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Estudo dos exames realizados nas pinturas do acervo do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Instituto de Ciências Humanas

Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis

Monografia

Estudo dos exames realizados nas pinturas do acervo do Museu

de Arte Leopoldo Gotuzzo

Gilson Barboza

Pelotas 2013

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE MUSEOLOGIA E CONSERVAÇÃO E RESTAURO BACHARELADO EM CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS

MÓVEIS

Estudo dos exames realizados nas pinturas do acervo do Museu de

Arte Leopoldo Gotuzzo

Gilson Barboza

Trabalho de conclusão apresentado ao Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Conservação e Restauro De Bens Culturais Móveis. Sob orientação da Professora Mestre Andréa Lacerda Bachettini.

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Banca Examinadora:

Professora Ms. Andréa Lacerda Bachettini (UFPel/Orientador)

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Dedico esta monografia a minha mãe e à memória do meu pai, que foram sempre o norte do meu caminho, ensinando os passos certos para que eu possa estar hoje defendendo minha monografia na Universidade Federal de Pelotas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a minha família, que me apoiaram na decisão de continuar meus estudos durante todos esses anos. Gostaria que os mesmos soubessem o quanto sou grato. Em especial a minha esposa Vera Lucia Ávila Botelho e meus filhos Gilson Júnior e João Marcio.

Ao Bacharelado em Conservação e Restauro de bens culturais móveis do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas, pelo apoio institucional.

Aos professores e funcionários do Bacharelado em Conservação e Restauro- ICH-UFPel pela sua atenção e dedicação.

Agradeço a professora orientadora Andréa Lacerda Bachettini, pelo apoio e dedicação nessa pesquisa.

Ao Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, na pessoa da Raquel Santos Schwonke, chefe e curadora e também a diretora do Museu Municipal Parque da Baronesa, Annelise Montone.

À Clinica CTSUL na pessoa do seu presidente Clairton Izkovitz, que gentilmente permitiu levar as obras de arte à sua clinica, onde foram realizados os exames de raios-x.

Não posso esquecer também de meus colegas que ajudaram na minha formação e para que eu pudesse chegar até aqui. Muito obrigado à Miriam Campos pela atenção com todos.

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RESUMO

BARBOZA, Gilson. Estudo dos exames realizados nas pinturas do acervo do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo . Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas/RS/Brasil, 2013.

O objetivo deste trabalho é desenvolver o conhecimento sobre os exames aplicados em obras de arte. Foram experimentados alguns tipos de exames globais (não destrutivos) como os organolépticos, luz tangencial ou rasante, luz transmitida, radiação ultravioleta e raios-x. Estes exames são de extrema importância para o processo de restauro, documentação e verificação de autenticidade das obras de arte. As quatorze pinturas restauradas fazem parte do acervo do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, em Pelotas RS. Os exames foram realizados pelos alunos do curso de restauro da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) sob supervisão do professor orientador Andréa Lacerda Bachettini.

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ABSTRACT

BARBOZA, Gilson. Estudo dos exames realizados nas pinturas do acervo do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo . Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas/RS/Brasil, 2013.

The objective of this work is to improve the knowledge about tests carried out on works of art. Some types of global tests (non-destructive tests), like the organoleptic tests, tangential or grazing light, transmitted light, ultraviolet radiation and x-rays were experienced. These tests are very important for the process of restoration, as well for the documentation and verification of authenticity works of art. The fourteen restored paintings are part of the Leopoldo Gotuzzo Museum of Art collection (Pelotas – RS). The exams were performed by the students of the Restauration Course of the Universidade Federal de Pelotas (UFPel) under the guidance of a tutor Andréa Lacerda Bachettini.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Modelo da frente do convite para exposição das 14 obras após o restauro 23 Figura 02: Modelo do verso do convite para exposição das 14 obras após o restauro 23 Figura 03: Fotografia da obra “sem título” vista pela frente no exame organoléptico 33 Figura 04: Fotografia da obra: sem título, vista por traz no exame organoléptico 33 Figura 05: Fotografia da obra: Sem título, sob exame de luz rasante ou tangencial 34 Figura 06: Figura 20: Fotografia da obra Paisagem 205, sob exame de luz transmitida 36 Figura 07: Pintura sem título sob radiação ultravioleta 37 Figura 08: Fotografia do exame de radiação ultravioleta aplicado nas pinturas pela

professora Andréa e alunos 38

Figura 09: Equipamento de revelação das radiografias marca Agfa, modelo CR 85-x 39 Figura 10: Impressora de radiografias da marca Agfa modelo Drystar axys 40 Figura 11: a,b,c,d: imagens do exame de raios-x na obra, Velho do cachimbo 41 Figura 12: Fotografia da obra: velho do Cachimbo 42 Figura 13: Imagem do exame de raios-x na obra: Sem título 43 Figura 14: Fotografia da obra: Sem título, após o restauro em exposição 43 Figura 15: Imagem do exame de raios-x na obra: Castelo 45 Figura 16: Fotografia da obra, Castelo, após o restauro em exposição 45 Figura 17: Imagem de raios-x na obra: Auto- retrato 190 47 Figura 18: Fotografia da obra: Auto- retrato 190 em exposição 47

Figura 19: Pintura: Auto retrato 190 53

Figura 20: Pintura: Auto retrato 191 53

Figura 21: Pintura: Auto retrato 192 53

Figura 22: Pintura: Velho do cachimbo 53

Figura 23: Pintura: A espanhola 53

Figura 24: Pintura: Paisagem 204 54

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Figura 26: Pintura: Menina e moça 54

Figura 27: Pintura: Réstia de cebola 54

Figura 28: Pintura: Castelo 54

Figura 29: Pintura: Sem título 55

Figura 30: Pintura: Caramujo 55

Figura 31: Pintura: Perfil masculino 55

Figura 32: Pintura: Árvores na estrada 55

Figura 33: Pintura: Auto retrato 190 56

Figura 34: Pintura: Auto retrato 191 56

Figura 35: Pintura: Auto retrato 192 56

Figura 36: Pintura: Velho do cachimbo 56

Figura 37: Pintura: A espanhola 56

Figura 38: Pintura: Paisagem 204 56

Figura 39: Pintura: Paisagem 205 57

Figura 40: Pintura: Menina e moça 57

Figura 41: Pintura: Réstia de cebola 57

Figura 42: Pintura: Castelo 57

Figura 43: Pintura: Caramujo 57

Figura 44: Pintura: Perfil Masculino 58

Figura 45: Pintura: Árvores na estrada 58

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LISTA DE TABELAS

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LISTA DE ABREVIATURAS

MALG – Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo

MARGS – Museu de Arte do Rio grande do Sul: Ado Malagoli SNBA – Salão Nacional de Belas Artes

UFPel – Universidade Federal de Pelotas ICH – Instituto de Ciências Humanas EBA – Escola de Belas Artes

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURA 08

LISTA DE TABELAS 10

LISTA DE ABREVIATURAS 11

INTRODUÇÃO 13

CAPÍTULO 1. TRAJETÓRIA DE LEOPOLDO GOTUZZO E O MALG 16

1.1. Cronologia de Leopoldo Gotuzzo 16

1.2. O Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo 20

CAPÍTULO 2. EXAMES EM OBRAS DE ARTE 24

2.1. Documentação Primária 27

2.2. Tipos de exames 28

2.2.1. Exames organolépticos 28

2.2.2Exames de luz tangencial ou rasante 28

2.2.3. Exames luz transmitida 29

2.2.4. Exames de radiação Ultravioleta 29

2.2.5. Exames de raios-x 30

CAPÍTULO 3. EXAMES REALIZADOS NAS PINTURAS DO ACERVO DO MUSEU

DE ARTE LEOPOLDO GOTUZZO 32

3.1. Exames organolépticos 32

3.2. Luz tangencial ou rasante 34

3.3. Luz transmitida 35 3.4. Radiação ultravioleta 37 3.5. Raios-X 38 CONCLUSÃO 49 BIBLIOGRAFIA 51 ANEXOS 53

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho se desenvolveu em conjunto do projeto de restauro das Pinturas do Acervo do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo: Documentação, Restauração e Exposição, cadastrado na Pró-Reitoria de Extensão, código 53008022, da Universidade Federal de Pelotas. Projeto desenvolvido dentro do Bacharelado de Conservação e Restauro do Instituto de Ciências Humanas, envolveu os alunos do sexto semestre do Bacharelado em Conservação e Restauro matriculados na disciplina de Conservação e Restauro de Pinturas ll, ministrada pela professora Andréa Lacerda Bachettini.

