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Envelhecimento populacional, desigualdades sociodemográficas e saúde Departamentos Regionais de Saúde do Estado de São Paulo 1

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1 Envelhecimento populacional, desigualdades sociodemográficas e saúde

Departamentos Regionais de Saúde do Estado de São Paulo1

Reginaldo Pereira de Oliveira2

Resumo

Entre as emergentes questões sobre o processo de envelhecimento populacional, os impactos no perfil epidemiológico e, consequentemente, nas demandas para os serviços voltados para saúde, são os primeiros a serem destacados, em especial na literatura que discute a transição epidemiológica. O contexto socioeconômico, também ganha importância, pois seus efeitos têm sido reiteradamente evidenciados em inúmeros estudos e abordagens explicativas sobre os processos de saúde, cuidado, adoecimento e morte, também imbricados na transição epidemiológica. Nesse sentido, o presente estudo analisa os diferenciais sociodemográficos e as condições de saúde da população idosa nas diferentes Regiões de Saúde do Estado de São Paulo em 2010 - ano censitário. O foco se dá através das duas principais doenças crônicas não transmissíveis entre os idosos, a hipertensão arterial sistêmica e o diabete mellitus, ambas ligadas à transição nutricional. Os resultados revelam um Estado desigual, com heterogeneidades não só nos aspectos socioeconômicos e saúde, mas também diferenças significativas referentes aos estágios do processo de transição demográfica e envelhecimento populacional. Os dados utilizados são provenientes do Banco de dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Palavras-chaves: Idosos; Regionalização da Saúde; Diferenciais Sociodemográficos.

1 Trabalho apresentado no VII Congreso de la Asociación LatinoAmericana de Población e XX Encontro

Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Foz do Iguaçu/PR – Brasil, de 17 a 22 de outubro de 2016

2 Doutorando em Demografia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

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2 INTRODUÇÃO

Como já amplamente discutido na literatura demográfica, o processo de envelhecimento populacional na América Latina e no Brasil, em especial, vem ocorrendo de maneira rápida se comparado ao que ocorreu nos países desenvolvidos. Tal fenômeno, tem origem na dinâmica das variáveis demográficas (tendências da mortalidade e fecundidade), que por sua vez, se ligam a um processo bem mais amplo denominado transição demográfica.

De forma bastante geral, a transição demográfica é definida como a passagem de um padrão demográfico caracterizado por altos níveis de mortalidade e natalidade e crescimento populacional constante, para outro com baixos níveis de fecundidade, natalidade e de mortalidade, que impactam negativamente no crescimento populacional. A velocidade com que tais mudanças podem ocorrer para cada um dos elementos, fecundidade e mortalidade, resulta também na velocidade das mudanças na estrutura etária da população.

Assim, num primeiro momento, com a queda da natalidade, há aumento da proporção de população adulta e idosa, denominado por envelhecimento pela base da pirâmide. Posteriormente, com a manutenção da queda da mortalidade em todos os grupos etários, incluindo aqueles com idade mais avançada, o envelhecimento populacional se dá pelo topo da pirâmide, com o aumento absoluto da população idosa cada vez mais longeva. (PATARRA, 1973; PATARRA E FERREIRA, 1986; WONG E CARVALHO, 2006). O resultado desse processo é o baixo crescimento populacional e a alteração da estrutura etária com o aumento na proporção e contingente de idosos.

Frente a essa nova realidade demográfica que se instala, surgem questões importantes no debate sobre envelhecimento populacional, tais como saúde, transferência de renda e arranjos domésticos, por exemplo. Questões essas cada vez mais presentes nas discussões e pesquisas divulgadas no meio acadêmico, assim como na mídia em geral.

