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A responsabilidade social das empresas na UE e nos países da América Latina e das Caraíbas

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ASSEMBLEIA PARLAMENTAR

EURO-LATINO-AMERICANA

RESOLUÇÃO:

A responsabilidade social das empresas na

UE e nos países da América Latina e das

Caraíbas

com base no relatório da Comissão dos Assuntos Sociais, da Juventude e da Infância, dos Intercâmbios Humanos, da Educação e da Cultura

Correlatores: Ricardo Rincón (CPM UE-Chile, Chile) Gabriel Mato (Parlamento Europeu, Espanha)

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EUROLAT - Resolução de 20 de setembro de 2018 – Viena

com base no relatório da Comissão dos Assuntos Sociais, da Juventude e da Infância, dos Intercâmbios Humanos, da Educação e da Cultura

sobre a responsabilidade social das empresas na UE e nos países da América Latina e das Caraíbas

A Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana,

– Tendo em conta a Declaração de Santiago da I Cimeira CELAC, de 2013, – Tendo em conta a Declaração de Havana da CELAC, de 2014,

– Tendo em conta a Declaração de Santiago da I Cimeira UE-CELAC, de 2013, – Tendo em conta a Declaração de Bruxelas da II Cimeira UE-CELAC, de 2015, – Tendo em conta os Princípios Orientadores da ONU sobre Empresas e Direitos

Humanos, de 2011,

– Tendo em conta o Relatório Anual do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos; Melhorar a responsabilização e a possibilidade de acesso à reparação para as vítimas de violações dos direitos humanos ligadas às atividades empresariais, de 10 de maio de 2016,

Tendo em conta a Declaração de Princípios Tripartida da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre as Empresas Multinacionais (1975/2000/2006),

– Tendo em conta a Resolução 70/1 da Assembleia-Geral da OEA: Promoção e proteção dos direitos humanos, de junho de 2016,

Tendo em conta a Resolução da Comissão Jurídica Interamericana da OEA

CJI/RES.205 (LXXXIV 0/14) sobre “Responsabilidade Social das Empresas no Campo dos Direitos Humanos e do Meio Ambiente nas Américas”,

– Tendo em conta o Relatório ISO 26000: Apresentação geral do projeto da Organização Internacional de Normalização, de 2010,

– Tendo em conta o relatório do Grupo de Trabalho sobre a questão dos direitos humanos e das sociedades transnacionais e outras empresas, de 30 de julho de 2015,

– Tendo em conta a Resolução do Parlamento Europeu sobre a responsabilidade social das empresas: comportamento responsável e transparente das empresas e crescimento sustentável, de 28 de janeiro de 2013,

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– Tendo em conta a Resolução do Parlamento Europeu sobre a responsabilidade social

das empresas: promoção dos interesses da sociedade e via para uma retoma sustentável e inclusiva, de 6 de fevereiro de 2013,

– Tendo em conta a Diretiva 2014/95/UE, relativa à divulgação de informações não financeiras e de informações sobre a diversidade, de 29 de setembro de 2014,

– Tendo em conta a Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões: Responsabilidade social das empresas: uma nova estratégia da UE para o período de 2011-2014,

A. Considerando que os conceitos de responsabilidade social em geral e de

responsabilidade social das empresas (RSE) em particular registaram uma evolução importante ao longo da última década, em consequência da globalização, da

massificação do uso dos meios de comunicação e do rápido crescimento das economias emergentes, acompanhada por uma intensificação da produção de bens e serviços; B. Considerando que a recente crise económica mundial realçou os erros cometidos no

passado no tocante à transparência, à prestação de contas pelas empresas e a uma regulamentação insuficiente por parte dos Estados, atestando que o desenvolvimento sustentável dos nossos países e sociedades dependerá, em grande medida, do nosso comportamento económico, ambiental e social, da nossa ética e dos nossos valores, tendo também aumentado a consciência, por parte dos Estados e da sociedade civil, quanto ao caráter limitado e não renovável dos recursos naturais e à necessidade de gerir a sua exploração de forma mais responsável e sustentável;

