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Deveres Aplicáveis às Entidades Financeiras e Não Financeiras

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Academic year: 2021

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Deveres Aplicáveis às Entidades Financeiras

e Não Financeiras

Objetivos

• Reconhecer cada um dos deveres legalmente estabelecidos; • Identificar as situações em que existem beneficiários efetivos;

• Reconhecer as pessoas politicamente expostas, aplicando os procedimentos operacionais adequados;

• Nomear as entidades de supervisão e as respetivas atribuições;

• Identificar quais as consequências do não cumprimento dos deveres legal-mente estabelecidos.

Plano

A) Enquadramento B) Entidades Sujeitas

C) Deveres Aplicáveis às Entidades Financeiras e Não Financeiras • Dever de Identificação • Dever de Diligência • Dever de Recusa • Dever de Conservação • Dever de Exame • Dever de Comunicação • Dever de Abstenção • Dever de Colaboração • Dever de Segredo • Dever de Controlo

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A) Enquadramento

Tanto as instituições financeiras como as entidades não financeiras são peças fundamen-tais no combate ao branqueamento e ao financiamento do terrorismo. Na verdade, a proliferação crescente do fenómeno do branqueamento e do terrorismo à escala mundial constitui, nos dias de hoje, uma verdadeira ameaça à estabilidade dos sistemas econó-micos, que torna vital a colaboração de todos nesta luta.

A Lei n.º 25/2008, de 5 de junho, estabelece um conjunto de deveres impostos a diversas entidades com o objetivo não só de combater o branqueamento e o financiamento do terrorismo, mas também de consciencializar todos os colaboradores dessas entidades para as ameaças que estas atividades acarretam.

Assim, tanto os colaboradores das entidades financeiras como os das não financeiras devem estar alerta e utilizarem toda a sua perspicácia e sensatez a fim de que, nas atividades por si desenvolvidas ou nas quais intervêm, não compactuem com o branqueamento de vantagens de proveniência ilícita nem com o financiamento do terrorismo.

Para tal, é cada vez mais importante o conhecimento (Know Your Customer) e acompa-nhamento de cada cliente (Customer Due Diligence).

A eficácia dos meios e procedimentos implementados passa também pela adoção de uma estratégia SMART.

Esta estratégia carateriza-se por ser: • Sistemática;

• Mensurável; • Atingível; • Rigorosa; • Tempestiva.

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Assim:

Caraterísticas de uma Estratégia SMART Sistemática

Na definição das normas internas da instituição, deve estar perfeitamente claro e acessível, para cada colaborador, e de acordo com as respetivas funções, quais os procedimentos a adotar no âmbito da prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo.

Mensurável

Para aferir o nível de cumprimento dos deveres, a área responsável internamente pela prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo deve conseguir aferir, a cada momento, o número de operações examinadas, as transações em que foram aplicadas medidas de diligência acrescida, além do número de transações suspeitas que foram reportadas.

Atingível

O cumprimento dos deveres de prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo não de que afetar, em momento algum, o normal desenvolvimento da atividade das entidades sujeitas. Assim, uma adequada política de prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo deve estabelecer, de forma, rigorosa e clara, as situações em que, de acordo com uma adequada abordagem baseada no risco, deverão ser envidados esforços acrescidos na análise e acompanhamento dos clientes e/ou transações a que tenha sido atribuído risco relevante.

Rigorosa

Uma estratégia deve pautar-se por regras que, ainda que possam ser flexíveis em algumas situações, nunca deverão colocar em causa a boa reputação da entidade.

Tempestiva

A repressão do branqueamento e do financiamento ao terrorismo será tanto mais efetiva quanto menor for o tempo decorrido entre a deteção da transação suspeita e a sua comunicação às entidades competentes.

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Analise o seguinte caso, ocorrido numa instituição de crédito

Numa cidade de província, determinado cliente de uma instituição de crédito tinha uma pequena mercearia.

O movimento bancário, embora regular, era de dimensão muito reduzida, porquanto a mercearia era, de facto, muito modesta e localizada numa também modesta zona da cidade.

Aconteceu, porém, que, a partir de determinado momento, o cliente passou a fazer regularmente depósitos de valor bastante mais elevado, com posteriores transferências para contas de outros bancos.

O gerente do balcão, ao fim de algum tempo, começou a estar atento a estes movi-mentos, motivado pela estranheza que os mesmos lhe suscitavam. Discretamente, tentou perceber o que estava a acontecer e, após algumas diligências, concluiu que, afinal, o movimento da mercearia continuava a ser o mesmo; por outro lado, como o cliente, tanto quanto era percetível, não exercia outra atividade, não encontrou justificação para aquele aumento de receitas.

Contactou a entidade que, no seu banco, tinha a responsabilidade de acompanhar as operações suspeitas de branqueamento e de financiamento ao terrorismo, relatando os factos descritos, a qual, por seu lado, os analisou detalhadamente, reportando-os depois às autoridades policiais competentes.

Na sequência da investigação desenvolvida pelas autoridades policiais, concluiu-se que, afinal, o cliente integrava uma rede de branqueamento, cujos cabecilhas se encontravam noutro país.

Como pode verificar a partir deste caso, o facto de o gerente de balcão ter estado atento e alerta para a atividade desenvolvida pelo seu cliente originou uma situação de suspeita fundada, a qual contribuiu positivamente para a deteção de uma rede de branqueamento.

Aqui está um exemplo da forma como a perspicácia dos colaboradores pode evitar a utilização do sistema financeiro para efeitos de branqueamento e de financiamento ao terrorismo.

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Analise o seguinte caso

Durante 3 anos, a corretora Up teve um cliente que, em regra, dava ordens de compra e de venda de ações, com bastante liquidez, de empresas nacionais consideradas de risco baixo ou moderado, cujos montantes envolvidos eram pouco significativos. A periodicidade dessas ordens era, geralmente, semanal e os montantes correspon-dentes às vendas solicitadas voltavam a ser reaplicados na compra de outros ativos. No quarto ano, este cliente alterou substancialmente a sua forma de atuação. Assim, e apesar de os montantes envolvidos em cada transação continuarem a ser pouco significativos:

• As ordens de compra e venda passaram a ser efetuadas diariamente;

• Três vezes por mês começaram a ser dadas ordens de venda das ações, com menos-valias reiteradas, sendo posteriormente efetuados levantamentos em numerário ou solicitadas transferências para uma conta de um banco com sede em território considerado como não cumpridor das boas práticas sobre prevenção e repressão do branqueamento e do financiamento ao terrorismo;

• Por diversas vezes foram efetuadas operações bilaterais sobre ações de uma empresa internacional com sede nas Ilhas Fiji.

A corretora Up, ao analisar os dados relativos ao cliente e não encontrar qualquer justificação para esta forma de atuação, resolveu comunicar as suas suspeitas às autoridades competentes, tendo-se iniciado a investigação.

Posteriormente veio a apurar-se que este cliente havia sido aliciado para integrar uma organização criminosa e que estava a iniciar-se na atividade de branqueamento, efetuando inúmeras transações com diversas entidades, tanto financeiras como não financeiras.

Acompanhe agora a situação seguinte

Um senhor dirige-se a um ponto de venda do concessionário de automóveis, pretendendo adquirir, a pronto pagamento, uma viatura no montante de 21 000 €.

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B) Entidades Sujeitas

Quais são, então, as entidades sujeitas à legislação sobre prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo?

