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BOTICAS & PHARMACIAS: Uma História Ilustrada da Farmácia no Brasil

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Academic year: 2021

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BOTICAS & PHARMACIAS: Uma História Ilustrada da Farmácia no Brasil FERNANDES, Rafaela Aires 1 CUNHA, Débora Domingos Lopes2 HOLANDA, Polânia Lopes de3 COSTA, Luan Tozadore da 4 TRINDADE, Luma Mota Palmeira da5

EDLER, Flavio Coelho. Boticas & Pharmacias: Uma História Ilustrada Da Farmácia No Brasil. Rio de Janeiro: Editora Casa da Palavra, 2006.

Flávio Coelho Edler é brasileiro, nascido no Rio de Janeiro em 1960, desde 1987 trabalha na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), onde é pesquisador do programa de Pós Graduação em História das Ciências e da Saúde. Atualmente é presidente da ANPUH-RJ. Tem experiência na área de História das Ciências, com ênfase em História da Medicina no Brasil, atuando principalmente nos seguintes temas: história da pesquisa clínica e experimental, doenças e identidades sociais, história dos saberes e práticas médico-psicológicos, história do Brasil - séc. XIX e XX. Possui graduação em História pela UFRJ (1987), mestrado em História Social pela USP (1992), doutorado em Saúde Coletiva pela UERJ (1999) e doutorado (sanduíche) no INSERM: U-152 Paris-Necker (1998). Foi presidente da Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC).

De acordo com o autor, a história do desenvolvimento da ciência farmacêutica no Brasil passa pelos períodos da Colônia, do Império e da República. O livro destaca os avanços de saúde no país do ponto de vista do profissional da cura em cada um desses períodos, além de retratar a evolução dos estabelecimentos farmacêuticos primeiramente reclusos em conventos e igrejas até sua expansão para escala industrial e as drogarias. Em cada um desses períodos os representantes responsáveis pela cura, como os curandeiros, os boticários, os droguistas, os práticos e os farmacêuticos diplomados têm suas respectivas histórias narradas. Quando da passagem da

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Graduando em Farmácia na FacMais, cursando o I Período. Email: rafaela-aires@hotmail.com 2 Graduando em Farmácia na FacMais, cursando o I Período. Email:

liliandomingosinhumas@htmail.com 3

Graduando em Farmácia na FacMais, cursando o I Período. Email:casadocriador.confresa@hotmail.com 4 Graduando em Farmácia na FacMais,cursando o I Período. Email:

luantozadore@live.com 5

Farmacêutica Bioquímica, Mestre em Biodiversidade Vegetal pela Universidade Federal de Goiás (UFG), graduada em Farmácia pela Universidade Estadual de Goiás (UEG). Docente do Curso de Enfermagem da Faculdade de Inhumas (Facmais). Email: luma_mota@hotmail.com.

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botica à farmácia, em alguns momentos da história só é possível diferenciar o boticário do farmacêutico pela posse formal do diploma superior e pela ostentação simbólica do anel com a pedra de topázio.

Na introdução do livro é retratada a chegada dos portugueses ao Brasil, quando se depararam com uma população indígena que não sofriam de muitas doenças. Contudo, devido ao contato com os brancos, os índios foram vitimas de várias doenças trazidas pelos colonizadores europeus, para as quais não tinham defesa imunológica. Neste período também é retratada a chegada dos escravos africanos, trazendo também novas doenças para o solo americano. Inicialmente a sociedade branca colonial pouca acreditava nas formas de cura dos indígenas, assim como na utilização das plantas medicinais que aqui existiam, eles utilizavam as formas de cura trazidas da Europa. Mas devido às dificuldades de chegada dessas plantas e remédios advindos da Europa, os europeus começaram a recorrer aos tratamentos indígenas e também africanos. O naturalista Frances, Jean de Iery que esteve no Brasil entre 1555-1556, descreveu o tratamento e a gravidade do piã, que é uma doença semelhante a sífilis que era combatida com uso do iurare (planta nativa), utilizado não somente pelos indígenas como também pelos próprios franceses. Na obra é citado que de todas as práticas terapêuticas, o uso das ervas medicinais brasileiras era a de maior legitimidade popular. As folhas, frutos, sementes, raízes, essências, bálsamos e resinas, partes lenhosas e brancas eram utilizadas de várias formas pelos mezinheiros (vendedores de medicinas), curandeiros africanos e pajés que esmagavam as plantas entre as pedras, pulverizavam, carbonizavam, dissolviam, maceravam, cozinhavam para ingerir, aspirar, friccionar ou aplicar em cataplasma numa série de extensas doenças. Não se pode esquecer que o emprego dessas plantas tinha um sentido mágico ou místico. Quando as plantas estavam ligadas a antropologia ritual eram encaradas com horror pelos europeus, já a utilização da saliva, da urina e das fezes humanas ou animais, era compartilhada como recurso terapêutico, embora com significado distinto para as duas culturas.

