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SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA OU PROVISÓRIA PARA PRISÃO DOMICILIAR DAS GESTANTES OU MÃES DE FILHOS MENORES DE 12 ANOS

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Academic year: 2020

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SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA OU PROVISÓRIA PARA PRISÃO DOMICILIAR DAS GESTANTES OU MÃES DE FILHOS MENORES DE 12 ANOS 1

Andréia Mesquita dos Santos2; Aldi José Souza1; Laís Gema Baltar de Oliveira1; Simone

Aparecida Aramaki Gomes1 RESUMO

Este trabalho propõe analisar as condições para o exercício da maternidade no sistema prisional brasileiro. Para tanto, contextualiza o encarceramento feminino, realiza um levantamento dos principais direitos e garantias previstos no âmbito nacional e internacional das presas gestantes e mães de menores de 12 anos de idade. Constata que as normas examinadas não refletem a realidade e demonstra que as prisões brasileiras não garantem o pleno exercício da maternidade. Observa a necessidade de adoção de medidas alternativas ao encarceramento. Analisa acórdãos em sede de habeas corpus com pleito de substituição de prisão preventiva pela domiciliar das gestantes e mães de filhos menores de 12 anos de idade perante o Tribunal de Justiça. Constata que o beneficio da prisão domiciliar não é efetivado na maioria dos casos analisados e busca averiguar as lacunas que impedem a concretização do direito

PALAVRAS-CHAVE: Encarceramento feminino. Maternidade no cárcere. Prisão Domiciliar. ABSTRACT

This study proposes to analyze the conditions for the exercise of maternity in the Brazilian prison system. In order to do so, contextualizes female imprisonment, it carries out a survey of the main rights and guarantees provided in the national and international scope of pregnant prey and mothers of children under 12 years of age. It notes that the rules examined do not reflect reality and demonstrate that Brazilian prisons do not guarantee the full exercise of maternity. It notes the need to adopt alternative measures to incarceration.

It analyzes habeas corpus judgments with the purpose of replacing pre-trial detention with the domicile of pregnant women and mothers of children under 12 years of age before the Court of Justice. It notes that the benefit of house arrest is not enforced in most of the cases analyzed and seeks to ascertain the gaps that impede the realization of the right

KEYWORDS: Female imprisonment. Maternity in the jail. Prison Home. SÚMARIO

1. INTRODUÇÃO 2. CONDIÇÕES PARA O EXERCÍCIO DA MATERNIDADE NO CÁRCERE 2.1 MATERNIDADE X PRIVAÇÃO DE LIBERDADE 2.2 DIREITOS, GARANTIAS E DIRETRIZES 2.3 CONDIÇÕES DO ESTABELECIMENTO PRISIONAL FEMININO 3. MOMENTO DA SEPARAÇÃO 3.1 PREVENÇÃO DA DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR 3.2 MANUTENÇÃO DOS VINCULOS EXTERNOS 4. PROJETO QUE BENEFICIA RÉS PRIMÁRIAS 4.1 ESTATÍSTICAS SOBRE A POPULAÇÃO CARCERÁRIA FEMININA NO BRASIL 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 6. REFERÊNCIAS

1 Projeto de pesquisa exigido pela Faculdade de Direito do Centro Universitário Braz Cubas, como requisito para aprovação do 10º semestre na disciplina Projeto Integrador X. Professor orientador: ,Jorge Luiz Neves Esteves.

2 Bacharelandos do Curso de Direito. Centro Universitário Braz Cubas.

Revista do Curso de Direito Brazcubas V2 N1: Dezembro de 2018

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1 INTRODUÇÃO

A situação prisional nacional brasileira é preocupante e sinaliza a ineficácia de um sistema desumano, degradante e cruel. Segundo dados do relatório World Female Imprisonment List, divulgado em novembro de 2017, pelo Institute for criminal policy research da Birkbeck University of London, existem mais de 714 mil mulheres e meninas sem liberdade ao redor do mundo. Em 2014, o Brasil tinha a quinta maior população carcerária feminina do mundo, com o aumento o pais ocupa agora a quarta posição no ranking mundial, ultrapassando a Tailândia e ficando atrás apenas dos EUA acerca de (211.870), China acerca de (107.113) e Rússia (48.478).3

Indicando um quadro gravíssimo de superlotação e a precariedade das prisões brasileiras, decorrentes de ações e omissões do poder publico, geram um quadro de violação massiva e persistente de direitos humanos. Dentro deste cenário de falências do sistema prisional, as mulheres vivenciam a experiência da prisão de forma mais traumática que os homens, mesmo representando um percentual baixo em relação à população carcerária masculina.

