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VIDA DE FEIRANTE 'I :::.: I. clien!_s ES'_CIAL 8. A rotina de quem acorda às 2h.da manhã para encher a mesa dos. exploração do FLORIANÓPOLIS,

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Texto

(1)

CURSO

DE JORNALISMO DA

UFSC

-FLORIANÓPOLIS,

OUTUBRO

DE 2013

-

ANO

XXXII,

N° 6

tIiIfIIM.

Cursos

nas

áreas

de

ciências

exatas

possuem

as

maiores

taxas

de

desistência

PÀGINA

6

VIDA

DE

FEIRANTE

A

rotina de quem acorda

às

2h

.da

manhã

para encher

a mesa

dos

clien!_s

ES'_CIAL

8 ••

,--\;:-;

Santa

Catarina

lidera

ranking

nacional

de

exploração

do

'I

:::.:��

�����I

nRO

SPORTIYO

Esporte

vem

conquistando

cada

vez

mais

adeptos

no

país

'AdINAi8

(2)

o Zero não

é

o

produto

de

apenas

uma

disciplina,

e

sim

de

seis

fases

Um ciclo que termina em ques­

tionamento tem sempre a

possibili­

dade de evoluirparauma

espiral,

se crescente ou decrescente somente o

aprendizado pode

apontar na dire­

ção

correta.

Acompanhar

os alunos

durante a

disciplina

do

Jornal

Labo­

ratório é

participar

deumponto de

vista

privilegiado

nestesentido. Todo

semestre é marcado por uma fase de turbulência inicial que ao

longo

dos meses só tende a

piorar,

mas à

medida queo tempo passaé visível como o

produto

desse embate

ganha

complexidade

de uma forma qua,. se

espontânea.

Poder darvazão aos semestres de

disciplinas

de

redação,

foto, planejamento gráfico, edição

... é

contemplar

o

esforço

de todos os mestresanteriores.

Oresultado éuma

edição

ricaem nuances como essa.Emumexercício

de

edição

as matérias foram distri­ buídas em sete editorias

diferentes,

umbom número para dezesseis

pá­

ginas.

A

percepção

do

jornal

a

partir

de uma proposta editorial voltada

para um

público

determinado éum

desses avanços quecomentei epon­ tua o amadurecimento ao

longo

do processo.

Nas

próximas páginas

nossosávi­

dos leitores

poderão

encontrardesde

temas de debate

nacional,

como o

programa Mais

Médicos,

que come­

çou atrazerpara a

região

profissio­

naisde

países

"hermanos",

até ques­

tões que

embaraçam

oestadocomo o

destaque

negativo

em

relação

ao

número decasosde trabalho infan­

til. Temas quenos preocupam dire­ tamentecomo

qualidade

e

condições

no ensino

superior

também estão

contempladas

nas matérias sobre a

evasãonos cursosdelicenciaturae o

altocustode

algumas disciplinas

em cursos como

Arquitetura,

Odontolo­

gia

eArtes Cênicas. Discussõesque

trazem a tona as etapas que ainda

precisam

ser

percorridas

a

partir

das

políticas

de

ações

afirmativas.

Outro

"compromisso

histórico",

comodiriaumdosmestresquecon­

tribuíramcom sua

parcela

de

experi­

ência,

éoolhar socialatentoeapura­

doquedestacamosem nossamatéria

especial.

Nossas

repórteres

acompa­

nharam um dia na rotina de uma

família de

feirantes,

e nostrazem o

relato deum

esforço

dereportagem

queaslevouaentraremcontatodi­

retamentecom nossamatéria

prima,

o serhumano.

Agora

nos

questionamos

sobre a

próxima edição.

Não deixem decon­

ferir!Boaleitura...

Arepórter PatríciaSiqueira entrevista Nisa Hars,durantesuajornadaque começou as2h da manhã

ERRATA

PARTICIPE!Mandecríticas, sugestõesecomentários

E-mail-zeroufsc@gmail.com Telefone -(48)3721-4833 TwItter- @zeroufsc Cartas -Departamentode Jornalismo

CentrodeComunicaçãoe Expressão

UFSC- Trindade

Florianópolis (SC)

CEP: 88040-900 Na

edição

de setembro do

Zero,

informamos que a

matéria "Histórias deumavidainteira"

(páginas

8e

9)

foi

produzida pelo repórter

DanielLemes.A

produção

da

pautafoi realizadanaverdade

pela

acadêmicaPatricia

Pamplona.

OMBUDSMAN

GÉSSICA VALENTINI

o

desafio

de superar

expectativas

C

om uma

pilha

de

jornais

nos

braços,

caminhando

pelo

cam­

pusda

UFSC,

maisdeuma vezouvi

entonações

animadas: "O

Zero!". Nocursode

jornalismo,

entre

calouros,

veteranos,pro­

fessorese

servidores,

a

reação

erade

simpatia

pela chegada

da nova

edição.

Damesma

forma,

no cursode

engenharia,

nabiblioteca e nareitoria...

Mesmofora da

UFSC,

muitosex-alunos vibraramao ver o

jornal,

do

qual

umdia fizeramparte.Aopararnoscorredoreseesperara

reação,

alguns

relatosforam surpresos: cadêareportagem

investigativa?

Aturma, ainda estreante,

propôs

o

feijão

earroz.Otempo,adifi­

culdade de

conseguir

boasfontese os mesmosdesafiosqueenfrentam

profissionais

dosmeiosde

comunicação

tradicionais,

diáriosou sema­

nais,

foram

empecilhos

aosalunos doZero.

Como

consolo,

serve ofato dequeascríticasnãoforamaostextos,

preparados

comesmero,massobreaspautase,

principalmente,

sobre ostítulos.Entrealunos docurso e

profissionais

da

área,

aunanimidade noscomentáriosfoiafalta de chamadasqueatraíssemmaisoleitor.

Desdeachamada de capaatéachamada dacontracapa,faltaram

verbos,

sinônimos,

faltaram

palavras.

Faltou a

experiência

do

editor,

somada à astúciado

diagramador,

que dáumespaço suficiente para

queumaboa ideia

seja

transcritade forma

completa.

Damesmaforma queaostítulos faltaram

palavras,

a

algumas

re­

portagensfaltaram

imagens.

Podeserqueelasnãofalemmaisque mil

palavras,

masfalammuito e atraemoolharatento do leitorquefo­ lheiaas

páginas

deum

jornal, esperando

serconvidadoparaaleitura.

