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Literatura-Mundo Comparada, Perspectivas em Português, Parte 2. O Mundo lido: Europa 4

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(1)

Helena Carvalhão Buescu é professora cate­

drática de Literatura Comparada na Universidade

de Lisboa. É professora ou investigadora visitante

de prestigiadas universidades na Europa, EUA e

Brasil. Tem mais de uma centena de ensaios publi­

cados e é autora de dezenas de livros, sendo o mais

recente

Experiência do Incomum e Boa Vizinhança.

Literatura Comparada e Literatura ‑Mundo (2013).

Foi fundadora e directora do Centro de Estudos

Comparatistas (Universidade de Lisboa) e perten­

ce ao conselho do Institute of World Literature.

É membro da Academia Europaea e membro­

­correspondente da Academia das Ciências de Lis­

boa. Foi distinguida com o Prémio Ensaio APE/

Portugal Telecom.

Cristina Almeida Ribeiro é professora catedrá­

tica da Faculdade de Letras da Universidade de Lis­

boa, no Departamento de Literaturas Românicas,

onde se dedica ao ensino de Estudos Franceses e

Hispânicos. É investigadora do Centro de Estudos

Comparatistas, onde coordena o Grupo MORPHE

e dirige o projecto ECHO: Poesia e Poetas do Can­

cioneiro Geral. As suas principais áreas de interesse

são a poesia tardo ­medieval e as teorias e práticas

da narrativa breve, a que respeitam as suas mais

recentes publicações. É, desde 2015, colaboradora

do Grupo de Investigação e ­LITE — Ediciones y

Estudios de Literatura Española (UVigo) e, desde

2016, académica correspondente da Real Academia

Española.

A mais ambiciosa

das antologias em português

reúne textos literários de todo

o mundo em sete volumes.

Depois dos primeiros livros dedicados à literatura escrita

originalmente em português, a antologia Literatura ‑Mundo

Comparada avança para a segunda parte — «O Mundo Lido:

Europa». Abarcando tradições literárias europeias muito di­

versas, que contribuem para os cânones mundiais da litera­

tura, estes dois volumes incluem autores como Dostoiévski,

Proust, Joyce, Cervantes, Woolf, Aristóteles, Yeats, Shakes­

peare, Beauvoir, Baudelaire, Beckett, Pirandello, Tolstói,

Shelley, Kafka, Goethe ou Szymborska, e textos fundado­

res como A Bíblia ou a Ilíada, incluindo várias traduções até

agora inéditas.

«A segunda parte enceta o alargamento do projecto a um

conjunto de textos de literatura­mundo traduzidos para

português, neste caso relativos à Europa. Reconhece­se,

assim, a importância da tradução na mundialização das li­

teraturas em português, o que pressupõe um imprescindí­

vel diálogo com a primeira parte (e com a terceira, de outro

modo) que potencie a compreensão do contributo decisi­

vo da Literatura‑Mundo Comparada: Perspectivas em Português

para a construção de uma Europa não etnocêntrica. É, pois,

da articulação produtiva entre unidade e diversidade que se

faz este livro.»

—Da Introdução

Maria Graciete Silva é professora auxiliar apo­

sentada desde 2013, ano em que cessou funções

como docente do Departamento de Estudos Por­

tugueses da Faculdade de Ciências Sociais e Huma­

nas da Universidade Nova de Lisboa. Investigadora

do Centro de Estudos Comparatistas, integra os

projectos ECHO: Poesia e Poetas do Cancionei­

ro Geral e Literatura ­Mundo Comparada, ten­

do coordenado, com Helena Carvalhão Buescu,

a participação do Centro no projecto europeu

ELiCa: University and School for a European Lite­

rary Canon (2010 ­2012). É autora de ensaios e arti­

gos diversos na área da literatura, e co ­organizou,

com Cristina Almeida Ribeiro e Helena Carvalhão

Buescu, a antologia Um Cânone Literário para a Eu‑

ropa (2012).

Simão Valente é professor auxiliar convidado na

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,

onde ensina Literatura Comparada. Doutorou ­se

em Línguas Medievais e Modernas na Universida­

de de Oxford, onde foi leitor de português e co­

­director do Centro Camões. Anteriormente, obte­

ve mestrados em Literatura Francesa e Comparada,

pela Universidade de Estrasburgo, e em Estudos

Italianos, Ciências da Linguagem e Culturas Lite­

rárias Europeias, pela Universidade de Bolonha.

É investigador no Centro de Estudos Comparatis­

tas da Universidade de Lisboa, e está a preparar um

livro sobre a criação do cânone literário português.

(2)
(3)
(4)

­‑ii­‑

o­mundo­lido:­europa (volume­4)

(5)
(6)

lisboa

tinta­‑da­‑ china MMXVIII coordenação­científica: helena­carvalhão­buescu cristina­almeida­ribeiro maria­graciete­silva­ simão­valente coordenação­geral:­helena­carvalhão­buescu PARTE­II

(7)

© 2018, Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa

e Edições tinta ‑da ‑china, Lda.

Rua Francisco Ferrer, 6 A | 1500 ‑461 Lisboa 21 726 90 28/29 | info@tintadachina.pt www.tintadachina.pt Título: Literatura­‑Mundo­Comparada:­Perspectivas­em­português II­—­O­Mundo­Lido:­Europa (Volume 4) Coordenação­Geral: Helena Carvalhão Buescu

Coordenação­Científica­de­II — O Mundo Lido: Europa: Helena Carvalhão Buescu, Cristina Almeida Ribeiro, Maria Graciete Silva, Simão Valente

Coordenação­Executiva­de II — O mundo lido: Europa

Amândio Reis, Ariadne Nunes, Arijana Medvedec, Bruno Mourato, Camila Seixas e Sousa, Cheila Sousa, Francisco Carlos Marques, Gonçalo Cordeiro, Inês Forjaz de Lacerda, Joana Moura, João Gabriel, Miriam de Sousa, Patrícia Infante da Câmara, Rafael Esteves Martins

Composição: Tinta ‑da ‑china Capa: Tinta ‑da ‑china 1.ª edição: Maio de 2018 isbn 978 ‑989 ‑671 ‑428 ‑4 Depósito Legal n.º 439097/18

Este volume reproduz os textos fixados nas edições consultadas, e identificadas junto a cada texto.

Apoios: Parceiros­institucionais:

Este trabalho é financiado

por fundos nacionais através da FCT — Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto

(8)
(9)
(10)

(6) AMOR E EXPERIÊNCIA Louis ARAGON

Aureliano 25

Ludovico ARIOSTO

[Que bela sois, senhora! Tanto, tanto], in Colóquio­Letras­168‑169:­

Imagens­da­poesia­europeia­­–­II 28

Jane AUSTEN

«Capítulos 1 e 2», in Orgulho­e­Preconceito 29

Charles BAUDELAIRE

«O convite à viagem», in As­Flores­do­Mal­ 34

BERNARD DE VENTADOUR

[Ao ver mover a cotovia], in Colóquio­Letras­164:­Vozes­da­poesia­europeia­–­II 36

Giovanni BOCCACCIO

«Dia 5, Novela IX», in Decameron 38

André BRETON O­Amor­Louco 43 Charlotte BRONTË Jane­Eyre 46 Emily BRONTË O­Monte­dos­Vendavais 52 Lord BYRON

«Stanzas for Music», in Horas­de­Fuga 59

Geoffrey CHAUCER

«O conto da mulher de Bath», in Os­Contos­da­Cantuária 60

Vittoria COLONNA

[Escrevo só p’ra aliviar o mal penoso], in Rime 65

Boris CRISTOV

«Meu cavalito», in O­Canto­e­a­Contenda 66

DANTE ALIGHIERI

(11)

Robert DESNOS

[Assim como a mão no instante da morte…], in Rosa­do­Mundo:­2001­poemas­para

o­futuro­ 71

Gustave FLAUBERT

A­Educação­Sentimental 72

Ugo FOSCOLO

[Os dias inteiros em longo e incerto], in Le­Poesie 79

FRANCISCO DE ASSIS

«O cântico do Sol», in Oiro­de­Vário­Tempo­e­Lugar­—­De­Francisco­de­Assis­a

Louis­Aragon 80

J.W. GOETHE

A­Paixão­do­Jovem­Werther 81

Luis de GÓNGORA

[Coisas, Celalba, tenho visto estranhas], in Antologia­da­Poesia­Espanhola­do

«Siglo­de­Oro» 86

HADEWIJCH

«Poemas espirituais», in Rosa­do­Mundo:­2001­poemas­para­o­futuro 87

Peter HANDKE

Os­Belos­Dias­de­Aranjuez­—­Um­diálogo­de­Verão 89

Georg Philipp HARSDÖRFFER

«Dizei lá o que é o amor?», in Rosa­do­Mundo:­2001­poemas­para­o­futuro 94

Heinrich HEINE

[Com mirtos e rosas, graciosos, galantes], in Rosa­do­Mundo:­2001­poemas

para­o­futuro 95

JAUFRÉ RUDEL

[Quando longos são os dias em Maio], in Colóquio­Letras­164:­Vozes­da

poesia­europeia­–­II 96

JOÃO DA CRUZ

[Vivo sem viver em mim], in Coplas­da­Alma­Que­Sofre­por­Ver­a­Deus 98

Friedrich Gottlieb KLOPSTOCK

«As rosas em cadeias», in Poesia­de­26­Séculos:­De­Arquíloco­a­Nietzsche 100

Madame de LA FAYETTE

A­Princesa­de­Clèves 101

Else LASKER ‑SCHÜLER

(12)