Nos termos do art.º 3.º da Lei n.º 25/2008, de 5 de junho, esta legislação aplica-se às seguintes entidades financeiras com sede em território nacional:

• Instituições de crédito;

• Empresas de investimento1 e outras sociedades financeiras;

• Entidades que tenham a seu cargo a gestão ou comercialização de fundos de capital de risco;

• Organismos de investimento coletivo que comercialize as suas unidades de partici-pação;

• Empresas de seguros e mediadores de seguros que exerçam a atividade referida na alínea c) do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 144/2006, de 31 de julho, (com exceção dos mediadores de seguros mencionados no artigo 8.º do referido Decreto-Lei), na medida em que exerçam atividades no âmbito do ramo “Vida”;

• Sociedades gestoras de fundos de pensões; • Sociedades de titularização de créditos; • Sociedades e investidores de capital de risco; • Sociedades de consultoria para investimento;

• Sociedades que comercializem bens ou serviços afetos ao investimento em bens corpóreos;

• Instituições de pagamento; • Instituições de moeda eletrónica.

São igualmente abrangidas as sucursais situadas em território português que tenham sede no estrangeiro, bem como as sucursais financeiras exteriores.

Pare efeitos desta Lei, também são consideradas entidades financeiras as entidades que prestem serviços postais e o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público, IP, atualmente designado Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP, EPE, na medida em que prestem serviços financeiros ao público.

Do exposto, resulta um conceito abrangente de entidade financeira, de modo a abarcar o maior número possível de instituições, com o objetivo de evitar potenciais situações de branqueamento e de financiamento ao terrorismo.

1 Consideram-se empresas de investimento as entidades referidas no n.º 2 do art.º 293.º do Código de

Valores Mobiliários, ou seja, sociedades corretoras, sociedades financeiras de corretagem, sociedades gestoras de patrimónios e outras que como tal sejam qualificadas por Lei ou que, não sendo instituições de

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As entidades financeiras, além de estarem sujeitas às disposições gerais em vigor, têm algumas especificidades, que é fundamental conhecer.

Para efeitos da Lei n.º 25/2008, de 5 de junho, são consideradas entidades não fi-nanceiras, e desde que exerçam atividade em território nacional, as seguintes entidades:

• Concessionários de exploração de jogo em casinos; • Entidades pagadoras de prémios de apostas ou lotarias;

• Entidades exploradoras de jogos de fortuna ou azar, de apostas desportivas à cota e de apostas hípicas, mútuas ou à cota, quando praticadas à distância, através de suportes eletrónicos, informáticos, telemáticos e interativos, ou por quaisquer outros meios (jogos e apostas online);

• Entidades que exerçam atividades de mediação imobiliária e de compra e revenda de imóveis, bem como entidades construtoras que procedam à venda direta de imóveis;

• Comerciantes que transacionem bens cujo pagamento seja efetuado em numerário, em montante igual ou superior a 15 000 €, independentemente de a transação ser realizada através de uma única operação ou de várias operações aparentemente relacionadas entre si;

• Revisores oficiais de contas, contabilistas certificados (anteriormente designados técnicos oficiais de contas), auditores externos e consultores fiscais;

• Notários, conservadores de registos, advogados, solicitadores e outros profissionais independentes, constituídos em sociedade ou em prática individual, que intervenham ou assistam, por conta de um cliente ou noutras circunstâncias, em operações:

– De compra e venda de bens imóveis, estabelecimentos comerciais e participações sociais;

– De gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos pertencentes a clientes; – De abertura e gestão de contas bancárias, de poupança ou de valores mobiliários; – De criação, exploração, ou gestão de empresas ou estruturas de natureza análoga,

bem como de centros de interesses coletivos sem personalidade jurídica; – Financeiras ou imobiliárias, em representação do cliente;

– De alienação e aquisição de direitos sobre praticantes de atividades desportivas profissionais;

• Prestadores de serviços a sociedades, a outras pessoas coletivas ou centros de interesses coletivos sem personalidade jurídica1 que não estejam abrangidos nos

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Esta disposição legal não é aplicável às empresas dos setores turístico e de viagens, autorizadas a exercer, de modo acessório e limitado, a atividade de câmbio manual de divisas (nos termos do disposto no Decreto-Lei n.º 295/2003, de 21 de novembro). As entidades não financeiras estão sujeitas aos deveres enunciados no artigo 6.º da Lei n.º 25/2008, de 5 de junho, com algumas especificações e de acordo com as normas regulamentares emitidas pelo membro do Governo responsável pelo respetivo setor de atividade ou pelas autoridades de fiscalização legalmente competentes para o efeito.

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C)

Deveres Aplicáveis às Entidades Financeiras

e Não Financeiras

Tendo em consideração que a prevenção e a repressão do branqueamento e do finan-ciamento ao terrorismo é uma atribuição comum a diversas entidades financeiras e não financeiras, a legislação em vigor (Lei n.º 25/2008, de 5 de junho) consagra um conjun-to de obrigações que essas entidades devem respeitar.

Deveres de Prevenção do Branqueamento e do Financiamento ao Terrorismo • Identificação; • Diligência; • Recusa; • Abstenção; • Conservação; • Exame; • Comunicação; • Colaboração; • Segredo; • Controlo; • Formação.

O incumprimento destes deveres pode gerar responsabilidade contraordenacional e/ou responsabilidade criminal.

Em que consiste cada um destes deveres?

Dever de Identificação

Este dever traduz-se na obrigatoriedade de as entidades sujeitas exigirem e verificarem a identidade dos seus clientes e dos respetivos representantes.

A verificação da identidade deve ser efetuada:

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Quando o cliente for uma pessoa coletiva ou um centro de interesses coletivos sem personalidade jurídica ou, em qualquer caso, sempre que haja conhecimento ou fundada suspeita de que um cliente não atua por conta própria, devem as entidades sujeitas obter do cliente informação que permita conhecer a identidade do beneficiário efetivo, devendo ser tomadas as adequadas medidas de verificação da mesma, em função do risco de branqueamento ou de financiamento do terrorismo.

Em que consiste a figura do “beneficiário efetivo”?

Para os efeitos previstos na Lei n.º 25/2008, de 5 de junho, deve-se considerar como beneficiário efetivo a(s) pessoa(s) singular(es) que, em última instância, detém(êm) a propriedade ou o controlo do cliente e/ou a(s) pessoa(s) singular(es) por conta de quem é realizada uma operação ou atividade, incluindo, pelo menos:

• No caso das entidades societárias:

– A pessoa ou pessoas singulares que, em última instância, detêm a propriedade ou o controlo, direto ou indireto, de uma percentagem suficiente de ações ou dos direitos de voto ou de participação no capital de uma pessoa coletiva (incluindo através da detenção de ações ao portador) ou que exercem controlo por outros meios sobre essa pessoa coletiva (que não seja uma sociedade cotada num mercado regulamentado sujeita a requisitos de divulgação de informações consentâneos com o direito da União ou sujeita a normas internacionais equivalentes que garantam suficiente transparência das informações relativas à propriedade). Para este efeito considera-se que:

– É um indício de propriedade direta a detenção, por uma pessoa singular, de uma percentagem de 25% de ações mais uma ou de uma participação no capital do cliente superior a 25%;

– É um indício de propriedade indireta a detenção de uma percentagem de 25% de ações mais uma ou de uma participação no capital do cliente de mais de 25% por uma entidade societária que está sob o controlo de uma ou várias pessoas singulares, ou por várias entidades societárias que estão sob o controlo da mesma pessoa ou pessoas singulares;

– O controlo através de outros meios é determinado, nomeadamente, segundo os critérios estabelecidos no artigo 22.º, n.os 1 a 5, da Diretiva 2013/34/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de 2013.