Apesar

de

repórteres

nãoseremnecessariamente

fotógrafos,

editores

ou

diagramadores,

oresultado desta

edição

desafiaosfuturos

profissio­

naisa

lançar

umolhar críticosobreo

próprio

trabalhoesobre

função

deum

jornalista.

Comcerteza, o leitor

pode

esperarumresultado ainda melhor

nesta

edição,

commais

empenho, experiência,

melhorespautas, textos,

imagens

e

diagramação. Afinal,

apesar doZero ser um

[ornal

Iabo-ratório,

queserve como

aprendizado,

éesperan­

do a

recepção

animada

de uma nova

edição

queosalunosoprepa­ ram: "O Zero!". Sim,

chegou!

É

preciso

contornar afalta detempocom a

habilidade que a pro­

fissão

exige

e

juntar

técnica e criatividade

para superar

expectati­

vas.Boaspautas,títulos

etextossomadosà ética

e à

responsabilidade.

Tudoisso

virá,

dia

após

dia e

nas

próximas

edições

doZero

GéssicaValentini,professorada Universidade Federal deSanta Catarinaeresponsáveledito­ rialpelojornallaboratórioZero.

F

zl80

T

JORNAL

lABORATÓRIO

ZERO Ano XXXII - N° 6 - Outubro de 2013

REPORTÂGEM

Ana Luísa

Funchal, Andressa Prates, Artur Felípe Figueira, Bárbara Cardozo, Beatriz Carrer,

BrunaAndrade, Daniel Lemes, Emanuelle Nunes, Fernanda Costa, Aávio Crispim,luri Barcellos, Jéssica Sant'Ana, João Paulo Fernandes,Karine Lucinda, Luiza Lobo, Maria Luiza Buriham,MarianneTernes,Marília Quezado, NatáliaPilati, NatáliaPorto,Patrícia Cim,Patricia Pamplona, Patricia Siqueira, RicardoPessetti, Rosângela Menezes,Sophia

Rischbieter,TaynaraMacedo,ThaísJordão,Vanessa Farias

EDiÇÃO

AnaCarolinaCerqueira,AnaLuísaFunchal,FlavioCrispim,João PauloFernandes,JuliaLindner,LilianKoyama,

MarianaPetry, Natália Pilati,:Nícolas Quadro,Patricia Siqueira,Stefanie Damázio,Thayse Stein

PROFESSORES-RESPONSÁVEIS

Ângelo

Augusto Ribeiro,GéssicaValentini, Lucio

Baggio MONITORIA Ana PaulaMendes,JuliaAyres

IMPRESSÃO

Gráfica GrafinortenRAGEM 5mil

exemplares

DISTRIBUiÇÃO

Nacional FECHAMENTO28deoutubro.

Melhor Jornal Laboratório- I PrêmioFoca

Sindicato dosJornalistasdeSC2000

3°melhor Jornal-Laboratório do Brasil

EXPOCOM 1994

••••••

MelhorPeça GráficaSet Universitário/ PUC' RS 1988,1989, 1990, 1991, 1992 e 1998

ZERO,

outubro de 2013

Design:Ana Paula Mendes

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

(3)

I _

Mais

Médicos

chega

a

Santa

Catarina

Palhoça

e

outras 25

cidades

serão beneficiadas

pelo

polêmico

projeto

do

governo

federal

Silvio

Gabriel Benitez,37 anos,

formou-se em medicina

pela

Universidade de Buenos Aires

ê

pós-graduado

naUniversi- � dade de

Barcelona,

especializado

em

atendimento

emergencial. Já

morou no

Chile, Cuba,

Panamá e

México,

onde conheceu a

gaúcha

com quem

se casou há 10 anos.Atravésdo pro­

grama MaisMédicos do governo fede­

ral,

o

argentino

viua

oportunidade

de

mudar-se paraoBrasilefazer de

San-taCatarina não maisseudestino de fé­

rias,

mas seular.Benitezéumdos três

estrangeiros

que

reforçarão

o

quadro

de médicos de

Palhoça,

trazidos

pelo

MaisMédicos.

O programa dos Ministérios da

Saúde e

Educação

tem o

objetivo

de trazermédicosparaatenderascidades

brasileirasemquehá carência destes

profissionais,

em

especial

nointerior.

Palhoça

éapenasumdosmaisde 25

municípios

catarinenses que recebe­

raminscritosdoMaisMédicos.Na

pri­

meiraetapado programa,maisde20

profissionais

vieram para Santa Ca­ tarinae na

segunda

outros20foram destinados paraoestado.

O Postode Pachecos seráo novo

local de trabalho de

Benitez,

onde atenderá como clínico

geral.

A uni­

dade de saúde atende a uma comu­

nidade carente de cerca de 12 mil habitantes.

Quando

a

repórter

doZero entrevistou o

argentino,

ele esperava oConselho

Regional

de Medicina do

Estado deSanta Catarina

(CREMESC)

conceder sua

autorização

provisória

paraatuar, processo que está atrasa­

do, pois

oConselho aindanãorecebeu todososdocumentos dos médicos do

Ministério daSaúde. Aindasem

poder

começar a

trabalhar,

Benitezpassou

alguns

diasna

unidade,

adaptando-se

aolocalevendocomo éofunciona­

mento.

um

lugar

quenão

precisa

deum

cardiologista,

por

exemplo,

mas

simummédico

popular,

que acolhaa

população

e

faça

umtrabalho

social,

ensinandocomo devemsealimentar e a

importância

do exercício

físico",

conta. Ele

planeja organizar

ações

comocaminhadasetardesem

algum

ponto da comunidade para medir a

pressão

arterial dos

moradores, pois

acredita quesãoformas de

aproximar­

sedacomunidadeelevar

informações

àspessoas que não costumam ir ao

postoconsultar-se.

Assim como

Palhoça,

qualquer

cidade brasileira

pode participar

do

MaisMédicos.A

prioridade

pararece­

beros

participantes

do programa será

paraas

regiões

comcarênciaedificul­ dade de retermédicos

integrantes

da

equipe

de saúde da família.Estas

regi-Posto do bairro Pachecos,que atendea umacomunidade carente de 12 milhabitantes, éo novolocal de trabalho domédicoargentino

Silvio Gabrielplanejaaçõescomocaminhadasecontrole da pressão

satisfação

profissional

de atender pessoas que realmente

precisam.

