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Causas de insucesso e abandono escolar no concelho de Monção

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

CAUSAS DE INSUCESSO E ABANDONO ESCOLAR

NO CONCELHO DE MONÇÃO

Rui Gameiro de Barros

Orientador(a):

Professor Doutor Francisco José Miranda

Gonçalves

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2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

CAUSAS DE INSUCESSO E ABANDONO ESCOLAR NO

CONCELHO DE MONÇÃO

Rui Gameiro de Barros

Orientadora:

Professor Doutor Francisco José Miranda Gonçalves

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Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação do Prof. Doutor Francisco José Miranda Gonçalves

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AGRADECIMENTOS

A concretização deste trabalho só foi possível com a ajuda e disponibilidade de várias pessoas, portanto, caros amigos, família e professores, quero-vos expressar os meus sinceros agradecimentos. De forma a evitar o esquecimento de alguém importante neste trajeto, não vou citar qualquer nome, pois acredito que quem está ou esteve comigo percebe diariamente a gratidão por todos os momentos em comum. A todos vós, o meu sincero agradecimento.

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ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ... IV ÍNDICE GERAL ... V ÍNDICE DE GRÁFICOS ... VII RESUMO ... IX ABSTRACT ... X

I - INTRODUÇÃO ... 2

II - REVISÃO DA LITERATURA ... 5

2.1-Enquadramento conceptual ... 5

2.2- Causas de insucesso e abandono escolares ... 8

2.2.1- Família e o insucesso ou abandono ... 8

2.2.2- Escola e o insucesso ou abandono ... 10

2.2.3- Aluno, características individuais e o insucesso ou abandono ... 12

2.3- Consequências do insucesso e abandono escolar para os anos ... 13

2.4- Soluções apontadas para combater o insucesso e abandono escolares ... 14

2.5- Caracterização do meio (Concelho de Monção) ... 15

III - METODOLOGIA ... 18 3.1 - Objetivos ... 18 3.1.1- Objetivo geral ... 18 3.1.2 - Objetivos específicos ... 18 3.1.3 - Hipóteses ... 18 3.2- Definição do Problema ... 18

3.3 – Definição e Descrição da Amostra ... 19

3.4 - Instrumento ... 19

3.5- Recolha e processamento dos dados ... 20

3.6 - Procedimentos ... 21

IV. APRESENTAÇAO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 25

4.1- (In)sucesso: Escola/sociedade ... 25

4.2- (In) sucesso: Família ... 28

4.3- (In)sucesso: aluno ... 31

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V. CONCLUSÕES ... 42 VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 45 ANEXOS ... 50

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Gráfico 1- Género da amostra…..………25

Gráfico 2- Idades dos indivíduos da amostra………...………25

Gráfico 3- Nível de exigência por parte dos professores……….………....26

Gráfico 4- Acompanhamento e apoio dos professores………26

Gráfico 5- Preparação académica dos professores……….………..26

Gráfico 6-Interesse e motivação dos professores na aprendizagem dos alunos………….…….26

Gráfico 7-Estratégias de ensino e de aprendizagem adequados ao nível dos alunos…….……..27

Gráfico 8-Articulação entre a matéria de ensino e a realidade da vida………27

Gráfico 9-Aplicabilidade das aprendizagens em profissões futuras………28

Gráfico 10-Disponibilidade económica e de material adequado para estudar ….………...29

Gráfico 11-Responsabilização e perceção dos pais do aluno da importância dos estudos do filho………...30

Gráfico 12-Disponibilidade de tempo e de apoio familiar para estudar……….…….30

Gráfico 13-Equilíbrio da estrutura familiar….………31

Gráfico 14-Perceção da importância dos estudos para o futuro…..……….31

Gráfico 15- Motivação dos alunos para aprender………32

Gráfico 16-Estilo de vida saudável nas horas de sono, alimentação e consumo de substâncias.33 Gráfico 17-Organização e articulação do horário escolar, tempos livres e tempo de estudo diário……….33

Gráfico 18-Perceção de dificuldades de aprendizagem (Auto-conceito de capacidade)……….34

Gráfico 19-O ensino ser pouco motivante………...35

Gráfico 20-Por as relações com os professores ser conflituosa………35

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Gráfico 23-Ajudar os pais………37

Gráfico 24-Falta de motivação e interesse………38

Gráfico 25-Não gostar da escola………..39

Gráfico 26-Não gostar de estudar………39

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O presente estudo visa averiguar as causas que motivam o insucesso e abandono escolar no concelho de Monção. Assim, em função da bibliografia consultada entende-se que quando um objetivo educativo não é alcançado se pode dizer que há insucesso escolar. Quando há uma saída da escola sem conclusão do grau de ensino frequentado, sem que o motivo seja a transferência de escola ou o falecimento, pode-se considerar que houve abandono escolar. Participaram neste estudo 60 indivíduos, dentre os quais, 40 do género masculino e 20 do género feminino. A amostra é referente a alunos da Escola Profissional do Alto Minho Interior, em Monção, pertencendo estes a três turmas distintas do 1º ano do ensino profissionalizante. Os dados foram recolhidos através da aplicação de um inquérito por questionário e o seu tratamento foi feito com recurso á folha de cálculo do software Microsoft Office Excel 2007. Este tratamento foi descrito em tabela, em forma de percentagem e depois convertido para gráfico. Os resultados são apresentados tendo em conta as grandes fontes de insucesso ou abandono escolar, ou seja, a escola/sociedade, a família e as características individuais de cada aluno. Neste estudo conclui-se que as razões do insucesso escolar são a falta de estratégias de ensino e aprendizagem adequadas ao nível dos alunos e a falta de motivação dos alunos para aprender. Em relação ao abandono escolar, este advém, na opinião dos alunos, da falta de motivação e interesse, de os alunos não gostarem da escola nem de estudar e do facto de poderem trabalhar e ganhar dinheiro.

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This study aims to ascertain the causes that motivate the failure and dropout in the district of Monção. Thus, according to the bibliography means that when an educational purpose is not achieved we can say that there is school failure. When there is an out of school without completing the level of education attended, unless the reason is the school transfer, or death, can be considered that there was a school dropout. 60 individuals participated in this study, among which 40 males and 20 females. The sample refers to students of the Vocational School of Alto Minho Interior in Monção they belong to three distinct classes of 1st year of vocational education. Data were collected through the application of a questionnaire survey and the treatment was done using the spreadsheet software Microsoft Office Excel 2007. This treatment was described in the table, as a percentage and then converted to graphics. The results are presented taking into account the major sources of failure or dropout, in particular, the school / society, family and individual characteristics of each student. In this study we conclude that the reasons for school failure are the lack of teaching and learning strategies appropriate to the level of students and lack of student motivation to learn. In relation to school dropout, this comes in the opinion of students, lack of motivation and interest, of the students do not like school or studying and that they can work and earn money.

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INTR

ODUÇ

ÃO

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2º Ciclo em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário

CAUSAS DE INSUCESSO E ABANDONO ESCOLAR NO CONCELHO

DE MONÇÃO

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I - INTRODUÇÃO

O estudo dos fenómenos de insucesso escolar e de abandono escolar começou a desenvolver-se há já vários anos, no entanto, o resultado deste não foi, como seria desejável, a extinção de ambos. Insucesso e abandono escolar continuam a ser na actualidade dois graves problemas educativos.

Quando um objetivo educativo não é alcançado pode-se dizer que há insucesso escolar (Benavente, 1976; Martins, 1993), sendo que, este incumprimento pode advir de vários fatores. As causas poderão estar relacionadas com a família dos alunos, com a escola, a sociedade ou mesmo com características individuais de cada aluno (Medeiros, 1993; Mendonça, 2006; Palacios, 2004).

A partir deste fenómeno de insucesso poder-se-á dar o abandono escolar (Pires, s.d.; Rangel, 1994), como tal, importa estar especialmente atento com o aluno que “repete sucessivamente vários anos sem uma progressão e que acaba por abandonar” (Pires, s.d., p.1).