Muitas mulheres em situação de privação de liberdade encontram-se grávidas ou possuem filhos menores de 12 anos de idade, sendo necessário observar essa particularidade, bem como os impactos sociais do encarceramento feminino no seio familiar, em busca de garantir à possibilidade de continuidade do exercício da maternidade às mães encarceradas. Para tanto, é necessário compreender quais direitos estão em conflito, de um lado, o direito legítimo da sociedade de exigir que o Estado exerça o seu poder-dever de punir aquele que cometeu um crime em prol da segurança publica, de outro lado os direitos das mães em relação aos filhos e principalmente os direitos da criança, a qual não pode sofrer as conseqüências de um ato praticado por sua mãe.

Existe a necessidade de priorizar as medidas alternativas aos encarceramentos das mulheres, previsto no ordenamento jurídico pátrio, onde se destaca a prisão domiciliar, tema especifico do nosso trabalho.

2 CONDIÇÕES PARA O EXERCÍCIO DA MATERNIDADE NO CÁRCERE 2.1 MATERNIDADE X PRIVAÇÃO DE LIBERDADE

A maternidade deve ser vista como um direito fundamental que versa impreterivelmente sob a dignidade da pessoa humana. Crianças que iniciam suas vidas literalmente presas ou que são submetidas à separação que acontece ou quando ainda são recém nascidas, bem como, quando 3 Site Revista Carta Capital < https://www.cartacapital.com.br/sociedade/com-42-mil-presas-brasil-tem-a-4-maior-populacao-carceraria-feminina> (acesso em: 27/11/2018)

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ainda menores de 12 anos, perdem então o direito de conviver com suas mães, fato que marca a vida dessas crianças de forma irreparável, pois cedo vêem sua segurança e seu núcleo familiar se desfazerem, obrigando-as a viver sem esse elo fundamental.

A revista RADIS da Fundação Oswaldo Cruz em sua edição número 172 de janeiro de 2017, trouxe uma matéria especial intitulada como “Maternidade Atrás das Grades”, trazendo os dados de um estudo multidisciplinar sobre a saúde materno infantil nas prisões realizado pela Fiocruz com a coordenação da professora Maria do Carmo Leal, entre 2012 e 2014. 4

Nela a psicóloga e pesquisadora Vilma Diuana, que é Doutoranda na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e recebeu Menção Honrosa no Prêmio Maria Cecilia Minayo 2016 por seu artigo sobre direitos reprodutivos femininos no sistema penitenciário, concedeu uma entrevista e respondeu diversas perguntas referente ao tema. Em uma delas foi questionada sobre sua opinião em relação a possibilidade de exercer a maternidade na prisão, Vilma respondeu:

“O que a gente viu na pesquisa foi a impossibilidade do exercício da maternidade nesse contexto. A gente experimentou o que significa a vivência de uma rebelião numa unidade prisional em que elas estavam com seus filhos — inclusive entrevistamos outras mães ainda grávidas que estavam nas celas durante a rebelião. Toda aquela movimentação de bomba e tiro causou um estresse tremendo. As crianças tiveram diarreia, febre... Então, é um ambiente hostil, inadequado não só para a permanência das crianças mas também da gestante. A vulnerabilidade é imensa, por exemplo, na hora em que ela começa a entrar em trabalho de parto. Presa, o seu acesso a saúde é limitado. Ela precisa de autorização, de transporte, de escolta. E muitas vezes existe uma tensão nesse processo.”

