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Os riscos de contaminação da água para consumo: um estudo sobre o conhecimento dos estudantes

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Academic year: 2021

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20440 - Os riscos de contaminação da água para consumo: um estudo sobre o conhecimento dos estudantes

Contamination risks of drinking water: a study of students knowledge

ALMEIDA, Rafael N.¹; VEIGA, Yuri F. Q.¹; SOUZA, Manoel V.¹; RODRIGUES, Rafael F.¹; GOBBO, Sâmia D'Ângelo. A.²

1 Acadêmicos do Instituto Federal do Espírito Santo, Campus Alegre, rafaelcabral1500@gmail.com; yfqv@hotmail.com; vaillantmanoel@gmail.com; rafael_rodrigues_10@hotmail.com; 2 Professora do

Instituto Federal do Espírito Santo, Campus Alegre, sdagobbo@ifes.edu.br.

Resumo

A água utilizada para consumo, devido à sua escassez, continuará em pauta nas discussões de ecologistas e empresários. A água tratada nas redes públicas de tratamento e a água mineral são hoje, as mais utilizadas para beber. Estudos têm mostrado a presença de resíduos prejudiciais em águas provenientes de redes públicas de tratamento, e também inadequações em água mineral envasada. Para que haja um controle constante da qualidade da água, é necessário a construção de uma cultura para o consumo. O objetivo do trabalho foi avaliar o conhecimento de alunos da rede pública estadual na cidade de Jerônimo Monteiro, Espírito Santo, Brasil, a respeito da água de beber consumida por eles. Os alunos apresentaram um conhecimento não satisfatório a respeito da qualidade da água que consomem. Assim são necessários trabalhos de educação ambiental sobre o tema. Palavras-chave: Água; água mineral; contaminação; educação ambiental.

Abstract: The water used for consumption, due to its scarcity, remains on the agenda of ecologists and businessmen. Water treated at public treatment and mineral water are now the most commonly used for drinking. Studies have found harmful residues in water from public treatment stations, and also inadequacies in mineral bottled water. A culture for consumption is necessary to control the quality of water. This work evaluated the knowledge of students from public schools in Jerônimo Monteiro, Espírito Santo, Brazil, when it comes to their consumption of drinking water. The students presented little knowledge about quality of water.

Keywords: Water; mineral water; environmental education. Introdução

De acordo com Arrais (2011), a água de beber continuará na pauta das discussões de ecologistas e empresários, por sua importância estratégica, e por ser considerada um bem de consumo sujeito à escassez e, considerado raro em muitos lugares do planeta.

Em relação a água potável, o Capítulo II da Portaria n°2914, de 12 de dezembro de 2011 do Ministério da Saúde, em seu Artigo 5°, inciso I assim a define: “Água para consumo humano – água potável destinada à ingestão, preparação e produção de alimentos e à higiene pessoal, independentemente da sua origem.” Atualmente, os

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tipos de água mais utilizados para o consumo humano são: a água proveniente da rede pública de tratamento e a água mineral envasada.

No que diz respeito à água proveniente da rede pública de tratamento, ao se analisar o funcionamento das estações de tratamento de água para abastecimento público no Brasil, principalmente quanto à forma de disposição dos resíduos gerados nos decantadores e filtros, Achon et al. (2013) assevera que se faz necessária uma discussão mais profunda para que a cultura de gestão de qualidade se torne uma prática nas estações de tratamento.

No que se refere à água mineral, o artigo 1º do Decreto Lei nº 7841 do Código de Águas Minerais, define que: águas minerais são aquelas provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas que se diferenciam da água comum possuindo características medicamentosas.

Acredita-se que o Brasil, acompanhando a tendência internacional, alcançará um lugar de destaque em relação à produção, consumo e intercâmbio internacional de água envasada (CAETANO, 2009).

Ao contrário do que se possa pensar, a água mineral não é totalmente segura para consumo. Estudos realizados por Zan et al. (2013) apontaram que na prática, a água mineral não é um produto isento de contaminação, podendo oferecer os mesmos riscos à saúde humana, que a água oferecida pela rede de abastecimento.

Essa informação corrobora com afirmações de estudos anteriores. Em 1974, em Portugal, a água mineral não carbonatada e engarrafada foi considerada o veículo de transmissão de cólera, sendo que nesta epidemia aproximadamente 3000 pessoas foram acometidas (GONZALEZ et al., 1987 apud SANT'ANA et al., 2003). Esses fatos comprovam a exposição da saúde da população a riscos provenientes do consumo de águas minerais com qualidade microbiológica duvidosa.

