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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ Comarca de Barbosa Ferraz Vara Única

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Autos no 0000564-82.2012.8.16.0051 Requerente Ministério Público do Estado do Paraná Requerido Município de Barbosa Ferraz Vistos etc. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ ajuizou a presente ação civil pública com pedido de antecipação dos efeitos da tutela pleiteada em face do MUNICÍPIO DE BARBOSA FERRAZ, com o escopo de garantir o pronto restabelecimento dos serviços da pré-escola municipal local no atendimento das crianças regularmente matriculadas com idade entre 03 (três) e 05 (cinco) anos, ao longo do período de gozo de férias escolares atualmente em curso, compreendido entre os dias 09 e 20 de julho do corrente, bem como em todos os demais meses do ano, à exceção dos finais de semana e feriados, e em período integral (matutino e vespertino), inclusive nos futuros períodos de férias escolares, com atendimento pelos próprios funcionários de seus quadros de forma escalonada e intermitente. Em síntese, aduz o Ministério Público Estadual ser esta Justiça da Infância e da Juventude absolutamente competente para analisar o pleito, nos termos dos artigos 148, inciso IV, e 209, ambos do Estatuto da Criança e do Adolescente, considerando ainda o que dispõem os artigos 205 e 208, IV, da Constituição Federal, 54, inciso IV, da lei nº 8.069/90, e 4º, inciso IV, 11, inciso V, e 29 a 31, todos da lei nº 9.394/96.

Neste diapasão, esclarece o Ministério Público que a recente recusa da autoridade municipal local em firmar Termo de Ajustamento de Conduta (doc. anexo mov. 1.2) que garanta a continuidade do atendimento das crianças em idade pré-escolar ao longo do período das férias escolares atenta contra o direito fundamental das crianças ao processo contínuo e necessariamente ininterrupto à educação, segundo orientação do próprio Ministério da Educação, consistindo aludido processo na primeira etapa da educação básica, com a finalidade de desenvolver plena e integralmente a criança em todos os aspectos inerentes à sua formação, a saber o psíquico, físico, intelectual e social, agindo de forma integrada e coordenada àquela atitude a ação da própria família e da sociedade.

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Aduz, ainda, que a obrigatoriedade da continuidade no atendimento às crianças em idade pré-escolar advém não só do respeito ao rol específico de direitos fundamentais garantidos a quaisquer crianças, conforme dispostos no ECA, mas da própria necessidade de mútua e concomitante observância e sistematização dos direitos sociais garantidos não só às crianças, conforme princípios balizadores lançados no artigo 208, incisos I e IV, da Constituição Federal, e artigos 53 e 54, inciso IV, do Estatuto da Criança e do Adolescente, mas aos seus próprios genitores e responsáveis, constando do rol dos direitos sociais de todos e quaisquer trabalhadores, nos termos dos artigos 6º e 7º, inciso XXV, da Constituição Federal, numa interpretação integrada, harmônica e unitária da Carta Magna.

Afirma que nesta perspectiva, e considerando a própria realidade da população local, a qual depende do atendimento às crianças também no período de recesso escolar como forma apta a possibilitar a conciliação com suas demais obrigações cotidianas (nos termos lhe noticiados pela mãe de uma das crianças matriculadas na pré-escola municipal), trata-se o serviço de atendimento educacional às crianças em idade pré-escolar de verdadeiro serviço público essencial, o qual necessariamente, e por corolário, está afeto aos princípios da continuidade e da eficiência, devendo se dar de forma ininterrupta e plena, conforme determinação emanada do próprio artigo 37, caput, da Constituição Federal.

Sob esse prisma, esclarece, por fim, que não necessariamente o atendimento ao longo do período de férias escolares deve se dar com a ministração efetiva de aulas haja vista a existência de cronograma pedagógico que abarca no seu planejamento o período de férias escolares , mas, sim, por meio de atividades recreativas e outras formas lúdicas de garantir o pleno e sadio desenvolvimento das crianças, observando-se estritamente, assim, o princípio da proteção integral e da prioridade absoluta no trato dos seus interesses, conforme preceituam os artigos 227 da Constituição Federal e 4º do ECA.

