• Nenhum resultado encontrado

Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio do tubo de Karsten

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio do tubo de Karsten"

Copied!
156
0
0

Texto

(1)

 

     

Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio do tubo de 

Karsten na medição da permeabilidade à água líquida em 

revestimentos de ladrilhos cerâmicos e argamassas 

 

Christopher Alexander Coimbra Pereira Apps 

 

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em 

Engenharia Civil 

   

 

Júri 

Presidente:  

 Prof. Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito 

Orientador: 

 Profª Inês dos Santos Flores Barbosa Colen 

Co‐orientador:   Engº Luís Miguel Cardoso da Silva 

Vogal:    

    Prof. Pedro Miguel Dias Vaz Paulo 

     

Outubro de 2011

(2)
(3)
(4)
(5)

Resumo 

 

O  nível  de  desempenho  de  um  edifício  sofre  uma  diminuição  a  partir  do  momento  em  que  inicia  a  sua  vida  útil  pelo  que  a  prática  da  manutenção  assume  cada  vez  maior  peso  em  garantir  níveis  aceitáveis  de  desempenho  para  os  edifícios  e  os  seus  elementos.  Tal  prática  depende  do  conhecimento  em  serviço  do  desempenho  dos  seus  elementos,  conseguida  através de metodologias de avaliação, à qual pertencem as técnicas de ensaio in‐situ. 

De  maneira  a  garantir  adequados  níveis  de  desempenho  das  fachadas  de  edifícios,  é  necessário  que  os  seus  elementos,  dos  quais  fazem  parte  os  revestimentos  exteriores,  possuam  bom  comportamento  em  serviço  cumprindo  as  funções  que  lhes  competem.  Neste  contexto, visto que uma das principais causas de diminuição dos níveis de desempenho a que  se  encontram  sujeitos  os  revestimentos  exteriores  é  a  acção  da  água,  a  resistência  à  penetração  de  água  em  paredes  é  uma  das  características  mais  importantes  dos  revestimentos. 

Por conseguinte, esta dissertação aprofunda o conhecimento relativo à técnica de diagnóstico 

in‐situ  do  tubo  de  Karsten,  determinando  o  desempenho  em  serviço  de  revestimentos 

cerâmicos  e  de  argamassas,  face  à  acção  da  água  através  da  medição  da  permeabilidade  à  água líquida sob baixa pressão. 

Neste trabalho de investigação, realiza‐se uma campanha experimental principal in‐situ e uma  complementar em laboratório onde se analisa, a variabilidade da técnica de ensaio do tubo de 

Karsten e a quantidade mínima de ensaios necessários realizar de forma a garantir a fiabilidade 

de resultados, bem como a existência da reprodutibilidade de resultados. Analisa‐se também a  influência  de  determinados  parâmetros  que  se  prevêem  influenciar  a  técnica  (utilização  de  tubos de Karsten de características diferentes; variação das condições climáticas; utilização de  diferentes  materiais  de  fixação  do  tubo;  localização  dos  tubos  em  revestimentos  cerâmicos,  sobretudo  casos  de  juntas  existentes;  diferentes  tipos  de  superfície).  Além  dos  parâmetros  mencionados, identificam‐se outros relacionados com a técnica e com o estado de degradação  dos revestimentos estudados que dificultam a realização do ensaio e a correcta interpretação  dos seus resultados.         

Palavras‐chave:  desempenho  em  serviço;  parâmetros  em  serviço;  ensaios  in‐situ;  tubo  de  Karsten;  permeabilidade  à  água;  revestimentos  de  argamassas;  revestimentos  de  ladrilhos 

(6)
(7)

Abstract 

 

The building’s level of performance decreases from the beginning of its service life. As a result,  the maintenance of the building and all its elements is essential in order to assure reasonable  levels of performance. Such practice depends on the knowledge of the in‐service performance  of  its  elements,  which  can  be  reached  by  evaluation  methodologies  through  in‐situ  test  techniques. 

In  order  to  guarantee  the  adequate  levels  of  performance  in  the  buildings’  facades,  it  is  essential that all the elements, which include external renders, have good in‐service behaviour,  complying  with  all  the  expected  functions  of  these  elements.  In  this  context,  as  one  of  the  main causes for a performance reduction is the action of water on a building, the resistance to  water penetration in walls is one of the most important characteristics of external coatings.  Therefore,  this  dissertation  increases  the  existent  knowledge  of  the  in‐situ  diagnostic  tests  with  the  Karsten  tube,  determining  the  in‐service  performance  of  rendering  mortars  and  ceramic tile coatings, upon the water action, by assessing their capacity of water absorption,  under low pressure.  

In the experimental study, a main in‐situ campaign and a complementary laboratorial one take  place, in which the variability of the Karsten tube technique and the minimum quantity of tests  necessary in order to guarantee reliable results, and also results reproducibility, are analyzed.  Certain  factors  that  are  thought  to  influence  the  technique  are  also  analyzed  (the  use  of  Karsten  tubes  with  different  characteristics;  variation  of  climate  conditions;  use  of  different  tube bonding materials; location of the tubes on ceramic tile coating, specially on the existing  joint  cases;  different  types  of  surfaces).  Besides  the  parameters  mentioned,  others  that  complicate the test and the correct interpretation of its results, related to the technique itself  and the condition of the studied coatings, are identified.                

Keywords:  in‐service  performance;  in‐service  parameters;  in‐situ  tests;  Karsten  tube;  water 

(8)
(9)

Agradecimentos 

  Este trabalho representa o culminar de um longo percurso e a conclusão de uma etapa muito  importante na minha vida, pelo que desejo expressar a minha admiração, o profundo respeito  e sinceros agradecimentos a todos aqueles que contribuíram directa ou indirectamente para a  sua concretização, dos quais destaco: 

A  minha  orientadora  científica,  Professora  Inês  Flores‐Colen,  pela  orientação  concedida  no  decorrer do trabalho, pela partilha de conhecimento sobre o tema, pela atenção na análise de  resultados e na revisão do texto. 

O Engenheiro Luís Silva da Weber, meu co‐orientador científico, responsável pela Estação de  Envelhecimento  Natural  do  Carregado,  pelo  apoio  na  definição  e  realização  das  campanhas  experimentais e pelas revisões realizadas ao trabalho.  O Engenheiro Nuno Vieira da Weber, pela transmissão de conhecimentos práticos e pelo apoio  na realização das campanhas experimentais.  Os Engenheiros João Alferes e Nuno Cerqueira, por possibilitarem o acesso ao Restelo e Caxias,  respectivamente, para a realização de inspecções.  O Sr. Leonel Silva, técnico do Laboratório de Construção, pelo seu apoio e disponibilidade na  realização da campanha experimental laboratorial.  Todos os meus colegas e amigos de faculdade que participaram neste percurso que foram os  anos de curso de Engª Civil, com o seu apoio, amizade e incentivo, dos quais destaco a Paula  Mendes, o André Cunha e o Pedro Santiago.  Os meus amigos de sempre e para sempre, pela sua amizade e palavras de força e optimismo  constantes,  por  todas  as  boas  e  más  influências  que  me  incutem,  Ana,  Inês,  Diogo,  Braga,  Santiago, Fyssas, William e João. 

Toda  a  minha  família  que  sempre  acreditou  e  apostou  em  mim,  em  especial  a  minha  Mãe,  Susana Coimbra, pelo carinho e confiança e Avô, Mário Caldeira, pelo exemplo que é, e pela  ambição incutida. 

Por  fim,  todos  os  que  me  acompanharam  ao  longo  destes  anos,  e  ajudaram  a  tornar‐me  na  pessoa que sou, que depositam confiança em mim e para os quais sou uma esperança, resta‐ me nunca vos desiludir. 