Entende-se por abandono escolar toda a saída da escola sem conclusão do grau de ensino frequentado, excepto se esta ocorre por transferência de escola ou por falecimento (Benavente, Campiche, Seabra, & Sebastião, 1994; Mendes, 2006).

Visto que estes são temas de enorme importância para o futuro dos alunos, pois sabe-se que este é condicionado pelas consequências do insucesso e abandono escolar (Mateus, 2002), interessa saber qual a dimensão do fenómeno do insucesso escolar do ponto de vista dos alunos.

Quais serão os fatores responsáveis pelo insucesso escolar? Será este um problema do foro individual ou será o meio social o grande responsável? E haverá diferenças entre alunos com possibilidades económicas diferentes? A escola tem responsabilidades no problema?

Para responder a todos estas questões recorreu-se a uma amostra de 60 alunos do ensino profissionalizante da Escola Profissional do Alto Minho Interior em Monção. A informação foi recolhida através da aplicação de um inquérito por questionário que posteriormente foram tratados estatisticamente.

O presente estudo é composto por mais quatro capítulos diferentes, a revisão da literatura, a metodologia, a análise e discussão dos resultados e a respetiva conclusão

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No capítulo da revisão bibliográfica é feita uma contextualização teórica dos aspetos mais relevantes sobre o tema do estudo, como são a definição dos termos, as diferentes causas de insucesso e abandono escolares, as consequências dos fenómenos, as soluções apontadas para combater o mesmo e uma breve caracterização do meio (Monção).

Segue-se o capítulo da Metodologia, onde está definido o objetivo geral bem como os objetivos específicos do estudo, as hipóteses e a definição da problemática do mesmo. Em seguida é feita uma descrição da amostra, apresenta-se o instrumento de pesquisa utilizado, é explicado o processo de recolha e processamento dos dados e por último são descritos os procedimentos.

No capítulo seguinte é feita uma apresentação e consequente discussão dos resultados, onde é feito constantemente um paralelismo com a bibliografia consultada.

Por último, são apresentadas as principais conclusões e ilações retiradas do estudo, bem como as limitações do mesmo e sugestões para futuras investigações.

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REV IS ÃO DA LITE RA TUR A

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2º Ciclo em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário

CAUSAS DE INSUCESSO E ABANDONO ESCOLAR NO CONCELHO

DE MONÇÃO

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II - REVISÃO DA LITERATURA

Antes de se partir para a análise dos resultados obtidos através deste estudo é importante realizar uma pesquisa em estudos relacionados com o tema do insucesso e abandono escolar.

2.1-Enquadramento conceptual

Ao longo das últimas décadas autores se tem debruçado sobre o fenómeno do insucesso escolar em Portugal, entre outros, destaca-se o trabalho de Ana Benavente. A autora refere que quando um aluno “fica para trás, já está em insucesso [visto] que não atingiu alguma coisa que é suposto ser atingida por todos os alunos” (Benavente, Pires, Iturra, Pais & Relva, s.d.,p.1).

A autora refere ainda que este é um fenómeno com um carácter massivo e constante nos vários níveis de ensino, considerando que este está presente nas escolas de vários países (Benavente & Correia 1980). O insucesso materializa-se quando não se atinge um objectivo, sendo que “cada criança é considerada boa ou má aluna em função dos resultados obtidos e dos progressos efectuados no cumprimento dos programas de ensino” (Benavente, 1976, p.9).

Centrando-se nas entidades escolares e os seus responsáveis, Iturra (1990a) frisa que o insucesso escolar é uma falha da escola e define-o como “a dificuldade que a escola tem de treinar mentes que já têm um conhecimento cultural do real” (p.104).Assim, deixa-se de parte a ideia de o fenómeno se cingir ao aluno que não consegue passar de ano, acreditando ser um fenómeno social. Contudo, a via mais fácil e de rápida absolvição é atribuir as responsabilidades a quem sente o estigma do insucesso escolar, ou seja, aos alunos (Cortesão & Torres 1990).

Segundo Martins (1993) podem ser as duas vertentes, anteriormente referidas, de responsabilização do insucesso escolar, o aluno e a escola. Este refere ainda que pode existir uma inadequação entre os conteúdos realizados e os objectivos das partes envolvidas, os quais podem ser contraditórios. Por fim conclui dizendo que qualquer entidade apresenta insucesso quando não consegue atingir os objectivos propostos, ou isso não acontece no tempo previsto (p.10).

Mais simplistas e práticas são as definições de Formosinho ou Fernandes. No caso do primeiro autor referido, o conceito de sucesso escolar é entendido como o sucesso do aluno certificado pela escola, proposição que sugere que o insucesso é veiculado pela não certificação escolar. (Formosinho, 1991). No entanto, para o segundo autor a definição oficial do insucesso

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segundo o autor, próprio de uma estrutura de avaliação específica do sistema de ensino. (Fernandes, 1991).

Em consonância com o autor supra referido, Pinto (1995), refere que o insucesso escolar é um fenómeno visível através do atraso que um aluno tem relativamente à idade pertinente. Este conceito é a relação entre um ano/nível escolar e a idade que têm os alunos, a 31 de Dezembro desse ano lectivo, que tendo ingressado no 1º ciclo com 7 anos, nunca tenham sido reprovados (p.29).

Avanzini (s.d.) considera que o número de alunos abrangidos pelo insucesso escolar não se pode atribuir exclusivamente ao próprio momento da escolaridade, pois para além do período escolar, muitos conhecimentos são precárias na medida em que os alunos não os conservam por muito tempo (p.24).

Ainda neste âmbito, talvez o bom aluno, que é símbolo de êxito, possa na realidade não o ser. Se houver uma “imposição” dos seus interesses culturais e estes se tiverem centrado apenas nos conhecimentos académicos, deixando num segundo plano todas as outras vertentes existenciais, então este aluno representa “um insucesso a despeito da aparência.” (Avanzini, s.d., p. 25-26)

Eurico Pires (1988) equaciona o insucesso escolar segundo duas perspectivas distintas. O visível, quando se trata de um insucesso escolar produzido em termos quantitativos através de reprovações, repetências e abandonos. Já o invisível expressa-se em termos qualitativos, como as frustrações individuais, a formação inadequada e o alheamento face à preparação para a participação democrática.

O insucesso escolar revela-se de forma precoce, manifestando-se logo nos primeiros anos de escolaridade; é um fenómeno massivo, cumulativo e constante que põe em causa a premissa difundida nas nações democráticas de uma escola para todos. É, também, um fenómeno socialmente seletivo porque não toca de igual modo todos os alunos (Benavente & Correia, 1980, p.20).

Em Portugal, a definição oficial do Ministério da educação não difere muito do supra referido e que é muito comum em outros países da União Europeia. É definido o insucesso escolar como a falta de capacidade revelada pelo aluno para atingir os objetivos globais definidos em cada ciclo de estudos (EURYDICE, 1995). Objectivos estes compreendidos num método de avaliação, e que para o ensino básico “consiste na verificação do grau de cumprimento dos objectivos gerais definidos a nível nacional para cada um dos ciclos de

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escolaridade e dos objectivos específicos de cada disciplina ou área disciplinar (…)” (Ministério da Educação, 1995, p.85).

Para uma definição do termo de abandono escolar vários são os autores que partem de uma perspetiva do insucesso escolar, uma vez que julgam ser o fenómeno precedente ao abandono. Rangel (1994) diz que o insucesso escolar significa a o falir de um projeto. No campo educacional, significa o insucesso num exame, ou ainda o afastamento definitivo da escola devido a várias repetências seguidas.

Ainda neste sentido, e em relação ao afastamento definitivo, Isabel Valente Pires (s.d.) declara que o auge do insucesso é atingido quando se dá o abandono escolar. Um aluno pode ficar retido um ano e ainda assim não contribuir para o aumento do insucesso, mas sobretudo importa referir, e estar especialmente atento, com aqueles que acabam por abandonar por terem repetências sucessivas sem qualquer progressão assinalável no seu percurso.

