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Proposta para o Programa Nacional de Racionalização do Uso de Agrotóxicos. - Portal Embrapa

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Academic year: 2021

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Proposta para o Programa Nacional de

Racionalização do Uso de Agrotóxicos

Pedro Soares C layton Campanhola W agner B ettjol Geraldo S ta ch e ttl Rodrigues

Introdução

o Protocolo Verde é um programa do governo brasileiro, lançado em novem bro de 1 9 9 5 , que tem por o bjetivo a conservação do meio ambiente por m eio da restrição de financiam ento dos bancos oficiais a programas e proje­ tos que causem degradação ambiental.

Com base nas orientações do Protocolo Verde, o grupo coorde­ nador desse P rotocolo, vinculado à Casa Civil da Presidência da República, en­ tendeu que, no caso da agricultura, seria oportuno elaborar um programa que fosse direcionad o ao tem a dos agrotóxicos. Decidiu-se então dar início ao Pro­ grama N acional de Racionalização do Uso de A grotóxicos (PNRUA). Com o in tu i­ to de dar andam ento ao enfoque institucional e m etodológico que deve orientar a im plem entação do PNRUA, gerou-se uma proposta prelim inar para a ordena­ ção do referido program a, a qual deverá passar por revisões e ajustes a serem processados não só pelo Com itê Coordenador do Programa, que deverá ser

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instituído oficialm ente por Portaria, mas, principalm ente, por to d o s os agentes e participantes envolvidos.

A com posição do Programa será aqui abordada, considerando-se os itens seguintes: ju s tific a tiv a do programa; avaliação da situ a çã o atual do uso de agrotóxicos; objetivos e metas prioritárias; ações previstas e seus instrum en­ tos operacionais; articulação institucional e organização do program a; cronograma de metas e viabilização financeira.

A presente versão do Programa não aborda os a spectos relativos aos dois últim os itens, mas incorporou todas as co n trib u içõ e s e sugestões do Grupo de Trabalho do PNRUA, constituído , numa prim eira etapa, por técnicos dos M inistérios da Saúde, do Meio A m biente e da A g ricu ltu ra , Banco do Brasil, Ibama e Embrapa, além do Grupo Coordenador do Protocolo Verde.

Ju s tific a tiv a do Programa

A sustentabilidade dos agroecossistem as é um aspecto fu n d a ­ mental a ser considerado na form ulação de qualquer política de desenvo lvim e n­ to que seja integrado. Esta problem ática está intim am ente ligada à questão da utilização racional dos recursos naturais, evitando seu e sg o ta m e n to , o que de­ verá concentrar cada vez mais esforços por parte do Poder P úblico, bem com o de outros segm entos da sociedade envolvidos na questão.

No que se refere aos aspectos da saúde pública ligados à agricul­ tura moderna, com o uso intensivo de agrotóxicos e fe rtiliz a n te s quím icos, e seus efeitos danosos decorrentes da fa lta de controle no uso desses produtos e o pouco conhecim ento da população em geral sobre os seus riscos, estima-se que os índices de intoxicação humana no país sejam bastante elevados.

Em 1993, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/Sinitox), eram notificados no país aproximadamente 6 mil casos de intoxicação por agrotóxicos e afins, a que corresponderiam cerca de 200 a 300 mil casos de intoxicações, já

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que, segundo a Organização Mundial da Saúde, para cada caso notificado de intoxicação podenn ocorrer até 50 casos não notificados.

Dessa form a, é correto afirm ar que o evento intoxicação, direta ou in diretam en te devido aos agrotóxicos, e as doenças daí decorrentes, repre­ sentam um grave problem a de saúde pública, caracterizando-se claram ente como um a endem ia.

Q uanto ao passivo am biental causado pelo uso de agrotóxicos, mais re p re se n ta tivo nos aspectos ligados à poluição do solo e dos recursos hídricos e à agressão à fauna e flora nativas, vem assumindo proporções tais que tornam prem ente a adoção de ações concertadas entre o poder público e a sociedade, para a vialibilização do uso de agrotóxicos menos danosos, até por­ que m uitas das degradações detectadas vêm causando efeitos irrecuperáveis sobre o estoque de recursos naturais e nas suas funções.

A valiação da situação atual

Considerações gerais

A necessidade de utilização de agrotóxicos com o prática de con­ tro le de pragas, doenças e plantas invasoras causadoras de danos econôm icos e sociais, é um a realidade irrefutável no cu rto prazo, na medida em que as técnicas e m é to d o s alternativos de controle já desenvolvidos não são ainda suficientes para o atendim ento de todas as necessidades.

0 consum o mundial de agrotóxicos aum entou cerca de trin ta vezes entre as décadas de 60 e 90, atingindo um m ontante de US$ 26 bilhões (Bank ro llin g su cce sse s: a p o rtfo lio o f sustainable developm ent projects. Friends o f the Earth a n d N W F, 1995). Por sua vez, o consum o anual de agrotóxicos no Brasil que, em 1 9 9 5 , atingia 1 51,8 mil toneladas de produto comercial e repre­ sentava um m ercado de US$ 1,5 bilhão, está atualm ente acima de US$ 2 bi­ lhões. Por exem plo, a dependência do uso de agrotóxicos contribuiu para que o

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5 6 M é to d o s A lte rn a tiv o s de C ontrole F itossa n itá rio

consum o passasse de 16 ,0 mil ton em 1 96 4 , para 6 0 ,2 mil ton em 1 992. Nesse mesmo período, a área ocupada com lavouras expandiu de 2 8 ,4 para 5 0 ,0 m i­ lhões de ha (aumento de 7 6 % ), o que m ostra que o aum ento de 2 7 6 ,2 % no consum o de agrotóxicos deveu-se em grande medida à expansão da fronteira agrícola no período considerado.

