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LEI DE TORTURA Lei nº 9.455/97

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Direito Administrativo – De

na Súmula!!!

LEI DE TORTURA

Lei nº 9.455/97

Ed. 2020

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Direito Administrativo – De

na Súmula!!!

Manual Caseiro Instagram: @manualcaseiro E-mail: manualcaseir@outlook.com Site: www.meumanualcaseiro.com.br

Lei de Tortura – Lei nº 9.455/97

LEI DE TORTURA

Lei nº 9.455/1997

Prezado aluno, passaremos nesse momento ao estudo da Lei de Tortura. O presente material tem por objetivo reunir todas as informações que o candidato precisa para resolver questões dos certames públicos. Dessa forma, nosso material trouxe uma abordagem doutrinária sobre o tema objeto de estudo, a legislação (lei seca), questões que já foram cobradas pela Banca CESPE, questões já cobradas em concurso público pelas diversas bancas.

Analisando as questões anteriores dos certames públicos, constatamos uma maior incidência de cobrança da literalidade da legislação (Lei n. 9455/97). Desse modo, enfatizamos a necessidade de uma leitura atenciosa dos dispositivos legais. Além disso, o dispositivo mais exigido o conhecimento foi o Art. 1º, o qual consagra as formas de tortura.

Feita as devidas considerações iniciais, vamos ao conteúdo! Bons estudos, #TmJuntos!

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1. Legislação

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa; II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos. §1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

§ 2º Aquele que se OMITE em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

II - se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

III - se o crime é cometido mediante sequestro.

§ 5º A condenação ACARRETARÁ A PERDA DO CARGO, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.

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2. Noções Introdutórias

Inicialmente, cumpre observamos em que contexto se desenvolveu a regulamentação da Lei de Tortura no âmbito mundial e interno, leia-se, no Ordenamento Jurídico Brasileiro.

Logo após o final da 2ª Guerra Mundial nasce um movimento de repúdio a tortura.

No cenário mundial houve a aprovação de várias Convenções e Tratados combatendo a prática da tortura, convenções essas que foram, inclusive, ratificadas pelo Brasil.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948, consagrou, em seu artigo V, o princípio básico de que ninguém será

submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Por outro lado, no cenário brasileiro, foi somente com o advento da Constituição Federal de 1988, conhecida como “Constituição Democrática ou Cidadã” que fora introduzido entre o rol de direitos fundamentais o direito de não ser submetido à tortura.

Conforme proclama a Constituição Federal, ninguém será submetido a tortura e nem a tratamento desumano ou degradante. Além da referida proteção jurídica constitucional, a CF enquadrou o delito de tortura como crime equiparado a hediondo, aplicando a este os mesmos gravames dos crimes hediondos.

Ressalta-se, tem doutrina argumentando no sentido de que o direito de não ser torturado ao lado do direito de não ser escravizado constituem as únicas hipóteses em que o direito fundamental possuirá natureza absoluta.

3. Fundamento Constitucional

Segundo o art. 5º, III da Constituição Federal:

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; (mandado de constitucional implícito vedando a tortura).

Por outro lado, o art. 5, XLIII declina:

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da

tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como

crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. (mandado de constitucional explícito)

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A Constituição Federal ao teor do seu art. 5º, XLIII trouxe um mandado de criminalização relacionado ao crime de tortura.

Candidato, o que são mandados de criminalização? Os mandados de criminalização são ordens emitidas pela Constituição Federal ao legislador ordinário no sentido da criminalização de determinados comportamentos.

Ante a explicação, contemplamos que mandados constitucionais de criminalização (ou de penalização) são mandamentos direcionados ao legislador ordinário, para que criminalize determinadas condutas ou estabeleça um tratamento penal mais severo.

Nas lições do Professor Fábio Roque, a Constituição não criminaliza a conduta, porém “manda” o legislador ordinário fazê-lo.

Nesse sentido, após a edição do mandado de criminalização, o qual implicitamente determinou a regulamentação da matéria por lei ordinária, vários diplomas legais surgem para regulamentar a prática da tortura.

Candidato, após o mandado de criminalização, qual foi a legislação a regulamentar a tortura no Ordenamento Jurídico Brasileiro? Excelência, foi somente com o advento do ECA que tivemos no Brasil a primeira legislação a regulamentar o tratamento aplicado a prática de tortura. Contudo, essa incidência tinha sujeito passivo restrito, ou seja, apenas criança ou adolescente que poderia ser considerada vítima. Ante o exposto, temos que para suprir essa lacuna de regramento infraconstitucional, inicialmente, criado o delito de tortura contra menores, descrito no art. 233 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Vejamos:

Art. 233. Submeter criança ou adolescente, sob sua autoridade, guarda ou vigilância a tortura:

Pena – reclusão, de um a cinco anos. § 1 Se resultar lesão corporal grave: Pena – reclusão, de dois a oito anos.

§ 2 Se resultar lesão corporal gravíssima: Pena – reclusão, de quatro a doze anos. § 3 Se resultar morte:

Pena – reclusão, de quinze a trinta anos.

4. Evolução histórica da Regulamentação do Crime de Tortura no O. Jurídico

Brasileiro

As regulamentações sobre a prática da tortura passam a se incorporar no Ordenamento Jurídico Brasileiro logo após o advento da Constituição Cidadã (CF de 1988), a qual nos trouxe mandados constitucionais de criminalização.

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Nesse contexto, conforme explicado acima, a Lei nº 8.069/90 (ECA) foi o primeiro diploma legal no âmbito interno a definir o crime de tortura.

Disciplinada ao teor de seu art. 233 do ECA, conforme a referida legislação apenas a criança ou adolescente poderia ser vítima do crime de tortura.

Lembre-se! Nessa fase de regulamentação pelo ECA se a vítima não fosse criança e/ou adolescente, não era enquadrado a conduta como crime de tortura, posto que somente criança ou adolescente poderiam ser vítima do crime de tortura.

Em seguimento, em meados de 90 ainda, a Lei dos Crimes Hediondos, Lei nº 8.072/90 equiparou a tortura aos crimes hediondos, lhes aplicando as mesmas consequências jurídicas impostas aos crimes hediondos.

Foi somente com o advento da Lei nº 9.455/97, lei ora objeto de nosso estudo, que o art. 233 do ECA fora revogado, passando a referida legislação a regulamentar a prática de tortura no Ordenamento Jurídico Brasileiro.

Por fim, e não menos importante, a Lei nº 12.847/13 institui o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura. Cumpre salientar que, referida lei não cria crimes e nem comina penas. Não é lei penal, complementa a 9.455/97 contemplando medidas de combate à tortura. Desse modo, contemplamos um rápido histórico das legislações do OJ brasileiro que se debruçaram a regulamentar a temática.

