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PRÁTICAS DE LEITURA DE FUTUROS PROFESSORES

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Academic year: 2021

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KITO, Talita – UEL

talita_kito@hotmail.com

GÓES, Natália Moraes – UEL

nataliamgoes@yahoo.com.br

PULLIN, Elsa Maria Mendes Pessoa – UEL

pullin@uel.br

Eixo Temático: Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência Financiadora: Fundação Araucária, CNPq/PIBIC e UEL/PROIC Resumo

A eficiência dos meios de comunicação e das novas tecnologias de informação afeta, de modo direto e indireto, conhecimentos, valores e atitudes individuais. Em face do fácil acesso a essas produções, as pessoas precisam ser críticas e competentes para que possam não só diferenciar os diversos tipos de discurso utilizado e finalidades dessas produções, como avaliá-las e ao lê-las colocá-las sob suspeita a fim de que possam exercer dignamente sua cidadania. Portanto, os modos de ler e o que regula o processo de leitura são aspectos fundamentais para tal. Muitos desses modos são aprendidos pelos efeitos cumulativos decorrentes das práticas educativas de professores em sala de aula. Compete especialmente a esses profissionais a responsabilidade pela formação de leitores. Mas será que os professores, quando da sua formação acadêmica mínima, por exemplo, em seus cursos de licenciatura, são preparados para isso? Recorte de um projeto mais amplo, este trabalho teve por objetivo levantar as opiniões de alunos de licenciatura quanto aos modos como seus professores prescrevem leituras, como as trabalham em sala de aulas, e o que os instiga a ler os textos de estudo. A população deste trabalho foi constituída por seis cursos de licenciatura. O instrumento utilizado foi um questionário, o qual foi aplicado a uma amostra de 456 alunos matriculados nas séries iniciais e finais dos cursos de: Geografia (n=124); Letras Vernáculas e Clássicas (n=106); Letras Estrangeiras Modernas (n=90); Ciências Biológicas (n=59); Filosofia (n=32); Matemática (n=45). De modo geral, os dados confirmam resultados obtidos em estudos anteriores, bem como sugerem a importância e a necessidade de alguns cuidados por parte dos professores quando prescrevem, acompanham, utilizam e avaliam as leituras que indicam para estudo.

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Introdução

De modo geral, acredita-se que os alunos de cursos do Ensino Superior sejam capazes de ler e aprender de modo autônomo e adequado a partir de textos. Distintos são os tipos de discurso científico que o estudante universitário precisa ler (WITTER, 1992). Entretanto, raramente é levada em conta a diferença entre a alfabetização inicial e a acadêmica. Nesta, o leitor além de ler, escrever e (de)codificar signos, interpretar e avaliar criticamente as informações levando em conta o que sabe a respeito, precisa situar o texto no contexto das demais produções científicas e identificar as estratégias que o autor utiliza para conduzir a determinadas conclusões (CARLINO, 2003). Essa compreensão restrita acerca da alfabetização, infelizmente, perpassa as práticas mais frequentes dos professores (CASTELLO-PEREIRA, 2003). O poder do professor para a formação de leitores é inquestionável, independente do nível de ensino em que atua. O professor além de indicar as leituras, também orienta os alunos, - mesmo que indiretamente – de como devem produzi-las. O modo como o professor conduz suas aulas, trata os assuntos trabalhados nos textos e avalia essas informações afetam o interesse, as preocupações e os modos dos alunos lerem os testos prescritos para estudo (KONS, 2005; PULLIN; MOREIRA, 2008).

Geralmente, em cursos de graduação certificados por instituições de Ensino Superior, diferem os tipos de textos previstos como leitura mínima, porque cada campo disciplinar legitima uma determinada estrutura para apresentar seu discurso, além dos relativos à leitura, propriamente dita, como os que fundamentam e decorrem das relações que o leitor, isto é, o aluno precisa estabelecer com o material que lê, os objetivos e as razões que o levam ao texto, bem como o que outros, por exemplo, professores, esperam em termos de desempenho acadêmico a partir dessa leitura (DAUSTER, 2003). Muitos pesquisadores frente às dificuldades encontradas por universitários na leitura dos textos de estudo prescritos pelos professores apontam tanto para a importância como para a necessidade de uma “alfabetização acadêmica” junto a alunos desse nível de ensino (CARLINO, 2003).