– A(s) pessoa(s) singular(es) que detém(êm) a direção de topo se, depois de esgotados todos os meios possíveis e não havendo motivos de suspeita, não tiver sido identificada nenhuma pessoa nos termos suprarreferidos, ou se subsistirem dúvidas de que a(s) pessoa(s) identificada(s) seja(m) o(s) beneficiário(s) efetivo(s).

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• No caso dos fundos fiduciários (trusts): – O fundador (settlor);

– O administrador ou administradores fiduciários (trustees) de fundos fiduciários; – O curador, se aplicável;

– Os beneficiários ou, se as pessoas que beneficiam do centro de interesses coletivos sem personalidade jurídica ou da pessoa coletiva não tiverem ainda sido determinadas, a categoria de pessoas em cujo interesse principal o centro de interesses coletivos sem personalidade jurídica ou a pessoa coletiva foi constituído ou exerce a sua atividade;

– Qualquer outra pessoa singular que detenha o controlo final do trust através de participação, direta ou indireta, ou através de outros meios.

• No caso das pessoas coletivas como as fundações e centros de interesses coletivos sem personalidade jurídica, similares a fundos fiduciários (trusts):

– O(s) fundador(es), se aplicável; – O(s) administrador(es);

– O(s) curador(es), se aplicável;

– Os beneficiários ou, se as pessoas que beneficiam do centro de interesses coletivos sem personalidade jurídica ou da pessoa coletiva não tiverem ainda sido determinadas, a categoria de pessoas em cujo interesse principal o centro de interesses coletivos sem personalidade jurídica ou a pessoa coletiva foi constituído ou exerce a sua atividade;

– Qualquer outra pessoa singular que detenha o controlo final da entidade através de participação, direta ou indireta, ou através de outros meios.

As entidades obrigadas conservam registos de todas as ações levadas a cabo para identificar os beneficiários efetivos.

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Porque é que está consagrado o dever de identificação?

O principal objetivo consiste em evitar que os agentes que procedem ao branqueamento ou ao financiamento do terrorismo beneficiem de anonimato para desenvolverem as suas atividades ilícitas. Por esse motivo, deve ser feita uma correta identificação do cliente, com o intuito de obter informações corretas e fidedignas.

Além disso, é essencial detetar os clientes duvidosos e, no caso das instituições de crédito, não aceitar contas anónimas nem contas sob nomes fictícios.

É importante salientar que esta situação também se aplica às restantes entidades finan-ceiras e não finanfinan-ceiras.

Note que a má vontade ou a renitência dos clientes em prestar esclarecimentos sobre a identificação e outras informações são elementos que permitem aos colaboradores das entidades financeiras e não financeiras decidirem se devem ou não realizar alguma operação com aquele(a) indivíduo/entidade.

Sendo a adulteração de documentos de identifi-cação uma realidade inquestionável, é fundamen-tal referir que os mesmos devem ser objeto de uma análise atenta, tendo especial atenção, sempre que seja aplicável, aos seguintes aspetos:

• Comparação entre a altura indicada e o titular a quem pertence a documentação;

• Solicitar que a assinatura de quaisquer documen-tos seja presencial e comparar com a que consta do documento de identificação apresentado; • Confirmar se a fotografia do documento exibido

corresponde às principais caraterísticas fisionó-micas da pessoa que apresenta o documento.

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Em que circunstâncias tem de ser cumprido o dever de identificação? As entidades financeiras e não financeiras têm o dever de exigir e verificar a identidade dos seus clientes e dos respetivos representantes:

• Quando estabeleçam relações de negócio;

• Quando efetuem transações ocasionais de montante igual ou superior a 15 000 €, independentemente de a transação ser realizada através de uma única operação ou de várias operações que aparentem estar relacionadas entre si; • Quando se suspeite que as operações, independentemente do seu valor e de

qualquer exceção ou limiar, possam estar relacionadas com o crime de branqueamento ou de financiamento do terrorismo;

• Quando haja dúvidas quanto à veracidade ou à adequação dos dados de identificação dos clientes, previamente obtidos.

Deve ser tipificada como relação de negócio a relação de natureza comercial ou profissional entre as entidades sujeitas e os seus clientes que, no momento em que se estabelece, se prevê venha a ser ou seja duradoura.

É considerada transação ocasional qualquer transação efetuada pelas entida-des sujeitas fora do âmbito de uma relação de negócio já estabelecida.

No caso de concessionários de exploração de jogo em casinos o dever de identificação aplica-se quando estão envolvidos valores iguais ou superiores a 2 000 €.

No caso de entidades pagadoras de prémios de apostas ou lotarias, este dever aplica-se quando estejam em causa montantes iguais ou superiores a 5 000 €.

Se existirem beneficiários efetivos, as entidades sujeitas devem obter do cliente informação que permita conhecer a sua identidade. Neste caso, e numa ótica de

Risk-Based Approach (RBA ou, na versão portuguesa, Abordagem Baseada no Risco),

as medidas de verificação da identidade do beneficiário efetivo devem ser tomadas de acordo com o nível de risco atribuído internamente pela instituição.

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A suspeita de que uma determinada operação pode estar associada ao branqueamento ou ao financiamento do terrorismo pode resultar de um conjunto diverso de situações. Em relação à operação devemos ter em conta, entre outras:

• A natureza; • A complexidade;

• O caráter atípico ou não habitual em relação ao perfil ou atividade do cliente; • Os valores envolvidos;

• A frequência; • O local de origem; • O local de destino;

• A situação económica e financeira dos intervenientes; • Os meios de pagamentos utilizados, etc.

Havendo suspeita, existe um dever especial de identificar o cliente através dos meios adequados.

Convém salientar que o dever de identificação tem algumas especificidades para as entidades financeiras e para as entidades não financeiras.

Em que momento deve ser feita a verificação da identidade?

A verificação da identidade do cliente, dos seus representantes e, quando for o caso, do beneficiário efetivo, deve ter lugar no momento em que seja estabelecida a relação de negócio ou antes da realização de qualquer transação ocasional. Quando o risco de branqueamento ou de financiamento do terrorismo seja limi-tado e se o contrário não resultar de norma legal ou regulamentar aplicável à atividade da entidade sujeita, a verificação da identidade pode ser completada após o início da relação de negócio, se tal se mostrar indispensável para a exe-cução da operação, devendo os procedimentos de identificação ser concluídos no mais curto prazo possível.

No caso de abertura de contas de depósito bancário, as instituições de crédito não podem permitir a realização de quaisquer movimentos a débito ou a crédito na conta subsequentes ao depósito inicial, disponibilizar quaisquer instrumentos de pagamento sobre a conta ou efetuar quaisquer alterações na sua titularidade, enquanto não se mostrar verificada a identidade do cliente, de acordo com as disposições legais ou regulamentares aplicáveis.

No caso dos contratos de seguro do ramo Vida, a verificação da identidade do beneficiário da apólice pode ocorrer depois de estabelecida a relação de negócio, mas sempre antes ou aquando do pagamento de qualquer benefício ou antes ou aquando da data em que o beneficiário tenciona exercer os direitos conferidos pela apólice.

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Dever de Diligência

No âmbito deste dever, e para além da identificação dos clientes, representantes e beneficiários efetivos, as entidades sujeitas devem:

• Tomar medidas adequadas para compreender a estrutura de propriedade e de controlo do cliente, quando este for uma pessoa coletiva ou um centro de interesses coletivos sem personalidade jurídica;

• Obter informação sobre a finalidade e a natureza pretendida da relação de negócio;

• Obter informação, quando o perfil de risco do cliente ou as caraterísticas da operação o justifiquem, sobre a origem e o destino dos fundos movimentados no âmbito de uma relação de negócio ou na realização de uma transação ocasional; • Manter um acompanhamento contínuo da relação de negócio, a fim de assegurar

que tais transações são consentâneas com o conhecimento que a entidade tem das atividades e do perfil de risco do cliente;

• Manter atualizados os elementos de informação obtidos no decurso da relação de negócio.

