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UNILEÃO CENTRO UNIVERSITÁRIO DOUTOR LEÃO SAMPAIO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM JOSÉ NARCÍSO DOS SANTOS NETO

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CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

JOSÉ NARCÍSO DOS SANTOS NETO

REGISTROS DE ÓBITOS E INTERNAÇÕES DE PACIENTES ONCOLÓGICOS NO ESTADO DO CEARÁ DE 2010 A 2020

Juazeiro Do Norte – CE 2020

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REGISTROS DE ÓBITOS E INTERNAÇÕES DE PACIENTES ONCOLÓGICOS NO ESTADO DO CEARÁ DE 2010 A 2020

Manografia apresentada à Coordenação do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio - UNILEÃO, como requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem. Orientado pelo Professor Especialista Tonny Emanuel Fernandes Macêdo.

Coorientado pelo Enfermeiro Mestrando Mauro McCarthy de Oliveira Silva.

Juazeiro Do Norte - CE 2020

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Câncer é uma denominação de um grupo de mais de 100 patologias que tem como semelhança a multiplicação desordenada de células, que adentram os tecidos e órgãos. Multiplicando-se rapidamente, estas células estão propensas a ser bastante agressivas e incontroláveis, o que possibilita a formação de tumores, que tendem a espalhar-se para outras regiões do corpo. Dispor dessas informações viabiliza o planejamento de políticas públicas direcionadas a esse tipo de atendimento. O objetivo dessa pesquisa foi descrever a ocorrência de casos de câncer registrados nos sistemas de informações em saúde do estado do Ceará, Brasil, no período de 2010 a 2020. Trata-se de um estudo descritivo de casos de internações óbitos por câncer no estado do Ceará. Os resultados foram colhidos através de bancos de dados com fontes nos registros do departamento de informática do sistema único de saúde (DATASUS). Todos os resultados referentes a janela temporal de 01/01/2010 a 30/04/2020, tratando-se de pacientes de ambos os sexos, sem restrição de idade, gênero, raça/cor, crença, condição socioeconômica, escolaridade, limitação física, intelectual, funcional, desde que diagnosticados com câncer ou que venha a ter algum desfecho (internação ou morte). As análises dos dados foram utilizados o Microsoft Excel e o Microsoft Word ambos versão 2010, respeitando as normas da resolução n°510/2016. No DATASUS, observou-se os números de atendimentos de 2010 a 2019, quando comparados pode se observar uma alta bastante exponencial, principalmente a partir do ano de 2011 que teve uma alta de 1.339 de número internações em relação ao ano anterior com apenas 200 casos registrados. Em 2020 o registro que se têm é até então o mês de abril o que se justifica ainda o número baixo e o declínio da curva gráfica em relação aos demais anos. Dentre as macrorregiões, Fortaleza se sobressaiu dentre todas as demais com um total de 64.072.415 casos registrados de câncer de 2010 a 2020, seguidos do Cariri com 11.404.815 casos, Sobral com 11.404.815 casos, o Sertão Central com 2.800.871 casos e o Litoral Leste/ Jaguaribe com 2.062.323 casos. Quando comparamos esses óbitos por cada ano, observamos uma crescente nos números a partir do ano de 2011 que se teve um crescimento de mais de 500 óbitos e que nos anos de 2012, 2013 e 2014, tiveram uma alta nos números, mas que se obteve na média dos 7.000 óbitos registrados e a partir de 2015 os números dispararam até o ano do maior pico em 2018 com 9.389 casos de acordo com o último registro do DATASUS. Conclui-se assim que o quantitativo de diagnósticos, óbitos e internações são altos. Dispor dessas informações viabiliza planejamentos de políticas públicas especificas para o atendimento desses pacientes, conscientiza sobre o preenchimento correto de dados para bancos de dados e reforça a realização de testes específicos para que surja um novo olhar sobre a problemática da morbimortalidade pelo câncer, cujo enfrentamento exigirá muitos mais esforços do que se tem empenhado hoje no âmbito das estruturas organizacionais da saúde e em defesa do SUS, dada a sua complexidade.

Palavras-chave: Serviço Hospitalar de Oncologia, Sistemas de Informação em Saúde e Epidemiologia.

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Cancer is a denomination of a group with more than 100 pathologies that has as its similarity the disordered multiplication of cells, which enter the tissues and organs. Multiplying rapidly, these cells are likely to be quite aggressive and uncontrollable, or what allows the formation of tumors, which can be spread to other regions of the body. Display this viable information or plan public policies aimed at this type of service. The objective of this research was to describe cases of cancer cases registered in the health information systems of the state of Ceará, Brazil, without a period from 2010 to 2020. This is a descriptive study of cases of hospitalization or cancer of the state of Ceará state. Ceará. The results were collected through databases with sources in the records of the IT department of the Unified Health System (DATASUS). All results related to the temporal window from 01/01/2010 to 04/30/2020, treating patients of both sexes, without age restriction, sex, race / color, belief, socioeconomic condition, education, physical, intellectual limitation, functional, provided that it is diagnosed with cancer or that it has some outcome (hospitalization or death). How data statistics were used in Microsoft Excel and Microsoft Word, both in the 2010 version, and in the resolution rules No. 510/2016. In DATASUS, the performance figures from 2010 to 2019, when compared, can be observed an exponentially high amount, mainly from the year 2011, which had an increase of 1,339 numbers of interactions in relation to the previous year with only 200 cases registered. In 2020 the record we have until then is the month of April, which is still justified by the low number and the decline of the graphical curve in relation to the other years. Among the macro-regions, Fortaleza stood out among all the others with a total of 64,072,415 registered cases of cancer from 2010 to 2020, followed by Cariri with 11,404,815 cases, Sobral with 11,404,815 cases, the Sertão Central with 2,800,871 cases and the Litoral Leste / Jaguaribe with 2,062,323 cases. When we compare these deaths for each year, we see an increase in numbers from the year 2011 onwards, which had a growth of more than 500 deaths and which in the years 2012, 2013 and 2014, had an increase in the numbers, but which was obtained on average of 7,000 registered deaths and as of 2015 the numbers skyrocketed until the year of the highest peak in 2018 with 9,389 cases according to the latest DATASUS record. It is concluded that the number of diagnoses, deaths and hospitalizations are high. Having this information makes it possible to plan specific public policies for the care of these patients, to raise awareness about the correct filling of data for databases and to reinforce the performance of specific tests so that a new look at the problem of cancer morbidity and mortality arises, which it will require facing many more efforts than have been made today within the scope of organizational health structures and in defense of SUS, given its complexity.

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CE Ceará. CEP

CID

Comitê de Ética e Pesquisa.

Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de saúde.

Dr. Doutor.

DSC Discurso do Sujeito Coletivo. Esp. Especialista.

INCA Instituto Nacional do Câncer. MS Ministério da Saúde.

OMS Organização Mundial de Saúde. Profº Professor. RCBP/RHC RHC SIGTAP SIA/SUS SIH/SUS SISCAN

Registros de Câncer de Base Populacional e Hospitalares. Registro Hospitalar De Câncer.

Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos.

Sistema de Informação Ambulatorial do Sistema Único de Saúde. Sistema de Informações sobre Internações Hospitalares.

Sistema de Informação do Câncer. SUS Sistema Único de Saúde.

UBS Unidade Básica de Saúde. UICC

UNILEÃO UPAS

União Internacional de Controle ao Câncer. Centro Universitário Doutor Leão Sampaio. Unidade de Pronto Aendimento.

