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TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

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Academic year: 2021

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Registro: 2016.0000694492

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1010523-81.2015.8.26.0405, da Comarca de Osasco, em que são apelantes ALEXSANDER SANTANA e JOSIVANIA PEREIRA DOS SANTOS, é apelado MUNICÍPIO DE OSASCO.

ACORDAM, em 18ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de

São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores BEATRIZ BRAGA (Presidente sem voto), BURZA NETO E FRANCISCO OLAVO.

São Paulo, 22 de setembro de 2016

WANDERLEY JOSÉ FEDERIGHI RELATOR

Assinatura Eletrônica

B1E8E.

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Apelação: 1010523-81.2015.8.26.0405. Apelantes: Alexsander Santana e outra. Apelada: Prefeitura Municipal de Osasco.

Voto n. 22.616.

APELAÇÃO AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO ITBI Discussão acerca da base de cálculo do referido imposto no caso de aquisição de imóvel na planta Contrato de compra e venda de fração de terreno e mútuo com alienação fiduciária para futura construção Base de cálculo que deve corresponder ao valor do terreno adquirido, excluindo-se da incidência do imposto o valor do financiamento de futura edificação Exegese das súmulas 110 e 470 do STF Alteração da r. sentença de primeiro grau que se impõe Recurso parcialmente provido.

Vistos.

ALEXSANDER SANTANA e JOSIVÂNIA PEREIRA DOS SANTOS, propõem a presente ação de repetição de indébito (proc. n.

1010523-81.2015.8.26.0405, da E. 2ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Osasco) em face da PREFEITURA MUNICIPAL DE OSASCO, objetivando, em síntese, a restituição de parte do valor recolhido a título de ITBI, uma vez que adquiriram imóvel na planta e, assim sendo, entendem que deveriam ter recolhido o imposto referido apenas sobre o valor do terreno adquirido e não sobre a construção da unidade autônoma, pois esta inexistia quando da contratação.

Registre-se que foi proferida a r. sentença de fls. 371/372, que julgou improcedente a ação.

Na sequência, foram opostos embargos de declaração (fls.

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375/381, com os documentos de fls. 382/401), os quais resultaram rejeitados (fl. 402).

Os autores, inconformados, interpuseram recurso de apelação (fls. 405/441, com os documentos de fls. 442/552), no qual reiteram as considerações ventiladas em sede de inicial, bem como pugnam pelo provimento do recurso e consequente procedência da ação, com a inversão do ônus sucumbencial e fixação de verba honorária recursal, nos termos do art. 85, § 11, do CPC/2015.

Tempestivo o recurso, foi o mesmo regularmente processado, com apresentação de contrarrazões (fls. 558/562).

Subiram os autos a esta Corte.

É o relatório.

Malgrado o entendimento do nobre magistrado sentenciante, entende-se, com a devida vênia, que o mesmo não refletiu o melhor juízo sobre a questão posta sub judice.

Senão, vejamos.

A controvérsia junge-se em saber qual a correta base de cálculo do ITBI em se tratando de aquisição de imóvel na planta para entrega futura de unidade autônoma.

Pois bem.

Apregoa o art. 156, II, da CF que compete aos Municípios instituir impostos sobre:

“II - transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição” (grifamos).

Tal regra, aliás, é repetida pelo art. 35 do Código Tributário Nacional e complementada pelo art. 38 do mesmo diploma legal, o qual estabelece:

“A base de cálculo do imposto é o valor do bem ou direitos transmitidos” (grifamos).

No caso em apreço, verifica-se que os autores apelantes firmaram contrato particular de compra e venda de terreno e mútuo para construção de

unidade habitacional com fiança, alienação fiduciária em garantia e outras obrigações

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(fls. 33/61), sendo o valor total do contrato, incluindo a alienação fiduciária, de R$ 114.050,00 (cento e quatorze mil e cinquenta reais), valor este no qual apenas R$ 8.347,73 (oito mil, trezentos e quarenta e sete reais e setenta e três centavos) refere-se à compra do terreno, onde se prometeu a construção de uma unidade habitacional.