Os impactos no perfil epidemiológico e, consequentemente, nas demandas para os serviços voltados para saúde, são os primeiros a serem destacados, em especial na literatura que discute a transição epidemiológica (OMRAN, 1971 e 1983; FRENK, LOZANO E BOBADILA, 1994; VALLIN e MESLÉ, 2004). Importante também é caracterizar o contexto socioeconômico, pois a determinação dos aspectos sociais, econômicos e demográficos na saúde dos indivíduos e, consequentemente, da população, tem sido reiteradamente evidenciado em inúmeros estudos e abordagens explicativas

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3 sobre os processos saúde, adoecimento, cuidado e morte, imbrincados na transição epidemiológica, na mortalidade, e na saúde. (BARATA, 2005; LIMA-COSTA et al. 2002; AIDAR et al, 2014)

Dando ênfase aos aspectos socioeconômicos, Dedeca (2014), mostra que na última década o Brasil apresentou um período de crescimento econômico com distribuição de renda e redução da pobreza (AIDAR et al., 2014). No entanto, há de destacar que desigualdades residuais ainda persistem, principalmente entre as diferentes regiões do Brasil.

Além disso, estudos recentes nas regiões metropolitanas do Brasil, também tem demonstrado a permanência da elevada proporção de pobres nessas regiões e também confirmam a desigualdade de renda que, embora em queda é em média superior a nacional. (MONTALI et al, 2014)

Há de se destacar que, não somente as desigualdades sociais são diferentes entre as regiões brasileiras e suas metrópoles, mas também há diferenças significativas referentes aos estágios do processo de transição demográfica e envelhecimento populacional. (CHAIMOWICZ, 1997; IBGE, 2010; FORMIGA, 2012)

Sob o ponto de vista da saúde alguns estudos indicam que o desenvolvimento de doenças, incapacidades, dependência e morte ocorrem com maior frequência entre os mais pobres, mostrando uma associação direta entre o nível socioeconômico dos idosos e a suas condições de saúde.

Por exemplo, uma pesquisa conduzida em uma amostra representativa da população idosa brasileira, utilizando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD/98 (IBGE,1998) mostrou que 20% de idosos mais pobres (renda domiciliar per capita < 0,67 salário mínimo) apresentavam piores condições de saúde, pior função física e menor uso dos serviços de saúde. (LIMA-COSTA et al, 2002)

No entanto, outros estudos têm demostrado uma redução dos diferenciais socioeconômicos na saúde com o avanço da idade, ou seja, em idades mais avançadas o nível socioeconômico não tem impacto na determinação da saúde, mas, isso só ocorreria em idades mais avançadas, acima dos 80, 90 e 100 anos. (BELON et al, 2008; TURRA, 2012; SIMOMURA, 2013).

A questão da longevidade em idades avançadas ainda é um assunto pouco explorado na literatura. De acordo com Turra (2012), o padrão de mortalidade brasileiro é claramente declinante com a idade, indicando que, em relação aos países desenvolvidos, a mortalidade no Brasil é proporcionalmente maior nas idades abaixo de 75 anos,

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4 tornando se menor nas idades mais avançadas. Segundo o mesmo, este perfil declinante do padrão de mortalidade traduz-se em uma expectativa de vida aos 80 anos de idade que é comparável, e muitas vezes superior a de países desenvolvidos.

Com base nesses aspectos destacados pela literatura, o presente trabalho procura desenvolver um estudo descritivo como o objetivo de verificar quem são os sobreviventes acima dos 80 anos de idade em diferentes contextos socioeconômicos, e se de fato os diferenciais socioeconômicos têm impacto na determinação da saúde em idades mais avançadas. A análise do perfil epidemiológico da população idosa se dá através de duas doenças crônicas não transmissíveis, a hipertensão arterial sistêmica e o diabete mellitus.

MATERIAIS E MÉTODOS

Os dados necessários para a pesquisa foram obtidos através do TABNET/SUS3, que é um tabulador de domínio público por meio do qual é possível encontrar as informações agrupadas de acordo com as Regionais de Saúde do Estado de São Paulo (Informações segundo DRS de residência).

Os dados socioeconômicos foram; Proporção de pessoas com baixa renda, Renda média domiciliar, e analfabetismo por grupos etários de idosos. Os dados de saúde referem-se à mortalidade relacionadas a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM).