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de câncer no período de 2010 a 2020...28 Gráfico 2 - Valores gastos dos serviços hospitalares segundo o estabelecimento no período de 2010 a 2020...29 Gráfico 3 - Distribuição percentual de casos de câncer nas macrorregiões estaduais no período de 2010 a 2020...40 Gráfico 4 - Distribuição do número de óbitos relacionadas ao câncer no período de 2010 a 2018...41

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 8 2 OBJETIVOS ... 11 2.1 OBJETIVO GERAL: ... 11 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ... 11 3 REFERENCIAL TEÓRICO ... 12

3.1 CÂNCER: Aspectos Gerais ... 12

3.2 CUIDADOS PALIAIVOS À PACIENTES ONCOLÓGICOS ... 13

3.3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PACIENTES ONCOLÓGICOS EM CUIDADOS PALIATIVOS ... 15

4 METODOLOGIA ... 19

4.1 TIPO DE ESTUDO ... 19

4.2 LOCAL E PERIODO DO ESTUDO ... 20

4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO ... 20

4.4 COLETA DE DADOS ... 21

4.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ... 21

4.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DA PESQUISA ... 22

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 23

5.1 RESULTADOS ENCONTRADOS NO DATASUS... 23

5.2 DISCUSSÃO... 27

6 CONCLUSÃO ... 35

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1 INTRODUÇÃO

Câncer é uma denominação de um grupo de mais de 100 patologias que tem como semelhança a multiplicação desordenada de células, que adentram os tecidos e órgãos. Multiplicando-se rapidamente, estas células estão propensas a ser bastante agressivas e incontroláveis, o que possibilita a formação de tumores, que tendem a espalhar-se para outras regiões do corpo (INCA, 2019).

Classificado também como neoplasia maligna, o câncer começa a crescer e se espalhar para outras partes do corpo, isso acontece quando as células cancerosas entram na corrente sanguínea e/ou nos vasos linfáticos do corpo, assim, ao longo do tempo os tumores irão evoluindo e substituindo o tecido normal, esse processo de disseminação do câncer é denominado metástase (ONCOGUIA, 2017).

Estima-se para o Brasil, biênio 2018-2019, uma ocorrência de 600 mil novos casos de câncer, para cada ano. Ressalvando o câncer de pele não melanoma (cerca de 170 mil novos casos), ocorrerão 420 mil novos casos de câncer. O cálculo global corrigindo para sub-registro, segundo MAHERS et al, aponta a ocorrência de 640 mil casos novos. Essas estimativas refletem o perfil de um país que possui os cânceres de próstata, pulmão, mama feminina, cólon e reto entre os mais incidentes, entretanto ainda apresenta altas taxas para os cânceres do colo do útero, estômago e esôfago (INCA, 2018).

O câncer tem sido visto como uma doença de processo irreversível e cheio de significados para o paciente e equipe de saúde, que se estabelecem a partir de vivências socioculturais, muitos medos e incertezas formados desde o momento em que se dá a possibilidade, mesmo que remota, de seu diagnóstico. O processo de morte, a pesar de inevitável em algum momento da vida do ser humano, não é uma questão simples de ser discutida, uma vez que, em nossa cultura, muitas vezes é representada pelo pavor e pela não aceitação (SOUSA et al., 2009).

O cuidado paliativo refere-se à melhoria da qualidade de vida das pessoas e também suas famílias que tem que lhe dar com condições ameaçadoras da vida, por meio do diagnóstico precoce e tratamento de sintomas físicos, psicossociais e espirituais. Esse cuidado exige atuação da equipe multiprofissional de saúde, com toda atenção voltada a contemplar a complexidade dos aspectos envolvidos no processo de adoecimento (ARRIEIRA et al., 2018).

O câncer em estágio avançado, gera uma carga devastadora de sintomas físicos, emocionais e psicológicos. Em relação as situações de ameaça à vida, os cuidados paliativos parecem aliviar o sofrimento do paciente em suas diversas percepções, através de uma avaliação

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de questões que envolvem a disponibilidade de medicamentos para o alívio da dor, treinamento em cuidados paliativos para o câncer, assim também como o estabelecimento de políticas nacionais e programas que cobrem esse tema. (FREITAS DE CASTRO et al., 2017).

Os profissionais de enfermagem que trabalham em serviço oncológico estão expostos diariamente a situações onde surgem os conflitos, tais como: as pressões impostas pelo modelo biomédico tradicional que prioriza a cura e a longevidade; as frequentes perdas por morte; o constante convívio que gera um enorme afeto pelo vínculo com os doentes graves, suas famílias e o luto desses familiares. O estresse nos profissionais inseridos nesse modelo de cuidado é de grande importância, uma vez que fornece subsídios para intervenções relacionadas à saúde do trabalhador, com a elaboração de estratégias positivas, coletivas e individuais, a fim de minimizar os riscos ocupacionais e o estrese entre enfermeiros oncológicos que atuam nos cuidados paliativos (RODRIGUES DOS SANTOS et al., 2017).

Diante do exposto, o presente estudo desenvolveu-se a partir da seguinte problemática: investigar a prevalência do número de casos de câncer no Ceará de 2010 a 2020. Justifica-se a escolha da temática abordada, por considerar que se trata de um assunto ainda pouco abordado, sendo necessário ser mais explorado e melhor compreendido acerca do tema em questão, visto que do câncer é determinado como um grande problema de saúde pública, e que traz enorme prejuízo a saúde mundial.

O estudo foi pensado com a finalidade de ser desenvolvido para analisar de forma crítica e analítica, para investigar e analisar a ocorrência do número de casos de câncer e traçar um comparativo dos dados dos anos no período de 2010 a 2020. Para se obter um resultado dos registros encontrados que se permita entender os fatos e questões dos casos que foram observados. E assim, consequentemente, visando instigar ao pensamento de quais formas se pode intervir para que se tenha um maior e melhor controle no número de casos.

Nesse contexto, com o intuito de proporcionar dados e comparativos que permitam a identificação da ocorrência diante dos números de casos de câncer encontrados, e assim dispor de conhecimentos mais abrangentes e específicos, a pesquisa se torna de grande importância, visto que o enfermeiro durante sua atuação profissional irá demandar de um leque de conhecimentos necessários e adequados para direcionar as possíveis decisões e assim ter a possibilidade de uma melhor visão e conhecimento a partir dos registros dos números de casos de câncer.

Com isso, a pesquisa visa tem como objetivo contribuir a somar informações diante do assunto em questão, para que sirva de base para a atuação do profissional da enfermagem e dos

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demais profissionais de saúde no combate e prevenção para um melhor controle do número de casos do câncer.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

 Descrever a ocorrência de casos de câncer registrados nos sistemas de informações em saúde do estado do Ceará, Brasil, no período de 2010 a 2020.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Relatar as principais características do câncer, bem como seus sinais e sintomas;  Quantificar a ocorrência de casos disponíveis nos sistemas de informações no período

de estudo;

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 CÂNCER: Aspectos Gerais

O câncer é um conjunto de mais de 100 tipos de doenças, que tem em comum o crescimento desordenado das células, que tendem a invadir todos os tecidos de órgãos vizinhos (INCA, 2019).

Nesse sentido, é possível notar que as células que formam os tecidos do corpo humano são capazes de multiplicar por meio de um método continuo e natural. A maioria das células normais cresce, se multiplica e morrem de maneira ordenada. Diante dessa assertiva é necessário ressaltar que nem todas as células normais são iguais, algumas nunca se dividem, tal como os neurônios (INCA, 2019).

O corpo humano é formado por trilhões de células que se multiplicam por meio de um processo chamado divisão celular. Em condições normais, esse processo é ordenado e controlado e é responsável pela formação, crescimento e regeneração dos tecidos saudáveis do corpo. Essas células perdem a capacidade de limitar e controlar o seu próprio crescimento passando, então, a multiplicarem-se muito rapidamente e sem nenhum controle. O câncer se inicia quando as células de algum órgão ou tecido do corpo começam a crescer fora de controle. Esse crescimento é diferente do crescimento celular normal. Em vez de morrer, as células cancerosas continuam crescendo e formando novas células anômalas (ONCOGUIA, 2017).