QUADRO

EVOLUTIVO

Lei n. 8.069/90

(ECA)

Lei n. 8.072/90

(Hediondos)

Lei n. 9455/97

(Tortura)

Lei n.

12.847/13

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Lei de Tortura no Ordenamento Jurídico Brasileiro versus Tratados Internacionais

No Ordenamento Jurídico Brasileiro, a Lei de Tortura diverge em dois pontos em relação aos Tratados Internacionais:

• No Brasil, a Lei nº 9.455/97 não exige a condição de autoridade do sujeito ativo, ou seja, qualquer pessoa pode figurar como torturador, não há exigência na lei para que se tenha condição especial do agente, de modo que, não necessita para a configuração do delito que a tortura seja praticada exclusivamente por agentes do Estado.

No Brasil, tanto o funcionário público quanto o particular podem ser sujeitos ativo do crime de tortura. Trata-se de crime comum. Isso porque o tipo não exige qualidade ou condição especial do agente, podendo qualquer pessoa pode figurar como vítima.

No plano internacional (Tratados Internacionais), o crime de tortura somente pode ser praticado por agente público, ou seja, é crime próprio.

No Brasil, em virtude de sermos o único país em que não se exige a qualidade especial de agente público, o crime de tortura ficou conhecido como “crime de jabuticaba”, posto que essa fruta só existe no Brasil, fazendo analogia ao fato de que, somente no Brasil o crime de tortura é crime comum (não exige qualidade especial do agente).

CRIME DE JABUTICABA. Vamos de imagem para recordar na hora da prova?!

Assim, embora os tratados internacionais e demais ordenamentos tratem do crime de tortura como sendo ele um crime próprio, que exige alguma característica especial do agente, apenas no Brasil o crime de tortura é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.

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JÁ CAIU CESPE: O crime de tortura é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, não

sendo próprio de agente público, circunstância esta que, acaso demonstrada, determinará a incidência de aumento da pena.

CERTO.

JÁ CAIU CESPE: Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2013 -

TJ-DFT - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador. O crime de tortura é considerado crime comum, uma vez que não se exige qualidade ou condição especial do agente que o pratica, ou seja, qualquer pessoa pode ser considerada sujeito ativo desse crime.

CERTO.

Complementando ainda, sobre o crime de tortura não ser crime próprio no OJ Brasileiro, discorre explica Victor Eduardo Rios Gonçalves (Legislação Penal Esquematizado):1

O crime de tortura não é próprio, vale dizer, pode ser cometido por qualquer pessoa, e não

apenas por policiais civis ou militares. Essa opção do legislador não retrata fielmente a

Convenção Internacional assinada pelo Brasil, na qual o país se compromete a combater a tortura cometida “por agentes públicos”. A lei, portanto, é mais abrangente que a Convenção e, além disso, prevê, em seu art. 1, § 4, I, que o crime terá sua pena aumentada de um sexto a um terço, se o delito for cometido por agente público.

• O crime de tortura, é rotulado nos tratados como crime IMPRESCRITIVEL, ou seja, não prescreve. No Brasil, todavia, a lei não fala nada a respeito da imprescritibilidade.

Em nosso Ordenamento, as hipóteses de imprescritibilidade estão previstas ao teor do art. 5º, XLII e XLIV da CF/88, vejamos:

XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.

XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.

Assim, apenas existem dois crimes que são imprescritíveis:

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• 1º RACISMO;

• 2º AÇÃO DE GRUPOS ARMADOS, CIVIS OU MILITARES, contra ordem constitucional e o Estado democrático.

E no Brasil, tortura é prescritível?

O Estatuto de Roma proclama que o crime de tortura é imprescritível e o Brasil aderiu ao referido. Nessa esteira, cumpre recordarmos que os tratados internacionais de direitos humanos que forem ratificados pelo Brasil com quórum de 3/5 será equiparado a emenda constitucional, se não observar o referido quórum, terá ainda status supralegal, leia-se, está abaixo da Constituição, porém acima da lei, nesse sentido é o art. 5º, §3º da Constituição Federal.

O Estatuto de Roma foi ratificado com quórum comum, logo, possui status supralegal, estando abaixo da Constituição, mas acima da lei infraconstitucional, ou seja, possui caráter supralegal.

Desse modo, indaga-se, no conflito entre Constituição Federal e o tratado, qual deverá prevalecer? Existem três teorias propondo a solução do referido conflito, de antemão adiantamos que o STF se filiou a corrente que defende a supremacia da Constituição Federal, de modo que, deve a referida prevalecer em detrimento do Tratado.

Nessa linha, vejamos detalhadamente as concepções/correntes:

1ª Corrente: defende que deve prevalecer a Constituição Federal/88, pois o TIDH ratificado com quórum comum é infraconstitucional. Logo, a tortura prescreve.

Conforme destacado acima, o STF ADOTOU ESSA CORRENTE QUANDO JULGOU O PEDIDO DE REVISÃO NA LEI DE ANISTIA.

2ª Corrente: entende que deve prevalecer a norma que se apresentar mais favorável aos direitos humanos, é incidência do princípio do “pro homine”.

Dessa forma, sendo mais favorável a tortura prescrever, deve prevalecer a norma que prevê a prescrição do delito em detrimento da que nega a sua qualidade de prescritível.

3ª Corrente: argumenta que a imprescritibilidade prevista nos Tratados é incompatível com o direito penal moderno e o Estado democrático.

Nos termos propostos pela Constituição Federal, apenas o RASCIMO e as ações de grupos armados contra ordem constitucional e o Estado democrático são delitos imprescritíveis. Assim, a tortura é classificada como prescritível.

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àA tortura é crime prescritível.

Em resumo:

• No OJ Brasileiro, o crime de tortura pode ser praticado por qualquer pessoa, tratando-se de crime comum.

A Convenção contra a Tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes (1984) rotulou o delito de tortura como próprio, só podendo ser praticado por funcionário público ou pessoa no exercício da função pública. No entanto, a lei 9.455/97, em regra, não exige qualidade ou condição especial do agente. No Brasil, em regra, o crime é comum. Apesar de haver doutrina lecionando que o legislador nacional não poderia ter destoado do legislador internacional, vêm entendendo o STJ e o STF que o crime de tortura não exige do autor condição de agente público. Veremos que, se cometido por funcionário público, haverá causa de aumento.

• A tortura no OJ Brasileiro, é prescritível.