Justifica-se a análise pelos Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do Estado de São Paulo em razão da boa qualidade dos dados (PAES N.A, 1999).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

REGIONAIS DE SAÚDE E ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

Os Departamentos Regionais de Saúde (DRS) são divisões geográficas do Estado de São Paulo ligadas à Secretaria Estadual de Saúde. O objetivo dessa regionalização foi dividir os 645 municípios do estado em 17 departamentos, cada qual responsável em

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5 difundir os projetos e programas da Secretaria Estadual de Saúde em escala regional, articulando os municípios que os compõe e organismos da sociedade civil.

Sobre o ponto de vista comparativo, não há homogeneização entre as regionais, elas se diferem tanto no total de municípios que as compõe, como em tamanho populacional. Como podemos ver na tabela 1, os DRS com menor número de municípios são Baixada Santista com 9, Registro com 15 e Barretos com 18, no outro extremo temos São José do Rio Preto com 102 municípios, Bauru com 68 e Marília com 62.

As regionais mais populosas são a Grande São Paulo, Campinas e Taubaté, e com menor população são: Registro, Barretos e Franca.

Tabela 1. Número de municípios e população por Departamentos Regionais de Saúde. Estado de São Paulo, 2010.

DRS municípios Total de População residente

DRS I - Grande São Paulo 39 19.683.975

DRS II - Araçatuba 40 719.323 DRS III - Araraquara 24 920.257 DRS IV - Baixada Santista 9 1.664.136 DRS V – Barretos 18 409.267 DRS VI – Bauru 68 1.624.623 DRS VII - Campinas 42 4.031.910 DRS VIII - Franca 22 649.807 DRS IX – Marília 62 1.068.408 DRS X - Piracicaba 26 1.412.584 DRS XI - Presidente Prudente 45 722.192 DRS XII - Registro 15 273.566

DRS XIII - Ribeirão Preto 26 1.327.989

DRS XIV - São João da Boa Vista 20 773.781 DRS XV - São José do Rio Preto 102 1.472.771

DRS XVI - Sorocaba 48 2.243.016

DRS XVII - Taubaté 39 2.264.594

Estado de São Paulo 645 41.262.199

Fonte: SUS/DATASUS/MS. Base demográfica do IBGE. 2015.

Resta saber qual o impacto dessas heterogeneidades na organização e distribuição dos equipamentos e serviços de saúde, bem como nos atendimentos direcionados à população, sobretudo a de idosos que vem crescendo consideravelmente no Estado de São Paulo.

É importante observar que a regionalização proposta pela Secretaria Estadual de Saúde não foge da dinâmica imposta pelo capital e seus efeitos no território, ao contrário, as diferenças são evidentes (Mapa 2).

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6 Mapa 1 - Departamentos Regionais de Saúde do Estado de São Paulo

Mapa 2 – Proporção de pessoas com baixa renda (<SM)4 por DRS – SP 2010

4 O salário mínimo do último ano para o qual a série está sendo calculada torna-se a referência para toda

a série. Esse valor é corrigido para todos com base no INPC de julho de 2010, alterando o valor da linha de pobreza e consequentemente a proporção de pobres. Nesta tabela, o valor de referência, salário mínimo de 2010, é de R$ 510,00

Grande São Paulo Araçatuba Araraquara Baixada Santista Barretos Bauru Campinas Franca Marília Piracicaba Presidente Prudente Registro Ribeirão Preto

S.João da Boa Vista S.José do Rio Preto

Sorocaba Taubaté 2010 até 18,63 18,63 --| 23,99 23,99 --| 29,36 29,36 --| 34,72 34,72 --| 40,08

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7 Através do indicadores proporção de pessoas com baixa renda (Mapa 2) e renda média domiciliar per capita5 (Tabela 2), podemos notar as desigualdades econômicas, enquanto os DRS de São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto apresentam os valores mais altos de renda, R$ 1.014,66 R$ 1.073,43 e R$ 1.014,66 respectivamente, os DRS de Registro (R$ 524,20), Marília (R$ 791,14) e Presidente Prudente (R$ 795,17) apresentam os menores valores, assinalando de forma geral que quando comparado aos demais DRS, são nesses últimos que encontramos uma maior quantidade de seguimentos sociais com precárias condições de vida.