O câncer como doença crônica relaciona-se diretamente à dor e seu controle tem sido investigado por vários pesquisadores. Entretanto, a dor não está sozinha, ela traz consigo sofrimento intenso e pode interferir no âmbito fisiológico, psíquico, social e espiritual. Definida pela Associação Internacional para o estudo da dor como uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada a uma lesão real ou potencial dos tecidos, a dor é vivenciada por 50 a 70% dos indivíduos com câncer na fase inicial da doença. E nos estágios mais avançados, esse percentual pode chegar a 90%. Nesse sentido, sempre que o enfermeiro evidenciar a dor, deve direcionar ações para o seu controle, além da intervenção e monitorização dos resultados para níveis considerados aceitáveis pelo paciente (STUBE et al., 2015).

O registro nacional de câncer é um desafio para países em desenvolvimento, especialmente para o Brasil com suas dimensões continentais. O câncer é responsável por mais de 21% de todas as causas de óbito no mundo: mais de 8,2 milhões de pessoas morrem anualmente em consequência desta doença. A incidência da doença alcançará mais de 15 milhões em 2020 de acordo com a União International de Controle ao Câncer (UICC). Só neste

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ano, a estimativa é que surjam 582 mil novos casos – 300 mil em homens e 282 mil em mulheres. A estratégia tem sido manter e fortalecer centros de informação (Registros de Câncer de Base Populacional e Hospitalares – RCBP/RHC) que permitam monitorar a situação do câncer como parâmetro para todo o país. (MS, 2018).

3.2 CUIDADOS PALIATIVOS À PACIENTES ONCOLÓGICOS

Os cuidados paliativos originam-se no movimento hospices. Em, 1840, na França, os hospices serviam de abrigos para peregrinos. O termo “Palliare” significa proteger, amparar, cobrir, abrigar. Cuidados paliativos têm como objetivo principal a qualidade de vida e não somente o tempo que ainda se tem de vida, fornecendo alivio da dor, dos sintomas estressantes e ansiedade, reafirmando a vida e a morte como processo natural, não apressar ou adiar a morte. Tem como objetivo também, oferecer um sistema de apoio à família para lidar com a doença do paciente, ajudar o paciente a ter uma vida ativa e não ficar somente esperando a morte, além de aconselhamento e suporte ao luto (TAVARES et al., 2015).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu os princípios que devem reger os cuidados paliativos com o doente terminal, sendo que para esta instituição é fundamental reafirmar a importância da vida, considerando o morrer como um processo natural, devendo-se também estabelecer um cuidado que não acelere a chegada da morte, nem a prolongue com medidas desproporcionais, a chamada obstinação terapêutica. Além disto, deve-se proporcionar alívio da dor e de outros sintomas penosos, integrar os aspectos psicológicos e espirituais na estratégia do cuidado, oferecer um sistema de apoio para ajudar o paciente a levar uma vida tão ativa quanto lhe for possível antes que a morte lhe sobrevenha (SILVA et al., 2014).

O cuidado a pessoa com câncer em cuidados paliativos deve ser desenvolvido por uma equipe de saúde multidisciplinar e multiprofissional, visando atender as demandas do paciente e de sua família. Mas o enfermeiro tem relevante papel neste cuidado, pois as condições do seu trabalho intra-hospitalar durante as 24 horas/dia, oportuniza maior convívio com o paciente e sua família, favorecendo o equilíbrio entre o cuidado biológico e o humanizado (SALIMENA et al., 2019).

O cuidar dos pacientes oncológicos em fase terminal deve abranger sua totalidade, alcançar o ser como um todo, de forma física, social, espiritual e psíquica. O cuidador sendo ele da família ou da equipe de enfermagem tem papel fundamental diante do processo da

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doença, participando de todas as fases do processo até a morte, buscando alternativas para um melhor cuidar (PINTO et al., 2018).

O cuidado paliativo prestado ao paciente oncológico exerce grande impacto não somente no paciente, mas também em sua família e até mesmo nos profissionais de saúde envolvidos no cuidado, que consiste em promover a melhoria de sua qualidade de vida, por meio da prevenção e alivio do sofrimento, da identificação precoce da avaliação e tratamento da dor e outros demais sintomas físicos, sociais e psicológicos que eventualmente ocorrem durante o tratamento (SANTOS et al., 2018).

No tocante ao cuidar, especificamente com o paciente acometido por uma patologia em estágio avançado e sem perspectivas de cura, a atenção e o cuidado estão direcionados em suas necessidades e limitações, uma vez que o processo de morte é irreversível e o tempo de sobrevida está restrito há dias, semanas ou meses. Com base nesse entendimento, torna-se essencial adotar uma prática que esteja fundamentada no bem-estar biopsicossocial e espiritual da pessoa em sua finitude, a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida e minimizar o sofrimento durante a doença terminal. Dessa maneira, devem-se considerar, essencialmente, os cuidados paliativos, como modalidade de assistência, pois, exige da equipe um olhar atento e cauteloso (FERNANDES et al., 2013).

Baseada em uma visão holística do ser humano os cuidados paliativos têm como filosofia valorizar a vida e encarar a morte como um processo natural. Portanto, é evidente a importância dos cuidados paliativos direcionados ao paciente na terminalidade da vida, especialmente o oncológico, visto que estes cuidados proporcionam uma abordagem diferenciada de tratamento que tem como objetivo principal a promoção do cuidar humanizado. Visto que dirige seu foco para o alívio das necessidades biopsicossociais e espirituais, assim como integra a esses cuidados valores, crenças, práticas culturais e religiosas do paciente e seus familiares (FERNANDES et al., 2013).

Os processos emocionais desencadeados nos pacientes em cuidados paliativos exigem um cuidado especializado, assim como é fundamental compreender e dar suporte, bem como ouvir e aprender com o paciente. Tendo sempre em mente que está cuidado de um ser humano e não apenas da enfermidade que ele traz. Diante de uma patologia como o câncer. Sabe-se que o envolvimento familiar é inevitável (RIBEIRO et al., 2019).

Os cuidados paliativos têm se ampliado, devido às demandas de pessoas acometidas por doenças crônicas que não respondem aos tratamentos e necessitam de atenção à saúde. Isso reflete na atuação dos profissionais de saúde, uma vez que eles carecem de buscar variadas modalidades de cuidado que proporcionem alivio dos sintomas e favoreçam conforto aos

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pacientes sob sua responsabilidade. No Brasil, a projeção é que a elevação da oferta de cuidados se intensifique ainda mais devido à necessidade. Por tanto, é preciso aumentar a quantidade de profissionais nesta área de atuação (BRANDÃO et al., 2017).

Como o câncer é uma doença que pode levar ao óbito, os programas de cuidados paliativos têm sido reconhecidos como estratégias fundamentais para melhorar a qualidade de vida de pessoas com doenças que podem fazer com que elas vivenciem a fase terminal. O controle do sofrimento físico, emocional, espiritual e social é essencial nesta modalidade de cuidado, já que a pessoa fica doente, desde o diagnóstico até o momento da morte. E sua família, durante o curso da doença até a fase do luto, procuram recursos para amenizar o sofrimento (SANTOS et al., 2011).

Os cuidados paliativos são efetivos e completos, destinados ao portador de grave doença progressiva que compromete a vida, tendo como objetivo a promoção de melhores condições de vida ao paciente e seus familiares, por meio do planejamento de uma assistência pautada nas reais necessidades de cada caso, para alívio do sofrimento, das dores físicas, entre outros sintomas da mesma ordem e também de âmbito social, psicológico e espiritual (BARBOSA et al., 2019).

Considerando o cuidado para o paciente terminal, que o abrange de forma holística, refletindo assim em sua rotina e consequentemente na equipe multiprofissional. Para que o cuidado seja realizado com efetividade é preciso que o profissional enfermeiro seja instruído desde sua formação acadêmica, capacitando-o para lidar como o sofrimento alheio e atende-lo com sensibilidade exercendo seu cuidar com dedicação e empatia, de forma que não cuide somente da dor física, como também de toda dor causada pelo sofrimento tanto do paciente como do seu grupo familiar. Pode-se observar que a prática dos cuidados paliativos é uma assistência crescente em âmbito nacional, exigindo desde órgãos nacionais de saúde à equipe que prestará uma atenção direcionada e integral (RODRIGUES et al., 2018).

