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MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA-GERAL CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO. Processos PGT/CCR/PP N /2013 e PP N.

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

PROCURADORIA-GERAL

CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

Processos PGT/CCR/PP N. 19724/2013 e PP N. 4836/2014

Origem: PRT 18ª Região PP n. 19724/2013

Interessado(s): Procurador do Trabalho Raimundo Paulo dos Santos Neto - (PRT 18ª Região - PTM de Luziânia/GO)

Assunto(s): Consulta sobre o termo “Representante” para fins da Resolução CSMPT nº 69/2007 e da Orientação nº 12 da CCR

PP n. 4836/2014

Interessado(s) 1:

Interessado(s) 2: Rainer José Borges Costa, Júlio Cesar Spindola Itacaramby, Hernando Billa Serna, e Christof Robanus.

Assunto(s): Trabalho análogo ao escravo, tráfico de trabalhadores e trabalho indígena 02. - 02.02.

CONSULTA. RESOLUÇÃO Nº 69 DO CSMPT. NÃO CONHECIMENTO. QUESTÃO JÁ SOLUCIONADA PELA ORIENTAÇÃO Nº 12 DA CCR.

RECURSO ADMINISTRATIVO. LEGITIMIDADE DO RECORRENTE. INTERESSE JURÍDICO. DENÚNCIA. NECESSIDADE DE INSTRUÇÃO PROBATÓRIA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. REMESSA DE CÓPIA DOS AUTOS AO CORREGEDOR DO MPT PARA APRECIAÇÃO E PROVIDÊNCIAS CABÍVEIS.

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VOTO

Trata-se de consulta formulada pelo ilustre Procurador do Trabalho Raimundo Paulo dos Santos Neto a esta Câmara de Coordenação e Revisão nos seguintes termos:

“a) o Membro do MPT que apenas encaminha à Regional ou PTM “competente” denúncia a ele erroneamente dirigida deve ser considerado “Representante” para os fins da Resolução n. 69/2007 do CSMPT e da Orientação n. 12 dessa Câmara?;

b) caso positivo, devem constar como Representantes o denunciante originário e o Membro do MPT que encaminhou a notícia à PRT ou PTM com atribuição para a investigação ou apenas o Membro do MPT que encaminhou a notícia?”

O nobre colega, ao formular sua consulta, relata caso concreto em que tomou parte e no qual o colega de outra Procuradoria Regional do Trabalho interpôs recurso administrativo em feito que o consulente havia indeferido liminarmente a instauração do inquérito civil.

Descreve assim o consulente o caso em questão:

Trata-se de hipótese em que a denúncia foi

formulada via e-mail por Delegada de Polícia Federal perante Procuradora do Trabalho que não detém atribuição para a investigação, Procuradora esta que apenas encaminhou a notícia à PTM com atribuição para a investigação. No caso Delegada de Polícia Federal em Curitiba que procedeu à prisão de um estrangeiro acreditou estar havendo possível utilização irregular de mão de obra estrangeira e comunicou a prisão dele a uma das Procuradora do Trabalho lotadas em Curitiba via e-mail, sendo que esta Procuradora,

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ao constatar que a possível irregularidade trabalhista estaria ocorrendo em cidade incluída na circunscrição da PTM de Luziânia, encaminhou o e-mail respectivo a esta PTM, onde foi instaurada a notícia de fato.

Indeferida liminarmente a instauração de inquérito civil, nos termos do Art. 5º da Resolução n. 69/2007 do CSMPT, foi determinada a cientificação pessoal de Representante e Representado, considerando-se como Representante apenas e tão somente a Delegada de Polícia Federal que originariamente comunicou o fato à nobre Procuradora do Trabalho.

Tomando conhecimento do indeferimento de instauração de inquérito civil, a nobre Procuradora interpôs recurso administrativo, defendendo sua legitimidade para recorrer no fato de que o membro que age por dever de ofício tem interesse na atuação do MPT, por força do Princípio da Unidade do MP, conforme já foi esclarecido por essa CCR quando da revisão da sua Orientação n. 12.