Os alunos orientados pela professora Andréa, pela restauradora Keli Cristina Scolari e pela monitora Ângela Marina Macalossi, tiveram a oportunidade de realizar procedimentos práticos baseados nas teorias da conservação e do restauro desenvolvidas ao longo do curso.

A restauração das 14 pinturas, (anexo 01, figuras: 19 a 32), selecionadas para o projeto foi importante para o desenvolvimento deste estudo que apresentamos neste trabalho de conclusão de curso, são elas: Auto retrato de Leopoldo Gotuzzo nº tombo 190, velho do cachimbo nº tombo 083, A espanhola nº tombo 42, Paisagem nº tombo 204, Menina e Moça nº tombo 194, Réstia de Cebola nº 189, Paisagem Castelo nº tombo 202, Auto Retrato Leopoldo Gotuzzo nº tombo 191, Auto Retrato Leopoldo Gotuzzo nº tombo,192 Paisagem nº tombo 205, S/título e nº tombo, Caramujo nº tombo 152, Perfil Masculino nº tombo 148, Arvores na Estrada nº tombo 140.

O projeto que contemplou a documentação, restauração e exposição das obras, teve uma duração de 10 meses. Os alunos envolvidos participaram de todas as etapas do projeto no acervo do MALG.

Durante o projeto e o processo de restauro das 14 pinturas selecionadas pertencentes ao acervo, foram aplicados vários exames, a saber; os exames organolépticos, luz tangencial ou rasante, luz transmitida, radiação ultravioleta (realizados antes do restauro) e raios-x (realizado após o restauro). Sendo que este último exame, o de raios-x, foi aplicado em quatro obras de diferentes tipologias, uma em papelão, uma em madeira, uma em linho e uma em juta, foram elas: S/título

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e nº tombo, Paisagem Castelo nº tombo 202, velho do cachimbo nº tombo 083, Auto retrato de Leopoldo Gotuzzo nº tombo 190.

A escolha das quatro obras de tipologias diferentes teve como intenção a obtenção de imagens para comparar como se comportam esses materiais de diferentes composições, quando submetidos ao exame de raios-x.

Falaremos um pouco sobre como é cada um dos exames de obras de arte e sobre a sua aplicação, como se caracterizam e os resultados obtidos no decorrer deste trabalho.

As obras de arte que serão apresentadas aqui são uma pequena parte do acervo desse importante artista de Pelotas, e que foram contempladas nesse projeto: documentação, restauração e exposição, que visa resgatar essas importantes obras de arte que são importantes para cultura da cidade de Pelotas.

Para um bom entendimento da importância desse projeto para Pelotas, abordaremos um pouco sobre a história do artista Leopoldo Gotuzzo e a formação do acervo do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo.

Conforme informações obtidas em pesquisa nos arquivos do MALG, documento elaborado pelo professor do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas Nicola Caringi Lima, diretor do MALG no ano 2001, mostra a trajetória de Leopoldo Gotuzzo que nasceu em pelotas no ano de 1887 e morreu em 1983.

(....)Leopoldo Gotuzzo pertence a uma geração de artistas brasileiros que viram seu tempo dividido em uma dualidade fundamental ou sua maturidade artística cederia aos apelos de uma modernidade emergente fiel à sua pintura representativa de origem acadêmica que assegurou o reconhecimento de sua competência como artista.

Permaneceu como é sabido nos desdobramentos naturais de uma evolução que não rompe com os cânones basilares de sua formação. Mesmo assim firmou-se como personalidade artística destacada, capaz de enriquecer habilidade e domínio técnico com a cunhagem de um estilo próprio acrescido não raro de acentuado espírito crítico, haja vista nesse particular, suas figuras tão personalizadas (e distanciadas, por isso de uma representação idealizada). Tecnicamente notabilizou-se pelo domínio do denotabilizou-senho, pelo tratamento da cor e da luz, pelo equilíbrio da composição, e acabou por merecer a partir do amadurecimento adquirido na Europa, onde durante a permanência de vários anos, completa seus estudos- uma consagração legitimada por premiações em alguns dos mais importantes salões de arte brasileiros (LIMA, 2001, 15).

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Vale lembrar que Gotuzzo foi um dos pintores Gaúchos que tiveram maior reconhecimento nacional, e por sua longevidade, foi um dos artistas que deixou um grande número de obras de arte, entre seus temas destacavam-se a figura humana, o nu feminino, as paisagens, as naturezas mortas e as flores que através de seus estudos rápidos, seus croquis, mostravam a firmeza e agilidade no desenho (LIMA, 2001).

Portanto, justifica-se este projeto pela importância desse acervo e principalmente pela divulgação de pinturas que nunca foram apresentadas ao público anteriormente, devido ao mau estado de conservação em que as obras se encontravam.

Os exames que serão apresentados neste trabalho são exames globais ou de superfície e não destrutivos e são os mais utilizados em restauro, visto que respeitam a integridade física da obra, sem alterá-la ou modificá-la, e são extremamente necessários para diagnosticar algumas patologias e ainda garantir uma excelente documentação. Esta mesma documentação, antes da intervenção da obra serve para deixar registrado o estado da obra antes da intervenção, para que no futuro outras pessoas interessadas no assunto possam fazer uso deste material e desenvolver pesquisas sobre o assunto.

O trabalho está dividido em três capítulos: O primeiro capítulo apresenta a trajetória de Leopoldo Gotuzzo através da cronologia realizada pela fundadora do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo professora Luciana de Araújo Renk Reis, que apresenta a história de vida de Gotuzzo, desde o seu nascimento, e como se deu a formação do MALG.

O segundo capítulo versará sobre os exames em obras de arte tratando de sua história, os tipos de exames e suas aplicações.

Já o terceiro capítulo abordará os exames empregados nas 14 pinturas selecionados pertencentes ao acervo do MALG, e finalizando, apresenta-se reflexão sobre os exames realizados e a sua contribuição para o bom diagnóstico das obras, mas principalmente, pela documentação primária que foi gerada referente a estas 14 pinturas. Espera-se que este trabalho auxilie outros projetos na área da conservação e restauração de pinturas, visto que existe pouca bibliografia a respeito dos métodos de exames.

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CAPÍTULO 1 – TRAJETÓRIA DE LEOPOLDO GOTUZZO E O MALG

Neste primeiro capítulo apresentaremos um pouco da vida e da obra do artista pelotense Leopoldo Gotuzzo e também como se deu a formação do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo pertencente à Universidade Federal de Pelotas.

É inegável a trajetória bem sucedida de Gotuzzo nas artes plásticas em nosso país, assim como a importância do MALG para cidade de Pelotas, o único museu de arte em nossa cidade.

1.1. Cronologia de Leopoldo Gotuzzo

Para ilustrar a trajetória de Leopoldo Gotuzzo usaremos a seguir documento cronológico do Catálogo Leopoldo Gotuzzo, que teve a pesquisa da primeira Diretora e Fundadora do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo Professora Luciana de Araújo Renck Reis:

1887 Nascimento de Leopoldo Gotuzzo em 08 de Abril, filho de Caetano Gotuzzo, Italiano de Porto Fino Liguri e de Leopoldina Netto Gotuzzo, pelotense.

1900 Primeiros estudos no colégio Gonzaga, onde recebe distinção em desenho, cursa pintura com Frederico Trebbi.

1909 Estudos em Roma no Atelier do pintor Joseph Noel e visita aos principais museus de Roma.

1914 Permanência em Madri onde iniciou seu trabalho independente.

1915 Expõe o primeiro trabalho chamado Madrileña, enviou obras ao Salão Nacional do Rio de Janeiro e recebeu menção honrosa com o quadro, Mulher de Vestido Preto.