3.3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PACIENTES ONCOLÓGICOS EM CUIDADOS PALIATIVOS

Os profissionais de enfermagem que trabalham em oncologia e no cuidado paliativo oncológico lidam diariamente com situações potencialmente estressantes, como a morte, a não cura, o processo do fim da vida e angústia familiar. Cabe salientar que os fatores psicológicos, organizacionais e sociais, implicados no contexto da assistência ao paciente oncológico, principalmente, em cuidados paliativos que são elementos que concorrem para o sofrimento no

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cotidiano dos enfermeiros, tornando-os vulneráveis para o acometimento pelo estresse ocupacional (SANTOS et al., 2016).

Os profissionais da área da saúde, em destaque o enfermeiro, pela proximidade e interatividade inerente, deve estar informado de que sua assistência é de essencial importância para estes pacientes, essa consciência deve permitir ao paciente um cuidado adequado estável. Os cuidados paliativos não é uma tarefa fácil, mas requer atenção aos pequenos detalhes, conhecimento específico para cada atendimento, visto que o paciente necessita de cuidados de forma integral, apoio psicológico e familiar. Todos os seres humanos em particular o portador de doença oncológica tem direito a qualidade de vida e a prestação da assistência à saúde (TAVARES., 2015).

O enfermeiro deve ver o paciente de forma holística, humanizada, priorizando a comunicação terapêutica de forma adequada, para promover o afeto, carinho e atenção de cada paciente. É importante que os profissionais de enfermagem compreendam a necessidade de dar uma maior importância ao relacionamento terapêutico no sentido mais amplo. Sendo assim, o relacionamento de cuidado dentro da enfermagem oncológica consiste em emoções, sentimentos intensos e troca de ideias (SANTOS et al., 2018).

Nesse sentido, a postura que o enfermeiro vai adotar precisa começar já no momento do diagnóstico, no sentido de aliviar o impacto de uma notícia deste tipo, esclarecendo sobre a ampliação das possibilidades de sobrevida e os ganhos possíveis em termos de qualidade de vida nos dias atuais, garantindo ao paciente que ele não estará solitário no enfrentamento do problema e de suas consequências, agindo também no sentido de estimular a presença como condição fundamental para um tratamento com êxito, entre outras intervenções eficientes e humanizadas, como a dedicação total ao tratamento, a manutenção da autoestima e os benefícios de planejar um futuro ativo e positivo (RIBEIRO et al., 2019).

A proximidade entre profissional-paciente tem seu lado positivo, pois favorece o cuidado integral, porém possibilita ao profissional absorver sentimentos negativos advindos das situações enfrentadas pelos pacientes, exigindo aos membros da equipe que desenvolvam habilidades para lidar com seus sentimentos, exigindo também um preparo psicológico. Assim, é necessário que existam modos de auxílio a estes profissionais com o intuito de ajuda-los a lidarem com estas situações, reconhecidamente geradoras de sofrimento e vulnerabilidade psicológica (SALIMENA et al., 2019).

O profissional de enfermagem tem um papel essencial diante do processo de doença e participa em todos os aspectos do cuidar, acompanhando o paciente em todas as fases do processo de doença e morte, buscando alternativas para melhor cuidar. O cuidar diário do

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paciente em fase terminal, contribui para minimizar conflitos pré-existentes, pois, geralmente, os profissionais são bastante cobrados pelos familiares diante do fato de ter tomado para si a grande responsabilidade de cuidar de um paciente oncológico em cuidados paliativos que se trata de um processo longo e desgastante para os parentes e pela própria família nuclear: pais, filhos e cônjuges (VIANA et al., 2017).

O cuidado da enfermagem ao paciente com câncer, em cuidados paliativos, demanda preparo emocional das equipes frente à vivência de experiências de sofrimento dos pacientes com câncer avançado e de suas famílias. A rotina dos cuidados frente à terminalidade gera exaustão emocional para os profissionais de enfermagem. O conjunto de intervenções de enfermagem implementadas cotidianamente, somando a uma abertura realista, no que toca à meta não curativa e ainda às reações emocionais e físicas próprias do compadecimento, são elementos relevantes na gestão da equipe de enfermagem que atua em cuidados paliativos (FULY et al., 2016).

O cuidar em enfermagem exige que o profissional tenha um olhar abrangente e humanizado com o intuito de assistir à pessoa em sua integralidade, respeitando-a nos aspectos biopsicossociais e nas suas particularidades, deixando de valorizar somente a execução de técnicas e práticas específicas. É preciso que as pessoas, profissionais e gestores, tenham interesse em ofertar um cuidado paliativo de qualidade, em acordo com as necessidades sociais da contemporaneidade, a partir do conhecimento científico, de modo a garantir eficiência, eficácia, segurança e qualidade (SILVA, 2015).

O propósito da assistência em enfermagem é encontrar no trabalho cotidiano, junto aos que recebem cuidados paliativos, um equilíbrio harmonioso entre a razão e a emoção. O enfermeiro é o profissional que está diretamente ligado ao paciente, tendo assim o compromisso e responsabilidade de ouvir e compreender melhor às necessidades de cada um, propondo-lhes apoio, compreensão e efetividade no momento de carência que possuem no enfrentamento da doença e consequentemente a caminho da terminalidade (SANTOS et al., 2011).

Portanto, o enfermeiro precisa possuir além de aptidões técnicas, empatia e sensibilidade para prestar uma assistência ética e humanizada pautada às necessidades do paciente em cada fase do tratamento, considerando dessa forma as suas individualidades, enxergando-o como protagonista no planejamento da assistência, preservando seu direito de escolha. A atuação do enfermeiro na área oncológica de cuidados paliativos é de grande importância devido à elevada e crescente taxa de óbitos por câncer no mundo, o que irá aumentar ainda mais o número de pessoas que necessitarão de cuidados paliativos (BARBOSA, 2019).

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Oliveira (2016) relata que a equipe de enfermagem não é capaz de cumprir com eficácia as metas dos cuidados paliativos, sendo necessário o apoio de uma equipe multiprofissional (50%), com médico, nutricionista, psicólogo, assistência social, fisioterapeuta. O trabalho em equipe é digno de excelência e capaz de suprir todas as necessidades dos pacientes. Com 37,5% a comunicação efetiva é um dos aspectos a melhorar por toda a equipe de saúde. O paciente não deve ser considerado apenas como corpo doente, mas como uma pessoa que carrega consigo uma história de vida constituída de medos, anseios e desejos. Cabe à equipe, em especial ao enfermeiro atuar de forma ativa e efetiva, esclarecendo as dúvidas e encorajando atitudes positivas.

Para manter e/ou reestabelecer o relacionamento interpessoal do paciente, o profissional de enfermagem precisa desenvolver o cuidado para além do fazer, que inclua o escutar, perceber, compreender, identificar necessidades para, só então, planejar ações. Pode-se identificar que as intervenções realizadas diante das necessidades psicossociais referentes ao conforto, resumiram-se na administração de medicações analgésicas. Embora seja indiscutível o controle da dor em pacientes oncológicos, confortá-los envolve a combinação de analgésicos com outras medidas de conforto que atendem para diferentes dimensões do indivíduo (RIBEIRO et al., 2016).

O cuidado do enfermeiro à pessoa com câncer não pode se limitar a terapêutica do paciente, é preciso que se amplie para seus familiares. Entre as ações que o enfermeiro pode desenvolver junto às famílias dos pacientes oncológicos, está o incentivo a permanecer próxima ao familiar doente. Estratégia como essa fortalece o vínculo entre, a família e o enfermeiro, assim como contribui para a qualidade dos cuidados paliativos de pessoas oncológicas que se encontram fora de possibilidade de cura. Fica evidente que o cuidado paliativo ofertado pelos enfermeiros às pessoas com câncer em cuidados paliativos é fundamental, dados os benefícios para os pacientes, como o alívio do sofrimento no fim da vida, assim como também o conforto para sua família (BRANDÃO et al., 2017).