O

médicoviutambémachance derea­

lizarum

antigo

projeto:

fazero exame

de

Revalidação

do

Diploma

Médico

(Revalida).

O

argentino

havia se

informado para fazera

avaliação

que

valida os

diplomas

de universidades

estrangeiras

para

atuação

no

Brasil,

começoua

juntar

os

documentos,

mas

trabalhando80horasporsemana na

Argentina

nãotinhatempoparaestu­

dar.

Agora

irá recebero mesmosalário

que

ganhava

comdois

empregos

em

hospitais municipais

e umconsultório

privado

no

país

de

origem,

trabalhan­

do40 horas

aqui,

evai

poder

dedicar­

-se aosestudos parapassarno exame.

Os

profissionais

formados em

instituições

de

educação

superior

brasileira ou com

diploma

revali­ dado no Brasil têm

prioridade

na

seleção

e

ocupação

de vagas. Mas

também

podem participar

brasileiros

formados em

instituições estrangei­

ras com

habilitação

paraoexercício

da medicina no

país

em que atua e

médicos

estrangeiros.

Os inscritos

pas-saramportrêssemanasdecurso em umabase militar noRio de

Janeiro,

comaulas de idiomaeque abordavam temascomo Sistema

Único

de Saúde

(SUS)

esaúde da família.

Depois

tive­

rammaisuma semanadetreinamen­

tonasunidades emque iriamatuar.

A

princípio

oprogramateráuma

duração

de trêsanos,

período

emque

serãoválidosos

registros

dos médicos

participantes.

Os

profissionais

rece­

bemumabolsa

formação

novalor de

R$

10

mil,

ajuda

decustopara

despe­

sasde

instalação

-quenão

poderá

ex­

cederovalor de três bolsas

formação

- e

pagamento das

despesas

de pas­

sagensaérea do médicoe suafamília.

Além doPostodeSaúde do Pache­

cos,

Palhoça

receberá

participantes

do Mais Médicosno Posto Central. A

unidade atende cidadãos de toda a

cidadecom uma

equipe

de20médi­

cos, namaior parte

especialistas.

Os

postosdos bairros quenãoconseguem

atenderaspessoas encaminhampara o centro. O

aposentado

Luiz Carlos

Vaz, 60anos,sabe bem dos

problemas

da saúdeno

município.

Elecontaque mora no bairro Belavistae aesposa tem

problemas

cardíacos. Demora

uma semanapara

conseguirem

uma

consulta para elanobairroe láen­

caminham paraoPosto

Central,

que

tem

cardiologista,

masdemoracerca

deumanopara

conseguir

uma nova

consulta. "Acredito que o programa

Mais Médicos foi uma boa

ação

do

governoe

pode

vira

ajudar

amudar

isso. A demoravai diminuir se tiver maismédicosparaatender".

Bruna Andrade

brunandrade92@gmail.com

Florianópolis

não

recebe

profissionais

temporariamente

Associação

Catarinensede

Medicina,

Conselho

Regional

de Medicina do Estado de Santa Catarina

(Cremesc)

e Sindicato dos Médicos fizeram uma

manifestação,

em

julho,

contra a

atuação

de médicos com

diploma

estrangeiro

no estado. Para atender a

reinvindicação

foi

lançado,

em agosto, o decreto

municipal

que determinava

que não

pudessem

atuarmédicoscom

diploma

estrangeiro

na

capital

sem o examedo Revalida.A

prefeitura

voltou atráse

suspendeu

o

decreto,

evitandoa

exclusão definitiva do programa.

O

presidente

do Cremesc, Tanaro

Bez,

esclarece que a

instituição

não se

posicionou

contraavinda dos médicos

do

exterior,

mas acha necessário que

eles

sejam

submetidos ao Revalida. "O

governo, com uma

urgência

que eu

nãoentendoo

porquê,

achou queestes

médicos não

precisariam

passar por

essa

habilitação

para comprovar as

capacidades

médicas",

dizo

presidente,

que acredita que o Revalida atestaria

queosmédicosestãoem

condições

de

atendera

população.

Com a

intenção

de

suprir

os

profissionais

que não

vieram,

a

Secretaria da Saúde de

Florianópolis

contratou oito médicos. Bez acredita que não sóem

Florianópolis,

mas em

todo o estado há médicos suficientes. "Os

municípios

que não

dispõem

de assistência médica não é porque não existem médicos que

queiram

ir para

lá,

mas porque estes médicos não se sentem seguroscom as

condições

que a

região

ou o

município

oferecempara

desenvolvera

medicina,

sem

tecnologia

ouestruturafísíca decente."

Produção:DaniellemesIEdição:Julia LindnerIDesign:luiza Lobo

Posto

Central

recebe pessoas

de toda

a

cidade

com

apenas

20

funcionários

ões,no

geral,

têm

população

sem

pla­

nosde

saúde,

residentesemárea

rural,

com

população

deextrema

pobreza

e

cidadãos beneficiários do

Programa

Bolsa Farru1ia.A

distribuição

dosmé­

dicos

pelas

cidades também considera

o

percentual

de horas trabalhadas

pelos

profissionais

naárea da aten­

ção

básicapara cada mil habitantes

eo

percentual

de leitos para cada mil

habitantes.

Benitez inscreveu-senoprograma

por ser uma

oportunidade

de trazer aesposade volta parao Brasile

pela

ZERO.

outubro de 2013

(4)

��---"Papo

de

H.omem"

é

sucesso

na

rede

Comovocê descobriu que que­ riadesenvolver conteúdo para internet e como seidentificou com essaárea?

Guilherme Valadares - Foi um processo. O

próprio

Papo

de Ho­

mem teve comoembrião

algo

que

surgiu

antesdele.Então,tinhaum

grupo de e-mail no

qual

meiadú­

ziadecarasquenãoseconheciam

resolveu se conectar paraconver­ sar umpouco sobrecomoteruma

vida

melhor,

umavida que fizesse

mais sentido para homens. Isso cresceu, se transformou em um

fórum que foi mantido por doa­

ções

durante uns dois anos. Esse

processo foium

grande caldeirão,

um laboratório para' entender o que estava acontecendo com o

universo masculino. Existia uma

insatisfação minha,

e acho que

compartilhada

com outraspesso­ as

lá,

que tudo quesefalava sobre

ohomemouparaohomem pare­

cia sermuito

estereotipado,

mui­

to

encaixotado,

muito limitado.