Assim, pleiteia o Ministério Público a antecipação dos efeitos da tutela pretendida, com o escopo de que se ordene ao Município de Barbosa Ferraz que restabeleça imediatamente os serviços da pré-escola municipal ao longo do período das férias escolares, podendo adotar, para tanto, ao exclusivo critério da coordenadoria pedagógica daquela instituição, atividades recreativas a serem dirigidas pelos próprios profissionais lá atuantes, de forma escalonada, as quais necessariamente deverão ocorrer no perímetro do espaço físico à pré-escola destinado, devendo tal obrigatoriedade alcançar os períodos futuros de férias e recessos escolares.

É, em suma, o essencial.

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Fundamento e decido.

Trata-se de ação civil pública manejada pelo Ministério Público do Estado do Paraná em face do Município de Barbosa Ferraz em que se requer, a título de antecipação dos efeitos da tutela pleiteada, o pronto restabelecimento do atendimento às crianças matriculadas na pré-escola municipal, com idade entre 03 (três) e 05 (cinco) anos, ao longo do período de férias escolares, através da disponibilização de atividades recreativas a serem dirigidas pelos próprios profissionais lá atuantes, de forma escalonada. Da análise das razões trazidas pelo Ministério Público em sua exordial, entendo que o pedido antecipatório comporta deferimento. A Constituição Federal, em seu artigo 227, aponta como dever da família, da sociedade e do Estado, com absoluta prioridade, assegurar às crianças e adolescentes o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, devendo garantir que sejam colocados a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Assim, verifica-se em tal artigo rol específico de direitos fundamentais direcionados às crianças e adolescentes, os quais devem ser acrescidos àqueles elencados ao longo da Constituição Federal e que dizem respeito a todas as pessoas humanas, nos exatos moldes do que determina o artigo 3º da lei nº 8.069/90. Visando dar maior normatividade ao comando constitucional insculpido no artigo 227, nosso legislador ordinário aprovou o Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual tem como maior mérito a ascensão de princípios ínsitos à tutela da infância, consagrando a doutrina da proteção integral da criança e da prioridade absoluta.

Por tais doutrinas, deve-se dar às crianças e adolescentes, com absoluta prioridade e acima de quaisquer interesses, total e irrestrito atendimento, devendo a condução de quaisquer políticas públicas balizar-se em tais compreensões, em especial atenção à condição peculiar de pessoas humanas em desenvolvimento.

E é amparado neste específico contexto que se infere a necessidade de pronto atendimento do pleito ministerial, em caráter liminar.

De fato, é de conhecimento público e notório que para grande parcela da população local, a matrícula e mantença dos filhos em idade pré-escolar

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na pré-escola municipal para além de satisfazer e realizar dever inerente ao próprio poder familiar (CC, art. 1634, inciso I) atende a inúmeros desideratos buscados pelos genitores de tais crianças, eis que lhes possibilita deixa-las em ambiente seguro e higiênico, sob orientação e supervisão pedagógica profissional, com alimentação, lazer e educação adequadas, ao longo do período em que se encontram trabalhando, ou desenvolvendo quaisquer de suas atividades cotidianas1.

Assim, a realidade local demonstra que para considerável parcela das famílias da comunidade que possuem filhos em idade pré-escolar, a mantença de seus filhos na instituição de ensino municipal atende, ao menos, à dupla função: a primeira, de garantir a educação básica de seus filhos, direito fundamental a estes garantido (CF, art. 227 e ECA, art. 53); a segunda, de possibilitar o desenvolvimento de atividades imprescindíveis à mantença do próprio núcleo familiar, permitindo aos genitores e responsáveis colocar seus pupilos em idade pré-escolar a salvo de quaisquer riscos, enquanto não se encontram sob suas respectivas supervisão e detenção diretas, garantindo-lhes, ainda, orientação, alimentação, lazer e cultura de forma adequada e condizente com a fase peculiar de desenvolvimento em que se encontram inseridas.

Neste aspecto, não há que se falar em quaisquer óbices a tal pretensão, eis que tal proceder encontra-se legitimamente amparado na própria Constituição Federal, concretizando direitos sociais de segunda geração garantidos a quaisquer trabalhadores urbanos e rurais, nos termos do artigo 7º, inciso XXV, da Lei Maior, na redação que lhe foi dada pela Emenda Constitucional nº 53/2006.