Na perspetiva de Ana Benavente, Jean Campiche, Teresa Seabra e João Sebastião (1994) o insucesso escolar é um fenómeno extremo de exclusão social pois atinge crianças e jovens “em ruptura declarada ou silenciosa com uma escola obrigatória e obrigada que não é direito mas tão só dever.” (p.11-12).

Para estes autores (Benavente et. al., 1994) não há uma definição concreta de abandono escolar, eles vêem-no como a desistência da escola sem conclusão do grau de ensino frequentado, exceptuando os casos de transferência de escola ou o falecimento. No entanto, importa referir que, segundo Castro (2008), esta definição se adequa àquelas desistências do sistema de ensino e formação sem a conclusão do 9.º ano de escolaridade, sem que o aluno tenha 15 anos de idade, a idade mínima legal para sair do sistema de ensino.

Uma junção dos aspetos referidos nas definições supra referidas é a de Sandra Mendes (2006), a autora define o abandono escolar como qualquer saída do sistema educativo, antes ou depois de terminado o ano letivo, sem a idade legal para o fazer e por razões que não sejam a transferência de escola ou o falecimento.

Por último, importa referir que caso um aluno tenha já completado os 15 anos de idade, a saída do sistema escolar sem diploma não deverá ser qualificada como abandono escolar. Ainda assim, esta é uma saída desqualificada quer a nível escolar quer profissional. Portanto, estes jovens abandonam o sistema escolar quando atingem a idade legalmente estabelecida por lei para o poderem fazer (Castro, 2008, p.20).

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2.2- Causas de insucesso e abandono escolar

È necessário entender que, isoladamente, todas as teorias explicativas face ao insucesso escolar, são insuficientes para explicar este fenómeno multifacetado. È a partir de um entrecruzar de factores explicativos que surgem todos os casos de insucesso ou abandono. Mesmo assim, os sistemas educativos, não têm conseguido proporcionar uma resposta viável (Mendonça, 2006, p.169).

São muito variadas as causas que se encontram na bibliografia para o insucesso e abandono escolares. Ainda assim, estas remetem invariavelmente para alguns fatores principais e preponderantes em ambos fenómenos, como são a família, a escola e o meio sociocultural, ou ainda o próprio aluno (Mendonça, 2006). De acordo com Morin (1994) citado por Rovira (2004), o insucesso escolar é resultado de uma série de fatores que atuam em conjunto, e nenhum deles de forma isolada o conseguiria provocar.

Será necessário ter em conta que a partir de uma articulação entre características individuais, as respectivas experiências educativas, o choque entre a cultura escolar e a familiar ou as influências de outros factores sociais e culturais mais amplos, tornara-se altamente provável a experiência do insucesso (Palacios, 2004).

Medeiros (1993) dá conhecer algumas diferenças de opinião dos intervenientes no processo educativo das crianças quanto às possíveis causas do insucesso escolar. Os professores afirmam que a maior responsabilidade incide na família e meio social mas também consideram que o próprio aluno é parte do problema e que depende dele o sucesso escolar. Por outro lado, a opinião dos pais é de que o insucesso escolar advém principalmente de parte dos professores, afirmando que estes não são suficientemente bons para os seus filhos, enunciando a pouca motivação ou a deficiente preparação dos mesmos para a origem da problemática aqui em estudo.

2.2.1- Família e o insucesso ou abandono

Inicia-se esta abordagem às causas de abandono e insucesso escolares relacionadas com a família realçando as inúmeras referências existentes sobre as mesmas.

Segundo Sil (2004), quando se fala em igualdade de oportunidades esta é “equacionada não em termos de igualdade de acesso mas como igualdade de sucesso”. O sucesso escolar é

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então motivado por causas onde a família e o meio social têm um papel fundamental e estão na origem do sucesso ou insucesso escolar (p.26).

Marisa Alves (2009) garante que o insucesso escolar se apresenta como um fenómeno socialmente seletivo, porquanto penaliza sobretudo os alunos oriundos dos estratos socioeconómicos mais desfavorecidos (p.1).

Na verdade, crianças e jovens provenientes de famílias mais carenciadas apresentam piores resultados escolares do que crianças e jovens de famílias de estatuto médio (Lopes, 2009, p.66). As principais razões apontadas pelos próprios alunos para o abandono da escolaridade obrigatória estão relacionadas precisamente com dificuldades económicas, situação de desemprego dos pais e com a consequente intenção de ingressar no mercado de trabalho (Almeida, et. al., 1994). Alias esta necessidade de as crianças e jovens ajudarem ao sustento da família é também referida por Antunes (1989) como uma das principais causas de abandono escolar.

Para Saavedra (2001) os alunos provenientes de famílias mais desfavorecidas têm atitudes negativas face à escola, revelando pouca motivação e dificuldades em obter sucesso escolar.

No caso da família não são só as suas capacidades económicas que influenciam o sucesso escolar do aluno. Deste modo, o simples apoio familiar que o aluno recebe reflete o desempenho deste na escola (Gaspar, 2009, p. 51)

Inerentes á família, mas também á escola e políticas educativas, relaciona-se igualmente com o insucesso os locais das habitações familiares. A distância entre a escola e a zona de residência é vista como um elemento que potencia o insucesso (Martins, 1993).

Esta questão prende-se com o facto de não ser vantajoso impor aos alunos, longas ou cansativas deslocações, uma vez que estas reduzem o tempo e a disposição para se dedicarem ao estudo e a actividades recreativas. Neste sentido também, residir em zonas degradadas pode ter consequências negativas para o aproveitamento escolar (Martins, 2007, p.27).

Uma outra perspetiva surge com Benavente (1990), a autora desenvolveu a teoria do handicap sociocultural, em que o sucesso ou insucesso dos alunos é explicado pela sua “pertença social, pela maior ou menor bagagem cultural de que dispõem à entrada na escola” (p.6). Ainda neste sentido Smith (1999) menciona que os diferentes desempenhos académicos dos alunos parecem reflectir diferentes recursos culturais dos seus progenitores.

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As diferenças de desempenho relacionadas com o “capital cultural” das famílias não se fazem sentir de igual forma ao longo dos vários anos da escolaridade, assim, à medida que se avança nos ciclos de escolaridade a influência da origem social sofre uma

redução, sugerindo assim, a existência de um aumento dos efeitos da socialização escolar (Grácio, 1997,p.83).

No entanto, importa salientar o facto de este factor cultural da família, bem como outro qualquer causador de insucesso, nunca poderá ser visto como uma regra sem excepção. Portanto, embora o grau de escolaridade dos pais constitua um aspecto relevante no aproveitamento escolar dos alunos, nomeadamente no apoio ao estudo e ao trabalho de casa, ele não determina necessariamente o seu sucesso ou insucesso escolar (Mendonça, 2006, p.184).

De acordo com Villas-Boas (2000), um dos factores que pode ajudar a diminuir a descontinuidade cultural entre algumas famílias e a escola são as reuniões de pais.

Cristina Silva (1999) investigou três escolas secundárias e analisou os percursos escolares dos alunos, tendo concluído que a classe social e a escolaridade dos pais influenciam as escolhas escolares dos jovens e que os alunos com melhores resultados escolares escolhem áreas científicas e via ensino, enquanto os alunos com resultados inferiores frequentam cursos tecnológicos (p.98).

Por último, referir que os problemas familiares também influenciam negativamente as crianças no seu percurso escolar. Muñiz (1993) realça que “quando o casal não funciona adequadamente, os interesses da criança são reabsorvidos pelos conflitos familiares, pelos receios deles derivados e, portanto, a capacidade de se interessar e de enfrentar problemas e dificuldades escolares fica diminuída e imbuída da problemática familiar” (p.76).

2.2.2- Escola e o insucesso ou abandono

Num estudo realizado em duas escolas primárias, uma portuguesa e outra brasileira, Marisa Alves (2009) denotou o “efeito professor” na produção do sucesso escolar, apontando também para este ser um factor decisivo na transformação do aluno. A autora realça ainda a importância da relação professor-aluno, que se estende à família (positivamente) e às expectativas do professor (que se refletem no aluno e na família), pois contribuem para o sucesso escolar do aluno (p.3).

