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TV Digital inclusiva: uma análise sobre o processo de implantação do sinal de TV Digital no Brasil

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Academic year: 2021

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TV Digital inclusiva: uma análise sobre o processo de

implantação do sinal de TV Digital no Brasil

Allexandre S. S. Soares¹, Danilo L. Santos¹, Luiz R. L. S. Filho¹, Mailson S. Couto¹ 1

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA Av. Amazonas 3150 – Zabelê, Vitória da Conquista – BA – Brasil

{allexandresss, luizromariofilho, danilo.1.lps, mailson.ifba}@gmail.com

Abstract. This article deals with the distribution of digital television signals in

Brazil, creating a comparative tie with data from the Human Development Index (HDI) in the country to be able to trace, in a practical way, the relationship between availability of digital signal and levels of socioeconomic development each state or region. With these data, we can respond to the initial target of having an accessible and inclusive Digital TV is being followed.

Resumo. Este artigo trata da distribuição do sinal digital de televisão no Brasil,

criando um laço comparativo com dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, para poder traçar, de forma prática, a relação entre disponibilidade do sinal digital e níveis de desenvolvimento socioeconômico de cada estado ou região. Com estes dados, pode-se responder se a meta inicial proposta de se ter uma TV Digital acessível e inclusiva está sendo seguida. 1. Introdução

Por mais de 50 anos, a TV aberta emitiu os sinais de programação de suas emissoras através do padrão analógico no Brasil, tornando-se o principal meio de comunicação no país, tendo, inclusive, a expressiva taxa de 95,1% de presença em domicílios brasileiros, segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [2]. Contudo, o avanço tecnológico permitiu uma nova forma de transmissão de sinal: o padrão digital.

Segundo o Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital - SBTVD [5], cerca de metade da população brasileira está em áreas com cobertura do sinal digital de televisão. Entretanto, na prática nem toda esta população possui uma antena receptora ou TVs com receptores internos para captar esse sinal. Dessa forma, o acesso ao sinal digital de televisão ainda é escasso e não se pode afirmar que esta metade que dispõe do sinal é ativamente beneficiada por ele.

De acordo com o decreto [3] que institui o SBTVD, este tem também entre seus objetivos a promoção da “inclusão social, a diversidade cultural do País e a língua pátria por meio do acesso à tecnologia digital, visando à democratização da informação”. Portanto, espera-se que na implantação do SBTVD haja uma preocupação com questões de desenvolvimento e inclusão social. No presente artigo, é realizada uma análise da situação da TV Digital no Brasil, em níveis de cobertura, e se a meta inicial de inclusão social e digital está sendo cumprida.

Para a sequência do trabalho, a seção 2 aborda o contexto atual do SBTVD e o método de pesquisa utilizado. A seção 3 traz os resultados obtidos após o estudo teórico

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e a coleta de dados do sinal da TV Digital. Por fim, na seção 4 são apresentadas as conclusões referentes à pesquisa.

2. Contexto do Trabalho

O futuro da TV Digital no Brasil apresenta uma perspectiva promissora. A migração para o padrão digital de transmissão vem acontecendo gradualmente, tendo alcançado 52% dos lares ou 105.334.881 brasileiros em 2014, segundo [5]. No entanto, é preciso observar se esta cobertura está, de fato, seguindo uma das metas definidas no decreto [3] de instituição do SBTVD, que é promover a inclusão social por meio do acesso ao sinal digital.

Baseando-se neste pressuposto, foram analisados os índices de cobertura obtidos na página oficial [8] do SBTVD em comparativo com o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de cada região e seus respectivos estados, para buscar compreender se há uma proporcionalidade entre eles e qual a situação da TV Digital nas localidades especificadas.

3. Resultados e Discussões

Com base nos dados apurados, foram elaborados gráficos comparativos entre o nível de IDHM de cada estado e a disponibilidade de sinal, em nível percentual, naquela mesma região. O uso da métrica de IDHM se deu pela confiabilidade destes dados e pela certidão que eles trazem quando se buscam informações acerca do desenvolvimento social, econômico e educacional de uma região. Estes gráficos ajudarão a entender melhor o processo de implantação do sinal de TV digital no Brasil.

Ao se analisar a disponibilidade de sinal digital de televisão entre todas as regiões, percebeu-se que não há um padrão entre a cobertura do sinal entre as três regiões com maior índice de IDHM: Sul, Sudeste e Centro-Oeste, tendo, nestas três regiões, variações de até 19 pontos percentuais para o nível de sinal. Nas regiões Norte e Nordeste, com mais modestos e parecidos níveis de IDHM, a diferença entre a cobertura do sinal digital é menor, cerca de 9 pontos percentuais, como apresentado na Figura 1.