C. Considerando que as empresas nacionais, estrangeiras e multinacionais alcançaram considerável influência e impacto nas sociedades globalizadas e nas políticas nacionais e internacionais, através de projetos de investimento que possam promover o

desenvolvimento;

D. Considerando que, devido às suas atividades ou relações comerciais, as empresas podem ver-se envolvidas em violações dos direitos humanos e ser a causa de danos ambientais importantes e irreversíveis;

E. Considerando que as Linhas Diretrizes da OCDE para as Empresas Multinacionais se tornaram a pedra angular das estratégias no domínio da RSE a nível mundial, ao incorporarem um capítulo sobre os direitos humanos, bem como os conceitos do dever de diligência, da responsabilidade na cadeia de abastecimento e uma definição mais proativa do papel dos pontos de contacto nacionais;

F. Considerando que o objetivo das Linhas Diretrizes consiste em assegurar que as atividades das empresas multinacionais se desenvolvam em harmonia com as políticas públicas, contribuindo assim para o reforço da confiança mútua entre as empresas e as sociedades e melhorando o clima para o investimento estrangeiro;

G. Considerando que no setor privado foi adotada, em 2010, a norma ISO 26000 sobre responsabilidade social como guia geral para os organismos públicos e privados, com

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base num consenso internacional sobre o que significa a responsabilidade social, que define o conceito de RSE como «a responsabilidade de uma organização pelo impacto das suas decisões e atividades na sociedade e no ambiente, através de um

comportamento ético e transparente que contribua para o desenvolvimento sustentável, incluindo a saúde e o bem-estar da sociedade»;

H. Considerando que, em 2011, a ONU adotou o relatório «Princípios Orientadores sobre Empresas e Direitos Humanos», tendente a melhorar as normas e as práticas

relacionadas com as empresas e os direitos humanos, através de um guia de conduta para todos os Estados e empresas a nível mundial, independentemente da respetiva dimensão, setor, localização, proprietário ou estrutura;

I. Considerando que os Princípios Orientadores se baseiam em três pilares: o dever de os Estados respeitarem os direitos humanos e fazerem face às violações dos mesmos por parte de terceiros, incluindo as empresas; a obrigação de as empresas respeitarem os direitos humanos; a necessidade de melhorar o acesso das vítimas de violações aos seus direitos e a uma reparação efetiva; e criam um Grupo de Trabalho para a promoção e a aplicação dos Princípios Orientadores e um Fórum anual sobre Empresas e Direitos Humanos;

J. Considerando que o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas decidiu, na sua Resolução 26/9 de 26 de junho de 2014, criar um grupo de trabalho intergovernamental aberto, encarregado de elaborar um instrumento internacional, juridicamente

vinculativo, para regulamentar, no âmbito dos direitos humanos, as atividades das empresas transnacionais e de outros tipos de empresas;

K. Considerando que o Parlamento Europeu apelou a um instrumento vinculativo a nível internacional sobre a responsabilidade social das empresas em várias das suas

resoluções;

L. Considerando que os Estados têm a obrigação de garantir a responsabilidade jurídica das empresas e o acesso efetivo das pessoas afetadas pela violação dos direitos humanos por parte das empresas aos mecanismos de reparação;

M. Considerando que, nos seus relatórios de 2002 e de 2005, o Banco Mundial apresentou uma tipologia respeitante às quatro funções que o setor público em causa pode assumir relativamente aos principais temas da agenda: obrigar, facilitar, colaborar e promover; N. Considerando que nenhuma medida de RSE, nem obrigatória nem voluntária, terá os

resultados esperados se não forem resolvidas primeiro as questões de governação local, como a corrupção, o clientelismo político e a abordagem de curto prazo;

O. Considerando que, na UE, a responsabilidade social das empresas é «a responsabilidade das empresas pelo impacto que têm na sociedade», sendo assim a RSE vista como um instrumento em prol de um desenvolvimento sustentável e de uma economia social de mercado altamente competitiva;

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sustentável melhora substancialmente quando o comércio e o investimento se

desenvolvem num contexto de mercados abertos, competitivos e adequadamente regulados;