O habeas corpus coletivo n º 143.641 concedido pelo Supremo Tribunal Federal no inicio do ano, determinou que a prisão preventiva deve ser transformada em prisão domiciliar em casos de mulheres gestantes, com filhos de até 12 anos ou com deficiência, porém excluindo as presas pela prática de crimes com violência ou grave ameaça e contra seus descendentes. A decisão trouxe novamente à tona a triste realidade de mulheres que em situação de cárcere em presídios são obrigadas pela legislação penal a manter seus filhos recém nascidos junto a elas.5

2.2 DIREITOS, GARANTIAS E DIRETRIZES

A matéria é há muito tempo discutida por tratar e contrapor o direito da criança, uma vez que a pena não deve transcender à pessoa do condenado, ou seja, a pena imposta às mães não deve 4 Site Revista RADIS

<http://www6.ensp.fiocruz.br/radis/revistaradis/172/reportagens/%E2%80%9Cprisao-e-ambiente-inadequado-para-gestantes-e-criancas%E2%80%9D> (acesso em 27/11/2018)

5 Site Supremo Tribunal Federal

<http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/HC143641final3pdfVoto.pdf> (acesso em: 27/11/2018)

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penalizar seus filhos. E por outro lado existe o dever de punir do Estado que deve seguir às disposições do Código Penal, bem como atender e garantir a segurança da sociedade, pois existe também o direito coletivo que a sociedade impõe e merece, visando que a justiça seja alcançada quando um crime é cometido, independente de quem o cometeu, pois na atual situação do país a população não tolera mais a impunidade e busca cada vez mais a condenação de quem comete todo e qualquer tipo de crime.

A origem do habeas corpus coletivo se deu por iniciativa de um grupo de advogados que defendem os direitos humanos. No entanto o pedido e posteriormente a decisão do Supremo Tribunal Federal não deveriam ser encarados com surpresa, pois desde 2016 o Marco Legal da Primeira Infância (Lei Federal nº 13.257, de 08 de Março de 2016) já determinava em seu artigo 41 as alterações do Código de Processo Penal (Decreto-Lei nº 3.689, de 03 de Outubro de 1941) em seus artigos 6o, 185, 304 e 318, dentre eles o artigo 318 é a base legal do referido

habeas corpus, pois acrescentou à gestante e à mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos no rol de agentes que podem ser beneficiados substituindo a prisão preventiva pela domiciliar.

Nos artigos 6o, 185 e 304, que tratam respectivamente das obrigações que a autoridade

policial deve realizar assim que tiver conhecimento da prática da infração penal, dos procedimentos para o interrogatório e da lavratura do auto de prisão em flagrante. No artigo 6o

foi acrescido o inciso X que determina que a autoridade policial deve colher informações sobre a existência de filhos, a idade e se possuem alguma deficiência, também verificar um possível nome e o contato de um eventual responsável pelos cuidados dos filhos, dados esses a serem indicados pela pessoa presa, no artigo 185 foi acrescido o § 10 e no artigo 304 foi acrescido o § 4º, ambos tratam da mesma matéria já citada no artigo 6o .

A Constituição Federal em seu artigo 227 determina que:

“é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”, A situação de crianças em presídios e das crianças que são separadas de suas mães pode ser considerada então uma afronta às garantias e direitos constitucionais presentes no referido texto constitucional.

2.3 CONDIÇÕES DO ESTABELECIMENTO PRISIONAL FEMININO O artigo 88 da Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210, de 11 de Julho de 1984) diz:

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“Art. 88 O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório.

Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular:

a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana;

b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).”

Já o artigo 89 determina as diretrizes e condições para gestantes e para mães com filhos menores de sete anos, conforme:

“Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a penitenciária de mulheres será dotada de seção para gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver presa.”

O parágrafo único do referido artigo determina os requisitos básicos da seção e da creche, sendo “I - o atendimento por pessoal qualificado, de acordo com as diretrizes adotadas pela legislação educacional e em unidades autônomas e II - horário de funcionamento que garanta a melhor assistência à criança e à sua responsável”.

