CURSO: ATUALIZAÇÃO GRAMATICAL
AULA 4 Verbos
O assassino era o escriba
Meu professor de análise sintática era o tipo de sujeito inexistente. Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida.
Regular como um paradigma da primeira conjugação. Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial, ele não tinha dúvidas,
sempre achava um jeito assindético de nos torturar com um aposto. Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome. E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os E.U.A. Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas, conectivos e agentes da passiva, o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.
(Paulo Leminski)
Os termos em destaque no texto acima são verbos. Verbos são palavras que exprimem fatos, situando-os no tempo. Esses fatos podem indicar: ação, estado, fenômeno. No momento em que se fala ou escreve, o processo verbal pode estar em plena ocorrência, pode já estar concluído ou pode ainda não ter ocorrido. Essas três possibilidades básicas, mas não únicas, são expressas pelos três tempos verbais:
presente, pretérito e futuro. Os verbos podem, ainda, estar classificados em três modos: indicativo, subjuntivo e imperativo.
O verbo também é essencial para a ação. Não existe oração sem verbo e, às vezes, basta o verbo para que a oração esteja completa:
Engordei. Ganhamos! Está chovendo. MODOS VERBAIS
MODO INDICATIVO
Exprime um fato certo, real, positivo. Os tempos do modo indicativo são:
Presente – Determina um fato atual (simultâneo ao ato da fala), ou habitual, permanente:
Neste momento penso em você A terra gira no espaço
Pretérito imperfeito – Enuncia um fato passado, porém não concluído, um fato que se prolongou. Pode ainda traduzir um fato habitual, frequente:
Enquanto subia o morro, admirava a paisagem. Lúcia falava com a professora todas as manhãs.
Pretérito perfeito – Indica um fato completamente realizado, uma ação concluída: Fui ao dentista ontem.
Naquele dia, acertei todas as questões da prova.
Pretérito mais-que-perfeito – Exprime um fato passado, anterior a outro igualmente passado. Pode, também, traduzir desejo, em frases optativas:
Falara com o amigo no ano passado. Tomara que consiga passar na prova. Futuro do presente – Enuncia um fato que se há de realizar.
Amanhã viajarei com meus amigos.
Futuro do pretérito – Exprime um fato futuro condicionado a outro ou situado no passado:
Eu iria à festa, se não chovesse.
Afirmei, naquela ocasião, que não o apoiaria.
MODO SUBJUNTIVO
Exprime em geral ideias subjetivas, hipotéticas. Pode ser conjugado nos seguintes tempos:
Presente – O presente do subjuntivo normalmente expressa processos hipotéticos, que muitas vezes estão ligados ao desejo, à suposição:
“Quero que tudo vá para o inferno!” Suponho que ela esteja em Roma.
Pretérito imperfeito – O pretérito do subjuntivo expressa processos de limites imprecisos, anteriores ao momento em que se fala ou escreve:
Se eu pudesse, compraria um carro novo. A falta de tempo não permitia que ele estudasse.
Futuro – O futuro do subjuntivo indica fatos possíveis, mas ainda não concretizados no momento em que se fala ou escreve:
Quando comprovar sua situação, será inscrito. Quem obtiver o primeiro prêmio receberá bolsa integral. MODO IMPERATIVO
Emprega-se para exprimir ordem, proibição, pedido, convite, conselho. Pode ser utilizado nas formas Afirmativa e Negativa.
Saia já daqui!
Por favor, venha a minha casa! Não fique sozinho!
Verbos regulares
São aqueles cujos radicais não se alteram e cujas terminações obedecem ao modelo (paradigma) da conjugação a que pertencem, como no caso dos verbos falar e estudar.
PRESENTE DO INDICATIVO Falar Eu fal – o Tu fal – as Ele fal – a Nós fal – amos Vós fal – ais Eles fal – am Estudar Eu estud – o Tu estud – as Ele estud – a Nós estud – amos Vós estud – ais Eles estud – am Verbos irregulares
São aqueles que apresentam irregularidades no radical ou nas terminações. É o caso dos verbos perder e medir.