Preocupadas com essa situação definimos como objetivos deste trabalho os de analisar como alunos ingressantes e concluintes de cursos de licenciatura percebem os modos de prescrição de leitura de seus professores e os textos que lhes são indicados para estudo.

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Método

A pesquisa foi realizada em uma instituição de Ensino Superior, do interior do Estado do Paraná que, em 2010, atendia 18.764 alunos em cursos de graduação e pós- graduação. Destes 15.363 encontravam-se matriculados em um dos 41 cursos de graduação e 3.401 em cursos de pós-graduação: 2.212 em um dos 111 cursos de especialização e 48 residências na área da saúde, 1.516 alunos realizavam um dos 16 programas de Doutorado, ou estavam matriculados em um dos 39 de Mestrados (Acadêmicos=37; Profissional= 2).

Participantes

Participaram deste trabalho 456 alunos matriculados na 1ª e 4ª série dos seguintes cursos de licenciatura, distribuídos conforme segue: Geografia (1ª n=67; 4ª n= 57); Letras Vernáculas e Clássicas (LVC, 1ª n=63; 4ª n=43); Letras Estrangeiras Modernas (LEM, 1ª n=51, 4ª n=39); Ciências Biológicas (1ª n=18, 4ª n=41); Filosofia (1ª n=21, 4ª n=11); Matemática (1ª n=27, 4ª n=18). Por série e curso, o total de participantes foi superior a 50% dos alunos matriculados.

Instrumentos

Para a coleta de dados foi utilizado um questionário desenvolvido por Pullin (2006) intitulado “Prescrições e Práticas de Leitura de Textos de Estudo”, cujo alfa de Cronbach para a escala total foi de 0,79, conforme verificado pela autora. Esse instrumento é composto por 20 itens, 16 deles seguidos por opções apresentadas sob a modalidade de Escala Likert, três com espaço para a seleção da opção sim e não e um item para a escolha de uma das quatro opções apresentadas. Para este trabalho foram analisados e discutidos os dados de alguns desses itens.

Procedimentos

A coleta dos dados foi realizada coletivamente, em uma única sessão, por série e curso, em sala de aula, no horário agendado previamente com cada professor responsável. Após a apresentação do projeto, esclarecimentos e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foi entregue individualmente o questionário selecionado para a coleta de dados. A instrução geral impressa no protocolo do instrumento solicita aos respondentes que

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tomem por foco a leitura de textos de estudo indicados por seus professores. Os participantes, conforme concluíam eram dispensados.

No relato dos resultados deste trabalho, especificamente quanto ao gosto pelas leituras indicadas, dificuldades encontradas nas leituras dos textos, preocupações que os regula quando lêem e acerca do interesse em realizarem as leituras prescritas por seus professores foram comparados com os obtidos por Moreira (2007) e Tanzawa (2009), visto essas autoras terem utilizado o mesmo questionário para a coleta e análise dos dados que recolheram junto a alunos de Magistério e de Pedagogia, respectivamente.

Resultados e Discussão

As valorizações e sentimentos vivenciados pelos leitores quando se defrontam com a necessidade de ler os textos prescritos por seus professores para estudarem, por exemplo, são de suma importância para que continuem a ler e, desse modo, possam se apropriar das informações divulgadas em texto.

As porcentagens dos resultados que são apresentadas têm por base o total de respondentes por item.

Alguns participantes informaram possuir experiência em ler textos como os prescritos em seus cursos. Assim o indicaram os participantes das 1as séries, 65% dos 67 participantes de Geografia; 83,3% dos 63 do curso de LVC; 52,9% dos 51 do curso de LEM; 66,7% dos 18 de Biologia. Já 85,7% dos 14 participantes, do curso de Matemática, 62% dos 21 alunos de Filosofia, contrário aos cursos de Geografia, LVC e LEM, apontaram que iniciaram na graduação a ler esse tipo de textos de estudo. No que diz respeito aos participantes formandos, isto é, aos das 4as séries, a experiência em ler textos acadêmicos não existia antes do ingresso no curso para 55,1% dos 57 de Geografia, para 59,2% dos 43 de LVC, para 53,1% 39 de LEM, para 100% dos 10 de Filosofia; 100% dos 28 do curso de Biologia. Entre os alunos formandos, 77,8% de Matemática informaram que já tinham experiências anteriores com textos de estudo como os prescritos em seu curso. No que diz respeito aos seis cursos, em geral, tanto os participantes das primeiras como das quartas séries responderam que não tinham tal costume.