A taxa de analfabetismo também é um indicador importante que ajuda na análise das condições de vida e saúde de uma população. Para os DRS paulista, podemos observar através da tabela 3 que há grande diferença nesse indicador entre a população com mais de 80 anos. Nos DRS de Registro, Presidente Prudente e Araçatuba as taxas são; 40,30%

5 É a média das rendas domiciliares per capita das pessoas residentes em determinado espaço geográfico,

no ano considerado. Considerou-se como renda domiciliar per capita a soma dos rendimentos mensais dos moradores do domicílio dividida pelo número de seus moradores. (RIPSA, 2015)

Tabela 2.

Renda média domiciliar per capita – DRS - 2010

DRS Total

Grande São Paulo 1.175,04

Campinas 1.073,43 Ribeirão Preto 1.014,66 Baixada Santista 967,78 Piracicaba 938,45 Taubaté 910,4 Araraquara 888,88

São José do Rio Preto 887,75

Bauru 857,35

São João da Boa Vista 819,5

Araçatuba 817,69 Franca 816,14 Barretos 803,92 Sorocaba 798,47 Presidente Prudente 795,17 Marília 791,14 Registro 524,2

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8 38,10% e 36,80% respectivamente, em contrapartida as menores taxas se encontram nas Regionais da Baixada Santista com 13,40%, seguida pela Grande São Paulo 17,60% e Ribeirão Preto 21,90%.

Destaca-se que os DRS com os menores valores de renda domiciliar per capita (Tabela 2) também são os que concentram as maiores taxas de analfabetismo entre idosos, apesar de que nem sempre uma menor escolaridade esteja relacionada a vulnerabilidade socioeconômica.

Tabela 3

Taxas de analfabetismo por grupos etários de idosos. DRS do Estado de São Paulo 2010.

Grupos de idade

DRS 60 - 69 70 - 79 80 +

Grande São Paulo 8,8 12,6 17,6

Araçatuba 14,9 24,5 36,8 Araraquara 11,3 18 28,2 Baixada Santista 8,5 9,9 13,4 Barretos 12,6 20,9 31,8 Bauru 12,1 19,5 28 Campinas 10,1 16,7 24,5 Franca 11,4 19,9 28,3 Marília 14,2 23,6 34,6 Piracicaba 9,6 13,9 22,1 Presidente Prudente 16,8 28,5 38,1 Registro 22,8 31,6 40,3 Ribeirão Preto 10,4 16,6 21,9

São João da Boa Vista 11,7 20,9 25,8 São José do Rio Preto 12,9 23 34,8

Sorocaba 13 19,5 28,1

Taubaté 9,2 17,4 23,3

Fonte: SUS/DATASUS/MS. Base demográfica do IBGE. 2015

Renda e a educação são sem dúvida os elementos chave para caracterizar o perfil socioeconômico de uma população. Alguns estudos apontam que há estreita relação entre esperança de vida e as características socioeconômicas de um espaço, apresentando certa correspondência entre regiões com condições de vida desfavoráveis e a baixa expectativa de vida. (BELON, 2008)

Pérez (2008) demonstrou que existe um diferencial de mortalidade significativo por grau de escolaridade, de acordo sua perspectiva as mulheres de 20 a 29 anos sem escolaridade apresentam uma mortalidade 7 vezes superior à de mulheres com 9 anos de estudo.

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9 Tanto Belon (2008) como Pérez (2008) constataram que as disparidades na mortalidade de acordo com o nível socioeconômico são maiores nas idades mais jovens do que nas idades mais avançadas, mostrando que existem efeitos de seleção e/ou proteção entre os idosos no Brasil.

Para os elementos da dinâmica demográfica, encontramos regionais bem adiantadas no processo de transição demográfica, ao passo que outras se encontram em atraso quando comparada com as demais (Tabela 4).