Figura 1. Nível de IDHM e Percentual de distribuição de Sinal Digital por região.

Partindo para a análise da disponibilidade de sinal digital por cada região do Brasil, verificou-se que, mesmo tendo certos padrões de divisão do sinal por áreas de maior concentração de renda, ao se observar individualmente, cada estado tem sua própria especificidade nos padrões de disponibilidade de sinal e nível de desenvolvimento socioeconômico. 0 10 20 30 40 50 60 70 80

Norte Nordeste Sul Sudeste Centro-Oeste

IDHM * 100 Sinal de TVD %

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Na região Norte isto fica evidente, na mesma área geográfica existe um caso de alta disponibilidade de sinal digital e outros casos de baixa disponibilidade. O estado do Amapá lidera os índices na região, tendo o maior IDHM e também a mais alta taxa de disponibilidade do sinal de TV Digital da região, sendo também o 3º estado brasileiro com maior disponibilidade. Entretanto, isto pode ser explicado pela pequena quantidade de municípios neste estado, apenas 16 e uma população de pouco mais de 750 mil habitantes. Assim, um esforço mínimo na implantação do sinal digital poderia gerar um percentual considerável de cobertura.

Ainda na mesma região, outro exemplo é o estado de Rondônia, que tem seu IDH dentro da média regional, com 0,690 pontos, porém, com apenas 30% de disponibilidade do sinal digital, como mostra a Figura 2.

Figura 2. Nível de IDHM e Percentual de distribuição de Sinal Digital na região Norte.

Na região com menor IDHM do Brasil, o acesso da população à TV Digital tem seus níveis mais próximos entre os estados. O que se percebe, a partir da análise dos dados, como apresentado na Figura 3, é que a região Nordeste, onde, teoricamente, deveria se ter um grande esforço e investimentos para popularização da TV Digital, pensando-se na promoção de seu caráter inclusivo, fica para trás em comparação ao resto do país.

Figura 3. Nível de IDHM e Percentual de distribuição de Sinal Digital na região Nordeste.

Nenhum dos estados nordestinos passa da faixa de 45% de cobertura pelo sinal digital, deixando a região, novamente, atrás dos índices e abaixo da média nacional, o

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Acre Amapá Amazonas Pará Rondônia Roraima Tocantins

IDHM * 100 Sinal de TVD % 0 10 20 30 40 50 60 70 80 IDHM * 100 Sinal de TVD %

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nível de IDHM da região evidencia a necessidade de investimentos, nível este que não chega a 0,700 e que está abaixo da média nacional de IDHM.

Analisando-se os dados das regiões historicamente mais desenvolvidas, fica claro novamente a falta de padronização ou nivelamento da distribuição do sinal digital. Assim como no Norte do país, perceberam-se casos de diferenças significantes entre os níveis de IDHM e de cobertura de TV Digital.

Especificamente, tratando-se da região Sul, percebeu-se que tanto no Paraná, Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, os níveis de IDMH mostram-se nivelados, acima de 0,700, com pouca diferença entre eles, como mostrado na Figura 4. Porém, enquanto o Paraná dispõe de 60% de área de cobertura de sinal digital, Santa Catarina não chega aos 40%.

Figura 4. Nível de IDHM e Percentual de distribuição de Sinal Digital na região Sul.

A região Sudeste, tendo o melhor desempenho socioeconômico nacional e dispondo de bons índices de IDHM, se destaca pela taxa de cobertura de sinal digital no Rio de Janeiro, com 78% e São Paulo, com 80%, como apresentado na Figura 5. Estes estados possuem maior densidade de habitantes por quilômetro e menor área que os estados das regiões Norte e Nordeste.

Figura 5. Nível de IDHM e Percentual de distribuição de Sinal Digital na região Sudeste.

Na região Centro-Oeste, destaca-se o nível de IDHM do Distrito Federal, o maior do país, com taxa de 0,824. Porém, apesar de ter um número tão expressivo, seu percentual de cobertura por sinal digital não passa de 47%. Não é possível citar variáveis

0 20 40 60 80 100

Paraná Rio G. Sul Santa Catarina

IDHM * 100 Sinal de TVD % 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Espírito Santo Minas Gerais Rio de janeiro São Paulo

IDHM * 100 Sinal de TVD %

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que pudessem explicar o baixo percentual de cobertura. Por se tratar do menor estado da nação, tendo uma elevada taxa de densidade habitacional, é provável que fatores políticos também tenham influenciado neste baixo índice. Os demais estados da região contam com níveis razoáveis de IDHM e com variação considerável nas taxas de disponibilidade do sinal de TV Digital, mostrados na Figura 6.

Figura 6. Nível de IDHM e Percentual de distribuição de Sinal Digital na região Centro-Oeste.