5. Objetividade Jurídica: condutas que são consideradas como TORTURA

Qual o conceito de Tortura?

Em 10 de Dezembro de 1984, foi aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas a Convenção contra a Tortura e Outros tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.

Nesse contexto, o art. 1º da referida convenção define tortura “para fins da presente Convenção, o

termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões; de castiga-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou seja, suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou qualquer motivo baseado na discriminação”.

Vamos a análise pontual de cada conduta considerada como tortura? Para tanto recorremos inicialmente as disposições legais. Vejamos:

Art. 1º. Constitui CRIME DE TORTURA:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando- lhe sofrimento físico ou mental:

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a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Da análise do dispositivo legal, verifica-se que a lei de tortura não descreve em que consiste esta, limitando-se a expor quais as condutas que se constituem em ato de tortura.

A lei de tortura enuncia quais condutas são consideradas como tortura.

Art. 1º, I – Constranger ALGUÉM com o emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação. declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

O dispositivo legal é claro ao apontar “constranger alguém”. Assim, temos que o delito em comento tem por sujeito ativo qualquer pessoa. Logo, trata-se de crime comum, pois pode ser praticado contra qualquer pessoa, não exigindo qualidade ou condição especial do agente, tanto do sujeito ativo quanto do sujeito passivo.

É justamente nesse ponto que reside a distinção entre o crime de tortura previsto na Lei nº 9.455/97 e o revogado art. 233 do ECA, em que só se admitia como sujeito passivo a criança e o adolescente.

Assim:

A conduta punida é CONSTRANGER a vítima, mediante emprego de violência ou grave ameaça. O torturador constrange a vítima, empregando violência ou grave ameaça, com um fim específico. O crime é punido a título de dolo mais fins especiais que animam o agente:

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5.1 Alínea “a” – Tortura Prova

Art. 1º CONSTITUI CRIME DE TORTURA:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando- lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira

pessoa;

Na primeira alínea, a tortura é praticada com a finalidade de se obter “informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa”, é a chamada tortura prova, ou ainda, tortura confissão,

tortura probatória.

Tortura prova = tortura confissão, tortura probatória, tortura institucional ou tortura inquisitorial. Para melhor materializarmos a situação abstrata prevista na lei, imaginemos o seguinte exemplo: policial que tortura alguém (provável autor do delito) para que este confesse a autoria do delito. A presente circunstância é exemplo típico de tortura probatória, ou seja, o individuo é torturado com a finalidade de que se obtenha dele sua declaração (confissão).

ESPÉCIES Tortura prova Tortura crime Tortura preconceito Tortura pela tortura Tortura castigo Tortura omissão

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Cumpre destacarmos que, inobstante o exemplo acima tenha como sujeito ativo a figura de um agente do Estado, esta qualidade, conforme já destacado acima não é condição necessária exigida pelo Ordenamento Jurídico para a configuração do delito de tortura, posto que se refere a crime comum. Certo? Lembre-se, somente no OJ Brasileiro o crime de tortura é crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa).

Outro exemplo que poderíamos apontar, é a situação em que o credor tortura o devedor no intuito de que este confesse a dívida.

Dessa forma, verifica-se que temos hipóteses distintas em que o torturador é agente do Estado, bem como, situação em que o particular é o agente, reforçando a natureza de crime comum da prática da tortura.

Já Caiu CESPE: Pratica crime de tortura a autoridade policial que constrange alguém, mediante

emprego de grave ameaça e causando-lhe sofrimento mental, com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa.

CERTO.

No tocante a consumação e tentativa, o crime de tortura, em sua modalidade tortura prova, consuma-se com o constrangimento causador do sofrimento, dispensando-consuma-se a efetiva obtenção da informação/declaração almejada.

A tentativa é admitida. No caso, é possível que o agente seja surpreendido antes mesmo de executar o constrangimento, não se consumando por circunstâncias alheias (art. 14, II, do Código Penal).

Crime de Constrangimento de preso ou detento (art. 13 da Lei de Abuso de Autoridade) versus Lei de Tortura

O crime de tortura previsto ao teor da Lei n. 9.455/97, se visto de forma rápida, pode ser confundido com o novo tipo penal previsto no art. 13 da Lei de Abuso de Autoridade. Contudo, as condutas delitivas possuem traços distintivos, vejamos:

Art. 13 da Lei de Abuso de Autoridade Art. 1º, I, alínea “a” da Lei de Tortura A condutas constrangem mediante violência, grave

ameaça ou redução de sua capacidade de resistência.

As condutas causam maior sofrimento físico ou mental na vítima.

Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

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III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro.

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência

1) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; Pena - reclusão, de dois a oito anos.

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

Crime material Crime formal

Exige qualidade especial do agente Crime comum Violência, grave ameaça ou redução de sua

capacidade de resistência. Não admite a v

• O crime do art. 13 é crime material, ao passo que, na lei de tortura o crime é formal.

• O crime do art. 13 é crime próprio, ao passo que, na lei de tortura não se exige qualidade especial do agente.

• O crime do art. 13 deve ser praticado mediante violência, grave ameaça ou redução de sua

capacidade de resistência, ao passo que, na lei de tortura não se admite a chamada violência

imprópria.

• O crime do art. 13 da Lei de Abuso de Autoridade exige um elemento subjetivo específico.

Diante do exposto, contemplamos que são diversas as características de cada tipo penal.

5.2 Alínea “b” – Tortura Crime

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando- lhe sofrimento físico ou mental:

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

A situação exposta pela alínea “b” é denominado pela doutrina de tortura crime, bem como, tortura para a prática de crime.

Conforme dispõe o texto legal, na tortura crime uma pessoa tortura outra, para que esta venha a praticar algum crime.

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Corroborando, explica Victor Eduardo Rios Gonçalves (Legislação Penal Esquematizado):2

A tortura para a prática de crime (alínea “b”) ocorre quando o torturador usa a violência ou grave ameaça

para obrigar a vítima a realizar uma ação ou omissão criminosa. Nesses casos, o agente responderá pelo

crime de tortura em concurso material com o delito cometido pela vítima (se este efetivamente ocorrer). Assim,

se o agente tortura alguém para obrigá-lo a cometer um furto, será responsabilizado pela tortura e pelo furto. A vítima, obviamente, não responderá pelo crime, uma vez que foi coagida a praticá-lo. Antes da Lei n. 9.455/97, o agente responderia por furto e por constrangimento ilegal (art. 146 do CP), delito que, por ser subsidiário, fica atualmente absorvido pelo delito da lei especial.

