem sido atingido somente por água.

Os primeiros povoadores devem ter entrado na América pela ponte que reapareceu entre a Sibéria e o Alasca, no período situado entre 28.000 e 10.000 anos A.P. Como essa migração não foi contínua e foi realizada através de levas que englobavam grupos pequenos, é provável que esses grupos pertencessem a correntes gênicas diferenciadas.

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A colonização da América do Norte se deu de forma que alguma população logrou grande êxito, como a das grandes planícies, mas a colonização de outras áreas nem tanto e, aos poucos, foi forçando uma migração lenta em direção à América do Sul, seguindo as rotas migratórias dos animais.

OS PRIMEIROS ANCESTRAIS DOS POVOS DO CERRADO

Os primeiros ancestrais das populações indígenas que hoje ainda habitam as áreas do Cerrado chegaram por volta de 13.000 anos A.P. Vieram em um processo de levas sucessivas, em épocas diferentes. Muitas dessas levas tinham parentesco genético e cultural, outras nem tanto.

Entraram na América do Sul pelo do Istmo do Panamá, por volta de 19.000 anos A.P., mas seus ancestrais mais antigos vieram da Sibéria para a América do Norte, por volta de 25.000 anos A.P. (datas já devidamente corrigidas, em virtude da recalibragem do Método do C-14), utilizando o Estreito de Bering e aproveitando os corredores de migração formados pelo interglacial Ilinoian-Wisconsin. Quando chegaram à América, todos os ameríndios já eram Homo sapiens, sapiens mongoloide, originários da região que hoje corresponde à Mongólia.

Embora todos fossem descendentes de um mesmo tronco racial, já existiam marcantes diferenciações culturais, refletidas na cultura material, nos sistemas sociais de organização e possivelmente na língua falada entre os grupos que aqui chegaram.

Mas existiam também muitas semelhanças, principalmente na obtenção de alimentos – todos tinham sua economia baseada na caça e na coleta, e na busca de abrigos naturais para se protegerem das intempéries do tempo e garantirem sua sobrevivência.

Por volta de 13.000 anos A.P., com o fim da glaciação de Wisconsin, o caminho pelo Estreito de Bering tornou-se inviável. Somente muito mais tarde outras levas humanas, oriundas da Polinésia, alcançaram a América pelo Pacífico, ou se deslocando pela neve através da Groenlândia. Os Inuites, ou Esquimós, já utilizavam essa rota em épocas anteriores.

OS PRIMEIROS POVOS ENCONTRADOS NO CERRADO

Organizadas em pequenos grupos clânicos, as populações ameríndias do novo Continente foram obrigadas a um isolamento geográfico por longo tempo, o que contribuiu para aumentar ou fazer surgir uma diferenciação linguística acentuada.

No Brasil Central, as diferenciações linguísticas, os sistemas de organizações sociais e ideológicos foram se sedimentando ao longo do tempo, aumentando a diferenciação entre os grupos ou povos.

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O que se constata, como regra geral, e que leva a concluir, com boas razões, é que os primeiros habitantes encontrados pelos brancos nos diversos locais do Cerrado foram os que se desenvolveram e se adaptaram nesse local por séculos. Até o contato direto, esses povos não foram afetados em sua estrutura demográfica e cultural.

O comportamento pacífico dos índios Goyá, um dos primeiros grupos atingidos pelas Bandeiras, que chegaram à região rapidamente em busca de mão de obra, ouro e pedras preciosas, indicam que não havia nem a instabilidade nem o conflito surgido depois da presença do branco.

O contato direto com os bandeirantes, que ainda encontram as populações plenamente instaladas, com suas aldeias, seus roçados, seus campos de caça e coleta, provocou não só uma desagregação social, mas também: a diminuição da população por escravização, guerras e doenças; a deterioração econômica pela ocupação de seus espaços vitais para os cultivos e pilhagem das roças; e a desorganização dos espaços de cada aldeia, levando os grupos à guerra, primeiro contra os arraiais brancos, mas depois também entre si.

A imagem que os viajantes e etnógrafos do século XIX oferecem das populações então sobreviventes é falsa, porque o impacto violento da colonização — primeiro, desestruturando, depois, reestruturando a sociedade, a economia e talvez partes consideráveis da cultura — já havia sido absorvido.

Se isso parece verdadeiro para as populações ainda numerosas que assolaram desesperadas os

arraiais brancos antes de serem “pacificadas”, é muito mais significativo para as populações já reduzidas, que foram aldeadas e completamente aculturadas sob o domínio do colonizador. Seus descendentes, que hoje sobrevivem nas aldeias, devem ter reorganizado mais de uma vez a sua sociedade e a sua cultura com os restos que salvaram do impacto colonial, readaptando-as de acordo com as novas condições e necessidades.