A chegada da TV Digital é muito mais do que a atualização de um padrão de transmissão de sinais. É uma nova maneira de assistir à televisão e as formas de sociabilidade mediadas pelas tecnologias, sendo que os principais objetivos do sistema são usar a transição do analógico para o digital para gerar inclusão digital, criar uma rede universal de ensino à distância, democratizar as comunicações e desenvolver a indústria nacional.

No Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), a utilização de serviços interativos e seu papel na inclusão digital dos cidadãos são citados logo nos dois primeiros objetivos do Decreto Presidencial 4901: “I - promover a inclusão social, a diversidade cultural do País e a língua pátria por meio do acesso à tecnologia digital, visando à democratização da informação; e II - propiciar a criação de rede universal de educação à distância”.

Buscando atender a estes objetivos, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, está desenvolvendo um projeto de pesquisa, chamado de “TVDi Embrapa – TV digital interativa na Embrapa: infraestrutura tecnológica e metodologia de produção de conteúdo” [9], que visa utilizar a implantação e a disseminação da TV Digital para promover a inclusão digital, principalmente nas comunidades rurais [10]. A empresa pretende com esta pesquisa desenvolver uma metodologia de produção de conteúdo para disseminar informações, conhecimentos e novas tecnologias geradas pela Embrapa.

4. Conclusão

A TV Digital trouxe inúmeras funcionalidades baseadas na sua possibilidade de interação entre emissor e receptor do sinal. No entanto, estas possibilidades esbarram na falta de pesquisa e investimento em tecnologia de um canal de retorno de informações que seriam emitidas pelo receptor, com destino ao transmissor. Sendo assim, evidencia-se momentaneamente a impossibilidade de atender ao objetivo inicial de se ter uma rede universal de educação à distância por meio desta tecnologia.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Distrito Federal Goiás Mato Grosso Mato Grosso do Sul

IDHM * 100 Sinal de TVD %

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Além disso, percebe-se que há uma grande diferença na disponibilidade do sinal de TV Digital entre a região com menor e com maior índice IDHM. A região que deveria ter uma maior taxa de disponibilidade, pela necessidade do papel inclusivo do novo sistema, conta com níveis abaixo do esperado e que mal chegam à metade dos níveis de disponibilidade encontrados em alguns estados de maior IDHM.

Assim, a implantação do sinal de TV Digital no país continua acontecendo de forma muito simples e pouco eficiente, pensando-se apenas na transmissão de imagem e som de alta qualidade e não investindo na pesquisa e desenvolvimento de canais de retorno que possam promover a interação e privilegiando as regiões com maiores níveis de inclusão e qualidade de vida, implantação esta que contraria o próprio decreto de instituição do SBTVD.

Referências

[1] Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Disponível em: <http://www.atlasbrasil. org.br/2013/pt/ranking> Acesso em 28 de maio de 2014. [2] IBGE 2010. Censo. Disponível em: <http://censo2010.ibge.gov.br/resultados>

Acesso em: 16 de fevereiro de 2015.

[3] DECRETO Nº 4.901, DE 26 DE NOVEMBRO DE 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4901.htm> Acesso em 14 de fevereiro de 2015.

[4] Estados da Federação – IBGE. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/estadosat/index.php> Acesso em 19 de fevereiro de 2015. [5] Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre. Disponível em:

<forumsbtvd.org.br> Acesso em: 30 de maio de 2014.

[6] Manhães, M. A. R., Shieh, P. J., Lamas, A. C., Macedo, P. E. O. (2005) “Canal de Interatividade em TV Digital”. Em: Cadernos CPqD Tecnologia, Vol. 1. Disponível em: <http://www.cpqd.com.br/cadernosdetecnologia/Vol1_N1_jan_dez_2005/aprese ntacao.html> Acesso em: 25 de fevereiro de 2015.

[7] PORTARIA Nº 481, DE 9 DE JULHO DE 2014. Disponível em: <http://www.comunicacoes.gov.br/index.php?option=com_mtree&task=att_downloa d&link_id=690&cf_id=24> Acesso em: 15 de fevereiro de 2015.

[8] Site Oficial da TV Digital brasileira. Disponível em: <dtv.org.br> Acesso em 30 de maio de 2014.

[9] Souza, M. I. F. 2010. “TV digital interativa na Embrapa: infraestrutura tecnológica e metodologia de produção de conteúdo”. Sistema Embrapa de Gestão, Brasília, Brasil. [10] Pereira, N. R., Amaral, S. F. 2011. “Perspectivas Da Televisão Digital Na Construção

Coletiva De Conhecimento”. Disponível em:

<http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/46517/1/tvdig.pdf> Acesso em: 18 de março de 2015.

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