Em relação ao gosto em ler os textos indicados por seus professores, dos participantes das 1as séries registrou-se que 66,7% do curso de Biologia, 47,6% de Geografia, 49% de LEM responderam que algumas vezes gostam de ler os textos indicados, enquanto que 42,9% de

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Filosofia e 44,3% de LVC indicaram que freqüentemente gostam de ler esses textos, e 36% do curso de Matemática assinalaram que gostam de ler estes textos frequentemente e algumas vezes. Entre os participantes das 4as séries esses resultados foram semelhantes aos das 1as séries, visto que mais da metade dos participantes de Geografia (52,7%), LVC (53,8%), LEM (48,6%), Matemática (77,8%), Filosofia (81,8 %), Biologia (65%) informaram que algumas vezes gostavam de ler os textos indicados por seus professores.

Os resultados da pesquisa realizada tanto por Moreira (2007) como por Tanzawa (2009) foram similares aos que acabamos de descrever quanto esse aspecto, isto é, mais participantes indicaram que ocasionalmente gostavam de ler os textos prescritos por seus professores para estudo.

A Tabela 1 sintetiza as respostas dos participantes por curso e série

Tabela 1 -Leitura de textos de estudo: experiência e gosto por curso e série

Experiência Gosto % por Freqüência CURSO SÉRIE S N 5 4 3 2 1 1ª (n= 60; 63) 65 35 3,2 38,1 47,6 9,5 1,6 A 4ª (n= 54; 55) 83,3 16,7 - 21,8 52,7 20 5,5 1ª (n=51; 61) 52,9 47,1 9,8 44,3 37,7 3,6 1,6 B (n= 30; 39) 55,1 54,9 5,1 38,5 53,8 2,6 - 1ª (n= 49, 49) 59,2 26,8 2,7 40,1 49 8,2 - C (n= 37; 31) 53,1 42,9 2,7 37,8 48,6 10,8 - 1ª (n= 23; 24) 85,7 14,3 8 36 36 20 - D (n= 25; 18) 22,2 77,8 - 5,6 77,8 16,7 - 1ª (n= 21; 21) 62 38 19 42,9 33,3 4,8 - E (n= 10; 11) 100 - - 9,1 81,8 9,1 - 1ª (n= 18; 18) 33,3 66,7 5,6 27,8 66,7 - - F (n= 28; 40) 100 - 5 17,5 65 12,5 - 1ª (n= 242; n=237) 46 54 6,7 39,6 44,3 8,4 0,8 GERAL (n= 171; n= 200) 53 47 2,5 25 58,5 12,5 1,5

Obs: por série e item o total de respondentes por questão foi diferente. Os valores de n estão relacionados à ordem dos itens apresentados. Códigos: A=Geografia; B=Letras Vernáculas; C=Língua Estrangeira;

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D=Matemática; E=Filosofia; F= Ciências Biológicas; S=Sim; N=Não; 5=Sempre; 4=Frequentemente; 3=Algumas vezes; 2=Raramente; 1= Nunca.

A leitura de textos prescritos para estudo nem sempre é fácil para alunos universitários, conforme analisado por Carlino (2003). Os resultados deste estudo demonstram que tanto os recém-ingressos como os formandos dos cursos de licenciatura selecionados reconhecem como difíceis os textos indicados para estudo. Enfrentam dificuldade para lê-los, frequentemente 45% dos participantes da 1ª série do curso de Geografia, 42,6% de LVC, 39,5% de LEM. Entre os participantes dessa série, 56% do curso de Matemática, 61,1% de Biologia e 66,7% de Filosofia assinalaram que algumas vezes sentem essa dificuldade. Os participantes das 4as séries informaram, em sua maioria, que algumas vezes percebem os textos prescritos para estudo como difíceis (63,6% de Geografia; 61,1% de Matemática; 56,8% de LEM; 54,5% de Filosofia; 53,8% de LVC; 52,5% de Biologia).