Os procedimentos de diligência devida em relação à clientela são aplicáveis quer aos novos clientes, quer aos existentes, de modo regular e em função do nível de risco existente.

Note que...

No cumprimento dos deveres de identificação e de diligência, as entidades sujeitas podem adaptar a natureza e a extensão dos procedimentos de verificação e das medidas de diligência, em função do risco associado:

• Ao tipo de cliente; • À relação de negócio; • Ao produto;

• À transação;

• À origem ou destino dos fundos.

As entidades sujeitas devem estar em condições de demonstrar a adequação dos

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Quais são os casos em que o dever de identificação e o dever de diligência podem ser simplificados ou têm de ser reforçados?

Dever de diligência simplificado

Exceto nos casos em que existam suspeitas de branqueamento ou de financiamento do terrorismo, as entidades sujeitas ficam dispensadas do cumprimento do dever de identificação e do dever de diligência nas seguintes situações:

• Quando o cliente seja uma entidade financeira estabelecida em qualquer Estado- -membro da União Europeia, ou num país terceiro equivalente em matéria de pre-venção do branqueamento e do financiamento do terrorismo;

• Quando o cliente seja uma sociedade cotada cujos valores mobiliários tenham sido admitidos à negociação num mercado regulamentado1 em qualquer Estado-membro da União Europeia, bem como sociedades cotadas em mercados de países terceiros e que estejam sujeitas a requisitos de divulgação de informação equivalentes aos exigidos pela legislação comunitária, conforme publicitação a efetuar pela autoridade de supervisão do respetivo setor;

• Quando o cliente seja o Estado, as regiões autónomas ou as autarquias locais ou uma pessoa coletiva de direito público, de qualquer natureza, integrada na administração central, regional ou local;

• Quando o cliente seja uma autoridade ou organismo público sujeito a práticas contabilísticas transparentes e objeto de fiscalização, incluindo as instituições previstas no tratado que instituiu a Comunidade Europeia e outras que venham a ser enunciadas em lista a divulgar por portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças;

• Quando o cliente seja a entidade que presta serviços postais ou o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público, IP, atualmente designado Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP, EPE;

• Relativamente aos beneficiários efetivos de contas-clientes abertas em instituições de crédito, que sejam tituladas por advogados ou solicitadores estabelecidos em Portugal, desde que se encontre assegurada, mediante declaração prestada perante a instituição onde a conta se encontra aberta e no momento da abertura, a disponibilização imediata da identidade do beneficiário efetivo, quando solicitada pela instituição de crédito.

1 Na aceção do artigo 199.º do Código dos Valores Mobiliários, são considerados mercados regulamentados os sistemas que, tendo sido autorizados como tal por qualquer Estado-membro da União Europeia,

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Note que...

Apesar de estes casos se traduzirem na dispensa do cumprimento dos deveres de identificação e de diligência, as entidades sujeitas devem recolher informação suficiente para verificar se o cliente se enquadra numa das categorias ou profissões referidas, bem como acompanhar a relação negocial de forma a poder detetar transações complexas ou de valor anormalmente elevado que não aparentem ter objetivo económico ou fim lícito.

Dever de diligência reforçado

Para além do cumprimento do dever de identificação e do dever de diligência, as entidades sujeitas devem aplicar medidas acrescidas de diligência em relação aos clientes e às operações que, pela sua natureza ou caraterísticas, possam revelar um maior risco de branqueamento ou de financiamento do terrorismo.

Sem prejuízo de regulamentação emitida pelas autoridades competentes, nos casos em que a operação tenha lugar sem que o cliente ou o seu representante estejam fisicamente presentes, a verificação da identidade pode ser complementada por um dos seguintes meios:

• Documentos ou informações suplementares considerados adequados para verificar ou certificar os dados fornecidos pelo cliente, facultados, designadamente, por uma entidade financeira;

• Realização do primeiro pagamento relativo à operação através de uma conta aberta em nome do cliente junto de uma instituição de crédito.

São sempre aplicáveis medidas acrescidas de diligência às operações:

• Realizadas à distância e, especialmente, às que possam favorecer o anonimato; • Efetuadas com pessoas politicamente expostas que residam fora do território

nacional1;

• De correspondência bancária com instituições de crédito estabelecidas em países terceiros;

• Designadas pelas autoridades de supervisão ou de fiscalização do respetivo setor, desde que legalmente habilitadas para o efeito.

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Quanto às relações de negócio ou transações ocasionais com pessoas politicamente expostas residentes fora do território nacional, as entidades sujeitas devem:

• Dispor de procedimentos adequados e baseados no risco para determinar se o cliente pode ser considerado uma pessoa politicamente exposta;

• Obter autorização da hierarquia imediata antes de estabelecer relações de negócio com tais clientes;

• Tomar as medidas necessárias para determinar a origem do património e dos fundos envolvidos nas relações de negócio ou nas transações ocasionais;

• Efetuar um acompanhamento contínuo acrescido da relação de negócio.

Quem deve ser considerado Pessoa Politicamente Exposta1?

De acordo com a lei, deverão ser tipificadas como pessoas politicamente expostas as pessoas singulares que desempenham, ou desempenharam até há um ano, altos cargos de natureza política ou pública, bem como os membros próximos da sua família e pessoas que reconhecidamente tenham com elas estreitas relações de natureza societária ou comercial.

Para este efeito, consideram-se:

Altos cargos de natureza política ou pública:

• Chefes de Estado, chefes de Governo e membros do Governo, designadamente ministros, secretários e subsecretários de Estado;

• Deputados ou membros de câmaras parlamentares;

• Membros de supremos tribunais, de tribunais constitucionais, de tribunais de contas e de outros órgãos judiciais de alto nível, cujas decisões não possam ser objeto de recurso, salvo em circunstâncias excecionais;

• Membros de órgãos de administração e fiscalização de bancos centrais; • Chefes de missões diplomáticas e de postos consulares;

• Oficiais de alta patente das Forças Armadas;

• Membros de órgãos de administração e de fiscalização de empresas públicas e de socie-dades anónimas de capitais exclusiva ou maioritariamente públicos, institutos públicos, fundações públicas, estabelecimentos públicos, qualquer que seja o modo da sua desig-nação, incluindo os órgãos de gestão das empresas integrantes dos setores empresariais regionais e locais;

• Membros dos órgãos executivos das Comunidades Europeias e do Banco Central Europeu; • Membros de órgãos executivos de organizações de direito internacional.

Membros próximos da família:

• O cônjuge ou unido de facto;

• Os pais, os filhos e os respetivos cônjuges ou unidos de facto.

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Pessoas com reconhecidas e estreitas relações de natureza societária ou comercial:

• Qualquer pessoa singular que seja notoriamente conhecida como proprietária conjunta com o titular do alto cargo de natureza política ou pública de uma pessoa coletiva, de um centro de interesses coletivos sem personalidade jurídica ou que com ele tenha relações comerciais próximas;

• Qualquer pessoa singular que seja proprietária do capital social ou dos direitos de voto de uma pessoa coletiva ou do património de um centro de interesses coletivos sem personalidade jurídica que seja notoriamente conhecido como tendo como único beneficiário efetivo o titular do alto cargo de natureza política ou pública.