Ioan MURE AN

«O telhado», in Cartea­Alcool 106

P. MUSTAPÄÄ

«O caçador de aves», in Poesía­Nórdica 107

Boris A. NOVAK

«Os nossos pequenos ‑almoços», in Treze­Poetas­Eslovenos 108

NOVALIS

Os­Hinos­à­Noite 109

OVÍDIO

«Narciso e Eco», in Metamorfoses 110

Francesco PETRARCA

[Era o dia em que ao sol descoloriam], in As­Rimas­de­Petrarca 115

[Claras e frescas águas], in As­Rimas­de­Petrarca 116

PLATÃO O­Banquete 119 Salvatore QUASIMODO «Carta», in Três­Momentos­da­Poesia­Europeia:­De­Safo­e­Píndaro­a­Ungaretti e­Salinas 124 Francisco de QUEVEDO

«Amor constante para além da morte», in Antologia­Poética 125

Jean de RACINE

«Acto 2», in Fedra 126

Pierre de RONSARD

[Vamos, meu bem, a ver se a rosa], in Alguns­Amores­de­Ronsard 131

Christina ROSSETTI

«Um aniversário», in Poems­and­Prose 132

Umberto SABA

«A minha mulher», in Poesia­(uma­antologia­de­Il Canzionere) 133

William SHAKESPEARE

[Que és um dia de verão não sei se diga], in Os­Sonetos­de­Shakespeare 136

SÓFOCLES

(13)

STENDHAL

«Capítulo XIX. A ópera cómica», in O­Vermelho­e­o­Negro 139

Torquato TASSO

«Na morte de Margarida Bentivoglio», in Rosa­do­Mundo:­2001­poemas

para­o­futuro 144

TERESA DE ÁVILA

[Vivo sem viver em mim], in Antologia­da­Poesia­Espanhola­do­«Siglo­de­Oro» 145 Lev TOLSTÓI

«Capítulos 29 ‑31», in­Anna­Karénina 147

Miguel de UNAMUNO

«Capítulo VIII», in A­Tia­Tula 156

Garcilaso de la VEGA

[Enquanto que de rosa e açucena], in Antologia­da­Poesia­Espanhola

do­«Siglo­de­Oro» 160

(7) HISTÓRIA E IDENTIDADE Endre ADY

«A pedra lançada ao ar», in Antologia­da­Poesia­Húngara 163

Ivo ANDRI

«Capítulo 1», in A­Ponte­sobre­o­Drina 164

ANÓNIMO

«Cantar de Mio Cid», in Rosa­do­Mundo:­2001­poemas­para­o­futuro 172

Baldesar CASTIGLIONE

«Capítulos XXIV‑XXVIII», in O­Livro­do­Cortesão­ 173

Rosalía de CASTRO

[Sem ela viver não posso], in Antologia­Poética:­Cancioneiro­rosaliano 179

Hugo CLAUS

«A Mãe», in Rosa­do­Mundo:­2001­poemas­para­o­futuro 182

Joachim DU BELLAY

[Feliz quem como Ulisses fez tão bela viagem], in Poesia­de­26­séculos:

De­Arquíloco­a­Nietzsche 184

Umberto ECO

O­Nome­da­Rosa 185

Odisséas ELYTIS

(14)

Kazuo ISHIGURO

Os­Despojos­do­Dia­ 206

James JOYCE

Ulisses 211

Vanda JUKNAITÉ

«O país de vidro», in O­País­de­Vidro:­Antologia­de­ficção­contemporânea 215

Halldór LAXNESS

«Capítulo 1. Kólumkilli», in Gente­Independente 217

Tito LÍVIO

História­de­Roma.­Ab­urbe­condita 222

Niccolò MACHIAVELLI

«Capítulo XVIII – De que modo deve ser mantida pelos príncipes

a palavra dada», in O­Príncipe 227

Alessandro MANZONI

«Capítulo I», in Os­Noivos 230

Hendrik MARSMAN

«Soberano», in Rosa­do­Mundo:­2001­poemas­para­o­futuro 236

Pedrag MATVEJEVIT

Breviário­Mediterrâneo 237

Adam MICKIEWICZ

«As estepes de Aquermã», in Rosa­do­Mundo:­2001­poemas­para­o­futuro 239

Eugenio MONTALE

«A história», in Poesia 240

Thomas MORE

«Dos magistrados», in Utopia­ou­a­Melhor­Forma­de­Governo 241

Ioan Es POP

[há quatro gerações…], in Unelte­de­Dormit 243

Friedrich SCHILLER

«III Acto, cena IV», in Maria­Stuart 244

Henryk SIENKIEWICZ

«Capítulo 1», in Quo­Vadis?­ 249

Zadie SMITH

(15)

SÓFOCLES

«Elogio de Atenas», in Édipo­em­Colono 258

SÓLON

«Eunomia», in Hélade:­Antologia­da­cultura­grega 260

Wisława SZYMBORSKA

«O campo da fome sob Jaslo», in Versos­Polacos 262

TUCÍDIDES

«A oração imperial de Péricles: elogio dos mortos e do poder democrático»,

in História­da­Guerra­do­Peloponeso 264

VERGÍLIO

«Bucólica I», in Bucólicas 271

W.B. YEATS

«A ilha do lago de Innisfree», in Uma­Antologia 274

(8) CONFLITO E VIOLÊNCIA Anna AKHMÁTOVA

[Foi terrível viver naquela casa], in Só­o­Sangue­Cheira­a­Sangue 277

Leopoldo ALAS «CLARÍN»

A­Corregedora 278

ANÓNIMO

«O ataque de Grendel», in Beowulf­ 285

ANÓNIMO

La­Chanson­de­Roland 289

Ludovico ARIOSTO

«Canto XXIII», in Orlando­Furioso­ 292

W.H. AUDEN

[Dizem que esta cidade tem dez milhões de almas], in Colóquio­Letras­165:

Vozes­da­poesia­europeia­–­III 295

Honoré de BALZAC

«Capítulo 9», in A­Prima­Bette 297

Thomas BERNHARD

O­Sobrinho­de­Wittgenstein:­Uma­amizade­ 300 Louis Paul BOON

(16)

Georg BÜCHNER

«Cenas 30 ‑31», in Woyzeck 309

Bartolomé de las CASAS

Brevíssima­Relação­da­Destruição­das­Índias 311

Paul CELAN

«Fuga da morte», in Gedichte 313

Charles DICKENS

«Capítulo XXII», in Oliver­Twist 315

Alfred DÖBLIN

«Um punhado de gente em volta do Alex», in Berlim­Alexanderplatz:

A­história­de­Franz­Biberkopf 318 Fiódor DOSTOIÉVSKI «Capítulo 6», in Crime­e­Castigo 321 Marguerite DURAS Moderato­Cantabile 325 George ELIOT

«O último conflito», in O­Moinho­à­Beira­do­Rio 327

Heinrich Theodor FONTANE

«Capítulo XXXIII», in Effi­Briest 328

Ugo FOSCOLO

[Não sou quem fui: morreu ‑me grande parte], Le­Poesie 331

Jean GENET As­Criadas 332 William GOLDING O­Deus­das­Moscas 334 Graham GREENE «Capítulo 1», in­O­Americano­Tranquilo 338 Victor HUGO

«Livro Quarto — As boas almas», in Nossa­Senhora­de­Paris 341

Attila JÓZSEF

«Noite de arrabalde», in Antologia­da­Poesia­Húngara 345

Ismail KADARÉ

(17)

Franz KAFKA

«À porta da lei», in Parábolas­e­Fragmentos 351

Imre KERTÉSZ

A­Recusa 353

Heinrich von KLEIST

Michael­Kohlhaas,­o­Rebelde­ 357 Karl KRAUS

«Acto V, cena 40», in Os­Últimos­Dias­da­Humanidade 359

Choderlos de LACLOS

«Cartas XCVI‑XCVII», in As­Ligações­Perigosas 360

LAUTRÉAMONT

«Canto terceiro», in Os­Cantos­de­Maldoror 367

Doris LESSING

A­Erva­Canta 369

Primo LEVI

Se­Isto­É­Um­Homem 373

Antonio MACHADO

[Odiosa mão traçou, oh minha Espanha], in Antologia­da­Poesia­Espanhola­

Contemporânea 377

Liliana MIHAILOVA

«O pequeno capote», in Gente­Muito­Simpática 378

Heiner MÜLLER

«A missão. Recordações de uma revolução», in A­Missão

e­Outras­Peças 382

Herta MÜLLER

Tudo­o­Que­Eu­Tenho­Trago­Comigo 386

George ORWELL

«Capítulo I», in A­Quinta­dos­Animais 388

Boris PASTERNAK

Doutor­Jivago 391

Francesco PETRARCA

[Só, pensativo, o ermo descampado], in As­Rimas­de­Petrarca 393

[Quando na erva fresca alvo pé vai], in As­Rimas­de­Petrarca 394

Harold PINTER

(18)

Mihail SADOVEANU

«Um drama na floresta», in Novos­Contos­Romenos­ 400

Arthur SCHNITZLER O­Tenente­Gustl 403 Walter SCOTT Ivanhoe 405 W.G. SEBALD Austerlitz 409 SÉNECA Medeia 412 William SHAKESPEARE «Acto V», in­Macbeth 415 Aleksandr SOLJENÍTSIN Um­Dia­na­Vida­de­Ivan­Denissovitch 418 August STRINDBERG Menina­Júlia:­Tragédia­em­um­acto 420 Dylan THOMAS