Então a gente não se reconhecia nosveículos masculinose agente

nãoachava que

aquilo

ali

parecia

dialogar

com oqueoshomenses­ tavam vivendo na

prática.

Resol­

vi convidar

algumas

pessoas que

estavam lá com o

seguinte

mote: e se existisse um veículo que se

propusesse a falar dos homens

de maneira mais

autêntica,

mais

real,

sobre uma

amplitude

maior

detemas?

Independente

seisso vai

dar

audiência,

se vai fazer suces­

so, chamar anunciantes, ou não. Foiumpouco essavisãode gerar

um espaço com mais

liberdade,

que tivesse boa

consistência,

que

acho queatraiu aspessoasno co­

meço a

seguirem

com essa

rede,

num formato que inicialmente era um

blog.

Um

pedaço

do

público-leitor

do site sãomulheres. Você acha queesse interessedo

pú­

blico feminino é por elas que­

reremsabercomo oshomens

Guilherme

Valadares,

criador do

blog,

fala do

desafio

de

trabalhar

com nova

comunicação

pensamoupor que elasse

identificamcom oconteúdo?

GV - Pelos dois.

Tanto que, seis

meses

depois,

tinham várias mu­

lheres que perguntavam por que

não tinha um

Papo

de Mulher. E

oque elas

queriam

dizer: por que

não existeumveículo que

dialoga

com asmulheres demaneira mais

autêntica,

maislivre de

preconcei­

tos,

estereótipos.

Você vê

hoje

as

revistas femininas que ensinama

mulhera sermagra,

rica,

podero­

sa e devoradora de

homens, sabe,

umarainhana cama.Euachoisso muito

aprisionador, imaginar

que

essa é a

trajetória

que uma mu­

lher tem que percorrer para ser

feliz. Como se elas trabalhassem comcaixotes,que acho que éuma

coisa também um pouco vítima

do modelo editorial

usual,

que é lento eque está cadavezmaisen­

trando emcrise.

Então,

o interes­

se das mulheres foi manifestando

rápido. Hoje

eu acho que maisde 30% dos leitoressãomulheres.

o:

colaborativo

Papo

de Homem

surgiu

em dezembro

de 2006com o

objetivo

detornar-seumarevistavirtual

para

o

público

marculiTW. O

projeto

deu certo

e.trouse

prêmios

comooBest

Blogs Brasil,

em

2007,

eotítulode

''Blog

que vocênão

podeperder"

darevista

Época,

em2008.

Hoje

evoluiupara

categoria

de

portal

econtabilizaummilhãoemeio

de visitasúnicaspor mês.

Umdos

principais

nomes

por

trásdosucessoéGuilhermeValadac

res. Pormadoem

Comunicação

Social

pela

Universidade Federal

deMinasGr!rais, ele

ajutkJu

a

fundar

o

Papo

deHomem. Noinício deoutubroveioa

Florian6polis

ministrarocurso "Como cultivar comunidades

digitais

ativas e

engajadas"

e conversou coma

equipe

doZerosobrecomoé trabalharnainternet.Nestaen­

trevista,

Guilherme Valadares destacaa

importância depro­

duzir conteúdo que

faça sentitkJpara

aspessoaseadianta

que, no

futuro, deseja

tornarasassinaturasdosinter­

nautasaúnica

fonte

derenda do

Papo

de Homem.

Em

sete

anos,

portalcontab�a

cerca

de

um

milhão

e

meio

de

acessos mensais

Comotornar estaredeintera­ tivarentável para que quem

trabalhecomissopossase sus­

tentarapenas comeste meio?

GV

-Foi um processo na medi­

da em que o

Papo

de Homem foi

evoluindo,

começar a trabalhar com as marcas, fazendo isso com

cuidado. Em 2007 a gente criou

a

"Campanha pela Transparência

Online",

umacoisa que não exis­

tia, e

propôs

um selo

específico,

uma maneira de identificar con­

teúdos e preservar avoz editorial

em

relação

àvozcomercial.Então

a gente começou a fazer

projetos

especiais

de conteúdo e de mídia

com as marcas, que conseguem

pagara

equipe

principal

do

Papo

de Homem. O

artigo

é

produzido

inteiro sem a

menção

de marca,

porque senão contamina a voz,

gera conflito de interesse, e ao

final,

tem essasessão quea gente

chama demecenas, quetemavoz

da marca, a

imagem

dela,

dizen­

do que

apóia aquele

conteúdo.

É

umamaneiraqueagenteacredita que oferece escala parao trabalho

sem comprometer o vínculo de

confiança

que agente temcom as

pessoas.

Você

produz

conteúdo para

internet.Você acredita que isso vaisubstituirasoutras

formas de

veiculação

da infor­

mação

como

jornal

e revista? Você acha que essevaiser o

meio quevai funcionarcomo

principal

forma das pessoasse

informarem?

GV

-Hoje

é uma forma muito maiordo queos

jornais

sedão

con-ZERO,

outubro de 2013

(5)

+

ta. Outrodiaeu estavaconversando

com uma

agência

que atende aAs­

sociação

Brasileira de

Jornalismo

e

eles nãotêm a menorideia do que

irãofazer.

É

como se a

imprensa

tra­

dicional estivesse

perdida

em uma casa

pegando fogo

e nãosoubesseo

que fazer. Mas eu não penso que a

internet vaimatar os outrosmeios,

massimqueanaturezadoconsumo

de

informações

como umtodovaise. transformar. A gente vai consumir

informações

em

dispositivos

esta­

cionários,

como os nossos

laptops,

nossos

tablets,

celulares. É como se os suportesfísicos para

informação

tivessem que

adquirir

um

leque

de

possibilidades

muito maior e cada

umcom umacaracterística

específi­

ca.Por

exemplo,

eulerumconteúdo natelaédiferente deeulerum con­

teúdo no

papel;

natelaé mais can­

sativo,masàsvezestende'a sermais

prático.

O que eu

imagino

é que as

empresas de

comunicação

irão ter

que saber lidarcom esse

leque

maior

eentender

quando

usar o

impresso,

quando

usar o

digital.

E dentro do

meio

digital, quando

usar um

tablet,

quando

usar o

celular, quando

usar o

laptop.

É

como se

amplitude

do le­

que tivesseficado bemmaior.

Vocêmesmocomentou que ler em

dispositivos

móveis é mais cansativo.

