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Caracterização sócio-econômica dos vendedores de hortaliças em Tabatinga-AM

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Academic year: 2021

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Caracterização sócio-econômica dos vendedores de hortaliças em Tabatinga-AM

Érica Inês Almeida de Souza1; Marcelo de Almeida Guimarães1; Jean Paulo de Jesus Tello1; Álvaro Camilo da Costa Bohorquez1

1 UFAM - Universidade Federal do Amazonas, Instituto de Natureza e Cultura. Rua 1º de maio,

69630-000 Benjamin Constant - AM, erikityy@hotmail.com, mguimara@hotmail.com, jp_jt@hotmail.com, alvaro_tboo@hotmail.com

RESUMO

Os principais atrativos das feiras são alimentos frescos, preços baixos, diversidade de produtos e facilidade no acesso. Com base nisso, este estudo teve por objetivo traçar o perfil dos vendedores de hortaliças das feiras livres do município de Tabatinga-AM. O estudo foi realizado nos principais locais de comercialização de hortaliças do município de Tabatinga que são: na feira e mercado municipal e na feira dos peruanos. Para esta caracterização sócio-econômica realizada de fevereiro a abril de 2012 pela UFAM, 28 questionários foram aplicados. As informações obtidas foram analisadas e expressas de forma descritiva, sendo alguns resultados demonstrados em figuras e/ou tabelas. De acordo com os resultados obtidos, observa-se que nesta região de Tríplice Fronteira (Brasil-Colombia-Peru), a comercialização de hortaliças em Tabatinga é realizada por pessoas dos três países, sendo que em sua maioria são residentes no Brasil. A caracterização sócio-econômica realizada revelou que a maioria dos feirantes é do sexo feminino, apresentam entre 31 a 40 anos de idade e possuem apenas o ensino fundamental. Quanto maior o tamanho da família dos entrevistados, menor a renda média por integrante. No entanto, a renda familiar pode chegar à R$1.000,00 ao mês, devido à assistência governamental como bolsa família. No geral estes feirantes exercem esta atividade a 5 anos ou menos.

PALAVRAS-CHAVE: Amazônia, feira-livre, renda ABSTRACT

Socio-economic characterization of vegetables sellers from Tabatinga-AM

The main attractions of the fair are fresh foods, low prices, diversity of products and easy access. On this basis, this study aimed to trace the profile of the vegetable sellers from Tabatinga-AM fairs. The study was performed in the main local Tabatinga vegetable marketing which are: the fair and town market and at the fair of Peruvians. For this socio-economic characterization conducted from February to April 2012 by UFAM, 28 questionnaires were applied. The information obtained were analyzed and expressed descriptively, with some results showed in graphics, figures, and/or tables. According to the obtained results, observes that in this region of Triple Border (Brazil-Colombia-Peru), the vegetable marketing in Tabatinga are performed by people from the three countries, being that the majority are living in Brazil. The socio-economic characterisation showed that the majority of merchants are female, have between 30 to 40 years of age and possess only a basic education. The greater the size of the family of the interviewers, the lower the average income. However, the family income can reach R$1,000.00 per month, due to governmental assistance like “Bolsa Família”. In general, these merchants engaged in this activity for 5 years or less.

Keywords: Amazon, fair-free, income

Os alimentos frescos e os baixos preços são alguns dos principais atrativos aos consumidores que optam por comprar hortaliças em feiras livres (Rocha et al., 2010). Coutinho et al. (2006), citam

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que além da diversidade, a facilidade no acesso a estes produtos, permite seu consumo pelas diversas classes sociais, inclusive às de menor poder aquisitivo.

É nas feiras livres que muitos dos agricultores pertencentes a agricultura familiar, comercializam o excedente de suas produções (Tumelero & Mattos, 2006), passando assim a exercer atividade de trabalho informal (Araújo, 2009).

De acordo com Costa Júnior et al. (2007), as feiras em municípios considerados pequenos (menos de 100 mil habitantes), são importantes não apenas para o desenvolvimento do local, mas também para o fortalecimento da circulação da moeda. No entanto, a de se considerar que a ocorrência dos agricultores que comercializam seus produtos nas feiras livres é baixa (Albuquerque, 2011), o que faz do vendedor (atravessador) um importante elo nesta cadeia (Silva & Costa, 2010).

