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Leitura Obrigatória Direito das Sucessões Perspectivas Atuais Aula 04

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Academic year: 2021

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Leitura Obrigatória

Direito das Sucessões – Perspectivas Atuais

Aula 04

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Noção geral do Direito de Sucessões no Código Civil:

introdução do tema por 10 (dez) “verbetes”

Rodrigo Mazzei

Mestre (PUC-SP), Doutor (FADISP) e Pós doutorando (UFES) Professor da UFES (graduação e mestrado)

Presidente da Escola Superior da Advocacia (OAB/ES) Membro do IBDP

Escopo do estudo: O presente texto é simples e tem o objetivo de trazer noções básicas sobre o Direito de Sucessões. Para tanto, optamos por plasmar alguns temas que são pilares à compreensão da matéria, o fazendo através de uma seqüência de 10 (dez) verbetes. Vamos lá:

Verbete 1: A sucessão (causa mortis) e o modelo constitucional. A concepção histórica da sucessão e, no sentido amplo, os direitos subjetivos decorrentes desta, demonstram a dificuldade de encaixe perfeito do gabarito primitivo no sistema atual de paridade e dignidade da pessoa humana, ainda que mantida a célula do direito de propriedade. Há registros que o herdeiro seria aquele que cultuaria o respeito ao morto, fixando-se a partir da idéia a concepção da herança somente ser destinada ao filho homem mais velho, pois este concentrava a missão e evitava a divisão do patrimônio. Atualmente a sucessão está assegurada constitucionalmente (art. 5º, XXX, CF/88 – “é garantido o direito de herança”) e tem a vantagem de manter um quadro de estabilidade para a poupança interna e de engrenagem econômica para aquisição de bens, evitando que burlas e simulações fossem feitas em vida (por doações, por exemplo) para se evitar que os bens, ao final, fossem destinados ao Estado, ficando este limitado à cobrança de impostos sobre a sucessão. Atrelada ao modelo constitucional, o sistema de sucessões não pode ser distanciada de diretrizes constitucionais, tais como dignidade da pessoa humana e função social da propriedade.

O texto em voga foi adaptado dos originais do estudo (inédito e de gama muito mais ampla)

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Verbete 2: Anacrônico sistema legal que trata da sucessão. A célula material parte da idéia de que a herança será de grande monta e, na esfera processual, se cria um procedimento complexo, que é contrário à duração razoável do processo e à própria idéia de dignidade humana (diretrizes constitucionais). Soluções mais simples merecem prestígio, como é o caso do artigo 1º, § 2º, da Lei 6.858/801, que prevê um sistema mais célere do processo sucessório. Observe-se, no sentido, a ineficiência do arrolamento comum (bens de baixo valor) - artigo 1.036 do CPC/19732. 2000 ORTN, no dia 17.05.2013

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Art. 1º - Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e os montantes das contas individuais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e do Fundo de Participação PIS-PASEP, não recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na forma da legislação específica dos servidores civis e militares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, independentemente de inventário ou arrolamento. § 1º - As quotas atribuídas a menores ficarão depositadas em caderneta de poupança, rendendo juros e correção monetária, e só serão disponíveis após o menor completar 18 (dezoito) anos, salvo autorização do juiz para aquisição de imóvel destinado à residência do menor e de sua família ou para dispêndio necessário à subsistência e educação do menor. § 2º - Inexistindo dependentes ou sucessores, os valores de que trata este artigo reverterão em favor, respectivamente, do Fundo de Previdência e Assistência Social, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou do Fundo de Participação PIS-PASEP, conforme se tratar de quantias devidas pelo empregador ou de contas de FGTS e do Fundo PIS PASEP. Confira ainda o artigo 14 da Resolução 35/2007 do CNJ

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Art. 1.036. Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a 2.000 (duas mil) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN, o inventário processar-se-á na forma de arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado, independentemente da assinatura de termo de compromisso, apresentar, com suas declarações, a atribuição do valor dos bens do espólio e o plano da partilha. (Redação dada pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