Quando

estápen­ sando conteúdo paraoPortal

Papo

de

Homem,

você leva

emcontaa

questão

defazer conteúdo

multimídia,

mais

reduzido?

GV - A

gente ainda não tem um

site

específico

para

tablet,

por fa­ lhanossa.Oconsumode conteúdo em

dispositivos

móveis está cres­

cendo em umavelocidade brutal.

Tem

alguns

veículos que

j

á estão

nascendo sendo

pensados

para o

tablet. Em

relação

a

profundidade

do

conteúdo,

oqueagenteenten­

de éque fizemos um

esforço

para

criarno

Papo

deHomemumlocal em quetextos curtos e

profundos

possam coexistir.

É

uma tristeza

as pessoas acharemque conteúdo

profundo

nãopossaterespaço na

web.

É

como se a gente fosse re­

duzira nossa

capacidade

mentala

só um

pedaçinho

porque é o con­

teúdo que vaiser mais

comparti­

lhado. Será que a gente só quer teracesso aoconteúdoqueémais

compartilhado?

Será que não faz sentido que menos pessoas leiam os conteúdos mais

profundos

quando

issofor necessário?

Comovocê avaliao cresci­

mentodas mídiassociaise

dos

blogs

noBrasil?E

qual

o

maiordesafio parase

produzir

conteúdo paraaweb?

GV - A

gentevive em uma era em

que a

produção

de conteúdo está

subindo

exponencialmente,

tem

cadavez maistextos, fotose víde­ os. O desafio paraos

profissionais

vai ser, cada vez mais,

produzir

comunicação

que

faça

sentido

e criar modelos de

negócios

que rentabilizem isso. E que não é só

uma

comunicação

quevai

produ­

zir notícias de celebridade e que

vise somente buscar

clique.

Por­

que o conteúdo de melhor custo

benefício talvez

seja

o conteúdo sensacionalista. Têm estudos que,

inclusive,

mostram como conteú­ dos que nos geram raiva ou ou­ tras

emoções

primárias

viralizam

em

grande

velocidade. Entãovocê

pode

pensar que: vou criar um

portal

que vai ter muitos acessos a custo

baixo,

vou então

produ-Valadares: uÉcomo se aimprensa tradicional estivesseperdida em uma casapegando fogoe não soubesseoque fazer"

AINDA SOBREAS BIOGRAFIAS NÃG

AUTORIZ4;DAS.•

Home- Seções feSZYJtQ Contato AIll;1\lCie_

POHSHOTS

Nofuturo, Valadares quer abandonarosanúnciosemanterosite apenascom asassinaturas dos leitores

zir conteúdos sensacionalistas.

Mas que

tipo

de veículo eu estou

cultivando com isso?

Que tipo

de

comunicação,

que

tipo

de

jorna­

lismo? Então, se todo mundo se

propuser a cultivar somente con­

teúdos

sensacionalistas,

quem vai

produzir

conteúdo que

importa?

Quem

vai fazer as

investigações

sérias,

com finssociais? Easpessoasestão

dispostas

aprocurar porumconteúdo

mais

qualificando,

deixando de ladoo conteúdo sensacio­ nalista?

GV -

É

um desafio. No

Papo

de

Homem

são seis anostentando

produzir

um conteúdo com mais

qualidade,

mais

profundidade

e

mais

significado.

Na minha vi­

são, é uma

pedra

cantada que as

pessoasvão procurar isso,porque elasvãose saturar. Elasvão atin­

gir

em breveum estado de estáfia

mental

tamanho,

comtantaboba­ gemcomtantoconteúdo de baixa

qualidade,

queelasvão começara

simplesmente

procurar os locais

que entregam

alguma

coisa que

faça

mais sentido. O

problema

de

hoje

é que a gente trata a nossa

atenção

como sefosse

algo gratui­

to,quenão tivessepreço ouvalor.

Então, agentecede a nossa aten­

ção

otempointeiro. Aoceder para

o

Facebook,

por

exemplo,

a gente

estáassinandoum contratosilen­

cioso quedizque agente acha ok

participar

deuma

plataforma

que

vai se cultivar em torno de um

grande monopólio

de

atenção,

que

vai

precisar

se rentabilizarcom a

presença de um volume monstro

de anunciantes.

Porque

se tem

muita coisa

gratuita

que

precisa

de anúncio para se manter, es­ ses conteúdos vão

berrar,

gritar,

brigar pela

nossa

atenção.

E se a gente tem muito conteúdo

bri-gando pela

nossa

atenção,

temos

muito

barulho,

ruído e cada vez menos

comunicação

de

qualidade.

Nos

próximos

anos,aspessoasvão

terque passar porumprocesso de

reapropriação

da

própria

atenção,

de entenderoquetemmuito mais

valor do que parece aondeagente

colocao nosso

olhar,

onde gasta­ mos o nossotempo.

"Hoje

existe

muito

conteúdo

brigando

pela

nossa

atenção

e

pouca

qualidade"

Você pensaemcobrar parater acesso aoconteúdo do

portal

Papo

Homem?

GV- Anossavisãoésetornarum veículo que

seja

mantido

priori­

tariamente

pelas

pessoas.

Hoje

a

gente é

dependente

das marcas,

masqueremos

chegar

no momen­ ta emquea nossa

principal

fonte

de renda

sejam

aspessoas.

Porque

isso muda por

completo

a pre­

missado

jogo. Imagina

aeditora

Abril sendo mantidainteiramente

pelas

pessoas. Será que ela ia se

preocuparemfazer semprea mes­ ma pauta para as suas revistas?

Ela ia ouvir as pessoas, porque a margem de lucro ia se orbitar em torno das pessoas. Ela não ia mais pensar em como criar

algo

queseduzaaspessoasosuficiente

paramanterolucro. Elaiasepre­

ocupar em

produzir

real

sentido,

real

significado

para as pessoas.

Seria lindo odiaem que o

próxi­

mo

grande

grupo de mídiavivesse

das pessoas enãodemarcas.

E aonde que você buscaconte­

údo de

qualidade

nainternet?

GV

-Nas pessoas. A gente tem os editores do

Papo

de Homem, estamos conectados a uma série

de pessoas, a quem buscamos.

Olhamos bans

sites,

como o

Big

Think

(bigthink.com/)

e o Brain

Pickings

(www.brainpickings.

org/).