Q. Considerando que o plano de ação que acompanha a estratégia renovada da UE para o período de 2011-2014 relativa à responsabilidade social das empresas está articulado em torno de oito pontos, destinados, em particular, a melhorar a visibilidade da RSE e a difusão de boas práticas; melhorar a confiança nas empresas; aperfeiçoar os processos de autorregulação e corregulação; aumentar a recompensa do mercado pela RSE (consumo, contratação pública e investimento), melhorar a divulgação da informação social e ambiental por parte das empresas; integrar melhor a RSE na educação, na formação e na investigação; insistir na importância das políticas nacionais e

infranacionais em matéria de responsabilidade das empresas; e, por fim, melhorar a harmonização da abordagem europeia e mundial em matéria de RSE;

R. Considerando que a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável inclui, nas suas metas, “encorajar as empresas, em especial as grandes empresas e as empresas

transnacionais, a adotar práticas sustentáveis e a incorporar informação sobre a sustentabilidade no seu ciclo de apresentação de relatórios”;

S. Considerando que a responsabilidade social das empresas é um fator que pode contribuir para estabelecer um equilíbrio entre o dinamismo económico e o

compromisso ambiental como base para fomentar o crescimento sustentável em ambas as regiões e reforçar os laços entre os operadores económicos de ambas as regiões; T. Considerando que, durante a primeira cimeira UE-CELAC em 2013, se realizou um

debate sobre o papel da PSE nas relações comerciais entre ambas as regiões, tendo-se salientado o compromisso dos países da UE e da ALC em matéria de RSE, à luz do papel das empresas multinacionais no desenvolvimento sustentável dos principais setores económicos, como a exploração mineira, e o seu impacto nas comunidades locais e no ambiente;

U. Considerando os progressos alcançados em matéria de RSE na segunda Cimeira UE-CELAC, em 2015, durante a qual os governos se comprometeram a aumentar os

esforços conjuntos a esse respeito e a promover a aplicação de políticas, planos de ação nacionais e outras iniciativas tendentes a promover e a reforçar o cumprimento das disposições, dos princípios e dos processos de responsabilidade social das empresas, no âmbito das instâncias internacionais competentes, através da inclusão de orientações e de princípios internacionalmente reconhecidos em matéria de RSE na definição de políticas e planos nacionais destinados a fomentar as boas práticas empresariais;

V. Considerando que as principais diferenças entre a UE e a CELAC resultam, em especial, dos seus diferentes níveis de institucionalização; que o nível de estrutura institucional na UE tem sido decisivo, por um lado, para a criação dos PNA e, por outro, para a aproximação ao tema dos países em que o debate sobre a RSE não era uma prioridade política;

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RSE na CELAC decorre do caráter muito heterogéneo da região, com diferentes níveis de aplicação nos vários países, ausência de uma decisão comum sobre RSE, diversidade de prioridades e abordagens, apesar de experiências regionais de interesse, como os fóruns empresariais do Mercosul e as conferências interamericanas sobre a

Responsabilidade Social das Empresas, organizadas pelo BID;

X. Considerando que a transparência constitui um requisito prévio para a consolidação da governação empresarial e um instrumento para o reforço da responsabilidade social das empresas;

1. Recorda que a responsabilidade social das empresas (RSE) é um conceito que inclui o cumprimento da legislação em vigor e, em especial, das normas internacionais, tendo impacto sobre todas as áreas de atividade de uma empresa, bem como sobre todas as áreas geográficas em que a empresa desenvolve a sua atividade, prestando serviços ou produzindo bens;

2. Lembra que a RSE apenas pode complementar, mas nunca substituir, o diálogo social, o importante papel dos sindicatos e a negociação coletiva; realça também que apenas se pode proteger os direitos dos trabalhadores com normas legislativas; sublinha, por conseguinte, que o fomento da RSE apenas pode complementar as ações legislativas, as medidas de execução, os controlos e as sanções em matéria de proteção dos

trabalhadores;