1916 Recebeu medalha de bronze no Salão Nacional do Rio com o trabalho chamado; Repouso, pinta paisagens em Segóvia e transfere-se para Paris.

1917 Recebe pequena medalha de prata no Salão Nacional do Rio de Janeiro com um „‟estudo de figura‟‟ (0bra do acervo do Clube Comercial de Pelotas, pinta Paisagens em Montgny-sur-Loire.

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1918 Em Março há bombardeios sobre Paris o artista decide voltar ao Brasil, enquanto aguarda abertura de fronteira, pinta nos Pireneus Orientais, desembarca em Montevidéu e chega a Pelotas em Novembro.

1919 A primeira exposição individual em Pelotas, no Salão da Biblioteca Pública, obtém sucesso apesar da terrível gripe Espanhola que assola a cidade, faz exposições em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, recebe a grande medalha de prata no Salão de Belas Artes do Rio de Janeiro com um „‟estudo de nu‟‟(pertencente aos descendentes do Dr. Fernando Moreira Osónel.

Participa como „‟hors-concours‟‟ no Salão Nacional do Rio de Janeiro.

1920 Radica-se no Rio no auge da Belle Époque, monta atelier e pinta marinhas, paisagens e figuras desse período, provavelmente é o retrato de Laurinda Santos, a „‟Marechala da Elegância‟‟

1922 Medalha de ouro no Salão Nacional de Belas artes do Rio, com o „‟Retrato de Criança‟‟, quadro que foi depois para a França.

Expõe no Rio de Janeiro e em São Paulo e faz um cartaz para a campanha contra a tuberculose.

1923 Segunda exposição em Pelotas na Biblioteca Pública, nova exposição em Porto Alegre e no Salão Nacional se destaca „‟O Antigo Forte do Leme‟‟, quadro publicado em cromo na revista „‟Ilustração Brasileira‟‟, pintou „‟Almofada Amarela‟‟, também publicado em cromo na „‟Ilustração Brasileira‟‟.

1925 Comparece ao Salão Nacional. Junto com Osório Belem, freqüenta um curso livre de modelo vivo na Sociedade Brasileira de Belas Artes, onde faz croquis.

1926 O quadro „‟Entrada da Baia do Rio de Janeiro‟‟, é publicado em cromo na „‟Ilustração Brasileira‟‟.

1927 Em Julho regressa à Europa, fixa-se em Portugal, pinta em Porto Minho e Argarves.

1928 Em Janeiro participa de exposição Íbero Americana de Sevilha numa das galerias de Lisboa.

1929 Expõe em Lisboa e no Salão Silva Porto, viaja para Paris, pinta na Bretanha e expõe na Galeria Monalisa.

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1930 No final do ano, volta ao Brasil, trazendo muitas obras feitas em Portugal e na França.

1933 Expõe em Pelotas, Rio Grande e na capital, o governo adquire „‟Almofada Amerela‟‟ para a Biblioteca Pública de Porto Alegre.

1935 Pinta na cidade histórica de Piratini, expõe em Pelotas e em Porto Alegre (centenário farroupilha).

1939 Salão Paulista grande medalha de prata para‟‟Estudo de Nu‟‟, grande prêmio do Rio Grande Do Sul no Salão de Belas Artes de Porto Alegre, realizado pelo Instituto de Belas Artes para comemorar o cinqüentenário da República obra „‟Echarpe Rosa‟‟ uma segunda versão desta tela pintada em 1952 foi exposta na Academia Nacional de Belas Artes de Rio de Janeiro.

1940 „‟Uma Flor‟‟ é exposta no Salão Paulista de Belas Artes, expõe no Salão Nacional do Rio de Janeiro e no Pavilhão Brasileiro da Exposição do Mundo Português, com uma pintura a óleo da série „‟Baianas‟‟.

1941 Participa de exposição de arte contemporânea sob a chancela da International Business Corporation, onde apresenta uma baiana.

1943 Recebe medalha de prata no I salão de Petrópolis, recebe o prêmio Antonio Parreiras no Salão Fluminense de Belas Artes.

1944 Participa da I exposição de auto-retratos no Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro.

1945 Salão Paulista, pequena medalha de ouro com „‟O Velho Pensativo‟‟, expõe na Galeria Montparnasse „‟Flores e Frutas‟‟.

1947 Expõe no Salão do Ministério da Educação no Rio de janeiro.

1949 Expõe em Bagé e em Pelotas, onde recebe homenagem no Clube Comercial, em São Paulo , no III Salão de Verão a tela „‟Cabeça de Velho‟‟ é destaque, é convidado para patrono da Escola de Belas Artes de Pelotas.

1950 Escreve artigo elogiando os murais de Locatelli na Catedral.

1952 Participa na mostra „‟Um Século de pintura Brasileira‟‟ no Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, recebe prêmio prefeito federal no Salão Municipal do Rio.

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1954 Recebe o prêmio Assembléia Legislativa no Salão Paulista, recusa convite para lecionar na Escola de Belas Artes de Pelotas.

1955 É criado o Salão Leopoldo Gotuzzo na Escola de Belas Artes de Pelotas, com obras doadas pelo artista.

1956 É proposto a medalha de honra pelos artistas expositores do Salão Nacional Gotuzzo, recebe 138 votos dos 140 artistas presentes, mas pelos regulamentos não é considerado eleito.

1961 Participação na mostra „‟Arte Rio-Grandense do passado ao presente‟‟ no Instituto de Belas Artes de Porto Alegre.

1962 Expõe em Pelotas no sesquicentenário e recebe homenagem dos artistas alunos do Colégio Gonzaga. Uma de suas baianas ilustra artigo do New York Times Book Reviw.

1967 Recebe medalha de ouro no Salão de Maio, promoção da Sociedade Brasileira de Artes.

1968 Recebe o titulo de benfeitor da Sociedade Brasileira de Belas Artes. 1972 Grande retrospectiva em Pelotas, pelos seus 85 anos.

1973 Grande medalha de ouro no Salão Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro com “Figos‟‟. No Salão de Maio da Sociedade de Belas Artes, recebe o medalhão Youth For Underststanding.

1974 A Aplub adquire quadros de Leopoldo Gotuzzo.

1977 Recebe a comenda de Grão Oficial na Ordem do Mérito, na Associação de Belas Artes do Rio de Janeiro. A Galeria do centro Comercial de Porto Alegre, expõe croquis do artista.

1980 Recebe o Troféu Zona Sul Desenvolvimento Integral Destaque em Arte.

1981 O V Salão de Pelotas faz homenagem, abrindo seu catálogo com artigo do professor Nelson Abott Freitas sobre o pintor.

1982 É criado um atelier de conservação e restauro na UFPEL para cuidar do acervo da Universidade e em especial das obars de Leopoldo Gotuzzo.

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1983 Falecimento do artista, dia 11 de abril no Rio de Janeiro aos 96 anos. É realizada a primeira retrospectiva póstuma pela Prefeitura conjuntamente com a UFPEL.

A UFPEL recebe a coleção de quadros e desenhos doados por Leopoldo Gotuzzo em testamento.

1986 É inaugurado dia 7 de novembro, o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo da UFPEL.

1987 Abertura comemorativa do centenário dia 8 de abril com missa na Capela da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas.

Exposição de óleos e desenhos na Bolsa de Arte de Porto Alegre em junho com catálogo correspondente.

Exposição no Museu de Arte do Rio Grande do Sul em agosto e no Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo em Pelotas em outubro com chancela da Secretaria de Educação e Cultura do Estado e do grupo empresarial I. H Santos (MARGS, 2011, p. 19-23).

Através deste levantamento realizado pela da professora Luciana Reis podemos conhecer um pouco mais deste importante artista pelotense.

1.2. O MUSEU DE ARTE LEOPOLDO GOTUZZO

O Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo foi uma iniciativa da professora Luciana de Araújo Renck Reis, foi ela que começou as tratativas para o surgimento do museu. Leopoldo Gotuzzo entusiasmado com a ideia do museu prometeu a doação de um número maior de obras após sua morte, que englobaria quase totalidade de sua produção.