PRESENTE DO INDICATIVO Perder Eu perc – o Tu perd – es Ele perd – e Nós perd – emos Vós perd – eis Medir Eu meç – o Tu med – es Ele med – e Nós med – imos Vós med – is
Eles perd – em Eles med – em
Verbos defectivos
São chamados defectivos os verbos que não têm algumas formas, isto é, não podem ser conjugados completamente. Devem, portanto, em alguns casos, ser substituídos por outros verbos. Ex.: abolir, banir, carpir, demolir, explodir, florir, adequar, colorir, falir, precaver, reaver, computar.
Os fenômenos da natureza, por exemplo, chover, ventar e as vozes dos animais, miar, latir, também são verbos defectivos.
VERBO FALIR – Modo Indicativo Presente Eu --- Tu --- Ele --- Nós falimos Vós falis Eles --- Pretérito perfeito Eu fali Tu faliste Ele faliu Nós falimos Vós falistes Eles faliram DICAS Crê, dê, lê, vê
Pela ortografia vigente, apenas quatro verbos dobram a vogal “e” na terceira pessoa do plural: crer, dar, ler, ver.
Singular Plural Crê creem Dê + EM deem Lê leem Vê veem Obs.:
Ele tem – Eles têm Ele mantém – Eles mantêm Ele vem – Eles vêm Ele obtém – Eles obtêm
Verbos abundantes
São aqueles que apresentam mais de uma forma em uma mesma flexão. Isso ocorre geralmente no particípio, que tem uma forma regular e uma forma irregular (ou curta).
Regular Curta acender entregar expressar ganhar gastar morrer pagar suspender acendido entregado expressado ganhado gastado morrido pagado suspendido aceso entregue expresso ganho gasto morto pago suspenso Concordância
Existe sempre concordância entre as palavras.
A concordância é a combinação, ou coincidência, em gênero, número ou pessoa que se faz entre as palavras de uma mesma frase.
Se a concordância não acontece, a frase fica incorreta.
A língua portuguesa estabelece dois tipos de concordância e seus princípios básicos: - Nominal – adjetivos, artigos, pronomes e numerais concordam em gênero e número com os substantivos a que se referem.
As nossas primeiras metas foram alcançadas.
- Verbal – o verbo concorda com o seu sujeito em número e pessoa. Os colaboradores comemoram o sucesso do projeto.
CONCORDÂNCIA NOMINAL
Regras específicas:
•
quando o adjetivo qualifica mais de um substantivo e é posposto aos substantivos...•
o adjetivo vai para o plural e a concordância em gênero prioriza o substantivo masculino.A empresa oferece localização e atendimento perfeitos.
•
ou concorda com o substantivo mais próximo A empresa oferece atendimento e localização perfeita.•
quando o adjetivo qualifica mais de um substantivo e é anteposto aos substantivos...•
o adjetivo concorda com o substantivo mais próximo Você fez ótimas provas e trabalhos.•
quando o substantivo é qualificado por mais de um adjetivo.•
a concordância, geralmente, segue a regra geral (concordam em gênero e número)Conheço histórias lindas e inteligentes.
•
tratando-se de coisas distintas, o substantivo fica no plural Admiro as culturas italiana e francesa.Admiro a cultura italiana e a francesa.
•
quando numerais ordinais estiverem antepostos a um único substantivo podem ser usadas as construçõesSubiram até o nono e décimo andar. Subiram até o nono e décimo andares.
Nota: Se o substantivo vier antes dos numerais, ficará sempre no plural. Subiram até os andares nono e décimo.
CONCORDÂNCIA VERBAL
Regras específicas:
•
sujeito composto e anteposto ao verbo, o verbo vai para o plural O advogado e o réu retiraram-se da sala.•
se os núcleos dos sujeitos são resumidos pelas expressões tudo, nada, ninguém, o verbo fica no singular.O advogado, o réu, o juiz, ninguém ficou na sala.
