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Avaliação da degradação de geotêxteis tecidos

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Avaliação da degradação de geotêxteis tecidos

Cunha Pinto, V.

UENF, Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil, vacunha@uenf.br

Maia, P. C. A.

UENF, Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil, maia@uenf.br

Valinho, R. F.

UENF, Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil, rfvalinho@yahoo.com.br

Resumo:

Neste trabalho discutem-se aspectos importantes sobre os mecanismos, agentes e métodos para avaliação da degradação de geossintéticos, dando-se ênfase na degradação pela radiação ultravioleta. É apresentado um estudo experimental da alterabilidade de um geotêxtil tecido de polipropileno. Descreve-se a metodologia de avaliação da degradação do material e uma descrição dos métodos de degradação utilizados no campo e no laboratório. Destaca-se que no laboratório foi utilizado um procedimento de degradação por ciclos de exposição à radiação ultravioleta e de condensaçSão, em equipamento C-UV B. São apresentados os principais parâmetros de resistência e deformabilidade do geotêxtil, obtidos de ensaios de tração não-confinada. Fazem-se também considerações sobre a estrutura física e química do geotêxtil através de microscopia eletrônica de varredura. Os resultados apresentados indicam que o comportamento do material alterado de forma natural no campo pode ser simulado através de procedimentos que aceleram a degradação no laboratório utilizando-se o equipamento C-UV B.

Abstract:

This work presents some considerations about the mechanisms, agents and methods to evaluate the geossynthetics degradation with emphasis in ultraviolet radiation degradation. An experimental study of polypropylene geotextile alterability is presented. The methodology to evaluate the material degradation and in field and in lab procedure tests used for material degradation are described. Degradations tests by cycles of ultraviolet radiation exposition and water condensation in C-UV B equipment are used. The principal parameters of geotextile strength and deformability are presented, using a no-confined tensile test results. Photomicrographs obtained by scanning electron micrographs of intact and degraded geotextiles are also shown. The results indicate that the behavior of naturally altered material in the field can be simulated through accelerated lab procedures test using the equipment C-UV B.

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1 INTRODUÇÃO

A Engenharia Civil emprega diferentes tipos de materiais de construção. A adoção destes ma-teriais está normalmente relacionada a uma nor-ma ou especificação que define a fornor-ma de apli-cação e as características adequadas dos mate-riais segundo o fim desejado. No entanto, al-guns materiais de construção ficam expostos ao meio, e assim sujeitos às modificações de suas características pela ação dos agentes de alteração, comprometendo a solidez da obra. Entende-se por agentes de alteração o conjun-to de faconjun-tores que atuam para modificar as carac-terísticas do material. Na construção Civil, os principais agentes de alteração são de ordem climática, como por exemplo: temperatura, umi-dade relativa do ar, precipitação atmosférica, vento, pressão atmosférica e outros.

Na Engenharia, é fundamental o conheci-mento das propriedades dos materiais de cons-trução a fim de se prever o comportamento das construções durante a vida útil de utilização. Deste modo, as transformações destas proprie-dades pela alteração constituem também um importante aspecto a ser considerado e avalia-do nos projetos.

Especialmente na engenharia geotécnica, o comportamento de alguns materiais de cons-trução é significativamente influenciado pelas características de durabilidade e alterabilidade, como por exemplo: os geossintéticos, as rochas, os pavimentos, as cerâmicas e outros (Maia, 2001; Valinho et al., 2004; Pinheiro e Maia, 2004; Salles e Maia, 2004). Dentre estes, os geossintéticos merecem destaque especial con-siderando a sua crescente utilização, especial-mente em obras de reforços de aterros ou talu-des, onde a resistência do material desempe-nha importante papel na estabilidade da obra. Além disto a literatura mostra poucos estudos dedicados à avaliação das alterações de com-portamento devido aos efeitos da degradação nos geossintéticos.

