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O PAPEL MEDIADOR DA GESTÃO ESCOLAR NA FORMAÇÃO CONTINUADA EM SERVIÇO DE DOCENTES DA EDUCAÇÃO INFANTIL

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O PAPEL MEDIADOR DA GESTÃO ESCOLAR NA FORMAÇÃO CONTINUADA EM SERVIÇO DE DOCENTES DA EDUCAÇÃO INFANTIL

BORGES, Ana Lúcia - UNINOVE STANGHERLIM, Roberta - UNINOVE

Resumo

A pesquisa em andamento tem como objeto o papel mediador do gestor de uma escola de Educação Infantil na formação continuada em serviço de professores. O objetivo é analisar o potencial de mediação da diretora da escola junto aos docentes, em espaço de formação em serviço, buscando identificar intervenções realizadas por ela, em parceria com o coordenador pedagógico, que permitiram reorientar as práticas pedagógicas e contribuir para o processo de elaboração do Projeto Político-Pedagógico (PPP). Parte-se da hipótese de que é fundamental a atuação do Diretor na dimensão pedagógica como uma liderança que mobiliza toda a comunidade escolar. De natureza qualitativa, a pesquisa realizada em uma escola pública de Educação Infantil em São Bernardo do Campo, que atende crianças de 2 a 5 anos, estabelece como procedimentos para levantamento dos dados a análise do PPP e de documentos produzidos pela equipe escolar - direção, coordenação pedagógica e docentes - durante o ano de 2013, em espaço de formação continuada em serviço. Para este artigo será analisada uma das intervenções da diretora e do coordenador pedagógico na formação da equipe docente, destacando-se a proposta de socializar os trabalhos desenvolvidos com as crianças utilizando uma exposição de Pôsteres. O objetivo da intervenção foi desafiar professores e crianças a expressarem suas descobertas por meio de uma linguagem científica-elaboração de pôsteres - e contribuir no processo formativo de reflexão da prática. Evidenciou-se nos Pôsteres variedade de temas e uso de diferentes linguagens, demonstrando uma concepção de criança ativa no processo de aprendizagem, como referenda as “Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil” e as pesquisas que valorizam propostas curriculares que respeitem o direito à infância. Constata-se que a atuação da diretora viabilizou o desenvolvimento dos projetos pedagógicos e, ainda, fomentou mudanças nas práticas pedagógicas da escola com aprendizagens para adultos e crianças.

Palavras-chave: Educação Infantil. Formação Continuada de Professores. Gestão

Escolar.

Introdução

A pesquisa em desenvolvimento tem como objeto o papel mediador do gestor de uma escola de Educação Infantil na intervenção junto à formação continuada em serviço e nas mudanças das práticas pedagógicas das professoras. Buscamos discutir o compromisso do diretor escolar com as questões pedagógicas, para além do papel administrativo e burocrático que muitas vezes afasta este profissional da ação educativa

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da escola. A pesquisa se dá em uma escola pública, municipal de Educação Infantil localizada em São Bernardo do Campo, São Paulo. Atende aproximadamente 370 crianças de 2 a 5 anos.

Partimos da hipótese de que o diretor escolar, ao assumir a dimensão pedagógica, pode contribuir para a reorientação das práticas. A interlocução com o Coordenador Pedagógico no desenvolvimento do plano de formação e a articulação com todos os segmentos da comunidade escolar são fazeres do diretor que fortalecem a equipe e a qualidade no desenvolvimento do Projeto Político Pedagógico da Escola. Segundo Heloísa Lück (2008) é preciso esforço na superação da dicotomia criada entre a gestão administrativa e a gestão pedagógica dentro das escolas, onde há uma primazia da primeira. A autora ainda indaga:

[...] em que medida os diretores escolares têm praticado a gestão, com forte componente de liderança mobilizadora da participação efetiva e conscientizadora dos membros da comunidade escolar, na formação e aprendizagem dos alunos, com qualidade. [...] (LÜCK, 2008, p. 102)

Este texto apresenta resultados parciais da pesquisa em andamento. Com base na análise documental dos registros feitos pela equipe gestora e docente, destaca-se uma das intervenções da diretora e do coordenador pedagógico da escola na formação dos professores, com a efetiva participação da diretora no fazer pedagógico.