§ 1o Se qualquer das partes ou o Ministério Público impugnar a estimativa, o juiz nomeará um avaliador que oferecerá laudo em 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

§ 2o Apresentado o laudo, o juiz, em audiência que designar, deliberará sobre a partilha, decidindo de plano todas as reclamações e mandando pagar as dívidas não impugnadas.(Incluído pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

§ 3o Lavrar-se-á de tudo um só termo, assinado pelo juiz e pelas partes presentes. (Incluído pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

§ 4o Aplicam-se a esta espécie de arrolamento, no que couberem, as disposições do art. 1.034 e seus parágrafos, relativamente ao lançamento, ao pagamento e à quitação da taxa judiciária e do imposto sobre a transmissão da propriedade dos bens do espólio. (Incluído pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

§ 5o Provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, o juiz julgará a partilha. (Incluído pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

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representavam R$ 102.220,00 (cento e dois mil, duzentos e vinte reais), - ORTN ao valor unitário de R$ 51,11.

Verbete 3: Proteção constitucional do cônjuge e filhos de estrangeiros. (art. 5º, XXXI, CF/88). A sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do falecido. Verbete 4: Direito sucessório e sucessão (classificações). A idéia de sucessão pode receber classificações amplas: (a) legal ou voluntária, (b) título gratuito ou oneroso, e (c) inter vivos e causa mortis. Para o direito sucessório interessa, em especial, a sucessão ocorrida por causa mortis e que seja gratuita. Fonte: a sucessão, tratada no Direito Sucessório, pode ser quanto à fonte: legítima (legal) e testamentária. Efeitos: a sucessão, quanto aos efeitos, pode ser universal (toda herança ou fração desta) ou singular (delimitação, com individualização dos bens). Se for universal teremos a herança, se for singular teremos o legado.

Verbete 5: Princípios básicos que regem a sucessão. (a) Há respeito à vontade pessoal do falecido, (b) a autonomia do de cujus não é absoluta, sendo limitada pela lei (c) caráter supletivo da sucessão legítima, (d) submete-se a uma sistemática formal para a transmissão de direitos (em submete-sentido amplo). Verbete 6: Saisine. Nosso sistema adota a idéia da saisine, que advém do direito Francês que preceitua que o ‘domínio’ da herança, bem assim sua posse, transmitida imediatamente aos herdeiros legítimos e testamentários, tão logo ocorrida a morte e não depende de formalização. O fenômeno é justificado pela necessidade de proteção do patrimônio e para que os bens não fiquem em estado de vacância.

Verbete 7: Alcance e significado de “herança” (necessidade de compatibilizar o artigo 1.784 com os artigos 1.206, 1.207 e 1.923 do Código Civil e 990 e 991 do CPC/1973). O artigo 1.784 se volta aos herdeiros legítimos e testamentários, mas não aos legatários (artigo 1.923), ou seja, quando há individualização dos bens (sucessão singular). A idéia está também ratificada no artigo 1.791 do CC/02. Assim, a morte implica na abertura da sucessão, com a posse e domínio bens em favor dos herdeiros necessários e

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testamentários, não se abarcado aqui os legatários (artigo 1.923 CC/02). Tal interpretação prevalece embora o artigo 1.206 do CC/02 disponha que a posse “transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres”, pois o foco do dispositivo está nos predicados (= características) da posse e não o momento da transmissão. O artigo 1.207 do CC/02, por sua vez, aduz que “o sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais”, e, através de interpretação auxiliada pelos artigos 990 e 991 do CPC/19733 e 1.923 do CC/02, compreende-se que a continuação da posse se dá pelos herdeiros (legítimos ou testamentários), tendo o inventariante a posse direta dos bens (em razão da administração que se impõe) e os herdeiros a posse indireta.