Segundo Costa et al. (2008) a relevância da atividade dos vendedores nas feiras está justamente no fato de que proporciona fonte de renda para esses locais em que a taxa de pobreza em geral é alta e que parte da população não tem instrução suficiente para conseguir um trabalho formal. É este agente que vai negociar a compra (junto ao produtor) e a respectiva venda do produto (junto ao consumidor), possibilitando assim o abastecimento dos mercados locais com produtos de qualidade. As feiras de Tabatinga, AM, operam com número elevado de feirantes de diferentes procedências (indígenas brasileiros, não indígenas brasileiros e estrangeiros), sendo que em sua maioria, os brasileiros apresentam menores diversidades de produtos quando comparados aos estrangeiros. Tal relação proporciona uma redução na escala de comercialização, principalmente por parte dos feirantes brasileiros, que devido a isso ficam marginalizados na atividade, culminando muitas vezes na redução de sua eficiência ou até mesmo na sua desistência desta atividade. Sendo assim, neste trabalho objetivou-se traçar o perfil dos vendedores de hortaliças das feiras livres do município de Tabatinga, Estado do Amazonas.

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado pela UFAM no município de Tabatinga-AM nos meses de fevereiro a abril de 2012. Os principais pontos de comercialização avaliados foram: Feira 1 – localizada na Rua Marechal Rondon – Bairro São Francisco, onde está localizada a Feira de Rua; Feira 2 – localizada no Mercado Municipal de Tabatinga; e Feira 3 - localizada na Rua Marechal Rondon – Bairro São Francisco onde estão localizadas as Lojas dos Peruanos.

O levantamento dos dados foi realizado a partir da aplicação de questionários durante as visitas aos pontos de comercialização (3 feiras). Os questionários foram realizados de modo a se obter informações sócio-econômicas dos vendedores das três feiras de Tabatinga. Foram aplicados 28

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questionários no total, sendo distribuídos da seguinte forma: Feira 1 – 10 questionários, Feira 2 – 10 questionários e Feira 3 – 8 questionários.

Após a aplicação dos questionários foi feito a análise dos dados, de forma descritiva. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados analisados revelaram 71% dos vendedores das feiras de Tabatinga são do sexo feminino, enquanto somente 29% dos vendedores são do sexo masculino. Um resultado semelhante foi observado na feira livre de União dos Palmares por Albuquerque (2011) em que a maioria dos vendedores também é do sexo feminino.

As faixas etárias de 21 a 30 anos, de 31 a 40 anos e 41 a 50 anos representam 89% dos vendedores, sendo a faixa de 31 a 40 anos a que apresentou o maior percentual (39%) nos dados analisados (Tabela 1). Demeneck et al. (2011) observaram que a faixa etária de 30 a 50 anos era a predominante no município de Maringá, o que é similar ao resultado observado neste trabalho. Quando se observa a nacionalidade dos feirantes participantes das feiras de Tabatinga, verifica-se diferentes nacionalidades. Os vendedores são naturais do Brasil, Colômbia ou Peru. Dos vendedores que participaram do estudo, apenas 43% são brasileiros e os 57% restantes são vendedores estrangeiros, sendo 53% peruanos e 4% colombianos.

Do universo de entrevistados, observa-se que 86% dos vendedores têm sua moradia na cidade em que se localizam as feiras, Tabatinga, outros 3% residem no Umariaçu (comunidade indígena de etnia Ticuna), 3% têm residência na comunidade Vila Nova, sendo todas estas situadas no território brasileiro. Quatro por cento (4%) dos vendedores residem em Santa Rosa e os demais 4% em Rondiña, sendo estas cidades peruanas (Figura 1). Costa et al. (2008) ao caracterizarem o perfil dos vendedores de hortaliças em área de fronteira Brasil-Bolívia, também observaram que estrangeiros (bolivianos) comercializavam hortaliças nas feiras livres de Corumbá no Mato Grosso do Sul. Quando se observa o grau de escolaridade dos vendedores (Figura 2), verifica-se que cerca de 11% dos vendedores não possuem nenhuma escolaridade, 50% têm o ensino fundamental e os demais 39% possuem ensino médio. Estes resultados concordam com os apresentados por Albuquerque (2011) e Demeneck et al. (2011), que observaram o ensino fundamental como o principal nível de escolaridade para os feirantes estudados em seus trabalhos.

Ao se avaliar a renda em R$ por pessoa dentro da família, observou-se que quanto menor o número de integrantes da família maior tende a ser a quantidade de dinheiro disponível por componente familiar. Neste estudo observou-se que feirantes que viviam só, apresentavam em média renda mensal de R$ 500,00, no entanto, feirantes que possuiam famílias grandes apresentavam renda

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familiar per capita baixa, chegando a R$ 56,00 por pessoa em famílias com até 8 integrantes. De modo geral, a renda familiar dos vendedores de hortaliças pode chegar à R$1.000,00 ao mês.