Ora, de maneira totalmente coerente, e em consonância com o acima exposto, o Constituinte derivado veio assegurar aos trabalhadores rurais e urbanos o direito a verem seus filhos gratuitamente assistidos ao longo do período de vida destes compreendido entre o nascimento e os 05 (cinco) anos de idade, justamente em creches e pré-escolas.

Logo, o dever do Estado de garantir a educação infantil a todas as crianças com idade até os 05 (cinco) anos de idade decorre de previsão explícita constitucional (CF, art. 208, inciso IV), visando concretizar garantias fundamentais dadas a quaisquer cidadãos brasileiros no bojo dos direitos sociais listados na Constituição Federal.

E nesse específico contexto que se extraí, ao menos nesse juízo de cognição sumária, a necessidade de interpretação harmônica e conjunta

1

Não por outro motivo, aliás, que a própria Lei Federal nº 9.394/96 (Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional) dispõe, em seu artigo 23, §2º, que o calendário escolar deverá adequar-se às

peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei .

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dos dispositivos constitucionais apontados, em um exercício hermenêutico que permita alcançar a teleologia destas previsões constitucionais, considerando-se, ainda, os princípios inerentes à condição peculiar das crianças envolvidas enquanto pessoas humanas em desenvolvimento.

Se por um lado, a Constituição visa assegurar a todos os trabalhadores rurais e urbanos o direito de verem seus filhos menores, com idade até 05 (cinco) anos de idade, matriculados em creches e pré-escolas, por outro lado esta também impõe, em regime de absoluta prioridade, conjuntamente ao Estado, à família e à sociedade, garantir a todas as crianças o direito à educação, à cultura, ao lazer, e à alimentação. E para a concretização de tais garantias, analisadas de forma conjunta com as demais previsões constitucionais mencionadas, é que se faz imperativo o atendimento das crianças matriculadas na pré-escola municipal entre os 03 (três) e os 05 (cinco) anos de idade também no período de recesso escolar.

É de pleno conhecimento que qualquer criança em tal faixa etária pode ser considerada como uma máquina de absorção de informações no que se refere ao seu processo de aprendizado, coletando diuturnamente informações e experiências imprescindíveis à formação do seu intelecto e caráter e, neste diapasão, a escola (ou o período preparatório ao seu ingresso, a chamada pré-escola), obviamente complementa a ação da família e da sociedade, e tem um papel muito forte na formação integral desta pessoa em condição peculiar, no desenvolvimento de sua capacidade de aprender e na elevação do seu nível de inteligência.

Sob este enfoque, quaisquer ingerências negativas advindas das políticas públicas locais no que concernem ao cronograma letivo escolar ou mais especificadamente, quaisquer interrupções no atendimento contínuo em função do início das férias escolares podem ser entendidas como ações do Estado tendentes, em última análise, a colocar em risco a própria viabilidade e correição na realização dos direitos fundamentais reconhecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, art. 98, inciso I), mais especificadamente em seus artigos 53 e 54, inciso IV.

Assim, apura-se, tal qual apontado pelo Ministério Público, e ao menos neste juízo de cognição sumária, que o serviço pré-escolar tem natureza de serviço público essencial, notadamente pela função de desenvolver continuamente as crianças nele inseridas, para além do cunho notadamente assistencialista que advém da faculdade dada aos pais e responsáveis pelas crianças nele matriculadas de o usufruírem indiretamente, enquanto na lida diária.

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De se constatar, ainda, que se não há norma expressa que imponha o atendimento contínuo pré-escolar ao longo do período de férias, não há também qualquer norma constitucional ou legal que o desautorize ou o desaconselhe, o que, à luz dos princípios que iluminam a questão, em especial os princípios da prioridade absoluta e da observância da condição peculiar de pessoa humana em desenvolvimento, bem como da legalidade e da essencialidade do serviço público, demonstram a correção, ao menos neste juízo de cognição sumária, do pleito ministerial, com a consequente mantença do atendimento pré-escolar também ao longo do período de recesso escolar.