(19)

4 METODOLOGIA

4.1 NATUREZA E ESTUDO

Trata-se de uma pesquisa descritiva e bibliográfica com um estudo de relação de variáveis através de uma abordagem quantitativa.

O propósito da pesquisa descritiva é investigar, descrever e analisar os fenômenos ou sistemas técnicos, sem, adentrar na idoneidade dos conteúdos. Neste modelo de pesquisa não pode haver intervenção do pesquisador, que deverá apenas descobrir a regularidade com que o fenômeno acontece ou como se estrutura e funciona um sistema, método, processo ou realidade operacional, sendo que, a pesquisa descritiva realiza-se o estudo, a análise, o registro e a interpretação dos fatos do mundo físico sem a intervenção do pesquisador. (BARROS; LEHFELD, 2007).

A pesquisa bibliográfica dispõe de materiais já elaborados, podendo ser formada de textos, gráficos, livros, artigos e qualquer tipo de literatura disponível, permitindo ao autor um amplo acervo de conhecimentos de diversas fontes (GIL, 2002)

O estudo de relação de variáveis é uma forma de compreendimento quantitativos-descritiva que se correlaciona à descoberta de variáveis pertinentes a determinada questão ou situação, da mesma forma que à descoberta de relações relevantes entre variáveis e semelhanças dos fatores apontados por elas. Através desse tipo de pesquisa é possível fazer uma análise e entendimento numérico dos assuntos retratados (MARCONI; LAKATOS, 2010).

A pesquisa quantitativo-descritiva consiste em investigação de pesquisa empírica cuja principal finalidade é o delineamento ou analise das características de fatos ou fenômenos, avaliação de programas ou de isolamento de variáveis principais ou chaves. Qualquer um desses estudos pode utilizar métodos formais, que se aproximam dos projetos experimentais, caracterizados pela precisão e controle estatísticos, com a finalidade de fornecer dados para a verificação de hipóteses. Todos eles empregam artifícios quantitativos tendo por objetivo a coleta sistemática de dados sobre populações, programas, ou amostras de populações e programas. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p.187).

Assim, a pesquisa quantitativa-descritiva realiza-se através da observação e de estudos, dos registros e da interpretação dos fatos do mundo físico sem a interferência do pesquisador. O processo descritivo visa a identificação, registro e análise das características, fatores ou variáveis que se relacionam com o fenômeno ou processo associados a números quantitativos para melhor entendimento sobre exatidões de resultados (MARCONI; LAKATOS, 2010).

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4.2 LOCAL E PERIODO DO ESTUDO

A pesquisa foi desenvolvida através da utilização da base de dados do Sistema Único de Saúde chamado DATASUS, com índices referentes ao estado do Ceará.

DATASUS é o departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil. Trata-se de um órgão da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde com a responsabilidade de coletar, processar e disseminar informações sobre saúde. O DATASUS administra informações de saúde e informações financeiras. Essas bases de dados podem ser consultadas no seu portal. É responsável, também, pelos sistemas e aplicativos necessários para registrar e processar as informações de saúde. Um exemplo é o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), que contém todas as informações sobre a base instalada para atendimento à população no país: equipamentos, leitos e os profissionais, por especialidade, com informações tanto do segmento privado conveniado ao SUS quanto do segmento público. (BRASIL, 2018)

O estado do Ceará possui 184 municípios e ocupa uma área territorial de 148.887,633km², na região Nordeste do Brasil. De acordo a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2018, a população cearense estimada era de 9.075.649 habitantes. Em 2017, o valor de rendimento nominal mensal per capita dos domicílios particulares permanentes era de R$824,00. Em 2009, o estado contava com 4.048 estabelecimentos de saúde do Sistema Único de Saúde dedicados a assistir sua população. No ano de 2016, foram registrados 126.377 nascimentos no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) (IBGE, 2019).

4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO

A realização do estudo deu-se através de dados encontrados nos bancos de dados do DATASUS, referentes a internações clínicas para o tratamento de câncer.

Os dados populacionais são pertencentes a ambos os sexos, sem restrição de idade, gênero, raça/cor, crença, condição socioeconômica, escolaridade, limitação física, intelectual, funcional, desde que diagnosticados com câncer ou que venha a ter algum desfecho (internação ou morte) pela patologia com os registros datados no período de janeiro de 2010 a março de 2020, todos atendidos por unidades hospitalares que fazem parte da rede SUS.

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4.4 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi feita através de observação sistemática. Neste tipo de observação há um planejamento de ações, sendo uma observação direcionada onde quadros, anotações, escalas e dispositivos mecânicos podem ser utilizados para observação (MARCONI; LAKATOS, 2010).

Para a formulação do referencial teórico utilizaram-se artigos publicados, com um levantamento bibliográfico em revistas e bases de dados da literatura disponíveis no LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), SCIELO (Scientifc Eletronic Library Online), MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), com auxílio do portal BVS (Biblioteca Virtual em Saúde e OMS (Organização Mundial de Saúde), utilizando os descritores: Serviço Hospitalar de Oncologia, Sistemas de Informação em Saúde e Epidemiologia , que abordem o conteúdo programado referente as cardiopatias apresentadas. É referida também utilização de literatura cinzenta sem descriminação de janela temporal, respeitado a importância desse material para a descrição de procedimentos operacionais padrões clássicos na formulação da pesquisa.

Os dados quantitativos foram colhidos através de bancos de dados com fontes nos registros do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) e Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), com números pertencentes ao estado do Ceará. Todos os resultados serão descritos referentes a janela temporal de 01/01/2010 a 30/06/2020, tratando-se de homens, mulheres e crianças de toda e qualquer idade, desde que tiveram desfecho de internação hospitalar e/ou óbito como causa principal do câncer.

4.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Logo após obtenção dos dados, as informações coletadas foram organizadas a partir da técnica de descrição estática. Será desenvolvida uma organização dos dados onde os mesmos serão dispostos em forma de tabelas e gráficos, separados por assuntos, para uma melhor visualização e compreensão da realidade analisada.

Para disposição numérica dos resultados foram utilizados o Microsoft Excel e Microsoft Word ambos versão 2010, onde o material gráfico de exposição foi formalizado e descrito.

A interpretação dos dados foi desenvolvida de forma sequencial e específica para cada item analisado, com métodos comparativos e referenciados, a fim de dispor com maior clareza

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o conteúdo apresentado. A discussão foi desenvolvida com técnicas descritivas de análises e disposta com preceitos éticos para não alterar o viés da pesquisa.

4.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DA PESQUISA

A pesquisa foi desenvolvida seguindo os preceitos éticos e científicos pertinentes prescritos da resolução 510 de 2016 sobre os aspectos legais na pesquisa. Com adequação aos princípios, esta pesquisa foi fundamentada em fatos científicos e utilizando os métodos adequados para responder as questões levantadas da pesquisa quantitativa, respeitando os valores culturais, sociais, morais e éticos com a utilização de materiais e dados colhidos exclusivamente para a finalidade prevista no seu protocolo.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 RESULTADOS ENCONTRADOS NO DATASUS

GRÁFICO 1 – Curva comparativa entre os casos anuais e a média relativa a casos diagnosticados de câncer no período de 2010 a 2020.

Fonte: DATASUS: estíticas vitais. 2020.

A descrição dos pacientes que foram internados no primeiro ano após terem iniciado o tratamento oncológico foi composta, majoritariamente, por mulheres, homens e crianças. A idade média para esse grupo se reduz para 58,9 anos. A frequência de pacientes internados por ano de início do tratamento mostra tendência crescente entre 2011 e 2019, mantendo-se a ressalva de que a inclusão dos pacientes não compreendeu todos os meses do ano 2020. Indivíduos com tumores em estadiamento III e IV representaram juntos 68,4% dessa população. A quimioterapia foi o tratamento inicial de 60,2% das pessoas e também se incluiu no maior grupo enquanto modalidade terapêutica no primeiro ano de tratamento oncológico, composto por pacientes que realizaram as três combinações: radioterapia, quimioterapia e cirurgia (32,6%).