«A mão ao assinar este papel», in A­Mão­ao­Assinar­Este­Papel 423

Lev TOLSTÓI

«Capítulos 10 e 11», in Guerra­e­Paz 424

Tomas TRANSTRÖMER

«Uma noite de Inverno», in Cinco­Poetas­Suecos­(II) 431

Lucian VASILESCU

«Todos os espelhos», in Aproape.­Atât­de­departe.­Close.­So­far­away­ 432 Lope de VEGA

«Fuenteovejuna», in Teatro­de­Lope­de­Vega 433

Stefan ZWEIG

O­Mundo­de­Ontem:­Recordações­de­um­europeu 435

(9) LITERATURA E CONDIÇÃO HUMANA Rafael ALBERTI

«Balada para os poetas andaluzes de hoje», in Antologia­de­Poesia­Espanhola­

(19)

Vicente ALEIXANDRE

«Na praça», in Antologia­de­Poesia­Espanhola­Contemporânea 440

Honoré de BALZAC O­Tio­Goriot 442 Charles BAUDELAIRE «Spleen», in As­Flores­do­Mal 450 Simone de BEAUVOIR O­Segundo­Sexo­—­Volume­I. Os­factos­e­os­mitos 451 Samuel BECKETT

«Acto II», in En­attendent­godot 455

BERNARDO DE CLARAVAL

[Inclina para Ti, ó Deus], in Rosa­do­Mundo:­2001­poemas­para­o­futuro 460

Elizabeth Barrett BROWNING

«Substituição», in Oiro­de­Vário­Tempo­e­Lugar:­De­São­Francisco­de­Assis

a­Louis­Aragon 461

Pedro CALDERÓN DE LA BARCA

«Acto III, Cenas XVII ‑XIX», in A­Vida­É­Sonho 462

Albert CAMUS

«Capítulo quinto», in O­Estrangeiro 469

Elias CANETTI

Auto­‑de­‑Fé 473

Ion Luca CARAGIALE

«Segundo Acto», in A­Carta­Perdida:­Peça­em­quatro­actos 478

Camilo José CELA

«Capítulo sexto», in A­Colmeia 482

Paul CELAN

«Salmo», in Gedichte 487

René CHAR

«Chant du refus — début du ‘partisan’», in Fureur­et­mystère 488

Paul CLAUDEL

«Cântico da vinha», in Oiro­de­Vário­Tempo­e­Lugar:­De­São­Francisco­de­Assis

a­Louis­Aragon 489

DANTE ALIGHIERI

(20)

Fiódor DOSTOIÉVSKI

«Capítulo 10. Foi ele quem mo disse», in Os­Irmãos­Karamazov 496

T.S. ELIOT

«The Dry Salvages — IV», in Quatro­Quartetos 501

ERASMO

«Capítulo XIII», in Elogio­da­Loucura­ 502

ESOPO

«O homicida», in Esopo­—­Fábulas­(Antologia) 504

EURÍPIDES

Medeia 505

Dinu FLAMAND

[já não terás de encher de cera], in­Sombras­e­Falésias 507

Gustave FLAUBERT

Madame­Bovary 509

J.W. GOETHE

Fausto 519

Zbigniew HERBERT

«Notícias da cidade sitiada», in Escolhido­pelas­Estrelas:­Antologia­poética 524

E.T.A. HOFFMANN

«O homem da areia», in Contos­Nocturnos 527

Friedrich HÖLDERLIN

[Quando eu era rapaz], in Sämtliche­Werke­und­Briefe 532

Victor HUGO

«À Villequier», in Les­Contemplations­ 534

Henrik IBSEN

«Acto 3», in Casa­de­Bonecas 540

Milan JESIH

«Pai nosso», in Treze­Poetas­Eslovenos 545

James JOYCE

Gente­de­Dublim 546

Franz KAFKA

(21)

Konstantinos KAVAFIS

«Esperando os bárbaros», in 145­Poemas 551

Thomas KINSELLA

«Espelho em Fevereiro», in Estradas­Secundárias 553

Barbara KORUN

[Tenho dois animais], in Treze­Poetas­Eslovenos 554

Karl KRAUS

[Não me perguntem em que andei ocupado], in Os­Últimos­Dias­da­Humanidade 555

Jean de LA FONTAINE

«A morte e o desgraçado», in 100­Fábulas­de­La­Fontaine 556

Stanisław LEM

Solaris 557

Giacomo LEOPARDI

«Canto nocturno de um pastor errante da Ásia», in Cantos 562

Carl Johan LOHMAN

«Sobre o Tempo», in Colóquio­Letras­164:­Imagens­da­poesia­europeia­–­II 565

André MALRAUX

A­Condição­Humana 566

Thomas MANN

A­Montanha­Mágica 571

John MILTON

«Paraíso perdido», in Horas­de­Fuga.­Traduções­de­poesias­inglesas e­de­outras­línguas 583

Pico della MIRANDOLA

Discurso­sobre­a­Dignidade­do­Homem 586

MOLIÈRE

«Acto I, cena 1», in O­Misantropo 588

Alfred de MUSSET

«Acto III, cena 3», in Lorenzaccio 593

Cesare PAVESE

[Virá a morte e terá os teus olhos], in Três­Momentos­da­Poesia­Europeia:

De­Safo­e­Píndaro­a­Ungaretti­e­Salinas 600

Milorad PAVI

«A história de Adão Ruhani», in Dicionário­Khazar:­Romance­‑enciclopédia

(22)

Francesco PETRARCA

[Pel’aura em fios de oiro era esparzido], in As­Rimas­de­Petrarca 604

PLATÃO

«29a‑30b», in Apologia­de­Sócrates 605

Jan POTOCKI

«História de Pacheco, o endemoninhado», in Manuscrito­Encontrado

em­Saragoça 607

Marcel PROUST

À­la­recherche­du­temps­perdu.­La­prisonnière 613

Aleksandr PÚCHKIN

[É tempo, meu amigo, o coração cansou ‑se], in Poesia­de­26­Séculos:

De­Arquíloco­a­Nietzsche 619

Francisco de QUEVEDO

«Representa ‑se a brevidade do que se vive e quanto nada parece

o que se viveu», in Antologia­Poética 620

Rainer Maria RILKE

«A primeira elegia», in Poemas;­As­elegias­de­Duíno;­Sonetos­a­Orfeu 621

Arthur RIMBAUD

«Navio doido», in Oiro­de­Vário­Tempo­e­Lugar:­De­São­Francisco­de­Assis­a­Louis

Aragon­ 624

Pierre de RONSARD

[Qual no ramo se vê no mês de Maio a rosa], in Oiro­de­Vário­Tempo­e­Lugar:

De­São­Francisco­de­Assis­a­Louis­Aragon 628

Umberto SABA

«A cabra», in Poesia­(uma­antologia­de Il Canzionere) 629

SAFO

[Parece ‑me ser igual aos deuses aquele], in Poesia­Grega­Arcaica 630

Jean ‑Paul SARTRE

A­Náusea 631

William SHAKESPEARE

«Acto terceiro, cena I», in Hamlet 635

Claude SIMON

(23)

Edith SÖDERGRAN

«A Lua», in Poesia­Nórdica 642

Robert Louis STEVENSON

O­Estranho­Caso­do­Dr.­Jekyll­e­do­Sr.­Hyde­e­Outros­Contos 643

Zlatka TIMENOVA

[O verão fechado], [Uma flecha branca], [Café da manhã] e [Primavera

de novo], in DiVersos­Poesia­e­Tradução 646

Lev TOLSTÓI

«Capítulo VI», in A­Morte­de­Ivan­Ilitch­ 647

Georg TRAKL

«Salmo», in Outono­Transfigurado 650

Giuseppe UNGARETTI

«Os Rios», in La­Vita­di­un­Uomo:­tutte­le­poesie­ 652

Lope de VEGA

El Caballero­de­Olmedo­ 655 Téophile de VIAU

[Um corvo grasna de mim perto], in Rosa­do­Mundo:­2001­poemas­para­o­futuro 661

Evelyn WAUGH

Reviver­o­Passado­em­Brideshead 662

Oscar WILDE

«Capítulo II», in O­Retrato­de­Dorian­Gray 666

Virginia WOOLF

«Capítulo II», in Um­Quarto­Que­Seja­Seu 671

W.B. YEATS

«The second coming», in The­Collected­Poems 676

(24)
(25)
(26)

Louis ARAGON. Aureliano. Tradução de Maria José Marinho. [1944] 1972.

Lisboa: Arcádia. 7 ‑9.

A primeira vez que Aureliano viu Berenice achou ‑a francamente feia. Até lhe desagradou. Não gostou da maneira como vinha vestida. Um tecido que ele não teria escolhido, porque possuía ideias próprias acerca de tecidos. Vira várias mulheres vestidas assim. Isso levou ‑o a formular um mau juízo a seu respeito: porque, ostentando um nome de princesa do Oriente, parecia não se considerar na obrigação de possuir bom gosto. Tinha, nesse dia, os cabelos baços, mal ‑arranjados. Ora os cabelos curtos exigem cuidados constantes. Aureliano nem mesmo poderia afirmar se era loura ou morena. Mal a tinha olhado. Dela só lhe ficara uma impressão vaga e geral de irritante aborreci‑ mento. E a si mesmo perguntava porquê. Era despropositado. Sim, talvez fosse por ser pequenita, pálida... se acaso se chamasse Joana ou Maria, não teria voltado a pensar no caso. Mas Berenice... Diabo de superstição. Eis, afinal, o que o irritava.