Tabela 4

Departamentos Taxa de Índice de

Regionais de Saúde do Fecundidade Esperança Índice de Índice de Envelhecimento Estado de São Paulo Total (TFT) de vida Envelhecimento Envelhecimento Variação %

DRS 2010 2010 2000 2010 2000/2010

Grande São Paulo 1,76 75,73 30,62 48,58 59%

Araçatuba 1,54 75,81 44,99 71,74 59% Araraquara 1,51 76,01 40,92 63,56 55% Baixada Santista 1,77 73,92 39,39 59,44 51% Barretos 1,46 75,39 41,05 66,19 61% Bauru 1,61 75,33 41,26 61,34 49% Campinas 1,6 76,62 34,77 55,35 59% Franca 1,66 75,55 32,95 52,92 61% Marília 1,59 75,84 44,92 70,96 58% Piracicaba 1,52 75,91 37,49 58,4 56% Presidente Prudente 1,57 75,88 42,16 68,47 62% Registro 1,87 74,89 27,68 47,31 71% Ribeirão Preto 1,55 76,56 37,41 57,93 55%

São João da Boa Vista 1,53 75,17 40,79 66,29 63%

São José do Rio Preto 1,45 76,3 50,61 79,55 57%

Sorocaba 1,68 74,82 30,02 48,5 62%

Taubaté 1,69 75,55 28,65 49,02 71%

Fonte: SUS/DATASUS/MS. Base demográfica do IBGE. 2015.

Entre os elementos da tabela 4, destaca-se o índice de envelhecimento demográfico6 que é um indicador que mostra a razão entre os componentes etários extremos de uma população, representados por idosos e jovens. Valores elevados desse índice indicam estágios avançados da transição demográfica. Esse indicador é de extrema

6 Número de pessoas de 60 e mais anos de idade, para cada 100 pessoas menores de 15 anos de idade,

na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. É comum que, para o cálculo deste indicador, sejam consideradas idosas as pessoas de 65 e mais anos. No entanto, para manter a coerência com os demais indicadores e para atender à política nacional do idoso (Lei nº. 8.842, de 4 de janeiro de 1994), utiliza-se aqui o parâmetro de 60 e mais anos. (RIPSA, 2015)

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10 importância para auxiliar a elaboração de políticas públicas voltadas à saúde do idoso, previdência e assistência social.

Os dados da tabela apontam que a participação de idosos em relação a jovens vêm crescendo em todas as regionais. A regional de São José do Rio Preto é a mais envelhecida (Gráfico 1), seguida de Araçatuba e Marília. Nesses DRS o processo de transição demográfica se encontra em fase mais avançada, resultado da redução dos níveis de fecundidade e aumento da longevidade (Tabela 4).

Gráfico 1 Pirâmide etária

DRS São José do Rio Preto

Fonte: MS/SGEP/Datasus, dados provenientes do Censo demográfico do IBGE 2000 e 2010.

Os menores valores do índice de envelhecimento na Regional de Registro, tanto para o ano de 2000 como para o ano de 2010, sugerem um processo diferenciado quanto à transição demográfica em relação às demais regionais, com início posterior e/ou ritmo mais lento da queda da fecundidade e do aumento da longevidade (Tabela 4 e gráfico 2). Gráfico 2

Pirâmide etária DRS Registro

Fonte: MS/SGEP/Datasus, dados provenientes do Censo demográfico do IBGE 2010.

Ainda de acordo com a tabela 4, percebe-se que os DRS de Sorocaba, Grande São Paulo e Taubaté, são as regiões que apresentam índice de envelhecimento inferior a 50%,

80.000 60.000 40.000 20.000 0 20.000 40.000 60.000 80.000 0 a 4 10 a 14 20 a 24 30 a 34 40 a 44 50 a 54 60 a 64 70 a 74 80 +

DRS - São José do Rio Preto 2000

Homens Mulheres 80.000 60.000 40.000 20.000 0 20.000 40.000 60.000 80.000 0 a 4 10 a 14 20 a 24 30 a 34 40 a 44 50 a 54 60 a 64 70 a 74 80 + DRS - S. J. do Rio Preto 2010 Homens Mulheres 20.000 15.000 10.000 5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000 0 a 4 10 a 14 20 a 24 30 a 34 40 a 44 50 a 54 60 a 64 70 a 74 80 + DRS - Registro 2000 Homens Mulheres 20.000 15.000 10.000 5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000 0 a 4 10 a 14 20 a 24 30 a 34 40 a 44 50 a 54 60 a 64 70 a 74 80 + DRS - Registro 2010 Homens Mulheres

(11)

11 (48,5; 48,58 e 49,2 respectivamente). Essa estrutura etária mais jovem sugere a influência das migrações, pois são regiões que atraem jovens e jovens adultos, muitas vezes acompanhados de seus filhos.