Moreira (2007) verificou que 64% de suas participantes algumas vezes percebiam os textos indicados como difíceis. Por sua vez, Tanzawa (2009) constatou que independente da série em que seus participantes se encontravam matriculados no curso de Pedagogia, isto é, 64,3% dos da 1ª série e 63,6% da 4ª série, também consideraram algumas vezes os textos indicados para estudo como difíceis.

Para uma visualização comparativa quanto à freqüência relativa à dificuldade que sentem os participantes deste trabalho em ler os textos prescritos para estudo a Tabela 2 sumariza esses resultados.

Tabela 2 - Leitura de estudo: incidência quanto ao grau de dificuldade encontrada % por Frequência CURSO SÉRIE 5 4 3 2 1 1ª (n= 63) 3,2 36,5 52,4 7,9 - A 4ª (n= 55) 1,8 21,8 63,6 10,9 1,8 1ª (n= 61) 3,3 27,9 39,3 6,6 1,6 B 4ª (n= 39) - 30,8 53,8 15,4 - 1ª (n= 48) - 25 43,8 25 6,2 C 4ª (n= 37) 2,8 24,3 56,8 10,9 2,8 1ª (n= 25) 8 28 56 8 - D 4ª (n= 18) 5,5 22,2 61,1 11,1 - 1ª (n= 21) - 19 66,7 4,8 9,5 E 4ª (n= 11) 9,1 36,4 54,5 - - 1ª (n= 18) - 27,8 61,1 11,1 - F 4ª (n= 40) 2,5 25 52,5 17,5 2,5 1ª(n=236) 2,5 28,8 55 11 2,5 GERAL 4ª (n= 200) 2,5 25,5 58 12,5 1,5

Códigos: A=Geografia; B=Letras Vernáculas; C=Língua Estrangeira; D= Matemática; E=Filosofia; F= Ciências Biológicas; 5=Sempre; 4=Frequentemente; 3=Algumas vezes; 2=Raramente; 1= Nunca

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Os modos como os professores trabalham, em sala de aula, os textos que prescrevem para estudo podem instigar o interesse dos alunos em realizar tais leituras. Por exemplo, quando propõem discussão sobre o conteúdo tratado nesses textos e gerenciam a participação dos alunos. Um dos itens do instrumento utilizado solicitava que os respondentes avaliassem esses modos. De modo geral, os participantes percebem que os professores se preocupam em facilitar a participação da maioria dos alunos na discussão dos textos em sala de aula. Entre os participantes da 1ª série percebem que isso sempre acontece: 60,8% de LEM, 47,7% de Geografia, 43,5% de LVC, 38,1% de Filosofia, e 27,8% de Biologia apontaram frequentemente e algumas vezes com valores iguais. Já os participantes da 4ª série do curso de Filosofia assinalaram que isso acontece algumas vezes (63,6%) e 36,6% de Biologia indicaram que frequentemente tal ocorre, bem como 38,5% de Matemática da 1ª série. O mesmo total de participantes da 4ª série do curso de Matemática (33,3%) foi observado para as opções sempre e algumas vezes. Entre os participantes dos demais cursos, 42,1% de Geografia e 37,2% de LVC informaram que freqüentemente seus professores demonstram essa preocupação.

A Tabela 3 apresenta por curso e série os índices de como os participantes, percebem a preocupação de seus professores em envolver todos os alunos em sala de aula para discutirem os textos que prescreveram para estudo.