Com tudo isso, ao se estudar sobre o conhecimento a respeito da água consumida, entender o comportamento dos consumidores, suas preferências, os aspectos culturais determinantes da sua tomada de decisão, tem uma importância especial, na medida em que este consumidor é ator fundamental para a preservação do recurso, por meio de escolhas sustentáveis e ecologicamente correta (ARRAIS, 2011), cultura essa, que pode ser transmitida por meio de trabalhos de educação ambiental.

A qualidade da água é de suma importância para a manutenção da saúde da população, principalmente das crianças, das pessoas mais idosas e daquelas que sofrem de alguma deficiência orgânica, uma vez que estas são mais susceptíveis aos contaminantes mais frequentemente encontrados na água (HUNTER, 2003). O objetivo deste trabalho foi avaliar o nível de conhecimento de alunos da rede pública estadual da cidade de Jerônimo Monteiro, estado do Espírito Santo, a respeito dos possíveis riscos de contaminação da água utilizada para consumo a fim de verificar a necessidade da intensificação de trabalhos de educação ambiental nessa temática.

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Metodologia

Este estudo caracteriza-se como pesquisa descritiva, que procura analisar a frequência de ocorrência de um fenômeno, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características, sem manipulá-lo (CERVO; BERVIAN, 1993).

Como instrumento para a coleta de dados, foi utilizado um questionário elaborado com base na proposta de Duarte (2010), composto por 31 questões, sendo 17 questões fechadas, 12 dicotômicas e três dependentes. O trabalho de campo foi realizado em outubro de 2014 com 40 alunos do 8° ano do Ensino Fundamental e do 1° ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Jerônimo Monteiro”, localizada na cidade de Jerônimo Monteiro, Espírito Santo, Brasil. A participação foi voluntária.

Para análise dos dados foi empregada a distribuição de frequência referente às variáveis do questionário, calculando-se a frequência relativa.

Resultados e discussões

Ao serem questionados sobre o tipo de água que consomem, 51% dos alunos afirmaram consumir somente água tratada que chega até as suas casas, e 49% afirmaram consumir também água mineral além da água tratada que chega pela rede pública de distribuição, que eles denominam “água da torneira”. Cerca de 57% dos alunos, disseram não conhecer a origem da água que consomem, sendo que 49% acreditam que possa haver algum risco de contaminação ao consumir a água disponível. Resultados semelhantes foram discutidos por Duarte (2010), quando ressalta que uma preocupação são as limitações dos sistemas de tratamento de água para o abastecimento das cidades. Esses sistemas apesar de atender as exigências legais, não conseguem remover todos os contaminantes da água. Essa informação é preocupante, pois, para que se possa saber quais os possíveis riscos do consumo de água, é necessário primeiramente conhecer a procedência da mesma.

Outro fato preocupante é que grande parte dos alunos afirmou consumir uma água que não considera segura para o consumo. Uma alternativa de trabalho de educação ambiental para a escola seria, portanto, desenvolver trabalhos de pesquisa com os alunos para obter conhecimento acerca da procedência e a qualidade da água que é distribuída pela rede pública.

Esse consumo, mesmo sem saber a procedência pode ter uma possível justificativa no fato de que 46% apontaram que acham seguro consumir água da torneira com tratamentos adicionais como o filtro, por exemplo. A confiança no tratamento de água utilizando filtro de barro tem sido questionada em alguns trabalhos. Porém, um estudo de Scalize et al. (2013), apontou que a filtração em cerâmica microporosa (semelhante as velas dos filtros de barro convencionais) se mostrou eficiente na filtração da água sendo uma boa alternativa para pequenas comunidades, embora necessitem do desenvolvimento de um sistema automatizado de limpeza.

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Dos alunos que consomem também a água mineral, além da água da distribuição da rede pública, 49% afirma que escolhe a água mineral que consome pela facilidade na obtenção da mesma, 32% atestam pelo melhor sabor da água, e 19% optam por ela por causa do baixo preço. O fato de a maior parte utilizar a facilidade como critério de escolha é algo que merece atenção, pois nem sempre a água mineral de fácil acesso é aquela que possui melhor qualidade higiênico sanitária.

Ao serem questionados sobre a preferência entre água mineral ou da rede pública, 76% apontaram que consideram a água mineral melhor do que a água tratada da torneira, sendo que destes, a maior parte (54%) justificou a preferência pela não presença de cloro na água mineral, e 17% afirmaram preferir por não conter contaminantes oriundos das tubulações.