Essa suposição é reforçada com os dados da fundação SEADE (2011), cujas informações apontam que as regiões que compõe a macrometrópole paulista tiveram um papel de destaque na atração populacional no Estado de São Paulo entre os anos de 2000 e 2010. São os casos da região administrativa de Campinas, com saldo migratório líquido de 37,6 mil pessoas, Sorocaba (8,8 mil) e São José dos Campos (6,6 mil) e Baixada Santista (5,0 mil). Ressalta-se que a RA de Registro foi a com maior perda migratória do Estado, registrando um saldo migratório líquido negativo de 9,99 migrantes ao ano por mil habitantes (Fundação SEADE, 2011)

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA POPULAÇÃO IDOSA NOS DRS

Vários estudos têm mostrado o panorama da transição epidemiológica pela qual passa o Brasil. Segundo os resultados, a carga de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) tem se elevado rapidamente e sua prevenção representa um dos principais desafios para a saúde pública nas próximas décadas, (ALENCAR,2014; LEBRÃO, 2008; SCHRAMM, 2004).

Simultaneamente ao envelhecimento populacional, com a crescente importância relativa e absoluta da população com 60 anos ou mais, fatores ligados ao estilo de vida, tais como o sedentarismo e as dietas “não saudáveis”, além do uso abusivo de cigarros e álcool tem elevado os casos de DCNT, incluindo as doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e certos tipos de câncer, explicando assim, a importância desses agravos na carga global de doenças no Brasil.

Assim, à medida que a população envelhece, aumenta a incidência e a prevalência das DCNT. Estudos realizados pelo Sabe7 entre os anos de 2000 e 2006, mostraram que todas as DCNT tiveram aumento, com exceção das doenças respiratórias.

De acordo com Lebrão et al (2008), a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e o diabetes mellitus (DM) representam as duas principais DCNT entre os idosos, além de

7 Inquérito sobre Saúde, bem-estar e envelhecimento – SABE. Trata-se de um estudo longitudinal de

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12 serem fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Essas doenças quando não tratadas, levam a invalidez parcial ou total, com graves repercussões para o próprio individuo, família e sociedade.

Percebe-se então que a (HAS) e a (DM) estão diretamente ligadas às transições demográficas, nutricionais e epidemiológicas que vem ocorrendo no Brasil nas últimas décadas, elementos que reforçam a importância da análise desses agravos entre a população, sobretudo a de idosos.

MORTALIDADE LIGADA À HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) E DIABETES MELLITUS (DM).

Os gráficos a seguir apresentam as taxas de mortalidade relacionadas à hipertensão entre os idosos, os maiores valores na faixa etária acima dos 80 anos se encontram nas regionais de Registro e Sorocaba.

De maneira geral, observam-se grandes diferenciais na mortalidade por hipertensão, uma vez que as taxas mais baixas se encontram nas regionais mais avançadas no processo de transição demográfica e com melhores indicadores socioeconômicos. As maiores taxas são registradas nas regiões em que a transição demográfica vem ocorrendo de forma mais lenta, áreas também caracterizadas como as mais precárias socioeconomicamente. Em quase todos os DRS a mortalidade por hipertensão foi maior na faixa etária acima dos 80.

Ressalta-se também que, os DRS com melhores indicadores socioeconômicos conseguiram postergar para idades mais avançadas a mortalidade ligada a hipertensão.