 

Muito obrigado… 

(10)
(11)

Índice geral

 

Resumo ... i  Abstract ... iii  Agradecimentos ... v  Índice de figuras ... xi  Índice de tabelas ... xv  Simbologia / acrónimos ... xix  1.  Introdução ... 1  1.1  Enquadramento e justificação da tese ... 1  1.2  Objectivos e metodologia de investigação ... 2  1.3  Estrutura e organização da tese ... 2  2. Tecnologia e desempenho de revestimentos de argamassas e de ladrilhos cerâmicos em  fachadas ... 5  2.1. Considerações gerais ... 5  2.2. Desempenho de revestimentos exteriores de paredes ... 5  2.2.1.  Funções e exigências funcionais de revestimentos de paredes ... 5  2.2.2.  Classificação funcional de revestimentos exteriores de paredes ... 6  2.2.3.  Características de desempenho de revestimentos de paredes ... 6  2.2.4.  Comportamento físico em serviço de revestimentos exteriores face à água ... 8  2.3. Revestimentos de argamassas ... 10  2.3.1. Classificação de argamassas ... 10  2.3.1.1. Argamassas tradicionais ... 12  2.3.1.2. Argamassas não‐tradicionais... 13  2.3.2. Aplicação de revestimentos de argamassa ... 14  2.3.3. Perda de desempenho de revestimentos de argamassa ... 16  2.4. Revestimentos cerâmicos aderentes ... 18  2.4.1. Descrição dos constituintes de revestimentos cerâmicos e as suas principais  características ... 18  2.4.1.1. Ladrilhos cerâmicos ... 18  2.4.1.2. Material de assentamento de ladrilhos ... 19  2.4.1.3. Juntas ... 21  2.4.2. Aplicação de revestimentos cerâmicos ... 22  2.4.3. Perda de desempenho de revestimentos cerâmicos ... 25  2.5. Síntese do capítulo ... 27 

(12)

3.4. Técnica de ensaio a utilizar ‐ tubo de Karsten ... 31  3.4.1. Campo de aplicação ... 33  3.4.2. Vantagens e desvantagens ... 33  3.4.3. Equipamento de ensaio e descrição da técnica ... 33  3.4.4. Parâmetros de medição ... 35  3.4.5. Interpretação e variabilidade dos resultados ... 35  3.4.6. Síntese de metodologias experimentais utilizadas ... 40  3.4.7. Factores que influenciam o ensaio ... 41  3.5. Síntese do capítulo ... 42  4. Caracterização do trabalho experimental... 45  4.1. Considerações gerais ... 45  4.2. Metodologia de investigação ... 45  4.2.1. Paramentos ensaiados ... 45  4.2.1.1. Campanha experimental na Estação de Envelhecimento Natural no Carregado .. 46  4.2.1.2. Campanha experimental em paramentos em Caxias ... 48  4.2.1.3. Campanha experimental na fachada de um edifício no Restelo ... 49  4.2.1.4. Campanha experimental em placas ETICS no Laboratório de Construção ‐ DECivil  ... 49  4.2.2. Objectivos a analisar nos paramentos ensaiados ... 50  4.3. Procedimento experimental ... 51  4.4. Técnicas auxiliares de diagnóstico ... 52  4.5. Caracterização do plano de estudo ... 54  4.5.1. Análise da variabilidade da técnica do tubo de Karsten ... 54  4.5.2. Análise de parâmetros de influência ... 54  4.5.3. Análise da reprodutibilidade de resultados ... 59  4.6. Análise estatística utilizada no estudo dos resultados... 59  4.7. Conclusões do capítulo ... 60  5. Apresentação e discussão dos resultados experimentais ... 63  5.1. Considerações gerais ... 63 

(13)

5.2. Análise da variabilidade da técnica do tubo de Karsten ... 63  5.2.1. Variabilidade nos paramentos analisados ... 63  5.2.2. Número mínimo de ensaios a realizar por paramento ... 67  5.3. Análise de parâmetros de influência ... 70  5.3.1. Utilização de tubos de Karsten diferentes ... 71  5.3.2. Condições climáticas distintas (sol e chuva) ... 73  5.3.3. Variação do material de fixação (silicone transparente, massa anti‐vibratória e  plasticina) ... 75  5.3.4. Localização dos tubos (casos de juntas em revestimentos cerâmicos) ... 78  5.3.5. Tipos de superfícies (revestimentos cerâmicos, argamassas e placas ETICS) ... 81  5.4. Análise da reprodutibilidade de resultados ... 83  5.5. Conclusões do capítulo ... 92  6. Conclusões e desenvolvimentos futuros ... 97  6.1. Considerações gerais ... 97  6.2. Conclusões gerais ... 97  6.3. Desenvolvimentos futuros ... 99  Bibliografia ...101  Regulamentação/Normalização/Especificação ... 106  Sites consultados ... 107  ANEXO A ‐ resultados experimentais ... A.1  ANEXO B ‐ fichas técnicas ... B.1       

(14)
(15)

Índice de figuras 

Figura 2.1 ‐ Aplicação da argamassa tradicional  ... 15  Figura 2.2 ‐ Preparação da argamassa  ... 15  Figura 2.3 ‐ Fendilhação do reboco: numa única camada (fendas afastadas, de grande largura e  profundidade) e em duas camadas de espessura menor (fendas mais próximas, finas e  desencontradas)  ... 16  Figura 2.4 ‐ Exemplos de anomalias provocadas pela acção da água em paredes rebocadas: a)  Eflorescências e criptoflorescências; b) Sujidade uniforme, c) Humidade capilar e d)  Biodegradação ‐ colonização biológica (musgo) ... 17  Figura 2.5 ‐ Exemplos de anomalias que ocorrem nas fachadas rebocadas: e) Fendilhação e  fissuração; f) Perda de aderência; g) Desagregação e h) Erosão ... 18  Figura 2.6 ‐ Camadas do sistema de revestimento cerâmica aderente e suporte  ... 18  Figura 2.7 ‐ Exemplos de ladrilhos cerâmicos: a) porcelânico, b) grés extrudido e c) azulejo .... 19  Figura 2.8 ‐ Esquema representativo da aplicação de RCA de pavimentos em camada espessa e  em camada fina  ... 20  Figura 2.9 ‐ a) Junta estrutural (1‐suporte; 2‐ladrilho; 3‐material de assentamento; 4‐fundo de  junta; 5‐cordão de silicone; 6‐mástique) b) Junta estrutural  ... 21  Figura 2.10 ‐ a) Junta de esquartelamento e b) Junta de esquartelamento  ... 22  Figura 2.11 ‐ a) Exemplos de juntas periféricas e b) Junta periférica  ... 22  Figura 2.12 ‐ Exemplos das principais anomalias registadas em revestimentos cerâmicos: a)  eflorescências, b) descolamentos, c) fendilhação e d) deterioração de juntas  ... 26  Figura 3.1 ‐ Processo de avaliação do desempenho de um elemento construtivo  ... 30  Figura 3.2 ‐ Aplicação do tubo de Karsten em superfície horizontal e vertical... 33  Figura 3.3 ‐ Etapas do ensaio do tubo de Karsten  ... 34  Figura 3.4 ‐ Porosidade aberta e fechada respectivamente . ... 36  Figura 3.5 ‐ Posições para a realização do ensaio de permeabilidade à água líquida  ... 38  Figura 3.6 ‐ Exemplos de factores que afectam o ensaio: a) Existência de microfissuras, b)  processo de fixação do tubo ... 41  Figura 4.1 ‐ Muro Sul ensaiado (EEN)………46  Figura 4.2 ‐ Esquema representativo do muro Sul analisado………..46 

(16)

Figura 4.7 ‐ Muro de cerâmica betumada ensaiado ... 48  Figura 4.8 ‐ Divisão do paramento de Caxias por zonas ... 48  Figura 4.9 ‐ Muro ensaiado na zona 3 (MZ3) ... 48  Figura 4.10 ‐ Muro ensaiado na zona 6 (MZ6) ... 48  Figura 4.11 ‐ Paramento ensaiado da fachada de um edifício no Restelo ... 49  Figura 4.12 ‐ Placas EPS1 (esquerda) e EPS2 (direita) ensaiadas ... 50  Figura 4.13 ‐ Materiais necessários para a execução in‐situ da técnica de ensaio do tubo de  Karsten ... 51  Figura 4.14 ‐ Material de fixação (massa anti‐vibratória) moldado e pronto a aplicar ao tubo . 52  Figura 4.15 ‐ Material de fixação (plasticina) colocado no bordo interior do tubo ... 52  Figura 4.16 ‐ Principais etapas do procedimento da técnica de ensaio in‐situ do tubo de Karsten  utilizando material de fixação silicone transparente ... 53  Figura 4.17 ‐ Humidímetro portátil ... 53  Figura 4.18 ‐ Termo‐higrómetro ... 53  Figura 4.19 ‐ Ensaio de 11 tubos de Karsten a decorrer, com o objectivo de analisar a  variabilidade da técnica ... 54  Figura 4.20 ‐ Tubo de Karsten 1 e indicação das dimensões ... 55  Figura 4.21 ‐ Tubo de Karsten 2 ... 55  Figura 4.22 ‐ Ensaio a decorrer com tubos de Karsten diferentes (A ‐ Tubo1, B ‐ Tubo2) ... 56  Figura 4.23 ‐ Ensaio em condições de sol... 56  Figura 4.24 ‐ Preparação do ensaio para condições de “chuva” ... 56  Figura 4.25 ‐ Ensaio comparativo entre silicone transparente e plasticina (A ‐ Silicone, B ‐  Plasticina) ... 56  Figura 4.26 ‐ Ensaio comparativo entre massa anti‐vibratória e plasticina (Esq. ‐ Massa a.v., Dir.  ‐ Plasticina) ... 57 