Ora, para fins de cálculo do ITBI nos parece coerente que seja observado o valor do imóvel no momento da transmissão de sua propriedade!

Assim, se os autores adquiriram um terreno e, nesta mesma ocasião, contrataram a construção de unidade autônoma junto à Caixa Econômica Federal, com prazo para o início e término da construção, é irrefutável que devem pagar somente pelo terreno que adquiriram no momento da contratação e não pelas benfeitorias futuras que seriam a ele incorporadas com o passar do tempo. Isto, pois, quando da contratação e momento do recolhimento do tributo, somente tiveram transmitido o terreno e não a edificação!

Não se pode perder de vista que a base de cálculo do ITBI deve refletir o valor da transmissão que efetivamente ocorreu, ou seja, deve guardar relação com a realidade da aquisição no momento do recolhimento do tributo, sob pena de caracterizar-se um enriquecimento indevido por parte da Municipalidade, que, por sua vez, elege equivocadamente como base de cálculo o valor total da transação, ao invés do valor correspondente à compra e venda do terreno.

A fim de possibilitar-se uma melhor compreensão sobre a questão, segue abaixo trecho da obra de Francisco Ramos Mangieri e Osmar Augusto Leite Melo, citado no julgamento da apelação nº 0001127-34.2012.8.26.0654, de Relatoria do Desembargador Osvaldo Capraro, ex-integrante desta Câmara:

“...imaginemos uma hipótese em que uma incorporadora transfira a propriedade de frações de terrenos a terceiros ou mesmo compromisse a venda tais porções de terra, contratando também a construção de apartamentos sobre os terrenos alienados.

“Questiona-se: incidirá ITBI sobre o terreno mais a construção ou somente sobre aquele?

“As posições são divergentes, com entendimentos que pendem para os dois lados. Contudo, a posição mais acertada, no nosso entender, é que, no caso, existe a celebração concomitante de dois contratos, que apresentam fatos

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geradores distintos e independentes. O primeiro, de compra e venda (ou promessa de venda); o segundo, de empreitada de construção civil. É que a existência de tais contratos, antes do término da obra implica em reconhecer que a construção não está realizada para a incorporadora/construtora, mas para terceiros, caracterizando uma nítida prestação de serviços.

“Melhor dizendo, a incorporadora venda a fração ideal do terreno e, concomitantemente, presta serviços de construção do respectivo apartamento para o seu cliente aquele que adquiriu determinada fração de terreno e contratou a obra civil.

“Podemos, então, visualizar nitidamente a ocorrência de dois fatos imponíveis: de um lado, a compra e venda ou mesmo o compromisso de compra e venda, ambos sujeitos ao ITBI (transmissão de bens imóveis ou cessão de direitos à sua aquisição), de outro, a prestação de serviços de empreitada na construção civil, situação material que compõe a hipótese de incidência do ISS.

“Destarte, em resposta à questão inicialmente formulada, a nosso sentir, o ITBI incidirá apenas sobre o terreno vendido ou prometido à venda, enquanto que sobre a construção do apartamento recairá o ISS. Por conseguinte, a base de cálculo do ITBI corresponderá única e exclusivamente ao valor venal do terreno, desconsiderando-se o preço da empreitada (ou do valor do imóvel edificado).

“O STJ vem entendendo do mesmo modo, como se depreende do REsp nº 57.478-1/RJ” “In” ITBI Imposto sobre Transmissões de Bens Imóveis Editora Edipro, página 168”” (j. 25.07.2013).

Acresça-se, ainda, que a impossibilidade de incidência do ITBI sobre construção futura, já restou reconhecida pelo Egrégio STF através das Súmulas 110 e 470:

“Súmula 110. O imposto de transmissão inter vivos não incide sobre a construção, ou parte dela, realizada pelo adquirente, mas sobre o que tiver sido construído ao tempo da alienação do terreno”.