Então tem sites que estão se

propondo

afazer

investigações

interessantes. O Ted

(www.ted.

com/)

é um excelente referência

de pessoas e olhares que a gente

quer

explorar.

É

como se a gente

fosse atrás desites queestãobus­ cando o que realmente

importa,

buscandocoisasque valemo nos­ sotempo.

Qual

a sua dica para quem

quer

produzir

conteúdo

quali­

ficado para ainternet?

GV

-Primeiro, não use o Face­

book. Em

segundo lugar,

bastante

paciência.

E,

por

último,

procure construirumgrupo de pessoas que

veja

sentido

naquilo,

ainda que

umgrupo pequeno,porqueno co­

meçotalvez vocênãotenha gran­

des números

absolutos,

mas faz

muito

diferença

você ter um gru­

podepessoaspara

qual aquilo

que você

produz faça sentido,

porque dali vai

surgir

uma

efervescência,

um motor que vai

ajudar

a coisa

a

seguir

em

frente,

pegar

embalo,

ainda quetome tempo até aspes­ soasreconheceremo seutrabalho.

Semrede

própria

em

volta,

emque aspessoas não estão

comentando,

você

perder

oprazerde fazer

aqui­

la.Terumaredeemvolta fazuma

grande

diferença

no

surgimento

deum

projeto.

E,por

favor, façam.

Háumacarênciaimensadeconte­

údo que

faça

sentido.

,"

Bárbara Cardozo

bacardozo18@yahoo.com.br

Bruna Andrade

brunandrade92@gmail.com

Jésslca Sant'Ana

jessicasantana06@hotmail.com

ZERO.

outubro de 2013

Produçào:Bárbara CardozoIEdição:Julia UndnerIDiagramação:Ricardo Pessetti

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

(6)

Menos

formandos

nas

licenciaturas

Carreira pouco atrativa

torna

Física, Química,

Matemática

e

Biologia

campeões

de

desistência

Enquanto

as matrículas nos cursos

tecnológicos

e de ba­

chareladocresceram, respec­

tivamente, 8,5%

e

4,6%,

as

licenciaturas tiveram um aumento

de0,8%entre2011e2012. Deacordo

com osdados

divulgados pelo

Minis­

tério da

Educação

(MEC)

noCensoda

Educação

Superior

2012, quatroáre­

as consideradas fundamentais para a

formação

de

professores

-física,

matemática,

química

eciênciasbio­

lógicas

-alcançaram, juntas,

292,8

milestudantesno ano

passado,

oque

representapoucomaisde4% do total de matriculados no

país.

Ocursode

administração,

líder do

ranking,

teve

833 mil universitáriosem2012. O reflexo do baixo número de

graduandos

nas áreas de ciências

exatas e

biológicas

é um déficit de

170 mil

profissionais

narede deen­

sinonoBrasil.ParaoDiretordoDe­

partamento de

Administração

Esco­

lar daUFSC,LuizCarlos

Podestá,

os

baixossaláriose otratamentoinade­

quado

quesetemdadoaos

professo­

resdoensinofundamental emédio

são motivos quelevamosestudantes

aevitaracarreiradocente.Para

ele,

umadas

consequências

disso é que os alunos

chegam

à universidade sem nunca ter tido aula com um

professor

licenciado.

"Principalmen­

te na rede

particular

de

ensino,

os

estudantes têm aulas dematemáti­ ca,por

exemplo,

com

engenheiros.

E passamavida estudantilinteirasem teraulacom um

profissional

forma­

do

pedagogicamente.

E issosótende

aacentuar",lamenta.

O contato com a sala de aula

Desistênciasnos cursosde licenciaturageramum défictde170 milprofissionais nomercado de trabalho

foi

justamente

o motivo que fez

Fabrício de Souza trancar o curso

de licenciatura em

matemática,

na

UFSC. Na

época

emque era

gradu­

ando,

um

projeto

chamado "Mais

educação"

levavaosuniversitáriosa

dar aulas de assistênciae

reforço

na

rede

pública

deensino. A

experiên­

ciade lecionarem umaescolaesta­

dual de

Florianópolis

foi o

estopim

para Fabrício

perder

o gosto

pela

profissão

de

professor.

"Durante o

período

emque

participei

do

proje­

to,fui

ameaçado

de morte, tiveum

pequenosurtodeirae aescolame

deu calote no fim do

mês",

conta,

hoje,

emtomde brincadeira.

Onúmero deformadosnasáreas

de

química,

matemática e ciências

biológicas

também diminuiu. O

cursode física foioúnico quecon­

seguiu

aumentar em 1,75% o nú­

mero de concluintes.

Química

teve

queda

de

1,4%,

ciências

biológicas

de 3,5% e matemáticabateu recor­

de, alcançando

umabaixa de

14,5%

formados em

relação

a 2011. As

quatro áreas

colocaram,

juntas, 49

milnovos

profissionais

no

mercado,

mas sem a

garantia

dequetodos se

transformarãoem

professores.

É

o caso de

Rosângela

Menezes,

queseformouemlicenciaturaemfí­

sica

pela

UFAM

(Universidade

Federal do

Amazonas),

mas

preferiu

voltar à

vida universitáriaetentaroutragra­

duação.

"Cheguei

a lecionar física

porseis anos, mas,além denão

gos-Permanência

e

orientação

vocacional

t

Em

média,

48% dos alunos que iniciam

algum

curso de licenciatura

não

chegam

a seformar.Os

dados,

le­ vantados

pelo

InstitutoLobocombase no Censo da

Educação Superior

de

2011, revelaram também que a taxa

média anual deevasãonessamodali­

dadeemensino

chega

a

19,6%.

Olíder da listaéo curso de

física,

com um

índice de

26,4%.

Para amestre em

administração

Vanessa

Livramento,

as universidades devem desenvolver

estratégias

para o

esclarecimento das dúvidas dos alu­

nos do ensino

médio,

minimizando

a

probabilidade

de erro na

opção

de cursoque fazemaoprestarvestibular. Ela ainda ressalta a

importância de,

após

o

ingresso,

auniversidade oferecer

apoio

naforma de

reforço

nas

discipli­

nasmais

problemáticas

ede

garantir,

financeiramente,

a

permanência

dos Marucia PattaBargadl,psicóloga

e estudantesem

situação

devulnerabili­

:§ dade econômica.