Vamos supor a seguinte situação, Bruna tortura sua irmã para que esta venha a matar sua prima, posto que elas não tinham uma boa relação. Na presente circunstância, a tortura praticada por Bruna tem por finalidade constranger a sua irmã a prática de uma conduta delituosa, em virtude do qual denominamos de “tortura crime”.

No tocante a consumação e tentativa, o crime consuma-se com o constrangimento, ou seja, no momento da imposição do grave sofrimento físico ou mental, independentemente do torturador obter o resultado pretendido.

Desse modo, temos que, ainda que a pessoa torturada não pratique a ação ou omissão de natureza criminosa, o crime de tortura estará consumado com o “simples” constrangimento.

A tentativa é admitida.

Inobstante não seja necessário para a consumação do delito na modalidade tortura crime a prática da ação ou omissão criminosa, qual a consequência jurídica se vier a ocorrer a conduta criminosa pelo torturado, ou seja, se do constrangimento sobrevier a prática delituosa pelo torturado.

Qual a tipificação da conduta do torturado e torturador?

Imaginemos a seguinte situação: Antônio é torturado por João, o qual lhe constrange obrigando-o a prática do delito de homicídio (art. 121, do Código Penal). Na presente situação, qual a responsabilização penal de Antônio e de João?

Antônio é vítima da tortura praticada por João, e é executor do homicídio. Todavia, como Antônio agiu diante da coação moral irresistível, esse não será culpável.

2 Gonçalves, Victor Eduardo Rios. Legislação penal especial / Victor Eduardo Rios Gonçalves, José Paulo Baltazar Junior;

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Por outro lado, João, é autor da tortura e é autor mediato do homicídio. Assim, João será responsabilizado pelo crime de tortura em concurso material com o crime de homicídio.

Torturado

(Felipe) Torturador (Ricardo)

Crime de Tortura Vítima Sujeito Ativo

Crime de Homicídio Autor imediato Sujeito Ativo Vejamos:

Torturado Torturador

Não responde pelo crime eventualmente praticado, considerando que a coação moral irresistível exclui a culpabilidade

Responde pela tortura (autor imediato) em concurso com o crime eventualmente praticado pelo torturado, na condição de autor mediato. Trata-se de um concurso material.

E se a tortura for para cometer contravenção penal, por exemplo, a contravenção penal

da prática de jogo do bicho. Nessa circunstância haverá a incidência da Lei de Tortura? Há duas correntes dissertando sobre a presente situação, vejamos:

1ª Corrente: entende que ao contemplar a Lei de Tortura a expressão “natureza criminosa”, compreenderia também a convenção penal. Desse modo, caso um sujeito venha a constranger outro a prática de contravenção penal incidiria a Lei de Tortura (Lei nº 9.455/97). Tese minoritária.

2ª Corrente: aduz que a expressa natureza criminosa deve ser interpretada de maneira restritiva, não abrangendo a contravenção penal.

Nessa esteira, a maior parte da doutrina entende que a expressão compreende tão somente crime. Logo, não configura tortura o constrangimento para a prática de contravenção. É a corrente que prevalece.

Já Caiu CESPE: A denominada tortura para a prática de crime ocorre quando o agente usa de violência

ou grave ameaça para obrigar a vítima a realizar ação ou omissão de natureza criminosa. Assim, essa forma de tortura não abrange a provocação de ação contravencional.

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5.3 Alínea “c” – Tortura Preconceito ou Discriminatória

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando- lhe sofrimento físico ou mental:

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

A alínea “c” consagra a chamada “tortura discriminatória ou tortura- preconceito”.

Podemos apontar como exemplo de tortura discriminatória a situação em que o sujeito tortura o outro com emprego de violência ou grave ameaça em virtude de ser judeu.

Segundo o STF, a expressão raça deve ser analisada sob o seu aspecto jurídico. Assim, judeu refere-se a raça.

Conforme ensinamentos do Prof. Fábio Roque, houve uma restrição no âmbito de abrangência do referido tipo penal, posto que é punida, tão somente, a tortura com a finalidade de discriminação racial ou religiosa.

No tocante a consumação e tentativa, o delito em comento consuma-se no momento do constrangimento causador do sofrimento físico ou mental. A tentativa é admitida.

5.4 Art. 1º, inciso II, Lei nº 9.455/97 – Tortura Castigo

Art. 1º Constitui crime de tortura:

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

O inciso II da Lei de Tortura trata da chamada “tortura-castigo”. O delito em comento consiste em submeter a vítima com emprego de violência ou grave ameaça a INTENSO sofrimento físico ou mental. Para configurar o delito na hipótese em estudo, é imprescindível que a vítima seja submetida a INTENSO sofrimento físico ou mental, e isto dependerá do caso concreto.

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No que se refere aos sujeitos do delito, nesta modalidade específica do crime de tortura, apenas a pessoa submetida à guarda, poder ou autoridade pode ser vítima.

Na situação delineada no inciso II, o crime não será mais comum. Aqui, tanto o sujeito ativo quanto o sujeito passivo são pessoas determinadas. Assim, constitui-se em crime próprio.

Trata-se de crime próprio, pois o tipo penal exige que o agente exerça “guarda, poder ou

autoridade sobre a vítima”.

Lembre-se! Nessa hipótese o crime é próprio – o agente deve exercer a guarda, poder ou autoridade sobre a pessoa torturada.

Por outro lado, quanto ao sujeito passivo, a vítima deve estar sobre a guarda, poder ou autoridade do agente torturador.

Em relação a consumação do delito, o crime consuma-se com a provocação do intenso sofrimento a vítima, ou seja, com o emprego da violência física ou mental, causando sofrimento intenso. A tentativa, por sua vez, é admissível.

Tortura Castigo versus Maus Tratos

O delito de tortura castigo contempla elementos caracterizantes que poderiam levar o candidato a induzir que se referem a conduta semelhante do delito de maus tratos previsto ao teor do art. 136 do Código Penal, porém não devemos confundi-los.

Nesse contexto, a análise do elemento subjetivo do tipo “intenso sofrimento” é de suma importância para distinguir o crime de tortura com maus tratos (art. 136 do CP).

O ponto peculiar que distintivo da tortura castigo para os maus tratos é o elemento subjetivo “intenso sofrimento físico”.

Tortura Castigo Maus Tratos

Art. 1º Constitui crime de tortura:

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:

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§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de um a quatro anos. § 2º - Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.

Já Caiu CESPE: O artigo que tipifica o crime de maus-tratos previsto no Código Penal foi tacitamente

revogado pela Lei da Tortura, visto que o excesso nos meios de correção ou disciplina passou a caracterizar a prática de tortura, porquanto também é causa de intenso sofrimento físico ou mental.