No ano de 1949, com a vinda para Pelotas do pintor Italiano Aldo Locatelli, oportuna-se a formação da Escola de Belas Artes da cidade, que faz desse artista Europeu uma espécie de paradigma para o ensino da pintura consolidada rapidamente, a entidade vem a desempenhar importante papel na vida cultural da comunidade, formando artistas e promovendo o interesse pelas artes visuais e desde logo, inicia-se a criação de uma pinacoteca própria, que vai ampliando a

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partir da doação de coleções particulares e de trabalhos dos próprios alunos que se vão graduando. (LIMA, 2001, 13).

No museu foram criados os setores de programação educativa, documentação, arquivo, conservação e restauro, além de uma galeria destinada a exposições temporárias com o nome de Marina de Moraes Pires, nome esse em homenagem a fundadora da extinta Escola de Belas Artes.

Quando Leopoldo Gotuzzo foi escolhido como patrono da Escola de Belas Artes, manifestou seu desejo de doar um grande número de obras de arte por agradecimento a sua cidade, mesmo estando afastado de Pelotas desde a sua juventude, Leopoldo Gotuzzo mantinha sua ligação com Pelotas, aonde vinha com muita freqüência e no ano de 1955 doou vinte e cinco telas de sua autoria, sendo que muitas dessas obras são hoje as mais importantes obras do acervo do museu.

Em 1969 quando a Escola de Belas Artes passou a funcionar agregada a Universidade Federal de Pelotas logo depois se transformando no Instituto de Letras e Artes da UFPEL, recebeu o acervo das obras de arte e a Universidade criou então anos depois uma sala de honra para colocar algumas das telas de Gotuzzo, cresceu então o desejo de criar um museu de arte para a universidade, partindo com o acervo do Leopoldo Gotuzzo e as demais coleções sob a guarda da instituição.

Em 1982, criou-se um atelier provisório de conservação e restauro das obras em poder da UFPEL, dirigido pelas professoras Luciana Reis e Yeda Luz, do Instituto de Letras e Arte, orientadas pela museóloga restauradora Elza Maria Loureiro de Souza, vinda do Rio de Janeiro, e que ficou em Pelotas em torno de sessenta dias. Após dois anos, depois de concluído o trabalho de restauro, foi exposto ao publico cento e vinte telas em uma mostra temporária, o que levou a motivação da criação do museu.

Foi inaugurado então em fins de 1986 o Museu de Artes Leopoldo Gotuzzo, se qualificou como um museu universitário, tendo como meta proteger, investigar e divulgar o seu acervo junto à comunidade e também receber exposições de arte, fomentar a pesquisa, educação junto à rede de ensino e a sociedade.

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(....)Foram criados para tanto, os setores de programação educativa, documentação e arquivo e conservação e restauro. Alem de uma galeria destinada a exposições temporárias, que leva o nome de Galeria Marina de Moraes Pires, homenageando a fundadora da extinta Escola de Belas Artes de Pelotas (LIMA, 2001, 15).

Foram estabelecidas cinco coleções: A coleção Gotuzzo, formada pela doação de 1955 e da cláusula testamentária de Leopoldo Gotuzzo, a Coleção Trápaga Simões, com obras de artistas Europeus do final do século XIX e inicio do século XX, que foram doadas a Escola de Belas Artes por Berthilda Trápaga e Carmem Simões a Coleção João Gomes de Mello, doação feita após a morte do Pelotense crítico de arte no Rio de Janeiro e que faleceu em 1970, a Coleção Antigos Alunos, com obras dos alunos da Escola de Belas Artes a Coleção século XX, com doações de artistas locais ou que tenham exposto na galeria do museu ou de outros artistas dessa época e a Coleção século XXI, que segue aos princípios da coleção século XX.

Ao todo são mais de quinhentas obras de arte, entre pinturas, esculturas, desenhos, gravuras e objetos, cerca de cento e vinte das quais são de autoria do patrono do museu.

Desde sua formação o MALG teve como chefes Luciana de Araújo Renck Reis (1986-1989), Ligia Maria Fonseca Blanck ( 1989-1991), Bernadete Lovatel Matias (1991-1992) e Wilson Marcelino Miranda (1993-1997)(2002-2006), Nicola Caringi Lima (1997-2002) e Raquel Santos Schwonke de 2006 até atualidade (2013).

O MALG, hoje situado à Rua General Osório nº 725 em Pelotas RS, teve sua inauguração em sete de novembro de 1986 e atualmente está ligado ao Centro de Artes da UFPel. Apresenta em sua coleção, além de um grande número de obras do artista Leopoldo Gotuzzo, também obras de artistas nacionais e internacionais. O acervo tem um grande numero de obras de arte, onde podemos encontrar pinturas, esculturas, desenhos, gravuras e objetos.

O MALG ainda recebe exposições temporárias e realiza outras atividades importantes como a promoção de seminários, cursos e programas de ações culturais e educativas, assim como este projeto de restauração que foi realizado em parceria

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com o Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Culturais do ICH/UFPEL. O museu também desenvolve pesquisa e extensão nas áreas de artes e museologia. O MALG geralmente está aberto para visitação de terça a domingo, das 10 às 19 horas e não cobra ingresso de entrada o que facilita muita o acesso da população.

A seguir mostraremos imagens (Figuras 1 e 2) do convite para exposição das 14 obras restauradas que fazem parte desse estudo.

Figura 01 – Modelo da frente do convite para exposição das 14 obras após o restauro.

Fonte: Arquivo da disciplina, 2012.

Figura 02 – Modelo de traz do convite para exposição das 14 obras após o restauro.

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CAPÍTULO 2. EXAMES EM OBRAS DE ARTE

Os exames aqui descritos são uma etapa importante do processo de restauração, como estas 14 obras que foram restauradas não possuíam documentação primária, foi realizado um breve estudo sobre elas, tentando buscar informações desde sua história até os dias atuais e ainda a pesquisa dos materiais constituintes das pinturas. Normalmente em um processo de restauro devemos levar em conta o serviço de cientistas, historiadores e restauradores.

Os historiadores produzem informações através de arquivos e todos meios que tragam informações sobre a obra, o que constitui o que se chama de história material da obra.

O laboratório através do estudo dos materiais empregados, o método de execução e o comportamento da obra através do tempo, completam o serviço do historiador e auxiliam o restaurador com informações sobre a técnica e materiais a utilizar em caso de restauração.

O ideal no campo da restauração é que os profissionais envolvidos; cientistas, historiadores e restauradores, tenham um mínimo de conhecimento entre essas três áreas, para que haja uma comunicação eficiente entre as partes envolvidas no processo.

Os exames em obras de arte foram desenvolvendo-se ao longo dos tempos, cada vez aparecem mais recursos para executar exames, e com o uso da tecnologia ficou ainda mais amplo este campo do conhecimento científico.

O uso da ciência aplicada ao estudo dos bens culturais e sua conservação, pode se considerar em três períodos, a saber:

O primeiro1 é desde o começo da antiguidade clássica até o séc. XIX (GÓMEZ, 2008, P.151). E foi no séc. XVI que foram usados lentes aplicadas em exames científicos, que posteriormente foram substituídas por lupa, microscópios óptico e estereoscópico. O segundo período começa na metade do séc. XIX até o começo do séc. XX e foi nesse período que aconteceram as primeiras colaborações

1

Tradução nossa, texto original- El primer período comprende desde el comienzo de la antigüedad clásica hasta el siglo XIX.

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entre historiadores e cientistas, nesse período também aparecem os primeiros registros fotográficos nas restaurações e em 1888, em Berlin, foi criado o primeiro laboratório em um museu.

O terceiro período vai do começo do séc. XX até os dias de hoje. Nesse período os objetos de arte passam a ser tratados com mais atenção, começa a haver mais trabalho conjunto entre cientistas, historiadores e o restaurador, isso se vê normalmente nos dias de hoje quando se trata de atenção aos bens culturais. Começa a criação dos laboratórios nos museus, os restauradores que normalmente atuam sobre as obras, não tinham o hábito de registrar suas intervenções, mas começam a criar literaturas sobre suas intervenções, o que auxilia todos que precisam se especializar em restauro, mas que não tinham então esse respaldo literário.