Os números de atendimentos de 2010 a 2019, quando comparados pode se observar uma alta bastante exponencial, principalmente a partir do ano de 2011 que teve uma alta de 1.339 de número internações em relação ao ano anterior com apenas 200 casos registrados. Em 2020 o registro que se têm é até então o mês de abril o que se justifica ainda o número baixo e o declínio da curva gráfica em relação aos demais anos.

200 1.339 1.809 2.468 2.619 2.706 2.857 3.076 3.928 3.978 592 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Internações por ano

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A crescente curva do número de internações é bastante alarmante e podemos observar uma crescente alta e um número bastante expressivo de 3.928 internações em 2018, mas em 2019 teve um registro ainda maior com 3.978 internações. Assim, resultando 2019 o ano com maior número de casos de internações. A maior parte dos pacientes internou uma única vez (55,4%) e a população teve média de 2,1 internações por pessoa no primeiro ano após o início do tratamento oncológico. O tempo médio de permanência hospitalar foi 12 dias. A maioria dos pacientes (65,9%) foi internada em caráter de urgência por, no mínimo, uma vez nesse período.

Gráfico 2 – Valores gastos dos serviços hospitalares segundo o estabelecimento no período de 2010 a 2020.

Fonte: DATASUS: estatísticas vitais. 2020.

Com o intuito de se observar a jornada do paciente com câncer, o gráfico demonstra os gastos diretos com a doença, como hospitalizações e cirurgias, medicamentos, além dos custos indiretos, como morte prematura, aposentadoria por invalidez, entre outros. O custo direto com o câncer no Brasil foi estimado em 5,4 bilhões no SUS, com base em dados no DATASUS. A quimioterapia corresponde a maior parte dessa despesa – 48% do total, o que equivale a R$ 2,2 bilhões. A radioterapia e a hormonioterapia, com 10% e 7% do total. Já os procedimentos hospitalares, que incluem cirurgias oncológicas, internações e hospitalizações, somas R$ 1,1 bilhão, o que representa 25% dos gastos diretos com a doença.

112.308.532,10 89.192.335,44 0,00 20.000.000,00 40.000.000,00 60.000.000,00 80.000.000,00 100.000.000,00 120.000.000,00

Hospital São Vicente de Paulo

Valor total Valor dos serviços hospitalares

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Os valores apresentados foram demonstrados de duas formas: valor total e valor dos serviços hospitalares. Onde o valor dos serviços hospitalares está relacionado aos gastos dos atendimentos, das internações, das acomodações, das diárias, dos materiais, das medicações, das taxas dos exames, dos tratamentos, assim como também dos serviços especiais e etc.

GRÁFICO 3 – Distribuição percentual de casos de câncer nas macrorregiões estaduais no período de 2010 a 2020.

Fonte: DATASUS: estíticas vitais. 2020.

No Gráfico 3 apresenta-se a descrição da população do estudo, composta por 92.990.795 pacientes que iniciaram o tratamento oncológico pelo SUS, segundo características sociodemográficas e clínicas. O perfil sociodemográfico dos pacientes estudados mostrou predominância do sexo feminino (60,1%), idade entre 60 e 79 anos (48,2%) e residentes da macrorregião de Fortaleza (69%), seguido pela macrorregião de Sobral (12%). A idade média da população foi 60,8 anos. Os homens com câncer de próstata e as mulheres com câncer de mama somaram 63,0%.

Mais da metade dos pacientes estudados (53,3%) já iniciou o tratamento oncológico com tumor local extenso ou invasão linfática regional extensa (estádio III) ou tumor localmente avançado ou metastático (estádio IV). A maioria iniciou o tratamento oncológico com a quimioterapia (56,6%) a manteve como modalidade terapêutica exclusiva para o câncer nesse período de um ano (26,1%). A maior parte das pessoas estudadas (83,1%) apresentava outras patologias além do câncer no momento de início do tratamento oncológico, sendo a maioria

69% 12%

14% 3%2%

Porcentagem por Macroregião estadual.

Fortaleza Sobral Cariri Sertão Central Litoral Leste/ Jaguaribe

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(43,2%) tendo entre 1 e 3 comorbidades. A ocorrência de internação hospitalar, no mínimo uma vez no primeiro ano após serem submetidos ao primeiro tratamento, se deu em 142.061 (34%) pacientes.

Dentre as macrorregiões, Fortaleza se sobressaiu dentre todas as demais com um total de 64.072.415 casos registrados de câncer de 2010 a 2020, seguidos do Cariri com 11.404.815 casos, Sobral com 11.404.815 casos, o Sertão Central com 2.800.871 casos e o Litoral Leste/ Jaguaribe com 2.062.323 casos.

Gráfico 4 – Distribuição do número de óbitos relacionadas ao câncer no período de 2010 a 2018.

Fonte: DATASUS: estatística vital. 2020.

Compreende-se que a mortalidade expressa o número mortes por câncer em uma população. Esse indicador reflete o impacto das mortes por câncer em uma população. As informações sobre mortalidade por câncer estão disponíveis por meio do Sistema de Informação sobre Mortalidade e inclui as mortes onde o câncer é mencionado como causa do óbito nas Declarações de Óbito.

Quando comparamos esses óbitos por cada ano, observamos uma crescente nos números a partir do ano de 2011 que se teve um crescimento de mais de 500 óbitos e que nos anos de 2012, 2013 e 2014, tiveram uma alta nos números, mas que se obteve na média dos 7.000 óbitos registrados e a partir de 2015 os números dispararam até o ano do maior pico em 2018 com 9.389 casos de acordo com o último registro do DATASUS.

7.007 7.013 7.547 7.758 7.888 8.396 8.754 9.166 9.389 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000 10.000 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Número de óbitos por ano

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5.2 DISCUSSÃO

O perfil majoritário da população feminina no presente estudo também foi mencionado em outras pesquisas nacionais sobre o câncer (OLIVEIRA et al., 2015; SANTOS et al., 2015; CAVALINI, 2012). De acordo com Santos et al. (2015), em geral, as mulheres buscam os serviços de saúde com mais facilidade, o que pode se traduzir no diagnóstico e tratamento mais oportuno. O autor menciona como uma das hipóteses para justificar as maiores demandas nos serviços de saúde para o tratamento de neoplasias no sexo feminino, a ampliação das políticas públicas para rastreamento e diagnóstico dos cânceres de colo de útero e de mama.

Cavalini (2012) complementa que a maior frequência de mulheres em tratamento oncológico reflete também a mortalidade específica por neoplasias entre os homens mais significativa, tendo em vista que os tumores com menor sobrevida predominam na população masculina.

As concepções de gênero da população masculina, estruturas organizacionais das unidades básicas de saúde e até mesmos aspectos culturais da masculinidade são mencionados como justificativas para menor utilização dos serviços de atenção primária à saúde no Brasil pelos homens (FIGUEIREDO; SCHRAIBER, 2011).

Assim como o grande percentual de mulheres em tratamento para o câncer de mama, a maior observação dos homens em tratamento para o câncer de próstata nessa pesquisa é estimada pelo INCA e também apontada em outros estudos (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2018; OLIVEIRA et al., 2015; CAVALINI, 2012).

O aumento da prevalência dos tumores de mama e próstata está associado à mudança do perfil demográfico brasileiro e o consequente envelhecimento populacional. Embora os homens sejam menos ativos na busca dos serviços de saúde para ações de prevenção e promoção, há um enfoque especial na saúde do homem para o rastreamento, diagnóstico e tratamento do câncer de próstata (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2018; FIGUEIREDO; SCHRAIBER, 2011).

Considerando-se o conhecimento epidemiológico acerca das internações e óbitos pelo câncer estudados, a evidência no estudo da maior proporção de pessoas na faixa etária entre 60 e 79 anos é esperada, principalmente se tratando de tumores malignos (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2018; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010).