Neste aspecto, aliás, cabível apontar contradição na própria conduta do ente público requerido, na medida em que ao mesmo tempo que encerra o atendimento pré-escolar para as crianças entre os 03 (três) e os 05 (cinco) anos no período de recesso escolar, continua a disponibilizá-lo na esfera das crianças matriculadas até os 03 (três) anos de idade (cf. Ofício nº 168/2012 mov. 1.2), mesmo no período do recesso letivo, com a mantença da creche municipal em funcionamento e em pleno atendimento.

Por fim, não há que se falar, com a presente decisão, em qualquer invasão na competência privativa do Poder Executivo pelo Judiciário, tampouco no desrespeito à autonomia dos poderes, eis tratar-se a questão de mero implemento e execução de política pública determinada por expressa previsão constitucional, não havendo margem para discricionariedade administrativa na sua consecução.

Com efeito, verificam-se presentes, portanto, os requisitos autorizadores do deferimento da medida, a saber a existência de prova inequívoca e a verossimilhança das alegações, bem como o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

Os fatos estão amplamente comprovados pelos documentos acostados à inicial (cf. mov. 1.2), em especial pelo Ofício nº 168/2012, pela ata de inspeção da creche municipal, pela relação de alunos matriculados no ensino pré-escolar, bem como pelo Ofício nº 169/2012.

Por seu turno, da narrativa fática, aliada à documentação acostada, decorre a verossimilhança das alegações apresentadas na inicial. E de fato, percebe-se, da narrativa, o requisito que justifica a concessão da tutela antecipada, qual seja a falta de continuidade na prestação de serviço público à população local que, por suas próprias peculiaridades econômicas e sociais, ganha contornos de verdadeiro serviço público essencial, sendo esta situação manifestamente contrária ao interesse público primário, e que se agrava diuturnamente.

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Como bem esclarece a doutrina:

considerar: o valor do bem jurídico ameaçado de lesão; a dificuldade de se provar a alegação; a credibilidade, de acordo com

. (MARINONI; Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel in CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL COMENTADO ARTIGO POR ARTIGO, Ed. RT, 2008, p. 271)

Finalmente, induvidoso que o não deferimento imediato da medida perpetuará situação contrária aos interesses apontados e defendidos por esta decisão in limine, na medida em que chancelará o não atendimento imediato das 77 (setenta e sete) crianças em idade pré-escolar atualmente matriculadas na pré-escola municipal, colocando, assim, garantias fundamentais destas e de seus pais e responsáveis temporariamente à deriva do atendimento público essencial do qual necessitam e ao qual supostamente fazem jus, o que enquadra perfeitamente a presente situação na hipótese do artigo 273, I, e 461, §3º, ambos do Código de Processo Civil, autorizando o deferimento da medida antecipatória.

Por oportuno, não obstante o que dispõe o artigo 2º da lei nº 8.437/92, é entendimento assente da jurisprudência que os rigores da lei devem ser mitigados sempre que a sua observância estrita possa trazer prejuízos concretos àqueles beneficiados por decisões antecipatórias de tutela e liminares, pautadas, justamente, no caráter de urgência da medida. Neste sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE SEGURANÇA - MENOR COM SEIS ANOS DE IDADE INCOMPLETOS - MATRÍCULA NA 1ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL - LIMINAR DEFERIDA - RECURSO - IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DE LIMINAR CONTRA A FAZENDA PÚBLICA - INOCORRÊNCIA - FALTA DOS REQUISITOS PARA SEU DEFERIMENTO NÃO VERIFICADA - DEMONSTRAÇÃO SUFICIENTE À CONCESSÃO DA MEDIDA - LIVRE ARBÍTRIO DO JUIZ DE PRIMEIRO GRAU - DECISÃO MANTIDA. Cabível a concessão de liminar contra a Fazenda Pública quando, no caso em espécie, levando-se em consideração o melhor interesse da menor e a urgência da medida, justifiquem o deferimento. No Mandado de Segurança, a concessão da medida liminar se encontra vinculada ao livre exercício de convencimento do Juiz, inserindo-se no poder de cautela do Magistrado e, a substituição de tal ato pela instância superior, somente é possível se demonstrada a sua ilegalidade ou abuso de poder, e isso, de forma irrefutável, o que não ocorre na espécie. RECURSO DESPROVIDO.