Também nesse período se desenvolve o campo da fotografia, que auxilia muito desde a criação da ficha da obra, no registro das intervenções e também como ferramenta de diagnóstico, onde podem ser usadas, por exemplo, técnicas como a macro fotografia, onde os detalhes da obra podem ser fotografados com lentes de aumento o que possibilita ver melhor os detalhes.

Os exames aqui abordados são de fácil aplicação e interpretação e tem um baixo valor, com exceção do exame de raios-X, que devido ao uso de um equipamento para gerar raios-X e também o valor da revelação das radiografias, pode tornar o valor um pouco elevado, os demais como os organolépticos, onde usamos os sentidos como tato, visão e podemos fazer uso de uma lente de aumento, ou o exame de luz tangencial e o de luz transmitida onde só precisamos de uma luz comum para iluminar a pintura, este por sua vez torna-se muito barato e o de radiação ultravioleta, no qual precisamos de uma lâmpada chamada luz negra ou lâmpada de Wood, aqui no caso foi usada uma lâmpada da marca granlight de 10 20 watts.

Os exames globais se baseiam no uso de radiação tanto visível como invisível ao olho humano conforme ilustração na tabela 01.

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Tabela 01: Tabela de distribuição dos exames globais.

Radiação Métodos Registro

Fenômenos Observação a olho nu

Visíveis com iluminação tangencial Visíveis e transmitida

De 400 a 750 nm

Fenômenos Lupa e microscópio Observação Imperceptível estereoscópico fotografia e Calorimetria análise digital Holografia de imagens

Fotografia( 750-900 nm) Infravermelho Reflectografia IR

Até 2.000 nm

Termo grafia (IR distante)

Invisível Reflexão UV (300-200 nm) Ultravioleta Fluorescência visível com

Radiação UV Raios-x Radiografia Autoradiografia

Fonte: Gómez, 2008, p. 158.

A aplicação dos exames, desde sua execução, até a obtenção dos resultados e interpretação, serviu de exercício para os alunos, que durante aulas teóricas estudaram sobre os exames e que com este projeto tiveram a oportunidade de acompanhar na prática a aplicação dos exames e seus resultados.

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2.1. Documentação Primária

Abordaremos um pouco sobre o que é documentação primária e qual é a sua importância na conservação das obras de arte.

Entende-se como documentação, reunião, ordenação e utilização dessas obras e a compilação de processos de trabalho2 (NICOLAUS, 2003, P.374).

Na restauração se distingue a documentação em especializada, organizativa e econômica. A documentação especializada compreende o estado da técnica e da técnica de restauração e também das medidas da obra, no momento de analisar ou de restaurar. A documentação especializada é material de base, instrumento de trabalho e de investigação3 (...) (NICOLAUS, 2003, P.374).

A documentação organizativa trata de todo o trabalho de restauro, relatando todos os detalhes da obra e a intervenção que está sendo feita e a documentação econômica tem por objetivo contabilizar todos os gastos relacionados ao restauro.

Além da documentação primária, existe também a documentação secundária e a terciária, sendo que a documentação secundária trata da reunião de todas as informações obtidas em livros, revistas, base de dados e os relatos de intervenções. A documentação terciária fica depositada geralmente em um centro, onde qualquer interessado pode recorrer a qualquer momento, onde encontrará toda documentação precisa sobre um determinado assunto.

No restauro realizado no MALG através do Projeto Pinturas do Acervo do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo: Documentação, Restauração e Exposição, foram criadas fichas que constituem documentação primária para todas as quatorze obras de arte restauradas (modelo de ficha, anexo 03), sendo que não havia esse tipo de documentação com informações sobre as obras.

2 Se entiende por documentación la recogida, ordenación y utilización de hechos y la

recopilación de procesos de trabajo.

3 Tradução nossa, texto original- En la restauración se distingue entre documentación

especializada, organizativa y economica. La documentación especializada compreende el estado de la técnica y de La técnica de la restauración, además de las medidas tomadas en la obra de arte en el momento de análisis o de la restauración. la documentación especializada es, por una parte, el material de base, instrumento de trabajo y de investigación (...).

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2.2. Tipos de exames

2.2.1 Exames Organolépticos

Este é o primeiro exame a ser feito, devemos usar os sentidos como o tato e visão, podendo usar o auxílio de uma lente de aumento, neste exame veremos todas as partes que compõem a obra, suas patologias, intervenções anteriores, excrementos de xilófagos, ratos, e o estado do bastidor, da tela, e o material que é composto, sua preparação, a camada pictórica, as manchas, carimbos ou escrita na frente e verso da obra, o verniz, fungos, sujidades, furos, rasgos, etc.(GÓMEZ 2008).

Esse exame foi fundamental já no primeiro passo para o preenchimento da ficha da obra, pois colheu informações básicas antes dos outros tipos de exames que serão abordados a seguir.

2.2.2. Exame de Luz Rasante

Este exame, também chamado de luz tangencial, consiste em examinar a obra no escuro, com aplicação de uma luz somente pela lateral (por ambos os lados) da obra, em um ângulo de 5º a 30º, possibilitando observar irregularidades da superfície, pregas, curvaturas, desníveis, lacunas, fraturas da camada pictórica, e serve também para estudar a técnica do artista.

Esse exame foi realizado em todas as 14 obras que foram restauradas, visto que é um exame fundamental e de fácil aplicação e que resulta em dados importantes para traçar uma proposta segura de restauro e é também de fácil interpretação.

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2.2.3. Exame de Luz Transmitida

Consiste em, numa sala escura, incidir uma luz por traz da obra e observar pela frente, sendo que a luz vai ficar imperceptível nas partes boas, sólidas e sem defeitos, e irá aparecer com certa intensidade onde houver falhas, quanto mais luz for observado, maior será a falha do material, esse tipo de exame emprega-se para revelar a perda de matéria, fendas, rupturas, rasgos, etc.

Vale lembrar que este exame só pode ser usado em materiais que permitam visualizar a luz através de si, como as pinturas em telas.

Esse exame é simples de aplicar e de interpretar, pois fornece indicação visual clara dos locais onde a tela tenha problemas com sua estrutura ou na camada pictórica, no caso da restauração das 14 obras do MALG, três obras não puderam passar por esse exame, são elas: sem título, Castelo, Árvores na estrada, pois elas são de papelão, de madeira e cartona, não sendo possível que a luz a atravessasse, as demais 11 obras foram examinadas com o exame de luz transmitida.

2.2.4 Exame de Radiação Ultravioleta

A luz ultravioleta se situa em uma longitude de onda próximo à luz azul, ainda que ligeiramente mais curta, entre 140 y 39000 . Tem a propriedade de modificar temporariamente certos corpos, que ao ser excitados com ela emitem uma radiação de uma longitude de onda superior, uma florescência luminosa, que cessa ao finalizar a exposição e que pode ser vista por o olho e registrado em fotografia, esta nos revela as possíveis alterações da superfície, repintes, consertos e inscrições ocultas, etc. Descoberta por um físico americano Wood em 1913, se impôs comercialmente para exame nas pinturas em 1925, e em torno de 1930 Eibner publicou os trabalhos pioneiros.Seu emprego se baseia na iluminação das obras mediante esta luz dentro de uns requisitos técnicos básicos4 (ORTI, 1994, p.35).

4 Tradução nossa, texto original-

La luz ultravioleta se sitúa en una onda cercana a la luz azul, aunque ligeramente Es más corta, entre 140 y 39000 . tiene la propriedad de modificar temporalmente ciertos cuerpos que al ser excitados con ella emiten una radiación de una longitud de onda superior, una florescencia luminosa. Que cesa al finalizar la exposición y que puede ser vista por el ojo y registrada fotograficamente. Esta nos revela las posibles, repintes, reformas e inscripciones ocultas, etc. Descubierta por el físico americano Wood em 1913, se impuso comercialmente para el examen de las pinturas en 1925, yen torno a 1930

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Com o emprego de uma luz chamada lâmpada de Wood, ou luz negra, em uma sala escura incide essa luz diretamente sobre a obra. Mesmo sendo uma luz invisível a olho nu o seu uso faz com que os materiais de diferentes composições químicas, florescem de forma distinta de acordo com sua natureza química. O emprego desse exame permite verificar as sucessivas camadas de pintura, sendo que os repintes aparecem com uma cor escura, e mostra também a uniformidade e envelhecimento do verniz.