ERRADO, o delito de maus tratos previstos ao teor do Código Penal continua em vigor mesmo após a edição da Lei de Tortura. Ademais, o ponto característico de distinção dos referidos delito é a INTENSIDADE do sofrimento causado, o qual, conforme explicação acima é de MAIOR INTENSIDADE na Tortura Castigo.

5.5 Art. 1º, §1º, Lei nº 9.455/97 – Tortura pela Tortura

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

Trata-se a presente modalidade de hipótese de conduta equiparada ao crime de tortura.

O crime consiste em submeter a vítima a sofrimento físico ou mental, por intermédio de ato não resultante de medida legal.

No caso delineado no presente dispositivo, a conduta criminosa recai sobre pessoa submetida à prisão ou medida de segurança, por exemplo, menor infratora colocada em presídio masculino para cumprir medida de segurança.

Nessa esteira, a pessoa presa de que trata a lei, abrange tanto a prisão provisória quanto a prisão-pena, e até mesmo a prisão extrapenal (devedor de alimentos).

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O crime é punido à título de dolo, sem possuir finalidade especial, razão pela qual é conhecida como “tortura pela simples tortura”.

Corroborando ao exposto, explica o Professor Fábio Roque “neste tipo de tortura, não há que se falar em elemento subjetivo específico, pois não há uma finalidade especial a ser alcançada pelo agente.

A hipótese delineada ao teor do §1º, art. 1º, Lei nº 9.455/97 não pressupõe o emprego de violência ou grave ameaça.

O tipo penal previsto ao teor do §1º, do art. 1º (figura equiparada), não exige qualidade especial do sujeito ativo (agente criminoso), todavia exige qualidade especial do sujeito passivo (vítima).

Assim, temos que o sujeito ativo é qualquer pessoa, porém quanto ao sujeito passivo, o crime é considerado próprio, isso porque deverá ser pessoa presa ou sujeita a medida de segurança.

Sujeito ativo Crime comum

Sujeito passivo Crime próprio – deve tratar-se de pessoa presa ou submetida a medida de segurança.

Em relação a consumação, o delito consuma-se com a submissão da vítima a sofrimento físico ou mental. A tentativa, por sua vez, é admissível.

5.6 Art. 1º, §2º, Lei nº 9.455/97 – Tortura omissão

§ 2º Aquele que se OMITE em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

O §2º, do art. 1º, da Lei de Tortura trata da chamada tortura omissão, situação em que o agente se omite em seu dever de evitar ou apurar o resultado, consistente na tortura praticado por outrem.

A primeira parte do §2º trata da omissão imprópria, que é a circunstância em que o agente tinha o dever de evitar a tortura. Nessa situação, trabalha-se com a figura do garante ou garantidor (art. 13, §2º do Código Penal).

Desse modo, o sujeito ativo dessa modalidade de tortura é a pessoa que possui o dever de evitar ou de apurar o resultado, por exemplo, João, ora comandante da polícia militar percebe que soldados preparam-se para torturar um preso. João, ainda que ciente dos fatos, nada faz para evitar. Nespreparam-se exemplo, João

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responderá nos moldes do art. 1º, §2º (tortura omissão) e os soldados, por sua vez, respondem pela tortura por ação.

Na Lei de Tortura há uma distinção da responsabilização penal daquele que pratica a tortura da modalidade omissiva ao que pratica de forma comissiva, sendo que o garante terá uma pena mais branda. Nessa linha, vejamos a distinção peculiar trazida pela legislação em estudo e o tratamento conferido pelo Código Penal.

Conforme a Constituição Federal e o Código Penal, o garante merece ser responsabilizado nos mesmos moldes da pena aplicada ao executor, ou seja, daquele que pratica na forma comissiva. Todavia, na Lei de Tortura o garante tem pena mais branda.

§ 2º Aquele que se OMITE em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

Assim, temos que:

• O Código Penal prevê a mesma pena para o garantidor e executor (art. 13, §2, CP).

• A Constituição Federal, por sua vez, exige a mesma consequência jurídica do executor para o garantidor (art. 5º, XLIII, CF): a lei considerará crimes inafiançáveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evita-los, se omitirem. O garantidor deveria ter a mesma responsabilidade dos executores.

Como solucionar tal conflito?

1ª Corrente: argumenta que a pena de 1 a 4 anos para o garantidor na Lei de Tortura é inconstitucional, pois não observou o mandado constitucional de criminalização, merecendo, pois, garantidor e executor receberem a mesma pena.

2ª Corrente: aduz que a pena de 1 a 4 anos é para a OMISSÃO CULPOSA do garantidor, a dolosa sofreria as mesmas consequências.

- Crítica: o elemento subjetivo culpa, só pode ser tipificado a essa luz, se taxativamente previsto em lei, rege-se pelo princípio da tipicidade. Nesse sentido, preleciona Rogério Sanches (Código Penal para Concursos, 2016) “tipicidade – não se pune a conduta culposa, salvo quando há expressa disposição

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em lei. A tipicidade, subsunção ao tipo penal é exigência do art. 18, parágrafo único do Código Penal, segundo qual – salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”.

3ª Corrente: defende que a pena de 1 a 4 anos para o garantidor da lei de tortura é constitucional (art. 1º, §2ª parte). Ademais, está forma de tortura, sequer seria equiparada a crime hediondo.

A 2ª parte do §2º consagra a omissão própria, quando o agente tinha o dever de apurar a tortura e não o faz, por exemplo, autoridade policial (Delegado) é informado de que seus agentes torturaram um preso, porém não determina a investigação do fato.

Nesse caso, a tortura é um acontecimento pretérito e o delegado ao tomar conhecimento não determinou a investigação, sendo que em verdade, o referido tinha o dever de apurar.

6. Qualificadoras

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

As qualificadoras têm penas próprias, dissociadas do tipo fundamental, pois são alterados os próprios limites (mínimo e máximo) abstratamente cominados. No caso, o parâmetro das penas passam a ser de quatro a dez anos ou de oito a dezesseis anos, dependendo se fora lesão grave ou gravíssima ou morte.

SE RESULTA

Lesão grave ou gravíssima 4 a 10 anos, reclusão.

Morte 8 a 16 anos, reclusão.

No caso em tela, a tortura é qualificada pela lesão grave, gravíssima ou ainda, se sobrevier a morte. Nesse caso, o resultado é culposo.

Candidato, você não pode confundir o tipo penal do “homicídio qualificado pela tortura” com a “tortura qualificada pela morte”.