Havia um verso de Racine que não lhe saía da cabeça, um verso que fora a sua obsessão durante a guerra, nas trincheiras, e mais tarde, já desmobiliza‑ do. Um verso que nem mesmo considerava belo, cuja beleza até lhe parecia duvidosa, inexplicável, mas que o obsidiara e obsidiava ainda:

Longo­tempo­fiquei­errando­em­Cesareia...

Geralmente, os versos e ele... Este, porém, impunha ‑se ‑lhe insistente. Por‑ quê? Era o que não conseguia explicar. Contudo, independentemente da história de Berenice... a outra, a verdadeira... Aliás, só se recordava desse romance, dessa lengalenga, nas suas linhas gerais. Morena, era ‑o, a Berenice da tragédia. Cesareia, fica do lado de Antioquia, de Beirute. Território sob mandato. Era até demasiado morena. Braceletes por todos os lados, mon‑ tes de caracolinhos, de véus. Cesareia... belo nome para uma cidade. Ou para uma mulher. Em todo o caso, um belo nome. Cesareia... Longo tempo fiquei... bem, estou a ficar gágá. Impossível recordar ‑se: como se chamava o tipo que dizia isso, uma espécie de pobre ‑diabo, arruinado, melancólico,

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Ludovico ARIOSTO. [Que bela sois, senhora! Tanto, tanto], in Colóquio­ Letras­168­‑169:­Imagens­da­poesia­europeia­­–­II. Tradução de David Mourão‑

‑Ferreira. [1546] 2004. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 15.

Que bela sois, senhora! Tanto, tanto, que por mim nunca vi cousa mais bela! Contemplo a fronte e penso que uma estrela a meu caminho dá seu brilho santo.

Contemplo a boca e pairo no encanto do sorriso tão doce que é só dela; olho o cabelo de ouro e vejo aquela

rede que amor me impôs com terno canto. É de terso alabastro o colo, o peito, os braços mais as mãos, e finalmente quanto de vós se vê ou se adivinha. E embora seja tudo assim perfeito, permiti que vos diga ousadamente: mais perfeita era a fé que em vós eu tinha.

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Jane AUSTEN.­«Capítulos 1 e 2», in Orgulho­e­Preconceito. Tradução de José

Miguel Silva. [1813] 2014. Lisboa: Presença. 7 ‑12.

CAPÍTULO 1

É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro em posse de fortuna necessita de uma esposa.

Por pouco que se conheça das inclinações e dos sentimentos de tal homem quando ele chega a um lugar, esta verdade está de tal modo enraizada nos espíritos dos seus novos vizinhos que logo ele é considerado como legíti‑ ma propriedade de alguma de suas filhas.

— Meu caro Mr. Bennet — disse ‑lhe um dia a esposa — sabe que Nether‑ field Park foi finalmente alugada?

Mr. Bennet respondeu que não sabia de nada.

— Mas a verdade é que foi — retorquiu ela. — Mrs. Long acabou de sair daqui e contou ‑me tudo.

Mr. Bennet não respondeu.

— Não quer saber quem é que a alugou? — perguntou a mulher, impaciente.

— A senhora está desejosa de mo dizer, e eu não tenho nenhuma objeção a ouvi ‑lo.

Isso bastou ‑lhe como convite.

— Pois é bom que saiba que Mrs. Long me contou que Netherfield foi alugada a um rapaz de grande fortuna do Norte de Inglaterra; que ele veio na segunda ‑feira, numa sege de quatro cavalos, para visitar a propriedade e ficou tão encantado com o que viu, que chegou logo a acordo com Mr. Mor‑ ris; e, mais ainda, que ele se vai instalar na casa antes do S. Miguel e que no final da próxima semana já devem chegar alguns criados.

— Como é que ele se chama? — Bingley.

— E é solteiro ou casado?

— Oh, solteiro, meu caro, é evidente!... Solteiro e com uma enorme for‑ tuna: quatro ou cinco mil libras de renda por ano. Que oportunidade para as nossas meninas!…

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— Meu querido Mr. Bennet — respondeu ‑lhe a mulher —, às vezes é tão enfadonho!... Já devia ter percebido que eu estou a pensar casá ‑lo com uma delas.

— É esse o plano dele ao instalar ‑se aqui?

— Plano?! Que tolice! Como pode dizer tal coisa? Seja como for, é muito provável que ele se apaixone por uma delas e, por isso, o senhor deve ir visitá‑ ‑lo assim que ele chegar.

— Não vejo razão para o fazer. Pode a senhora ir com as raparigas, ou então enviá ‑las sozinhas, o que provavelmente será ainda melhor, já que, sendo tão bonita como qualquer delas, Mr. Bingley poderia preferi ‑la.

— Lisonjeia ‑me, meu caro. É verdade que já tive os meus dias, mas hoje não alimento essas ilusões. Quando uma mulher é mãe de cinco filhas cresci‑ das, deve abster ‑se de pensar na sua própria beleza.

— Em tais casos, ela não costuma ter muita beleza sobre a qual pensar. — Seja como for, meu caro, é imprescindível que faça uma visita a Mr. Bingley assim que ele estiver instalado.

— Não prometerei tal coisa.

— Lembre ‑se de suas filhas... Pense só em como uma delas poderia ficar bem colocada. Sir William e Lady Lucas estão decididos a ir e olhe que apenas por essa razão, pois sabe que não têm o costume de visitar recém‑ ‑chegados. É absolutamente necessário que vá, insisto, caso contrário nós ficaremos impedidas de o fazer.

— Exagera, seguramente, nos seus escrúpulos. Estou certo de que Mr. Bingley ficará encantado com a sua visita, e eu mesmo lhe enviarei umas breves linhas por seu intermédio asseverando ‑lhe de que tem desde já o meu pleno consentimento para casar com aquela de nossas filhas que ele bem entender. Terei, no entanto, de incluir umas palavras em abono da minha Lizzy.

— Só espero que não faça uma coisa dessas. A Lizzy não é nem um boca‑ dinho melhor que as irmãs. Mais ainda: não chega aos pés da Jane em beleza e não tem nem de perto a graça da Lydia. Mas o senhor está sempre a favorecê ‑la.

— Nenhuma delas tem muito que a recomende — respondeu o marido. — São tolas e ignorantes como qualquer outra rapariga. Mas a Lizzy parece‑ ‑me um tanto mais esperta que as irmãs.

— Mr. Bennet, como pode falar assim de suas próprias filhas? O senhor sente prazer em aborrecer ‑me. Não tem qualquer compaixão pelos meus pobres nervos.

— Engana ‑se, minha cara. Tenho o maior respeito pelos seus nervos. Somos velhos amigos. Nestes últimos vinte anos, tem sido sempre com a maior consideração que a tenho ouvido falar sobre eles.

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— Ah, o senhor não sabe o quanto eu sofro!...

— Mas faço votos para que se restabeleça e viva o suficiente para ver muitos rapazes com quatro mil libras anuais instalarem ‑se na vizinhança.

— Mesmo que venham vinte deles, isso de nada nos servirá, já que o senhor se recusa a visitá ‑los.

— Acredite no que lhe digo, minha cara: quando cá estiverem vinte, visitá ‑los ‑ei a todos.

Mr. Bennet era uma mistura tão curiosa de vivacidade e de sarcasmo, de reserva e de capricho, que uma experiência de vinte e três anos de vida em comum não tinha bastado para que a esposa lhe decifrasse o caráter. Já a natureza de Mrs. Bennet era bem menos difícil de penetrar. Tratava ‑se de uma mulher de escasso entendimento, pouca cultura e temperamento inconstante. Quando se sentia contrariada, imaginava ‑se vítima dos ner‑ vos. A principal tarefa da sua vida era casar as filhas; o seu consolo, visitas e mexericos.

CAPÍTULO 2

Mr. Bennet foi um dos primeiros a prestar uma visita a Mr. Bingley. Tivera sempre intenção de o fazer, embora até ao último momento assegurasse a mulher de que não iria. Na verdade, só nessa noite, depois de desempenhada a função, teve a esposa conhecimento dela. Eis como lhe foi revelada. Mr. Bennet, que olhava para a sua segunda filha enquanto ela guarnecia um cha‑ péu, interpelou ‑a de repente, dizendo:

— Espero que Mr. Bingley o aprecie, Lizzy.

— Não estamos em posição de saber aquilo que Mr. Bingley aprecia ou deixa de apreciar — disse a mãe num tom ressentido —, já que não o visitaremos.

— A mamã está a esquecer ‑se — disse Elizabeth — de que o vamos encontrar nos saraus e que Mrs. Long nos prometeu apresentá ‑lo.

— Não acredito que Mrs. Long faça tal coisa. Ela própria tem duas sobrinhas. É uma mulher hipócrita e egoísta, tenho a pior impressão dela.

— A minha não é melhor — disse Mr. Bennet —, e folgo em saber que dispensa os seus préstimos.

Mrs. Bennet não se dignou dar resposta. Incapaz, porém, de se conter, pôs ‑se a ralhar com uma das filhas:

— Não tussas dessa maneira, Kitty, pelo amor de Deus! Tem piedade dos meus nervos. Estás a fazê ‑los em farrapos.