2.2.5 Exame de Raios-X

Os raios-x foram descobertos por Wilheim Conrad Röntegn, em 1895, o método da radiografia foi de grande importância na conservação e restauro e na museologia, Já depois de alguns meses de sua descoberta, se tornava evidente o uso para o estudo das pinturas. Esse exame pode mostrar o estado de conservação, pesquisas relacionadas à autoria e autenticidade, repintes, desenho por baixo da pintura, arrependimentos etc.

Os raios-x têm a capacidade de atravessar corpos opacos à luz visível, ao atravessarem a pintura, e de acordo com o número atômico do elemento presente, quanto maior o peso atômico, mais opaco será aos raios-x, ou seja, menos raios irão chegar à película radiográfica e impressioná-la, tintas como o branco de chumbo, presente na maioria das pinturas antigas, permite obter imagens nítidas.

O exame é semelhante ao exame feito em pessoas, com a diferença do uso de menor intensidade dos raios no exame de obras, por se tratar de estruturas mais finas. No modo mais tradicional, em uma sala escura é colocada uma película sensível à luz, que é um filme radiográfico, no interior de um chassi de alumínio forrado com ecrã5 no seu interior, esse ecrã permite sensibilizar a película na Eibner publicó los trabajos pioneros. Su empleo se basa en la iluminación de las obras mediante esta luz dentro de unos requisitos técnicos básicos.

5

Em termos radiológicos, o ecrã tem como função intensificar e responder aos raios X em forma de luz. A imagem gerada no ecrã é relacionada às diferenças de densidades que compõe o corpo humano, onde as estruturas ósseas geram sombra, pois absorvem os feixes de raios-X, e os tecidos geram no ecrã, emissão de luz. O ecrã é fabricado com elementos químicos da família fosforosa, pois os raios X conseguem durante a interação com esses elementos químicos a fosforescência (emissão de luz). Dentro do chassi, há dois

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presença da radiação, após isso o chassi pode sair à luz, esse chassi é colocado embaixo da obra, o tubo de raios-x é colocado a uma distância de um metro do chassi e é disparado o raio que atravessa a obra o chassi e imprime a imagem na película radiográfica com o auxilio do ecrã que brilha na presença do raio.

Após o exame o chassi volta para a câmara escura, onde é aberto e a radiografia é colocada em uma máquina processadora que vai revelar o filme através de produtos químicos, liberando-o para poder ser analisado à luz.

Com o avanço da tecnologia a revelação do filme pode ser feita de maneira digital, reduzindo os custos, melhorando a qualidade e permitindo a armazenagem digital das imagens sendo processado em uma digitalizadora de imagem, e impressa em um sistema flexível de imagem de mesa, não sendo mais usada a reveladora com produtos químicos.

No caso do exame relatado aqui nesse trabalho, o exame foi feito na Clínica CTSUL, situado na Rua Gomes Carneiro nº 2055, em Pelotas/RS, que dispõe de sistema moderno de revelação, usando para revelar filme uma reveladora da marca Agfa, modelo CR-85x (figura 09) e uma impressora de imagens também da marca Agfa modelo DRYSTAR AXYS (figura 10).

ecrãs, um chamado anterior e outro posterior. Aparentemente os dois parecem ser iguais, mas o posterior é mais grosso que o anterior. Esse sistema foi desenvolvido para sanar a perda da intensidade do feixe principal de raios-X, devido a atenuação decorrente da interação do feixe principal com a parte (paciente), o ecrã anterior e o filme. O ecrã é muito sensível, por isso ao ecrã posterior (localizado na tampa do chassi) foi acoplado a uma fina chapa de chumbo, para que o chassi, com a tampa voltada para a ampola produtora de raios X não deturpe o filme antes ou depois de utilizado.

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CAPÍTULO 3. EXAMES REALIZADOS NAS PINTURAS DO ACERVO DO MUSEU DE ARTE LEOPOLDO GOTUZZO

3.1. Exames organolépticos

Como esse é o primeiro e o mais importante exame a ser feito em uma obra de arte, abordaremos sua aplicação nas obras restauradas no MALG, mostrando sua aplicação e os resultados obtidos nos exames em algumas obras, em que se possa acompanhar de forma clara, todo o processo de sua execução e resultados.

Deve-se lembrar que o primeiro passo ao se receber uma obra é preencher a ficha de documentação, (ver modelo em anexo 03), onde devem constar informações sobre: a obra (nº registro, titulo, autor, materiais e técnicas, dimensões, procedência, data de recebimento e entrega documentação gráfica e intervenções anteriores).

Os exames globais São observações feitas diretamente sobre a tela, averiguando suas características perceptíveis aos sentidos visão e tato, podendo ser usadas lentes de aumento se necessário. Neste exame estuda-se a moldura, o bastidor e a tela, identificando os materiais, estado de conservação, problemas e patologias. Analisando também a camada pictórica. Quando estes estudos não são suficientes, recorre-se então aos exames pontuais, que são análises destrutivas da obra.

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Figura 03: Fotografia da obra “sem título” vista pela frente no exame organoléptico

Fonte: arquivo da disciplina, 2012.

Figura 04: Fotografia da obra: sem título, vista por traz no exame organoléptico

Fonte: arquivo da disciplina, 2012.

Através do exame organoléptico nessa obra, pode se observar vários problemas como; perda de suporte, rasgos, ataques de xilófagos6, sujidades, etc. O exame de superfície7 se baseia fundamentalmente na utilização de determinadas radiações do espectro solar, que podem ser visíveis ou não ao olho humano (....) (ORTI, 1994, p.28).

6

Significado da palavra xilófago: A palavra resulta da combinação de xilo (do grego ksúlon, que significa "madeira") com fago (do grego phagein, que significa "comer").Fonte: site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Xil%C3%B3fago. Acesso em 04/02/2013

7 Tradução nossa, texto original- Exámenes de superfície se basa fundamentalmente em la

utilización de determinadas radiaciones del espectro solar que pueden ser o no perceptibles por el ojo humano (....)(ORTI. 1994.28).

Ataque de xilófagos Perda de suporte Rasgos

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3.2. Luz tangencial ou rasante

Esse exame consiste em estando com a obra no escuro, incidir um foco de luz, que esteja no mesmo plano em que se encontra a obra (por ambos os lados), em um ângulo de 5º a 30º. Com esta iluminação é possível observar irregularidades da superfície, pregas, mossas, pasta de matérias, tensões e deformações em geral, curvaturas, desníveis, lacunas, fraturas da camada pictórica, e serve também para estudar a técnica do artista.

Figura: 05: Fotografia da obra: Sem título, sob exame de luz rasante ou tangencial

Fonte: acervo da disciplina, 2012.

No exame de luz rasante ou tangencial nessa obra, figura 05, pode notar vários detalhes como; problema com a sua estrutura como a irregularidade da superfície com a sua curvatura, detalhe da pincelada emplastada do artista, (técnica) etc. Quanto à indicação do ângulo que a luz deve ficar em relação à obra, existem

Curvatura da obra Pinceladas emplastadas do artista (Técnica)

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divergências entre autores, mas esse não é um detalhe importante no exame de luz rasante, uma vez que se pode ir variando o ângulo da luz em relação à obra, buscando uma melhor visualização do detalhe que se quer ver, conforme ilustra a figura acima.

A técnica8 é de extrema simplicidade: o quadro situado na escuridão, se ilumina com um foco de luz solar ou artificial de forma paralela, formando um ângulo de 2° a 300° em respeito à obra.

Seu emprego é imprescindível em todos os museus, seguindo as normas de proteção sobre deslocamentos e exposições das obras dos mesmos. E deveria efetuar-se com certa regularidade para o controle dos objetos. De maneira que se evitassem grandes desastres. É igualmente valioso para comprovar as distorções do quadro original que guiam o trabalho do restaurador e para o historiador interessado no grafismo do artista e incluindo a recuperação de imagens (ORTI,1994,p.31).

3.3. Luz transmitida

O exame de luz transmitida aplicado nas pinturas em tela foi importante para revelar problemas com a integridade da obra.