O GRITO ÊMICO DE CADA UM DOS GRUPOS QUE FORMARAM O HOMO-CERRATENSIS

EU SOU O ÍNDIO

Desde que as naus portuguesas chegaram em abril de 1.500 ao litoral brasileiro, numa enseada batizada com o nome de Baía de Todos os Santos, cerca de vinte gerações se passaram.

Nossos ancestrais indígenas já estavam na região central do Brasil há pelo menos quinhentos e cinquenta gerações. No oeste da América do Sul, América Central e América do Norte, já estávamos há muito mais tempo.

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Éramos nômades, caçadores, pescadores e coletores das sobrevivências. Morávamos em abrigos naturais ou em cavernas. Nesses locais também enterrávamos e venerávamos nossos mortos, fazíamos nossas cerimônias e deixávamos arte em forma de mensagens gravadas e pintadas nas paredes.

Mais tarde, domesticamos alguns vegetais nativos e nos transformamos em horticultores. Passamos a viver em áreas abertas ou aldeias, sem nunca deixar de visitar nossas antigas moradas, pois sempre respeitamos e reverenciamos a memória dos nossos antepassados. O futuro chegou mais rápido que imaginávamos, e o Brasil que se formou com sua ideologia economicista passou sobre nós como um rolo compressor. Fomos estereotipados na forma de vários preconceitos. Até o título de "preguiçoso" nos cunharam, simplesmente porque não aceitávamos o regime da escravidão.

Mesmo sendo amistosos no início, logo percebemos a intenção dos portugueses de nos escravizar e nos tornamos arredios. Fomos marginalizados de várias maneiras, inclusive pela força. Para sobreviver, tivemos que nos refugiar nos rincões mais escondidos e inacessíveis. Alguns de nós foram aprisionados, aldeados em locais artificiais e, com o tempo, catequizados. Mais tarde, em aldeamentos como o de Mossâmedes e Carretão, houve miscigenação entre nós e os africanos, resultando no tipo físico denominado pelos historiadores de cafuzo.

Também com o branco, nossa miscigenação ocorreu de maneira forçada e violenta. Mesmo quando as pequenas vilas já estavam estruturadas nos sertões do Brasil, era comum incursões para capturar mulheres entre os grupos isolados. Daí a expressão "minha avó foi pega a laço. Da mesma forma, nossos mitos foram coletados pelos religiosos, nos aldeamentos, e disseminados nas casas dos brancos. Levaram um pouco, mas muito pouco mesmo, porque boa parte do universo cosmogênico de nossos povos continua conosco.

Nossa cultura e identidade com a terra eram tão fortes que, mesmo restando somente rastros, nossa herança deixou marcas profundas na cultura brasileira, e na de outros povos, que incorporaram nossos alimentos, nossas plantas nativas, nossa dieta animal e vegetal, e nossa riquíssima farmacopeia.

Assim aconteceu com o feijão, domesticado por nós e apreciado desde o Brasil até o Texas. Também domesticamos o abacate, o abacaxi, o tomate, o pimentão, a pimenta.

O tabaco, domesticamos para uso em nossos rituais, para amenizar nossas dores e situações de estresse, da mesma forma que nossos irmãos do altiplano Andino usavam a coca para amenizar os efeitos da altitude e para evitar a labirintite causada pela escassez de oxigênio. Infelizmente, a sociedade que se formou deu às nossas plantas outras formas de uso.

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Alguns de nossos alimentos alcançaram mercados mundiais, como o guaraná, nossa bebida enérgica e refrescante, nossos cremes das palmeiras Açaí, Patauá, Bacaba, Buriti, aos quais atribuíamos o nome de sembereba, bem como o creme de Cupuaçu, as castanhas do Pará, do Caju, do Barú, do Pequi, ou os Amendoins.

Um dos nossos cremes ficou tão famoso que o mundo até esquece que fomos nós que o criamos. Trata-se do creme da amêndoa do cacaueiro, planta nativa das nossas florestas equatoriais cujo doce hoje em dia conhecido como chocolate é o mais apreciado da Terra. Domesticamos batatas, inhames e mais de trezentas raças de mandioca; ensinamos a consumí-la cozida ou assada; a processá-la na forma de tapioca, polvilho, puba, beijus; e dela fizemos o primeiro alimento desidratado da história da humanidade: a farinha.

Ensinamos ao mundo a usar o látex da seringueira, planta nativa do ecótono entre Amazônia e Cerrado, cuja matéria prima hoje movimenta desde nossos corpos pelos solados de nossos sapatos, até caminhões e aviões pelos seus pneus.