]

Adoutoraem

psicologia

Marucia

� Patta

Bardagi

explica

que agoraas

uni-versidadescomeçaram aolhar parao

estudanteeentender que eleentrana

universidadecom o

objetivo

de

explo­

rar as

múltiplas opções

que oensino

superior

oferece. "As universidades par­

tem dopressupostoqueos estudantes

fizeramaescolhacertaecomeçam a

prepará-los profissionalmente,

sem

muitas vezes passar por

disciplinas

introdutórias". Ela ainda afirmaque, apesar degerar

impacto

econômiconos

cofres

públicos,

adecisão por desistir de um curso

pode

ser amelhor

opção

para oaluno. "Muitosestudantes

entram

desmotivados,

insatisfeitos.Seadecisão

de abandonar o cursofor

planejada,

trarábenefícios paraodesenvolvimen­

to

pessoal

e

profissional

do indivíduo".

tardarotinaestressante

professor

do

ensino

médio,

não

consegui

acompa­

nharas aulasno mestrado.Nasmi­

nhas contas, eramaisfácil começar

outra

graduação,

quenão

precisasse

necessariamente fazer mestrado e

doutorado,

do que passar mais seis

anos insistindo num curso em que

nãomesentiarealizada

profissional­

mente".

Ela,

que agoraé estudante de

Jornalismo

naUFSC, dizem tomde alívio: "finalmente encontrei apro­

fissãoquetemmaisa ver

comigo".

A falta de

integração

entre as

disciplinas

que formam o tronco­ -comumdas licenciaturase as ma­

térias

específicas

de cadacurso con­

tribui paraodesinteresse dos alunos em setomarem

professores,

afirma

o diretor de ensino do

Colégio

de

Aplicação

da UFSC, Manoel Teixei­

ra dos Santos. "Precisa haveruma

maior

articulação

entreos

professo­

res,

pois

os alunos acabam

privile­

giando

as

disciplinas específicas

em

detrimento das de licenciatura.Isso

prejudica

aetapade reflexão sobreo

processo de

ensino-aprendizagem

e

nãoforma

professores".

Podestá defende que as universi­

dades

precisam

acolheros

profissio­

naisque formam. "Elesse

desligam

e

não são mais

ouvidos,

ficam

jogados

aosleões.

É preciso

que existaatroca

de

experiência

entre omercado e a

academia,

para queasuniversidades preparem melhor os estudantes que

vãoexercer alicenciatura".

A mestre em

administração

Va­

nessa

Livramento,

que

pesquisou

sobreaevasãonos cursos

presenciais

daUFSC,lembra que muitos alunos

optam por cursar

alguma

licencia­ tura

que é baixa a concorrência

no

vestibular,

deixando de ladosuas

verdadeiras

preferências.

É

o que aconteceucomCatarina

junges,

que

deixou detentarMúsica paracursar

HistórianaUFSC. A

gaúcha

contaque

decidiu fazero cursoparasairdecasa equenãotinha

expectativas.

"Atéme

surpreendi

com a licenciatura. Os

professores

eramótimose oambiente era

agradável,

exceto

pela

infraes­

trutura". Mas, como a sua vontade sempre foi fazer

Música,

ela decidiu abandonar Históriaetentar ovesti­

bularnaUDESCnofinal doano. JéssicaSant'Ana

jessicasantana06@hotmail.com

Calouros

em

relação

aos

formados

no

ensino

superior

De acordocomosdados

divulgados

pelo

MECnoCenso da

Educação

Superior

2012,onúmero de estudantes que entraram nos cursosé

superior

aosqueseformaram.

41600'" 33200'" 20000'" 18200": 11800'" 6400 2600'" Ciências Biológicas Física

_Calouros

Formados Matemática Química

Fonte: Censo daEducaçãoSupenor/INEP

ZERO,

outubro de 2013

Produçào:Vanessa Farias da SilvaIEdição:João Paulo FernandesIDesign:Emanuelle Nunes

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

(7)

+

Políticas de

auxílio para compra

j

de

instrumentos

são

insuficientes

Acadêmicos deArquiteturaeUrbanismoprecisamelaborarmaquetesparaosprojetosdasdisciplinas

Altos

gastos

com

materiais

preocupam

estudantes da

UFSC

Na

Odontologia,

custos

passam de

R$

10

mil

por aluno

Auniversidade

pode

até ser

pública,

mas, isso não é

sinônimo de que todo cur­ so saia barato ao aluno. Além dos custos com

moradia,

ali­

mentação,

transporte, xerox, livros

e

cadernos,

dependendo

docurso es­

colhido háanecessidade da compra

de

equipamentos

que

chegam

a ser

tão

indispensáveis

quantocaros. No

cursode

Arquitetura

eUrbanismo da

Universidade Federal de SantaCata­ rina

(UFSC)

as

disciplinas

de

Projeto

são

aquelas

em queos alunos mais

precisam

investir. Por envolver a

confecção

demaquetesedesenhosos estudantes

precisam

comprar vários

materiais. Um

estojo

de

lápis

de 12

cores

pode

custaraté

R$

99,ou uma

árvore paramaquete

chega

acustar

R$

17 aunidade.Aestudante da6a

fase do curso, Nicole

Pinheiro,

ex­

plica

que todoosemestre os alunos

têmuma

disciplina

de

projetos,

por

issosurge anecessidade de comprar novos materiais. "Para fazer uma

maquetesão necessáriasváriasexpe­

riências,

e osmateriaisde

qualidade

são sempreosmais caros". Deacordo com a

estudante,

osalunos quenão

têm

condição

de comprar os mate­

riaisfazemum

esforço

para nãofi­

carem sem.

"Ninguém

deixa de fazer ostrabalhos.Temgenteque

pede

em­

prestado,

que pegasobras dosoutros

projetos.

Tudo mundo dáum

jeito

de

conseguir".

O

professor

da

disciplina

de

Pro-jeto

Arquitetônico

V,Américo

Ishida,

comentaquefoi realizadaumapes­

quisa

pela

Universidade que com­

provou que o curso de

Arquitetura

e Urbanismo

possui

os alunos com

melhor renda.

Porém,

os

profes­

sores sabem que isso não

significa

quetodososalunos terão

condições

de arcar com os materiais. "Com o aumentodo número de vagas

pelas

ações

afirmativas,

discussões sobre alternativas paraesses alunos foram

realizadas,

mas, até agora, não to­ mamos umaatitude efetiva".Parao

professor,

osalunoscompoucascon­

dições

raramentedeixamissoeviden­ te, dificultandonahora de

ajudá-los.