A luz transmitida9 geralmente se utiliza para revelar as partes perdida e as faltas de adesão em um objeto, desde que a luz pode atravessar também em parte os objetos translúcidos, ou os objetos opacos que apresentam gretas, rasgos, partes faltantes ou transparentes (Gómez, 2008, p.159).

8

Tradução nossa, texto original- La técnica es de extrema simplicidad: el cuadro situado en la oscuridad, se ilumina con un foco de luz solar o artificial de forma paralela o formando un ángulo de 2º a 300º respecto a la obra.Su empleo es imprescindible en todos los museos siguiendo las normas de protección acerca de los desplazamientos y exposiciones de las obras de los mismos. Y debería efectuarse con cierta regularidad en el control de los objetos, de manera que se evitaran grandes desastres. Es igualmente valioso para comprobar las distorsiones del cuadro original que guian el trabajo del restaurador y para el historiador interesado en el grafismo del artista e incluso la recuperación de imágenes.

9 Tradução nossa, texto original- LA LUZ TRANSMITIDA se suele utilizar para revelar las

partes perdidas y las faltas de adhesión en un objeto, ya que la luz puede atravesar también en parte los objetos translúcidos, o bien los objetos opacos que presenten grietas, rasgaduras, partes perdidas o transparentes.

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A forma como esse exame foi aplicado durante o restauro no projeto que se desenvolveu no MALG, foi da seguinte forma: na sala onde se desenvolveu o restauro, foram apagadas as luzes e depois foi feito o uso de uma lâmpada fluorescente circular da marca super Day light fcl-22 w CE, colocada atrás da obra e observado pela frente, onde pôde se notar as falhas na tela. Onde se observa luz é sinal que houve a perda de suporte ou camada pictórica, ou ainda pode se observar furos, rasgos, etc.

Pelo fato desse tipo de exame se fazer necessário que a luz atravesse o material a ser examinado, se torna óbvio que só pode ser usado em materiais translúcidos como as pinturas em telas e papel, não podendo, portanto ser utilizado em pinturas em madeira.

Figura 06: Fotografia da obra Paisagem 205, sob exame de luz transmitida.

Fonte: arquivo da disciplina, 2012.

Nessa foto da obra através do exame de luz transmitida, pode se observar, (fig.06), vários furos que são perdas de suporte, ou ainda locais com a luz atravessando a obra com menos intensidade, o que indica perda da camada pictórica ou abrasão (raspagem: rasura: desgaste provocado por atrito. etc.) Ao redor da tela nota-se os furos dos pregos de fixação da tela no bastidor. Com um

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olhar minucioso e com a prática adquirida com o trabalho de restauro de pinturas em telas, pode-se através desse exame, diagnosticar e planejar as intervenções necessárias para o restauro da obra.

3.4. Radiação ultravioleta

Nesse exame foi utilizada lâmpada Wood da marca Granlight, t 10 20w, usando reator eletrônico para lâmpada de 20w, marca Margirius continental família pg 02, modelo pg-1x20 de partida instantânea freqüência: 50 a 60 hz e temperatura máxima 75ºc.

Forma de realizar o exame de radiação ultravioleta:

Com o ambiente escurecido foi projetada a luz de radiação ultravioleta sobre as pinturas, exemplo (figuras 7, 8).

Figura 07: Pintura sem título sob radiação ultravioleta.

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Figura 08: Fotografia do exame de radiação ultravioleta aplicado nas pinturas pela professora Andréa e alunos.

Fonte: Acervo da disciplina, 2012.

Esse exame de radiação ultravioleta foi realizado em todas as quatorze pinturas restauradas, seus resultados auxiliaram na elaboração da proposta de intervenção, uma vez que através dos resultados, foi possível diagnosticar principalmente as áreas com repintes e os locais onde o verniz se encontrava oxidado.

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O exame de raios-x foi realizado em quatro obras de arte de diferentes tipologias, uma de papelão, uma de madeira, uma de linho e uma de juta, as obras foram levadas para exame em uma clinica médica, onde o aparelho foi ajustado para baixa intensidade de raios, uma vez que a estrutura dessas obras é fina, requerem um nível baixo de radiação.

Os aparelhos utilizados nos exames foram os seguintes:

Equipamento de geração de raios-x da marca Siemens, com capacidade para gerar 200 ma (200 miliampéres), 300 mas (300 miliampéres por segundo) e 126 KV(126 mil volts).

A revelação das imagens foi feita pelo equipamento conforme a figura 09

Figura 09: equipamento de revelação das radiografias marca Agfa, modelo CR 85-X.

Fonte:Disponívelbem:http://www.agfahealthcare.com/global/en/main/products_services/com puted_radiograp hy/digitizers/cr85_0_x.jsp. Acesso em 22/02/2013.

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A impressão das imagens foi feito no equipamento da marca Agfa, modelo Drystar axys, conforme figura 10.

Figura 10: impressora de radiografias da marca Agfa modelo Drystar axys.

Disponíveliem:http://medicalequipmentfl.com/sh/index.php?main_page=product_info&cPath= 32&products_id=181. Acesso em 20/02/2013

Em seguida mostraremos as imagens obtidas através desses exames, sendo que as imagens mostradas aqui foram adquiridas em arquivo digital e disponibilizadas ao MALG, assim como as radiografias que foram impressas e também cedidas ao museu para constituírem junto às fichas, a documentação primária das obras.

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Figuras 11, a,b,c,d, : imagens do exame de raios-x na obra, Velho do cachimbo.

a b

c d

Fonte: arquivo da disciplina, 2012.

A imagem resultante do exame de raios-x nessa pintura, figura 24, a,b,c,d, Velho do Cachimbo mostrou detalhes importantes, na análise e interpretação das imagens pode-se concluir que o tecido da tela se encontra em boas condições por não aparecer falhas na imagem, que provavelmente tenha sido utilizado tinta com chumbo na sua composição que se evidencia nas partes brancas da tela como a

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barba na figura: a, e possível uso no clareamento da mão, figura :d. Na imagem também é possível ver os grampos de metal que fixam a tela ao bastidor, e o arame utilizado para pendurar a obra que aparece na figura:a, esses grampos e o arame por serem de material com maior número atômico e, portanto absorverem mais raio aparece mais claro na imagem.

Os demais pontos claros nas imagens também mostram o uso da tinta branca e no contorno externo das figuras: b,c,d, também é possível ver o bastidor da obra, que por ser um material mais denso que a tela e absorver mais raio, aparece mais claro.

A seguir colocaremos a figura da obra, Velho do Cachimbo, para comparação entre a imagem da obra em exame e a imagem após o restauro da obra.

Figura 12: Fotografia da obra: velho do cachimbo.

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Figura 13: Imagem do exame de raios-x na obra chamada: Sem título.

Fonte: Arquivo da disciplina, 2012

Figura 14: Fotografia da obra: Sem título, após o restauro em exposição.

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Na imagem do exame de raios-x obtida da obra, Sem título, figura 13, que é uma pintura sobre papelão, podemos notar os objetos de metal agregados à obra, como os pregos usados nos cantos do baguete10 e os que fixam o baguete a moldura, as chapas de ferro que também fixam o bastidor a moldura as cantoneiras da moldura que também são de metais e o arame e grampos colocados para pendurar a obra, e que por isso se mostram na imagem com cor mais clara que no restante da obra, pois os objetos de maior peso atômico oferecem maior resistência a passagem dos raios-x.

(...)Radiação que escurece uma placa fotográfica especial em relação com o poder de absorção dos elementos que atravessa de forma que um corpo com um peso atômico elevado absorve mais raios que outro de inferior peso(....)11 (ORTI,1994,p.43).

É importante notar também as partes escurecidas no canto esquerdo superior e inferior da obra e em linha diagonal, indicando onde foram colocados os enxertos e aplicado massa de nivelamento a base de carbonato de cálcio e PVA neutro, material esse que se comporta de forma diferente a passagem dos raios em relação ao restante da obra.