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— A Kitty não é capaz de ser discreta a tossir — disse o pai. — Não sabe escolher o momento oportuno.

— Não tusso por prazer — retorquiu Kitty aborrecida. — Quando será o teu próximo baile, Lizzy?

— De amanhã a duas semanas.

— Pois, é verdade — exclamou a mãe —, e Mrs. Long só regressa no dia anterior. O que quer dizer que ela não poderá apresentá ‑lo, já que ainda o não terá conhecido.

— Então, minha cara, será a senhora quem gozará dessa vantagem sobre a sua amiga, apresentando ‑lhe Mr. Bingley.

— É impossível, Mr. Bennet, impossível, visto que eu própria o não conhecerei. Como é que pode ser tão enervante?

— Respeito os seus pruridos. Um conhecimento de duas semanas é decerto muito pouco. Não se pode pretender conhecer verdadeiramente alguém ao fim de apenas quinze dias. Mas se não formos nós a assumir esse risco, outra pessoa o fará. Mrs. Long e as sobrinhas não deixarão de tentar a sua sorte. Como tal, e visto que ela o considerará um ato de generosida‑ de, se a senhora renunciar ao seu dever, eu próprio me verei obrigado a cumpri ‑lo.

As raparigas ficaram a olhar para o pai. Mrs. Bennet limitou ‑se a dizer: — Disparates, só disparates!

— Qual poderá ser o significado de tão enfática exclamação? — pergun‑ tou ele. — Acaso considerará a senhora as formas de apresentação, e tudo o que elas implicam, um disparate? Neste ponto não posso, de forma alguma, concordar consigo. O que me dizes disto, Mary? Tu que és uma rapariga tão ponderada, sempre mergulhada em calhamaços e a coligir citações?

Mary procurou a todo o custo encontrar alguma coisa de muito assisado para dizer, mas não conseguiu acertar com nenhuma.

— Enquanto a Mary ajusta as suas ideias — prosseguiu —, voltemos a Mr. Bingley.

— Já estou farta de Mr. Bingley — exclamou a mulher.

— Lamento ouvi ‑lo. Porque é que não mo disse antes? Se tivesse sabido de manhã o que sei agora, decerto não o teria visitado. Foi, de facto, uma infelicidade. Mas visto que a visita já foi feita, não nos podemos agora furtar ao seu convívio.

O ar de estupefação no rosto das senhoras correspondeu exatamente ao que Mr. Bennet pretendia — porventura o de Mrs. Bennet mais ainda que os outros, conquanto, esgotadas as primeiras efusões de alegria, ela passasse a declarar que nunca duvidara de que ele o fizesse:

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— Que bondade a sua, meu caro Mr. Bennet! Tinha a certeza de que aca‑ baria por persuadi ‑lo. Sabia que o amor que tem por suas filhas não o deixaria desprezar um conhecimento como este. Não imagina como fico satisfeita! E que partida o senhor nos pregou, ter feito a visita esta manhã e não nos ter dito palavra até agora...

— Bom, Kitty, já podes tossir as vezes que te apetecer — disse Mr. Ben‑ net enquanto saía da sala, cansado dos arroubos da esposa.

— Que excelente pai o vosso, meninas — disse ela, assim que a porta se fechou. — Não sei como algum dia poderão retribuir a sua bondade. Na ver‑ dade, nem eu mesma. Acreditem ‑me que, nesta altura das nossas vidas, não é que nos agrade muito andar a travar conhecimentos todos os dias... Mas, por vocês, faríamos qualquer coisa. Lydia, meu amor, embora sejas a mais nova, é bem possível que Mr. Bingley te convide para dançar no próximo baile.

— Oh, não tenho receio — disse Lydia com ar resoluto. — Posso ser a mais nova, mas sou também a mais alta.

O resto do serão foi passado em conjeturas sobre quanto tempo Mr. Bingley levaria para retribuir a visita de Mr. Bennet e a decidir quando o deveriam convidar para jantar.

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Charles BAUDELAIRE. «O convite à viagem», in As­Flores­do­Mal.

Tradução de Fernando Pinto do Amaral. [1857] 1992. Lisboa: Assírio & Alvim. 151 ‑153.

Irmã, filha, escuta, Pensa na doçura De irmos pra lá viver, sim!

Amar à vontade, Amar e morrer Nessa terra igual a ti!

Os húmidos sóis Dos nevoentos céus Têm pra mim os encantos

Assim misteriosos Dos teus falsos olhos, Entre as lágrimas brilhando. Lá tudo é beleza e luxo, É ordem, calma e volúpia. Móveis reluzentes,

Polidos plo tempo, Decorariam a câmara;

As mais raras flores Fundindo os odores Ao vago aroma do âmbar,

Riquíssimos tectos, Profundos espelhos, O esplendor oriental,

Tudo falaria

Com a alma em surdina A sua língua natal.

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Lá tudo é beleza e luxo, É ordem, calma e volúpia.

Vê nesses canais Dormir essas naus Cujo humor é vagabundo;

É pra saciar As tuas vontades Que vêm do fim do mundo.

— Os sóis, já deitando ‑se, Envolvem os campos, Os canais, toda a cidade,

Com oiro e jacinto; E o mundo dormindo Numa quente claridade. Lá tudo é beleza e luxo. É ordem, calma e volúpia.

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BERNARD DE VENTADOUR. [Ao ver mover a cotovia], in Colóquio­ Letras­164:­Vozes­da­poesia­europeia­—­II. Tradução de David Mourão‑

‑Ferreira. [século xii] 2003. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 33 ‑34.

Ao ver mover a cotovia

de encontro ao Sol as suas asas, ora a pairar, como esquecida, ora em doçura abandonada, ai! vejo então que a alegria, mesmo sem qu’rer, logo a invejo; e só por estranha maravilha é que não morro de desejo! Tanto de amor cuidei saber E quase nada sei que sei! Sei que não ’stá no meu poder deixar de amar quem não terei. Ela, que tem meu coração e todo eu e todo o mundo, tudo me rouba sem razão: tudo — a não ser amor tão fundo. Já nem me posso pertencer, nem me comando mesmo nada, se em seu olhar deixei de ter a luz do ’spelho que me agrada. ’Spelho, que assim que me espelhaste, suspiros deste a meu retrato,

e me perdeste, e destroçaste, como a Narciso, em seu regato... Já das mulher’s eu desespero, nelas não mais confiarei; e se as servi agora quero

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Giovanni BOCCACCIO. «Dia 5, Novela IX», in Decameron. Tradução

inédita de Simão Valente. [1492]. Milão: Mondadori. 488 ‑494.

Federigo­degli­Alberighi­ama­e­não­é­amado.­Consome­o­seu­património­gastando­em­ cortesias,­ficando­‑lhe­apenas­um­falcão.­Um­dia,­não­tendo­alternativa,­cozinha­a­ave­ para­a­sua­amada­quando­ela­o­visita;­quando­esta­descobre­o­sucedido,­muda­‑se­‑lhe­a­ disposição,­toma­‑o­por­marido­e­fá­‑lo­rico.

Tinha acabado de falar Filomena quando a rainha, tendo visto que mais nin‑ guém tinha nada a acrescentar, excepto Dioneo pelo seu privilégio, com ale‑ gria disse:

Toca a mim agora discursar; e eu, caríssimas senhoras, de uma novela símile em parte à precedente vos falarei com todo o gosto, isto não só para que conheças quanto poder tem o vosso charme sobre os corações gentis, mas para que aprendais a ser vós mesmas, quando conveniente, dadoras de vossas recompensas, sem deixar à Fortuna que vos guie, já que esta não pre‑ meia com critério, mas mais frequentemente sem lógica ou moderação.

Deveis então saber que Coppo di Borghese Domenichi, homem de grande e reverenda autoridade na nossa cidade, digno de eterna fama por costumes e virtude muito mais do que por nobreza de sangue, sendo já de idade avançada, frequentemente se entretinha a falar com os seus vizinhos das coisas passadas: isto sabia ele fazer melhor, com mais ordem, melhor memória e ornado falar do que qualquer outro homem. Costumava dizer que, entre outras suas belezas, na cidade de Florença viveu um jovem chama‑ do Federigo di Messer Filippo Alberighi, em matéria de armas e cortesia mais apreciado do que qualquer outro mancebo da Toscana. Federigo, tal como acontece ao mais gentil dos homens, apaixonou ‑se por uma gentil mulher chamada Monna Giovanna, nos seus tempos considerada uma das mais belas e alegres damas de Florença. De maneira a conquistar o amor desta, o jovem participava em justas, combatia, fazia festas e dava presentes, gastando todo o seu património sem contenção; mas Monna Giovanna, não menos fiel a seu marido do que bela, não fazia caso nem das coisas por ela feitas nem daquele que as fazia.

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Gastando assim Federigo muito mais do que podia e nada adquirindo, como frequentemente acontece em tais casos as riquezas acabaram, e ele ficou pobre, nada mais lhe restando do que uma pequena quintinha, de cujas par‑ quíssimas rendas vivia a custo, assim como um seu falcão que era dos me‑ lhores do mundo. De modo que, amando mais do que nunca e não podendo continuar a ter a vida de burguês que desejava, foi viver para Campi, onde ficava a sua quinta. Aí, caçando com o seu falcão e sem qualquer tipo de companhia, pacientemente suportava a sua pobreza.