Dos feirantes entrevistados, 46% têm na comercialização realizada nas feiras a sua única fonte de recurso financeiro. No entanto, para 54% a feira é mais um compositor da renda total dos feirantes, já que 36% deles têm como fonte de renda extra a bolsa família (Programa de benefício social do Governo Federal para famílias de baixa renda), 4% recebem pensão, 3% são aposentados e 11% têm outra fonte de renda além das descritas acima (Figura 3). Silva & Costa (2010) observaram em seus estudos de caracterização dos feirantes que a aposentadoria, além do rendimento obtido com a comercialização de hortaliças era o maior contribuidor na composição da renda destas pessoas. Quando se observa o tempo em que os feirantes exercem esta atividade, verifica-se que cerca de 46% estão a não mais de 5 anos, sendo que apenas 15% exercem esta atividade a mais de 16 anos (Tabela 2). Estes resultados são similares ao observado por Albuquerque (2011), na qual a maior porcentagem dos vendedores está na atividade a no máximo 5 anos.

Os resultados desta caracterização sócio-econômica revelaram que a comercialização de hortaliças em Tabatinga é realizada por pessoas dos três países (Brasil-Colombia-Peru), que em sua maioria, é desempenhada por mulheres de 31 a 40 anos que possuem somente o ensino fundamental. Este trabalho revelou que quanto maior o tamanho das famílias dos feirantes, menor é a renda média por membro, podendo a renda chegar à R$ 1.000,00 ao mês, devido principalmente à assistência governamental. No geral estes feirantes exercem esta atividade a 5 anos ou menos.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE GG. 2011. Perfil dos feirantes e aspectos do processo de comercialização de

hortícolas na feira livre de União dos Palmares. Rio Largo: CECA-UFAL. 37p. (Tabalho de

conclusão de curso).

ARAÚJO GAF. 2009. As feiras livres nortistas portuguesas e nordestinas brasileiras como lócus de trabalho, e de bens simbólicos na contemporaneidade. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA, 4. Anais... Maringá-PR: p. 833-840.

COSTA JÚNIOR MP; SILVA LP; OLIVEIRA MAS. 2007. Características dos consumidores de produtos hortífrutícolas na feira livre do Crato-CE. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL, 45. Anais... Londrina-PR: UEL, p. 1-20.

COSTA MS; SILVA M; FEIDEN A; CAMPOLIN AI. 2008. Perfil socioeconômico de feirantes brasileiros e bolivianos que comercializam hortaliças folhosas em feiras-livres no município fronteiriço Corumbá-Brasil/Bolívia. Revista Brasileira de Agroecologia 3:41-44.

COUTINHO EP; NEVES HCN; NEVES HCN; SILVA EMG. 2006. Feiras livres do Brejo Paraibano: crise e perspectivas. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL, 44. Anais... Fortaleza-CE: SOBER.

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DEMENECK MT; SANCHES RE; CECERE FILHO P; ZULIAN CB. 2011. Perfil sócioeconômico de feirantes que comercializam hortaliças na feira do produtor no município de Maringá-PR. In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA, 7. Anais... Maringá-PR: CESUMAR. 4 p.

ROCHA HC; COSTA C; CASTOLDI FL; CECCHETTI D; CALVETE EO; LODI BS. 2010. Perfil Socioeconômico dos Feirantes e Consumidores da Feira do Produtor de Passo Fundo, RS. Ciência

Rural, 40:2593-2597.

SILVA DSO; COSTA CC. 2010. Caracterização dos vendedores de hortaliças da feira de Pombal-PB. Revista Verde 5:191-196.

TUMELERO DM; MATTOS JLS. 2006. Diagnóstico sócio, econômico, ambiental e potencial para a agricultura orgânica no município de Sorriso-MT. Revista de Ciências Agro-Ambientais 4: 1-14. Tabela 1. Percentual da faixa etária dos vendedores das feiras de Tabatinga-AM. (Percentage of age group of sellers of fairs from Tabatinga-AM). Tabatinga, UFAM, 2012.

Faixa etária dos feirantes Porcentagem de ocorrência

De 10 a 20 anos 4%

De 21 a 30 anos 21%

De 31 a 40 anos 39%

De 41 a 50 anos 29%

Acima de 50 anos 7%

Figura 1. Origens dos vendedores das feiras de Tabatinga-AM por cidade/comunidade. (Origins of the sellers of fairs from Tabatinga-AM by city / community). Tabatinga, UFAM, 2012.

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Figura 2. Grau de escolaridade dos vendedores das feiras de Tabatinga-AM. (Educational level of the sellers of fairs from Tabatinga-AM). Tabatinga, UFAM, 2012.

Figura 3. Composição da renda extra dos vendedores das feiras de Tabatinga-AM. (Composition of the extra income of sellers of fairs from Tabatinga-AM). Tabatinga, UFAM, 2012.

Tabela 2. Tempo que o vendedor comercializa nas feiras de Tabatinga-AM. (Time that the sellers in the markets from Tabatinga-AM). Tabatinga, UFAM, 2012.

Tempo de feirante Porcentagem de ocorrência

De 0 a 5 anos 46%

De 6 a 10 anos 25%

De 11 a 15 anos 14%

De 16 a 20 anos 4%

Referências

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