Mediação da equipe gestora na formação continuada em serviço de professores: refletindo e reorientando concepções e práticas na educação infantil

Nos últimos anos, muitos pesquisadores têm se dedicado ao estudo das culturas infantis e apontado para a necessidade de se desenvolver um currículo na Educação Infantil que respeite os direitos da infância, como preconizam Barbosa e Horn (2008), Faria e Mello (2012), Mello (2012). O documento “Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil” (MEC, 2010) traz uma concepção de criança ativa além de outros princípios para nortear as práticas pedagógicas. Os profissionais que atuam nas escolas precisam acompanhar e se comprometer com esses debates e avanços teóricos para que possam olhar para suas práticas e avançarem no trabalho desenvolvido com as crianças. Nesse sentido, a diretora da escola analisada, que também é uma das autoras deste artigo e responsável pelo desenvolvimento da pesquisa de mestrado em andamento, buscou criar condições de diálogo com e entre os profissionais da escola a respeito da concepção de criança e infância que orientam os estudos e diretrizes oficiais na área da educação infantil. O espaço de formação em serviço passou a ser valorizado

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para promover a reflexão crítica sobre a prática, na dialeticidade entre teoria e prática e, por consequência, gerar mudanças (FREIRE, 1993).

Dentre as propostas de formação, a diretora propôs ao coordenador pedagógico que orientasse os estudos das professoras sobre os Projetos Pedagógicos (PP) realizados por elas com cada turma, analisando as concepções de criança que estavam presentes no planejamento e execução destes projetos. Segundo Barbosa e Horn (2008, p. 85):

Trabalhar com projetos é criar uma escola como uma instituição aberta, onde os sujeitos aprendem uns com os outros e onde as investigações sobre o emergente têm um papel fundamental. É preciso transformar a escola em uma comunidade de investigação e de aprendizagens. Um espaço onde há invenção e descoberta por toda a parte, estimulando o pensamento renovado em todas as áreas.

Após diversas estratégias formativas e o desenvolvimento de vários projetos pedagógicos com as crianças, os gestores sugeriram ao grupo de professoras para utilizarem o Pôster como recurso para socializá-los. A confecção de Pôster para apresentação dos trabalhos teve como objetivo desafiar crianças e professoras a fazerem síntese dos conhecimentos adquiridos, a possibilitar o uso de diversas linguagens como desenhos, fotos, textos coletivos, entre outras.

De acordo com a análise dos documentos que registram o desenvolvimento do percurso formativo, o estudo foi aprimorado com a escolha de um referencial teórico que também trazia a concepção de escola como o lugar de desenvolvimento de culturas infantis e do acesso à cultura mais elaborada (FARIA e MELLO, 2012). Professoras, crianças, gestores, funcionários e famílias formavam, segundo a concepção adotada, uma comunidade de aprendizagem numa escola reflexiva, “onde se produz conhecimento sobre educação” (ALARCÃO, 2011, p. 41).

Os gestores desta escola acompanhavam as práticas das professoras em trabalho colaborativoi a fim de desenvolverem os Projetos a partir dos interesses das crianças, com atividades planejadas e realizadas com elas e por elas, contextualizadas e carregadas de sentido. Era preciso ver a criança como protagonista de sua aprendizagem, capaz de investigar, construir hipóteses, descobrir e expressar o que aprendem (BARBOSA e HORN, 2008). Verificou-se que as professoras passaram a promover a apreciação das descobertas realizadas nos projetos desenvolvidos, de maneira significativa para as crianças, para as famílias e também como forma de socialização das práticas entre as professoras.

Nos pôsteres confeccionados pelas turmas dos 2 aos 5 anos, uma diversidade de temas pode ser identificado, tais como: insetos; cultura japonesa; histórias africanas; a

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feira livre; pizzaria; bichinhos de jardim; Lasar Segall; Monteiro Lobato; meteorologia; aves; horta; culinária; Luiz Gonzaga, entre outras. Para a realização desse trabalho foram proporcionadas ricas experiências nos campos da arte, música, dança, teatro, brincadeira simbólica, matemática, biologia, literatura, astronomia, enfim, os conhecimentos produzidos pela humanidade estiveram disponíveis em diferentes linguagens para as crianças lerem o mundo. Nesse processo, as crianças pesquisaram, registraram suas descobertas, visitaram exposições, fizeram entrevistas e uso de outros meios e recursos para a construção do conhecimento e, por fim, sistematizaram o resultado de suas experiências no Pôster.