Homicídio qualificado pela Tortura Tortura qualificado pela Morte

Art. 121§2º do CP Art. 1, §3º da Lei de Tortura

Morte é dolosa Tortura é dolosa

Tortura também é dolosa Morte é culposa

A morte é o fim almejado A tortura é o fim almejado

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De acordo com a maioria, a qualificadora só abrange as torturas praticadas por ação, e não por omissão. Não atinge a qualificadora o §2º, art. 1º, da Lei 9.455/97.

1ª Corrente: aduz que a qualificadora só alcança a tortura praticada por ação. É essa a Teoria que prevalece.

2ª Corrente: argumenta que a qualificadora alcança também a tortura omissão imprópria.

7. Causa de Aumento

§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

III - se o crime é cometido mediante seqüestro.

As causas de aumento de pena do delito de tortura encontram-se ao teor do §4º, art. 1º da Lei dos Crimes de Tortura, entre as quais podemos destacar:

Ø Se o crime for cometido por agente público. Embora não seja condição necessária a condição de autoridade do Estado para configurar o crime de tortura, se praticado por agente do Estado, será causa de aumento de pena.

Prevalece na doutrina o entendimento de que a expressão agente público deve ser interpretada nos moldes do art. 327 do Código Penal.

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.

Corroborando ao exposto, preleciona Rogério Sanches (Código Penal para Concursos, 2016) “primeiramente, deve ser destacado que ao considerar o que seja funcionário público para fins penais, nosso Código Pena nos dá um conceito unitário, sem atender aos ensinamentos do D. Administrativo, tomando a

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expressão no sentido amplo. Assim, para os efeitos penais, considera-se funcionário público não apenas o servidor legalmente investido em cargo público, mas também o que exerce emprego público, ou, de qualquer modo, uma função pública, ainda que de forma transitória, v.g, o jurado, os mesários eleitorais, etc”.

Em sentido contrário, existe entendimento que deve ser considerado agente público o conceito exposto ao teor do art. 5º da Lei de Abuso de autoridade.

Já Caiu CESPE: O crime de tortura é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, não

sendo próprio de agente público, circunstância esta que, acaso demonstrada, determinará a incidência de aumento da pena. CORRETO!

Ø Se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos.

O delito de tortura terá sua pena aumentada na hipótese de ser cometido contra as pessoas acima delineadas.

Nos termos do art. 2º, Estatuto da Criança e do Adolescente, considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos (...). Por outro lado, adolescente é aquele entre doze e dezoito anos de idade.

Cumpre destacarmos que, essas condições da vítima devem ingressar no dolo do agente, evitando-se responsabilidade penal objetiva, ou seja, o agente deve ter conhecimento da condição pessoal.

Ø Se é cometido mediante sequestro.

Na expressão sequestro deve-se abranger o cárcere privado.

VAMOS ESQUEMATIZAR?

Se o crime é PRATICADO por Agente Público Se o crime é praticado CONTRA Criança

Gestante

Portador de deficiência Adolescente

Maior de 60 anos (não incide a causa de aumento se praticado no dia do aniversario de 60 anos).

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As causas de aumento incidem em todas as formas de tortura, por ação ou omissão imprópria, excetuando-se apenas a omissão própria. Assim, somente o §2º, segunda parte (omissão própria) não é atingido pelas majorantes do §4º.

A causa de aumento do parágrafo 4, inciso I, incide no crime do art. 1º, II (tortura castigo) quando o autor for servidor público?

1ª Corrente: de acordo com Alberto Silva Franco, não incide a causa de aumento nesta hipótese, evitando- se bis in idem.

2ª Corrente: defendida por NUCCI, aduz que sabendo que a condição de agente público não é elementar do tipo, parece possível a incidência da majorante, sem caracterizar bis in idem. Essa corrente é a que prevalece.

8. Efeito da Condenação

§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

O art. 92 do Código Penal enuncia que são efeitos da condenação, I – a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a...; b... Parágrafo único: os efeitos de que trata esse artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.

O art. 92 do CP deixa expressamente claro que no caso (art. 92, CP) o efeito não é automático, devendo ser expresso em sentença.

E na lei de tortura, trata-se de EFEITO AUTOMÁTICO?

1ª Corrente: defende que diante do silêncio é possível aplicar o art. 92, parágrafo único do CP, por analogia, sendo o efeito não automático.

2ª Corrente: aduz que diante do silêncio, conclui-se que o efeito da condenação é automático, dispensando fundamentação na decisão, esse é o entendimento adotado pelo STJ.

(...) A perda do cargo, função ou emprego público é efeito automático da condenação pela prática do crime de tortura, não sendo necessária fundamentação concreta para a sua aplicação. Precedentes (...). STJ, 6ª Turma. AgRg no Ag 1388953/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 20/6/2013.

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Já Caiu CESPE: A condenação de agente público por delito previsto na Lei de Tortura acarreta, como

efeito extrapenal automático da sentença condenatória, a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada, segundo entendimento do STJ.

CERTO.

Complementando ainda, sobre os efeitos da sentença condenatória no âmbito da Lei de Tortura, discorre explica Victor Eduardo Rios Gonçalves (Legislação Penal Esquematizado):3

Além da pena privativa de liberdade, o juiz deverá declarar, como efeito da sentença

condenatória, a perda do cargo, emprego ou função pública e a interdição para o exercício de nova função pelo dobro do prazo da pena. A razão de tal efeito condenatório é o fato de ter

ficado demonstrado, de forma inequívoca, que o agente público violou seus deveres funcionais de uma tal forma que o Estado e a sociedade não podem mais confiar em seus serviços. Por se tratar de consequência prevista expressamente no texto legal, não é necessária motivação específica quanto a esse aspecto.

9. Inafiançabilidade

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

O crime de tortura é crime equiparado a hediondo. Assim, por imposição constitucional, as considerações acerca da inafiançabilidade e ao não cabimento dos institutos da graça ou anistia, aplicam-se, igualmente, ao delito de tortura.

Sobre a inafiançabilidade e a possibilidade de liberdade provisória, duas correntes divergem:

1ª Corrente: aduz que não se admitindo a fiança, implicitamente também não se admite a liberdade provisória.

2ª Corrente: adotada pelo STF, argumenta que a fiança não se confunde com liberdade provisória (que pode ser concedida com ou sem fiança). Dessa forma, apesar de não admitir fiança, nada impede a concessão da liberdade provisória para o crime de tortura, conforme análise do caso concreto, bem como, se ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva.

Os argumentos utilizados é de que. a proibição da liberdade provisória com base na gravidade em abstrato, ou seja, não analisando o caso concreto é inconstitucional. Assim, apesar de não admitir fiança, admite liberdade provisória.