(17)

Figura 4.27 ‐ Ensaio comparativo entre silicone transparente e massa anti‐vibratória (Esq. ‐  Silicone, Dir. ‐ Massa a.v.) ... 57  Figura 4.28 ‐ Casos de juntas ensaiados em ladrilhos cerâmicos ... 58  Figura 4.29 ‐ Ensaio em superfície de revestimento em argamassa monocamada hidrofugada 58  Figura 4.30 ‐ Ensaio em superfície de revestimento cerâmico com junta em T ... 58  Figura 4.31 ‐ Ensaio em placas ETICS ... 58  Figura 4.32 ‐ Legenda de um diagrama boxplot ... 60  Figura 5.1 ‐ Coeficientes de variação dos volumes de água absorvidos nos paramentos  ensaiados ... 65  Figura 5.2 ‐ Diagrama boxplot demonstrativo da dispersão dos resultados de volumes de água  absorvida ... 65  Figura 5.3 ‐ Ensaio a decorrer no paramento M2 ... 66  Figura 5.4 ‐ Ensaio a decorrer do tubo de Karsten III com fuga de água ... 66  Figura 5.5 ‐ Ensaio a decorrer no paramento de Caxias ... 66  Figura 5.6 ‐ Ensaio a decorrer no paramento MCR ... 67  Figura 5.7 ‐ Ensaio a decorrer na placa EPS1 ... 67  Figura 5.8 ‐ Ensaio a decorrer para a análise da influência de tubos de Karsten diferentes  (Tubos 1 à esquerda; Tubos 2 à direita) ... 71  Figura 5.9 ‐ Gráfico comparativo dos resultados dos volumes de água absorvidos ... 72  Figura 5.10 ‐ Gráfico da relação dos volumes de água absorvida pelos Tubos 1 e 2 ... 72  Figura 5.11 ‐ Localização dos tubos de Karsten a ensaiar no paramento M5 ... 73  Figura 5.12 ‐ Gráfico dos volumes de água absorvidos nas inspecções realizadas ... 74  Figura 5.13 ‐ Resultados dos volumes de água absorvida na 1ª inspecção, no paramento M3 . 76  Figura 5.14 ‐ Resultados dos volumes de água absorvida na 2ª inspecção, no paramento M4 . 77  Figura 5.15 ‐ Resultados dos volumes de água absorvida na 3ª inspecção, no paramento M4 . 78  Figura 5.16 ‐ Exemplo de um ensaio não considerado devido a absorção excessiva ... 80  Figura 5.17 ‐ Volumes médios de água absorvida registados nos casos de juntas estudados ... 80  Figura 5.18 ‐ Valores médios do volume de água absorvida nos paramentos ensaiados ... 81 

(18)

Figura 5.23 ‐ 2ª inspecção no paramento M3 ‐ 1 par de tubos diferentes com diferentes  materiais de fixação (A‐silicone; B‐plasticina) ... 86  Figura 5.24 ‐ 3ª inspecção no paramento M3 ‐ 1 par de tubos com material de fixação  plasticina ... 86  Figura 5.25 ‐ Volumes de água absorvida aos 180min no paramento M3 ... 86  Figura 5.26 ‐ Volumes de água absorvida aos 180min no paramento MCR ... 88  Figura 5.27 ‐ Volumes de água absorvida aos 180min na placa EPS1 ... 89  Figura 5.28 ‐ Volumes de água absorvida aos 180min na placa EPS2 ... 90       

(19)

Índice de tabelas 

Tabela 2.1 ‐ Classificação de revestimentos exteriores de paredes  ... 7  Tabela 2.2 ‐ Características de desempenho em serviço de rebocos exteriores  ... 7  Tabela 2.3 ‐ Características de desempenho em serviço de ladrilhos cerâmicos de  revestimentos exteriores  ... 8  Tabela 2.4 ‐ Requisitos para a quantificação de características de desempenho para rebocos,  segundo a normalização e especificações técnicas existentes  ... 9  Tabela 2.5 ‐ Requisitos para a quantificação de características de desempenho para  revestimentos cerâmicos  ... 11  Tabela 2.6 ‐ Classificação das argamassas consoante propriedades e/ou utilização, tipo de  concepção, local de produção, aplicação e tipos de ligantes  ... 11  Tabela 2.7 ‐ Exemplos de adjuvantes e adições e respectivas funções  ... 13  Tabela 2.8 ‐ Classificação das argamassas industriais  ... 15  Tabela 2.9 ‐ Principais agentes de degradação nas fachadas rebocadas  ... 16  Tabela 2.10 ‐ Principais anomalias e respectivas causas mais prováveis  ... 17  Tabela 2.11 ‐ Classificação dos ladrilhos cerâmicos segundo a norma europeia EN 14411:2003,  exemplos de denominações comerciais e algumas das suas características principais  ... 19  Tabela 2.12 ‐ Caracterização dos vários tipos de adesivos para ladrilhos cerâmicos  ... 20  Tabela 2.13 ‐ Sub‐classes dos vários tipos de adesivos consoante as características de  desempenho e designações respectivas  ... 21  Tabela 2.14 ‐ Materiais, equipamentos e ferramentas necessárias à aplicação de revestimentos  cerâmicos aderentes em paredes de fachada  ... 23  Tabela 2.15 ‐ Síntese dos factores de degradação de revestimentos cerâmicos aderentes em  fachadas exteriores  ... 25  Tabela 2.16 ‐ Principais anomalias dos revestimentos cerâmicos e respectivas causas mais  prováveis  ... 26  Tabela 3.1 ‐ Técnicas de ensaio in‐situ aplicáveis a rebocos exteriores com relação entre os  parâmetros medidos e as características de desempenho  ... 32  Tabela 3.2‐ Vantagens e desvantagens da utilização do ensaio com o tubo de Karsten . ... 34  Tabela 3.3 – Resultados da avaliação do desempenho de revestimentos exteriores in‐situ  quanto à absorção média de água com diferentes materiais de fixação do tubo  ... 37 

(20)

revestimentos de argamassas e ainda diferentes alturas de ensaio  ... 39  Tabela 3.7 ‐ Resumo dos coeficientes de variação obtidos em estudos anteriores com o ensaio  do tubo de Karsten  ... 40  Tabela 3.8 ‐ Diferentes metodologias de ensaio utilizadas por vários autores ... 41  Tabela 3.9 ‐ Factores que afectam o ensaio com o tubo de Karsten  ... 42  Tabela 4.1 ‐ Síntese dos objectivos a analisar em cada paramento ... 50  Tabela 4.2 ‐ Síntese das dimensões dos tubos de Karsten ... 55  Tabela 4.3 ‐ Síntese das características dos diferentes materiais de fixação ... 57  Tabela 4.4 ‐ Síntese dos paramentos ensaiados ... 60  Tabela 5.1 ‐ Resumo dos ensaios realizados com o objectivo de analisar a variabilidade da  técnica do tubo de Karsten ... 64  Tabela 5.2 ‐ Síntese dos ensaios pertencentes ao intervalo de ±20% da média do volume de  água absorvida e respectivos coeficientes de variação ... 68  Tabela 5.3 ‐ Síntese dos ensaios pertencentes aos diversos intervalos estudados e respectivos  coeficientes de variação ... 69  Tabela 5.4 ‐ Síntese dos ensaios pertencentes ao intervalo de ±σ da média do volume de água  absorvida e respectivos coeficientes de variação ... 70  Tabela 5.5 ‐ Tabela comparativa dos resultados obtidos com os Tubos 1 e 2 ... 72  Tabela 5.6 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida no paramento M5 e respectivas  diferenças percentuais dos resultados obtidos ... 74  Tabela 5.7 ‐ Resumo das inspecções realizadas e dos volumes de água absorvidos ao fim de  180 min com os diferentes materiais de fixação ... 76  Tabela 5.8 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida na 1ª inspecção e respectivas diferenças  percentuais dos resultados obtidos ... 76  Tabela 5.9 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida na 2ª inspecção e respectivas diferenças  percentuais dos resultados obtidos ... 77 

(21)