Neste sentido, este trabalho tem por objeti-vo apresentar algumas considerações sobre os mecanismos e processos de alteração dos geossintéticos. Apresenta-se também resulta-dos de um estudo experimental buscando de-terminar os efeitos da degradação dos geossintéticos devido às variações de umida-de e exposição à radiação ultravioleta. 2 CONSIDERAÇÕES SOBRE DEGRADAÇÂO

DE GEOSSINTÉTICOS

Os mecanismos de degradação dependem fun-damentalmente do tipo de material, do ambien-te exógeno e do ambien-tempo de exposição ao meio. Nos materiais metálicos, o processo de degra-dação provoca normalmente uma perda de ma-terial, seja por dissolução, ou corrosão, ou pela formação de uma incrustação ou película de material não-metálico, caracterizando a oxida-ção do material. Os materiais não-metálicos são relativamente resistentes à degradação. A de-gradação destes materiais ocorre geralmente em elevadas temperaturas ou em meio ambientes considerados extremos. Com freqüência, este processo também é chamado de corrosão. Nos polímeros, principais materiais constituin-tes dos geossintéticos, os mecanismos e as conseqüências da degradação são diferentes daqueles apresentados pelos materiais metáli-cos. Os polímeros podem se degradar por inchamento e/ou por dissolução. A ruptura de ligações covalentes na cadeia polimérica, como resultado da ação da energia térmica, de rea-ções químicas e da radiação, ocorre normalmente associada à redução na resistência mecânica.

Assim, o processo de degradação causa uma modificação irreversível nas propriedades dos materiais poliméricos, evidenciada pela deteri-oração progressiva de suas propriedades, in-cluindo o aspecto visual. Deste modo, a degra-dação dos geossintéticos pode ser entendida como qualquer reação química destrutiva dos

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polímeros, causada por agentes físicos, quími-cos e/ou biológiquími-cos (Matheus, 2002).

Destaca-se que os principais polímeros que constituem os geossintéticos são o polipro-pileno, o poliéster e o polietileno.

2.1 Avaliação da Degradação de Geossintéticos

A degradação dos geossintéticos pode ser ava-liada por três diferentes procedimentos (Abramento, 1995a e 1995b):

• avaliação do desempenho do material

du-rante e após a aplicação na obra. Para isto, utiliza-se de procedimento de amostragem por exumação;

• simulações em laboratório através de

en-saios de degradação acelerada;

• verificação da durabilidade do polímero

constituinte a partir de métodos utiliza-dos em outras áreas industriais, onde tam-bém se utilizam os materiais poliméricos. Qualquer um destes procedimentos possui grandes dificuldades experimentais, especial-mente devido ao tempo necessário de degrada-ção para obtendegrada-ção de amostras representativas da condição de degradação ou devido a representatividade das amostras e dos meca-nismos de degradação em laboratório. 2.2 Agentes de Degradação dos

Geossintéticos

A degradação de um material polimérico pode ser causada pela ação de um ou mais agentes de degradação. Os principais agentes de de-gradação dos materiais poliméricos são:

• agentes físicos: radiação solar, radiações α, β e γ, temperatura e atrito mecânico

intenso (danos mecânicos).

• agentes químicos: água, ácidos, bases,

solventes e outros agentes químicos, oxigênio, ozônio e poluentes atmosféri-cos.

• agentes biológicos: microorganismos,

tais como fungos e bactérias (Agnelli, 1999).

A ação dos agentes de degradação nos geossintéticos vai depender fundamentalmen-te do tipo de mafundamentalmen-terial constituinfundamentalmen-te. No entanto, para a redução dos fenômenos degradativos, e comum a incorporação de aditivos aos geossintéticos. Entre os principais aditivos uti-lizados, estão os materiais de enchimento ou de carga, plastificantes, estabilizadores, corantes e retardadores de chama.

2.3 Degradação por Radiação Ultravioleta A radiação ultravioleta proveniente da luz solar é considerada o mais importante agente de de-gradação para os materiais poliméricos.