A prevalência de comorbidades mostrada na pesquisa reflete as condições de saúde dos adultos no Brasil. Aproximadamente 80% dos brasileiros com 60 anos ou mais possui ao menos

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uma morbidade (BOCCOLINI; CAMARGO, 2016). Com base na fisiologia do envelhecimento, considera-se que nessa faixa etária as pessoas estão mais sujeitas ao desenvolvimento de outras doenças como hipertensão arterial, cardiopatias e diabetes (LIMACOSTA, 2003).

Somam-se a isso, as falhas no investimento na atenção primária no Brasil e o fato de estarmos estudando a população de pacientes oncológicos, cujos fatores de risco para o câncer, tais como sedentarismo, obesidade, tabagismo e hábitos irregulares de alimentação, são comuns para diversas outras patologias (MENDES, 2012; SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA, 2011).

A maior proporção de indivíduos em Fortaleza, seguido por Sobral, descritos na distribuição percentual dos pacientes oncológicos em tratamento nesse estudo, por macrorregião, está de acordo com dados do IBGE por serem as regiões com maior contingente populacional no estado do Ceará. A macrorregião de Fortaleza apresentou maior proporção de pessoas do que a de Sobral, o que pode estar correlacionado com a maior oferta de leitos hospitalares (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010).

Os achados dessa pesquisa divergiram parcialmente de Oliveira et al. (2015), cujo estudo descritivo baseado em dados da Pesquisa Nacional de Saúde mostrou maior prevalência de pessoas que referiram diagnóstico de câncer na região de Sobral, sendo superior inclusive ao CARIRI.

A demonstração de resultados de uma grande parcela da população iniciando o tratamento já com tumores em estados mais avançados pode ser explicada pelo diagnóstico tardio do câncer, apontado enquanto grave problema de saúde pública não só no Ceará, mas como no Brasil inteiro (GOMES, 2014; OLIVEIRA et al., 2011).

Embora haja particularidades de cada tipo de câncer e recomendações, pelo Instituto Nacional do Câncer (2020) e pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (2011), da decisão do tratamento oncológico individualizada, a quimioterapia é uma modalidade de tratamento amplamente empregada.

Para alguns casos, a quimioterapia é indicada não somente como tratamento principal, mas também profilática ou paliativa, em combinação com a radioterapia e cirurgia (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2018; SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA, 2011).

Ainda que as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (2020) apontem o aumento da morbimortalidade por câncer no Brasil, condizentes com a grande quantidade de pessoas auto referindo diagnóstico da doença nos achados do estudo de Boccolini e Camargo (2016), não se

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observou a progressão em termos quantitativos de pessoas iniciando o tratamento oncológico nos anos compreendidos no período desse estudo.

No Ceará há uma demanda reprimida para os serviços de saúde de média e alta complexidade, verificando-se, inclusive, o crescimento do acesso por meio da judicialização (GOMES et al., 2014). Assim, os resultados dessa pesquisa reforçam que por mais que tenham sido adotadas estratégias, como a implementação da Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer e a ampliação das unidades de tratamento (BRASIL, 2013), elas não foram suficientes para suprir o crescimento da morbimortalidade nacional por câncer.

A tendência crescente das internações de pacientes oncológicos observada no período desse estudo corrobora os achados do estudo de Santos et al. (2015) sobre a série histórica das internações hospitalares no Ceará. Considera-se que o paciente oncológico em tratamento já está vinculado a algum serviço de alta complexidade na oncologia, o que pode viabilizar a regulação de vagas nas centrais de internação do SUS (OLIVEIRA; CARVALHO; TRAVASSOS, 2004).

Surge aqui o questionamento sobre se a espera pelo início do tratamento poderá estar contribuindo para um pior estado clinico do paciente ao iniciá-lo e sua consequente necessidade de internação hospitalar. Para tanto, faz-se necessário novos estudos que investiguem dados de série histórica das condições clínicas dos pacientes oncológicos ao iniciar o tratamento e de possíveis associações à frequência de internações hospitalares nessa fase de vida.

Embora com uma maior proporção de pacientes internando somente uma vez no período de um ano após iniciar o tratamento oncológico, observou-se que a grande maioria internou por algum evento não planejado, em caráter de urgência, ressaltando-se as internações para o tratamento das intercorrências clínicas oncológicas.

A constante busca de pacientes oncológicos pelos serviços de emergência, por condições agudas que resultaram em internações, também foi apontada por outros autores (TAMANG, 2015; APRILE et al. 2013; MAYER et al., 2011). Para Mayer et al. (2011), isso se deve, em parte, quando há menor vínculo entre o paciente e a equipe assistencial de saúde, ou nos momentos em que o contato com os profissionais de referência é dificultado, como nos finais de semana e durante a noite.

As queixas mais citadas pela literatura, que levam os pacientes oncológicos a buscarem o atendimento médico em caráter de urgência são dor, desconforto respiratório, anemia, problemas gastrointestinais como náuseas e vômitos, fadiga, dispneia e febre (TAMANG, 2015; APRILE et al. 2013; MAYER et al., 2011). O código da CID-10 para essas patologias

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apresenta correspondência com os códigos de procedimento do SIGTAP para o tratamento das intercorrências clínicas do paciente oncológico, corroborando os achados dessa pesquisa.

Aprile et al. (2013) observaram ainda, associação entre realização de quimioterapia e aumento significativo da busca pelos pacientes oncológicos dos serviços de urgência médica nos dias posteriores.

Algumas dessas intercorrências clínicas em pacientes oncológicos são passíveis de prevenção por meio da melhoria da qualidade assistencial durante o tratamento. Cita-se como exemplo, a utilização de fármacos de forma inapropriada, apontada em diversos estudos associada ao aumento de eventos adversos, hospitalização e mortalidade em pacientes oncológicos. As medicações mais citadas foram benzodiazepínicos, antidepressivos e anti-inflamatórios não-esteroides, antineoplásicos, analgésicos e anticoagulantes (PUGH, 2015; KO et al., 2014; SAARELAINEN et al., 2014; MIRANDA et al. 2011; NAZER et al., 2013;).

Nesse sentido, Ko et al. (2014) enfatizam que a observação das hospitalizações relacionadas ao uso de medicamentos entre pacientes com câncer merece destaque e que, portanto, mais atenção é necessária para desenvolver e melhorar as estratégias de prevenção da morbidade e mortalidade relacionadas a estes eventos.

A mortalidade hospitalar dos pacientes oncológicos internados no primeiro ano de tratamento, 24,6%, foi muito superior à taxa de mortalidade hospitalar geral no Ceará, 4,19% (MS, 2019).

Austin et al., 2014 afirma que as taxas de mortalidade hospitalar entre os pacientes oncológicos significativamente maior do que aqueles admitidos por outras especialidades refletem a própria gravidade do câncer.

Wallace et al. (2016) demonstraram maior mortalidade hospitalar entre indivíduos com tumores metastáticos. Para a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), a escassez de equipes de saúde qualificada no sistema público e a insuficiência de recursos materiais necessários para o suporte ao paciente com doença em estágio terminal em domicílio auxiliam na compreensão dos motivos da elevada utilização do serviço hospitalar na fase final da vida (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 2012).

A questão da terminalidade transcende o campo da saúde e traz consigo também um contexto cultural, dificultando a aceitação pelos pacientes e familiares da abordagem paliativa do tratamento (SILVA, 2005). Embora não exista uma legislação específica para instituir o início da abordagem assistencial paliativa, a ANCP trabalha com o critério indicativo do prognóstico da expectativa do tempo de vida estimado em seis meses, mas ainda de forma incipiente no Brasil (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 2012).

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Tornou-se evidente nesse estudo a relevância da caracterização dos pacientes oncológicos em tratamento e da contextualização das internações hospitalares. Tendo em vista o tempo de permanência hospitalar enquanto um indicador da eficiência dos serviços de saúde e importante instrumento para a compreensão da prática assistencial oncológica (KUNISAWA; FUSHIMI; IMANAKA,2016; FARJAH et al., 2012; KELLY et al., 2012), reflexões acerca das características dos pacientes oncológicos em tratamento pelo SUS, associadas a esse indicador contribuíram ainda mais para o entendimento do panorama do câncer no Ceará.