Quando o assunto são os contaminantes que podem estar presentes na água natural, 41% acreditam que a água mineral pode estar isenta de contaminação. Da mesma forma, 65% considera o plástico dos garrafões de água mineral apropriados para armazenar água para o consumo humano. A respeito disso, é importante lembrar que o Artigo 30 do Decreto-Lei Nº 7841, de 08 de agosto de 1945 do Código de Águas Minerais do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) define que: os recipientes destinados ao engarrafamento da água para o consumo deverão ser de vidro transparente, de paredes internas lisas, fundo plano e ângulos internos arredondados, e com fecho inviolável, resistente a choques, aprovados pelo DNPM. Desta forma, para que a água seja comercializada em embalagens plásticas é necessária a aprovação do DNPM em relação às qualidades higiênicas das fontes mediante a realização de no mínimo quatro exames bacteriológicos por ano, sendo que a repartição fiscalizadora poderá exigir quantas e quais análises microbiológicas que achar necessária, o que é assegurado pelo Artigo 27 do decreto citado.

Nas questões relativas aos riscos de consumo de água mineral, 70% afirmaram que não há riscos em beber água mineral, enquanto 30% acreditam que há riscos. As considerações mais citadas para o consumo foram: escolher uma boa marca, e inspecionar o garrafão. Este resultado remete aos estudos de Von Sperling (1996), onde afirma que o assunto “água potável” requer um conhecimento mais profundo para que aspectos normalmente não ressaltados pelo público sejam também levados em consideração, uma vez que a qualidade da água não se resume ao simples cumprimento da legislação. Vale destacar que, no dia 29 de janeiro de 2014 foi publicado no Diário Oficial da União, que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) determinou a interdição cautelar de um lote de água mineral devido as análises terem detectado a presença de um tipo de bactéria acima do limite estabelecido na legislação sanitária, qual seja, a Resolução-RE n.250, de 28 de janeiro de 2014.

Conclusão

Os respondentes apresentam conhecimento insatisfatório sobre o assunto. Portanto sugere-se a realização de trabalhos de educação ambiental voltado para o consumo de água de modo seguro, disponibilizando-se informações sobre a água por eles

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Referências bibliográficas:

ACHON, C. L.; BARROSO M. M.; CORDEIRO J. S. Resíduos de estações de

tratamento de água e a ISO 24512: desafio do saneamento brasileiro. Artigo técnico.

Revista Engenharia Sanitária Ambiental, v.18 n.2. abr/jun 2013. p.115-122. 2013. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RE n.250, de 28 de janeiro de 2014. Diário Oficial da União, de 29 de janeiro de 2014, Seção 1, p.59. 2014.

ARRAIS, F. S. S. Aspectos determinantes para o consumo de água de beber. Dissertação (mestrado) - Universidade de Fortaleza; 101 p. 2011.

CAETANO, L. C. - ACV Consultores Associados LTDA. Produto 31 - Água Mineral;

Relatório Técnico 57: Perfil da Água Mineral. Ministério de Minas e Energia - MME.

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CERVO, A.L. e BERVIAN, P.A. Metodologia Científica: para uso dos estudantes universitários. 3ª Edição. São Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1983.

DUARTE, V. M. Qualidade da água potável consumida na cidade de Salvador

-Bahia. Dissertação (mestrado). Universidade Católica de Salvador. Victor Magalhães

Duarte. 188 p. Salvador, 2010.

HUNTER, B. T. Água e sua Saúde. Publicação Básica de Saúde. Apostila traduzida. Fórum de Qualidade da Água, SP, 2003.

MINISTÉRIO DA SAÚDE - Portaria Nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. 38p. 2011.

SANT'ANA, A.; SILVA, S. C. F. L.; FARANI, I. O. Jr.; AMARAL, C. H. R.; e MACEDO, V. F. Qualidade Microbiológica de Águas Minerais. Campinas, 23(Supl): 190-194, dez. 2003.

SCALIZE, Paulo S.; TEIXEIRA, André L.; TERAN, Francisco J.C.; ALBUQUERQUE, Antônio. Filtração em cerâmica microporosa aplicada à remoção de cor e turbidez de água para abastecimento público. Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 10, n. 1, p.64-74, jan/fev. 2013.

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esgoto. Belo Horizonte. Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental

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ZAN, R. A.; VIEIRA, F. G.; BAVARESCO, M. F. e MENEGUETTI, D. U. O. Avaliação da qualidade de águas minerais comercializadas nas cidades do Vale do Jamari, Amazônia Ocidental, Rondônia - Brasil. Revista Saúde Pública, Florianópolis, Santa Catarina. v.6, n.4, p. 19-26, out./dez. 2013.

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