A despeito do aum ento intensivo no uso desses produtos, as perdas atribuídas à pragas e doenças e à com petição com plantas invasoras não sofreram reduções significativas. Além disso, os ganhos de produtividade foram relativam ente baixos, com o pode ser visto na Tabela 1, onde é com parada a produtividade de algumas culturas alim entícias na década dos 90 em relação a

Tabela 1. P ro d u tiv id a d e de algum as c u ltu ra s a lim e n tíc ia s , em 1 9 8 5 e no p eríodo de 1 9 9 2 - 1 9 9 7 . C u ltu ra 1985 Amplitude no período 1992- 1997 Média no período 1992-1997 % de aumento (média de 1992/97 em relação a 1985) Arroz 1.7 3 7 2 .1 3 4 - 2 .7 3 0 2.461 4 1 ,6 8 Feijão 3 7 7 5 4 3 - 6 4 5 60 0 5 9 ,1 5 M ilho 1.4 7 6 2 .2 8 2 - 2 .6 2 2 2 .4 8 0 6 8 ,0 2 Soja 1.7 7 3 2 .0 3 5 - 2 .2 9 7 2 .1 7 8 2 2 ,8 4 (F o n te ; IBGE)

1985. Neste período, a produtividade do arroz aum entou aproxim adam ente 4 2 % , a do feijão 5 9 % , a do milho 68% e a produtividade da soja, 2 3 % . Mesmo considerando o crescimento do mercado de agrotóxicos em um período mais pró­ ximo (1992 a 1997) e o aumento de produtividade das culturas, constata-se que, embora o aumento de mercado desses produtos tenha sido de 1 31 % (ver Capítulo 1, deste livro), os aumentos de produtividade foram de aproximadamente 28% para o arroz, 19% para o feijão, 15% para o milho e 13% para a soja.

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Por outro lado, os problemas de contam inação de alim entos e do meio am biente, e os casos de intoxicação de agricultores e trabalhadores rurais, aum entaram significativam ente.

0 baixo nível de educação e de conscientização ambiental da nossa população, aliado às dificuldades encontradas pelas instituições públicas para a fiscalização e controle desses produtos, assim com o para a im plem entação de ações abrangentes de orientação a usuários e com erciantes, permitem dizer que resta m uito a ser fe ito no in tu ito de se reduzir os danos provocados pela utilização dos agrotóxicos e afins: além do mais, os danos à saúde, às e s tru tu ­ ras genéticas, à reprodução e à qualidade das águas, solo e ar, no longo prazo, são ainda pouco conhecidos.

Neste co n te xto , embora caiba ao setor empresarial im portante papel ju n to aos usuários na prom oção do uso correto dos produtos dentro das recom endações técnicas, ao Poder Público, indiscutivelm ente, com petirá reali­ zar as ações necessárias para mudar a situação existente, até porque ainda é crescente a demanda pelo uso de agrotóxicos. Esse processo de envolvim ento governam ental se inicia com o registro, seguindo-se a inspeção, a fiscalização e o controle do uso dos produtos, envolvendo as atividades de: im portação, ex­ portação, produção, com ércio, armazenamento, transporte e utilização.

Ao Poder Público cabe ainda a responsabilidade pelos procedi­ m entos de assistência m édico-am bulatorial e/ou hospitalar a intoxicados, recu­ peração de áreas contam inadas, realização de avaliações sobre a contam inação am biental e levantam entos epidem iológicos, assim com o o fom ento à realização de pesquisas diversas relacionadas aos agrotóxicos e às conseqüências de suas utilizações.

Os tra d ic io n a lm e n te esca sso s re c u rs o s fin a n c e iro s para a im plem entação dessas ações governam entais, assim com o as deficientes capa­ cidades operacionais dos órgãos envolvidos, têm ocasionado um acúm ulo de sinais de ineficiência do Poder Público no cum prim ento de suas atribuições. Isso

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se verifica através do agravam ento do quadro de contam inação am biental, do desequilíbrio ecológico, da contam inação de alim entos e intoxicação hum ana, e de práticas irregulares de com ércio e uso de agrotóxicos.

Reconhece-se que, entre os diversos instrum entos que integram o processo de controle governam ental sobre esses produtos, os órgãos federais têm desenvolvido uma ação mais intensa em torno do instrum ento básico, qual seja, o do seu registro; os órgãos setoriais vêm assumindo a incum bência de estudar e avaliar as peculiaridades agronôm icas, to xicológica s e am bientais de cada produto, para a tom ada de decisão quanto à conveniência ou não da sua concessão, e para o estabelecim ento das restrições e recom endações de usos que se façam necessários, visando a maior segurança no seu emprego e a de fe ­ sa dos interesses da coletividade.

0 uso de agentes biológicos e m étodos alternativos para o co n ­ trole de pragas e doenças agropecuárias ainda é lim itado devido, entre outras causas, ao pouco interesse m anifestado pela indústria e por grupos econôm icos em geral para a sua produção. Isso porque geralmente esses m étodos são espe­ cíficos e apresentam um mercado pequeno, e não há alocação de recursos ou outros incentivos pelos órgãos públicos que fom entem essa atividade. A lém do mais, há a necessidade de adequação dos instrum entos legais para p e rm itir o registro dos novos agentes, de form a ágil e com baixo custo, por se tra ta r de produtos ainda pouco conhecidos.