Por sua vez, cientificada, a autoridade comunicante do fato denunciado não interpôs recurso contra o indeferimento do

pedido de instauração de inquérito civil.

Argumentou o Procurador do Trabalho Raimundo Paulo dos Santos Neto que, no seu entendimento, a Procuradora do Trabalho que encaminhou a notícia sobre o fato à PTM de Luziânia não agiu por dever de ofício ou de ofício, não podendo ser considerada Representante, uma vez que apenas teria adotado providências para fazer chegar a denúncia ao conhecimento da Procuradoria do Trabalho com atribuição para investigá-la. Questiona, em suma, a legitimidade da Procuradora do Trabalho de Curitiba para recorrer. Cita, em defesa de sua tese, que, a respeito do assunto, já foi

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editada a Orientação nº 12 pela CCR, e que a matéria já foi objeto de debate no bojo do Processo PGT/CCR nº 3337/2011.

Diante da informação de que a consulta estava atrelada a um caso concreto, solicitou-se ao Procurador do Trabalho consulente, para melhor compreensão da situação em que pautou seu pleito, que informasse o procedimento a que se referia, bem como encaminhasse cópia dos autos.

Em atendimento a referida solicitação, o ilustre colega encaminhou os autos da NF 000104.2013.18.002/2, que foi autuada nesta Câmara de Coordenação e Revisão sob o número 4836/2014 e a mim distribuída por dependência.

Do exame da citada notícia de fato, verifica-se às fls. 04/19 a denúncia, o recurso administrativo interposto pela Procuradora do Trabalho Cristiane Maria Sbalqueiro Lopes às fls. 28/46, e ao verso da fl. 48 o seguinte despacho exarado pelo Procurador do Trabalho Paulo Neto:

“DESPACHO

Considerando a ausência de interposição de recurso pela autoridade denunciante, seria o caso de se dar cumprimento ao item 5 do despacho de fls. 23- verso. No entanto, a Exma. Procuradora do Trabalho que encaminhou a denúncia a esta PTM interpôs recurso defendendo sua legitimidade, sob o fundamento de que este Procurador determinou exclusivamente a notificação dos noticiados, bem como que possui interesse de recorrer por ter agido de ofício (fls. 28-30).

Sobre o primeiro argumento, resta esclarecer que em nenhum momento este Procurador determinou a notificação exclusiva dos noticiados para tomarem conhecimento do

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indeferimento de instauração de inquérito civil. O item 2 do despacho de fls. 23 é expresso ao determinar a cientificação pessoal de Representante e Representado, considerando como representante apenas a Delegada de Polícia Federal. Ocorre que o recurso da nobre Procuradora foi interposto antes da notificação da autoridade policial que comunicou o fato à nobre Procuradora Recorrente. Constatado este fato, foi determinada a notificação pessoal da referida autoridade comunicante (fls. 46-verso), que, por sua vez, não interpôs recurso (fls. 48).

Em relação ao segundo argumento, este Procurador já externou seu entendimento no despacho de fls. 46-verso, não considerando a nobre Procuradora do Trabalho como Representante devido ao fato desta não ter agido de ofício, mas apenas encaminhado a notícia à Procuradoria do Trabalho com atribuição para tanto.

De qualquer modo, foi elaborada consulta à Câmara de Coordenação e Revisão do MPT. Caso esse Eg. Colegiado entenda por considerar a nobre Procuradora do Trabalho como Representante, o recurso por ela interposto terá seguimento regular. Caso contrário, cumprir-se-á o determinado no despacho de arquivamento dos presentes autos.”

É o relatório.

CONHECIMENTO

Em que pese o contorno de consulta conferido pelo ilustre Procurador do Trabalho Raimundo Paulo dos Santos Neto a sua petição, tenho que a situação posta a apreciação trata-se na verdade de matéria afeta ao exame de admissibilidade do recurso apresentado pela Procuradora do Trabalho Cristiane Maria Sbalqueiro Lopes nos autos da NF

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0104.2013.18.002/2, e que deve ser analisada estritamente no bojo daquele procedimento.Portanto, entendo que a consulta não deve ser conhecida.