Tabela 3 - Opinião dos alunos quanto à participação de todos na discussão facilitada por seus professores % por Frequência CURSO SÉRIE 5 4 3 2 1 1ª (n= 65) 47,7 33,8 16,9 1,5 - A 4ª (n= 57) 8,8 42,1 31,6 17,5 - 1ª (n= 61) 43,5 38,7 12,9 3,2 1,6 B 4ª (n= 43) 30,2 37,2 30,2 2,3 - 1ª (n= 51) 60,8 27,5 9,9 - 1,9 C 4ª (n= 40) 36,9 34,3 23,7 5,3 - 1ª (n= 26) 34,6 38,5 23,1 3,8 - D 4ª (n= 18) 33,3 27,8 33,3 5,5 - 1ª (n= 21) 19 38,1 38,1 4,8 - E 4ª (n= 11) 18,2 18,2 63,6 - - 1ª (n= 18) 33,3 27,8 27,8 11,1 - F 4ª (n= 41) 14,6 36,6 34,1 12,2 2,4 1ª(n= 242) 44 35 17 3 1 GERAL 4ª (n= 210) 22 36 32 9 1 Códigos: A=Geografia; B=Letras Vernáculas; C=Língua Estrangeira; D= Matemática; E=Filosofia; F= Ciências Biológicas; 5=Sempre; 4=Frequentemente; 3=Algumas vezes; 2=Raramente; 1= Nunca

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Apesar da possível falta de experiência na leitura de textos como os indicados nos cursos que realizam, estudantes universitários, independente do grau de dificuldade que sintam ao lê-los, precisam produzir essas leituras e de modo ao que se espera que o façam nesse nível (CARLINO, 2003, DAUSTER, 2003). Mas quais são as principais preocupações que os movem para ler? Os registros das respostas dos participantes indicam que, de modo geral, a compreensão do texto é a maior preocupação. Entretanto, para alcançá-la diferentes são as estratégias que utilizam. Alguns da 1ª série buscam relacionar o texto prescrito para estudo relacionando-o a outros conhecimentos anteriores, buscando identificar as estratégias e ou argumentos usados pelo autor para conduzir a conclusão que propõe, como declaram 58,1% de LVC, 43,5% da Geografia e 43,7% de LEM.

Para outros participantes a maior preocupação ao lerem os textos indicados é a de interpretar o que o autor escreveu de modo a poderem posteriormente reproduzir essas informações (33,3% da 1ª série de Filosofia, por exemplo).

Quando indicaram a maior preocupação que têm quando produzem essas leituras prescritas para estudo, os participantes das 4as séries (56,8% de LVC; 55,4% de LEM; 50% de Geografia; 59% de Biologia, 81,9% de Filosofia, e 44,4% de Matemática) informaram que para eles era a de compreender o texto, relacionando-o a outros conhecimentos que já disponham, buscando identificar as estratégias e ou aos argumentos usados pelo autor para conduzir à conclusão que propõe. Alguns participantes dos cursos de Biologia, Filosofia e Matemática das 1as séries apontaram também a opção, interpretar o que o autor escreveu de modo a poder posteriormente reproduzir essas informações, sendo esta opção apontada por 33,3% dos de Filosofia, simultaneamente para o mesmo número de participantes a opção já citada anteriormente. Outros, como foi o caso de 41,2% de Biologia da 1ª série, indicaram que sua preocupação ao lerem os textos prescritos para estudo é a de compreender o texto, relacionando-o a outros conhecimentos que já dispunham, por fim os alunos de Matemática da 1ª séries (34,8%) em mesma quantidade apontaram que a principal preocupação com a leitura dos textos era a interpretar o que o autor escreveu de modo a poder posteriormente reproduzir essas informações, como também a de compreender o texto, relacionando-o a outros conhecimentos anteriores, buscando identificar as estratégias e ou argumentos usados pelo autor para conduzir a conclusão que propõe.

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Os demais índices por curso e série acerca da maior preocupação dos participantes ao lerem os textos indicados por seus professores para estudo podem ser lidos na Tabela 4.

Comparando esses resultados aos obtidos por Tanzawa (2009) pode-se perceber que seguem a mesma tendência dos constados por essa autora. Esta verificou que 44,4% dos participantes da 1ª série de Pedagogia apontaram que a principal preocupação ao ler um texto era compreendê-lo relacionando-o a outros conhecimentos que já dispunham, buscando identificar as estratégias ou argumentos usados pelo autor para conduzir à conclusão que propunha. Em contrapartida, para 59,1% dos participantes da 4ª série desse curso a autora registrou que a maior preocupação era a de apenas compreender os textos relacionando-os com os conhecimentos prévios.