Levantam ento da situação atual

Para estruturar e im plem entar um Programa que atenda às prio ri­ dades mais prementes do im pacto am biental e dos danos à saúde hum ana resul­ ta n te s do uso descontrolado de agrotóxicos, é necessário dispor-se de uma avaliação, o mais abrangente possível, dos seguintes tem as:

a) situação atual e tendências de uso de agrotóxicos, por cultura e região, e sua correlação com a evolução da produtividade agrícola e flo re s ta l;

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b) situação atual e tendências de uso de produtos químicos na prevenção de vetores de doenças humanas, inclusive aqueles de uso dom iciliar;

c) grau de divulgação e utilização de produtos alternativos já disponibilizados bem c o m o de fo rm a s de m a n e jo in te g ra d o de p ra g a s e d o e n ç a s agropecuárias, e dos obstáculos à sua maior participação na agricultura, devendo-se abordar aqueles de ordem econômica e tecnológica, de carên­ cia de assistência técnica, de oferta disponível e de inform ação acessível aos produtores;

d) passivos am bientais atuais e seus ritm os evolutivos para os principais com partim entos de recursos naturais, renováveis ou não, e sua relação direta ou indireta com o uso de agrotóxicos;

e) fo n te s de recursos atualm ente disponíveis, na área pública e privada, que são ou poderiam ser utilizados em ações ligadas ao disciplinam ento do uso de agrotóxicos e à difusão de produtos alternativos na agricultura e saúde pública;

f) situação atual e tendências dos diferentes tipos de agressão à saúde hum a­ na que o uso indevido de agrotóxicos vem provocando, por tipo de produ­ to /cu ltu ra e sua distribuição espacial;

g) disponibilidade de resultados de pesquisas realizadas sobre técnicas e produtos alternativos e necessidade de sua im plem entação.

Quanto à questão do registro de agrotóxicos, os docum entos produzidos pelo Departam ento de Qualidade Am biental - Deamb (Dicof - Ibama), “ o sistem a brasileiro de registro de defensivos agrícolas” e “ avaliação am biental de agrotóxicos - situação atual (1 2 /0 9 /1 9 9 6 )” , oferecem uma visão atual e abrangente dessa questão, apresentando, inclusive, sugestões para o “ aprim o­ ram ento dos instrum entos de controle sobre produtos químicos e o fo rta le c i­ m ento da capacidade nacional para sua im plem entação” .

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No que se refere aos levantamentos iniciados e a programar pode-se elencar os que seguem:

Fontes de dados

Foi iniciado o le v a n ta m e n to das “ fo n te s de in fo rm a ç ã o sobre a g ro tó xico s no Brasil” , que co n té m os seguintes ite n s: leg isla çã o ; dados sobre registros; produção, com ercialização e uso; mídia, b oletins e in fo rm a tivo s; m a te ­ riais para treinam ento e divulgação; sociedades e e ve n to s cie n tífic o s ; outras pu­ blicações 8 referências té c n ic o -c ie n tífic a s . Esse le v a n ta m e n to precisa ser c o n ­ cluído e atualizado periodicam ente para que possa ser usado com segurança.

Intoxicações diretas e indiretas (resíduos em alim entos)

0 Sistema de Vigilância Epidemiológica de Intoxicações Agudas por A grotóxicos foi iniciado pela Organização Pan-Am ericana de Saúde (Opas) e o M inistério da Saúde/Secretaria de Vigilância Sanitária, e iniciou a im plantação em cinco estados onde foram notificado s e investigados casos de intoxicação decorrentes do uso de substâncias tó xica s, tendo a m etodolog ia sido colocada à disposição do Sistema Único de Saúde (SUS).

Espera-se que essa m e to d o lo g ia ven h a a ser um a fe rra m e n ta a mais na análise dos riscos para a saúde humana advindos dos agrotóxicos, dando subsídios para políticas a serem adotadas no seu re g is tro p ré v io . No e n ta n to , a im plantação desse sistem a encontra-se sem coordenação na esfera nacional, es­ tando em curso, inclusive, um rem anejam ento interno re la tiv o às áreas ligadas à ecologia hum ana e m eio am b ie n te . M esm o sem essa d e fin iç ã o , os E stados de Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e S anta Catarina c o n tin u ­ am coletando dados e os enviando ao Centro Nacional de Epidem iologia da Funda­ ção Nacional de Saúde, em Brasília.

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P ro p o s ta para o P ro g ra m a N a c io n a l de R aciuonalização do Uso de A g ro tó x ic o s --- ~ 61

M onitoram ento de resíduos em vegetais e produtos derivados O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento está conduzin­ do, pela Secretaria de Defesa Agropecuária, um programa (PNCRV) de quantificação de resíduos em frutas, tanto de exportação como de consumo interno, com o apoio de um técnico que o Grupo de Exportadores colocou à disposição, remunerado pelo Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq).

Este programa tem implicado a tom ada de medidas punitivas a produtores devido à detecção do uso de agrotóxicos não registrados ou recomen­ dados para uma determ inada cultura. É fundamental que este programa não só tenha continuidade, mas que seja ampliado para outras culturas além das frutas.

Passivo am bientai devido ao uso abusivo de agrotóxicos

Com base nas recomendações advindas de um “ workshop” realiza­ do em novem bro de 1 9 9 7 , com a participação de especialistas em m onitoramento de resíduos nos recursos hídricos e pedológicos, foi desenhado um projeto-piloto para levantam ento da situação do passivo ambiental em área de Cerrado do entor­ no de Brasília, de exploração agrícola com o uso de agrotóxicos.