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O Art. 1º, §6, dispõe que “o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia”. Caberia indulto?

1ª Corrente: diante do silêncio, cabe indulto, benefício que deve ser estendido à todos os demais crimes hediondos e equiparados.

2ª Corrente: cabe indulto para tortura, não se estendo para os demais crimes hediondos e equiparados, trabalha com o princípio da especialidade.

3ª Corrente: ao proibir a graça, o legislador também proibiu o indulto, que nada mais é que uma espécie de graça. Indulto é a graça coletiva. Essa é a corrente adotada! Logo, não cabe indulto.

10. Cumprimento de Pena

Art. 1º, § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

Regime inicial de pena no caso do crime de tortura

O Plenário do STF, ao julgar o HC 111.840/ES, declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do § 1º, do art. 2º, da Lei nº 8.072/90, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.464/2007, afastando, dessa forma, a obrigatoriedade do regime inicial fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, incluído aqui o crime de tortura. Dessa forma, não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no regime prisional fechado. STJ. 5ª Turma. HC 383.090/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 21/03/2017. STJ. 6ª Turma. RHC 76.642/RN, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 11/10/2016.

Obs: existe um julgado da 1ª Turma do STF afirmando que o regime inicial no caso de tortura deveria ser obrigatoriamente o fechado: HC 123316/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/6/2015. Penso que se trata de uma posição minoritária e isolada do Min. Marco Aurélio. Os demais Ministros acompanharam o Relator mais por uma questão de praticidade do que de tese jurídica. Isso porque os demais Ministros entendiam que, no caso concreto, nem caberia habeas corpus, considerando que já havia trânsito em julgado. No entanto, eles não aderiram expressamente à tese do Relator. Não há fundamento que justifique o § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90 (que obriga o regime inicial fechado para crimes hediondos) ter sido declarado inconstitucional e o § 7º do art. 1º da Lei nº 9.455/97 (que prevê regra semelhante

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para um crime equiparado a hediondo) não o ser. Em provas de concurso, deve-se ter atenção para a redação do enunciado.

11. Extraterritorialidade Incondicionada

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Aplica-se a extraterritorialidade da norma.

A extraterritorialidade da lei na tortura praticada contra brasileiros é INCONDICIONADA.

12. Competência

A competência para processar e julgar o crime de tortura será da Justiça Comum estadual ou Federal, a depender do caso. Nessa esteira, importante recordarmos que o fato de a conduta está prevista em tratado internacional não atrai, por si só, a competência da Justiça Federal para o seu julgamento.

13. Progressão de Regime

É cediço que a tortura não é considerada crime hediondo, pois não figura no rol do art. 1 º da lei 8072/90, mas apenas equiparada ou assemelhada a hediondos. Em razão disso, a tortura submete-se a regras específicas, próprias dos crimes hediondos. Recentemente, em virtude das alterações ocasionadas pelo Pacote Anticrime, tivemos alterações nos parâmetros dos requisitos objetivos para progressão de regime.

Diante disso, destacamos a importância do estudo do quadro esquematizado abaixo. Vejamos:

Crimes “COMUNS” Crimes HEDIONDOS ou equiparados

Gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas

com deficiência – ainda que hediondo.

16% Primário + sem violência ou grave ameaça

20% Reincidente + sem violência ou

40% Primário + Crime Hediondo/Equiparado

50% Primário + Crime 1/8

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25% Primário + com violência ou grave ameaça

30% Reincidente + com violência ou grave ameaça

morte, VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL.

50% Exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado 50% Crime de constituição de milícia privada 60% Reincidente + crime hediondo/equiparado 70% Reincidente + crime hediondo/equiparado, com resultado morte, VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL.

I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;

II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;

III - ter cumprido ao menos 1/8 da pena no regime anterior;

IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento; V - não ter integrado organização criminosa.

14. Revogação do Crime do ECA

Conforme leciona Victor Eduardo Rios Gonçalves (Legislação Penal Esquematizado), “os ilícitos

penais envolvendo a prática da tortura passaram a ser regulados integralmente pela Lei n. 9.455/97, tendo

sido revogado expressamente o dispositivo do Estatuto da Criança e do Adolescente que tratava do tema.

Atualmente, o fato de a tortura ser cometida contra menor faz com que a pena seja aumentada de um sexto a um terço (art. 1o, § 4, II, da Lei n. 9.455/97)”.

15. Já Caiu CESPE

Já Caiu CESPE: O delegado que se omite em relação à conduta de agente que lhe é subordinado, não

impedindo que este torture preso que esteja sob a sua guarda, incorre em pena mais branda do que a aplicável ao torturador.

CORRETO!

Já Caiu CESPE: Caracteriza uma das espécies do crime de tortura a conduta consistente em, com

emprego de grave ameaça, constranger outrem em razão de discriminação racial, causando-lhe sofrimento mental.

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Já Caiu CESPE: O condenado pela prática de crime de tortura, por expressa previsão legal, não poderá

ser beneficiado por livramento condicional, se for reincidente específico em crimes dessa natureza. CORRETO!

Fundamento:

Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:

V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.

Já Caiu CESPE: Joaquim, agente penitenciário federal, foi condenado, definitivamente, a uma pena

de três anos de reclusão, por crime disposto na Lei n.º 9.455/1997. Nos termos da referida lei, Joaquim ficará impedido de exercer a referida função pelo prazo de seis anos.

CORRETO!

Assertiva encontra-se correta, isso porque um dos efeitos da condenação do crime de tortura é a perda do cargo e a inabilitação para o exercício da função pelo dobro do tempo imposto na condenação.

Já Caiu CESPE: É considerado crime de tortura submeter alguém, com emprego de violência ou

grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar-lhe castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

CORRETO!

Já Caiu CESPE: Pela lei que define os crimes de tortura, o legislador incluiu, no ordenamento jurídico

brasileiro, mais uma hipótese de extraterritorialidade da lei penal brasileira, qual seja, a de o delito não ter sido praticado no território e a vítima ser brasileira, ou encontrar-se o agente em local sob a jurisdição nacional.

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16. Informativos

• A prática do delito de tortura-castigo (vingativa ou intimidatória), previsto no art.

1º, II, da Lei nº 9.455/97, é crime próprio

Somente pode ser agente ativo do crime de tortura-castigo (art. 1º, II, da Lei nº 9.455/97)

aquele que detiver outra pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade (crime próprio). STJ. 6ª

Turma. REsp 1738264-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/08/2018 (Info

633).