Tabela 5.10 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida na 3ª inspecção e respectivas diferenças  percentuais dos resultados obtidos ... 78  Tabela 5.11 ‐ Síntese dos volumes de água absorvida nos casos de juntas analisados ... 79  Tabela 5.12 ‐ Resumo dos ensaios realizados com o objectivo de analisar os tipos de superfícies  de revestimentos ... 81  Tabela 5.13 ‐ Resumo das inspecções repetidas nos mesmos paramentos ... 84  Tabela 5.14 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida no paramento M1 e respectivas  diferenças percentuais dos resultados obtidos ... 85  Tabela 5.15 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida no paramento M3 e respectivas  diferenças percentuais dos resultados obtidos ... 87  Tabela 5.16 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida no paramento MCR e respectivas  diferenças percentuais dos resultados obtidos ... 88  Tabela 5.17 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida na placa EPS1 e respectivas diferenças  percentuais dos resultados obtidos ... 90  Tabela 5.18 ‐ Resumo dos volumes de água absorvida na placa EPS2 e respectivas diferenças  percentuais dos resultados obtidos ... 91  Tabela 5.19 ‐ Resumo dos casos de estudo da reprodutibilidade e as respectivas diferenças  percentuais dos resultados obtidos ... 91  Tabela 5.20 ‐ Resumo de todos os paramentos e ensaios realizados no trabalho experimental  ... 93  Tabela 5.21 ‐ Resumo dos valores médios de volumes de água absorvida e coeficientes de  absorção ... 95       

(22)
(23)

 

Simbologia / acrónimos 

  Abptk    ‐ absorção de água sob baixa pressão no ensaio do tubo de Karsten  APFAC    ‐ Associação Portuguesa dos Fabricantes de Argamassas de Construção  a.v.    ‐ anti‐vibratória  Cabtk    ‐ coeficiente de absorção no ensaio do tubo de Karsten  CEN    ‐ Comité Europeén de Normalisation  CV    ‐ coeficiente de variação dos resultados  DECivil    ‐ Departamento de Engenharia Civil  EEN    ‐ Estação de Envelhecimento Natural  EPS    ‐ Expanded Polystyrene  ETICS    ‐ External Thermal Insulating Composite Systems  ISO    ‐ International Organization for Standardization  IST    ‐ Instituto Superior Técnico  LNEC    ‐ Laboratório Nacional de Engenharia Civil  RILEM   ‐ Réunion Internationale des Laboratoires D’Essais et de Recherches sur les  Matériaux et les Constructions         

(24)
(25)

1.

Introdução 

1.1

Enquadramento e justificação da tese 

A vida útil de um edifício define‐se como o período de tempo após a sua construção, em que  este ou os seus elementos igualam ou excedem as exigências funcionais de desempenho [ISO,  2000].  Este  período  é  limitado  visto  que  o  nível  de  desempenho  de  um  edifício  sofre  uma  diminuição a partir do momento em que inicia a sua vida útil devido, principalmente, às acções  de agentes de degradação a que se encontra sujeito. A intensidade destes agentes determina  o desenvolvimento da degradação do qual depende o nível de desempenho em serviço.  A prática da manutenção de um edifício, que assume cada vez maior peso em garantir níveis  aceitáveis de desempenho para os edifícios e os seus elementos durante o seu tempo de vida  útil,  depende  do  conhecimento  em  serviço  do  desempenho  dos  seus  elementos  que  é  conseguida através de avaliações in‐situ.  

As  fachadas,  ao  desempenharem  funções  de  estabilidade,  de  resistência  estrutural,  de  conforto higrotérmico ou acústico, têm uma contribuição importante para o desempenho do  edifício.  São  constituídas  por  vários  elementos,  que  requerem  diferentes  acções  de  manutenção, dos quais se destacam os revestimentos exteriores.  

Os revestimentos têm como funções proteger as paredes, assegurar a sua impermeabilização,  conferir  o  acabamento  e  permitir  uma  adequabilidade  ao  uso  e  durabilidade  [Veiga,  2005].  Desta forma, é importante que as exigências funcionais dos revestimentos sejam levadas em  conta  simultaneamente  com  as  exigências  funcionais  das  paredes,  visto  as  funções  do  conjunto serem conseguidas com maior ou menor contributo de cada componente. 

A  avaliação  de  níveis  de  desempenho  de  certas  propriedades  de  uma  fachada,  é  conseguida  através  de  técnicas  de  ensaio  in‐situ,  pertencentes  a  uma  metodologia  de  avaliação  do  desempenho  em  serviço.  De  acordo  com  vários  autores,  as  acções  mecânicas  e  a  acção  da  água  apresentam‐se  como  as  principais  causas  da  diminuição  dos  níveis  de  desempenho  de  tais propriedades. 

Neste contexto, visto a presente dissertação estar orientada para o estudo dos revestimentos  exteriores  em  argamassa  e  em  ladrilhos  cerâmicos,  de  classificações  maioritariamente  baseadas nas funções de impermeabilização e de acabamento/decorativo, respectivamente, a  permeabilidade à água líquida pode ser avaliada através do ensaio do tubo de Karsten. 

Esta investigação baseia‐se num estudo contínuo, relativo à técnica de ensaio utilizando o tubo  de  Karsten,  a  acrescentar  aos  já  realizados  por  outros  investigadores,  e  ao  conhecimento  adquirido sobre a eficácia da técnica na avaliação do desempenho em serviço e degradação de  fachadas  revestidas  a  argamassa  e  ladrilhos  cerâmicos.  Através  da  realização  de  campanhas  experimentais pretende‐se contribuir para a melhoria do diagnóstico em serviço através desta  técnica. 

(26)

seu  desempenho  em  serviço  ao  longo  da  vida  útil  da  fachada,  e  a  respectiva  importância  da  técnica na prática da manutenção. 

Por conseguinte, o desenvolvimento da metodologia de avaliação do desempenho em serviço  baseada  na  utilização  da  técnica  de  ensaio  do  tubo  de  Karsten,  propõe  a  interpretação  dos  resultados  experimentais  obtidos  em  campanhas  realizadas  em  laboratório  e  in‐situ.  Neste  trabalho, o ensaio de tubo de Karsten determina o desempenho de revestimentos cerâmicos e  de argamassas face à acção da água através da medição da permeabilidade à água líquida sob  baixa pressão. Pretendem‐se atingir os seguintes objectivos parciais: 

• estudo mais aprofundado do desempenho em serviço dos revestimentos cerâmicos e  de argamassas (tradicionais e industriais); 

• avaliação  da  variabilidade  da  técnica  de  ensaio  do  tubo  de  Karsten,  de  modo  a  encontrar uma quantidade mínima necessária de ensaios a realizar numa dada área de  superfície,  que  corresponda  a  um  valor  fiável  da  permeabilidade  à  água  líquida  da  mesma;  

• investigação de parâmetros que se prevêem influenciar a técnica do tubo de Karsten,  designadamente:  

o utilização de tubos de Karsten de características diferentes;   o variação das condições climáticas (sol e chuva);  

o utilização  de  diferentes  materiais  de  fixação  do  tubo  (silicone  transparente,  massa anti‐vibratória e plasticina);  

o localização dos tubos em revestimentos cerâmicos, sobretudo casos de juntas  existentes (junta em T, junta em T invertido, junta vertical, junta horizontal e  junta em cruz), além do corpo do ladrilho cerâmico;  

o tipo  de  superfície,  comparando  os  resultados  obtidos  em  diferentes  revestimentos; 

• análise  da  reprodutibilidade  de  resultados  determinando  a  possibilidade  de  existir  concordância de resultados em alturas de medições diferentes, ou a existência de uma  tendência de valores, em ensaios repetidos sob as mesmas condições;  

• identificação  de  factores  que  impossibilitam  a  realização  eficaz  da  técnica  de  ensaio  resultando  em  interpretações  incorrectas,  ou  à  exclusão,  dos  resultados  fornecidos  pela mesma.  

1.3

Estrutura e organização da tese 

Esta  dissertação  encontra‐se  organizada  em  seis  capítulos,  designadamente  introdução;  desempenho de revestimentos de argamassas e de ladrilhos cerâmicos em fachadas; técnicas  de  ensaio  in‐situ  para  avaliação  do  desempenho  de  revestimentos  de  fachadas  em  serviço;  caracterização  do  trabalho  experimental;  apresentação  e  discussão  dos  resultados  experimentais e conclusões e desenvolvimentos futuros. 

(27)

O  primeiro  capítulo  realiza  um  enquadramento  do  tema  da  dissertação  introduzindo  o  conceito de revestimentos exteriores de fachadas, assim como a importância das técnicas de  ensaio  in‐situ  pertencentes  à  metodologia  de  avaliação  do  seu  desempenho.  Apresentam‐se  ainda, os objectivos a atingir, a metodologia de investigação a desenvolver e a organização e  estrutura da tese. 