•
sujeito composto e posposto ao verbo, o verbo vai para o plural Retiraram-se da sala o advogado e o réu.•
ou o verbo concorda com o núcleo mais próximo Retirou-se da sala o advogado e o réu.•
pessoas gramaticais diferentes, o verbo se flexiona no plural, na pessoa que prevalece (a primeira prevalece sobre a segunda e esta sobre a terceira).(1ª pessoa do plural)
Tu e teus irmãos tomareis a decisão. (vós) (2ª pessoa do plural)
Pais e filhos precisam-se respeitar-se. (eles) (3ª pessoa do plural)
•
expressões com o verbo ser.•
substantivo não precedido por determinantes (artigos, pronomes e numerais), não variam: é proibido, é bom, é necessário, é preciso, é permitido.É necessário paciência.
•
substantivo precedido de artigo ou qualquer modificador, essas expressões variam concordando com o substantivo.A paciência é necessária.
Casos que merecem atenção
•
sujeitos formados pelas expressões um dos que, um e outro, nem um nem outro, a maioria de, grande parte de, o verbo pode ficar no singular ou ir para o plural. A maioria dos condôminos preferiu / preferiram dividir as despesas.•
sujeitos formados por expressões que indicam quantidade aproximada – mais de um, cerca de, o verbo concorda com o substantivo.Mais de uma pessoa foi escolhida.
•
sujeito indica porcentagem, o verbo concorda com o numeral ou com o substantivo.1% da classe aceita a mudança. 1% dos alunos faltaram à prova.
•
quando o sujeito é formado pelo pronome que, a concordância em número e pessoa é feita com o antecedente desse pronomeFui eu que fiz.
Fomos nós que fizemos.
•
quando o sujeito é o pronome relativo quem, o verbo fica na 3ª pessoa do singular ou concorda com o antecedente do pronomeFui eu quem pagou a conta. Fui eu quem paguei a conta.
Verbos impessoais
•
São verbos que não admitem sujeito.•
Permanecem sempre na 3ª pessoa do singular. Havia muitos estrangeiros na universidade.Na Amazônia faz invernos chuvosos.
Regência
Quando se fala em regência, fala-se basicamente da relação que há entre as palavras de uma oração ou entre as orações de um período.
REGÊNCIA VERBAL
Quando cheguei a Espanha. Ele foi ao cinema.
Ela foi para a Grécia.
•
o pronome “lhe” só deve ser usado para substituir termos introduzidos por preposiçãoPerguntei a você / Perguntei-lhe.
•
cada verbo exige uma preposição para o estabelecimento da relação de regência.antipatizar / simpatizar – com consistir – em obedecer / desobedecer – a dignar-se – de responder – a preferir – a REGÊNCIA NOMINAL
Aqui estão vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que regem. Observe-os atentamente e compare o uso indicado com o uso que você tem feito. Além disso, procure associar esses nomes entre si ou aos verbos cognatos.
Substantivos
admiração a, por devoção a, para com, por medo a, de
aversão a, para, por doutor em obediência a
atentado a, contra dúvida a cerca de, em, sobre ojeriza a, por
bacharel em horror a proeminência sobre
Adjetivos
acessível a contíguo a generoso com
acostumado a, com contrário a grato a, por
afável com, para com curioso de, por hábil em
agradável a descontente com habituado a
alheio a, de desejoso de idêntico a
análogo a diferente de impróprio para
ansioso de, para, por entendido em indeciso em
apto a, para equivalente a insensível a
ávido de escasso de liberal com
benéfico a essencial a, para natural de
capaz de, para fácil de necessário a
compatível com fanático por nocivo a
contemporâneo a, de favorável a paralelo a
parco em, de propício a semelhante a
passível de próximo a, de sensível a
preferível a relacionado com sito em
prejudicial a relativo a suspeito de
prestes a satisfeito com, de, em, por vazio de
Advérbios
longe de perto de
Os advérbios terminados em –mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a, paralelamente a, relativa a, relativamente a