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INTERFACE NUTRIÇÃO E BEM-ESTAR DE SUÍNOS Victória Brondani, Vladimir de Oliveira, Arlei B. de Quadros, Henrique M. Muniz

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INTERFACE NUTRIÇÃO E BEM-ESTAR DE SUÍNOS

Victória Brondani, Vladimir de Oliveira, Arlei B. de Quadros, Henrique M. Muniz

INTRODUÇÃO

A suinocultura é um dos grandes mercados do sistema agropecuário brasileiro que vem crescendo, inovando e investindo no setor. A criação suinícola atual é rodeada por imposições de mercado, principalmente do mercado externo, no que diz respeito ao tema bem-estar animal, este que se tornou uma diretriz a ser seguida por agroindústrias e produtores, criando uma competitividade de mercado que vem fazendo com que os investimentos neste ramo cresçam cada vez mais. Este bem-estar é regido por cinco liberdades fundamentais definidas pelo COMITÊ DE BEM- ESTAR ANIMAL (FAWC), que assessora o MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E

ABASTECIMENTO (MAPA) em assuntos relacionados. Estas liberdades são:

1. Livres de fome, sede e desnutrição (necessidade de uma nutrição adequada, atendendo as exigências);

2. Livres de desconforto (necessidade de instalações adequadas, respeitando a quantidade de animais por m2); 3. Livres de dor, injúria e doença (status

sanitário adequado);

4. Livres para expressar um comportamento normal (uso de enriquecimento

ambiental);

5. Livres de medo e estresse (fatores de ambiência adequados).

Todas estas liberdades estão intimamente ligadas e devem manter-se em funcionamento e

equilíbrio constante. Pois, se uma desvincular, trará resultados

negativos para o plantel.

Contudo, vale ressaltar, que toda vez que um animal encontre-se diante de um tipo de estresse ou desafio, seja

ele térmico, sanitário ou qualquer desconforto relacionado à falta de bem-estar, acontecem desvios de energia metabólica, que podem

ocacionar perdas em seu desempenho. Um dos sinais de que o animal está sob estresse é o aumento da produção de cortisol . É necessário que existam condições de sanidade, ambiência e nutrição adequados para

que se possa atenuar as condições estressantes e manter um bom status

sanitário na criação.

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NUTRIÇÃO X BEM-ESTAR

A preocupação com o bem-estar vem sendo amplamente difundida e estudada nas criações de suínos, não só visando a produtividade da criação, mas também baseada no senso crítico do consumidor. Diante disso, instituições e organizações responsáveis pela inspeção destas criações e de seus respectivos produtos se preocupam com a qualidade de vida destes animais, para que os mesmos possam, no final do seu ciclo, gerar os resultados esperados. A nutrição desempenha papel importante no planejamento e elaboração deste bem-estar. É através da nutrição, manejo alimentar e do uso racional da água, que devem ser atendidas as necessidades básicas dos animais, sem causar deficiências nutricionais clínicas ou subclínicas e sem provocar intoxicações, assim aumentando a resistência às doenças. Adentrando ao contexto de bem-estar animal, a nutrição deve assegurar o aporte adequado de nutrientes para a manutenção normal da gestação, para a ocorrência de partos normais e para uma produção adequada de leite que garanta o desenvolvimento normal dos leitões durante o período de lactação (EMBRAPA, 2003).

O uso de balanças é indispensável para uma nutrição precisa e equilibrada. Além disso, as balanças devem apresentar boa

precisão e sensibilidade.

Quando tratamos de nutrição de suínos, devemos ter em mente que há fatores que afetam significativamente o consumo voluntário de alimentos e o carreamento de nutrientes no organismo destes animais.

Um dos fatores que afetam no consumo de alimento é a distensão do trato gastrointestinal, segundo a qual o enchimento do trato estabelece o fim da ingestão voluntária. Nesse sentido, é importante lembrar que fêmeas em gestação são nutridas e não saciadas. Esse fato poderá comprometer o bem-estar dessa categoria, e uma das alternativas pode ser a oferta de uma alimentação mais volumosa a elas, melhorando suas condições de bem-estar (FERREIRA, 2017).

Também, o status de saúde ou status sanitário dos animais afeta a sua ingestão, de modo que os saudáveis ingerem uma maior quantidade de alimento que os enfermos.

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ALGUNS FATORES QUE INFLUENCIAM AS EXIGÊNCIAS

NUTRICIONAIS:

Segundo a Embrapa

Aves e Suínos, uma

A temperatura talvez seja a que possui maior influência sobre as exigências

nutricionais. Estudos com suínos demonstram que eles apresentam mecanismos comportamentais, físicos e químicos que alteram as taxas

- Sexo; - Idade; - Genética;

- Condições sanitárias e de ambiência (temperatura, umidade relativa do ar.

ração balanceada

necessita de três

componentes

principais:

Energia;

Proteína;

Minerais e

metabólicas e a produção de calor. As alterações

metabólicas provocam desvios de nutrientes disponíveis para a produção, reduzindo a taxa e a eficiência da sua utilização para o desenvolvimento corporal o que modifica a exigência nutricional (QUINIOU et al., 2001; CAMPOS et al., 2014).