Dever de Recusa

As entidades sujeitas devem recusar efetuar qualquer operação em conta bancária, iniciar uma relação de negócio ou realizar qualquer transação ocasional quando:

• Não forem facultados os elementos relativos à identificação do cliente, do seu representante ou do beneficiário efetivo, caso exista;

• Não for fornecida a informação sobre:

– A estrutura de propriedade e controlo do cliente; – A natureza e a finalidade da relação de negócio; – A origem e o destino dos fundos.

Sempre que ocorrer esta recusa, as entidades sujeitas devem analisar as circunstâncias que a determinaram e, se suspeitarem que a situação pode estar relacionada com a prática de um crime de branqueamento ou de financiamento do terrorismo, devem:

• Efetuar a comunicação de transação suspeita às autoridades competentes; • Ponderar pôr termo à relação de negócio.

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Dever de Conservação

Este dever incide sobre dois tipos de documentos:

Documentos de Identificação Documentos das Operações

As cópias ou referências aos documentos comprovativos do cumprimento do dever de identificação e de diligência devem ser conservadas por um período de sete anos:

• Após o momento em que a identificação se processou; ou,

• No caso das relações de negócio, após o termo das mesmas.

Os originais, cópias, referências ou quais-quer suportes duradouros, com idêntica força probatória, dos documentos com-provativos e dos registos das opera-ções devem ser sempre conservados, de molde a permitir a reconstituição da ope-ração, durante um período de sete anos a contar da sua execução, ainda que, no caso de se inserir numa relação de ne-gócio, esta última já tenha terminado.

Analise a seguinte situação

Em janeiro de 2014, o Banco Lusitânia iniciou relação de negócios e efetuou di-versas operações solicitadas por um cliente, António, dono de um restaurante. Por esse motivo, cumprindo o dever de exigir identificação que lhe é imposto, o Banco Lusitânia procedeu à identificação do seu cliente através dos meios adequados. Assim, António apresentou ao balcão do Banco Lusitânia o seu cartão de cidadão e o colaborador bancário tirou fotocópia do mesmo. Esta fotocópia (ou a digitalização do documento), constituindo documento de identificação do cliente, deve ser con-servada pelo Banco Lusitânia enquanto durar a relação de negócios.

Relativamente aos documentos das operações, terão de ser mantidos durante um período mínimo de sete anos a contar da sua execução.

Porém, imagine que António decide encerrar a sua conta no Banco Lusitânia em abril de 2020. Nesse caso, esta instituição vai ter de guardar os documentos de identificação de António até abril de 2027, pois tem o dever de conservar os do-cumentos de identificação dos seus clientes pelo menos durante sete anos após a cessação da relação de negócios com o cliente.

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Dever de Exame

Acompanhe agora uma outra situação

O gerente de uma agência de uma instituição de crédito em Portugal foi contactado por um indivíduo que se apresentou como sendo gestor de um banco espanhol com interesses em Portugal, informando-o de que pretendia fazer um depósito de algum dinheiro por conta de um seu cliente.

Dias depois, chegou a essa agência com 2 biliões de euros, transportados em duas pastas e acondicionados em pequenos sacos.

Pretendia efetuar o depósito desse dinheiro em nome de um cidadão holandês, que vivia na Bolívia, esclarecendo que o dinheiro era proveniente da venda de petróleo. Porém, um cidadão espanhol a pretender efetuar um depósito avultado em euros, num banco português, por conta de um cliente holandês a residir na Bolívia, não podia deixar de suscitar estranheza. Assim, o gerente do balcão solicitou a apresentação dos documentos comprovativos da origem do dinheiro.

Dois dias depois, apareceu novamente o cidadão espanhol, acompanhado do tal suposto cidadão holandês, reafirmando que, de facto, o dinheiro era originário da venda de petróleo e que iriam apresentar os documentos comprovativos desse mesmo negócio. No entanto, tais comprovativos nunca foram apresentados.

Por isso, o banco, através do órgão responsável pelo acompanhamento dos casos suspeitos de branqueamento, contatou as autoridades judiciais.

Todavia, a operação bancária em causa comportava em si a dificuldade de estabelecer a ligação com o crime subjacente, situação com que as autoridades judiciais e policiais frequentemente se confrontam.

De qualquer forma, atendendo aos contornos da operação e ao respetivo valor, foi decretada a apreensão judicial do dinheiro, embora, de acordo com o despacho do juiz, apenas por um período de tempo relativamente curto.

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O sucesso deste caso só foi possível pelo facto de a instituição de crédito ter cumprido os diversos deveres impostos, entre os quais o dever de exame.

Mas em que é que se traduz o dever de exame?

O dever de exame traduz-se na obrigatoriedade de as entidades financeiras e não financeiras, sem prejuízo do dever de diligência reforçado, examinarem com especial cuidado e atenção, de acordo com a sua experiência profissional, qualquer conduta, atividade ou operação cujos elementos caraterizadores a tornem particularmente suscetível de poder estar relacionada com o branqueamento ou o financiamento do terrorismo.

Para este efeito, relevam especialmente os seguintes elementos caraterizadores:

• A natureza, a finalidade, a frequência, a complexidade, a invulgaridade e a atipicidade da conduta, atividade ou operação;

• A aparente inexistência de um objetivo económico ou de um fim lícito associado à conduta, atividade ou operação;

• O montante, a origem e o destino dos fundos movimentados; • Os meios de pagamento utilizados;

• A natureza, a atividade, o padrão operativo e o perfil dos intervenientes; • O tipo de transação ou produto que possa favorecer especialmente o

anonimato.

A aferição do grau de suspeição evidenciado por uma conduta, atividade ou operação não pressupõe necessariamente a existência de qualquer tipo de documentação confirmativa da suspeita, antes decorrendo da apreciação das circunstâncias concretas, à luz dos critérios de diligência exigíveis a um profissional, na análise da situação.

Os resultados obtidos no âmbito do cumprimento do dever de exame devem ser reduzidos a escrito e conservados pelo período mínimo de cinco anos, ficando ao dispor dos auditores, quando existam, e das entidades de supervisão e fiscalização.

Dever de Comunicação

As entidades financeiras e não financeiras devem informar as autoridades competentes sempre que tenham a suspeita ou o conhecimento de factos que indiciem uma situação de branqueamento ou de financiamento do terrorismo.

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Independentemente de a suspeita resultar do dever de diligência, do dever de exame imposto a essas entidades ou por qualquer outro meio, a lei impõe que as entidades que detetem essas situações indiciadoras de branqueamento ou de financiamento do terrorismo as comuniquem às autoridades competentes.

Como é feita a comunicação de situações indiciadoras de branqueamento ou de financiamento ao terrorismo?

As entidades sujeitas devem, por sua própria iniciativa, informar de imediato o Procurador-Geral da República1 e a Unidade de Informação Financeira sempre que

saibam, suspeitem ou tenham razões suficientes para suspeitar que teve lugar, está em curso ou foi tentada uma operação suscetível de configurar a prática do crime de branqueamento ou de financiamento do terrorismo.

Note que…

A Procuradoria-Geral da República tem um departamento específico para a investigação e ação penal de alguns tipos de crime, entre os quais o crime de branqueamento e o de financiamento ao terrorismo. O objetivo do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) é coordenar, investigar e desenvolver medidas de prevenção de crimes violentos e organizados.

Assim, é o DCIAP que tem a responsabilidade de coordenar as investigações relativas ao branqueamento e ao financiamento do terrorismo. No âmbito dessas funções de coordenação, o DCIAP desenvolve formas de articulação entre os diversos departamentos e serviços dos órgãos de polícia criminal, tendo em vista simplificar os procedimentos e conferir eficácia aos mesmos.