Com relação aos presídios femininos o artigo 77 da mesma Lei em seu § 2º diz “no estabelecimento para mulheres somente se permitirá o trabalho de pessoal do sexo feminino, salvo quando se tratar de pessoal técnico especializado”, bem como o artigo 83 em seu § 3º diz “os estabelecimentos de que trata o § 2o deste artigo deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino na segurança de suas dependências internas”.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de Julho de 1990) também trás diretrizes, direitos e garantias a esse respeito, o artigo 8º em seu caput diz:

”É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde.”

Bem como os parágrafos 4º, 5º e 10º, que dizem:

“§ 4º - Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as conseqüências do estado puerperal.

§ 5º - A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser prestada também a gestantes e mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que se encontrem em situação de privação de liberdade. § 10º - Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento integral da criança.”

Apesar de todos os dispositivos legais acima citados, a realidade dos presídios brasileiros fica muito distante do que seria ideal para pessoas no geral e ainda mais de gestantes e crianças, mesmo sendo impossível fazer a alusão de um presídio adequado para crianças, afinal toda criança deve nascer livre.

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3 MOMENTO DA SEPARAÇÃO

O momento da separação é sem dúvidas o momento mais difícil tanto para mãe quanto para criança, considerando que nos primeiros meses de vida surgem os primeiros vínculos afetivos entre a mãe e a criança. Logo após vem a fase da amamentação onde esses vínculos se tornam ainda maiores. E sem o devido acompanhamento da família por profissionais, após a separação muitas dessas mulheres sofrem com prejuízos emocionais, um desses prejuízos é o fato das crianças não as reconheceram como mães após o término da pena.

As mulheres encarceradas possuem o direito de ficar com seus filhos durante o processo de amamentação, como prevê o artigo 5º, inciso L, da Constituição Federal: [...] “L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação.”

A adaptação da separação pode durar até seis meses, conforme dispõe a Resolução n 4 de 15/07/2009, artigo 3, esse período é o de adaptação da criança com o novo lar, onde irão passar tempo maior com o novo responsável, visita ao novo lar, as visitas prolongadas a mãe serão reduzidas gradualmente até que a criança passe tempo maior com os novos responsáveis do que com mãe na prisão.

3.1 PREVENÇÃO DA DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR

Nos dizeres de Carlos Roberto Gonçalves, "Poder familiar é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, no tocante à pessoa e aos bens dos filhos menores". O momento da separação quebra o vinculo do poder de família exercido pela mãe, quando essas crianças são entregues aos abrigos, onde encontram novos responsáveis e novos lares, a poder de família é transferido aos novos responsáveis, conforme dispões o artigo 1.631 da Lei 10.406/2002: “Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.”

Para que não ocorra a destituição a visita dos familiares e das mães presas devem ser estimuladas visando prevenir o vinculo familiar, para garantir o direito de que essas mulheres possam ser reconhecidas como núcleo familiar dessas crianças. No geral as mulheres preferem familiares a para os abrigos, porém na maioria dos casos as crianças são entregues aos abrigos, onde acabam encontrando novos responsáveis e novos lares, causando dessa forma a destituição do poder de família.

Para a prevenção da destituição do poder de família, o momento da separação deve ser preparado ao longo do tempo, pois é muito importante que essas mães participem mesmo

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que indiretamente da vida de seus filhos. O acolhimento dessas crianças deve durar enquanto suas famílias estiverem impossibilitadas de cumprir o poder de família.

O encarceramento dessas mães é um impacto cruel nas relações entre mães e filhos, para solucionar essas situações as mães devem pedir a reintegração familiar para que essas crianças retornem as suas famílias de origem.Após o cumprimento da pena as mães poderão pedir a reintegração familiar, que está ligada ao direito fundamental da criança à boa convivência familiar, previsto no artigo 101, § 1º do ECA, transcrito:

“Art. 101. [...] § 1º. O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade.”