Levantam ento da Codevasf

Esta empresa estatal, que deverá ser incorporada às ações do PNRUA em curto prazo, vem se preocupando com a evolução do uso de agrotóxicos, tendo realizado levantam entos sistem áticos do seu im pacto em perímetros de irri­ gação sob sua jurisdição, confirm ando a oportunidade de um esforço conjunto na racionalização do uso desses produtos. Os resultados dos levantamentos, em vá­ rias áreas do Vale do Rio São Francisco, serão de grande importância para o diag­ nóstico que o PNRUA deverá realizar, no âmbito nacional.

Tecnologias e procedim entos alternativos

A Embrapa Meio Am biente está conduzindo um levantam ento abrangente de te cn o lo g ia s de defesa vegetal baseado em produtos não ou pouco

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agressivos ao meio ambiente e à saúde pública, e procedimentos de manejo cultural, interativos com a diversidade biológica dos biomas preservados, em áreas circundantes àquelas cultivadas.

O bjetivos e metas prioritárias

O bjetivos

Nesta fase de desenho prelim inar, os o b je tivo s abaixo foram esta­ belecidos pelo conhecim ento atual que os especialistas dos órgãos particip a n te s do Grupo de Trabalho possuem , e deverão ser c o n firm a d o s e/o u re v is to s , à luz dos levantam entos da situação atual que forem sendo realizados.

0 programa em epígrafe tem os seguintes o b je tivo s:

a) prom over a redução do uso de agrotóxicos, de modo a m inim izar os efei­ tos negativos decorrentes do em prego desses p ro d u to s sobre o meio ambiente e a saúde pública;

b) contribuir para o abatim ento do passivo am biental acum ulado no país; c) atender aos requisitos do desenvolvim ento sustentáve l;

d) garantir, ou increm entar, os níveis de produção e p ro d u tivid a d e agrícola em todas as fases de sua im plantação, dentro do ate n d im e n to das dem an­ das sociais dom inantes;

e) propiciar, aos setores de produção e com ercialização de d efensivo s e fe r­ tiliz a n te s , in s tru m e n to s e c o n ô m ic o s e de m e rc a d o que g a ra n ta m a sustentabilidade econôm ica desses atores nas fases de im plantação do PNRUA.

Além disso, será buscado o atendim ento das recom endações do Fórum Nacional de A gricultura, PR, e elaboradas pelo Grupo de Trabalho “ A g ri­ cultura S ustentável” , relativas a:

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P ro p o sta p a ra o P ro g ra m a N a c io n a l de R aciuonalização do Uso de A g ro tó x ic o s ~ _ 6 3

a) defesa sanitária vegetal b) diversidade biológica c) agricultura fam iliar d) norm as ISO 1 4 0 0 0 e) capacitação

M etas prio ritá ria s

D iversos program as que vêm sendo desenvolvidos em outros países, so b re tu d o europeus, que enfrentavam problemas socioam bientais gra­ ves devido ao uso intensivo de agrotóxicos, com provaram que a fixação de m etas q u a n tita tiv a s de redução, que fossem de fácil m onitoram ento, tem sido uma condição essencial para a garantia do seu sucesso (M atteson, 1995).

Na fase preliminar do PNRUA deverá ser iniciada uma discussão sobre esse assunto e avaliada, consensualmente, que prioridades poderão ser adotadas.

Um docum ento que aborda a questão de um pacto interinstitucional de redução do uso de agrotóxicos é apresentado em anexo.

As metas quantitativas dizem respeito a, pelo menos, dois tipos de redução possível, com graus de dificuldade de atingim ento bem diferenciados:

a) redução das quantidades aplicadas por meio do manejo dos produtos que já vêm sendo utilizados, sem qualquer medida relativa à sua substituição por o u tro s, m enos agressivos;

b) redução que ficaria dependente do manejo integrado de agrotóxicos, já envolvendo a difusão do uso de produtos alternativos ou, pelo menos, de m enor grau de agressão e, numa fase mais elaborada, do manejo integra­ do de cu ltu ra s, levando em conta a interação com a diversidade biológica circu n d a n te aos sistemas de produção agropecuária.

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Ações previstas e seus instrum entos operacionais

Ações previstas e resultados esperados

A análise do consumo de agrotóxicos, seguindo os enfoques do con­ sumo global e do uso intensivo nas culturas, permite estabelecer duas alternativas de ganho potencial, em curto prazo, para um programa de racionalização do uso desses produtos no país.

A prim eira a lte rn a tiv a , que se refere a re d u çõ e s no uso de agrotóxicos nas culturas de ampla ocupação geográfica, tra ria ganhos reais em term os de economia financeira e de conservação do am biente para o país, devi­ do à redução da quantidade to ta l consum ida.

A se g u n d a , que tra ta das c u ltu ra s co m uso in te n s iv o de agrotóxicos, significaria uma alternativa de im portantes ganhos contingenciais, perm itindo uma sensível melhora da qualidade dos produtos agrícolas, com re­ dução nos níveis de resíduos presentes, bem com o ganhos na qualidade do ambiente rural local e maior segurança do trabalhador rural.

Foram desenhados dois Subprogramas que com põem um Proje- to -p ilo to de im plantação im ediata, que atendem às duas dem andas citadas, res­ pectivam ente nas culturas de soja e de fru ta s tropicais irrigadas, preferencial­ m ente voltadas para exportação.

A seguir são apresentadas sugestões de ações de cu rto , médio e longo prazos para com por um programa com os o bjetivos propostos.

A ções de cu rto prazo

♦ Realizar um d ia g n ó s tic o deta lh a d o sobre a s itu a ç ã o a tu a l do uso de agrotóxicos e afins, contem plando cultura, área, agente, nível de infestação, quantid ade e variedade de p ro d u to s , e fic iê n c ia de c o n tro le , e perdas na produção.