Tabela 4 - Maior preocupação dos participantes ao lerem os textos prescritos para estudo % por Frequência CURSO SÉRIE 4 3 2 1 1ª (n= 62) 21 33,9 43,5 1,6 A 4ª (n= 54) 20,4 33,3 50 3,7 1ª (n= 62) 21 21 58,1 - B 4ª (n= 37) 6,2 32,4 56,8 - 1ª (n= 48) 33,3 22,9 43,7 - C 4ª (n= 35) 13,9 22,2 55,4 5,5 1ª (n= 23) 21,7 34,8 34,8 8,7 D 4ª (n= 18) 22,2 16,7 44,4 16,7 1ª (n= 21) 33,3 28,6 33,3 4,8 E 4ª (n= 11) 18,2 - 81,9 - 1ª (n= 17) 23,5 41,2 35,3 - F 4ª (n= 39) 17,9 23,1 59 - 1ª(n=233) 24,8 28,3 45 1,7 GERAL 4ª (n= 194) 15,9 26,8 53,6 3,6

Códigos: A=Geografia; B=Letras Vernáculas; C=Língua Estrangeira; D= Matemática; E= Filosofia; F=Ciências Biológicas. 4= Interpretar o que o autor escreveu de modo a poder posteriormente reproduzir essas informações; 3= Compreender o texto, relacionando-o a outros conhecimentos que já disponho; 2= Compreender o texto, relacionando-o a outros conhecimentos que já disponho, buscando identificar as estratégias e ou argumentos usados pelo autor para conduzir a conclusão que propõe; 1= Outra.

Diferentes são os modos e as estratégias usadas pelos professores para prescreverem os textos que os alunos devem estudar. Entre essas estratégias, a de contextualizar o autor e a sua obra é uma das recomendadas, visto que futuramente os alunos poderão utilizá-la quando forem lerem quaisquer textos. Segundo 54,7% dos participantes da 1ª série de Geografia, 39,2% de LEM e 34,7% dos de Matemática isso sempre ocorre por parte dos seus professores. Para 42,9% dos alunos de Filosofia, 45,2% desses participantes de LVC e para 38,9% de Biologia seus professores freqüentemente agem desse modo. Entre os participantes da 4ª série, enquanto que 47,4% dos de Geografia e 41,5% de Biologia algumas vezes percebem essa

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preocupação por parte dos professores, 58,1% de LVC, 36,4% de Filosofia e 44,4% de Matemática reconheceram que freqüentemente seus professores contextualizam os textos que indicam, e 35,2% de LEM indicaram que isso sempre acontece.

Esses e os demais resultados relativos à opinião dos participantes acerca desse cuidado por parte dos professores estão presentes na Tabela 5.

Tabela 5 - Percepção dos participantes quanto ao cuidado dos professores contextualizarem os textos que prescrevem

% por Frequência CURSO SÉRIE 5 4 3 2 1 1ª (n= 64) 54,7 32,8 10,9 1,6 - A 4ª (n= 57) 10,5 31,6 47,4 10,5 - 1ª (n= 62) 36,9 45,2 19,4 1,6 - B 4ª (n= 43) 23,3 58,1 16,3 2,6 - 1ª (n= 51) 39,2 37,3 21,7 1,8 - C 4ª (n= 37) 35,2 21,7 40,6 - 2,8 1ª (n= 26) 34,7 34,7 23,1 7,8 - D 4ª (n= 18) 16,6 44,4 22,2 11,1 5,6 1ª (n= 21) 19 42,9 33,3 4,8 - E 4ª (n= 11) 36,4 36,4 27,3 - - 1ª (n= 18) 33,3 38,9 27,8 - - F 4ª (n= 41) 4,9 39,1 41,5 14,6 - 1ª(n= 242) 39,2 38,4 19,8 2,4 - GERAL 4ª (n= 207) 18,3 38,1 35,2 7,2 0,9

Códigos: A=Geografia; B=Letras Vernáculas; C=Língua Estrangeira;D= Matemática; E= Filosofia; F= Ciências Biológicas. 5=Sempre; 4=Frequentemente; 3=Algumas vezes; 2=Raramente; 1= Nunca.