3. Tem a convicção de que, ao avaliar a RSE, é necessário ter em conta o comportamento das empresas que operam dentro da sua cadeia de abastecimento e das empresas subcontratantes; salienta, por isso, que a RSE deve ser aplicada ao conjunto da cadeia global de abastecimento, englobando todos os níveis de subcontratação, e que,

independentemente de se tratar do fornecimento de bens, trabalhadores ou serviços, deve incluir disposições que tornem a proteção extensível aos trabalhadores migrantes, temporários e destacados e assentar numa remuneração justa e em condições de trabalho dignas, e garantir os direitos e liberdades sindicais;

4. Considera que, embora os governos possam ser considerados como «facilitadores da RSE», são as empresas que devem agir como «agentes da RSE», procurando maximizar os efeitos positivos das suas ações em todas as partes interessadas, e identificar,

prevenir e remediar os potenciais impactos adversos, sempre com o objetivo prioritário de ter em conta os interesses de cidadania;

5. Releva que os governos devem proporcionar quadros de políticas nacionais eficazes que incluam uma política macroeconómica estável, um tratamento não discriminatório das empresas, uma regulamentação adequada e uma supervisão oportuna, um sistema judicial e de aplicação das leis imparcial e uma Administração Pública eficaz e íntegra; 6. Realça que a adesão das empresas aos princípios da RSE constitui um instrumento

fundamental para a consecução de um desenvolvimento sustentável, baseado na sustentabilidade ambiental, no crescimento económico e na equidade e inclusão social; a RSE representa, além disso, uma oportunidade para que as próprias empresas

aumentem as suas receitas, aumentando também os rendimentos das pessoas que para elas trabalham, melhorando a sua imagem junto dos investidores e consumidores e

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valorizando a sua própria marca; assinala, a este respeito, a possibilidade de incluir nos

princípios da RSE objetivos políticos concretos, como a redução do desemprego juvenil, de modo a velar mais por que a evolução seja positiva;

7. Sublinha a importância da elaboração de balanços sociais e/ou de relatórios de sustentabilidade por parte das empresas, como instrumento fundamental para medir e avaliar o resultado da respetiva política social, ambiental e económica;

8. Assinala que as Linhas Diretrizes da OCDE para as Empresas Multinacionais permitem, em particular, coordenar as legislações nacionais dos diferentes países com as normas e regulamentações internacionais dos grandes intervenientes empresariais, a fim de harmonizar as normas de conduta a nível mundial; recorda que, embora as Linhas Diretrizes sejam de natureza voluntária, as disposições relativas aos Estados são vinculativas; felicita os governos aderentes às Linhas Diretrizes pelos seus esforços tendentes a incentivar as empresas a respeitarem as recomendações incluídas nas mesmas;

9. Salienta o papel da norma ISO 26000 como instrumento destinado a promover as melhores práticas estabelecidas no domínio da RSE e que procura traduzir os princípios em ações efetivas; enaltece as orientações voluntárias contidas na norma sobre

conceitos e definições relacionados com a responsabilidade social, princípios e práticas respeitantes à responsabilidade social e à integração, aplicação e promoção de um comportamento socialmente responsável;

10. Acolhe favoravelmente a iniciação de um tratado juridicamente vinculativo das Nações Unidas sobre empresas e direitos humanos, que garanta a responsabilidade das empresas e reforce a RSE e as medidas de diligência; exorta os governos a participarem

plenamente no trabalho intergovernamental das Nações Unidas sobre empresas e direitos humanos, e a apoiarem este instrumento aquando do seu arranque e no seu desenvolvimento;

11. Realça que a política fiscal das empresas é considerada como parte da RSE e, por conseguinte, as empresas devem tomar as medidas necessárias, no âmbito dos quadros legislativos em vigor em matéria de contabilidade e auditoria, no intuito de impedir a realização de operações fora de balanço ou insuficientemente identificadas, registos de custos inexistentes, utilização de documentos falsos, bem como qualquer outro tipo de atividade que procure a evasão fiscal ou benefícios sociais;

12. Solicita às instituições da União Europeia que acelerem a aprovação definitiva e a aplicação da legislação sobre o “relatório país por país”, com o objetivo de reduzir o número de empresas que não notificam corretamente as suas responsabilidades e de garantir um maior controlo sobre os acordos ilícitos e os governos;