Com efeito, o modo como o Procurador do Trabalho Raimundo Paulo dos Santos Neto procedeu em face da interposição de recurso pela douta colega Dra. Cristiane Sbalqueiro apresentou-se desnecessário para a solução da controvérsia em torno do recurso, bem como pode ter acarretado prejuízo às investigações da denúncia apurada na NF 0104/2013, visto que ao deixar de remeter o recurso administrativo apresentado à Câmara de Coordenação e Revisão nos termos do art. 10-A da Resolução nº 69/2007 do CSMPT e decidir questionar a legitimidade recursal da Procuradora do Trabalho por meio de consulta à CCR, para somente após a apreciação desta remeter ou não os autos a este Colegiado, teve-se o transcurso de um período de quase seis meses desde a apresentação do apelo.

Veja que no tocante ao procedimento de consulta à Câmara de Coordenação e Revisão, diversamente das hipóteses de recurso administrativo prevista na Resolução nº 69/2007, não há previsão de prazo fatal, embora deva claramente este Colegiado solucionar as consultas que lhe são formuladas pelos membros do Ministério Público com a devida celeridade. Com isto, o recurso administrativo só veio a ser encaminhado à Câmara de Coordenação e Revisão após a solicitação desta relatora sobre informações acerca do procedimento, ao passo que a divergência do Procurador do Trabalho Paulo Neto sobre a legitimidade recursal na hipótese poderia ter sido apreciada de imediato quando da análise do recurso.

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Ademais, o questionamento sobre quem se enquadra à condição de representante, representado ou interessado, mencionados nos dispositivos da Resolução nº 69/CSMPT, já me parece solucionado pela Orientação nº 12 desta Câmara de Coordenação e Revisão, que deixa claro a presença do interesse efetivo no procedimento a autorizar a ciência da decisão e a interposição de recurso. Assim, entendo que qualquer divergência acerca do interesse manifestado por alguma pessoa física ou jurídica em inquérito civil deve ser examinado pontualmente, em especial para fins de legitimidade para recorrer das decisões que indeferem a instauração de inquérito civil ou promovem seu arquivamento.

Logo, voto pelo não conhecimento da consulta.

Adiante, haja vista que a questão que ensejou a presente consulta, tal como dito anteriormente, trata-se na verdade de preliminar de ilegitimidade recursal argüida pelo Procurador do Trabalho Raimundo Paulo dos Santos Neto diante do recurso interposto pela Procuradora do Trabalho Cristiane Maria Sbalqueiro Lopes nos autos da NF 0104.2013.18.002/2, e considerando o tempo transcorrido desde a apresentação do apelo, passo ao imediato exame do recurso, visando, caso seja julgado procedente o apelo, à efetividade de futura investigação.

Cuida o PP 4836/2014 (NF 104/2013) de procedimento instaurado para apurar denúncia apresentada por Delegada de Polícia Federal ao Ministério Público do Trabalho em Curitiba sobre possível aliciamento de mão de obra estrangeira de forma irregular em fazenda no Estado de Goiás.

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A documentação acostada junto ao encaminhamento dado pela Procuradora do Trabalho de Curitiba Cristiane Sbalqueiro dá conta de que o referido aliciamento buscava, em tese, manter uma situação irregular de estada de estrangeiro em solo brasileiro, objetivando a exploração de seu trabalho, embora detivesse direito desde o início de sua estada ao acordo de residência do MERCOSUL.

O ilustre colega Paulo Neto concluiu pelo indeferimento de instauração de inquérito civil nos seguintes termos:

“Conforme restou demonstrado, a presente Notícia de Fato foi instaurada após o envio de e-mail por parte de Delegada de Policia Federal ao MPT no Estado do Paraná, devido ao fato daquela autoridade policial acreditar que estaria havendo o uso de mão de obra estrangeira de forma irregular (fls. 04).

No entanto, pelo relato do estrangeiro JAIME ARENAS TABORDA, não há comprovação de aliciamento e/ou tráfico algum de trabalhadores, vez que não há relatos da presença de outros trabalhadores estrangeiros no local .