O autor defende como personagem fundamental na perpetuação de tradições terapêuticas africanas, o barbeiro, geralmente o mulato ou negro, escravo ou livre, munia-se de uma trouxa ou pequeno baú onde acondicionava os apetrechos indispensáveis ao seu mister: navalha , pente , tesoura , lanceta

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, ventosa de chifre , sanguessugas, unguentos, sabão e bacia de cobre. As boticas dos jesuítas eram, quase sempre, as únicas existentes em cidades ou vilas. Treze boticários jesuítas se instalaram no Brasil nos anos 1600 e outros trinta no século XVIII. As farmácias dos conventos teriam contribuído para a penúria dos boticários laicos. A botica dos jesuítas do Rio Janeiro, que funcionava no morro do Castelo, provia as boticas da cidade.

Os navios que chegassem ao porto eram averiguados pelo comissário junto com três boticários formados, observando as cartas de licença e os medicamentos, isto é, seu preço, o estoque de simples e composto necessários para que se tivesse botica aberta, o bom estado deles, a preparação, incluindo a aferição dos instrumentos que deviam estar concordes com as prescrições de pesos e medidas ordenadas pela câmara. Na verdade, o comissário, seus auxiliares boticários, o escrivão e o meirinho que os acompanhavam em suas diligencias constituíam um tribunal itinerante cujos emolumentos e propinas regulares eram acrescidos das multas aos infratores. O autor informa que desde 1828, com a criação da inspetoria de Saúde dos portos, as autoridades sanitárias concentraram suas atenções nas medidas higiênicas que respondessem aos interesses dos comerciantes e da agroindústria escravista exportadora. Iriam revolucionar o saber acadêmico a medicina hospitalar, ou anatomoclínica, e a medicina experimental. Exercício profissional segundo historiadores: auscultação, percussão, patologia tissular, instrução clinica sistemática, autópsia e estatística médica.

Segundo o historiador, o ensino farmacêutico nas faculdades de medicina do Império tinha suas disciplinas a serem ministradas divididas em três anos: 1°ano: física médica, botânica médica e princípios elementos de zoologia. No 2°ano: botânica médica e princípios elementos de zoologia, e química médica e princípios elementares de mineralogia. No 3°ano: química médica e princípios elementares de mineralogia, matéria médica, sobretudo a brasileira, e farmácia e arte de formular. Porém para se obter o titulo de farmacêutico, o aluno ainda deveria praticar, pelo mesmo período de três anos,

numa botica de um boticário diplomado, durante o curso ou posteriormente. Com a criação das faculdades de farmácia, a elite dos farmacêuticos

brasileiros cada vez se esforçava mais para estabelecer uma farmacopéia oficial brasileira, porém apenas em 1926 publicou-se a farmacopéia dos

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Estados Unidos do Brasil. Empenharam em pesquisas das plantas medicinais brasileiras os professores da faculdade do Rio de Janeiro Francisco Freire Alemão e Joaquim Monteiro Caminho. Os medicamentos eram distinguidos entre 21 tipos, conforme sua ação especifica voltada a restabelecer a harmonia ou equilíbrio fisiológico: adstringentes, anti -periódicos, antiflogísticos, antiescorbúticos, antissépticos, antiespasmódicos, anti-sifilíticos, calmantes, diaforéticos, diuréticos, eméticos, emolientes, estimulantes, febrífugos, narcóticos, purgativos, sudoríferos, tônicos, temperantes, vermífugos e vomitivos. A arte de purgar, tão complexa e tão amplamente empregada quanto a de sangrar, exigia que o praticante soubesse diferenciar plenamente os purgantes, segundo sua intensidade, entre a ampla variedade de substancias laxantes, catárticas ou drásticas, estas ultimas as mais intensas.