Ora o dia veio em que, estando já Federigo assim na miséria, o marido de Monna Giovanna adoeceu, e vendo a morte a aproximar ‑se fez um testa‑ mento. O homem era riquíssimo, e fez seus herdeiros o seu filho já crescidi‑ nho e, caso este morresse sem mais herdeiros, Monna Giovanna, que muito amara. E assim morreu. Giovanna, já viúva, como é uso entre as mulheres da Toscana passava os verões no campo, indo com o seu filho a uma quinta que possuía bastante próxima daquela de Federigo. Veio assim a suceder que o seu filho travou conhecimento com Federigo, interessando ‑se cada vez mais por aves e cães de caça. Tendo muitas vezes visto o falcão de Federigo voar, o rapaz ficou fortemente impressionado com o animal, desejando possuir a ave sem que contudo tivesse a coragem de o pedir ao dono, constatando o quanto o falcão lhe era caro. Neste ponto estava a situação, quando vem a dar ‑se o acaso de o rapaz adoecer. A mãe, muito condoída, que outros filhos não tinha e àquele único amava tanto quanto se pode, passava os dias junto dele, confortando ‑o, e perguntando ‑lhe o que desejaria, instando ‑o a que lho dissesse, porque, se fosse possível de obter, ela tudo faria para que ele o tivesse.

O rapaz, depois de muitas vezes ouvir estas ofertas, disse: «Minha mãe, se conseguirdes que eu possa ter o falcão de Federigo, creio que prontamente me curarei.»

A mulher, ouvindo estas palavras, meditou sobre o seu significado, pensan‑ do no que devesse fazer. Ela sabia que Federigo longamente a tinha amado, e que nunca da sua parte tinha merecido sequer um olhar, assim que Giovanna se perguntava: «Como poderei eu mandar alguém, ou ir pessoalmente, pedir este falcão que não só é, pelo que ouço dizer, o melhor que alguma vez voou no mundo, como também a fonte de sustento de Federigo? Como poderei ser egoísta ao ponto de querer tirar o único prazer que resta a um pobre cavalheiro?»

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Paralisada por estes pensamentos, estando contudo certíssima de obter o falcão se o pedisse, sem saber o que dizer ou fazer, não respondia ao filho. No fim venceu o amor que tinha pelo rapaz, decidindo Monna Giovanna agradar ‑lhe sem temer as consequências, não enviando outros para fazer o pedido mas indo ela em pessoa pedir o falcão. Por fim respondeu ‑lhe: «Meu filho, coragem e pensa na tua cura. Prometo ‑te que amanhã de manhã a pri‑ meira coisa que farei será ir buscar o falcão para to dar.»

O jovem, feliz com esta perspectiva, no mesmo dia mostrou algumas me‑ lhoras. No dia seguinte Giovanna, com outra dama por companhia, como se fosse em passeio, deslocou ‑se à pequena casa de Federigo, mandando ‑o chamar. Este, sendo que não era um bom período para a caça, há alguns dias que não o fazia, estando na ocasião num campo seu a vigiar alguns trabalhos; ouvindo que Monna Giovanna o chamava à porta, muito se maravilhou, e alegre correu nessa direcção.

Giovanna, vendo ‑o vir, com graça feminina foi ao seu encontro e, depois de Federigo a ter reverencialmente saudado, disse: «Bem ‑haja, Federigo!» E continuou: «Vim para te recompensar pelos danos que sofreste amando‑ ‑me mais do que o conveniente, e a recompensa é esta: é minha intenção almoçar contigo hoje, junto com esta minha companheira.»

A isto respondeu humildemente Federigo: «Senhora minha, não recor‑ do qualquer dano que tenha recebido por vossa causa, mas sim tanto bem que, se alguma vez qualquer valor tive, por vossa mercê e pelo amor que vos tenho tido o alcancei. E estou ‑vos ainda mais grato por receber a vossa gene‑ rosa visita hoje, que sou um pobre anfitrião, do que se tivesse acontecido nos tempos em que tinha ainda por gastar tudo quanto gastei.»

Assim dito, com embaraço a recebeu em sua casa, conduzindo ‑a ao seu jardim, e aí, não encontrando outrem que lhe fizesse companhia, disse: «Senhora, pois que outro não há, esta boa mulher, esposa deste trabalhador, vos fará companhia enquanto trato da mesa.»

Federigo, ainda que vivesse em extrema pobreza, não se tinha ainda dado conta do quanto errara ao gastar como havia feito, até essa manhã, em que nada encontrando que pudesse dar à mulher por amor da qual tanto tinha já dado a infinitos homens, compreendeu. Desmesuradamente angustiado maldizia a sua sorte, correndo como um louco de um lado para o outro, sem encontrar dinheiro ou o que pudesse empenhar. Sendo a hora tardia e tamanho o desejo de algo poder oferecer à dama, não querendo mendigar nem de outros nem do seu trabalhador, deparou ‑se Federigo com o seu bom falcão, no seu poleiro

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numa salinha. Sem outra solução, depois de o examinar e de o achar farto de carnes, pensou poder ter ali um prato digno de uma dama como Monna Gio‑ vanna. Sem mais pensar, torceu ‑lhe o pescoço e deu ‑o a uma sua serva para que o preparasse e assasse no espeto com todo o cuidado. A mesa foi posta com algumas toalhas branquíssimas que ainda tinha e, de semblante tranquilo, vol‑ tou à dama no seu jardim, anunciando que o almoço estava pronto.

Giovanna e a sua amiga levantaram ‑se para logo se sentarem à mesa, e, sem saberem o que comiam, juntamente com Federigo, que as servia aten‑ ciosamente, comeram o falcão. A refeição acabada, e depois de agradável conversação com Federigo, parecendo a Giovanna ter chegado a altura certa de dizer o que ali a levava, com toda a cortesia começou assim a dizer a Fede‑ rigo: «Federigo, recordando ‑te tu da tua vida no passado e da minha fidelida‑ de a meu marido, que terás talvez julgado ser dureza e crueldade, não duvido que te maravilharás da minha presunção quando ouvires o assunto que aqui me trouxe; mas se tivesses tido filhos, ou se os tivesses, poderias conhecer a força do amor que os pais lhes têm. Creio bem que em parte, então, me per‑ doarias. Não os tens; e eu que tenho um só, não posso fugir às leis de todas as mães; a essas forças devo obedecer, sendo assim imperativo, de uma forma que vai contra a minha vontade, conveniência ou dever, pedir ‑te algo que bem sei o quão caro te é, sobretudo por nenhum outro prazer, alegria ou con‑ solação te ter deixado a tua extrema miséria. O que te peço é o teu falcão, do qual o meu filho se enamorou a tal ponto, que, se não lho levar, temo que se agrave a enfermidade de que padece, e que assim eu o venha a perder. E por isto te peço que mo ofereças, não pelo amor que me tens, pelo qual nada me deves, mas pela tua nobreza de alma, a qual se mostrou mais generosa do que qualquer outro, assim que por esta oferenda eu possa dizer de ter salvo o meu filho, e que isto para sempre to deva.

Federigo, ouvindo o que a dama pedia e compreendendo que não a podia servir, dado que já lhe tinha dado o seu falcão por almoço, começou perante ela a chorar, antes mesmo de responder qualquer palavra. Pensou Giovanna primeiramente que este choro se devesse à dor de separar ‑se do seu falcão, e estava para dizer que afinal não o queria; mas, calando ‑se, esperou depois das lágrimas a resposta de Federigo, que assim lhe disse: «Senhora, desde que a Deus aprouve que a vós desse o meu amor muitas vezes tive a sorte a mim contrária, o que muito me doeu; mas todas essas vezes nada foram em con‑ fronto ao que a fortuna hoje me faz. Nunca mais poderei fazer a paz com ela, pensando que vós viestes aqui à minha pobre casa, onde, quando era rica, não vos dignastes a vir, e que de mim um pequeno presente quereis, e que

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a sorte tenha feito as coisas de modo que não vo ‑lo possa dar. Em poucas palavras vos direi porque é este o caso: assim que me dissestes que vós, por cortesia, queríeis comigo almoçar, por respeito ao vosso estatuto e ao vosso valor, pareceu ‑me digna coisa que vos honrasse com o melhor repasto que pudesse encontrar, dentro das minhas escassas possibilidades. Recordei ‑me do falcão que agora me pedis, e julgando ‑o de qualidade, digno de vós se me afigurou. Esta manhã assado o tivestes sobre a tábua, o que me pareceu o melhor uso que lhe pudesse dar; mas vendo agora que de outro modo o dese‑ jáveis, sinto uma tão grande dor de não me ser possível servir ‑vos. Não creio que possa alguma vez fazer a paz comigo mesmo.

Isto dito, fez com que as penas, os pés e o bico fossem trazidos como pro‑ va da sua sinceridade. Giovanna, tudo vendo e ouvindo, primeiramente censurou ‑o por ter matado um tal falcão para dar de comer a uma mulher; mas logo, para si mesma, louvou a grandeza de alma de Federigo, que a po‑ breza não tinha podido nem poderia tocar. Assim, sem esperança de ter o falcão e temendo pela saúde do filho, voltou a casa melancólica, e ao seu filho. Este, ou por melancolia por não poder ter o falcão, ou talvez que a doença o levaria de qualquer modo àquele ponto, ao fim de poucos dias, com grandíssima dor da mãe, passou desta vida.