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É fundamental que o professor consiga estabelecer uma equidade escolar, que passará pela retificação da linguagem e, por sua vez, pela alteração das relações de comunicação, reduzindo os desentendimentos linguísticos e minimizando o insucesso pelo esforço do professor (Gaspar, 2009, p.4). E porquê? Porque tal e como verificou Alves (2009) no seu estudo, na opinião dos alunos, a relação professor-aluno e as expetativas do professor estão associadas ao (in)sucesso escolar (p.50). No estudo de Rui Lopes foi mesmo o suporte dos professores que mais se relacionou com o sucesso escolar (2009, p.63).

Tendo em conta a importância acima referida da relação professor-aluno, os docentes terão de precaver e evitar qualquer atitude que influencie de forma negativa o desempenho dos alunos. Cortesão e Torres (1994) julgam importante a crença do professor nas possibilidades de êxito dos mesmos, pois sustentam que os docentes que não acreditam transmitem, mesmo que involuntariamente a sua descrença. Esta situação é comum a quase todos os alunos de camadas económica e socialmente desfavorecidas.

Importante é também a conclusão de Costa (2008) quando refere que as representações sobre o insucesso escolar não são claramente assumidas por nenhum ator como sendo fruto de causas do foro pedagógico e/ou organizacional, o que ao nível dos professores se traduz na falta de questionamento das suas práticas, da sua ação, dado que não se implicam no problema (p.94). Há no entanto na escola outras fontes de sucesso/insucesso para além da relação professor-aluno. Assim, Pires (1988), Fernandes (1991) e Formosinho (1991) mencionam a escola como responsável pelo insucesso escolar, referindo por exemplo alguns fatores, nomeadamente tipo de cursos e currículos, estruturas e métodos de avaliação, formas de agrupamento dos alunos, preparação científica e pedagógica dos professores (Fernandes, 1991, p.189).

Uma vez que os alunos não são todos iguais, quando se referem os tipos de currículos, importa salientar que é da responsabilidade da escola ser proativa e fazer com que haja variedade e distinção pedagógica, teoria sócio-institucional (Benavente & Correia, 1980, p.20). A autora acrescenta que “os alunos que abandonam têm problemas com a escola e foram já por ela abandonados, em muitos casos” (Benavente, et al. 1994, p.27).Ou seja, a sua especificidade não foi equacionada a tempo de evitar esta rutura.

Percebe-se assim que, de uma maneira geral, nas escolas, aspectos como a personalidade dos alunos ou as suas diferenças culturais e sociais não têm qualquer relevo na efectivação dos

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aluno abstracto e médio e não a um aluno concreto, ou seja, ao aluno real (Fernandes, 1991, p.206). É com estas bases que Dionísio (2009) julga possível afirmar que as políticas públicas da educação têm de se focar mais nos processos e menos nos resultados (p.77).

Esta falta de adequação dos currículos já se debate há muitos anos. Referências como as de Bordieu e Passeron na longínqua década de 70 não foram suficientes para uma melhor adequação dos mesmos. Estes, já muito críticos na altura, afirmavam que a escola não pode senão reproduzir as desigualdades sociais, ao favorecer os favorecidos (1970). Ainda assim, nos dias de hoje, este continua a ser considerado um dos grandes problemas no actual sistema educativo.

Em várias escolas de Portugal existem vários tipos alunos com características muito específicas que requerem cuidados especiais. Exemplo disto são os alunos de etnia cigana, para Pereira e Martins (1987), se a escola não tiver em consideração e respeitar as ideias, opiniões e vivências destas crianças, estas deixam de se “sentir à vontade no universo escolar, parecendo-lhe este, inevitavelmente, como estranho” (p.50)

2.2.3- Aluno, características individuais e o insucesso ou abandono

No que ao aluno diz respeito encontra-se em Benavente e Correia (1980) referências às capacidades inatas de cada aluno, pois dizem que é o próprio aluno e o seu QI que determinam o sucesso ou insucesso, compreendendo as aptidões dos alunos no talento, ou falta dele, para os estudos e a relação com o rendimento académico

Peixoto (1999) indica também o nível intelectual como um aspeto ligado ao insucesso escolar, quando refere que “à medida que caminhamos do alto para o baixo nível intelectual diminui a percentagem de sujeitos com zero reprovações” (p.138), acrescentando a auto-estima e referindo-a como sendo outro aspeto relacionado com o insucesso escolar (p.130).

Porém, cada caso é um caso diferente do anterior e, nem todos os alunos bem sucedidos na escola possuem boas capacidades intelectuais, como, nem todos os alunos com insucesso são portadores de dificuldades cognitivas (Roazzi, Spinillo & Almeida, 1991, citado por Almeida, Gomes, Santos, et al. 2005). Benavente (1976) acrescenta que “nem todas as crianças aprendem pelas mesmas razões, nem ao mesmo tempo, nem da mesma maneira.” (p.64).

Os alunos, independentemente do género e do ano escolar, associam os seus resultados académicos (sucesso e fracasso) ao esforço ou ainda á falta de métodos apropriados de estudo. (Almeida, Guisande & Miranda, 2008, p.169).

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Tendo em conta ainda o género dos alunos, Saavedra (2001), concluiu que, excepto na disciplina de Educação Física, nas restantes disciplinas analisadas do 3º ciclo, o sexo feminino consegue superar os rapazes em termos de resultados.

Costa (2008) concluiu também no seu estudo que as principais causas que os alunos enunciam são de caráter intrínseco, como a falta de empenho e de esforço, a falta de estudo, a falta de atenção, o não entendimento da matéria e a falta de capacidades (p.54).

Maria Dionísio (2009) prefere mesmo destacar a associação entre a repetência e o esforço por ter boas notas. A autora julga ser aqui que se devia realçar a importância de o aluno ser envolvido e responsabilizado. Acrescentando que este elemento, impossível de ser manipulado por factores externos, pode mesmo assim ser trabalhado pelo Sistema, pelos Professores e Pais e integrado na cultura da Escola (p.77).

Existem ainda autores que avançam com uma pequena descrição de crianças com Insucesso Escolar. Muñiz (1982) refere mesmo que estas costumam ser consideradas entre o seio familiar, como ociosas, desordenadas, distraídas, incapazes de se concentrarem nas tarefas escolares e sem interesse nem responsabilidade.

2.3- Consequências do insucesso e abandono escolar para os anos

Sabe-se que o futuro dos jovens é condicionado pelas consequências do insucesso e abandono escolar, pois como refere Mateus (2002), a escola “contribui de modo significativo para a construção dos projectos de futuro dos alunos” (p.144).

Em relação às expectativas profissionais, os próprios alunos relacionam a profissão que desejam ter com as habilitações literárias necessárias, referindo a necessidade de concluir o 12º ano para se obter um emprego mais qualificado e melhor remunerado. (Ouro, 2009, p.38)

Para o Ministério da Educação e Ministério da Segurança Social e do Trabalho (2004) a grande maioria dos jovens que abandonaram a Escola, não estando no sistema de formação profissional desenvolvem uma atividade profissional desqualificada, e com alguma precariedade. Perspetivam ainda para estes jovens que atualmente entram no mercado de trabalho, sem completarem a escolaridade básica, dificuldades, quando adultos, para se “reciclarem” e adquirirem novas competências (p.67-68).

No que a empregabilidade diz respeito, Mendes (2006) considera que a médio e longo prazo, esta se revela preocupante visto que esta se torna mais difícil para pessoas sem a

(25)

pessoas não têm perspectivas de emprego estável e duradouro e muito menos de progressão profissional (p.140).