Ensinamos os colonizadores a consumirem muitas de nossas plantas nativas para saciarem a fome e curarem certas doenças. Conosco, aprenderam a consumir a Mangaba, o Caju, o Pequi; a beber o chá da Douradinha e da Congonha-do-Campo, e a curar a malária usando a entrecasca do Quinino.

Passamos muitos outros segredos vegetais ao colonizador que os incorporou na farmacopeia universal. Muitos ainda guardamos conosco, não por egoísmo, mas porque a sociedade que se formou à nossa volta nunca se importou em conhecê-los para benefício de toda a humanidade. Alguns espertalhões conseguem esses conhecimentos para uso comercial e empresarial pela biopirataria.

EU SOU O PORTUGUÊS

No século XV, há mais de 500 anos, formávamos uma das mais desenvolvidas nações da Terra. Estávamos bem mais próximos, culturalmente falando, e possivelmente também geneticamente, das populações árabes do que das populações do interior e norte da Europa. Nossa Escola de Sagres, criada pelo Infante D. Henrique, que montou sua base sobre os conhecimentos astronômicos, matemáticos e cartográficos desenvolvidos pelos árabes, possibilitou uma revolução no conhecimento da cartografia terrestre e das técnicas de navegação, desde uma fábrica de navios até sistemas de orientação em alto mar. Foi com a vantagem dessa tecnologia de ponta para época que chegamos ao Brasil, em 22 de abril de 1.500.

Ao aportar no litoral brasileiro, encontramos no local os índios de língua Tupi, que se encontravam no final de uma diáspora. Alguns indagam, se não tivéssemos interrompido esse processo bruscamente, esses grupos teriam atingido um estágio civilizatório que os conduziriam a organizações sociais mais complexas? Infelizmente não temos como responder.

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num quase isolamento, antes que ocorresse o fluxo de nossos soldados, sacerdotes e exploradores após 1492.

Nossos primeiros navios traziam populações masculinas, sobre as quais os longos períodos de solidão despertaram um grande apetite sexual. Ao entrarem em contato com as indígenas, perpetraram vários tipos de violência sexual, provocando assim as primeiras formas de miscigenação no Brasil, dando origem a um tipo físico denominado mameluco.

Ao adentrar pelo interior do Brasil, encontramos a maioria dos grupos indígenas vivendo em aldeias, com seus roçados bem estruturados produzindo mandiocas, milhos, batatas, inhames feijões. Chegávamos em destacamentos armados, afugentando os indígenas, principalmente os do sexo masculino, violentando as mulheres e se alimentando de seus roçados.

Para nos tornarmos dominantes, assim como aconteceu noutras áreas do Continente, o habitante nativo foi tratado de maneira desumana. Alguns impactos, devastadores, levaram vários grupos indígenas e seus saberes à extinção.

Como dominantes, impusemos nossa língua, nossa religião, nossa economia. Difundimos nossa arraigada cultura e divulgamos nossa poesia, nossas cantigas, deixando em todos os cantos os traços da nossa influência.

Através dos religiosos Jesuítas estruturamos o “Nhengatu”, uma espécie de língua geral

derivada da língua Tupi. E, com base em alguns vocábulos da nova língua, denominamos os principais acidentes geográficos que fomos encontrando em nossa peregrinação.

Conhecedores do ambiente, em vez de nos oferecerem resistência duradoura, os índios refugiaram-se em locais pouco acessíveis. Para evitar perdas nos confrontos, desistimos da escravidão indígena e a voltamos nossas vistas para o escravo africano, cujo comércio já era bem estruturado e menos dispendioso.

Entretanto, vários grupos de portugueses continuaram caçando os índios, contribuindo de forma crescente para uma desestruturação social dos grupos indígenas.

Nas entranhas da imensidão dessa terra, por vezes ficamos perdidos e fragilizados, e aí tivemos que usar o conhecimento dos ameríndios que aqui se encontravam e dos negros que trouxemos como escravos. Com eles aprendemos a sobreviver, e dessa mistura formamos essa cultura singular que hoje identifica o povo brasileiro.

Como mais uma contribuição, aqui introduzimos o gado taurino, os equinos, os caprinos, os galináceos incluindo a galinha-da-angola, e os porcos; trouxemos a banana, a manga, a fruta-pão, oriundas da Ásia, onde tínhamos colônias e comércios; e as laranjas, limões, limas e figos, cafés e cana-de-acúcar, originários da Península Ibérica, Arábica e África.

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Gráfico 01. Pauta de exportação da região Centro-Oeste 2010.
Gráfico 02. Distribuição demográfica dos povos indígenas no Brasil
Figura 1 Pilares genéricos del desarrollo humano.
Figura 3Mecanismos genéricos de soporte a la gestión del desarrollo local.
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