3.2 MANUTENÇÃO DOS VINCULOS EXTERNOS

Quando se fala a manutenção das relações familiares, observamos que o encarceramento da mulher presa ultrapassa os limites da pena, atingindo sua família e, especialmente, os filhos nascidos nas unidades prisionais. Um dos problemas mais incidentes nas vidas das mães presas é o distanciamento do filho e da família. A manutenção externa deste vinculo deve ocorrer com o apoio da família no processo de reabilitação da presa, pois com esse apoio as chances de recuperação são maiores,pois com essa recuperação as chances de reintegração familiar se tornam maiores.

4 PROJETO QUE BENEFICIA RÉS PRIMÁRIAS

O projeto permite que as mulheres gestantes e as que já são mães de crianças possam ser beneficiadas com a progressão da pena após o cumprimento de 1/8, ou 12,5%, da sua pena — desde que sejam rés primárias, não integrem organização criminosa e não tenham praticado crime contra os próprios filhos.

Atualmente, essas mulheres recebem o mesmo tratamento que os demais presos e só recebem a progressão após cumprimento de 1/6 da pena, em caso de crime comum, ou 2/5 da pena para crimes hediondos.

Simone Tebet ressaltou que mais 60% da população carcerária feminina responde por tráfico de drogas, que é um crime considerado hediondo pela legislação brasileira. No entanto, ainda segundo a senadora, essas mulheres não representam perigo à sociedade: é comum que elas sejam condenadas por posse de pequenas quantidades de drogas, ao serem usadas por seus companheiros.6

6 Site Senado < https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2018/05/08/senado-aprova-prisao-domiciliar-para-gestantes-e-maes-condenadas-pela-justica> (acesso em 27/11/2018)

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4.1 ESTATÍSTICAS SOBRE A POPULAÇÃO CARCERÁRIA FEMININA NO BRASIL

Segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), enviados para o relator do caso no STF, em 16 anos a quantidade de mulheres encarceradas saltou 700%. Em 2000, 5.601 mulheres cumpriam medidas de privação de liberdade. Em 2016, este número foi para 44.721. E quatro de cada dez mulheres presas no país ainda não foram condenadas definitivamente. Segundo o ministro, apenas 34% dos estabelecimentos dispõem de cela adequada para gestante, 32%, de berçários e 5%, de creches.7

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos concluir que a decisão do Supremo Tribunal Federal reforça o Marco Legal da Primeira Infância, as detentas grávidas ou com filhos menores de 12 anos merecem atenção especial do Estado, a deficiência de caráter estrutural no sistema prisional atual impossibilita totalmente que a maternidade possa ser exercida no cárcere, sendo o ambiente impróprio para qualquer criança. Não se trata então de conciliar o cárcere com a maternidade, mas sim de respeitar o direito à infância e aos laços afetivos que se iniciam já na fase da gestação.

A possibilidade de cumprir a pena em prisão domiciliar é uma medida que se justifica diante da realidade degradante da maternidade no cárcere, garantindo principalmente o contato da criança com a mãe nos primeiros anos de vida, sendo esse um fator essencial para que a criança possa se desenvolver emocionalmente e intelectualmente.

6 REFERÊNCIAS

Constituição Federal, 1988.

Lei Federal nº 13.257, de 08 de Março de 2016 - Marco Legal da Primeira Infância Decreto-Lei nº 3.689, de 03 de Outubro de 1941 - Código de Processo Penal Lei nº 7.210, de 11 de Julho de 1984 - Lei de Execução Penal

Lei nº 8.069, de 13 de Julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente Sites:

https://www.cartacapital.com.br/sociedade/com-42-mil-presas-brasil-tem-a-4-maior-populacao-carceraria-feminina - acesso em: 27/11/2018

http://www6.ensp.fiocruz.br/radis/revistaradis/172/reportagens/%E2%80%9Cprisao-e-ambiente-inadequado-para-gestantes-e-criancas%E2%80%9D - acesso em 27/11/2018 7 Site Jornal El País <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/20/politica/1519149536_755229.html> (acesso em: 27/11/2018)

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http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/HC143641final3pdfVoto.pdf -

acesso em: 27/11/2018

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2018/05/08/senado-aprova-prisao-domiciliar-para-gestantes-e-maes-condenadas-pela-justica - acesso em 27/11/2018

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