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Menores, mas com potencial de gigantes

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Academic year: 2021

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Menores, mas

com

potencial

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Empresas do

mercado empreendedor

ganham força com a expansão

do consumo nos países emergentes

O ano de 2008 foi um marco na história econômica das últimas décadas. Os primeiros sinais de que a bolha imobiliária nos Estados Unidos traria mais do que alguns problemas financeiros ainda não apontavam com precisão para as consequências da crise quando alguns importantes bancos começaram a dar sinal de fraqueza. Depois que instituições como o Lehman Brothers e o Bear Sterns quebraram, o mundo contemplou os desdobramentos de um evento cujos reflexos ainda hoje podem ser sentidos, tanto pelos norte-americanos quanto pelos europeus. Na sequência, outros gigantes tiveram sua fragilidade exposta. Montadoras, como General Motors e Ford e seguradoras, como a AIG, prenderam o fôlego por um momento, aguardando em suspense a turbulência econômica perder força.

Se o cataclismo financeiro desafiou a máxima até então incontestável “too big to fail” – principalmente no caso dos bancos –, também abriu espaço para uma nova etapa no processo de desenvolvimento de empresas. Ao mesmo tempo em que a forma de pensar dos grandes executivos era posta em xeque, o avanço tecnológico e a integração global cada vez maior pavimentaram o caminho dos empreendedores.

Empresas de médio porte – pertencentes ao segmento conhecido como mid-market, também denominado mercado empreendedor – começaram a ganhar força e relevância em um cenário no qual o consumo interno passou a ser privilegiado, sobretudo nos mercados emergentes. Anos depois do choque inicial, essas empresas parecem ter atingido uma nova fase. Já experientes em lidar com os mercados nacionais, as companhias de médio porte buscam um passo mais longo.

Segundo a pesquisa Global Rewards Within Reach 2012 - Survey of Mid-Market, Multinational Companies in the Americas, essas empresas estão se saindo bem na caminhada para realizar negócios em escala global. O estudo, que consultou 1.150 executivos do mercado empreendedor nas Américas, abrangendo Estados Unidos, México, Canadá e Brasil, verificou que elas extraem 35% das suas receitas dos mercados estrangeiros. De acordo com o estudo, 84% dessas empresas atingem mercados fora de seu país de origem por meio de vendedores ou distribuidores; 67% optam por parcerias ou joint ventures; 60% terceirizam serviços; 59% têm fábricas, escritórios ou outras instalações em solo estrangeiro; e 33%

35% da renda do

mid-market das

Américas provém

de mercados

estrangeiros

Menores, mas

com

potencial

de gigantes

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comercializam franquias. Empresários dos Estados Unidos e do Canadá foram os que afirmaram ter maior atividade internacional.

Já os brasileiros e mexicanos estão buscando ampliar sua presença global de maneiras indiretas. No Brasil, o recente crescimento econômico combinado ao aumento dos investimentos estrangeiros no país estimulou o segmento do mercado empreendedor. Com o espaço aberto às

empresas menores, a competição se tornou mais intensa, forçando as companhias, muitas delas familiares, a buscar expansão para outras regiões além da sua cidade ou estado e, até mesmo, do país.

Sidney Ito, sócio-líder da KPMG no Brasil e na América do Sul na área de Risk Consulting e um dos responsáveis pela elaboração da pesquisa regional, analisa que é notório o grande potencial de evolução das empresas brasileiras do mercado empreendedor, principalmente diante do avanço percebido nos últimos anos nesse segmento. Entretanto, a internacionalização dos negócios das empresas brasileiras tem se dado mais de maneira reativa – em resposta à demanda ou às necessidades apresentadas por clientes e consumidores estrangeiros – do que em função de uma busca organizada por novos mercados.

“Reverter essa postura, no curto prazo, para uma atitude mais proativa representará grande evolução para nossas empresas”, diz Ito. Ele observa que grande parte das companhias brasileiras tende a estabelecer

sua presença no exterior por intermédio de representantes, como fornecedores e distribuidores.

Para ele, essa abordagem é privilegiada por conta da menor complexidade na hora de intermediar os negócios fora do Brasil. A escolha também é mais barata, já que representa investimentos menos vultosos do que, por exemplo, ter instalações próprias no exterior.

“Mas o que é notável é a baixa adoção pelos brasileiros de serviços terceirizados para administrar funções e processos em outros países”, destaca. A pesquisa mostra que apenas 29% das empresas nacionais indicaram utilizar tal solução, o menor percentual entre os países

pesquisados, enquanto 74% das companhias norte-americanas se valem desse tipo de serviço no exterior, por exemplo.

Raízes em solo nacional

Em países como Estados Unidos e Canadá, é possível notar nas empresas do mercado empreendedor que o aumento da sua participação nos

mercados internacionais passa, necessariamente, por uma redistribuição da força de trabalho.

A pesquisa da KPMG mostra que, entre as empresas canadenses, quase um quarto dos executivos afirmaram ter pelo menos metade de seus

Brasileiras têm

grande potencial

de evolução, mas

precisam adotar

postura proativa

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empregados trabalhando fora do país. A proporção é semelhante nos Estados Unidos. Em ambos os países, os controladores de companhias afirmam que essa estratégia é essencial para entender os mercados estrangeiros, sua cultura e suas necessidades.

No Brasil, a situação se inverte. Funcionários das empresas do mercado empreendedor têm suas raízes fincadas em solo nacional. “As empresas brasileiras neste segmento concentram 93% de sua força de trabalho dentro do próprio país. Esse dado reflete a opção majoritária por ter representantes no exterior e não pela presença com instalações próprias, o que reduz a necessidade de pessoal fora do território nacional”, explica Ito.