Monna Giovanna, ainda que cheia de lágrimas e de amargura, tendo ficado riquíssima e sendo ainda jovem, mais do que uma vez se viu instada pelos seus irmãos a casar ‑se de novo. Ainda que tal não querendo, mas vendo ‑se pres‑ sionada, recordou ‑se do valor de Federigo e da sua magnificência final: o ter matado um tão precioso falcão para a honrar. E disse assim aos seus irmãos: «Por minha vontade, se estivésseis de acordo, ficaria como estou; mas se que‑ reis que tome marido, então não pode ser outro que Federigo degli Alberighi.» A isto os irmãos, troçando dela, disseram: Tola, que é isto que dizes? Como o queres tu a ele que não tem um tostão furado?»

A isto ela respondeu: «Meus irmãos, eu sei bem que é como dizeis, mas eu antes quero um homem a quem falte riqueza do que ter riqueza a que falte um homem.»

Os irmãos, ouvindo as suas palavras e conhecendo Federigo há muito tempo, ainda que ele fosse pobre, visto que Giovanna o queria, ofereceram‑ ‑lhe a ela e às suas riquezas. Ele, encontrando ‑se casado com uma tal mulher, que tanto tinha amado, para além disso riquíssima, terminou os seus anos em felicidade conjugal, tendo ‑se tornado um melhor administrador do seu património.

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André BRETON. O­Amor­Louco. Tradução de Luiza Neto Jorge. [1937]

1971. Lisboa: Estampa. 149 ‑158.

Querida Écusette de Noireuil

Na Primavera de 1952, tereis vós dezasseis anos e sereis provavelmente ten‑ tada a desfolhar este livro, cujo título, apraz ‑me acreditá ‑lo, vos chegará eufonicamente levado pelo vento que verga os espinheiros... Não haverá sonho, esperança ou ilusão que, assim o espero, não dance noite e dia, à luz dos anéis do vosso cabelo — mas eu, decerto, já não poderei presenciá‑ ‑lo, eu que, se a tal aspirasse, seria apenas para vos ver. Os misteriosos e magníficos cavaleiros haverão de passar, ao crepúsculo, à rédea solta, con‑ tornando os instáveis rios. Oculta por véus diáfanos de um verde de água, há ‑de, sob as altas abóbadas, perpassar, no seu andar de sonâmbula, uma jovem, e sozinha extinguir uma chama votiva. Mas os espíritos dos jun‑ cos, e os minúsculos gatos que fingem dormir dentro dos anéis, e o ele‑ gante revólver ‑brinquedo perfurado pela palavra «Baile», impedir ‑vos ‑ão de encarar essas cenas pelo seu lado trágico. Seja qual for o destino, nunca demasiado belo, que — como sabê ‑lo? — vos esteja reservado, sentireis gosto em viver e em tudo esperar do amor. Aconteça o que acontecer, daqui até tomardes conhecimento desta carta — pelos vistos, só acontece o que se não espera —, apraz ‑me pensar que já nessa altura estareis apta a assumir os eternos poderes da mulher, os únicos perante os quais acaso já me incli‑ nei. Quer tenhais acabado de fechar a tampa da carteira sobre um­universo

azul ‑asa de corvo repleto de fantasias, quer deixado, como um vulto solar, o vosso perfil impresso — à excepção de uma flor presa ao peito — sobre o muro de uma fábrica — estou longe de ter uma ideia precisa sobre o vosso futuro —, seja ‑me lícito crer que estas palavras: «O amor louco», se verão um dia a sós com a vossa vertigem.

Não cumprirão elas a sua promessa, pois mais não fazem do que esclarecer ‑vos o mistério da vossa vinda ao mundo. Julguei, durante bastante tempo, que não havia pior loucura do que a de se dar vida a um ser. Ou pelo menos detestava aqueles que ma haviam dado a mim. É provável que, uma vez por outra, também vós me detesteis. Foi precisamente por essa razão que decidi hoje ver ‑vos com a idade de dezasseis anos, hoje, que ainda vos é

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Charlotte BRONTË. Jane­Eyre. Tradução de Alice Rocha. [1847] 2011.

Lisboa: Presença. 545 ‑551.

— Ele é um rapaz bem ‑parecido.

— E eu sou apagada, como bem vê, Diana. Não combinamos um com o outro.

— Apagada!? A Jane? Nem por sombras. Pelo contrário, é bonita e bon‑ dosa de mais para ser assada viva em Calcutá. — E, uma vez mais, pediu ‑me encarecidamente que desistisse da ideia de acompanhar o irmão.

— E não tenho outro remédio — salientei eu —, pois ainda agora, quando lhe reiterei a proposta de me pôr ao serviço dele como coadjutora, mostrou ‑se escandalizado com a minha falta de decência. Creio que consi‑ derou uma incorrecção da minha parte propor ‑me para o acompanhar sem sermos casados… Como se eu desde sempre não tivesse esperado encontrar nele um irmão e agora não o considerasse como tal.

— E o que a leva a afirmar que ele não lhe tem amor, Jane?

— Devia ouvir o que ele tem a dizer sobre o assunto. Já me explicou vezes sem conta que não é a si próprio que deseja casar, mas antes ao seu cargo. Fez ‑me ver que nasci para o trabalho… e não para o amor; o que, não tenho dúvida, deve corresponder à verdade. Mas, na minha opinião, se não nasci para o amor, então também não nasci para o casamento. Não seria estranho, Diana, acorrentar ‑me para o resto da vida a um homem que não vê em mim mais nada para além de uma ferramenta útil?

— Insuportável… contranatura… completamente descabido!

— E ainda para mais — continuei eu —, embora neste momento eu sinta pelo St. John apenas um amor filial, se me obrigasse a casar com ele, e tendo em conta que é um homem tão talentoso e que com tanta frequência deixa transparecer uma certa grandeza heróica no olhar, no porte e na maneira como fala, seria quase inevitável que eu acabasse por desenvolver por ele uma espécie de amor estranho e torturante. Nesse caso, a minha desdita não conheceria fim. Ele haveria de fazer tudo ao seu alcance para que eu não o amasse e, se eu me atrevesse a dar ‑lhe mostras desse sentimento, far ‑me ‑ia de imediato ver que era algo de supérfluo, que ele não me exigia e que, ademais, considerava inconveniente. Sei bem que sim.

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— Mas olhe que o St. John é um bom homem, Jane — contrapôs a Diana. — Ele é um bom homem e um grande homem, mas, infelizmente, de tanto se empenhar em passar à prática os seus ideais elevados, tem tendência a esquecer ‑se dos sentimentos e dos desejos das pessoas humildes. Será por isso preferível que as pessoas insignificantes lhe saiam do caminho, não vá ele pisá ‑las. Lá vem ele! Vou deixá ‑la, Diana! — E, ao vê ‑lo entrar no jardim, apressei ‑me escada acima.

Contudo, fui obrigada a vê ‑lo uma vez mais à ceia. Durante a refeição, manteve a mesma compostura de sempre. Eu julgava que o St. John mal se dignaria a dirigir ‑me a palavra e estava segura de que desistira do plano de se casar comigo, contudo, os acontecimentos sucessivos vieram mostrar ‑me que estava enganada em relação a ambos os aspectos. Falou comigo do modo habitual, ou, melhor dizendo, naquele que ultimamente era o seu modo habi‑ tual, duma cortesia escrupulosa. Invocara sem dúvida o auxílio do Espírito Santo para o ajudar a acalmar a fúria que eu despertara nele e estava agora convencido de que me perdoara uma vez mais.

Como leitura vespertina antes das orações, escolheu o vigésimo primei‑ ro capítulo do Livro do Apocalipse. Era, como sempre, um prazer escutar as palavras bíblicas saídas dos seus lábios, pois não havia momento em que a sua voz fosse mais intensa e melodiosa, nem que os seus modos deixassem transparecer uma simplicidade mais nobre que quando anunciava as profe‑ cias divinas. Nessa noite, a sua voz assumiu um tom ainda mais solene, os seus modos investiram ‑se dum significado ainda mais arrebatado, ali sen‑ tado entre o seu círculo doméstico (com a lua de Maio a brilhar através da janela, tornando a luz da vela que estava em cima da mesa praticamente dis‑ pensável). Ali sentado, debruçado sobre a grande e velha Bíblia, enquanto descrevia a visão dum novo céu e duma nova terra nela contida, anunciava que Deus iria habitar entre os homens, enxugar ‑lhes as lágrimas dos olhos e prometer ‑lhes que não haveria mais mortes, nem mágoas, nem prantos, nem mais sofrimento, porque tudo o que era antigo iria desaparecer.

Estas palavras comoveram ‑me duma forma particular sobretudo por‑ que senti, mediante a ligeira e indescritível alteração de tom com que o St. John as proferiu, que o olhar dele entretanto se dirigia para mim.

— «Aquele que vencer, tudo haverá de herdar, e eu serei o seu Deus, e ele será o meu filho. Mas» — leu ele numa toada lenta e bem cadenciada — «os medrosos, os descrentes, etc… irão herdar o lago ardente de fogo e enxofre, e que é a segunda morte.»

Doravante, fiquei informada do destino que o St. John receava que me calhasse.