13. Destaca a importância da RSE no domínio ambiental, abrangendo considerações que vão além da regulamentação jurídica, de forma a ter em conta todos os impactos

ecológicos gerados pelas atividades de uma empresa; considera que, entre os benefícios da RSE no domínio ambiental, se destacam, entre outros, o aumento do desempenho económico e financeiro, o controlo da eficiência energética, uma melhor qualidade dos produtos e melhores condições de produção, bem como um maior grau de inovação na

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criação de novos produtos e de serviços respeitadores do ambiente, garantindo a regeneração dos componentes e sistemas de vida e implementando a gestão integral e sustentável dos espaços verdes, das florestas e do património natural no seu conjunto; 14. Assinala os importantes benefícios que podem resultar para as empresas que procuram

estabelecer uma ligação entre a atividade comercial e o relacionamento com os consumidores e os seus trabalhadores, como a proteção e o reforço da reputação da empresa, a atração de novos consumidores, o reforço da fidelização dos consumidores à marca, o aumento das vendas, a motivação do pessoal e uma melhor imagem junto dos acionistas e de todas as partes interessadas da empresa;

15. Solicita à União Europeia e às instituições internacionais que promovam uma ação mais contundente no tocante à responsabilidade social das empresas, fomentando em

particular o intercâmbio de boas práticas e concedendo incentivos às empresas que levem a cabo ações inovadoras neste âmbito;

16. Salienta o caráter especial das PME que operam, sobretudo, a nível local e em setores específicos; considera, por conseguinte, importante que os governos, aquando da

elaboração de políticas e estratégias nacionais e dos PAN, tenham em conta a natureza e as necessidades específicas das PME e que as envolvam mais no processo da RSE, abstendo-se de iniciativas que possam aumentar de forma inapropriada os encargos administrativos ou financeiros destas empresas; os governos deveriam também dar um maior apoio às MPE e PME para o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores; convida, assim, a Comissão a criar um serviço de assistência específico para as MPME e a apoiá-las com programas de reforço de capacidades adaptados às circunstâncias; considera que as empresas multinacionais podem desempenhar um papel construtivo em parceria com as MPME;

17. Solicita aos governos que identifiquem estratégias e medidas tendentes a encorajar um maior número de PME a aplicar os princípios da RSE, a fim de aumentar o respetivo impacto económico, social e ambiental a nível local;

18. Insta os governos a garantirem que todas as empresas que operam no seu território, incluindo as empresas transnacionais, cumpram todas as obrigações legais, nacionais, bilaterais ou internacionais, nomeadamente em matéria de direitos humanos, direitos dos trabalhadores e legislação laboral, fiscal e ambiental, mostrem um empenho genuíno em prol dos direitos, da proteção e do bem-estar dos seus trabalhadores, e respeitem a liberdade de associação e os direitos de negociação coletiva;

19. Regista as conclusões do relatório do Grupo de Trabalho sobre a questão dos direitos humanos e as empresas transnacionais, de julho de 2015, centrado na questão da medição e iniciativas de medição existentes relativamente à aplicação dos Princípios Orientadores sobre Empresas e Direitos Humanos como a principal prioridade do seu mandato, tendo em conta a falta de dados fiáveis sobre a natureza, a dimensão e o alcance dos efeitos adversos que as empresas podem ter sobre os direitos humanos; 20. Realça que as pessoas que recorrem a mecanismos judiciais para obterem reparação

enfrentam desafios numerosos e recorrentes, como regimes jurídicos fragmentados ou incompletos, falta de informação sobre o funcionamento dos regimes, financiamento

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das reclamações de Direito Privado, estruturas complexas no seio das empresas, entre

outros; os casos transfronteiriços apresentam desafios específicos devido à falta de clareza sobre as responsabilidades e funções dos diferentes Estados, o que constitui um obstáculo adicional à reparação das vítimas;