Além disso, o DCIAP, em colaboração com os Departamentos de Investigação e Ação Penal das sedes dos distritos judiciais, promove a realização de estudos sobre a evolução dos crimes organizados e violentos, bem como os resultados alcançados na prevenção e deteção desses crimes.

No seio da Polícia Judiciária foi criada, através do Decreto-Lei n.º 304/2002, de 13 de dezembro, a Unidade de Informação Financeira (UIF). A UIF é a entidade da Polícia Judiciária que tem competência para recolher, centralizar, tratar e difundir, a nível nacional, a informação respeitante à investigação dos crimes de branqueamento

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No seguimento da Diretiva 91/308/CEE, todos os Estados-membros criaram unidades nacionais de informação financeira, tendo como missão a recolha e análise das informações enviadas pelas diversas entidades financeiras e não financeiras.

A Unidade de Informação Financeira deve dar o retorno oportuno de informação às entidades sujeitas e às autoridades de supervisão e fiscalização sobre o encaminhamento e o resultado das comunicações suspeitas de branqueamento e de financiamento do terrorismo por aquelas comunicadas.

Para cabal desempenho das suas atribuições de prevenção do branqueamento e do financiamento do terrorismo, o Procurador-Geral da República e a Unidade de Informação Financeira têm acesso, em tempo útil, à informação financeira, administrativa, judicial e policial.

As informações fornecidas no âmbito do dever de comunicação apenas podem ser utilizadas em processo penal, não podendo ser revelada, em caso algum, a identidade de quem as forneceu.

No âmbito de cada uma das entidades financeiras e não financeiras, está definido como é comunicada a suspeita dentro da própria entidade e quem é responsável por comunicar essa suspeita à entidade competente (em regra, as pessoas que exerçam funções de

compliance, auditoria e/ou de inspeção).

Assim, geralmente nas instituições, o ciclo normal da suspeita é o seguinte:

No âmbito deste processo de comunicação, é importante reforçar que a identidade da pessoa que faz a comunicação nunca é revelada, estando a proteção da sua identidade garantida por lei.

Se o colaborador da instituição suspeitar de uma situação de branqueamento… …essa suspeita deve ser comunicada ao órgão internamente definido… …que estabelecerá o contacto com a Unidade de Informação Financeira e com o Procurador-Geral da República.

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Note que:

No cumprimento do dever de comunicação, os advogados e os solicitadores comunicam as operações suspeitas, respetivamente, ao bastonário da Ordem dos Advogados e ao presidente da Câmara dos Solicitadores, cabendo a estas entidades a comunicação, pronta e sem filtragem, ao Procurador-Geral da República e à Unidade de Informação Financeira.

Tratando-se de advogados ou solicitadores, não são abrangidas pelo dever de comunicação as informações obtidas no contexto da avaliação da situação jurídica do cliente, no âmbito da consulta jurídica, no exercício da sua missão de defesa ou representação do cliente num processo judicial, ou a respeito de um processo judicial, incluindo o aconselhamento relativo à maneira de propor ou evitar um processo, bem como as informações que sejam obtidas antes, durante ou depois do processo.

No âmbito do dever de colaboração, logo que lhes seja solicitada assistência pela autoridade judiciária, estas entidades devem comunicá-lo ao bastonário da Ordem dos Advogados ou ao presidente da Câmara dos Solicitadores.

Compete à Unidade de Informação Financeira preparar e manter atualizados dados estatísticos relativos ao número de transações suspeitas comunicadas e ao encaminha-mento e resultado de tais comunicações.

As autoridades judiciárias e policiais devem remeter anualmente à Direcção-Geral da Política de Justiça os dados estatísticos relativos ao branqueamento e ao financiamento do terrorismo, nomeadamente o número de casos investigados, de pessoas acusadas em processo judicial, de pessoas condenadas, bem como o montante dos bens congelados, apreendidos ou declarados perdidos a favor do Estado.

A Direção-Geral da Política de Justiça procede à publicação dos dados estatísticos recolhidos sobre prevenção do branqueamento e do financiamento do terrorismo.

Atualmente, existem sistemas informáticos com filtros que permitem a deteção de alterações ao perfil do cliente (padrão de movimentação das contas, periodicidade, montantes transacionados, tipo de transações, entre outros) e que alertam a entidade para que se proceda à análise casuística e seja elaborado um relatório com os dados e informações relevantes e também as conclusões que irão determinar a forma de atuação

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Dever de Abstenção

O dever de abstenção impõe que as entidades financeiras e não financeiras não executem operações sempre que saibam ou suspeitem de que essas operações estão relacionadas com o crime de branqueamento ou de financiamento ao terrorismo.

Este dever de abstenção está relacionado com o dever de comunicação que vimos anteriormente. Mas em que medida?

Sempre que há suspeita de um crime de branqueamento ou de financiamento ao terrorismo, as entidades têm não só de comunicar essa suspeita ao Procurador-Geral da República e à Unidade de Informação Financeira, mas também de se abster de realizar essa operação.

Neste contexto, a entidade sujeita deve informar de imediato o Procurador-Geral da República e a Unidade de Informação Financeira de que se absteve de executar a operação, podendo aquele determinar a suspensão da execução da operação suspeita notificando, para o efeito, a entidade sujeita.

A operação suspensa pode, todavia, ser realizada se a ordem de suspensão não for confirmada pelo juiz de instrução criminal no prazo de dois dias úteis a contar da comunicação realizada pela entidade sujeita, nos termos supra referidos.

No caso de a entidade sujeita considerar que a abstenção não é possível ou que, após consulta ao Procurador-Geral da República e à Unidade de Informação Financeira, pode ser suscetível de prejudicar a prevenção ou a futura investigação do branqueamento ou do financiamento do terrorismo, a operação pode ser realizada, devendo a entidade sujeita fornecer, de imediato, ao Procurador-Geral da República e à Unidade de Informação Financeira as informações respeitantes à operação.

Dever de Colaboração

As entidades sujeitas devem prestar prontamente a colaboração requerida pelo Procurador-Geral da República, pela Unidade de Informação Financeira para o desempenho das suas funções, pela autoridade judiciária responsável pela direção do inquérito ou pelas autoridades competentes para a fiscalização do cumprimento dos deveres previstos na Lei n.º 25/2008, de acordo com as respetivas competências legais, nomeadamente:

• Garantindo o acesso direto às informações;

• Apresentando os documentos ou registos solicitados.

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Note que...

As informações prestadas de boa fé no cumprimento dos deveres de comunicação, de abstenção e de colaboração não constituem violação de qualquer dever de segredo, imposto por via legislativa, regulamentar ou contratual, e não implicam qualquer espécie de responsabilidade para quem as preste.

Com efeito, o art.º 20.º da Lei n.º 25/2008, de 5 de junho, exclui todo o tipo de responsabilidade das entidades financeiras e não financeiras e dos seus colaboradores no âmbito das informações prestadas de boa fé.

Este artigo refere também que:

Quem, ainda que com mera negligência, revelar ou favorecer a descoberta da identidade de quem forneceu informações, no cumprimento dos deveres de comunicação, abstenção e colaboração, é punido com pena de prisão até três anos ou com pena de multa.

Dever de Segredo

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U U

As entidades sujeitas, bem como: • Os membros dos respetivos órgãos sociais;

• Os que nelas exerçam funções de direção de gerência ou de chefia;

• Os seus empregados; • Os mandatários;

• Outras pessoas que lhes prestem serviço a título permanente, temporário ou ocasional. Que: • Transmitiram as comu- nicações legalmente devidas; • Que se encontra em curso uma investi- gação criminal. Não podem revelar:

• Ao cliente; • A terceiros.