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Um triunfo calmo, contido, misturado com um fervor ardente, assina‑ lou a enunciação dos últimos versos magníficos daquele capítulo. O leitor acreditava que o seu nome já estava escrito no livro da vida do Cordeiro e ansiava pelo momento em que seria acolhido na cidade à qual os reis da terra levam a sua honra e prestígio, que dispensa a presença do sol e da lua, porque já conta com a glória de Deus para a iluminar, e o Cordeiro é essa mesma luz. Na oração que seguiu à leitura do capítulo, o St. John concentrou todas as suas energias, fez despertar todo o seu entusiasmo austero. Mergulhou em profunda circunspecção, debatendo ‑se com Deus e decidido à vitória. Supli‑ cou força para os fracos de coração, orientação para os que se tinham perdi‑ do do rebanho, o regresso, mesmo no derradeiro momento, daqueles a quem as tentações do mundo e da carne vinham a afastar do caminho justo. Pediu, rogou, implorou a dádiva dum tição que se tira do fogo. O fervor vem sempre acompanhado duma solenidade profunda. A princípio, quando comecei a ouvir aquela oração, dei por mim admirada, depois, à medida que prosseguia e se intensificava, fui ‑me deixando comover e, finalmente, dei por mim ins‑ pirada dum temor respeitoso. O St. John acreditava tão piamente na gran‑ diosidade e na excelência do seu propósito que quem o ouvia defendê ‑lo era irremediavelmente levado a acreditar nele também.

Uma vez a oração terminada, eu, a Diana e a Mary pedimos licença para nos retirarmos. Ele tinha a partida marcada para o dia seguinte, logo pela manhã. Depois de se despedirem dele com um beijo, as irmãs abandonaram a sala (acatando, julgo eu, uma sugestão que lhes foi murmurada). Eu estendi‑ ‑lhe a mão e desejei ‑lhe uma boa viagem.

— Obrigado, Jane. Tal como disse, regressarei de Cambridge dentro de duas semanas e, por conseguinte, poderá consagrar todo esse tempo à refle‑ xão. Se eu desse ouvidos ao orgulho humano, não lhe tornaria a falar em casa‑ mento, mas eu ouço apenas o meu dever e não perco de vista o meu principal objectivo… agir sempre em prol da glória divina. O meu Senhor foi paciente na sua dor, e eu serei também. Não posso abandoná ‑la à perdição dum vaso da ira: arrependa ‑se, decida ‑se enquanto ainda é tempo. Não se esqueça de que nos é pedido que trabalhemos enquanto é dia, de que «quando for de noite, nenhum homem poderá trabalhar». Lembre ‑se do que aconteceu a Dives, que foi rico nesta vida. Deus deu ‑lhe a força necessária para optar pela parte melhor de si que ninguém lhe poderá roubar!

Ao proferir estas últimas palavras, o St. John pousou ‑me a mão na cabeça. Expressara ‑se em tom sincero, com brandura. O seu olhar não se assemelhava de todo ao dum amante que contempla o ser amado, mas antes ao dum pas‑ tor que chama uma sua ovelha tresmalhada, ou melhor ainda, ao dum anjo ‑da‑

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‑guarda que vela pela alma por que é responsável. Todos os homens de talento, quer sejam homens de sentimento ou não, quer sejam fanáticos, ou aspirantes, ou déspotas, desde que sejam sinceros, têm os seus momentos sublimes em que conseguem conquistar e dominar quem está ao seu redor. Eu tinha vene‑ ração pelo St. John, uma veneração tão grande que a impetuosidade dele me arremessou de imediato para o ponto que havia tanto tempo vinha a evitar. Senti ‑me tentada a baixar os braços, a deixar que a torrente da sua vontade me projectasse para o vórtice da sua existência e aí perder a minha. Sentia ‑me quase tão encurralada por ele como me sentira, numa ocasião anterior e duma maneira diferente, por outro. Fui uma tola de ambas as vezes. Ter cedido nessa altura teria sido um erro de princípio; ceder agora seria um erro de julgamento. Pelo menos é esta a minha opinião no momento, em que contemplo aquele instante crítico com a serenidade que o tempo confere: naquela altura, eu não tinha consciência da loucura que estava prestes a cometer.

Fiquei petrificada sob o toque do meu hierofante. As minhas recusas foram esquecidas, os meus medos, ultrapassados, os meus combates, parali‑ sados. O Impossível, isto é, o meu casamento com o St. John, começava a ser cada vez mais provável. Num abrir e fechar de olhos, tudo mudava por com‑ pleto. A Religião chamava ‑me, os Anjos acenavam ‑me, Deus ordenava ‑me, a minha vida enrolava ‑se como um pergaminho, as portas da morte abriam‑ ‑se e mostravam ‑me a eternidade que se achava para lá delas. Tinha a sen‑ sação de que, em nome da protecção e da bem ‑aventurança, seria capaz de sacrificar tudo sem hesitar. A sala escura inundava ‑se de visões.

— Seria capaz de se decidir agora? — interrogou ‑me o missionário. A pergunta foi feita num tom delicado. Oh, aquela delicadeza! Quão mais poderosa era que a força! Com a fúria do St. John, eu podia bem; já sob a sua bondade, eu dava por mim maleável como uma folha. Todavia, tive sem‑ pre a perfeita noção de que, se cedesse naquele momento, ele não perderia a oportunidade de um dia me vir a fazer arrepender da minha rebelião prévia. Uma hora de oração solene não seria suficiente para lhe mudar a natureza, limitava ‑se a elevá ‑la.

— Eu poderia decidir se tivesse a certeza… — respondi ‑lhe — se tivesse a certeza de que é da vontade de Deus que eu me case consigo, e aceitaria o seu pedido neste preciso instante… independentemente do que o futuro nos reservasse!

— As minhas preces foram ouvidas! — exclamou o St. John. Pressionou a mão com mais firmeza à minha cabeça, como se reivindicasse a minha pes‑ soa; envolveu ‑me nos seus braços, quase como se me amasse (digo «quase»,

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exemplo dele, eu já pusera o amor fora de questão e pensava unicamente no dever). Debati ‑me com a minha falta de visão interior, diante da qual ainda passavam algumas nuvens. Desejava sincera, profunda e ardentemente fazer o que era correcto, e mais nada. «Mostra ‑me, mostra ‑me o caminho!», supli‑ quei eu ao Céu. Nunca na vida me sentira enlevada àquele ponto e se o que se seguiu foi resultado desse mesmo enlevo, deixo ao critério do leitor.

A casa estava em silêncio absoluto, pois creio que, à excepção do St. John e de mim própria, todos já se tinham recolhido. A única vela acesa ameaçava extinguir ‑se, e a sala estava inundada de luar. Eu sentia o coração alvoroçado e ouvia ‑o a latejar. De repente, foi arrebatado por uma sensação indescri‑ tível que depressa se propagou à minha cabeça e membros. Não se tratou dum choque eléctrico, mas foi deveras forte, estranho e assustador, e tomou conta dos meus sentidos como se até aí tivessem estado presos dum torpor profundo, do qual eram então chamados e obrigados a despertar. Ficaram na expectativa: os olhos e os ouvidos puseram ‑se à espera enquanto a carne me tremia nos ossos.

— O que foi que ouviu? O que foi que viu? — interpelou ‑me o St. John. Eu não via nada, mas ouvia uma voz algures a gritar: «Jane! Jane! Jane!», e nada mais.

— Ó meu Deus! O que é isto? — ofeguei.

Mais valia ter dito: «Onde é que está?», pois não me parecia provir da sala, nem tão ‑pouco da casa ou do jardim. Não me chegou através do ar, nem por baixo da terra, nem por cima da minha cabeça. Eu ouvira ‑a… onde ou donde, nunca haveria de descobrir! E era a voz dum ser humano, uma voz conhecida, amada, que guardava na minha memória… a voz de Edward Fair‑ fax Rochester, que me falava num tom de desgosto e mágoa… desvairada, estranha, urgente.

— Já vou! — gritei eu. — Espere por mim! Oh, eu vou! — Lancei ‑me em direcção à porta e espreitei para o corredor: estava escuro. Corri para o jardim: estava deserto.

— Onde é que está!? — exclamei.

Os montes para lá de Marsh Glen devolveram ‑me uma resposta débil: «Onde é que está!?» Deixei ‑me ficar à escuta. O vento assobiava baixinho por entre os abetos. À minha volta, não via senão a solidão da charneca e o silêncio da noite.

— Basta de superstições! — declarei, à medida que esse espectro asso‑ mava, negro contra negro, junto ao teixo do portão. — Isto não é ilusão nem bruxaria tua. Isto é obra da natureza. Ela foi instigada e não obrou nenhum milagre… apenas o seu melhor.

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Afastei ‑me do St. John, que seria capaz de me impedir e de vir em minha perseguição. Chegara o momento de exercer o meu predomínio. Os meus poderes estavam em jogo, e em força. Disse ‑lhe que se abstivesse de pergun‑ tas ou comentários. Queria que ele me deixasse em paz; queria, e precisa‑ va, de ficar sozinha. O St. John não hesitou em obedecer. Onde há energia suficiente para comandar, a obediência nunca falha. Subi ao meu quarto, tranquei ‑me lá dentro, deixei ‑me cair de joelhos e rezei à minha maneira… uma maneira diferente da do St. John, mas nem por isso menos eficaz. Tive a sensação de chegar junto dum Espírito Poderoso, e a minha alma prostrou ‑se de gratidão aos Seus pés. Quando, depois da oração de graças, me levantei, tomei uma decisão e fui deitar ‑me, cheia de coragem e bem esclarecida… ansiosa pelo raiar dum novo dia.

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