(TJPR - 6ª C.Cível - AI 423749-8 - Foro Regional de São José dos Pinhais da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Idevan Lopes - Unânime - J. 20.11.2007)

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - OBRIGAÇÃO DE FAZER - FORNECIMENTO DE VAGAS EM CRECHE A MENORES DE 0 - 3 ANOS. TUTELA ANTECIPADA EM FACE DA FAZENDA

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PÚBLICA. POSSIBILIDADE. REQUISITOS DO ARTIGO 273 DO CPC PRESENTES. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES E DANO IRREPARÁVEL OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO - DIREITO GARANTIDO CONSTITUCIONALMENTE E NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - INOCORRÊNCIA DE VIOLAÇÃO A SEPARAÇÃO DOS

PODERES - IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICA PÚBLICA

DETERMINADA CONSTITUCIONALMENTE - PRECEDENTES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DESTE TRIBUNAL. ADEQUAÇÃO DO PRAZO PARA FIXADO NA DECISÃO AGRAVADA PARA CUMPRIMENTO DA MEDIDA. AGRAVO PARCIALMENTE PROVIDO.

(TJPR - 5ª C.Cível - AI 683250-8 - Medianeira - Rel.: Sandra Bauermann - Unânime - J. 20.09.2011)

Contudo, justamente em função da existência de tal previsão legal que se mostra inadequada, nesta incipiente fase processual, a apreciação dos pleitos antecipatórios constantes dos itens b e c da exordial, devendo estes serem apreciados, se o caso, apenas após a manifestação da parte requerida, restringindo-se o alcance da presente decisão apenas ao pleito constante do seu item a .

Assim, estando presentes todos os pressupostos legais necessários, ANTECIPO PARCIALMENTE OS EFEITOS DA TUTELA PRETENDIDA (artigo 273, caput e inciso I, c/c artigo 461, caput e §3º, todos do CPC), apenas com o escopo de ordenar ao Município de Barbosa Ferraz que restabeleça imediatamente os serviços da pré-escola municipal, ao longo do período das férias atualmente em curso (09 a 20 de julho do corrente), salvo nos finais de semana e eventuais feriados, em período integral, adotando, ao exclusivo critério do seu núcleo pedagógico, atividades recreativas e lúdicas a serem implementadas e dirigidas pelo seu corpo docente, as quais deverão ocorrer no ambiente do seu próprio espaço físico e sob as mesmas condições habituais de atendimento, especialmente no que concerne ao fornecimento de transporte e alimentação, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas contadas da intimação da presente decisão, sob pena de pagamento de multa no valor de R$ 50,00 (cinquenta Reais) por criança regularmente matriculada a qual não seja facultado o atendimento, a ser revertida diretamente ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente, por dia de atraso no cumprimento desta decisão (artigo 273, §3º, c/c artigo 461, §4º, ambos do CPC).

Para efetividade da presente decisão, deverá o Município requerido dar-lhe ampla publicidade por quaisquer meios idôneos, seja através da rádio local, contato telefônico direto aos pais e responsáveis pelos menores matriculados na pré-escola, ofício, ou qualquer outra maneira apta a plenamente cumprir o seu desiderato, devendo, no mesmo prazo franqueado para implemento da tutela antecipatória aqui deferida, comprovar nestes autos as providências adotadas para sua divulgação, sob pena deste juízo compreender como não

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plenamente atendida a presente decisão, ensejando a aplicação da multa anteriormente determinada.

Intimem-se com urgência as partes para ciência do inteiro teor da presente decisão.

Cite-se o Município de Barbosa Ferraz, na forma do artigo 12, inciso I, do Código de Processo Civil para, querendo, no prazo de 60 (sessenta) dias, apresentar resposta, sob pena de, não o fazendo, serem considerados verdadeiros os fatos postos pelo Ministério Público (artigos 188 e 285 do Código de Processo Civil). Em havendo matéria prefacial, desde já determino que se manifeste a Requerente em réplica. Diligências necessárias. Comunicações e diligências necessárias com urgência. Barbosa Ferraz, 12 de julho de 2012. Daniel Alves Belingieri Juiz de Direito

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