♦ Conduzir um levantamento detalhado dos métodos alternativos de controle dis­ 6 4 ! ... ... ... ’ M é to d o s A lte rn a tiv o s de C o n tro le F ito s s a n itá rio :

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poníveis, juntam ente com os níveis de eficiência, possibilidade de substituição, e demandas de desenvolvimento.

♦ Revisar e desburocratizar o receituário agronômico, de modo a resgatar a sua credibilidade e melhorar a atuação dos órgãos fiscalizadores.

♦ Definir uma política de pesquisa e desenvolvim ento na qual todos os proje­ to s/program as de m elhoram ento genético contem plem , prim ordialm ente, a resistência a pragas e doenças.

♦ D ifundir am plam ente o uso de técnicas de manejo integrado de pragas e de doenças de culturas.

♦ C apacitar agricultores e extensionistas em práticas de manejo integrado de pragas, doenças e plantas invasoras.

♦ Treinar e h a b ilita r aplicadores de produtos agrotóxicos e afins.

♦ Intensificar a fiscalização em todas as fases do ciclo de produção/consu­ mo de a g ro tó xico s.

♦ Im plantar um program a nacional de desenvolvim ento rural, com apoio para a expansão da assistência técnica integral aos segm entos de produtores menos fa vo re cid o s.

♦ Restringir ou proibir, no com ércio brasileiro, os produtos banidos para uso no país de origem da empresa produtora.

♦ Im plantar e/ou am pliar a execução de programas de m onitoram ento e con­ trole de resíduos de agrotóxicos nos alim entos e no meio ambiente.

A ções de m édio prazo

♦ Criar um program a nacional de pesquisa de manejo de pragas, doenças e plantas invasoras.

♦ Incentivar o mercado para o uso de técnicas alternativas de controle fitossanitário, inclusive com instrumentos legais e creditícios para seu emprego.

♦ Executar um detalhamento do Zoneamento Agroecológico do Brasil, enfatizando aspectos de suscetibilidade regional a doenças e pragas agrícolas.

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♦ Adequar a legislação para o registro e a regulam entação do uso de técnicas alternativas de controle.

♦ Estabelecer normas e padrões de qualidade para equipam entos de aplica­ ção de agrotóxicos e de proteção individual.

♦ Promover a atualização da grade curricular de técnicos e engenheiros de Ciências Agrárias.

♦ Condicionar a concessão de crédito agrícola ao uso da assistência técnica integral.

Ações de longo prazo

♦ Desenvolver e aperfeiçoar a form ulação de produtos à base de agentes microbianos de controle biológico.

♦ Incentivar a construção e adaptação de laboratórios, especialm ente ju n to à iniciativa privada, para a produção massiva de agentes de controle bioló­ gico.

♦ Incentivar a organização de associações e cooperativas de agricultura al­ ternativa (agricultura natural, agricultura orgânica, entre outros).

Como resultados esperados do Programa, pode-se apontar:

♦ A tin g im e n to de m e ta s de re d u çã o do uso de a g ro tó x ic o s a serem quantificadas no Programa, com um cronogram a de abatim ento.

♦ A um ento no uso de m étodos alternativos de defesa agropecuária. ♦ Geração de im pactos positivos sobre a saúde pública.

♦ Geração de inform ação sobre a atividade agrícola no país para educação e conscientização dos agentes do ciclo produção/consum o.

♦ Melhoria da qualidade técnica e operacional das tecnologias de aplicação. ♦ Racionalização do uso de práticas fitossanitárias.

♦ Promoção do desenvolvimento rural e agrícola sustentável por meio do uso de técnicas do manejo integrado de cultivos.

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Além desses, busca-se ainda o desenvolvimento tecnológico, a dis­ ponibilidade de produtos e serviços, a organização da produção e comercialização e a conscientização do consumidor.

Instrum entos disponíveis ou a serem criados para o Programa

Legislação e regulam entações disponíveis ou a im plem entar 0 elenco de leis e regulam entações vigentes para o setor de a grotóxicos foi analisado e com pilado em relatório contratado pelo Grupo Coor­ denador do Protocolo Verde, por meio de consultoria especializada, denominado "Caderno de consulta à legislação am biental", referente ao tem a em pauta.

A seguir são apresentados alguns exem plos de tem as específi­ cos que, eventualm ente, exigirão com plem entação de instrum entos legais e re­ gulam entações adequadas:

♦ A cautelar as indústrias fabricantes para a necessidade de assumirem res­ ponsabilidade por seus produtos, ao longo de to d o o seu ciclo de vida, inclusive embalagens.

♦ Realizar m onitoram ento e notificação sistem ática de análise de resíduos de agrotóxicos em alim entos, para alerta dos consum idores.

♦ Reduzir, progressivam ente, as cotas de venda dos produtos a serem bani­ dos, inclusive para atendim ento das normas ISO 14000 .

♦ Promover a redução do uso de agrotóxicos ou mesmo a sua interdição em áreas sensíveis aos seus efeitos am bientais.

Instrum entos econôm icos

Política fiscal. 0 uso de instrum entos fiscais deverá ser avaliado,

seja para vir a fom entar m udanças a serem incentivadas no ciclo produção/ consum o, com o tam bém para contribuir no financiam ento dos custos da tra n si­ ção para uma situação de menores danos ambientais e maior sustentabilidade.

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0 princípio dessas políticas deverá ser que o increm ento de arreca­ dação, advinda do setor produtivo de agrotóxicos, reverterá para atividades ligadas às reduções preconizadas nas metas propostas.