A Tabela 1 apresenta os comprimentos de onda dos diferentes tipos de radiação compo-nentes da luz solar. Destaca-se que o limite en-tre as radiações ultravioleta A e B define o pon-to onde a energia ultravioleta começa a causar efeitos e mudanças de pigmentação da pele humana. Para comprimentos de onda menores que 290nm a camada de ozônio presente na at-mosfera terrestre absorve totalmente a radia-ção solar (Agnelli, 1999). Assim, a radiaradia-ção ultravioleta C não atinge a superfície da terra. Tabela 1: Comprimentos de onda da luz solar

Radiação Comprimento de onda (nm) Ultravioleta C < 290 Ultravioleta B 290 a 315 Ultravioleta A 315 a 400 Visível >400

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Segundo Koerner (1994), a radiação ultravioleta A causa alguns danos nos polímeros e a radiação ultravioleta B causa severos danos aos polímeros.

Rosa (1996) comenta que a maior parte da luz emitida pelo sol (cerca de 99% da emissão) não possui energia suficiente para romper as ligações químicas e causar degradação fotoquímica dos materiais poliméricos. A faixa de radiação solar capaz de provocar essa de-gradação é a ultravioleta B, que corresponde a 0,1% da energia total da luz solar. Destaca-se que no inverno a radiação ultravioleta B é ape-nas de 0,05% da energia total da luz solar e no verão cerca de 0,2%.

Segundo Koerner (1992), a faixa de compri-mento das ondas dos raios ultravioleta que cau-sam grandes danos aos geossintéticos está entre 300 a 370nm. O polietileno é o mais sensí-vel aos raios ultravioleta na faixa de 300nm, se-guido do poliéster na faixa de 325nm e do polipropileno na faixa de 370nm.

A degradação provocada pela radiação ultravioleta é também chamada de fotodegradação ou foto-oxidação. A degrada-ção dos polímeros devido à radiadegrada-ção solar com-binada com a presença de oxigênio pode ocor-rer através da fotodegradação, devido à radia-ção ultravioleta, e/ou através de radiações de alta intensidade ou radiações ionizantes (Matheus, 2002).

A foto-oxidação somente pode ocorrer quando o material polimérico contém cromóforos (Gijsman et al., 1999), definidos como compostos com a capacidade de absor-ver energia na faixa de comprimentos de onda da radiação solar. Esta energia é suficiente para causar um processo dissociativo na molécula do polímero tendo como resultado a degrada-ção da cadeia polimérica e a formadegrada-ção de radi-cais livres. Alguns dos cromóforos são, segun-do Gijsman et al. (1999).

• impurezas internas das cadeias

poliméricas, como as carbonilas e os hidroperóxidos, formados durante o armazenamento, processo de fabricação ou intemperismo;

• impurezas externas, como resíduos do

catalisador utilizado na polimerização, aditivos como os pigmentos e os antioxidantes, poluidores da atmosfera ou traços do equipamento de extrusão. Os geossintéticos reagem de maneira diferente à fotodegradação, dependendo, sobretudo, da estrutura molecular e composição química do material. Além disto, a estrutura das fibras dos geotêxteis e a espessura das geomembranas e geogrelhas são características importantes no processo de degradação. Isto se justifica pela radiação ultravioleta atingir os materiais espe-cialmente nas camadas mais superficiais (Cazzuffi et. al., 1994).

2.4 Ensaios de Degradação

Para a avaliação da degradação de geossin-téticos é fundamental a utilização de ensaios para a degradação do material. Com os geossintéticos degradados pode-se determinar as variações das propriedades ocorridas devi-do aos processos de degradação.

Quando o ensaio de degradação é realizado colocando-se os materiais em contato direto com o meio natural, denomina-se Ensaio de Degradação Natural, que está associado ao pro-cesso de intemperismo natural. Quando o en-saio é realizado sob condições de laboratório, denomina-se Ensaio de Degradação Acelerada, associado ao processo de intemperismo artifi-cial. Neste caso, procura-se correlacionar os resultados obtidos com as condições encon-tradas no meio natural.