2.4- Soluções apontadas para combater o insucesso e abandono escolar

Alunos mais fragilizados em termos de rendimento escolar devem ser ajudados pelos professores a lerem os seus sucessos e os seus fracassos mais numa lógica do método e volume de trabalho escolar do que na sua capacidade cognitiva. Obviamente, enfatizando o esforço, os alunos acabam por aprender a valorizar o uso adequado de estratégias de aprendizagem, sempre necessárias ao sucesso em qualquer situação de aprendizagem e de realização académica.

(Almeida, et. al .2008, p.175)

No estudo de Costa (2008), os alunos admitem que seriam soluções para o insucesso, o apoio e incentivo dos professores, reforços disciplinares e, principalmente, um maior apoio e incentivo ao estudo da parte dos pais. Para além deste núcleo de causas e soluções permanece a escola, quer na sua vertente pedagógica, quer organizacional (p.54).

É necessário atuar do ponto de vista social junto das famílias (Mendes, 2006, p.139). A afetividade e a ajuda constituem a base da transformação dos alunos que passaram por insucesso mas conseguiram inverter positivamente a sua situação (Alves, 2009, p.51).

Como medida/solução para esta problemática surge ainda a flexibilização dos currículos, adequando-os às necessidades dos alunos (Benavente, 2001, p.114; Silva, 2003, p.181)

Augusto Santos Silva acrescenta ainda a urgência de uma “reorganização curricular” e de uma “adequação entre avaliação e currículo” (Silva, 2003, p.181).

Pode ser essencial na ação contra o insucesso a integração nos órgãos de gestão dos familiares dos alunos, envolvendo-os nas atividades escolares, de forma a aumentar o conhecimento do modo como se desenvolvem as aprendizagens na sala de aula, ou ainda, de forma a desenvolver o gosto das crianças pela leitura, encetando uma cooperação na busca de soluções para as dificuldades dos filhos (Ministério da Educação, 1992, p. 15).

Há também quem relacione positivamente a atividade física com o rendimento escolar. Byrd (2007) concluiu que os estudantes que mantiveram um nível mais elevado de Atividade Física obtiveram um rendimento escolar mais elevado do que os estudantes que eram fisicamente menos ativos. No estudo de Maria Martins (2010, p.60) os professores foram unânimes em considerar a disciplina de Educação Física como fator de socialização e integração

(26)

do aluno no meio escolar. Visto com uma medida de combate ao abandono e insucesso escolar está também o desporto escolar (Varelas, 2010, p.56).

2.5- Caracterização do meio (Concelho de Monção)

Estando inserido na região do Alto Minho, o Concelho de Monção situa-se no limite norte de Portugal. O Município de Monção, faz a Norte (N) fronteira fluvial com a Galiza (Espanha), sendo limitado a Oeste(O) pelo concelho de Valença, a Sudoeste (SO) pelo concelho de Paredes de Coura, a Sul (S) pelos Arcos de Valdevez, e por fim, a Este (E) pelo concelho de Melgaço. Para fins administrativos e estatísticos, o Concelho de Monção pertence à Região Norte de Portugal, enquadrando-se na sub-região do Minho-Lima. Tem uma superfície territorial de cerca de 211 km2 compreendidos em 33 freguesias. A saber, Abedim, Anhões, Badim, Barbeita, Barroças e Taias, Bela, Cambeses, Ceivães, Cortes, Lapela, Lara, Longos Vales, Lordelo, Luzio, Mazedo, Merufe, Messegães, Monção, Moreira, Parada, Pias, Pinheiros, Podame, Portela, Riba de Mouro, Sá, Sago, Segude, Tangil, Troporiz, Troviscoso, Trute e Valadares (Plano director Municipal de Monção, s.d.).

Servido por ótimas vias de comunicação, o concelho está localizado a sensivelmente 120 Km do Porto, 70 Km de Viana do Castelo e Braga, 35 Km de Vigo e 32 Km da fronteira de S. Gregório (Plano director Municipal de Monção, s.d.).

De acordo com os resultados preliminares dos Censos 2011, residem em Monção 19.179 pessoas, 8.693 são homens e 2.482 menores de 18 anos. Foram ainda contabilizadas 7.483 famílias, 13.338 alojamentos e 11.718 edifícios (Instituto Nacional de Estatística, [INE], 2011).

Importa referir que de momento não há mais do que dados preliminares dos censos 2011, logo, foi necessário recorrer a resultados dos censos 2001 para algumas informações mais pormenorizadas. Dado o exposto, em relação aos 19956 residentes em 2001, 2375 tinham no máximo 14 anos, havia ainda 2670 pessoas entre 15 e 24 anos, 9904 entre os 25 e os 64 anos e por último, 5007 residentes ultrapassavam já os 65 anos. (INE, 2001)

Em 2001 a população escolar (alunos a frequentar a escola) em Monção era constituída por 2909 indivíduos, o que correspondia a aproximadamente 14,6% da população residente do concelho (INE, 2001).

(27)

O nível de instrução predominante no concelho de Monção é o 1.º Ciclo do Ensino Básico (ensino primário) com 43,9 % da população. A taxa de analfabetismo (razão entre a população com mais de 10 anos que não sabe ler nem escrever e a população residente com mais de 10 anos) era em 2001, de 14,1. Relativamente ao 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico havia á data 21,6 % da população frequentava ou tinha concluído esta instrução. No que respeita ao Ensino Secundário, cerca de 11,2 % (2226 pessoas) detinham ou ainda frequentavam este nível de ensino, e por último, apenas 6,9% da população possui ou ainda frequenta um grau de ensino para além do secundário (INE, 2001).

(28)

3

ME

TODOLOG

IA

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2º Ciclo em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário

CAUSAS DE INSUCESSO E ABANDONO ESCOLAR NO CONCELHO

DE MONÇÃO

(29)

III - METODOLOGIA

Ao longo do estudo serão descritos todos os passos metodológicos seguidos na neste trabalho. Este capítulo tem como objetivo fundamentar a organização dos dados, articulando-os com a revisão bibliográfica realizada acerca da temática da investigação. Decidiu-se desenvolver o estudo no âmbito da metodologia quantitativa. Esta tem como finalidade determinar factos, esclarecer relações entre variáveis através da verificação de hipóteses, predizer resultados de causa e efeito ou verificar teorias ou proposições teóricas (Fortin, 2009).

3.1 - Objetivos

3.1.1- Objetivo geral

Com este estudo pretende-se averiguar quais as causas que motivam o insucesso ou abandono escolar.

3.1.2 - Objetivos específicos

Pretende-se averiguar quais as causas que motivam o insucesso ou abandono escolar no concelho de Monção são idênticas às que a bibliografia enuncia.

3.1.3 - Hipóteses

Este estudo contempla então as seguintes hipóteses:

H1: Insucesso escolar devido à falta de motivação por parte dos alunos. H2: A falta de motivação influencia o abandono escolar precoce.

H3: As necessidades económicas relacionam-se com o abandono e insucesso escolares.

3.2- Definição do Problema

O insucesso escolar é um fenómeno cuja dimensão tem atingido números alarmantes nas nossas escolas. As tentativas de combate têm sido muitas, contudo, demonstram-se por agora ineficazes. É nesta perspectiva que se torna fundamental identificar, qual o ponto de vista dos alunos, e quais os motivos por eles apontados para o fenómeno no concelho de Monção. Desta

(30)

forma será possível ajudar os professores, pais e restantes implicados no processo educativo a interceder com orientações úteis e atempadas no combate ao insucesso e abandono escolares.