Após a primeira Guerra Mundial ocorreu uma mudança na realidade da sociedade farmacêutica, com o aparecimento das drogas industrializadas foi possível a rápida difusão de remédios em escala planetária. Ao combinar as habilidades e competências dos boticários, botânicos e químicos, verificou-se o avanço do conhecimento sobre as drogas. Em paralelo tem o prestigio da homeopatia, que cresceu com a chegada da febre amarela ao Brasil. A população inicialmente se mostrou com desconfiança e medo à medicação homeopática. Devido ao seu custo baixo, a terapia hahnemanniana foi muito usada no tratamento dos escravos, só posteriormente sendo usada pela população. Desde o inicio, ocorreram cisões entre os homeopatas.

A união Farmacêutica de São Paulo, de acordo com o livro, é a mais antiga dessas entidades ainda em funcionamento, promovendo cursos e congressos, estimulando o estudo de plantas, drogas e matéria- primas nacionais, e incentivando o intercambio cultural e profissional entre os pares, no Brasil e no exterior. Hoje são vários os desafios de inovação para a indústria farmacêutica. Com a ampliação da utilização dos medicamentos modernos, a farmácia cada vez mais foi se consolidando como espaço de comercialização de produtos industrializados, em sua maioria voltada para a saúde e a higiene, mas muitas vezes também relacionados à beleza e pequenas utilidades domésticas.

De acordo com autor, no que tange a organização técnica dos estabelecimentos farmacêuticos, o decreto 20.377 de 19 de Janeiro de 1931

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definiu que o comércio de medicamentos não seria mais privativo de farmacêutico. Embora as farmácias sejam obrigadas a estar sobre responsabilidade técnica de um profissional farmacêutico não é ele que as dirige tampouco a propriedade desses estabelecimentos está a ele vinculada. O ganho em eficiência obtido por um novo tipo de empresa – a distribuidora de medicamentos – permitiu a muitas farmácias atenderem melhor seus clientes e garantiu assim a expansão desse serviço, em decorrência da consolidação de grandes redes.

O autor conclui que apesar da expansão das redes de farmácias e drogarias, a maior parte do faturamento do setor de venda de medicamentos ainda é proveniente de farmácias independentes, que também permaneceram ampliando seu número de unidades, principalmente nas periferias das regiões metropolitanas, normalmente não assistidas pelas grandes redes. Às redes e farmácias independentes somam-se, ainda, um pequeno número de farmácias de manipulação, voltadas para o atendimento de um público com maior poder aquisitivo, consumidor de produtos individualizados, principalmente os de beleza e os homeopáticos. O farmacêutico preparador e seu tradicional estabelecimento deram lugar a modernas casas comerciais, preocupadas principalmente com qualidade de atendimento, política de preços e diversidade de produtos. As farmácias atuais permanecem assim, prestando um valioso serviço, pois são elas as responsáveis pela maior parte da distribuição de medicamentos à população brasileira.

O historiador utiliza como procedimentos metodológicos o levantamento bibliográfico, com a revisão da literatura referente à história da farmácia no Brasil e o método indutivo, com um objetivo de captar e analisar as características históricas do profissional da cura e do seu ambiente de trabalho.

Na elaboração do capítulo referente às transformações da farmácia no século XX, o texto é de autoria de Luiz Antônio Teixeira, competente pesquisador da história da medicina brasileira. O autor também contou com a colaboração da historiadora Verônica Pimenta Velloso também responsável por parte do texto relativo as lides farmacêuticas do século XIX. No capítulo sobre a sociedade luso-brasileira o autor destaca o historiador Lourival Ribeiro. No

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saber erudito e saber popular na medicina colonial destaca, Bernardino Antônio Gomes (1768-1823).

Assim, o autor busca transmitir a evolução histórica da ciência farmacêutica, mostrando os profissionais da cura, desde o boticário até o farmacêutico moderno; e os estabelecimentos, como as boticas, a indústria e as farmácias atuais. Mesmo com as diferenças das sociedades, com as culturas e os fazeres distintos, para tratar os doentes resultou em uma junção dos conhecimentos e foi esta mistura de conhecimentos que resultou no desenvolvimento da farmácia moderna. Escrito numa linguagem culta, e bem clara o livro é de fácil entendimento e compressão.

Relatando os acontecimentos passo a passo desde chegada dos portugueses ao Brasil até os dias de hoje, o livro transparece a importância de conhecer a história do desenvolvimento da farmácia. Portanto, a obra Boticas e Pharmacias, do autor Flávio Coelho Edler é de tamanha importância para acadêmicos da área da saúde em especial para os acadêmicos de farmácia, pois conhecendo a história da farmácia e dos farmacêuticos podemos compreender o presente e melhorar o futuro enquanto profissionais farmacêuticos.

Referências

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