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Note que...

Não constitui violação do dever de segredo:

• A divulgação de informações, legalmente devidas, às autoridades de supervisão ou de fiscalização dos deveres previstos na Lei n.º 25/2008, de 5 de junho, incluindo os organismos de regulação profissional das atividades ou profissões sujeitas a esta disposição legal;

• A divulgação da informação, para efeitos de prevenção do branqueamento e do financiamento do terrorismo:

– Entre instituições que integrem o mesmo grupo empresarial1 e que se encon-trem estabelecidos em Estados-membros ou países terceiros equivalentes em matéria de prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo; – Entre pessoas referidas nas alíneas e) e f) do artigo 4.º estabelecidas num

Estado-membro ou em país terceiro equivalente em matéria de prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo, que prestem serviço ou sejam trabalhadores da mesma pessoa coletiva ou de um grupo de sociedades a que esta pertença, com propriedade ou órgãos de administração comuns. • A troca de informação que respeite a uma relação negocial comum, relativa ao

mesmo cliente, entre as entidades financeiras e as entidades não financeiras previstas nas alíneas e) e f) do artigo 4.º1, desde que, cumulativamente: – O façam com o propósito exclusivo de prevenir o branqueamento e o

financia-mento do terrorismo; e,

– Todas as entidades estejam sujeitas a obrigações equivalentes de sigilo profissional e de proteção de dados pessoais; e

– Se encontrem estabelecidas em Estados-membros da União Europeia ou em país terceiro equivalente em matéria de prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo.

Dever de Controlo

O dever de controlo implica que as entidades abrangidas pela Lei n.º 25/2008, de 5 de junho, devem definir e aplicar políticas e procedimentos internos que se mostrem adequados ao cumprimento dos deveres previstos naquela disposição legal, designadamente em matéria de controlo interno, avaliação e gestão de risco e de auditoria interna, a fim de eficazmente prevenirem o branqueamento e o financiamento do terrorismo.

Assim, essas entidades devem possuir mecanismos que impeçam a realização de operações relacionadas com aquele tipo de ilícitos criminais. Às instituições em que tal não se verificar, serão aplicadas coimas.

1 Revisores oficiais de contas, técnicos oficiais de contas (atualmente designados contabilistas certificados),

auditores externos e consultores fiscais, bem como notários, conservadores de registos, advogados, solicitadores e outros profissionais independentes, constituídos em sociedade ou em prática individual que

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(29)

É por este motivo que as entidades têm adotado sistemas automatizados de deteção de situações indiciadoras e potencialmente suspeitas de branqueamento de vantagens de proveniência ilícita e de financiamento do terrorismo, cujos filtros devem ser adequados às normas estabelecidas pelas autoridades de fiscalização e supervisão de cada setor.

Dever de Formação

As entidades sujeitas devem adotar as medidas necessárias para que os dirigentes e empregados cujas funções sejam relevantes para efeitos da prevenção do branqueamento e do financiamento do terrorismo tenham um conhecimento adequado das obrigações impostas pela legislação e regulamentação em vigor nesta matéria.

Estas medidas devem incluir programas específicos e regulares de formação, ade-quados a cada setor de atividade, que habilitem os seus destinatários a reconhecer operações que possam estar relacionadas com a prática daqueles crimes e a atuar de acordo com as disposições da Lei n.º 25/2008, de 5 de junho, bem como das respetivas normas regulamentares.

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D) Entidades de Supervisão e de Fiscalização

No âmbito das respetivas atribuições, compete às autoridades de supervisão e de fiscalização:

• Regulamentar as condições de exercício, os deveres de informação e esclarecimento, bem como os instrumentos, mecanismos e formalidades de aplicação, necessárias ao efetivo cumprimento dos deveres, sempre com observância dos princípios da legalidade, necessidade, adequação e proporcionalidade;

• Fiscalizar o cumprimento das normas constantes da Lei n.º 25/2008, de 5 de junho, e dos correspondentes diplomas regulamentares de aplicação setorial;

• Instaurar e instruir os respetivos procedimentos contraordenacionais e, conforme o caso, aplicar ou propor a aplicação de sanções.

O cumprimento dos deveres anteriormente referidos é objeto de fiscalização.

No caso das entidades financeiras, a fiscalização do cumprimento dos deveres estabelecidos legalmente compete:

• Ao Banco de Portugal, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e à Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), no âmbito das respetivas atribuições;

• Ao ministro responsável pela área das finanças, relativamente à Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública — IGCP, EPE.

Atualmente está definido que as autoridades de supervisão do setor financeiro pro-cedem a consultas recíprocas, diretamente ou através dos órgãos institucionais pró-prios, antes de emitirem regulamentação sobre a matéria prevista na Lei n.º 25/2008, de 5 de junho, de molde a evitar qualquer eventual sobreposição, lacuna ou oposição entre as respetivas normas regulamentares.

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No caso das entidades não financeiras a fiscalização do cumprimento dos deveres previstos compete:

• Ao Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos do Turismo de Portugal, IP, relativamente aos concessionários de exploração de jogo em casinos, bem como entidades exploradoras de jogos de fortuna ou azar, de apostas desportivas à cota e de apostas hípicas, mútuas ou à cota, quando praticadas à distância, através de suportes eletrónicos, informáticos, telemáticos e interativos, ou por quaisquer outros meios (jogos e apostas online);

• Ao membro do Governo responsável pela área da segurança social, relativamente às entidades pagadoras de prémios de apostas ou lotarias; • Ao Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção, IP

(IMPIC, IP), relativamente às entidades que exerçam atividades de mediação imobiliária e de compra e revenda de imóveis, bem como entidades construtoras que procedam à venda direta de imóveis;

• À Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) relativamente aos comerciantes que transacionem bens cujo pagamento seja efetuado em numerário, em montante igual ou superior a 15 000 € (independentemente de a transação ser realizada através de uma única operação ou de várias operações aparentemente relacionadas entre si);

• À Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, relativamente aos revisores oficiais de contas;

• À Ordem dos Contabilistas Certificados, relativamente aos técnicos oficiais de contas, atualmente designados contabilistas certificados;

• Ao Instituto dos Registos e do Notariado, IP, relativamente aos notários e aos conservadores de registos;

• À Ordem dos Advogados, relativamente aos advogados;

• À Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução, relativamente aos solicitadores;

• À Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) relativamente aos auditores externos, consultores fiscais, prestadores de serviços a sociedades e centros de interesses coletivos sem personalidade jurídica, e outros profissionais independentes referidos na alínea g) do artigo 4.º da Lei n.º 25/2008, de 5 de junho, sempre que não estejam sujeitos à fiscalização de uma outra autoridade.

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Mas as autoridades de supervisão e de fiscalização também estão sujeitas ao cumprimento do dever de comunicação.

Assim, sempre que, no exercício das suas funções, as autoridades de supervisão das entidades financeiras e de fiscalização das entidades não financeiras tenham conhecimento ou suspeitem de factos suscetíveis de poder configurar a prática do crime de branqueamento ou de financiamento do terrorismo, devem participá-los, prontamente, ao Procurador-Geral da República e à Unidade de Informação Financeira, caso a comunicação ainda não tenha sido realizada.

O dever de comunicação é igualmente aplicável às autoridades responsáveis pela supervisão das:

• Sociedades gestoras de mercados de valores mobiliários;

• Sociedades gestoras de sistemas de liquidação e de sistemas centralizados de valores mobiliários;

• Sociedades gestoras de mercados de câmbios.