3.3 – Definição e Descrição da Amostra

Este estudo é composto por uma amostra de 60 indivíduos, dentre os quais, 40 do género masculino e 20 do género feminino. A amostra é referente a alunos da Escola Profissional do Alto Minho Interior que pertencem a três turmas distintas do 1º ano do ensino profissionalizante. A primeira turma pertence ao curso de Manutenção Industrial: Mecatrónica automóvel, a segunda ao curso de Restauração: Cozinha/Pastelaria e a terceira turma ao curso de Termalismo. Esta amostra de indivíduos abrange uma faixa etária que varia entre os 14 e os 19 anos de idade. A escolha da amostra acima indicada deveu-se ao facto de se acreditar que estes alunos têm, regra geral, um histórico de repetências superior ao do percurso geral. Neste sentido, Maria Dionísio (2009), num estudo similar, centrou-se numa amostra, onde 100% dos alunos do ensino profissional tiveram pelo menos uma reprovação, enquanto apenas 12% dos alunos do curso geral apresentavam um histórico com repetências. Estas estão associadas ao insucesso (Fernandes, 1991) e consequentemente ao abandono escolar. Assim sendo, estes alunos terão, á partida, algum conhecimento sobre o tema em estudo. Optou-se pelos alunos do 10ºano, primeiro ano destes cursos profissionais, pois este é um ano de transição. Além disto, o ano letivo que o antecedeu foi o último da escolaridade obrigatória. Salienta-se também a ideia de Alves (2007) quando refere que esta escolha pode ser um pouco forçada, pois há uma exclusão destes alunos dos percursos mais “nobres”, sendo este ensino um refúgio para jovens que experienciaram trajectórias de insucesso escolar e provenientes essencialmente de classes mais populares.

Em Monção, a escola EPRAMI possui uma oferta de vários cursos profissionais, portanto, julgou-se a instituição mais apta para este tipo de avaliação.

3.4 - Instrumento

Para a realização deste estudo, optou-se pela aplicação de um inquérito por questionário, pois julgou-se ser a melhor forma de perceber a opinião dos alunos acerca do tema em questão. E que questionário aplicar? A resposta a esta pergunta surgiu depois de consultar outros

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Aranha que incluía exatamente os temas que se queriam ver abordados no estudo. Posto isto, encetaram-se contactos de forma a obter autorização para a aplicação do mesmo, o que veio a acontecer. O título do questionário é “As Causas de Sucesso e Fatores de Abandono” sendo este constituído por 5 páginas. Numa primeira página encontra-se o enquadramento biográfico. Na segunda página encontra-se o primeiro bloco de 22 questões de resposta fechada e um espaço para, no caso de algum individuo julgar importante, acrescentar um outro fator relacionado, neste caso, com as “Principais razões pelas quais pensas que outras pessoas abandonam a escola”. A terceira página tem a mesma organização mas é subordinada ao tema “estratégias para combater (diminuir) o abandono escolar”. Na quarta página mantém-se a organização, mas o tema é “causas de (in)satisfação com a escola e o ensino”. Por último, a 5ºpágina, e mais uma vez obedecendo a uma organização idêntica às anteriores com o tema “Causas de insucesso escolar”.

Quando se decidiu aplicar os já referidos questionários, decidiu-se também incidir o foco do estudo em apenas 2 temas, o primeiro (2ªpágina.) e o quarto tema (5ªpágina) uma vez que são aqueles que vão de encontro com o objectivo deste trabalho. Ainda assim, os questionários foram aplicados na sua totalidade.

O primeiro tema diz respeito às “Principais razões pelas quais pensas que outras pessoas abandonam a escola” e o quarto às “Causas de insucesso escolar”. Em ambos, as perguntas estão todas relacionadas com os principais fatores/causas de abandono ou insucesso escolar, como são a escola e sociedade, a família ou ainda com o próprio aluno (Medeiros 1993; Mendonça 2006). Entre estas 44 questões, em função dos resultados obtidos, bem como da bibliografia consultada, serão apresentados e discutidos com maior pormenor apenas 25 questões.

Os questionários foram de caráter anónimo e confidencial. Para cada motivo ou causa, os alunos tinham que assinalar na escala de valores de 1 a 5 o valor que este representava (escala de Likert), correspondendo 1 a “Nada importante”, 2 “ Pouco Importante”, 3 a “Indiferente”, 4 a “Algo Importante e 5 a “Muito Importante”.

3.5- Recolha e processamento dos dados

A informação foi adquirida através da aplicação dos já referidos questionários, nos também já referidos 60 alunos nos dias 8, 9 e 10 de Novembro de 2010. Estes foram entregues

(32)

em mão a cada aluno no inicio das aulas de Educação Física das diferentes turmas, com a presença e colaboração dos professores das mesmas nos 15 minutos de preenchimento escrito dos questionários. Depois de recolhidos, os dados foram introduzidos numa folha de cálculo do software Microsoft Office Excel 2007. O tratamento foi descrito em tabela, em forma de percentagem e depois convertido para gráfico.

3.6 - Procedimentos

O ponto de partida para a realização deste estudo deu-se em Outubro de 2010 com a elaboração do projeto de dissertação. Por esta altura definiu-se o que observar, em quem observar e como observar (Quivy & Compenhoudt, 1998).

O passo seguinte foi a definição do questionário a utilizar. Assim, depois da pesquisa ter resultado na “descoberta” do já descrito questionário, e após obtenção da autorização para aplicação do mesmo, partiu-se para o contacto com a direção da escola. Redigiu-se uma solicitação com vista á utilização de alguns dados sobre os alunos da mesma, acompanhada por um pedido de autorização para aplicar os questionários deste estudo aos alunos do 10ºano da escola. Em seguida procedeu-se á entrega em mão deste documento no dia 26 de Outubro de 2010.

Após uma resposta afirmativa por parte da direção da escola, passou-se á aplicação dos inquéritos. No dia 8, ás 9 horas, na sala de aula e no horário correspondente á aula de Educação Física foram entregues os questionários á turma de Manutenção Industrial: Mecatrónica automóvel. Antes da entrega foi explicado aos alunos que os questionários eram o instrumento de estudo de uma tese de mestrado e que o seu anonimato, bem como a confidencialidade dos dados estavam garantidos. Além disto, os alunos foram alertados para a importância do preenchimento consciente de todos os conteúdos do questionário. No final, efectuou-se a recolha dos questionários um a um, conferindo sempre se todos os campos dos mesmos estavam preenchidos. Este processo repetiu-se no dia 9, às 11horas, com a turma de Restauração: Cozinha/Pastelaria e no dia 10, às 9 horas, com a turma de Termalismo.

Posto isto, passou-se á introdução dos resultados na base de dados. Esta foi feita logo depois da aplicação dos questionários e de forma manual. O processo realizou-se com um cuidado especial, de forma a evitar equívocos que pudessem adulterar o resultado final.

(33)

Seguiu-se a análise dos resultados obtidos. Por esta altura decidiu-se que a melhor maneira para o fazer seria através da conversão dos mesmos para gráficos pois facilitava muito a leitura e interpretação dos resultados. Em função da bibliografia consultada, do objetivo deste estudo e dos resultados obtidos, decidiu-se pela apresentação apenas de 25 questões. Ainda assim, são apresentados em anexo duas tabelas com os resultados das restantes questões destes temas.

As questões analisadas foram agrupadas tendo em conta as causas de insucesso ou abandono escolar. Decidiu-se então a seguinte divisão em relação ao insucesso escolar:

Escola/sociedade: Nível de exigência por parte dos professores; Estratégias de ensino e de

aprendizagem adequados ao nível dos alunos; Preparação académica dos professores; Interesse e motivação dos professores na aprendizagem dos alunos; Acompanhamento e apoio dos professores; Aplicabilidade das aprendizagens em profissões futuras; Articulação entre a matéria de ensino e a realidade da vida.

Família: Disponibilidade de tempo e apoio familiar para estudar; Disponibilidade económica e

de material adequado para estudar; Responsabilização e perceção dos pais do aluno da importância dos estudos do filho; Equilíbrio da estrutura familiar.

Aluno: Perceção de dificuldades de aprendizagem (auto-conceito de capacidade); Percepção da

importância dos estudos para o futuro; Estilo de vida saudável nas horas de sono, alimentação e consumo de substâncias; Organização e articulação do horário escolar, tempos livres e tempo de estudo diário; Motivação dos alunos para aprender.

Já em relação ao abandono escolar ou principais razões pelas quais os alunos pensam que outras pessoas abandonam a escola:

Escola/sociedade: O ensino ser pouco motivante; Ter dificuldades no percurso para a escola;

Por as relações com os professores ser conflituosa.