BEM-ESTAR X EXIGÊNCIA PROTEICA

O Incremento Calórico (IC) é representado pelo aumento da produção de calor após o consumo do alimento pelo animal. O IC é constituído basicamente do calor de fermentação e a energia gasta no processo digestivo, assim como o

calor de produção resultante do metabolismo dos nutrientes. As proteínas possuem um alto poder de incremento, devido principalmente às séries complexas de reações metabólicas características do metabolismo calórico dos aminoácidos.

Dessa forma, os índices de conforto térmico devem ser mantidos dentro dos padrões de bem-estar para que o animal não venha sofrer de estresse térmico. Quiniou et al. (2001) indicam em seus trabalhos:

 A deposição de proteína no corpo do suíno reduz à medida que o calor ambiental se intensifica, alterando significativamente as recomendações nutricionais para o suíno.

Animais fora dos padrões de conforto térmico exigidos pela sua categoria terão significativas perdas em sua produtividade.

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Também há exemplos de desvios no metabolismo de aminoácidos em decorrência de variações de ambiência, como exemplo:  O aminoácido arginina, que é precursor de oxido nítrico, um vasodilatador; em situações de alta temperatura, a produção de óxido nítrico pode auxiliar na troca de calor do animal com o ambiente (RIBEIRO JUNIOR et al., 2018).

BEM-ESTAR X EXIGÊNCIA ENERGÉTICA

Conforme literatura, a demanda energética para mantença e crescimento dos suínos pode ser influenciada por fatores que não estejam associados às fases de criação, mas a outros fatores como categoria sexual, genética, status sanitário e

ambiência. Estes fatores podem ser divididos em: - Os que afetam ganho tecidual (categoria sexual e genética);

- Os que afetam manutenção metabólica (status sanitário e ambiência) (SAKOMURA et al., 2014).

BEM-ESTAR X EXIGÊNCIA MINERAL

Os minerais exercem muitas funções vitais, como ativação de proteína, incluído enzimas, manutenção do (pH) e balanço iônico, proporcionam rigidez estrutural dos ossos e dentes e servem como sinalizadores na regulação da homeostase metabólica.

- Concentrações inadequadas de minerais na dieta comprometem o crescimento, a reprodução e a saúde dos animais (NRC, 2005).

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Em experimentos em ambiente controlado e a campo, Mcglone (2000) observou que a

não suplementação de vitaminas e minerais nos últimos 30 dias da fase de terminação não apresentou efeitos sobre o desempenho ou

saúde dos animais. Modificações no metabolismo proteico

induzidas pela resposta imune podem provocar alterações nas exigências de aminoácidos. Como a composição de aminoácidos difere entre proteínas teciduais e aquelas ligadas ao sistema imune, as exigências em aminoácidos irão mudar de forma diferente, de acordo com o grau de desafio imunológico (SAKOMURA et al., 2014).

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BEM-ESTAR X EXIGÊNCIA VITAMÍNICA

- O rápido crescimento demanda

entre tantos outros um maior aporte de vitaminas;

- Doenças e estresse podem diminuir a

ingestão de alimentos ou podem levar ao aumento da exigência vitamínica;

- A deficiência de vitamina C, afeta

a produção de hormônios

corticosteroides, deixando o animal mais suscetível ao estresse

(SAKOMURA et al.,2014).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É necessário conhecer os comportamentos e necessidades da espécie para que se possa estabelecer um plano de bem-estar ideal e bem manejado, compreendendo todos os pilares que regem o bem-estar animal (cinco liberdades). Assim, elaborar uma dieta equilibrada e precisa, que atenda às exigências da categoria, buscando sempre melhorar o desempenho do animal de forma saudável, respeitandos suas necessidades nutricionais, sanitárias, térmicas e psíquicas.

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REFERÊNCIAS

CAMPOS, P. H. R. F. et al. Thermoregulatory responses during thermal acclimation in pigs divergently selected for residual feed intake. International Journal of Biometeorology, 2014.

EMBRAPA AVES E SUÍNOS. Nutrição, 2003. http://www.cnpsa.embrapa.br/SP/suinos/nutricao.html. acesso: 20/04/2020.

FERREIRA, R. A. Suinocultura: Manual prático de criação . Viçosa/MG: aprenda fácil editora, p.65, 2017. MC GLONE, J.J. Deletion of supplemental minerals and vitamins during the late finishing period does not affect pig weight gain and feed intake. Journal of Animal Science, v.78, 2000.

NRC – National Research Council. mineral tolerance of animals. 2. ed. washington, dc: national academic press, 2005.

QUINIOU,N. et al. Modelling heat production and energy balance in group housed growing pigs exposed to low or high ambient temperatures. British Journal of Nutrition, v.85 (1), p.97-106, 2001.

RIBEIRO JUNIOR,V. Et al. Formulção de rações para suínos. 1. Ed. Viçosa/MG: aprenda fácil editora. p. 72. 2018.

SAKOMURA, N.k. et al. Nutrição de não ruminantes. 1 ed. Jaboticabal: funep; v.1, 678p. 2014.

Referências

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