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2.5 Degradação Natural no Campo

Segundo Ranby e Rabek (1975), os métodos de determinação da resistência ao intemperismo natural devem levar em conta duas situações muito importantes. A primeira é a determinação dos agentes externos que degradam o polímero e a segunda é a compo-sição de uma série de medidas físico-químicas e mecânicas para se estabelecer um critério adequado para a avaliação da degradação.

Além da seleção do local de exposição é importante ressaltar, também, que outros cui-dados, tais como a seleção e tamanhos ideais de amostras, ângulo de exposição das amos-tras, tempo de exposição, intervalo de retiradas das amostras, dados meteorológicos, devem ser observados (Rosa, 1996).

2.5.1 Degradação Acelerada em Laboratório Também chamada de degradação artificial, é realizada em laboratório procurando-se simu-lar condições ambientais adversas através dos componentes elementares de degradação: luz ultravioleta, calor, umidade e oxigênio. Com esse tipo de procedimento, é possível um me-lhor entendimento do comportamento e de-sempenho dos materiais ao longo do tempo, sendo uma valiosa ferramenta para aferir, en-tre outras características, a qualidade do ma-terial.

Segundo Rosa (1996), não existe um con-senso quanto à degradação acelerada em labo-ratório, pois alguns opositores a esse tipo de ensaio argumentam que a diversidade de con-dições encontradas na natureza e suas interações com o material são as maiores razões para a complexidade dos processos de dação. Cabe ressaltar que os testes de degra-dação artificial, quando comparados com aque-les encontrados em campo, em situações reais de uso, poderão produzir boas correlações que

auxiliarão na escolha do tipo adequado de ma-terial a ser utilizado na obra.

3 MATERIAL E METODOLOGIA

O material utilizado nessa pesquisa foi o geotêxtil tecido HATE/6G/240/SA, produzido a partir de laminetes de polipropileno. O mate-rial foi cedido para a pesquisa pela Huesker Ltda., empresa especializada em produção de geossintéticos.

A seguir são apresentadas as especificações do material, segundo catálogo do fabricante (Huesker 2003):

• Resistência à tração nominal

longitudi-nal e transversal e” 55 kN/m (ABNT, 1993);

• Deformação na resistência nominal

lon-gitudinal e transversal d” 15% (ABNT, 1993).

A metodologia para o desenvolvimento do estudo da alterabilidade deste material é com-posta de quatro fases executadas na seguinte ordem:

• obtenção do material de estudo e

prepa-ração das amostras com 20cm de largura e 50cm de comprimento;

• produção de amostras com alteração

induzida de forma acelerada no laborató-rio e com alteração natural no campo;

• obtenção dos parâmetros que

caracteri-zam o comportamento destes materiais;

• análise dos resultados.

Destaca-se que foram determinados os parâmetros do material intacto, do alterado natu-ralmente no campo e do alterado no laboratório. A presente pesquisa buscou determinar as características mais relevantes dos materiais, destacando-se as relativas à resistência e deformabilidade, através de caracterização mi-croscópica e ensaios de resistência à tração. Os equipamentos utilizados no programa expe-rimental foram disponibilizados pela UENF.

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3.1 Procedimento para Degradação Natural A exposição das amostras à degradação natu-ral foi feita no Campus da UENF, localizado na Cidade de Campos dos Goytacazes, RJ, com latitude de 21° 45’ Sul, longitude de 41° 18’ Oeste e altitude de 11 m.

As amostras foram fixadas no telhado de um dos edifícios da UENF (Figura 1), com incli-nação igual à 21º45’ em relação à horizontal, corresponde à latitude local. Este procedimen-to assegura uma maior incidência e conseqüen-temente maior absorção da radiação solar. Fo-ram retiradas amostras com 3 e 6 meses de ex-posição às condições naturais.

Figura 1: Amostras expostas com inclinação segundo a latitude local.