Família: Dificuldades financeiras da família; Ajudar os pais.

Aluno: Falta de motivação e interesse; Não gostar da escola; Poder trabalhar e ganhar dinheiro;

Não gostar da estudar.

(34)

Por último, optou-se por fazer a discussão dos resultados logo após a apresentação de cada gráfico, pois acredita-se que será esta a forma que mais simplifica a leitura e interpretação dos resultados deste tipo de estudos. Nesta discussão é feita uma referência aos aspetos mais relevantes dos resultados obtidos e uma alusão á bibliografia consultada sobre a temática em questão.

(35)

4

APRES E NTA ÇÃ O E DISCUSS ÃO DOS RE S ULT AD OS

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2º Ciclo em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário

CAUSAS DE INSUCESSO E ABANDONO ESCOLAR NO CONCELHO

DE MONÇÃO

(36)

IV. APRESENTAÇAO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A amostra deste estudo é constituída por 60 indivíduos, 40 rapazes e 20 raparigas e a sua faixa etária varia entre os 14 e os 19 anos de idade.

4.1- (In)sucesso: Escola/sociedade

No que respeita ás causas relacionadas com os professores, grande parte dos alunos julga ser “Algo Importante” o nível de exigência por parte dos mesmos, o acompanhamento e apoio destes, bem como a sua preparação académica. Assim, nas três causas a opção algo importante foi a mais assinalada, uma vez que esta opinião foi emitida, respectivamente, por 27(45%), 28(46,7%) e 29(48,3%) alunos. Para as três causas surgem também por igual ordem de importância atribuida as opiniões neutras(é indiferente) 16(26,7%), 17(28,3%), 13(21,7%) alunos. As opiniões dos alunos que as consideram muito importantes 9(15%), 11(18,3%), 10(16,7%), as dos poucos que acham ser pouco importante 5(8,3%), 3(5%), 7(8,3%) e por último apenas 3(5%), 1(1,7%) e 3(5%) alunos creem ser nada importantes estas causas. Já no que respeita ao interesse e motivação dos professores na aprendizagem dos alunos, a resposta mais frequente, 26(36,7%) alunos, foi “É Indiferente”. Em seguida surgem as respostas muito importante com 13(21,7%)alunos e algo importante com 12(20%). Por último, apenas 9 discentes (15%) respondem ser pouco mportante.

40 20

Género

Rapazes Raparigas 5 18 22 8 5 2

Idades

14 anos 15 anos 16 anos 17 anos 18 anos

(37)

No que respeita ao nível de exigência por parte dos professores, os alunos não tem dúvidas quanto á sua importância, pois para 38 alunos (63,3%) esta causa merece alguma ou muita importância. Quando analisados os resultados, verificamos que na opinião dos discentes, tal como a bibliografia salienta (Lopes, 2009), o acompanhamento e apoio dos professores com 39 alunos (65%)ou a preparação académica dos mesmos (Medeiros, 1993) também com 39 alunos (65%), são um factor algo importante ou muito importante no combate ao insucesso. Porém, é de salientar o facto de, ao contrario da bibliografia consultada (Gaspar, 2009; Alves,

0 10 20 30 3 5 16 27 9

Nível de exigência por parte dos professores 0 10 20 30 1 3 17 28 11

Acompanhamento e apoio dos professores 0 10 20 30 3 5 13 29 10

Preparação académica dos professores 0 10 20 30 0 9 26 12 13

Interesse e motivação dos professores na aprendizagem

dos alunos

Gráfico 4- Acompanhamento e apoio dos professores

Gráfico 5- Preparação académica dos professores Gráfico 3- Nível de exigência por parte dos professores.

Gráfico 6- Interesse e motivação dos professores na aprendizagem dos alunos

(38)

2009; Medeiros, 1993), o interesse e motivação dos professores na aprendizagem dos alunos não ser entendido por estes como tão fundamental para a obtenção de sucesso escolar. Neste tema, apenas 25 alunos (41,7%)lhe atribuem algum dos graus de importância.

Em relação ao curriculo e adequação das aprensizagens, verifica-se que 28 alunos (46,7%) atribui alguma importância ás estratégias de ensino e de aprendizagem adequadas ao nível dos alunos. Muita importância é atribuída a esta causa por 18 alunos(30%), e assim, verifica-se que a maioria dos alunos (46) atribui importância a esta questão. Uma resposta Indiferente foi assinalada por 7 alunos(11,7%). Apenas 3(5%) alunos afirmam ser nada importante e 4(6,7%) ser pouco importante. No que respeita á aplicabilidade das aprendizagens em profissões futuras como á articulação entre a matéria de ensino e a realidade da vida a resposta mais frequente é algo importante com 26 alunos (43,3%) a primeira e 25(41,7%) a segunda. Há 15(25%) e 18(30%)alunos, respectivamente, que dizem ser indiferente, bem como 14(23,3%) e 12(20%) a referir ser muito importante. Por ultimo, julgam ser pouco importante, cada uma das causas referidas 5(8,3%) alunos.

0 10 20 30 3 4 7 28 18 Estratégias de ensino e de aprendizagem adequados ao

nível dos alunos

0 10 20 30 0 5 18 25 12

Articulação entre a matéria de ensino e a realidade da vida

Gráfico 8- Articulação entre a matéria de ensino e a realidade da vida

Gráfico 7- Estratégias de ensino e de aprendizagem adequados ao nível dos alunos

(39)

As estratégias de ensino e de aprendizagem adequadas ao nível dos alunos são entendidas pelos próprios como fundamentais, pois 46 alunos (76,7%) consideram ser esta uma questão algo ou muito importante. Aliás, esta é também uma conclusão de vários autores como Benavente e Correia (1980) ou Martins e Pereira (1987). Realçadas são também questões como a aplicabilidade das aprendizagens em profissões futuras e a articulação entre a matéria de ensino e a realidade da vida com 37 (61,7%) e 40 alunos (66,7%) respectivamente a julgarem-nos fatores algo importantes ou mesmo muito importante para a obtenção de sucesso escolar. De acordo com Pires (1987), citado por Martins (1993, p.10), a desadequação entre os conteúdos transmitidos na escola e as aspirações dos alunos é por si só uma forma de insucesso escolar.

4.2- (In) sucesso: Família

A disponibilidade económica e de material adequado para estudar é apontada por 21 alunos (35%) como algo importante, por 20 (33,3%) como indiferente ou ainda por 11 como muito importante. Pouca importância a esta causa foi atribuída por 6 alunos (10%) e nenhuma importância por 2 alunos (3,3%).

0 10 20 30 0 5 15 26 14 Aplicabilidade das aprendizagens em profissões futuras

Gráfico 9- Aplicabilidade das aprendizagens em profissões futuras

(40)

Em relação a este tema, são inúmeros os autores que relacionam positivamente as capacidades económicas das famílias com o insucesso escolar (Alves, 2009; Lopes, 2009; Almeida, et. al. 1994). Neste caso, os alunos de Monção não estão tão convencidos desta relação. Se é verdade 32 (53,3%) em 60 alunos julgam algo importante ou muito importante este factor, também é verdade que a partir destes resultados, não podemos concluir que, na opinião da grande maioria dos alunos, este seja realmente um factor determinante de insucesso escolar.