Verbete 8: Legatário (posse). Deve-se frisar que o legatário, embora não tenha posse dos bens, somente alcançando a situação na partilha (só estando os herdeiros obrigados a entregar os bens legados em tal momento e, portanto, depois de verificada a solvência do espólio), pode manejar ações para a proteção do legado, valendo-se da válvula do artigo 130 do CC/024, notadamente se o inventariante não adotar medidas para tal. O artigo 130 trata do chamado direito eventual (ou, numa expressão mais feliz, direito

expectativo) que se caracteriza pela existência de um direito que aguarda a

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Art. 990. O juiz nomeará inventariante: I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste; II - o herdeiro que se achar na posse e administração do espólio, se não houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou estes não puderem ser nomeados; III - qualquer herdeiro, nenhum estando na posse e administração do espólio; IV - o testamenteiro, se Ihe foi confiada a administração do espólio ou toda a herança estiver distribuída em legados; V - o inventariante judicial, se houver; Vl - pessoa estranha idônea, onde não houver inventariante judicial. Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (cinco) dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo. Art. 991. Incumbe ao inventariante: I - representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, observando-se, quanto ao dativo, o disposto no art. 12, § 1o; II - administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência como se seus fossem; III - prestar as primeiras e últimas declarações pessoalmente ou por procurador com poderes especiais; IV - exibir em cartório, a qualquer tempo, para exame das partes, os documentos relativos ao espólio; V - juntar aos autos certidão do testamento, se houver; Vl - trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou excluído; Vll - prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz Ihe determinar; Vlll - requerer a declaração de insolvência (art. 748).

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Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo.

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ocorrência de um evento futuro para sua estabilização. O artigo 130 do CC/02 refere-se ao titular de direito que está sob condição, mas também – por desdobramento lógico – compreende o direito que depende de termo (ainda que incerto, ou seja, sem data previamente fixada), garantindo ao titular em ambos os casos os atos de conservação.5

Verbete 9: Legatário (propriedade). Apesar do legatário não receber a posse dos bens legados, o artigo 1.923 do CC/02 afirma que “desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário a coisa certa, existente no acervo, salvo se o legado estiver sob condição suspensiva”, ou seja, fixa propriedade em favor do legatário, situação que limita a atuação dos herdeiros e do inventariante na disposição e fruição dos bens legados.

Verbete 10: Herdeiros (espécies). (a) Herdeiro legítimo é o que é indicado pela lei como tal (artigo 1.829 do CC/02), seguindo-se a ordem preferencial fixada pelo legislador; (b) herdeiro testamenteiro (ou instituído) é o que é beneficiado pelo testamento sem individualização de bens, ou seja, seu benefício é feito em razão da universalidade de bens, ainda que por cota; (c) herdeiro necessário é o que, por escolha legislativa, detém uma série de proteções, reservando-se, com tal trilha, parte (50%) da herança obrigatoriamente para os que constam em tal classe (artigo 1.845 CC/02: descendentes, ascendentes e cônjuge); (d) Herdeiro universal. È o herdeiro único que, por tal passo, não necessita de partilhar bens, mas tão somente - de “forma universal” – adjudicá-los (ainda que através de inventário).

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Além disso, é possível se pensar no abuso do direito dos herdeiros como vetor para autorizar a posse do legatário antes da partilha. Parecendo aplicar a idéia, confira-se: “INVENTÁRIO. DETERMINAÇÃO DE DESOCUPAÇÃO DO BEM PELA INVENTARIANTE E DEMAIS HERDEIRAS E IMISSÃO NA POSSE DO LEGATÁRIO. Sendo hígida, clara e objetiva a disposição de última vontade, é cabível a determinação judicial de que seja cumprida, mostrando-se injustificada a resistência da recorrente. Recurso desprovido”. (Agravo de Instrumento Nº 70042363762, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 24/08/2011)

Referências

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