O  segundo  capítulo  apresenta  o  desempenho  de  revestimentos  de  paredes  no  geral,  explicitando  as  suas  funções  e  exigências  funcionais,  a  sua  classificação  funcional,  as  características de desempenho e o comportamento físico em serviço face à acção da água. São  especificados  os  constituintes  e  aplicações  dos  revestimentos  de  argamassas  e  de  ladrilhos  cerâmicos e, por fim, as principais anomalias e respectivas causas, que provocam a sua perda  de desempenho.  

O terceiro capítulo demonstra a importância que as técnicas de ensaio in‐situ têm na avaliação  do  desempenho  das  propriedades  dos  revestimentos  em  serviço,  visto  pertencerem  a  uma  metodologia  de  avaliação  que  permite  conhecer  e  analisar  as  características  dos  revestimentos. Realiza‐se uma contextualização da técnica de ensaio do tubo de Karsten, que  constitui  o  âmbito  do  trabalho  experimental  desta  dissertação,  referindo  o  seu  campo  de  aplicação, vantagens e desvantagens, bem como a interpretação e variabilidade de resultados  e os factores que influenciam a técnica. 

O  quarto  capítulo  caracteriza  a  técnica  de  ensaio  do  tubo  de  Karsten  e  o  seu  procedimento,  bem  como  técnicas  auxiliares  de  diagnóstico.  Demonstra  a  metodologia  de  investigação  adaptada,  expondo  os  locais  e  paramentos  ensaiados  e  as  respectivas  características  que  os  definem  e  os  objectivos  a  que  se  destinam.  É  caracterizado  o  plano  de  investigação,  explicitando  os  estudos  que  se  realizaram  no  trabalho  experimental,  e  exposta  a  análise  estatística utilizada no estudo dos resultados. 

O  quinto  capítulo  apresenta  e  discute  os  resultados  obtidos  nas  campanhas  experimentais  realizadas in‐situ e em laboratório, com a técnica do tubo de Karsten. Analisa os objectivos em  estudo,  designadamente,  a  avaliação  da  variabilidade  da  técnica  e  a  determinação  da  quantidade  mínima  de  ensaios  a  realizar  numa  dada  área  de  superfície,  o  estudo  de  vários  parâmetros de influência da técnica e ainda a análise da reprodutibilidade de resultados.  No sexto capítulo são apresentadas as conclusões do trabalho desenvolvido de acordo com os  objectivos inicialmente propostos. Inclui igualmente uma síntese crítica relativa à utilidade da  informação conseguida e, por fim, uma lista das propostas para desenvolvimentos futuros que  complementem o estudo realizado.   No final encontram‐se as referências bibliográficas utilizadas no desenvolvimento deste estudo  e  anexos  que  incluem  todas  as  informações  que  serviram  de  apoio  à  elaboração  do  texto  principal da tese, assim como os resultados detalhados dos ensaios. 

(28)
(29)

2.  Tecnologia  e  desempenho  de  revestimentos  de  argamassas  e  de 

ladrilhos cerâmicos em fachadas 

2.1. Considerações gerais 

O  presente  capítulo  pretende  abordar  as  características  principais  relacionadas  com  o  desempenho de rebocos e de revestimentos cerâmicos aderentes em fachadas exteriores.   Em  primeiro  lugar,  apresenta‐se  o  desempenho  de  revestimentos  de  paredes  no  geral,  explicitando  as  suas  funções  e  exigências  funcionais,  a  sua  classificação  funcional,  as  características de desempenho e o comportamento físico em serviço face à acção da água.  No  que  diz  respeito  às  argamassas,  serão  desenvolvidos  aspectos  relacionados  com  a  sua  constituição  e  campo  de  aplicação.  Neste  último,  serão  abordadas  as  argamassas  de  revestimento  quanto  ao  seu  local  de  produção,  sintetizando  as  argamassas  tradicionais  e  as  não‐tradicionais. Por fim, são apresentadas as principais anomalias e respectivas causas, que  provocam a perda de desempenho das argamassas de revestimento.   

Em  seguida,  apresentam‐se  os  revestimentos  cerâmicos  aderentes,  indicando  e  descrevendo  as principais características dos constituintes deste sistema de revestimento, nomeadamente  os  ladrilhos  cerâmicos,  o  material  de  assentamento  e  as  juntas.  É  apresentada  também  a  metodologia  de  aplicação  de  um  revestimento  cerâmico.  Para  terminar  são  abordados  os  factores e respectivas causas que provocam perda do desempenho em serviço.  

Em  resumo  este  capítulo  pretende  sintetizar  as  características  dos  sistemas  de  revestimento  em estudo (rebocos e ladrilhos) e o seu comportamento em serviço face à água. 

2.2. Desempenho de revestimentos exteriores de paredes 

O nível de desempenho de um edifício e respectivos elementos, sofre uma diminuição a partir  do momento em que inicia a sua vida útil devido, principalmente, às acções permanentes de  agentes de degradação a que se encontra sujeito. A intensidade destes agentes determina  o  desenvolvimento da degradação do qual depende o nível de desempenho.  Os revestimentos têm como funções proteger as paredes, assegurar a sua impermeabilização,  conferir  o  acabamento  e  permitir  uma  adequabilidade  ao  uso  e  durabilidade  [Veiga,  2005].  Existem  exigências  funcionais  dos  revestimentos,  abordadas  mais  adiante,  que  obrigam  ao  cumprimento de tais objectivos de maneira a conseguir os níveis de desempenho pretendidos. 

2.2.1. Funções e exigências funcionais de revestimentos de paredes 

Os revestimentos de paredes exteriores têm como funções proteger o tosco das paredes das  diversas  acções  de  agentes  agressivos,  contribuir  para  a  sua  impermeabilização,  fornecer  características  de  planeza,  verticalidade  e  regularidade  superficial  às  paredes  e  garantir  um  efeito decorativo pretendido. As exigências funcionais dos revestimentos de paredes deverão  ser  levadas  em  conta  simultaneamente  com  as  exigências  funcionais  das  paredes,  pois  as  funções  do  conjunto  parede‐revestimento  podem  ser  conseguidas  com  maior  ou  menor  contribuição de cada componente [Lucas, 1990b]. 

(30)

conforto visual e táctico competem aos revestimentos [Lucas, 1990b].   Segundo a Directiva dos Produtos de Construção [89/106/CE], os produtos devem permitir a  realização de obras adequadas ao uso a que se destinam, satisfazendo, sempre que tais obras  estejam sujeitas a regulamentações que as contenham, as seguintes seis exigências essenciais:  • resistência mecânica e estabilidade;   • segurança contra incêndios;   • higiene, saúde e ambiente;   • segurança na utilização;   • protecção contra o ruído;   • economia de energia e retenção de calor.  Estas exigências essenciais aplicam‐se às paredes no seu conjunto, sendo fundamental que os  revestimentos proporcionem a contribuição necessária em cada caso. Segundo Lucas [1990b],  existem exigências funcionais de revestimentos de paredes de:  • segurança;  • compatibilidade com o suporte ou apoio;  • estanquidade;  • termo‐higrométricas;  • pureza do ar;  • conforto acústico, visual e táctil;  • higiene;  • adaptação à utilização normal;  • durabilidade;  • facilidade de limpeza;  • aptidão para o armazenamento;  • economia. 

2.2.2. Classificação funcional de revestimentos exteriores de paredes 

A classificação funcional dos revestimentos exteriores, na qual se distinguem revestimentos de  estanquidade,  impermeabilização  e  de  acabamento,  é  maioritariamente  baseada  no  comportamento  à  água  dos  revestimentos.  Existem  ainda  revestimentos  com  função  de  isolamento térmico [Veiga, 2004]. De seguida, é apresentado na Tabela 2.1 uma descrição da  classificação  funcional  e  respectivas  funções  de  revestimentos  exteriores  de  paredes.  Os  revestimentos  de  argamassas  podem‐se  classificar,  na  sua  maioria,  como  revestimentos  de  impermeabilização, e os revestimentos cerâmicos, de acabamento ou decorativos.  