Ainda relacionados com a família estão ainda factores como a responsabilização e perceção dos pais do aluno da importância dos estudos do filho e a disponibilidade de tempo e apoio familiar para estudar. Para estas questões a ordem de importância atribuída pelos alunos foi idêntica. Assim, a resposta mais frequente foi algo importante, pois 29 alunos (48,3%) assinalaram esta opção para a responsabilização e perceção dos pais do aluno da importância dos estudos do filho e 26 alunos (43,3%) na disponibilidade de tempo e apoio familiar para estudar. De seguida surgem as respostas neutras com 19 (31,7%) e 17 (28,3%) alunos respectivamente. Ambas as causas são julgadas como muito importantes por 9 alunos (15%). Apenas 3 (5%) e 7 alunos (11,7%) respectivamente respondem ser pouco importantes estas causas e 1aluno (1,7%) julga ser nada importante a disponibilidade de tempo e apoio familiar

0 10 20 30 2 6 20 21 11 Disponibilidade económica e de material adequado para

estudar

Gráfico 10- Disponibilidade económica e de material adequado para estudar

(41)

Para ambas as causas encontra-se na bibliografia uma clara alusão á importância tanto da responsabilização e perceção dos pais do aluno da importância dos estudos do filho (Barroso, 2010) como da disponibilidade de tempo e apoio familiar para estudar (Gaspar, 2009; Mendonça, 2006; Costa, 2008). Os resultados indicam que a grande maioria dos alunos também os considera factores que contribuem para o sucesso ou insucesso. Assim 38 (63,3%) e 36 alunos (60%) respectivamente julgam-nas causas algo ou muito importantes.

Por último, em relação á família apresentam-se os resultados relativos ao equilíbrio da estrutura familiar, onde a resposta mais frequente foi algo importante com 24 alunos (40%). De seguida, 15 alunos (25%) responderam muito importante, 14 (23,3%) é indiferente, 4 (6,7%) pouco importante e por último apenas 3 alunos a responder nada importante.

0 10 20 30 0 3 19 29 9 Responsabilização e perceção dos pais do aluno da importância dos estudos do

filho 0 10 20 30 1 7 17 26 9 Disponibilidade de tempo e apoio familiar para estudar

Gráfico 11- Responsabilização e perceção dos pais do aluno da importância dos estudos do filho

Gráfico 12- Disponibilidade de tempo e de apoio familiar para estudar

(42)

Se para Muniz (1993), o equilíbrio da estrutura familiar é visto como importante no combate ao insucesso escolar, em Monção, 39 alunos (65%) tem opinião idêntica, pois classificam a causa como algo importante ou muito importante neste processo.

4.3- (In)sucesso: aluno

Já relacionada com o próprio aluno é a perceção da importância dos estudos para o futuro. A esta questão 23 alunos (38,3%) respondem ser algo importante, 15 alunos (25%) assinalaram a opção muito importante e outros 15 (25%) dizem ser uma questão indiferente no fenómeno do insucesso escolar. Por fim, 6 alunos (10%) julgam-na pouco importante e 1 (1,7%) julga ser nada importante.

0 10 20 30 3 4 14 24 15 Equilibrio da estrutura familiar

(43)

No entender dos alunos monçanenses o facto de os alunos terem uma perceção da importância que os estudos terão no seu futuro influencia o seu sucesso ou insucesso escolar. Desta forma, 38 alunos (63,4%) atribuem alguma ou muita importância a esta perceção, julgando assim, que quando tal não acontece, poderá haver insucesso escolar.

Os resultados na motivação dos alunos para aprender mostram 25 alunos (41,7%) que crêem ser esta uma causa algo importante, 17 alunos (28,3%) assinalaram a resposta muito importante e 16 (26,7%) a resposta é indiferente. Pouco importante foi a resposta de 1 aluno (1,7%) e nada importante a de outro.

0 10 20 30 1 6 15 23 15

Perceção da importância dos estudos para o futuro

0 10 20 30 1 1 16 25 17

Motivação dos alunos para aprender

Gráfico 14- Perceção da importância dos estudos para o futuro

(44)

Relativamente á motivação dos alunos para aprender, a bibliografia consultada é clara, esta é importante para a obtenção de sucesso escolar (Saavedra, 2001). Neste estudo percebe-se que na opinião dos alunos a motivação é um fator fundamental pois os resultados da questão são dos mais elevados para as respostas algo importante e muito importante, 42 alunos (70%).

Relativamente ás questões sobre o estilo de vida saudável nas horas de sono, alimentação e consumo de substâncias bem como á organização e articulação do horário escolar, tempos livres e tempo de estudo diário as respostas foram muito semelhantes. Algo importante foi a resposta de 24 alunos (40%) á primeira questão e de 25 (41,7%) á segunda. É indiferente foi a resposta de 15 (25%) e 14 (23,3%) alunos respectivamente. Em seguida muito importante com 15 (25%) e 14 alunos (23,3%) e só depois a resposta nada importante com 4 (6,7%) e 3 alunos (5%). Por último, 2 (3,3%) e 3 alunos (5%) responderam pouco importante.

Em relação ao estilo de vida nas horas de sono, alimentação e consumo de substâncias, embora não haja grandes referências sobre o assunto, entendeu-se importante a exposição dos resultados uma vez que, uma notória maioria de 39 alunos (65%) considerou ser este um factor causador de (in) sucesso. Aliás, 39 alunos são também da opinião que a organização e articulação do horário escolar, tempos livres e tempo de estudo diário tem importância para a obtenção, ou não, de sucesso escolar. Esta organização foi também uma das causas de insucesso escolar mais importantes apontadas por alunos do 8ºano de uma escola de Vila Real (Barroso,

0 10 20 30 4 2 15 24 15

Estilo de vida saudável nas horas de sono, alimentação e

consumo de substâncias 0 10 20 30 3 3 15 25 14 Organização e articulação do horário escolar, tempos livres

e tempo de estudo diário

Gráfico 16- Estilo de vida saudável nas horas de sono, alimentação e consumo de substâncias

Gráfico 17- Organização e articulação do horário escolar, tempos livres e tempo de estudo diário

(45)

A perceção de dificuldades de aprendizagem foi entendida por 26 alunos (43,3%) como indiferente, por 22 (36,7%) como algo importante, por 7 (11,7%) como muito importante e por 5 (8,3%) como pouco importante.

Ainda que não seja uma grande maioria, 31 alunos (51,7%) não atribui qualquer tipo de importância á perceção de dificuldades de aprendizagem. Esta situação, contraria a opinião de Peixoto (1999) quando indica que “à medida que caminhamos do alto para o baixo nível intelectual diminui a percentagem de sujeitos com zero reprovações” (p.138). Á semelhança de Peixoto, Benavente e Correia (1980) referem que é o próprio aluno e o seu QI que determinam o sucesso ou insucesso.

4.4- Abandono: Escola/sociedade

Em relação ao abandono, tendo em conta as causas relacionadas com a escola/sociedade, começa-se por apresentar os resultados relativos ao ensino ser pouco motivante. É indiferente foi a resposta de 22 alunos (36,7%), algo importante a de 15 alunos (25%), pouco importante a de 13 (21,7%), nada importante a de 7 alunos (11,7%) e finalmente, muito importante foi a resposta de 3 alunos (5%). 0 10 20 30 0 5 26 22 7 Perceção de dificuldades de aprendizagem ( auto-conceito de capacidade)

Gráfico 18- Perceção de dificuldades de aprendizagem (Auto-conceito de capacidade)

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No que respeita ao ensino ser pouco motivante, não poderá ser esta uma causa da falta de motivação, que estes creem existir nos alunos que abandonam a escola. Na sua opinião este é um fator pouco importante, pois apenas 18 alunos (30%) lhe atribuem alguma ou muita importância.

Apenas 10 (16,7%) e 7 (11,7%) alunos, respectivamente, referem ser algo ou muito importante para o abandono escolar as relações com os professores ser conflituosa. Nada importante foi a resposta assinalada por 5 alunos (8,3%) e pouco importante por 8 (13,3%). A resposta mais frequente foi a neutra com metade dos alunos (30 alunos) a terem esta opinião.

0 10 20 30 7 13 22 15 3

O ensino ser pouco motivante

0 10 20 30 5 8 30 10 7

Por as relações com os professores ser conflituosa

Gráfico 19- O ensino ser pouco motivante

Imagem

Gráfico 1- Género da amostra  Gráfico 2- Idades dos indivíduos da amostra
Gráfico 5- Preparação académica dos professores Gráfico 3- Nível de exigência por parte dos professores
Gráfico 8- Articulação entre a matéria de ensino e  a realidade da vida
Gráfico 9- Aplicabilidade das aprendizagens em  profissões futuras
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Referências

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