Poderes do Banco de Portugal Enquanto Entidade de

Supervisão

No exercício dos poderes e competências conferidos ao Banco de Portugal para verificação do cumprimento dos deveres legais e regulamentares destinados a prevenir o branqueamento e o financiamento do terrorismo, são aplicáveis os procedimentos e medidas de supervisão referidos nos artigos 116.º e 120.º do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras (RGICSF), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 298/92, de 31 de dezembro, e no n.º 2 do artigo 6.º do Regime Jurídico dos Serviços de Pagamento e da Moeda Eletrónica (RJSPME), anexo ao Decreto-Lei n.º 317/2009, de 30 de outubro.

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Competências do Banco de Portugal enquanto Entidade de Supervisão • Acompanhar a atividade das instituições financeiras, designadamente:

– Analisando e avaliando se as estratégias, sistemas, modelos, políticas, processos, procedimentos e controlos aplicados pelas instituições financeiras garantem uma gestão efetiva dos riscos de branqueamento e de financiamento do terrorismo a que as mesmas estejam ou possam vir a estar expostas;

– Determinando a frequência, a intensidade e a atualização da análise e avaliação precedentes, tomando em consideração, pelo menos, a dimensão, a natureza, o nível e a complexidade das atividades e o grau de exposição das instituições financeiras aos fatores de risco de branqueamento e financiamento do terrorismo;

• Definir reportes informativos periódicos e, sempre que tal se justifique, reportes informativos ad hoc, exigindo às instituições financeiras que cumpram as obrigações de reporte nos prazos estabelecidos;

• Realizar inspeções em quaisquer instalações das instituições financeiras, ou em quaisquer instalações de terceiros utilizadas para o exercício da atividade das instituições financeiras, podendo exigir a apresentação de quaisquer informações ou esclarecimentos que considere relevantes, incluindo:

– O exame de elementos de informação no local;

– A extração de cópias e traslados de toda a documentação pertinente;

– A convocação de qualquer pessoa, com o fim de a ouvir e obter aquelas informações; • Emitir recomendações e acompanhar o cumprimento das mesmas;

• Emitir determinações específicas destinadas a sanar e prevenir irregularidades e exigir o respetivo cumprimento;

• Solicitar às instituições financeiras quaisquer informações ou esclarecimentos que considere necessários, em especial para verificação:

– Dos seus riscos, efetivos ou potenciais, de branqueamento e de financiamento do terrorismo, bem como das respetivas práticas de gestão e controlo desses riscos; – Da eficácia do seu sistema de controlo interno, em matéria de prevenção do

branquea-mento e de financiabranquea-mento do terrorismo;

– Da sua organização administrativa, em particular no âmbito do exercício da função de

compliance;

– Do cumprimento do quadro legal e regulamentar vigente.

• Solicitar a qualquer pessoa ou entidade as informações ou esclarecimentos de que necessite para o exercício das suas funções de supervisão e, se necessário, convocar essa pessoa para prestação de declarações.

(34)

Quando verifique que as instituições financeiras não cumprem as normas legais e regulamentares que disciplinam a sua atividade em matéria de prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo, pode ainda o Banco de Portugal exigir às mesmas a adoção, entre outras, das seguintes medidas corretivas previstas no artigo 116.º-C do RGICSF:

• O reforço das disposições, processos, mecanismos e estratégias criados para efeitos do governo da sociedade, controlo interno e autoavaliação de riscos;

• A restrição ou limitação de atividades ou operações;

• A redução do risco inerente às atividades, produtos e sistemas das instituições financeiras.

(35)

E)

Risco Reputacional e Consequências

do Não Cumprimento dos Deveres

Risco Reputacional

Em que é que se traduz o risco reputacional?

Em termos gerais pode, referir-se como a probabilidade de ocorrência de impactos negativos nos resultados ou no capital, decorrentes de uma perceção negativa da imagem pública da instituição, fundamentada ou não, por parte de clientes, fornecedores, analistas financeiros, colaboradores, investidores, órgãos de imprensa ou pela opinião pública em geral.

Assim, este risco traduz o prejuízo que poderá, direta ou indiretamente, vir a ocorrer caso haja notícias que coloquem em causa a reputação da empresa (ainda que as infor-mações sejam falsas ou distorcidas).

“O risco de reputação é particularmente danoso para as entidades financeiras, uma vez que a natureza dos seus negócios requer a manutenção da confiança dos depositantes, dos acionistas, dos credores e do mercado em geral.”

Fonte: Core Principles for Effective Banking Supervision; Basel Committee

on Bank Supervision; Bank of International Settlements

As consequências poderão ser bastante penalizadoras, tanto para as entidades financeiras como não financeiras. Com efeito, pesquisas realizadas indicam que a reputação de uma empresa pode corresponder a cerca de 40% de seu valor de mercado, o que revela inequivocamente a importância da adoção de boas práticas na prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo.

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Responsabilidade Contraordenacional, Penal e

Disciplinar por Incumprimento dos Deveres

Responsabilidade Contraordenacional

O incumprimento dos deveres previstos na Lei de prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo constitui contraordenação, punível com aplicação de uma coima, ainda que os deveres não sejam cumpridos devido a negligência.

As contraordenações são medidas aplicadas às entidades financeiras e não financeiras que não cumpram os deveres impostos pela Lei, no âmbito da pre-venção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo.

Relativamente às contraordenações a que estão sujeitas as entidades financeiras, a averiguação das infrações, a instrução processual e a aplicação de coimas e sanções acessórias são da competência do Banco de Portugal, da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários ou do Instituto de Seguros de Portugal, consoante o setor financeiro no âmbito do qual tenha sido praticada a infração e do Ministério das Finanças e da Administração Pública quanto à Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP, EPE.

Relativamente às contraordenações aplicáveis a entidades não financeiras são competentes para a averiguação das infrações, a instrução processual e a aplicação das coimas e sanções acessórias as entidades de fiscalização e os organismos de regulação profissional, previstos nas alíneas a) a e) do artigo 38.º, no âmbito e de acordo com as suas atribuições. No caso dos processos em que a averiguação e a instrução caibam à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, a competência para aplicação das coi-mas e sanções acessórias é da Comissão de Aplicação de Coicoi-mas em Matéria Económica e de Publicidade, prevista no Decreto-Lei n.º 208/2006, de 27 de outubro.

(37)

Em que situações há lugar à responsabilidade contraordenacional?

Há responsabilidade contraordenacional quando não se cumprem, mesmo que negligen-temente, os deveres e obrigações impostos por Lei.

Essa responsabilidade contraordenacional incide tanto sobre as pessoas coletivas (sejam entidades financeiras ou não financeiras) como sobre as pessoas singulares.

Que pessoas singulares podem ter responsabilidade contraordenacional? • Os membros dos órgãos sociais das entidades financeiras e não financeiras;

• Pessoas que exerçam cargos de direção, chefia ou gerência nas entidades financeiras e não financeiras;

• Os indivíduos que atuem em representação, legal ou voluntária, das entidades financeiras e não financeiras;

• Os colaboradores e pessoas que prestem serviço permanente ou ocasional às entidades financeiras e não financeiras, no caso de violação do dever do segredo.

Em que se traduz a responsabilidade contraordenacional?

Os infratores estão sujeitos ao pagamento de coimas, nos seguintes moldes: Coimas Aplicáveis às Entidades Infratoras

Instituições de crédito ou empresas de investimento De 50 000 € a 5 000 000 € Pessoas singulares de instituições de crédito ou de empresas

de investimento De 25 000 € a 5 000 000 €

Outras entidades financeiras De 25 000 € a 2 500 000 €

Pessoas singulares de outras entidades financeiras De 12 500 € a 1 250 000 €

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Referências

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