2.2.3. Características de desempenho de revestimentos de paredes 

As  características  de  desempenho  explicitam  as  propriedades  necessárias  a  um  desempenho  em  serviço  admissível,  de  modo  a  cumprir  os  objectivos  e  exigências  funcionais.  Assim  a 

(31)

avaliação  do  desempenho  é  realizada  medindo  tais  características,  tendo  em  vista  requisitos  de desempenho definidos em documentos normativos ou técnicos.   Tabela 2.1 ‐ Classificação de revestimentos exteriores de paredes [Lucas, 1996; Veiga, 2004]  Classificação funcional Funções e descrição Revestimentos de  estanquidade permitem garantir praticamente por si só a estanquidade à água exigível em geral ao conjunto  tosco da parede‐revestimento. Os revestimentos devem manter as suas características de  estanquidade mesmo no caso de ocorrência de fissuração do suporte. Revestimentos de  impermeabilização conferem o complemento de impermeabilidade à água necessário para que o conjunto parede‐ revestimento seja estanque. O revestimento deve limitar a quantidade de água que atinge o  suporte, mas será o conjunto parede‐revestimento que globalmente assegurará a  estanquidade requerida. Em geral estes revestimentos não reúnem condições para  conservarem a impermeabilização quando ocorre degradação significativa do suporte, como  por exemplo, fissuração. Revestimentos de  isolamento térmico revestimento capaz de complementar por si só o isolamento térmico exigível em geral ao tosco  da parede‐revestimento. Em sistemas de isolamento térmico pelo exterior, são fixadas placas  de isolante à parede e sobre estas é assente um reboco modificado que garante a  impermeabilidade, a integridade do isolamento contra os choques e a decoração do  paramento. Neste sistema o reboco desempenha também funções estruturais pois, ao  contrário da aplicação tradicional, assenta sobre uma superfície com baixa compacidade e  elástica, pelo que tem de ter a tenacidade suficiente para proteger o isolamento contra as  acções do exterior, assegurando a estanquidade do paramento. O reboco, tem de ter então boa  aderência ao isolamento, tem de ser hidrofugo e tem de estar armado.  Revestimentos de  acabamento ou  decorativos consistem em proporcionar às paredes um aspecto agradável. Por não serem revestimentos de  impermeabilização nem de regularização superficial, só devem ser aplicados em suportes em  que o desempenho dessas funções já se encontre garantido. Contribuem também para a  protecção que globalmente o revestimento deve proporcionar à parede, quer de tipo  mecânico (choques, entre outros), quer de tipo químico.   O  que  mais  influencia  o  desempenho  de  uma  fachada  rebocada  é  o  comportamento  do  reboco,  tanto  a  nível  da  sua  superfície  como  do  material  em  si.  Podem‐se  então  sintetizar  cinco  grupos  principais  de  características  de  desempenho  em  serviço  de  rebocos  exteriores,  que  se  apresentam  na  Tabela  2.2.  Embora  as  características  de  desempenho  exigidas  aos  rebocos  estejam  definidas,  nem  todas  têm  já  requisitos  a  cumprir  estabelecidos,  pelo  que  ainda se encontram em contínua investigação.    Tabela 2.2 ‐ Características de desempenho em serviço de rebocos exteriores [Flores‐Colen, 2009]  Processo de endurecimento Comportamento mecânico Comportamento face à água Comportamento da superfície  do reboco Restantes elementos da  fachada Compatibilidade mecânica, geométrica e química entre o suporte, reboco e acabamento final; influência de  elementos metálicos embebidos; influência de pormenores arquitectónicos na fachada (em particular na  protecção da superfície rebocada face à acção da água). Características de desempenho de rebocos exteriores Retenção de água; variações dimensionais e ponderais; retracção livre; retracção restringida; teor de ar  incorporado. Massa volúmica aparente no estado endurecido; resistência à compressão; resistência à compressão por flexão;  resistência aos impactos e ao atrito (riscagem, abrasão e choques de corpos duros); aderência ao suporte em  estado seco e húmido; módulo de elasticidade dinâmico; resistência à fissuração; reacção ao fogo;  condutibilidade térmica; coeficiente de expansão higrotérmico; coeficiente de absorção da radiação solar. Susceptibilidade de crescimento de microrganismos; permeabilidade à água líquida sob baixa pressão;  coeficiente de capilaridade; absorção de água capilar; teor de humidade higroscópico para várias humidades  relativas; permeabilidade ao vapor de água; teor de sais solúveis. Resistência a agentes químicos poluentes; resistência à formação de manchas; susceptibilidade à fendilhação;  integridade das arestas; dureza adequada; rugosidade adequada; homogeneidade da textura, cor e brilho; boa  aparência e ausência de degradação; adequado estado da pintura; grau de limpeza.  

(32)

serviço dos ladrilhos cerâmicos de modo a complementar a informação da Tabela 2.2.   Tabela 2.3 ‐ Características de desempenho em serviço de revestimentos exteriores em ladrilhos cerâmicos [ISO,  1998]  Dimensões e  qualidade da  superfície Propriedades físicas Propriedades  químicas Características de desempenho de ladrilhos cerâmicos comprimento e largura; espessura; rectilinearidade dos bordos;  rectangularidade; achatamento da superfície (curvatura e  empenamento); qualidade da superfície absorção de água na tardoz do ladrilho; resistência de ruptura; módulo  de ruptura; expansão linear térmica; resistência a choque térmico;  resistência a geada; expansão devido a humidade; ligeiras diferenças  de coloração  resistência à formação de manchas; resistência a elevadas e reduzidas  concentrações de ácidos e álcalis; resistência a produtos de limpeza;  libertação de chumbo e cádmio (cerâmicos envidraçados)    No estudo da durabilidade dos revestimentos cerâmicos aderentes, os factores de degradação  a  considerar  estão  relacionados  com  as  solicitações  a  que  deverão  resistir  sem  rotura  nem  destacamento  em  relação  ao  suporte.  Assim,  tem‐se  como  factores  de  degradação  que  provocam a perda de desempenho [Freitas, 2003; Sá, 2005]:  • o peso próprio e as sobrecargas decorrentes da sua utilização normal;  • os choques normais ou excepcionais;  • as acções climáticas externas, nomeadamente as solicitações higrotérmicas, a acção da  neve e as acções de pressão e depressão, vibração e abrasão provocadas pelo vento;  • as deformações impostas, de carácter estrutural ou de outra índole;  • a acção da água e dos produtos quimicamente agressivos, inerentes, por exemplo, às  operações normais de limpeza e conservação;  • os agentes que provocam a degradação do aspecto dos revestimentos, em particular  as poeiras, os microorganismos e a poluição atmosférica.  A exposição aos factores de degradação provoca uma sucessiva perda de funcionalidade dos  revestimentos.  As  principais  causas  de  diminuição  dos  níveis  de  desempenho  a  que  paredes  exteriores  revestidas  se  encontram  sujeitas,  são  provocadas  pelas  acções  mecânicas  e  pela  acção  da  água,  pelo  que  de  seguida  se  irá  enveredar  pelo  comportamento  físico  em  serviço  dos revestimentos exteriores face à água por ser de interesse a esta dissertação. 

2.2.4. Comportamento físico em serviço de revestimentos exteriores face à água 

A resistência à penetração de água em paredes, que se pode dar por infiltração, sob pressão,  por capilaridade ou difusão do vapor de água [Galvão, 2009], é das funções mais importantes  dos  rebocos  e  segundo  Flores‐Colen  [2009],  pode  ser  quantificada  através  da  avaliação  de  algumas  características  de  desempenho  como  a  permeabilidade  à  água  sob  pressão,  o  coeficiente de capilaridade e a permeabilidade ao vapor de água.  

Lanzinha  e  Freitas  [1998]  definem  a  permeabilidade  à  água  sob  baixa  pressão  como  a  propriedade de o material ser atravessado por água sob um gradiente de pressão. O nível de 

(33)

impermeabilização  varia  consoante  factores  como  a  natureza  do  suporte,  a  composição  e  dosagem  da  argamassa,  a  técnica  de  execução,  a  espessura  da  camada  de  revestimento,  o  acabamento  da  superfície,  a  porosidade  da  argamassa,  entre  outros  [Resende,  2001;  Gonçalves, 2010]. 

O coeficiente de capilaridade descreve‐se como sendo a capacidade com que uma argamassa  endurecida absorve água, de forma natural, ou seja, sem se exercer pressão, quantificada pela  massa de água absorvida por área de material, devido a forças capilares [adaptado de Flores‐ Colen,  2009;  EMO,  2001;  Lanzinha,  1998].  Essa  absorção  verifica‐se  principalmente  em  humidades  ascencionais,  ou  por  capilaridade,  e  verificam‐se  maiores  absorções  em  relações  a/c maiores e em percentagens elevadas de finos do agregado [Duarte, 2009]. 