“Súmula 470. O imposto de transmissão inter vivos não incide sobre a construção, ou parte dela, realizada, inequivocadamente, pelo promitente comprador, mas sobre o valor do que tiver sido construído antes da promessa de venda”.

Sobre o assunto, aliás, este Egrégio Tribunal já se pronunciou

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algumas vezes:

“APELAÇÃO CÍVEL e REEXAME NECESSÁRIO - Mandado de Segurança - ITBI - Município da Estância Turística de Itu - Contrato de compra e venda de fração de terreno e mútuo com alienação fiduciária para futura construção - Base de cálculo sobre o valor do terreno adquirido - Não incidência do imposto sobre o valor do financiamento de futura edificação - Súmulas 110 e 470 do STF - Sentença mantida - Recursos oficial e voluntário não providos” (1004328-83.2014.8.26.0286, 15ª Câmara de Direito Público, Relator Desembargador Raul de Felice, j. 15.03.2016).

“REEXAME NECESSÁRIO e APELAÇÃO Ação Declaratória c/c Anulatória de Débito Fiscal ITBI - Cobrança suplementar de ITBI calculado sobre o valor do imóvel financiado pela CEF Descabimento - Aquisição de terreno, efetuando o recolhimento de ITBI, com posterior edificação pela CEF - Sentença mantida com redução dos honorários advocatícios - Reexame necessário parcialmente procedente e Recurso voluntário improvido” (Apelação nº 0507762-64.2010.8.26.0000, 14ª Câmara de Direito Público, Relator Maurício Fiorito, j. 26.03.2015).

Dessa forma, descabe outra ilação, senão a de que deve o

ITBI incidir apenas sobre a fração do terreno, uma vez que a posterior construção do

imóvel, ainda que englobada em contrato de financiamento, não autoriza a exigência do imposto.

Logo, de fato, fazem jus os autores apelantes à restituição da importância recolhida a mais a título de ITBI. Ressalte-se que a devolução da quantia indevidamente recolhida deverá ser acrescida de correção monetária desde o pagamento, e juros moratórios fixados em 12% (doze por cento) ao ano, a contar da data do trânsito

em julgado da r. decisão, nos termos dos artigos 161, §1º e 167 do CTN e Súmula 188 do

STJ, haja vista que o Plenário do STF, em julgamento recente da ADI nº 4357, declarou a inconstitucionalidade, por arrastamento, do artigo 5º da Lei nº 11.960/09.

Sem maiores delongas, portanto, de rigor a alteração da r. sentença de primeiro grau, para o fim de julgar-se procedente a ação, nos termos da fundamentação supra, devendo a Municipalidade ré arcar com os ônus sucumbenciais, invertendo-se os honorários advocatícios.

Consigne-se, ainda, que não há como se atender ao pleito de

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majoração do valor arbitrado em primeiro grau a título de honorários (R$ 1.000,00 mil reais), haja vista que o mesmo afigura-se coerente com o trabalho desenvolvido pelo patrono dos autores, não onera demasiadamente a Fazenda Pública e atende aos critérios da razoabilidade e proporcionalidade, estando de acordo, outrossim, com a importância fixada em demandas desse jaez.

Por fim, destaca-se ser incabível a pretensão de fixação de honorários advocatícios sucumbenciais recursais, nos termos do art. 85, § 11, do CPC/2015, tendo em vista que a r. decisão impugnada foi proferida na vigência da Lei nº 5.869/76 (CPC/1973), ou seja, a publicação da r. sentença recorrida data de 19.11.2015 (fl. 374).

Destarte, perfeitamente aplicável ao caso o entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça, expresso em seu enunciado administrativo nº 7:

“Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será possível o arbitramento de honorários advocatícios sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC”.

Para os devidos fins de direito, consideram-se prequestionados os dispositivos legais e constitucionais mencionados pelos litigantes.

Com isto, dá-se parcial provimento ao recurso, nos termos da fundamentação supra.

WANDERLEY JOSÉ FEDERIGHI Relator.

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