Outro detalhe visualizado na imagem da radiografia é a presença de traços verticais indicando que a pintura pudesse ter sido feita nesse sentido, mas ao ver a obra pintada, se observa que as pinceladas foram feitas no sentido horizontal, tendo sido pintado o céu na parte superior, ao centro montanhas e na parte inferior o solo e a vegetação, o que leva a crer que as pinceladas no sentido vertical, sejam da camada de preparação ou ainda um arrependimento do artista, situação em que ele pode ter feito a pintura de algo que não gostou e faz outra pintura por cima da que já havia feito.

10 Estrutura fina que pode ser de madeira ou metal usado para fixar a obra na moldura.

Definição do autor.

11

Tradução nossa, texto original- Radiación que oscurece una placa fotográfica especial en relación com el poder de absorción de los elementos que atravesa, de forma que un cuerpo con un peso atómico elevado absorbe más rayos que otro de inferior peso.

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Figura 15: Imagem do exame de raios-x na obra: Castelo.

Fonte: Arquivo da disciplina, 2012.

Figura 16: Fotografia da obra, Castelo, após o restauro em exposição

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No exame de raios-x realizado na obra de nome Castelo, figura 15, que é pintura sobre madeira, podemos notar assim como no exame anterior, a presença de pregos de fixação do baguete, as chapas de fixação do bastidor à moldura e os grampos de metal que prendem a tela ao bastidor, que aparecem mais claro na imagem pelo fato do ferro ser de maior peso atômico e absorver mais raio, nos cantos do bastidor onde a tela foi dobrada e ficou mais espessa, também nota-se onde a imagem ficou mais clara.

Essa obra quando passou pelo processo de restauro se encontrava com fragilidade no suporte, então foi colocado reforço de madeira em volta, que pode ser observado na imagem de raios-x onde aparece uma faixa larga em volta da obra. Todas essas informações visuais fornecem dados importantes para historiadores, restauradores, cientistas e artistas que um dia possam vir pesquisar essas obras que tiveram criadas sua documentação primária, foram restauradas e expostas nesse projeto.

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Figura 17:Imagem de raios-x na obra: Auto- retrato 190.

Fonte: Arquivo da disciplina, 2012.

Figura: 18:Fotografia da obra: Auto- retrato 190 em exposição.

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Na imagem de raios-x da obra Auto- retrato 190, figura 17, pode se observar nas manchas mais claras ao centro, o que possivelmente seja a sobreposição de tintas na composição da figura, que tornaria mais denso o local, o que dificultaria a passagem dos raios, visto que nas laterais da figura está mais escuro, indicando que a camada é mais superficial, menos densa, pois permitiu mais passagem de raio, ou o uso de tintas com chumbo na sua composição, o que também dificultaria a passagem dos raios. Também é possível ver a presença dos grampos de fixação da tela ao bastidor, vê-se também pregos e chapas de fixação do bastidor a moldura.

No lado esquerdo aparece uma pequena mancha branca e a direita aparecem quatro manchas, como essa obra se encontrava com rasgos, foram feitos enxertos e obturações no suporte, o que possivelmente seja as pequenas manchas que aparece, ai vê-se a importância da documentação primária, pois através das fichas de restauro e fotografias do procedimento, pode completar com a imagem do raio x a informação exata do que podem ser as manchas.

Nos cantos internos do bastidor é possível notar partes mais claras, indicando onde a tela foi dobrada para fixar no bastidor, ficando assim sobreposta e absorvendo mais a passagem dos raios do que no centro.

Nos exames de raios-x que foram realizados nas quatro pinturas, figuras, 11 a.b.c.d, 13, 15, 17,foram feitos testes com diferentes níveis de radiação, inicialmente o equipamento foi ajustado para 60KV x 10 mas x 100ma, porém ficou alto o nível de radiação e a radiografia ficou escura, ajustou-se o equipamento para 55KV x 6ma x 100ma, foram feitas as duas pinturas, figuras 13, Sem titulo,e 15 Castelo e o resultado foi bom, após foi realizado exame na pintura, figura 11,a.b.c.d, Velho do cachimbo, para esse o equipamento foi ajustado para 49KV x 2mas x 100ma e o resultado ficou bom e para a pintura da figura 17, auto retrato 190, o equipamento foi ajustado para 56KV x 5mas x 100ma e o resultado também foi bom.

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CONCLUSÃO

O trabalho desenvolvido aqui sobre estudo dos exames realizados nas quatorze pinturas do acervo do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, durante o projeto; Documentação, Restauração e Exposição, onde foram realizados os exames organolépticos, luz rasante ou tangencial, luz transmitida, radiação ultra violeta e raios-x, apresentou resultados satisfatórios, auxiliando os alunos durante o processo de restauro e criando a documentação primária das obras, documentação essa que não existia e que é importante para registrar o estado em que as obras se encontravam, qual e como intervenção foi feito e como ela ficou após o restauro.

Os exames foram realizados seguindo orientações da professora Andréa Bachettini, a documentação primária foi criada e os exames foram estudados na prática, quatorze obras foram restauradas pelos alunos e expostas, todo esse processo enriqueceu nosso conhecimento.

Os exames: organolépticos, luz rasante ou tangencial, luz transmitida e radiação ultravioleta, por serem de fácil aplicação e interpretação de seus resultados, foram importantes na geração de conhecimento para os alunos, a abordagem feita sobre esses exames satisfizeram o propósito de fornecer informações sobre o estado da obra e treinar os alunos, para que seja feito um plano de intervenção seguro e eficaz e para criar a documentação primária para as 14 obras que fizeram parte desse projeto.

Todos os exames tratados nesse projeto podem ser desenvolvidos como o exame de raios-x, por ser um exame complexo desde sua aplicação e interpretação, pode servir futuramente como objeto de estudo e fonte de informação. O material produzido é importante para que seja feito uma análise profunda de seus resultados, pois com a obtenção dos resultados dos exames em mídia digital e impressos que foram obtidos nesse projeto, e que ficou com o MALG, pode auxiliar pesquisadores, artistas, historiadores e restauradores, para que se faça uma melhor interpretação das imagens, o que pode trazer muitas informações ainda sobre as obras que passaram por esse processo de restauro.

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As quatorze obras de arte tratadas no projeto desse trabalho se encontravam em péssimas condições, com risco de perderem-se ou terem pioradas suas condições caso não houvesse uma intervenção como a que foi feita através do projeto. Vemos o quanto é importante ter projetos na área da cultura, resgatando e preservando a memória, pois cabe a nós cuidarmos o que temos sob nossa responsabilidade, cuidar com profissionalismo e ética, para levar em boas condições às gerações futuras, deixando como exemplo nossas ações.

Na área de exames utilizados na conservação e restauro, existem muitos tipos de exames em obras de arte que não foram abordados aqui, por não terem sido utilizados nas mesmas, mas que são importantes também para analisar, diagnosticar e documentar ações na conservação e restauro, fica a sugestão para quem quiser pesquisar e desenvolver o conhecimento em exames de obra de artes, pois é importante ter ações como essa de documentar estes procedimentos e disponibilizar para que outras pessoas possam estudar e dar continuidade em criar bibliografias especializadas em exames.

A dificuldade de desenvolver esse trabalho deu-se justamente por falta de bibliografia sobre exames em obras de arte, segundo Rodriguez (1987, introdução), o autor fala que livros são escritos por Italianos, Belgas e Ingleses nas suas línguas originais e que em espanhol existe pouca bibliografia, e o que existe está escrito por teóricos da restauração. No Brasil também existe pouca bibliografia sobre exames em obras de arte.

Espera-se que com esta contribuição de relato dos exames aqui realizados, possa despertar o interesse em pessoas que queiram relatar suas experiências profissionais durante a realização de restaurações, abrangendo todos os aspectos, inclusive os exames realizados, pois na área da restauração infelizmente poucos profissionais têm o hábito de escrever suas experiências, o que deixa escasso o material bibliográfico sobre exames.

O presente trabalho dirige-se à profissionais na área de restauro de obras de arte, historiadores, estudantes, artistas e qualquer pessoa interessada, aqui em particular, por pinturas. O tema pode ser mais bem desenvolvido, considerando que existem outros exames que podem ser realizados nas obras de arte e que não foram abordados aqui, por não fazerem parte neste processo de restauro.

Referências

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