A permeabilidade ao vapor de água define‐se como o fluxo de vapor de água que atravessa a  argamassa,  em  condições  de  equilíbrio,  por  unidade  de  superfície  e  pressão  de  vapor  [EMO,  2001]. As argamassas necessitam um ponto de equilíbrio de permeabilidade ao vapor de água  para  permitir  a  evaporação  necessária,  e  não  em  demasia  para  que  não  ocorram  criptoflorescências, da água infiltrada, e por sua vez esta propriedade é tanto mais importante  quanto mais permeável for o revestimento [Veiga, 1998; Gonçalves, 2010]. 

De  seguida,  apresenta‐se  na  Tabela  2.4  uma  síntese  de  valores  normativos  para  a  quantificação  das  características  de  desempenho  da  resistência  à  penetração  de  água  em  paredes rebocadas. 

Tabela 2.4 ‐ Requisitos para a quantificação de características de desempenho para rebocos, segundo a  normalização e especificações técnicas existentes [adaptado de Flores‐Colen, 2009; Gonçalves, 2010] 

Característica 

avaliada Requisito de desempennho Normas

P ≤ 1ml/cm2 para monocamadas, após ciclos climáticos de 48h EN 998‐1 [CEN, 2003a] P ≤ 1ml/cm2 para argamassas pré‐doseadas, em ensaios de desempenho e após 

ciclos climáticos

Relatório 427/05  [LNEC, 2005] C ≤ 0,2 kg/m2.min0,5 em condições severas e C ≤ 0,4 kg/m2.min0,5 em condições 

moderadas (argamassas leves e monomassas) EN 998‐1 [CEN, 2003a]

C > 0,4 kg/m2.min0,5 para revestimentos de forte capilaridade; 0,15 < C < 0,4  kg/m2.min0,5 para revestimentos de fraca capilaridade e C < 0,15 kg/m2.min0,5  para revestimentos de capilaridade muito fraca CSTB [1982] μ ≤ valor declarado pelo fabricante; μ ≤ 15 para argamassas de renovação ou de  isolamento térmico EN 998‐1 [CEN, 2003a] Sd ≤ 0,15 m Relatório 427/05  [LNEC, 2005] Permeabilidade à  água sob pressão Coeficiente de  capilaridade Permeabilidade  ao vapor de água   De modo a atingir uma impermeabilização eficaz em zona não‐fendilhada, é necessário que as  características  de  desempenho  definidas  sejam  cumpridas,  e  que  se  verifique  reduzida  permeabilidade à água líquida, reduzido coeficiente de capilaridade e elevada permeabilidade  ao vapor de água [Veiga, 1998].  

Por sua vez, os revestimentos exteriores em ladrilhos cerâmicos apresentam como principais  características de desempenho, no que respeita ao seu comportamento físico em serviço face  à  água,  a  absorção  à  água  e  a  expansão  por  humidade.  Apresentam‐se  na  Tabela  2.5  os  requisitos para a quantificação de tais características de desempenho. 

(34)

[ISO, 1995] E ≤ 3%, para grés extrudido, porcelânico e grés porcelânico 3% < E ≤ 6%, para clinker e pavimento de monocozedura 6% < E ≤ 10 %, para terracota e revestimento de monocozedura E > 10%, para tijoleira e azulejo Absorção de água EN 14411  [CEN, 2003]  

A  absorção  de  água  distingue‐se  pela  percentagem  em  massa  de  água  absorvida  (E),  e  é  directamente  proporcional  à  porosidade,  sendo  tanto  maior  quanto  maior  a  porosidade.  É  importante conhecer o nível de porosidade por este influenciar as características de aderência,  sendo  que  a  aderência  mecânica  não  ocorre  com  absorções  nulas,  recorrendo‐se  a  adesão  química  [Medeiros,  1999;  Ribeiro,  2006;  Sousa,  2008].  Esta  característica  indica  também  as  variações dimensionais nos ladrilhos cerâmicos devidos às variações de humidade provocadas  pelas movimentações higroscópicas da água nos revestimentos de fachada.  

A expansão por humidade diz respeito ao inchamento dos ladrilhos ao entrarem em contacto  com a humidade do meio ambiente, que pode originar tensões nos revestimentos afectando a  sua estabilidade [Fiorito, 1994].  

A  infiltração  da  água  proveniente  de  chuvas  incidentes,  ao  ser  absorvida  por  diferença  de  pressão  e  entrar  em  contacto  com  o  interior  das  fachadas  irá  provocar  o  mecanismo  de  degradação,  resultando  em  piores  níveis  de  desempenho.  Ao  realizar‐se  uma  avaliação  dos  indicadores  de  desempenho,  como  a  protecção  à  infiltração  de  água  e  o  controlo  da  fissuração,  poderá  proceder‐se  à  sua  prevenção  através  de  medidas  de  impermeabilização,  assim como a utilização de produtos hidrofugantes [adaptado de Yveras, 2002]. 

2.3. Revestimentos de argamassas 

2.3.1. Classificação de argamassas 

As argamassas são constituídas por uma mistura de vários constituintes, tais como os ligantes  (substâncias que têm propriedades aglutinantes que conferem ligação entre as partículas), os  agregados  (areias  que  contribuem  para  a  compacidade  e  resistência),  a  água  (permite  a  formação da pasta) e por vezes adjuvantes (modificam propriedades químicas das argamassas  ‐  aderência,  impermeabilização,  entre  outros)  e  adições  (modificam  propriedades  físicas  das  argamassas ‐ resistência à tracção, fendilhação, entre outros) [Martins, 2008].  

As  argamassas  têm  actualmente  diversas  aplicações  e  utilizações  pelo  que  podem  ser  classificadas  de  acordo  com  parâmetros  tais  como  as  propriedades  e  utilização,  o  tipo  de  concepção,  o  local  de  produção,  a  aplicação  e  ainda  os  tipos  de  ligantes  utilizados  como  se  pode ver resumidamente na Tabela 2.6. 

Mais  adiante,  os  revestimentos  de  argamassas  serão  aprofundados  no  que  respeita  às  suas  principais funções, requisitos e características de desempenho. 

(35)

Tabela 2.6 ‐ Classificação das argamassas consoante propriedades e/ou utilização, tipo de concepção, local de  produção, aplicação e tipos de ligantes [adaptado de Gonçalves, 2010; Duarte, 2009; Nascimento, 2006; Nero,  2001c]  Argamassa de uso geral Argamassa leve Argamassa colorida Monocamada Argamassa de renovação Argamassa de isolamento  térmico Argamassas de desempenho Argamassas de formulação Argamassas tradicionais (ou  correntes) Argamassas não‐tradicionais  (ou industriais)

Tipo Utilização Principais requisitos Argamassas de alvenaria Elevação de muros e paredes  quer de tijolos quer de blocos Resistência; aderência às estruturas; capacidade de  absorver movimentos devidos a tensões mecânicas,  variações térmicas e de humidade Argamassas de revestimento Revestimento de paredes e  muros Resistência à compressão; permanência de resistência  no tempo; impermeabilidade; compacidade; aderência  às alvenarias; volume constante durante a presa e o  endurecimento Cimento‐cola Colam elementos cerâmicos  sobre um suporte quer de  reboco quer directamente  sobre a parede Deve ser simplesmente misturado com água ou com o  líquido de amassadura imediatamente antes da sua  utilização Massas para juntas Preenchem as juntas entre os  elementos dos revestimentos,  podendo ter funções estéticas  ou funcionais Têm em conta as tensões normais resultantes da  aplicação de pavimento e revestimento, sendo que o  seu uso nas juntas permite atenuar estas tensões Argamassas de suporte para  revestimentos Regularizam o pavimento Elevada resistência à compressão resultante dos seus  constituintes, cal e principalmente o cimento Um só ligante Mistura de ligantes Propriedades e  utilização Tipo de  concepção Local de  produção Aplicação Cumpre as necessidades gerais sem possuir necessidades especiais Densidade após endurecimento é <= 1300kg/m3 Especialmente pigmentada para uma função decorativa Aplicada numa só camada Utilizada em alvenaria com presença de sais solúveis; elevada porosidade e  permeabilidade ao vapor de água Propriedades específicas de isolamento térmico Composição e processo de fabrico definidos pelo fabricante para obter propriedades  específicas Fabricada segundo uma composição pré‐determinada, para a qual as propriedades  obtidas dependem da proporção entre os componentes Produzidas em obra Pré‐doseadas em fábrica Tipos de ligantes  (inorgânicos) Ligantes aéreos (cal aérea e gesso); ligantes hidráulicos (cal hidráulica, cimento,  escória de alto forno); materiais com comportamento de ligante (terras argilosas,  pozolanas naturais, cinzas volantes) Argamassas bastardas ‐ exº argamassa aérea hidratada (cimento e cal hidráulica)   Devido  ao  baixo  custo  inicial  e  à  baixa  complexidade  da  sua  aplicação  as  argamassas  de  revestimento  representam  a  solução  de  revestimento  mais  utilizada  em  Portugal  [Gaspar,  2003]. A nível nacional, cerca de 62% dos edifícios construídos entre 1941 e 2001, adoptaram a  solução de revestimento através de reboco, enquanto o betão à vista, pedra, ladrilhos e outros  revestimentos  representam  níveis  bastante  inferiores  (ordem  decrescente  de  utilização)  [Flores‐Colen, 2009; INE, 2001]. 