3.2 Procedimento para Degradação Acelerada em Laboratório

A degradação acelerada foi realizada em um equipamento C-UV B (Figura 2a). O equipamen-to C–UV B possui dois bancos de radiação ultravioleta B com 4 fontes de radiação em cada um, totalizando 8 fontes de luz (Figura 2b).

As fontes de luz do C–UV B são semelhan-tes fisicamente a uma lâmpada fluorescente co-mum de 40W de potência. Para obtenção da radiação ultravioleta, as fontes de luz do C–UV

B estão revestidas por um tipo de fósforo que emite a radiação especificada. A emissão situa-se na faixa de onda entre 280 e 320 nm, ou situa-seja, na região da radiação ultravioleta B com um mí-nimo de luz visível e sem a presença de radia-ção infravermelha.

(a) vista frontal

(b) corte transversal esquemático Figura 2: Equipamento C-UV B do LECIV-UENF

O equipamento C–UV B é capaz de acomo-dar até 20 amostras com 20cm de largura e 50cm de comprimento. A degradação do geotêxtil no equipamento C–UV B é feita através de ciclos de exposição à radiação ultravioleta e de

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condensação, ambos sob condições controla-das de temperatura. O tempo adotado de expo-sição à radiação ultravioleta e de condensação foram iguais a 4 horas. A temperatura das amos-tras foi mantida constante e igual a 60ºC.

Foram produzidas amostras degradadas no equipamento C-UV B com 30, 60, 125 e 250 ci-clos.

3.3 Ensaios de Microscopia Eletrônica de Tra-ção Não-Confinada

Após a produção de amostras com os diferen-tes tipos e intensidade de degradação foram preparados corpos de prova com 5cm de largu-ra e 15cm de comprimento, palargu-ra os ensaios de tração, e corpos de prova quadrados com 1cm de lado, para os ensaios de microscopia eletrô-nica de varredura. Os ensaios de tração foram executados segundo a norma para determina-ção da resistência à tradetermina-ção não-confinada de faixa larga (ABNT, 1993), com uma distância ini-cial entre garras de 5cm. Destaca-se que a di-mensão adotada para os ensaios de tração foi devido à dimensão do equipamento C-UV B, ao tempo disponível para a degradação das amos-tras e o tempo necessário para a execução dos ensaios. Deste modo, pode-se esperar que os parâmetros dos materiais obtidos nestes ensai-os não sejam exatamente representativensai-os do material em escala natural. No entanto, consi-dera-se que os resultados dos ensaios nestes corpos de prova sejam representativos para fins de avaliação das variações de comportamento devido à degradação do material.

Para se garantir a representatividade dos re-sultados foram executados 5 ensaios em dife-rentes corpos de prova retirados da amostra intacta, não-degradada, de cada amostra degra-dada no campo ou no laboratório, totalizando 35 ensaios de tração. Para cada conjunto de ensaios realizados no mesmo material foi deter-minada uma curva média através do melhor ajus-te dos resultados experimentais.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Durante os procedimentos de degradação não se observou nenhuma mudança visível a olho nu da textura do material estudado. Não se ve-rificou, também, nenhuma perda de massa do geotêxtil.

4.1 Microscopia Eletrônica de Varredura A análise através da microscopia eletrônica de varredura mostrou que a estrutura física do geotêxtil estudado não é afetada significativa-mente pelos processos de degradação natural ou ultravioleta (Figuras 3 a 5). No entanto para 250 ciclos no equipamento C-UV B e 6 meses de exposição natural, observa-se uma sensível di-latação das fibras do geotêxtil (Figuras 4 e 5). Isto gera a compressão das fibras na região do entrelaçamento provocando uma pequena retração do geotêxtil. Este efeito indica a ocor-rência de modificações químicas na composi-ção do geotêxtil, o que sugere a possibilidade de mudança de comportamento do material. Vale destacar que 250 ciclos no equipamento C-UV B e 6 meses de exposição natural representam intensos níveis de degradação do material.