A taxação de produtos mais degradadores fará aum entar o custo final, a ser coberto pelo preço de consum o, de fo rm a a desestim ular o seu uso; já a isenção para produtos alternativos levará ao fo m e n to do efeito inverso, com maior oferta de alim entos livres de resíduos e/ou m enor nível de e fe ito s negati­ vos no meio am biente.

O utro tip o de instrum ento fiscal seria o de aplicar um im posto am biental sobre os alim entos produzidos com uso de a g ro tó xico s, e isentar aqueles que derivarem de tipos de agricultura que não usem esses produtos.

Instrumentos financeiros. Como instrumentos dessa modalidade pode-

se apontar os seguintes:

♦ A plicação de alíquotas do im p o sto de renda para penalizar o uso de agrotóxicos.

♦ Incentivo na dim inuição dos custos de capital para investim entos ligados a em preendim entos agropecuários conservacion istas.

♦ Criação de m ecanism os de com pensação por perdas na produção, nos períodos de conversão de sistem as p ro d u tivo s para o uso de m étodos e produtos alternativos com menor poder de degradação e de poluição. ♦ Criação, para os equipamentos de aplicação, de mecanismos de incentivo à sua

manutenção, por meio de linhas de crédito específicas, e renovação por meio de redução de carga fiscal incidente sobre este tipo de equipamento.

Mecanismos ligados ao mercado. Os instrum entos que venham a re­

duzir o uso de agrotóxicos, sem perda de produtividade agrícola, e que não dependam de medidas do poder público, a não ser na fase de sua im plantação, terão sua sustentabilidade garantida se a dinâm ica do próprio m ercado os tornar viáveis. Há poucas experiências testadas, mas existem sugestões feitas para os seguintes meca­ nismos:

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♦ Estabelecim ento de direitos de uso de agrotóxicos, por área ou por produto, que iriam sendo diminuídos progressivamente, de forma anunciada, e que pos­ sam ser negociados no mercado, durante o seu período de vigência.

♦ C riação de um s e g u ro para c o b e rtu ra dos ris c o s e v e n tu a is c a u sa d o s por a g ro tó x ic o s , a ser c o n tra ta d o pela em presa p ro d u to ra ; no caso dos usuários serem le v a d o s a realizar um seguro s e m e lh a n te , a redução do seu p rê m io , q u a n d o b a ix a re m os n ív e is de uso de p ro d u to s n o c iv o s , pode s ig n ific a r um in c e n tiv o e fe tiv o a um Program a com o o que aqui se propõe.

E xtensão e treinam ento

D ivulgar e im plem entar o Programa nos Estados, por interm édio da Empresa de A ssistê n cia Técnica e Extensão Rural - Emater ou órgãos públi­ cos similares vin cu la d o s às Secretarias de A gricu ltu ra , em colaboração com técnicos de co o p e ra tiva s, associações de produtores, prefeituras m unicipais, sindicatos de pro d u to re s e de trabalhadores rurais, escritórios de planejamento agrícola, entre o u tro s, que venha a aderir ao Programa.

Realizar tre in a m e n to técnico com o objetivo de inform ar, capaci­ ta r e conscientizar os té c n ic o s das instituições/entidades públicas e privadas sobre as ações projetadas, com vistas à consecução dos objetivos e ao atingim ento das metas que vierem a ser fixados pelo Programa.

P olíticas de s u p o rte às transform ações do s e to r ind u stria l Uma p o lítica de redução e/ou substituição de agrotóxicos poderá significar jm a fo rte m udança nos tipos e quantidades de produtos a serem usados, com im pacto nos setores de sua produção e comercialização.

Por outro lado, haverá um potencial para o desenvolvimento de pro­ dutos alte-nativos, assim com o de tecnologias, sistemas de inform ação e de novos tipos de strviços.

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Deverá haver um trabalho conjunto com as associações de classe da área industrial para a identificação das m udanças do perfil da produção e avaliar a necessidade de sua regulamentação pelo Poder Público, de incentivos econômicos e outros, e de quaisquer medidas que se apresentem como necessárias à consolidação da sustentabilidade do setor industrial.

Sistem a perm anente de avaliação e c o n tro le dos agrotóxicos Esse sistema teria os seguintes objetivos:

♦ Realização de classificação do potencial de periculosidade am biental. ♦ Realização de estudos de conform idade.

♦ Condução de avaliações do risco ambiental. ♦ Divulgação de inform ações.

♦ Condução de ações de m onitoram ento am biental e de fiscalização na pro­ dução e no uso desses produtos

Inform ação e educação

Como estím ulo à participação de produtores, com erciantes, usu­ ários e profissionais para a consecução do Programa, de n tro dos m odelos orien­ tados regionalm ente, levando-se em conta as respectivas peculiaridades, seriam desenvolvidas as seguintes ações:

♦ Orientação e atendim ento aos engenheiros agrônom os das Secretarias de A gricultura, Emater e similares, técnicos de coop e ra tiva s, de ONGs, entre outros, na prescrição do Receituário A gronôm ico, no c o n te x to da legisla­ ção vigente, utilizando o AGROFIT - Sistema de C ontrole de Produtos Fitossanitários, desenvolvido pelo M inistério da A gricultura, Pecuária e Abas­ tecim ento e outros docum entos existentes que apresentam inform ações básicas para a prescrição.

♦ Difusão do manejo integrado de pragas, doenças e plantas invasoras para as principais culturas, com vistas a racionalizar o uso dos agrotóxicos.

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Para ta n to , são sugeridas as seguintes ações;

♦ Seleção, por região, das principais culturas e levantam ento das publica­ ções e xis te n te s sobre a matéria.