(36)

disponibilidade  e  rapidez  de  aplicação  das  argamassas  não‐tradicionais  constituem  grande  vantagem por permitir acompanhar o ritmo cada vez mais apressado de construção e prazos  cada vez mais reduzidos. 

2.3.1.1. Argamassas tradicionais 

Designam‐se  argamassas  tradicionais  pelo  facto  de  serem  realizadas  em  obra  com  metodologias  tradicionais,  como  a  preparação  e  aplicação  manual,  sendo  a  preparação  realizada com o auxílio de betoneira. 

As  argamassas  tradicionais  são  ainda  as  mais  utilizadas,  em  Portugal,  em  revestimentos  de  fachadas  e  são  constituídas  por  um  ou  mais  ligantes  minerais,  areia  e  água  podendo  ainda  apresentar  adjuvantes  e  adições.  O  seu  desempenho  ao  longo  do  tempo  vai  depender  da  forma como estes materiais se combinam entre eles, a sua técnica de execução e de aplicação.  De  seguida  serão  aprofundados  os  respectivos  componentes,  bem  como  o  seu  método  de  aplicação. 

i) Ligantes 

Os  ligantes  são  responsáveis  por  garantir  a  coesão  entre  as  partículas  que  constituem  a  argamassa, e também a ligação desta ao suporte, devido às suas propriedades aglutinantes. Os  ligantes  inorgânicos,  demonstrados  anteriormente  na  Tabela  2.6  em  três  categorias  (aéreos,  hidráulicos  e  materiais  com  comportamento  de  ligante),  classificam‐se  em  função  do  seu  comportamento  face  à  água.  Os  ligantes  aéreos  (cal  aérea  e  gesso)  perdem,  total  ou  parcialmente,  o  seu  grau  de  endurecimento  quando  em  contacto  permanente  com  a  água,  enquanto  os  hidráulicos  (cal  hidráulica  e  cimento)  não  [Nero,  2001d].  Os  ligantes  podem  ser  utilizados  individualmente  ou  em  conjunto  (por  exemplo  o  estuque  constituído  por  gesso  e  cal), resultando em argamassas bastardas [Martins, 2008]. 

ii) Agregados 

Os agregados mais comuns de argamassas de revestimento são as areias naturais, extraídas de  leitos de rios ou de areeiros. Estes têm como função melhorar a compacidade e a resistência,  funcionando  como  “o  esqueleto”  da  argamassa,  podendo  a  granulometria  da  areia  influir  na  porosidade, trabalhabilidade e aspecto da argamassa. É de interesse manter níveis reduzidos  de argilas de modo a conseguir menores retracções [Martins, 2008].  

iii) Água 

A  água  utilizada  tem  como  função  a  formação  da  pasta,  aglutinando  o  ligante  e  o  agregado,  pelo  que  assume  grande  responsabilidade  na  trabalhabilidade  e  consistência  da  argamassa,  factores  de  que  depende  a  sua  aplicação;  influencia  também  o  processo  de  endurecimento,  incidindo  sobre  o  processo  de  carbonatação  no  caso  da  cal  aérea  e  permitindo  a  hidratação  dos silicatos e aluminatos nos ligantes hidráulicos [Martins, 2008]. 

(37)

iv) Adjuvantes e adições 

A  utilização  de  adjuvantes  e  adições  serve  para  melhorar  as  características  dos  rebocos  mas  não é muito  usual nos rebocos tradicionais. Os adjuvantes permitem alterar as propriedades  intrínsecas  (químicas)  das  argamassas  enquanto  as  adições  têm  como  objectivo  melhorar  as  propriedades físicas. Apresentam‐se na Tabela 2.7 alguns exemplos de adjuvantes e adições e  as respectivas funções. Em Portugal a sua utilização não é significativa, no caso das argamassas  tradicionais,  pelo  que  o  domínio  da  sua  utilidade  e  adequabilidade  são  baixos,  sendo  necessário realizar estudos que fundamentem a sua utilização [Veiga, 1998].  Tabela 2.7 ‐ Exemplos de adjuvantes e adições e respectivas funções [adoptado de Galvão, 2009; Veiga 1998;  Pinto et al., 2006]  Adjuvantes Função Aderência melhoram a aderência sem aumentar o teor de cimento, diminuindo a retracção  e a susceptibilidade à fendilhação Hidrófugos de  massa melhoram a capacidade de impermeabilização pois obturam os capilares,  impedindo a penetração e circulação de água no revestimento Introdutores de  ar melhoram a capacidade de impermeabilização, a resistência ao gelo‐degelo e  aos sais pois as bolhas de ar introduzidas promovem um corte de capilaridade Plastificantes aumentam a trabalhabilidade da argamassa, permitindo a diminuição da  quantidade de água de amassadura e, eventualmente, de ligante Retentores de  água limitam o risco de uma dessecação prematura da argamassa, contribuindo para  uma hidratação mais completa Fungicidas impedem a fixação de microorganismos nas argamassas Adições Função Fibras aumentam a resistência à tracção e a ductilidade do revestimento, melhorando a  resistência à fendilhação Cargas leves diminuem o módulo de elasticidade, permitindo maior deformação Pozolanas melhoram o comportamento aos sulfatos e ás reacções sílica‐agregados  

O  desempenho  de  uma  argamassa  de  reboco  tradicional  e  as  suas  características,  vão  depender da qualidade do ligante, características do agregado, volume de água, assim como o  traço  e  a  relação  água‐cimento,  e  as  suas  condições  de  fabrico  e  aplicação,  entre  outros  factores [Galvão, 2009].   Estas argamassas tradicionais possuem vantagem, relativamente às não‐tradicionais, de maior  facilidade na homogeneidade do revestimento final, e serem menos onerosas. Por outro lado,  necessitam de mais tempo na sua execução devido à existência de mais de uma camada, o que  resulta em maior tempo de utilização de andaimes, e ocupação de mais espaço no estaleiro,  bem como estudos de compatibilidade entre camadas e mão‐de‐obra qualificada [adaptado de  Flores‐Colen, 2009 e APFAC, 2010].  2.3.1.2. Argamassas não‐tradicionais  

A  evolução  da  necessidade  de  rapidez,  qualidade  e  durabilidade  na  construção  motivaram  a  crescente  substituição  das  argamassas  tradicionais  preparadas  em  obra,  por  argamassas  preparadas em fábricas, como é o caso das não‐tradicionais (ou pré‐doseadas). Esta tendência  crescente  de  substituição  deve‐se  às  seguintes  vantagens  que  estas  argamassas  apresentam  face às tradicionais, segundo vários autores [Veiga, 2006; Nero, 2001c; BASF, 2007]: 

Referências

Documentos relacionados

The focus of this thesis was to determine the best standard conditions to perform a laboratory-scale dynamic test able to achieve satisfactory results of the

F REQUÊNCIAS PRÓPRIAS E MODOS DE VIBRAÇÃO ( MÉTODO ANALÍTICO ) ... O RIENTAÇÃO PELAS EQUAÇÕES DE PROPAGAÇÃO DE VIBRAÇÕES ... P REVISÃO DOS VALORES MÁXIMOS DE PPV ...

Num primeiro momento, as informações levantadas para a descrição do caso dizem respeito às práticas de gestão do trabalho pedagógico que têm logrado o

Ressalta-se que mesmo que haja uma padronização (determinada por lei) e unidades com estrutura física ideal (física, material e humana), com base nos resultados da

O capítulo I apresenta a política implantada pelo Choque de Gestão em Minas Gerais para a gestão do desempenho na Administração Pública estadual, descreve os tipos de

(2009) sobre motivação e reconhecimento do trabalho docente. A fim de tratarmos de todas as questões que surgiram ao longo do trabalho, sintetizamos, a seguir, os objetivos de cada

No entanto, esta hipótese logo é abandonada em favor de uma nostalgia reflexiva, visto que “ao invés de tentar restaurar as cópias de nitrato de algum estado

Quando Goffman (1985) fala em palco e cenário, atores e platéia, papéis e rotinas de representação, necessidade, habilidades e estratégias dramatúrgicas,