21. Solicita, neste contexto, aos governos que considerem a possibilidade de criar um sistema efetivo de cooperação jurídica transnacional entre a UE e os países terceiros signatários de acordos bilaterais, de modo a garantir o acesso à justiça às vítimas de violação dos direitos humanos ou da legislação nacional laboral, fiscal ou ambiental por parte das multinacionais ou respetivas filiais, no país em que essa violação da legislação ocorreu;

22. Recorda, a este respeito, que vários instrumentos internacionais incluem disposições destinadas a facilitar o intercâmbio de informações entre os organismos nacionais e os órgãos jurisdicionais suscetíveis de contribuir para responder aos desafios relacionados com a obtenção de reparação pelas pessoas afetadas pela violação dos direitos humanos nos casos transfronteiriços, bem como para procurar garantir que os impostos sejam pagos onde os lucros são obtidos;

23. Assinala a importância que os diferentes grupos de interesses atribuem à nova estratégia de RSE da UE à política europeia de RSE, atendendo a que a Comissão desempenhou um papel determinante na sua conceção e aplicação em estreita colaboração com o setor empresarial, os parceiros sociais e as ONG; através desta estratégia, a CE convida os Estados-Membros a elaborarem os seus planos de ação nacionais (PAN) e presta-lhes apoio e acompanhamento na elaboração dos mesmos por meio de diferentes

mecanismos;

24. Condena, neste contexto, a decisão do presidente dos Estados Unidos de América de derrogar a cláusula da Lei Dodd Frank que obriga às empresas de extração de recursos a divulgar os seus pagamentos; pede aos governos que intensifiquem todos os seus

esforços em matéria de divulgação para que seja um modelo à escala mundial; 25. Pede às instituições da União Europeia que acelerem a aprovação definitiva e a

aplicação da legislação em matéria de informação pública discriminada por país, cujo objetivo seja aumentar a transparência do imposto sobre sociedades para favorecer a luta contra a fraude e a evasão fiscal internacionais, bem como para evitar um despique entre os sistemas fiscais numa nivelação por baixo; assinala que a transparência na divulgação da informação constitui um requisito prévio para uma governação empresarial sólida e um instrumento de melhoria da responsabilidade social das empresas; pede aos países de América Latina e das Caraíbas que tomem medidas similares a fim de alcançarem a transparência fiscal;

26. Considera que a obrigação de publicar informação de forma desagregada é importante, no intuito de permitir que os países em desenvolvimento detetem fluxos ilícitos e adotem medidas adequadas para os combater, o que, por sua vez, libertaria o financiamento muito necessário para o seu desenvolvimento;

27. Congratula-se vivamente com os resultados apresentados pela diretiva europeia sobre a divulgação de informações não financeiras, considerada pelos diferentes grupos de

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interesses como uma das iniciativas mais bem-sucedidas da CE, que contribuiu para aumentar a visibilidade da RSE, divulgar boas práticas e melhorar a harmonização entre a abordagem da UE e as abordagens globais;

28. Considera que a nova estratégia da CE se deveria articular em torno de três linhas de ação: melhoria da transparência através de relatórios de sustentabilidade e investimento socialmente responsável; atividades em questões internacionais como trabalho

multilateral, diplomacia com países terceiros ou RSE a nível global; iniciativas

destinadas a aumentar a sensibilização; participação e controlo social; reforço da ligação entre a RSE, a competitividade e os cidadãos; considera fundamental, na futura

estratégia europeia da RSE, reforçar a liderança da UE com uma abordagem coerente e coordenada, conceber e aplicar um quadro jurídico eficaz para a RSE, estabelecer a obrigação de as empresas exercerem o dever de diligência em matéria de direitos humanos, bem como abordar a questão da eliminação dos obstáculos ao acesso às soluções;