Ao se referir à nacionalidade de vários estrangeiros no local, o estrangeiro JAIME ARENAS TABORDA faz referência aos proprietários dos imóveis onde ele trabalhou e não a outros trabalhadores, como o Sr. CHRISTOF RABANOS, alemão que é proprietário de uma das obras (fls. 06).

De outro lado, ao depoimento deste estrangeiro não se deve dar credibilidade suficiente à instauração de procedimento investigatório no âmbito do Ministério Público do Trabalho, vez que a esta pessoa foi imputada a prática de diversos crimes, estando, inclusive, preso, conforme se vê no boletim de ocorrência e demais documentos juntados fls. 09-19.”

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A Procuradora do Trabalho Cristiane Sbalqueiro recorreu da decisão apresentando os seguintes argumentos:

“A recorrente recebeu notícia da Delegada de Polícia Federal, Dra. Patrícia Sarkis, que efetuou a prisão de estrangeiro, vítima de atos abusivos decorrentes de sua condição de estrangeiro em situação irregular. A delegada noticiante foi a responsável pela prisão do trabalhador, em cumprimento a ordem emanada da Justiça Estadual da Comarca de Alto Paraíso.

O trabalhador foi acusado de roubar um veículo pelo próprio patrão, mas, para a delegada, as informações prestadas pelo trabalhador preso fizeram duvidar da legalidade da própria prisão, o que motivou a comunicação do fato ao Ministério Público do Trabalho.

Os depoimentos prestados tanto no inquérito que originou a prisão quanto pelo trabalhador preso (este perante a Delegacia de Polícia Federal de Curitiba) acompanharam a notícia de fato e neles consta todas as informações ora repetidas nessas razões recursais.

É incontroverso que os noticiados utilizaram a mão-de-obra do trabalhador, de maneira irregular, e há indícios de que houve abuso, qual seja, de que os empregadores, a sabendas do temor natural dos imigrantes em relação às autoridades migratórias, abusaram de sua posição de empregadores, ou de tomadores de serviço.

Se esses indícios vierem a revelar-se fatos, implicarão em discriminação odiosa vedada pelo ordenamento jurídico brasileiro, além de crime de denunciação caluniosa, motivada por conflito de natureza laboral, com implicações óbvias nos direitos fundamentais e indisponíveis do trabalhador.

Só o fato da notícia envolver trabalhador estrangeiro já justificaria a atuação do MPT, pois o tema “trabalho

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estrangeiro” está previsto no temário unificado (9.16) e é assim em razão da condição de vulnerabilidade especial desse grupo de pessoas.

A questão da eventual redução a condição análoga à de escravo demandaria instrução probatória, porém, desde logo, o tema envolve direitos humanos fundamentais (direito a vida, a liberdade, ao trabalho digno), que podem estar sendo desrespeitados na hipótese, merecendo uma averiguação por parte do parquet social.

Não são razões juridicamente defensáveis para o indeferimento liminar da representação as apontadas pelo Exmo. Procurador do Trabalho, quais sejam, a) o desprezo às informações prestadas por Delegada de Polícia, e b) não conferir credibilidade ao depoimento do trabalhador envolvido, por ser o mesmo “estrangeiro” e por estar “preso”.

Com respeito ao primeiro argumento, cumpre transcrever o motivo da suspeita lançada pela Exma. Delegada de Polícia Federal, em missiva encaminhada a esta recorrente (que segue em anexo):

“De acordo com os boletins de ocorrência, verifiquei que o fato foi registrado em abril, sendo que teria ocorrido em fevereiro. Achei estranho porque registraram furto de um veículo (que teria sido levado pelo estrangeiro) depois de dois meses. E pelos boletins, verifica-se que ele foi contratado diretamente pelos proprietários e havia arquitetos no local. Enfim, achei tudo muito estranho, depois de ler tudo.”

Com respeito ao segundo argumento, data vênia, mas a circunstância de estar o trabalhador preso é justamente o fundamento da representação. Especialmente porque o que se questiona é a legalidade da prisão, que pode ter decorrido de erro

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judiciário, provocado intencionalmente pelos “proprietários” como represália em razão de um conflito de natureza trabalhista.”