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13

Fonte: Ministério da Saúde: Base de dados do SIM e base demográfica do IBGE, 2016

Fonte: Ministério da Saúde: Base de dados do SIM e base demográfica do IBGE, 2016 0 100 200 300 400 500 600

Gráfico 3 - Taxas específicas de mortalidade ligadas à HAS (por 100 mil) - grupo etário de idosos (Sexo masculino) . DRS - SP 2010

60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 anos e mais

0 100 200 300 400 500 600 700

Gráfico 4 - Taxas específicas de mortalidade à HAS

(por 100 mil) - grupo etário de idosos (Sexo feminino) . DRS - SP 2010

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14 Em relação ao Diabetes Mellitus, observa-se no período destacado que conforme a idade avança, as taxas de mortalidade ligadas a essa doença também aumentam, característica própria dessa enfermidade que acomete principalmente os indivíduos com mais idade.

Fonte: Ministério da Saúde: Base de dados do SIM e base demográfica do IBGE, 2016

Fonte: Ministério da Saúde: Base de dados do SIM e base demográfica do IBGE, 2016 0 100 200 300 400 500 600

Gráfico 5 -Taxas específicas de mortalidade ligadas ao DM (por 100 mil) - grupo etário de idosos (Sexo masculino). DRS - SP 2010

60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 anos e mais

0 100 200 300 400 500 600 700

Gráfico 6 -Taxas específicas de mortalidade ligadas ao DM (por 100 mil) - grupo etário de idosos (Sexo feminino). DRS SP - 2010

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15 O DRS que apresentam as maiores taxas de mortalidade ligadas ao DM na população acima de 80 anos são Registro, Presidente Prudente e Baixada Santista, os menores valores se encontram em Franca, Araçatuba e Ribeirão Preto.

CONSIDERAÇÃOES FINAIS

Destaca-se o predomínio de mulheres entre os sobreviventes com mais de 80 anos em todas os DRS (Gráfico 7 – Razão de sexo8), apesar disso, nota-se a maior sobrevida de homens nos DRS de Registro, Presidente Prudente e Araçatuba.

Gráfico 7

Fonte: Ministério da Saúde e base demográfica do IBGE, 2016

Os DRS de Registro e Presidente Prudente, que apresentam processo de Transição Demográfica mais lento, além de indicadores socioeconômicos desfavoráveis, concentram uma população diferenciada de idosos em idades mais avançadas, uma vez que, são nessas regiões que se observa a maior sobrevida de idosos do sexo masculino, ainda que as mulheres sejam a maioria. No caso de Presidente Prudente, além das taxas de mortalidade ligadas à HAS serem as menores entre os DRS, as mesmas diminuem entres os idosos do sexo masculino acima de 80 anos.

8Expressa a relação quantitativa entre os sexos. Se igual a 100, o número de homens e de mulheres se

equivalem; acima de 100, há predominância de homens e, abaixo, predominância de mulheres. Esse indicador é influenciado por taxas de migração e de mortalidade diferenciadas por sexo e idade. (RIPSA, 2015) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Razão de Sexo - Idosos 80 anos e mais

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16 Em contrapartida as regiões de Ribeirão Preto e Piracicaba, ambas com excelentes indicadores socioeconômicos e mais adiantadas no processo de transição demográfica, concentram a maior quantidade de idosos do sexo feminino dentre os DRS, indicando também uma população idosa distinta.

De maneira geral, o risco de morte por HAS e DM não diminui na população acima dos 80 anos, ao contrário, aumenta em quase todas os DRS. São nas regiões com maiores desigualdades sociodemográficas que se observam as maiores taxas de mortalidade para essas causas de morte, principalmente para HAS nas regionais de Registro, Marília e Sorocaba. Esses resultados sugerem que em idades avançada as desigualdades sociodemográficas apresentam impacto na mortalidade para essas causas sensíveis à atenção básica.

Os resultados também sugerem um fator de proteção/seleção a favor da população idosa masculina para os DRS de Registro, Presidente Prudente e Araçatuba.

Destaca-se que o processo de envelhecimento está em curso e se faz necessário medidas estabelecendo políticas que ajudem a melhorar a saúde e a qualidade de vida da pessoa idosa. As políticas voltadas a atenção básica devem ser priorizadas, bem como as estratégias para diminuir o impacto das iniquidades sociais na saúde entre os idosos.

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