29. Congratula-se com o facto de os últimos acordos comerciais concluídos conterem disposições específicas que obrigam as partes a promover a RSE; insta a Comissão a dar maior destaque a estas disposições e a promover a adesão às linhas diretrizes setoriais da OCDE e aos princípios orientadores das Nações Unidas sobre as empresas e os direitos humanos; considera que, tendo em conta o papel desempenhado pelas empresas e, em particular, as suas filiais e cadeias de aprovisionamento no comércio

internacional, a responsabilidade social e ambiental deveria tornar-se parte integrante do capítulo sobre o desenvolvimento sustentável dos acordos comerciais concluídos com países terceiros; reitera a necessidade de viabilizar a participação da sociedade civil no processo de aplicação, através de estruturas criadas nos capítulos dedicados ao comércio e ao desenvolvimento sustentável; solicita que este conceito seja incluído em todos os acordos que estão a ser ou que serão negociados no futuro entre os países da América Latina e a União Europeia;

30. Salienta que, na região ALC, a promoção da RSE poderia trazer inúmeros benefícios, como, por exemplo, diminuir as diferenças sociais e económicas existentes entre os diferentes países, aumentar o respeito pelo ambiente, potenciar o desempenho das economias latino-americanas e o bem-estar das respetivas sociedades e, por último, promover o intercâmbio comercial através de normas harmonizadas e

internacionalmente reconhecidas; entende que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas podem garantir a promoção da RSE, em particular no que respeita à redução das desigualdades entre países, ao crescimento económico integrador, à industrialização sustentável e à inovação;

31. Recomenda aos governos da CELAC que estabeleçam e promovam mecanismos de cooperação na região, a fim de transferir e partilhar conhecimentos e boas práticas, como um primeiro passo para um maior progresso no que toca ao tema da RSE na CELAC; considera também fundamental a transferência de conhecimentos e o apoio técnico na conceção de estratégias nacionais; considera que o Comité Jurídico

Interamericano poderia desempenhar um papel de relevo, juntamente com o Parlamento Latino-Americano, efetuando uma compilação de boas práticas, iniciativas, legislação, jurisprudência e desafios;

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32. Solicita à União Europeia e às instituições internacionais que promovam uma ação mais

contundente no tocante à responsabilidade social das empresas, fomentando em particular o intercâmbio de boas práticas e introduzindo incentivos às empresas que levem a cabo ações inovadoras neste âmbito;

33. Considera que uma futura cooperação em matéria de RSE no âmbito da CELAC deveria integrar elementos como o reforço das organizações interprofissionais de empresas, a capacitação dos consumidores, o reforço dos sistemas de controlo e de supervisão das empresas no desenvolvimento das suas atividades e a concorrência leal; para esse efeito, considera útil desenvolver a cooperação entre ministérios e organismos responsáveis pela elaboração dos planos de ação nacionais em matéria de RSE;

34. Exorta os governos a que, ao desenvolverem a cooperação birregional no domínio da RSE, abordem esta como uma questão transversal nas políticas públicas, implicando diversos ministérios, níveis de governação, agências de promoção da inovação, representantes do setor empresarial e da sociedade civil, e a que tomem medidas para promover a capacitação da sociedade civil e dos consumidores; considera também que os novos programas de cooperação deveriam integrar aspetos relativos ao papel das empresas;

35. Assinala que uma futura cooperação deveria igualmente incluir a transferência de conhecimentos e de boas práticas sobre os mecanismos de consulta e incentivos para uma aplicação eficaz dos PAN, incluindo o desenvolvimento de estratégias de sensibilização e de comunicação, especialmente destinadas às PME;

* * *

36. Encarrega os seus Copresidentes de transmitirem a presente Resolução ao Conselho da União Europeia e à Comissão Europeia, aos Parlamentos dos Estados-Membros da União Europeia e de todos os países da América Latina e Caraíbas, ao Parlamento Latino-Americano, ao Parlamento Centro-Americano, ao Parlamento Andino e ao Parlamento do Mercosul, ao Secretariado da Comunidade Andina, à Comissão dos Representantes Permanentes do Mercosul, à Comunidade de Estados

Latino-Americanos e Caribenhos, ao Secretariado Permanente do Sistema Económico Latino-Americano, à Presidência Pro Tempore e aos países integrantes da Troica da CELAC, e aos Secretários-Gerais da Organização dos Estados Americanos, da União de Nações Sul-Americanas e das Nações Unidas.

Referências

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