Ao responderem se o interesse ou desinteresse pela realização das leituras indicadas dependia do professor que as indicava, os resultados foram curiosos. Entre os participantes das 1as séries constatou-se que os do curso de Geografia ficaram divididos: 29,3% reconheceram que isso ocorria com freqüência e o mesmo total informou que essa condição ocorria em algumas vezes. Nos demais cursos dessa série, 36,1% de LVC; 36% de LEM indicaram que seus interesses pela leitura algumas vezes dependia de quem a indicou. Para 23,6% dos participantes da 4ª série de Geografia tal situação ocorria freqüentemente; outros tantos informaram que isso ocorria em algumas vezes e outros tantos, isto é, 23,6% indicaram que raramente a figura do professor era a variável que os movia a estudar os textos prescritos. Nos demais cursos registrou-se que 63,6% Filosofia da 4ª série, 59,5% de LVC, 53,8% da 1ª série de Matemática, 50% dessa série de Biologia e 37,8% de LEM registraram que essa condição, isto é, a figura do professor, algumas vezes influencia o interesse em lerem os textos de estudo.

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Os resultados obtidos neste trabalho relativos a esse aspecto são apresentados na Tabela 6.

Em sua pesquisa, Moreira (2007) obteve resultados similares em termos de tendência aos verificados entre os participantes deste estudo. Essa autora constatou que 48% das participantes assinalaram que em frequentemente o interesse pela leitura estava relacionado ao professor. Na mesma direção, por conseguinte, convergente com os resultados obtidos neste estudo, Tanzawa (2009) demonstrou que para 35,7% dos participantes da 1ª série do curso de Pedagogia e para 36,6% dos da 4ª série algumas vezes o professor influenciava o interesse em ler ou não os textos que prescrevia.

Tabela 6 - Importância da figura do professor para o interesse ou não dos participantes realizarem as leituras de estudo. % por Frequência CURSO SÉRIE 5 4 3 2 1 1ª (n= 58) 3,4 29,3 29,3 22,4 13,8 A 4ª (n= 56) 9,1 23,6 23,6 23,6 20 1ª (n= 61) 3,3 19,7 36,1 29,5 11,5 B 4ª (n= 42) 2,4 11,9 59,5 14,3 11,9 1ª (n= 50) 6 12 36 28 18 C 4ª (n= 38) 5,4 16,2 37,8 32,4 10,8 1ª (n= 26) 7,7 11,5 53,8 11,5 15,4 D 4ª (n= 17) 11,1 5,6 44,4 27,8 11,1 1ª (n= 21) 9,5 14,3 28,6 28,6 19 E 4ª (n= 11) - 27,3 63,6 9,1 - 1ª (n= 18) - 22,2 50 22,2 5,5 F 4ª (n= 39) 5,1 25,7 46,2 17,9 5,1 1ª(n= 234) 4,7 19,2 36,7 25,2 14,1 GERAL 4ª (n= 203) 4,4 18,7 43,2 21,6 11,3

Códigos: A=Geografia; B=Letras Vernáculas; C=Língua Estrangeira;D= Matemática; E=Filosofia; F=Ciências Biológicas. 5=Sempre; 4=Frequentemente; 3=Algumas vezes; 2=Raramente; 1= Nunca.

Além do professor outros fatores podem interferir no interesse dos alunos em lerem os textos indicados para estudo. As formas e modalidades utilizadas pelo professor para avaliar podem afetar o grau de interesse dos alunos para lerem os textos recomendados. Para 36,8% e 44,3% dos participantes, respectivamente, de Geografia e de LVC das 1as séries frequentemente esse interesse depende das formas de avaliação que o professor usa. Entre os participantes das 4as séries, as formas de avaliação do professor afetam frequentemente o interesse de 38,9% dos participantes de Geografia e de 37,9% de LEM, sendo que algumas vezes para 33,3% de LVC. Para os participantes dos cursos de Matemática, Filosofia e Biologia, o interesse depende algumas vezes, da forma de avaliação independente das séries, como pode ser visto na Tabela 7.

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Esses resultados diferem, em parte, dos relatados por Moreira (2007), pois essa autora provou que para 53% de suas participantes o interesse pela leitura sempre dependia do modo de como seriam avaliadas. Já os resultados de Tanzawa (2009) foram similares: na 1ª série do curso de Pedagogia esta autora concluiu que algumas vezes a avaliação era o que movia os participantes a lerem (39,3%), enquanto que observou que para 45,4% da 4ª série isso ocorria frequentemente.