A equipe da escola pesquisou por cerca de dois meses as características básicas do Pôster. As informações técnicas eram pesquisadas nos horários formativos e as informações divididas com as crianças. A formatação, a escolha das fotos, desenhos e a elaboração dos textos eram realizados pelas professoras com suas turmas e partilhados em cooperação com a equipe gestora. O Pôster foi exposto no salão principal da escola onde todas as crianças puderam apreciar e fazer as apresentações para suas famílias, funcionários e outros convidados.

A análise dos registros sobre a confecção dos Pôsteres permite verificar o envolvimento das professoras e os reflexos dos estudos e debates realizados na formação em serviço. Indica, entre outros fatores, que a diretora da escola, ao assumir o compromisso de acompanhar e auxiliar o trabalho docente, em parceria com o Coordenador Pedagógico, vem promovendo mudanças significativas nas práticas pedagógicas da escola. Ao se colocar como interlocutora da dimensão pedagógica nos trabalhos desenvolvidos por meio de Projetos Pedagógicos, que culminaram na confecção e exposição de Pôsteres, a diretora em parceria com o coordenador pedagógico criaram condições formativas junto às professoras favorecedoras de um saber-fazer para a construção de uma cultura escolar pautada na investigação e nas aprendizagens em que todos aprendem uns com os outros, reconhecendo o protagonismo da criança e valorizando as culturas infantis.

Considerações finais

O desenvolvimento dos Projetos com as crianças e a reflexão sobre esse fazer com a ajuda dos gestores, possibilitava ao grupo analisar outros conceitos trazidos no diálogo com as novas produções teóricas no campo da Educação Infantil. Baseada no enfoque histórico-cultural da psicologia trazida por Vygotsky, Mello (2012) aponta para a necessidade de se pensar em relação ao papel da escola para a infância, tendo em vista

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o que se tem feito para possibilitar às crianças o máximo desenvolvimento das qualidades humanas e o acesso à cultura. No trabalho desenvolvido por meio dos PPs, observa-se a busca da equipe gestora em diálogo com os docentes por compreender o papel mediador do professor ao promover uma experiência de inserção das crianças na cultura mais elaborada, conforme conceitua Mello (2012).

As professoras planejaram formas de promover a expressão das crianças por meio de diferentes linguagens, ouvindo-as e criando estratégias para que participassem de forma ativa no desenvolvimento dos Projetos Pedagógicos. Pela análise dos registros, verifica-se que cada turma percorreu seus próprios caminhos, com uma diversidade de temas, linguagens e abordagens.

Ao comparar a proposta analisada com os registros de propostas de anos anteriores, constata-se uma mudança significativa nas práticas: antes elas se repetiam ano após ano e eram reproduzidas entre as turmas; agora se mostram criativas, preocupadas em evidenciar as descobertas, curiosidades e singularidades das culturas das crianças.

Referências

ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2011.

BARBOSA, Maria Carmen Silveira; HORN, Maria da Graça Souza. Projetos

pedagógicos na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes

curriculares nacionais para a educação infantil. Brasília : MEC / SEB, 2010.

FARIA, Ana Lúcia Goulart de; MELLO, Suely Amaral (orgs.). O mundo da escrita no

universo da pequena infância. Campinas, SP: Autores Associados, 2012.

FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: Cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d’água, 1993.

LUCK, Heloísa. Liderança em gestão escolar. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.

MELLO, Suely Amaral. O lugar da cultura na educação da infância: contribuições do enfoque histórico-cultural da psicologia à educação. In: ANGOTTI, Maristela (Org). A

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i Entende-se por trabalho colaborativo as contribuições que os gestores davam no planejamento e

execução dos Projetos Pedagógicos por meio de sugestões para aprofundar os conhecimentos e para estabelecer conexões entre as diversas áreas do conhecimento.

Referências

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