"O que ouvi dos

nrofesseres

foi

.

procurem

um

lugar

mais

em

conta',

só isso"

MatheusCarbonari, estudante

Ocursode

Odontologia

éfamoso

pelos

altos custos. Materiais como

jaleco

branco, pinça

dente-de-rato,

tesoura de ponta

fina,

máscara e

luvas

descartáveis,

espátula

para ges­

so e escovapara

limpeza

de

brocas,

compõe

o

conjunto

básico utilizado

nos

primeiros

períodos

do curso.

Matheus

Carbonari,

estudante da 3a fase do cursode

Odontologia,

relata

que mesmo estando no começo da

graduação já

gastouumtotal de

R$

2.300. E sabequeesse valorvai au­ mentar ainda mais."Gastei

R$

400

em materiais mais

R$

1.900 com o

chamado kit acadêmico. Sei que na

5a fasesegastaemtornode

R$

4 mil.

Duranteafaculdadeinteiravão mais

de

R$lO

mil".

Segundo

o

aluno,

não

há,

por parte dos

professores,

uma

indicação

de local ondese

podem

ad­

quirir

osmateriais. "O que ouvi dos

professores

foi

'procurem

um

lugar

mais em

conta',

só isso". Um dos

pontosabordadosno

Projeto

Político

Pedagógico

do Curso de

Graduação

em

Odontologia

da UFSC,

lançado

em

2006,

é a

questão

dos materiais

e instrumentais. No documento é ressaltadaanecessidade de que cada

disciplina

solicite somente o neces­

sário,

bemcomo

verifique

a

possibi­

lidade de unificaro seu

padrão

com as demais

disciplinas,

favorecendo,

assim,

a

diminuição

do custo para a

aquisição

dos instrumentos. Para

a

disciplina

deMateriaisDentáriosI são

requisitados

mais de 60

produ­

tos.Outrocursocomcusto elevado é

ode Medicina. Seus livros estão en­ treosmais caros,

podendo

chegar

a

maisde milreais. Umlivro básico de

Anatomiacustaemtornode

R$

600.

Além do

jaleco branco,

conjunto

para

dissecação, estetoscópio,

entre outros.

Andressa Prates

andressa.pratesfreitas@gmail.com

Mesmocommuito

esforço, alguns

alunosnãotêm

condições

de

adqui­

rir materiais tãocarospara o curso

de

Odontologia.

Quem

enfrenta difi­ culdades

pode adquirir

um

conjunto

através deuma

solicitação

de auxílío

junto

à Pró-Reitoria deAssuntos Es­

tudantis

(PRAE).

Acoordenadora do

curso, Ana

Heeke,

comentaque,por

semestre, uma média de 10 alunos oriundos das

ações

afirmativas pro­

curam-na para receber o benefício.

"Nãoéumprograma,éapenasuma

tentativa de

suprir

as necessidades

dos alunoscombaixa rendaparase manternocurso". Parareceber

aju­

da daPRAE é

preciso

concorrer em uma

seleção

realizadanos

primeiros

dias de aula. Oaluno deve também

preencher

o cadastro sócioeconômi­ co ecomprovar renda.

Após

o cadastro

aprovado,

os

materiais são

disponibilizados

aos

alunos em

regime

de

comodato,

ou

seja,

apenas atéo final do curso.

É

necessário devolveressesinstrumen­ taispara que

sejam

repassados

a um novo aluno.

Segundo

Ana

Heeke,

a

grande

questão

desse sistema é a

falta de funcionários

especializados

parafazero

gerenciamento

dosem­

préstimos.

Issoocorretantodaparte da PRAE como da

própria

coorde­

nadoria do curso de

Odontologia.

"Osmaterias são

comprados

ou por

licitação,

ou por compra direta da

Universidade".Parao cursode

Arqui­

tetura e

Urbanismo,

resta ao aluno

pagardo

próprio bolso,

pois

nãohá

politicas

deauxílionestecurso."An­

tigamente

a PRAEdava uma

ajuda

de custo para realizar as

plotagens

do trabalho de conclusão do aluno.

Masnem issoacontecemais", relata

o

professor

Américo Ishida. A PRAE

foi

procurada

para dar mais infor­

mações

sobre essa

questão,

mas co­

municouque

qualquer

contatodeve

serfeitocom ascoordenadorias dos cursos em

questão.

Aulasdocursode Odontologla exigemouso deutensílios técnicos

Professor

do

curso

de

Arte

Cênicas

consegue desconto

em

produtos

pelos

alunos através deumdesconto de 5%.

Alguns produtos

o

professor

tememestoque,

porém

não sãosu­

ficientes para

suprir

a demanda da turma. "Na

primeira

vezqueminis­ treia

disciplina

oúnico

produto

que os estudantes

precisavam

adquirir

eram os

pincéis.

Hoje

com25 alunos

em sala cada um

precisa

comprar sua

base, pincel

e outros

produtos,

porissoessedescontoé

importante".

O

professor

LuizFernando

explica

que éuma

parceria

firmada apenas entreele e a

loja,

sem ointermédio

daUFSC."Euescreviumacartapara aCatherine Hillquemeaconselhou aprocuraraCotiro.Como

conheço

o

produto

émelhor queeu mesmo

faça

esse contato. A

coordenação

não se

envolvenessa

questão".

ZERO,

outubro de 2013

Ministrada

pelo professor

Luiz

Fernando

Perreira,

a

disciplina

de

Maquiagem

Teatral,

oferecida

pelo

Departamento

de Artes

Cênicas,

possibilita

aos estudantes a com­

pra de materiais com um pequeno

desconto em uma

loja especializa­

da. Hádoisanos o

professor

firmou

parceria

com a Cotiro

Cosméticos,

local que revende os

produtos

da marcaCatherine

Hill,

umasdasúni­

casempresas brasileiras a

produzir

maquiagem

artística

específica

para

teatro.Porserummaterial únicoos

preços sãodiferenciados. Um

estojo

comdezcorespara

maquiagem tipo

Clown,

ou

palhaço,

custa

R$ 185,15

nositedamarca.

A iniciativa

surgiu

como forma

de facilitara

aquisição

dosmateriais

Produção:Luiza LoboIEdição:FlavioCrispimIDesign:EmanueUe NuneseFlavioCrispim

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