Figura 3: Fotomicrografia do material sem nenhum nível de alteração (intacto)

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4.2 Ensaios de Resistência a Tração Não-Con-finada

As Figuras 6 e 7 apresentam as curvas carga vs. alongamento médias obtidas através dos resul-tados dos ensaios de resistência a tração não-confinada.

Figura 4: Fotomicrografia do material após 6 meses de degradação natural.

Figura 5: Fotomicrografia do material após 250 ciclos

de ultravioleta no CUV-B A Tabela 2 apresenta a variação da carga de

ruptura Tf, coeficiente de variação CV da carga Tf e a deformação na ruptura εf com os diferen-tes tipos e intensidades de degradação, obti-dos a partir das curvas médias apresentadas nas Figuras 6 e 7. O coeficiente de variação CV é definido pela relação entre o desvio padrão e a média da carga de ruptura obtida nos diferen-tes ensaios. Nota-se que os baixos valores do coeficiente CV, em geral, indicam a

Figura 6: Variação da carga de tração com a deformação do geotêxtil intacto e degradado naturalmente no campo.

Figura 7: Variação carga de tração com a deformação do geotêxtil intacto e degradado pela radiação ultravioleta.

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Tabela 2: Valores das cargas, coeficiente de va-riação e deformação na ruptura.

Nota: εf é a deformação na ruptura

Destaca-se que a diferença entre os valores de carga e deformação na ruptura do material intacto apresentada na Tabela 2 e os especifi-cados pelo fabricante se justifica pelas diferen-tes dimensões dos corpos de provas utilizados nesta pesquisa e pelo fabricante para determi-nação destes parâmetros.

As Figuras 8 e 9 representam graficamente as variações da carga e da deformação na rup-tura com as intensidades de degradação natu-ral e no equipamento C-UV B, respectivamente. De maneira geral, nota-se o aumento da carga e da deformação na ruptura para menores inten-sidades de degradação e a redução destes parâmetros para maiores intensidades de de-gradação. O ganho de resistência para baixas intensidades de degradação se justifica, possi-velmente, por alterações na estrutura química

do geotêxtil, provavelmente devido à cristaliza-ção de algumas moléculas mal cristalizadas no processo de fabricação.

Destaca-se que a perda de resistência e a redução da deformação na ruptura para 250 ci-clos no equipamento C-UV B e 6 meses exposi-ção natural, indicam a tendência de comporta-mento mais frágil do geotêxtil com o aucomporta-mento da intensidade de degradação.

Nota-se que a tendência de variação da car-ga e da deformação na ruptura devido à degra-dação natural no campo (Figura 8) é similar a fase inicial da variação destes parâmetros devi-do a degradação acelerada no laboratório atra-vés do equipamento C-UV B (Figura 9). Isto indica a possibilidade de simulação da altera-ção natural através de procedimento acelerado no equipamento C-UV B.

A Tabela 3 apresenta os valores da rigidez do material calculados com 2%, 5% e 10% de deformação, segundo as recomendações da norma para a determinação da resistência à tra-ção não-confinada de faixa larga (ABNT, 1993). Adicionalmente, a Tabela 3 mostra os valores da rigidez secante e tangente para 50% da car-ga de ruptura Tf e a rigidez secante no início da plastificação Jsecf. A rigidez no início da plastificação foi determinada no ponto de inflexão da curva rigidez vs. a relação entre a carga T do ensaio e a carga de ruptura Tf, imedi-atamente antes da ruptura, como ilustrado na Figura 10.

Tabela 3: Variação da rigidez quanto ao tipo e intensidade de degradação da amostra.

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As Figuras 11 a 14 ilustram graficamente a variação das rigidezes apresentadas na Tabela 3 com os diferentes tipos e intensidades de de-gradação.