Onde estão os empregados das empresas do mercado empreendedor

EUA Canadá Américas Brasil México

Percentual de empregados no mercado doméstico

Ele destaca, no entanto, que um número crescente de empreendedores começa a investir na contratação de profissionais locais em outros países, para estar mais perto das necessidades e conhecer melhor as características desses clientes e consumidores. “Boa parte das empresas que mantêm pelo menos 7% de seus funcionários fora do Brasil já percebe esse diferencial como uma vantagem competitiva para alavancar seus negócios”, afirma.

A pesquisa mostra, ainda, que Estados Unidos e Canadá lideram a lista com mais empresas que pretendem aumentar a quantidade de funcionários trabalhando no exterior nos próximos anos. Pelo menos 70% dos empresários norte-americanos querem ampliar a força de trabalho em outros países, enquanto no Canadá essa proporção é de 54%. No Brasil e no México o percentual é bem menor: 29% e 26%, respectivamente.

Mirando alto

Nos últimos anos, o Brasil assistiu ao crescimento significativo de seu mercado interno, com a inclusão de milhões de pessoas à parcela da

Percentual de empregados em outros países

36% 64% 34% 66% 25% 75% 7% 93% 4% 96%

Empresas nacionais

preferem trabalhar

com representantes

no exterior, sem

instalações próprias

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população que tem potencial para consumir. Muitas empresas pegaram carona nesse movimento e expandiram notavelmente seus negócios. Agora, entretanto, a pesquisa da KPMG mostra que os empreendedores querem novas – e maiores – oportunidades.

Entre os empresários brasileiros, 71% afirmam ter planos de expandir as companhias para além das fronteiras nacionais nos próximos anos. E a parcela dos que pretendem cortar funcionários no exterior está entre as menores, chegando a 1%. Nos Estados Unidos e no Canadá, onde a visão de expansão das empresas do mercado empreendedor já está consolidada, o percentual de entrevistados que pretende expandir as contratações no exterior é menor, chegando a pouco mais de 50%.

Entre os alvos de expansão dos negócios pelas empresas brasileiras do mercado empreendedor, os Estados Unidos são citados por 49% dos brasileiros entrevistados como o principal destino. Outros países nos quais os brasileiros estão de olho são Argentina (41%), Chile (41%),

Expectativas quanto à alocação de empregados nos próximos cinco anos

Américas EUA Canadá Brasil México

53% Aumento 40% Inalterada 7% Redução 72% Aumento 20% Inalterada 8% Redução 54% Aumento 32% Inalterada 13% Redução 29% Aumento 71% Inalterada 1% Redução 26% Aumento 71% Inalterada 3% Redução

Como o mercado empreendedor planeja evoluir globalmente nos próximos cinco anos

Américas

EUA

Canadá

Brasil

México

Respostas “manter o mesmo nível” não estão no gráfico

58% 61% 50% 71% 50% (11%) (20%) (12%) (1%) (1%) Expandir Reduzir

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países europeus (37%) e os demais da América do Sul (45%).

“Notamos que o natural espírito empreendedor dos brasileiros tem se somado a uma sensibilidade mais atenta em relação às oportunidades oferecidas pela atual economia globalizada”, afirma o sócio-líder da KPMG.

Sensibilidade parece ser mesmo a palavra-chave para a nova etapa que a economia do Brasil vive. Apesar das consequências da crise de 2008 e da atual turbulência na Europa terem abalado a confiança do empresariado, perceber a força do mercado interno brasileiro é essencial. Aos poucos, as empresas de médio porte recuperam o otimismo e os planos de crescer, inclusive em escala global. E à medida em que elas começam a dominar os processos tecnológicos e superar os desafios culturais, ganhar o mundo parece ser apenas uma questão de tempo.

A literatura de negócios está recheada com casos de companhias que, na pressa por alcançar outros países, cometeram o erro de selecionar mercados em expansão tendo como critério apenas seu tamanho, sem se preocupar com a adaptação. Elas descobriram – tarde demais – alguns obstáculos praticamente intransponíveis para realizar suas expectativas de negócios. Os líderes das empresas do mercado empreendedor já aprenderam que fatores econômicos, políticos, geográficos e culturais interferem em suas decisões de mercado.

Embora o “tamanho de mercado” ainda seja citado como prioridade por 34% dos entrevistados na pesquisa da KPMG, a atenção a outros detalhes que ajudam a dar uma indicação mais precisa tem crescido de forma significativa. “Similaridade com outros mercado”, citada por cerca de metade dos entrevistados, é uma informação crucial para os brasileiros

entrevistados.

Segundo o estudo da KPMG, ter fronteiras em comum faz com que as negociações bilaterais entre mercados aumentem 80%. Se a

língua for comum ou semelhante, o percentual vai para 200%. Havendo uma área de livre comércio, ou bloco econômico, o aumento é de mais de 300%.

O que procuram as empresas?

Metodologia da pesquisa

Em sua terceira edição, a pesquisa Global Rewards Within Reach 2012 - Survey of Mid-Market, Multinational Companies in the Americas traz uma inovação, ao comparar os quatro principais mercados das Américas: EUA, Canadá, México e Brasil. Juntos, eles representam cerca de um quinto do PIB mundial. As entrevistas foram realizadas entre outubro e dezembro de 2011, com 1.150 líderes seniores do mercado empreendedor, representantes de uma ampla gama de indústrias.

Foram incluídas empresas com receitas de US$ 200 milhões a US$ 1 bilhão, nos Estados Unidos; de US$ 5 milhões a US$ 500 milhões, no Canadá; e de US$ 1 milhão a US$ 249 milhões no Brasil e no México.

Referências

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