Tabela 7 - A importância da avaliação para o interesse em ler os textos de estudo. % por Frequência CURSO SÉRIE 5 4 3 2 1 1ª (n= 57) 14 36,8 31,6 14 3,5 A 4ª (n= 50) 5,6 38,9 35,2 11,1 9,3 1ª (n= 61) 11,5 44,3 32,8 11,5 - B 4ª (n= 42) 11,9 31 33,3 14,3 9,5 1ª (n= 50) 10 26 40 18 6 C 4ª (n= 38) 10,9 37,9 29,8 13,6 10,9 1ª (n= 26) 7,7 30,8 34,6 7,7 19,2 D 4ª (n= 18) 11,1 5,6 72,2 11,1 - 1ª (n= 21) 9,5 33,3 42,9 4,8 9,5 E 4ª (n= 11) - 36,4 45,4 9,1 9,1 1ª (n= 18) 27,8 22,2 33,3 5,6 11,1 F 4ª (n= 39) 15,4 41 33,3 7,7 2,6 1ª(n= 233) 13 30 36 11 6 GERAL 4ª (n= 198) 10,1 34,8 35,8 11,6 7,5

Códigos: A=Geografia; B=Letras Vernáculas; C=Língua Estrangeira;D= Matemática; E=Filosofia; F=Ciências Biológicas. 5=Sempre; 4=Frequentemente; 3=Algumas vezes; 2=Raramente; 1= Nunca.

Considerações Finais

Por conta da pesquisa ter sido realizada junto a alunos de licenciatura, portanto provavelmente futuros professores, os resultados apontam inicialmente para a necessidade dos professores desses cursos se preocuparem com os modos e práticas que utilizam quando selecionam, indicam e trabalham as leituras que prescrevem para seus alunos. Isso porque futuramente, quando certificados e atuarem no campo serão responsáveis pela formação de novos leitores, independentemente do conteúdo que ensinarem (NEVES et al. 2003).

Como leitores os participantes deste estudo, inclusive os matriculados na última série dos cursos pode-se afirmar que de modo geral ainda estão longe de disporem de uma sólida formação como leitores autônomos. Sugere-se, então, que os professores não só devam ensinar os alunos a lerem os diferentes tipos de texto que indicam, como analisem como eles o fazem e instiguem-nos a ser mais autônomos quando leem.

A busca de conhecimento pode ser efetivada pela realização da leitura. Esta é uma atividade e prática fundamental para o exercício profissional, seja no campo da educação ou

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não. A leitura possibilita a quem a produz ficar atualizado(a) no seu campo. Para quem ensina em escolas, seu trabalho no âmbito da leitura pode ser tomado como exemplo e modelo a ser seguido por outros mais jovens. A ambiência criada por leitores autônomos e críticos em seus ambientes cotidianos, especialmente nos de trabalho, como no que ocorre quando o professor ensina, tem demonstrado ser efetiva para a formação de novos leitores com esse perfil.

Os resultados deste estudo evidenciam a necessidade dos professores universitários se preocuparem com o grau de dificuldade dos textos que prescrevem, com a sua contextualização e com as formas que utilizam para trabalhá-los em sala de aula – discussões e avaliações que propõem -, porque cada um desses cuidados sob sua responsabilidade pode influenciar o interesse e o modo como os alunos realizam a leitura desses textos e o seu interesse em lê-los. A importância disso se deve ao fato de que esses alunos serão futuros professores, isto é, formadores de leitores: o quê e como experienciam suas leituras ao longo de sua formação profissional afetará suas futuras práticas educativas, como ensina Tardif(.

REFERÊNCIAS

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<http://www.pucrio.br/sobrepuc/depto/educacao/downloads/livro.pdf>. Acesso: 25/3/2003. FREIRE, Paulo. Considerações em torno do ato de estudar. In:______. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 6. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. p. 9-12.

KONS, Maria Lúcia. Vestígios de poder em práticas de leitura. Revista da UFG, Goiânia, v. 7, n. 2, 2005. Disponível em:<www.proec.ufg.br>. Acesso em 15/3/2010.

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