Das Figuras 11 e 12, nota-se uma significati-va diminuição da rigidez inicial, correspondente a 2% e 5% de deformação do geotêxtil degrada-do naturalmente ou pelo equipamento C-UV B em relação ao material intacto. Isto indica que a degradação provoca o aumento da deforma-bilidade para baixos níveis de tensão. Observa-se, também a estabilização ou o aumento da rigi-dez inicial com o aumento da intensidade de de-gradação, indicando o enrijecimento do geotêxtil com a degradação. Nota-se que o efeito da de-gradação na rigidez inicial do geotêxtil foi mais intensa no material degradado no equipamento C-UV B que no degradado naturalmente.

Das Figuras 11 a 14 nota-se que a rigidez a 10% de deformação e a 50% da carga de ruptura são pouco afetados pela degradação do geotêxtil. Das Figuras 13 e 14 observa-se o au-mento da rigidez tangente a 50% da carga de ruptura e da rigidez secante no início da plastificação com o aumento da intensidade de degradação. Este comportamento indica que para maiores níveis de tensão ocorre o enrijecimento do geotêxtil devido à degradação.

Figura 8: Variação da carga e alongamento na ruptura com a intensidade de degradação natural no campo.

Figura 9: Variação da carga e alongamento na ruptura com a intensidade de degradação no equipamento C-UV B

Figura 10: Variação das rigidezes secante e tangente a 50% de Tf com a relação T/Tf do geotêxtil intacto.

Figura 11: Variação da rigidez secante com a intensidade de degradação do geotêxtil degradado naturalmente no campo.

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Da tendência de variação das rigidezes com as intensidades de degradação apresentadas nas Figuras 11 e 12 e nas Figuras 13 e 14, nota-se que a degradação natural corresponde à fanota-se inicial de degradação no equipamento C-UV B. Isto confirma que o procedimento de degrada-ção no equipamento C-UV B pode representar a alteração natural no campo, sendo necessá-rio, no entanto, a análise de amostras com mai-ores níveis de degradação natural.

5 CONCLUSÕES E PROPOSTAS

As considerações apresentadas sobre a degra-dação dos geossintéticos indicam que são di-versos os fatores que interferem no comporta-mento de alterabilidade dos geossintéticos e ainda se faz necessário o desenvolvimento de pesquisas sistemáticas sobre o assunto.

Os resultados apresentados neste trabalho indicam que a aceleração da degradação de geotêxteis no laboratório através do equipamen-to C-UV B pode representar satisfaequipamen-toriamente a degradação que o material sofre no campo. Faz-se necessário, no entanto, a continuidade da pesquisa para obtenção de dados mais conclu-sivos quanto a extrapolação de resultados para previsão de comportamento a longo prazo.

De modo geral o comportamento de alterabilidade do geotêxtil estudado pode ser justificado pelas mudanças físicas e/ou quími-cas que possivelmente ocorrem no material du-rante o processo de degradação. Destaca-se que a predominância das mudanças físicas e/ ou químicas deve depender da intensidade de degradação.

As características de alterabilidade obser-vadas no geotêxtil estudado indicam que este material é capaz de suportar elevada intensida-de intensida-de intensida-degradação ainda mantendo sua funcio-nalidade.

Figura 12: Variação da rigidez secante com a intensidade de degradação do geotêxtil degradado no equipamento C-UV B.

Figura 13: Variação das rigidezes tangente e secante e da rigidez Jsecf com a intensidade de degradação do geotêxtil degradado naturalmente no campo.

Figura 14: Variação das rigidezes tangente e secante e da rigidez Jsecf com a intensidade de degradação do geotêxtil degradado no equipamento C-UV B.

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Em relação à aplicação, ressalta-se que a camada de solo sobre este material exerce um papel importante no isolamento térmico e me-cânico do geotêxtil.

6 AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Huesker pelo forneci-mento das amostras e apoio financeiro, à UENF e FAPERJ pelo apoio financeiro e ao LAMAV e LBCT pela disponibilização de equipamentos de ensaio.

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT - Associação brasileira de Normas

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Referências

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