Pois bem.

No tocante a legitimidade da Dra. Cristiane Sbalqueiro para recorrer, ao contrário da conclusão do Dr. Paulo Neto de que a colega teria apenas encaminhado à PRT da 18ª Região denúncia a ela erroneamente dirigida, uma vez que não deteria atribuição para apuração do fato noticiado, entendo que a Procuradora do Trabalho atuou conforme seu ofício e no interesse efetivo do Ministério Público do Trabalho.

Consta à fl. 04 dos autos do PP n. 4836/2014, email encaminhado pela Delegada de Policia Federal à colega do MPT no Paraná, no qual a autoridade policial comunica formalmente o Ministério Público sobre a possível infração de ordem trabalhista e requer à Procuradora do Trabalho, que após apreciação, envie a notícia para o MPT em Goiás ou oriente a delegada sobre como proceder. Veja, portanto, que a Procuradora do Trabalho no Estado do Paraná foi instada a examinar os fatos e, em seguida à análise do quanto noticiado e dos documentos apresentados, convenceu-se da necessidade de atuação do Parquet trabalhista, encaminhando tudo à PRT da 18ª Região, unidade com atribuição em razão da localidade em que supostamente ocorria o aliciamento de trabalhadores estrangeiros.

Logo, diante da provocação da autoridade policial, a Procuradora do Trabalho tomou parte na instauração da investigação, o que lhe legitima a recorrer da decisão de indeferimento de instauração de inquérito

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civil. Não se trata da posição de representante, mas de interessada, cujo interesse jurídico apresentado é o institucional.

Assim, superada a questão da legitimidade, e considerado que a recorrente não fora cientificada da decisão de indeferimento, para fins de exame da tempestividade, conheço do recurso administrativo.

No mérito, voto pelo provimento do apelo. A denúncia apresentada ao Ministério Público foi feita por autoridade policial convicta da suspeita da prática de aliciamento de trabalhadores estrangeiros. Em hipóteses como estas, o mínimo de instrução probatória se faz necessária para afastar a dúvida levantada. Veja que no caso a apreensão da Delegada de Polícia foi fundamentada em elementos fáticos – o lapso temporal de dois meses para registro do furto de um veículo e a contratação direta pelos proprietários, embora houvesse arquitetos no local das construções.

Além disso, consta do depoimento a declaração do Sr. Jaime de que este teria recebido e-mails de alguns dos investigados, onde diziam que era para o declarante devolver as ferramentas de trabalho, pois senão seria denunciado por causa de sua situação irregular de estrangeiro, sendo que, conforme depoimento, o declarante teria procurado os investigados em momentos anteriores para regularizar sua estada no país. Ora, tal depoimento não pode ser simplesmente desvalorizado pelo fato do Sr. Jaime encontrar-se privado de sua liberdade em decorrência de uma prisão. Tal condição por si só não pode induzir ao descrédito de declarações prestadas por quem pode ser vítima de uma infração de ordem trabalhista. A veracidade da denúncia somente pode ser avaliada por meio de investigação.

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Nesses termos, considerando o teor da denúncia, entendo que a atuação ministerial se impõe, devendo os autos da NF 104/2013 (PP4836/2014) retornar a origem para que se dê continuidade a investigação. Logo, dou provimento ao recurso.

CONCLUSÃO

Ante o exposto, voto pelo não conhecimento da consulta formulada nos autos do PP 19724/2013, nos termos da fundamentação.

Quanto ao recurso apresentado nos autos do PP 4836/2014, voto pelo conhecimento e provimento do recurso administrativo apresentado pela Procuradora do Trabalho Cristiane Sbalqueiro, devendo os autos da NF 104/2013 (PP4836/2014) retornar a origem para que se dê continuidade a investigação.

Remeta-se ainda cópia integral dos autos do PP 19724/2013 e do PP 4836/2014 ao Corregedor do Ministério Público do Trabalho para apreciação e providências que entender cabíveis.

Brasília, 28 de abril de 2014.

IVANA AUXILIADORA MENDONÇA SANTOS SUBPROCURADORA-GERAL DO TRABALHO

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