No que diz respeito ao sexo, o risco de internação e de permanecer por mais tempo internado foi maior para os homens em tratamento oncológico. Outros autores também demonstraram esse predomínio no sexo masculino, associando-o com a incidência nos homens dos tipos de câncer de maior gravidade clínica e pior sobrevida (KUNISAWA; FUSHIMI; IMANAKA,2016; O'CONNOR, et al., 2014; CAVALINI, 2012; KELLY et al., 2012). O ajustamento das variáveis para a análise estatística nesse estudo leva a suposição da existência de outros fatores e a necessidade de mais pesquisas para a melhor elucidação do padrão de internação hospitalar dos homens.

Outra questão retomada aqui é a não vinculação dos homens às equipes de atenção primária à saúde, tornando-os mais tendenciosos a buscar a assistência médica somente nos momentos de piora clínica e agudização dos sintomas (FIGUEIREDO; SCHRAIBER, 2011). Pacientes oncológicos com condições clínicas mais críticas associam-se, em geral, a internações recorrentes e ao maior tempo de internação hospitalar (BERGER; COOKSLEY; HOLLAND, 2013; FARJAH et al., 2012; KELLY et al., 2012; DAY et al., 2011).

O agravamento de condições clínicas pré-existentes com o avançar da idade e a menor capacidade de resposta do organismo aos mecanismos que alteram o seu equilíbrio nos idosos pressupõem a maior probabilidade de internação e resposta mais lenta ao tratamento (BOCCOLINI; CAMARGO, 2016; PERNG et al., 2014; LIMA-COSTA, 2003).

A toxicidade medicamentosa, como as reações adversas à quimioterapia e as interações medicamentosas são mais exacerbadas em idosos (PUGH, 2015; SAARELAINEN et al., 2014; APRILE et al., 2012; HASSET et al., 2011), o que nos faz questionar o risco reduzido de internar e de permanecer por mais tempo internado na medida em que os pacientes em tratamento oncológico no estado do Ceará envelhecem.

Reforçando esse padrão de adoecimento, o atendimento aos idosos são demandas constantes nas unidades de emergência brasileiras. A menor frequência nas atividades de prevenção, agendamento burocrático de consultas nas unidades básicas de saúde e a percepção de pouca resolutividade pela atenção primária à saúde são apontados como motivos para a

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preferência do pronto atendimento pelos idosos não apenas no Ceará mas também em todos os outros demais estados do Brasil (SCOLARI et al., 2018).

Nessa perspectiva, a configuração atual do modelo de atenção às urgências no Brasil e a difusão das Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), enquanto serviço intermediário entre a atenção primária e a atenção hospitalar, podem contribuir para explicar o menor risco e o menor tempo de internação das pessoas mais velhas. Pacientes admitidos nas UPAS e com indicação de internação hospitalar deveriam permanecer no máximo 24 horas aguardando a disponibilização da vaga pela central de leitos do SUS. No entanto, a insuficiência de leitos hospitalares ocasiona um foco de tensão nas UPAS devido ao prolongamento da estadia dos pacientes nessas unidades (SCOLARI et al., 2018; O’DWYER et al., 2017).

A escassez de leitos hospitalares é crítica no país inteiro, que até alguns gestores contabilizam os leitos das UPAS como leitos hospitalares, inclusive como Unidade de Terapia Intensiva, mesmo sem os recursos necessários para esse tipo de atendimento. Muitas UPAS não são informatizadas e o tempo de permanência nessas unidades não é contabilizado pelo SIH, uma vez que a forma de custeio das UPAS não é por meio do faturamento das AIH’s (O’DWYER et al., 2017).

Os piores indicadores da atenção oncológica que incluem a insuficiência de recursos em todos os níveis de complexidade e as maiores falhas em termos de rastreamento, diagnóstico e tratamento, mesmo para tipos de câncer alvo do enfrentamento pelas políticas públicas de saúde, como o câncer de colo de útero, situam-se no Litoral Leste/Jaguaribe no estado do Ceará (DEININGER et al., 2015; SANTOS et al. 2015; GOMES et al. 2014; OLIVEIRA et al., 2011).

Torna-se ainda mais preocupante a constatação de que o surgimento e evolução das doenças crônicas relacionam-se diretamente com os determinantes sociais, particularmente agravados nos contextos desfavorecidos. Esses pressupostos, juntamente aos recursos deficitários das instituições de saúde no Ceará auxiliam na compreensão do maior tempo de hospitalização quando o paciente oncológico é internado no estado (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013; BARROS et al., 2011).

Essa desigualdade regional na saúde brasileira tem sido evidenciada também na trajetória de implementação de cuidados paliativos, ainda pouco consolidada no estado do Ceará quando comparada, por exemplo, com o estado de São Paulo. As localidades mais desenvolvidas, como a cidade de São Paulo, têm sido pioneiras nessa estratégia, propiciando a alta mais cedo dos pacientes admitidos por equipes capacitadas para o cuidado em domicílio (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 2012).

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Riscos maiores de internação dos pacientes com tumores de estômago, pulmão, cólon e reto são melhores justificados pela literatura pelas repercussões clínicas desses tipos de câncer, com ênfase naquelas associadas às complicações do tratamento cirúrgico. Dentre elas, destacam-se a infecção do sítio cirúrgico; a ocorrência de íleo paralítico e depleção de volume nos pacientes com câncer de estômago e cólon e reto; pneumotórax e pneumonia dentre os pacientes com câncer de pulmão (KUNISAWA; FUSHIMI; IMANAKA, 2016; PERNG et al., 2014; CAVALINI, 2012; KELLY et al., 2012).

Kelly et al. (2012) afirmam que o tratamento cirúrgico é a modalidade terapêutica fundamental para esses pacientes, os quais, muitas vezes, necessitam internar antecipadamente para o preparo pré-operatório e, portanto, tendem a permanecer hospitalizados por mais tempo.

A evidência nesse estudo de que quanto mais morbidades o paciente oncológico apresentar, maior o risco de internação e de tempo de permanência hospitalar mais longo é uma situação intuitiva na percepção de Giambronea et al. (2016). Esses autores enfatizam que o controle da agudização dessas comorbidades, por si só, pode requerer a necessidade de hospitalização.

O paciente estando internado, as comorbidades potencializam o risco de complicações, interferindo no planejamento da alta hospitalar num menor tempo após a admissão no hospital (O'CONNOR et al., 2014; FARJAH et al., 2012).

A admissão hospitalar dos pacientes oncológicos em caráter de urgência pressupõe que ele apresente alguma patologia mais grave que não possibilite seu controle ambulatorial eletivo (KUNISAWA; FUSHIMI; IMANAKA,2016; TAMANG, 2015; APRILE et al. 2013; MAYER et al., 2011).

Portanto, assim como observado por Kelly et al. (2012), é plausível considerar a hipótese que a caracterização da maior gravidade esperada para os pacientes, cuja internação hospitalar se deu em caráter de urgência, resultasse no risco de maior tempo de permanência hospitalar, como demonstrado pelos resultados desse estudo o que pode agravar ainda mais o seu quadro de saúde, levando assim a um risco maior de óbito.

Além disso, é mais provável que pacientes admitidos em situações de urgência aguardem mais tempo para serem submetidos a procedimentos como cirurgias, não somente em virtude do seu quadro clínico, mas também pela indisponibilidade de equipe médica para realizá-los ou de leitos em unidade de terapia intensiva para o pós-operatório, quando necessário (KELLY et al. (2012).

Na maioria das vezes, as internações realizadas que foram obtidas pelos registros do DATASUS, são assistidas por médicos de clínica geral, sem vinculação com a equipe de saúde

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de referência dos pacientes ou conhecimento sobre oncologia (PUGH, 2015). Nessas condições, a investigação para a definição de um diagnóstico com precisão e do tratamento adequado pode demandar maior tempo de permanência hospitalar desses pacientes (KELLY et al., 2012).

Referências

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