♦ Seleção e m ultiplicação do material que fo r considerado como principal fonte de info rm a çã o para as respectivas culturas, em especial o levanta­ m ento realizado pela Embrapa Meio Am biente, sobre tecnologias alterna­ tivas de c o n tro le de pragas, doenças e plantas invasoras em diferentes estágios de desenvolvim ento e utilização prática, parcial ou generalizada. ♦ Com posição dos m ultiplicadores que receberão o material, por região, e

fo rn e cim e n to de cópia dessas listagens às empresas fabricantes, para que estas fo rn e ça m inform ações pertinentes sobre cada produto diretam ente a esses agentes.

♦ Seleção, com a colaboração das instituições de pesquisa, públicas e priva­ das, de publicações sobre práticas culturais, inclusive plantio direto, a serem fo rn e cid a s aos m ultiplicadores.

A rticulação in stitu cio n a l e organização do Programa

0 Program a em questão exigirá, necessariam ente, para sua implementação e operacionalização, o com prom etim ento e esforço conjunto de órgãos públicos das esferas federal, estadual e m unicipal, bem como de organi­ zações não-governam entais, associações de classe e iniciativa privada, relacio­ nados à matéria.

No detalham ento do Programa, a ser efetivado após a sua con­ solidação in s titu c io n a l, deverão ser delineados: o envolvim ento e o grau de com ­ prom etim ento das in stitu içõ e s, definindo as tarefas e responsabilidades de cada uma dela;; e as funções do centro gerenciador do Programa, que se valerá do Siste­ ma de Avaliação e C ontrole citado no item “ Seleção permanente de avaliação e controle dos agrotóxicos” .

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As instituições diretamente envolvidas seriam:

♦ M inistério da A gricultura, Pecuária e A bastecim ento (Secretarias de Políti­ ca Agrícola e de Defesa Agropecuária, Embrapa).

♦ M inistério do Meio Am biente e Ibama. ♦ Codevasf.

♦ M inistério da Saúde. ♦ Banco do Brasil SA.

♦ Finep, BNDES, BNB e Basa (a ser discutido).

♦ Instituições estaduais, tais com o: Secretarias de Meio Am biente e de A g ri­ cultura, Emater e similiares.

♦ M inistério do Trabalho, a partir da fase de im plantação do Programa.

Haverá tam bém um elenco de entidades atingidas e/ou indireta­ m ente envolvidas no Programa, com um grau de participação a ser definido e negociado caso a caso, cuja lista prelim inar é a que segue:

♦ S istem a N acional de Pesquisa A g ro p e c u á ria , sob a co o rd e n a çã o da Embrapa.

♦ Universidades e outras organizações de pesquisa e desenvolvim ento. ♦ Entidades representativas dos seguintes setores: agricultura e agroindústria,

florestal e m adeireiro, produção e com ercialização de agrotóxicos e fe rti­ lizantes.

♦ Órgãos reguladores do com ércio externo. ♦ ONGs e Associações de consum idores. ♦ Cooperativas e associações de produtores.

0 arcabouço institucional do Programa deverá contribuir para se ati­ var um sistema nacional de desenvolvimento rural sustentável, com o apoio á expan­ são da assistência técnica integral e otimização da extensão rural/ambiental.

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Considerações finais

A im plantação de um program a de racionalização do uso de agrotóxicos requer ações de naturezas política, científica, técnica, legal, fin a n ­ ceira e adm inistrativa. A integração dos diferentes atores, a análise da viabilida­ de das medidas propostas e a divisão de atribuições e responsabilidades tornam - se m uito im portantes para o sucesso de um programa dessa natureza.

Como pode-se observar, o Programa estaria baseado no desen­ v o lvim e n to de tecnologias alternativas aos agrotóxicos, na disponibilidade de inform ação, na capacitação de técnicos e produtores, em instrum entos que es­ tim ulem o uso restrito e adequado do controle quím ico, e na conscientização dos produtores e consum idores.

Cabe ressaltar que no m odelo de produção agrícola a tu a lm e n ­ te p ra tic a d o , os insum os, in clu in d o os a g ro tó x ic o s , to rn a m -se im p re scin d í­ ve is para a m a nutençã o de altas p ro d u tiv id a d e s . A racionalização do uso de a g ro tó x ic o s passa por uma revisão m ais p ro fu n d a dos sistem as de produção p ra tic a d o s no que se refere à conservação do meio am biente. Como esse processo é lento e gradual, há que se tra ta r, em uma prim eira etapa, de reduzir o uso de a g ro tó x ic o s e de d im in u ir os riscos de sua aplicação por m eio da u tiliza çã o de doses m ínim as, da d im in u içã o do núm ero de a p lica ­ ções, da m elhoria dos equipa m e ntos de a plicação , do uso de equipa m e ntos de pro te çã o pelos aplicadores, da re striçã o ao uso dos p ro d u to s m ais tó x i­ cos e da seleção de p ro d u to s mais adequados em fu n ç ã o tam bém da lo c a li­ zação da área tra ta d a quanto à proxim idade de m ananciais e de riscos de c o n ta ­ m inação de aqüíferos. Somente assim será possível introduzir medidas mais res­ tritiv a s ao uso dos a g ro tó x ic o s de m odo a se preservar a qualidade a m biental, co n trib u in d o para a m elhoria da qualidade de vida da população rural e da socie­ dade em geral.

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7 4 Métodos Alternativos de Controle Fitossanitário

---Referência

MATTESON, C.P. The "5 0 % pesticide c u ts " in Europe: a glim pse o f our future? American Entomologist, W inter 1 9 9 5 , p .2 1 0 -2 2 0 , 1 9 95.