• Ausência de bis in idem na aplicação do art. 1º, § 4º, II, da Lei de Tortura em

conjunto com a agravante do art. 61, II, "f", do Código Penal

No caso de crime de tortura perpetrado contra criança em que há prevalência de relações

domésticas e de coabitação, não configura bis in idem a aplicação conjunta da causa de

aumento de pena prevista no art. 1º, § 4º, II, da Lei nº 9.455/1997 (Lei de Tortura) e da

agravante genérica estatuída no art. 61, II, "f", do Código Penal. STJ. 6ª Turma. HC

362634-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 16/8/2016 (Info 589).

17. Já Caiu. Vamos Treinar?

1. (CESPE / CEBRASPE - MPE-CE - CESPE / CEBRASPE - 2020 - MPE-CE - Analista Ministerial - Direito). A respeito da Lei de Crimes de Tortura (Lei n.º 9.455/1997), julgue o próximo item.

A Lei de Crimes de Tortura, ao prever sua incidência mesmo sobre crimes que tenham sido cometidos fora do território nacional, estabelece hipótese de extraterritorialidade incondicionada.

( ) Certo ( ) Errado

Gab. Certo. A Lei 9.455/1997define os crimes de tortura, estabelecendo no seu artigo 2º norma determinando a aplicação da lei penal brasileira, mesmo que a tortura tenha ocorrido fora dos limites territoriais brasileiros, desde que a vítima seja brasileira ou então que o agente se encontre em território brasileiro. Trata-se de mais

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um caso de extraterritorialidade incondicionada da lei penal brasileira, além daqueles previstos no artigo 7º, inciso I, do Código Penal.

____________________________

2. (IADES - SEAP-GO - IADES - 2019 - SEAP-GO - Agente de Segurança Prisional). A respeito da Lei no 9.455/1997 (Lei da Tortura), assinale a alternativa correta.

a) A consumação se dá com o emprego de meios violentos, ocasionando sofrimento físico ou mental, englobando, inclusive, o mero aborrecimento, o qual é apto a configurar o crime de tortura.

b) A tortura-castigo exige uma relação de guarda, poder ou autoridade entre o sujeito ativo e o passivo. c) A diferenciação entre a tortura e os maus-tratos é o elemento subjetivo. No crime de maus-tratos, não há

o animus corrigendi, disciplinandi, já no crime de tortura, o agente tem esse ânimo, além de agir com ódio, com vontade de ver um sofrimento desnecessário, com sadismo.

d) O objeto jurídico tutelado pela norma penal no crime de tortura é apenas a integridade corporal e a saúde física.

e) O dolo específico não constitui elementar fundamental para a configuração das modalidades do crime de tortura previstas no art. 1o da Lei no 9.455/1997.

Gab. B.

____________________________

3. (FEPESE - SJC-SC - FEPESE - 2019 - SJC-SC - Agente Penitenciário). Analise as afirmativas abaixo com fundamento na Lei n° 9.455, de 7 de abril de 1977, que define os crimes de tortura e dá outras providências.

1. Aumenta-se a pena do crime de tortura de um sexto até um terço se o crime é cometido mediante sequestro. 2. A pena para o crime de tortura, quando resulta morte, é de reclusão de oito a doze anos.

3. O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

4. O condenado por crime de tortura, quando resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas. a) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.

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c) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4. d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4. e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

Gab. C.

A afirmativa 1 está correta de acordo com o Artigo 4º, III, da Lei 9.455/97. A afirmativa 2 está incorreta de acordo com o Artigo 1º, § 3º, da Lei 9.455/97. A afirmativa 3 está correta de acordo com o Artigo 1º, § 6º, da Lei 9.455/97. A afirmativa 4 está correta de acordo com o Artigo 1º, § 7º, da Lei 9.455/97.

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4. (FADESP - CPC-RENATO CHAVES - FADESP - 2019 - CPC-RENATO CHAVES - Perito Criminal - Engenharia Civil). Acerca do crime de tortura, previsto na Lei 9455/97, é INCORRETO afirmar que:

a) configura tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa.

b) configura tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, para provocar ação ou omissão de natureza criminosa.

c) configura tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, em razão de discriminação racial ou religiosa.

d) na mesma pena do crime de tortura incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a(à) medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

e) na mesma pena incorre quem se omite em face das condutas descritas como tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las.

Gab. E. Quem se quem se omite em face das condutas descritas como tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-evitá-las está sujeito a uma pena menor (detenção de um a quatro anos) do que aquele que praticar as condutas tipificadas como tortura na modalidade comissiva (reclusão de dois a oito anos), nos termos do § 2º do artigo 1º da Lei nº 9.455/1997. A assertiva contida neste item é falsa.

(34)

Direito Administrativo – De

na Súmula!!!

5. (FCC - SEFAZ-BA - FCC - 2019 - SEFAZ-BA - Auditor Fiscal - Administração, Finanças e Controle Interno - Prova I). Lindomar é agente público e foi condenado à pena de reclusão de quatro anos pela prática de tortura. De acordo com a Lei federal nº 9.455/1997, que define os crimes de tortura e dá outras providências, a condenação de Lindomar acarretará a;

a) suspensão do seu cargo, função ou emprego público por dois anos.

b) perda do seu cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício por quatro anos. c) suspensão do seu cargo, função ou emprego público por quatro anos.

d) perda do seu cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício por oito anos. e) perda do seu cargo, função ou emprego público e a interdição permanente para seu exercício.

Gab. D. De acordo com o disposto no artigo 1º, § 5º, da Lei nº 9.455/1998, no que tange à prática de crime de tortura: "A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada."

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6. (VUNESP - Câmara de Monte Alto - SP - VUNESP - 2019 - Câmara de Monte Alto - SP - Procurador Jurídico). Considerando a jurisprudência sumulada pelo Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta.

a) O envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor constitui mero aborrecimento, insuscetível de indenização por dano moral.

b) A pessoa que ocupa bem público tem mera detenção, de natureza precária, que não gera os direitos decorrentes da posse, mas tem direito de ser indenizada pelas acessões e benfeitorias úteis e necessárias. c) Em virtude de sua natureza propter rem, as obrigações ambientais se transmitem com alienação do

imóvel, de modo que o devem ser exigidas do proprietário ou possuidor atual; não dos anteriores. d) Em relação aos crimes de tortura e perseguição política, ocorridos durante o regime militar, a reparação

econômica concedida pela Lei da Anistia (Lei n° 10.559/2002) não impede que a vítima formule pedido de indenização por dano moral.

e) Nos casos de dano ambiental, a condenação do réu em obrigações de fazer e/ou de não fazer exclui a obrigação de indenizar.

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