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A n e xo

C o n s id e ra ç õ e s s o b re u m c o m p ro m is s o de re d u ç ã o d o u so d e a g ro tó x ic o s a s e r n e g o c ia d o e n tre o s a g e n te s re g u la d o re s ,

p ro d u to re s , im p o rta d o re s e u s u á rio s

Im portância de um pacto prévio de redução para o êxito de um programa de racionalização do uso de agrotóxicos no Brasil

E xistem in ú m e ro s e x e m p lo s de p ro g ra m a s de re d u çã o de a grotóxicos em países que decidiram im plantá-los por necessidades prementes de defesa da saúde pública e da sustentabilidade dos recursos naturais envolvi­ dos na produção agropecuária e florestal.

Os instrum entos que estão sendo usados nesses programas, com mais freqüência, são os seguintes:

♦ treinam ento, extensão e inform ação ♦ pesquisa

♦ legislação, regulação e reavaliação dos produtos ♦ testes com pulsórios dos aspersores

♦ taxação

Todos eles se caracterizam por dois com ponentes, ou fases: uma, de redução das quantidades aplicadas, garantindo apenas o uso correto dos p rodutos que já vinham sendo usados, através de programas que atinjam os procedim entos e equipamentos de aplicação; e outra, de gradual redução e/ou su b stitu içã o dos agrotóxicos mais agressivos, por meio da difusão progressiva de técnicas de manejo integrado dos sistemas produtivos e do uso, em maior ou menor grau, dos instrum entos citados.

0 que se constata na maioria desses programas é que, apesar da s ofisticação e eficiência com que são ativados os diferentes instrum entos que foram usados no com ponente ligado à racionalização do uso, cerca de metade

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76 M é to d o s A lte rn a tiv o s de C ontrole Fitossanitário

dos êxitos estavam ligados à redução conseguida pelo primeiro componente descrito, o qual, inclusive, é de realização bem mais facilitada, pois não envolve a necessidade do uso de outros tipos de produtos.

Estes resultados devem ser levados em conta ao im plantar o PNRUA. Além disso, as lições que podem ser auferidas pela avaliação dos resul­ ta d o s já co n se g u id o s em o u tro s países, dizem respeito, p rincipalm ente, à constatação da vantagem em se fixarem , logo de início, metas quantitativas de fácil m onitoram ento, e de se negociar, entre todos os atores envolvidos, um pacto para o cum prim ento dessas metas.

Assim sendo, recomenda-se que o Grupo de Trabalho do PNRUA discuta a possibilidade de se fazer uma proposta para se identificarem metas de redução de alguns ingredientes ativos, dentro de um prazo a ser negociado, ta n to pela dim inuição do qu a n tita tivo dos produtos comercializados como pela redução da freqüência das aplicações no campo.

Resultados obtidos em alguns programas de redução de uso de agrotóxicos

Apresentam -se adiante as metas fixadas, ta n to para a redução de quantidade de ingredientes ativos com o de freqüência de aplicações, e o seu grau de cum prim ento, assim com o os principais instrum entos utilizados por al­ guns países, cujos programas foram im plantados na primeira metade da década dos anos 80.

Principais instrum entos utilizados Dinamarca Holanda Suécia

» Treinamento, extensão e ♦ Extensão ♦ Informação e extensão

informação ♦ Treinamento e pesquisa rural

♦ Pesquisa ♦ Legislação, regulação e ♦ Pesquisa

♦ Legislação, regulação e taxação ♦ Legislação e regulações reavaliação de produtos ♦ Planos específicos de ♦ Taxação

♦ Testes compulsórios dos manejo do solo aspersores

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Propostapara o Programa Nacional de Raciuonalização do Uso de Agrotóxicos 7 7

- . Metas de redução (em

• " " a m a r c a quar^tidades Reg^^nados de 1981/1985)

Reduçâj das quantidades de ingredientes ativos 1990: -2 5 % 1990: -1 9 % 1997: - 5 0 % 1992: - 3 4 % Freqüêicia de aplicacões ... 19 9 0 : - 2 5 % 1990: -^35%

19 9 7 : -5 0 % 1991: -H 1 4%

HnlanHa Metas de redução (em

"O '^ n a a relação às quantidades Resultados de 1984/ 88)

Reduçk) do uso t o t a l... 1 9 9 0 /1 9 9 5 : -3 5 % 1993: -4 2 % 1 9 9 5 /2 0 0 0 : -5 0 %

Reducfo da contam inacão:

do a r ... até 2 0 0 0 da daságuas superficiais ... até 2 0 0 0 do sok 0 do lençol fre á tico ... até 2 0 0 0

- 5 0 % -9 0 % -7 5 %

Suécia relação às quantidades Metas de redução (em

de 1981/1985) Resultados

ReducíO de quantidades' ... ... 1 9 9 0 : -5 0 % ... 1 9 9 7 :- 7 5 %

1 9 9 0 : -4 6 % 1 9 9 3 : -6 7 %

Na a c ic u ltu ra , 3 3 % da redução foram atribuídos ao ap e rfe iço a m e n to dos equipam entos de a p lic ç ã o , e n q uanto um o u tro le va n tam e n to atrib u iu 4 5 -5 0 % da redução obtida à m enor freqüênca de aplicações.

Canadá

L e vaniim entos de algumas províncias m ostraram que as m etas negociadas prevêem re d u c e s entre 25 e 5 0 % até 2 0 0 0 . Os instrum entos utilizados são basicam ente os m e sm s , com destaque ao manejo integrado dos a g rotóxicos utilizados.

Referências

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