pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ 133/159, ReI. Min. SYDNEY SANCHES -
RTJ
161/643-644, ReI. Min. CELSO DE MEL-LO), apoiando-se, ainda, em autorizado ma-gistério doutrinário (PONTES DE MIRAN-DA, .. Comentários ao Código de ProcessoCivil", tomo
IU263-265, 2" ed., 1979, Foren-se; CLOVIS RAMALHETE, .. EstadoEstran-geiro Perante a Justiça Nacional",
in ..Re-vista da Ordem dos Advogados do Brasil", n°
4/315-330, SetembrolDezembro 1970; AMILCAR DE CASTRO, .. DireitoInterna-cional Privado",
p. 540-541, itens n° 295, 4" ed., 1987, Forense; CLÓVIS BEVILÁQUA,.. Direito Público Internacionaf' ,
tomo ln9,2"
ed., Freitas Bastos; OSCAR TENÓRlO,"Direito Internacional Privado" , vol.
IU351, lI" ed., Freitas Bastos; HILDEBRANDO ACCIOLY, .. Tratado de DireitoInternacio-nal Público", vol.
U227, item n° 330,2" ed., 1956, Rio de Janeiro; PEDRO LESSA,"Do
Poder Judiciário",
p. 212, 1915, Livraria Francisco Alves; GUIDO FERNANDO SIL-V A SOARES, .. Das Imunidades deJurisdi-ção e de ExecuJurisdi-ção",
p. 152-161, 1984, Fo-rense; LUIZ CARLOS STURZENEGGER,"Imunidades de Jurisdição e de Execução dos
Estados -
Proteção a Bens de Bancos
Cen-trais", RDA
174/18; OSIRIS ROCHA,"Re-clamações Trabalhistas contra Embaixadas:
uma competência inegável e uma distinção
imprescindível", in
LTr, vol. 37/602; JOSÉ FRANCISCO REZEK, .. DireitoInternacio-nal Público ", p. 175/178, item nO 97,
7"ed.,
1998. Saraiva; GERSON DE BRlITO MEL-LO BOSON,"Constitucionalização do
Di-reito Internacional",
p. 248/249, 1996, Del Rey).Registre-se,
neste ponto, por necessano, que a própria Missão Diplomática da Repú-blica dos Camarões, em Nota Verbal encami-nhada ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil (NV 011197),reconheceu
que o evento danoso ao patrimônio público do Dis-trito Federal - precisamente por resultar de comportamento estranho ao exercício da fun-ção diplomática - constituiu um .. affairepa-rement privée" (fls.
44).Sendo assim,
e considerando-se a natureza do fato ensejador do ajuizamento da presente ação,parece
revelar-se viável ainstauração
desta causa perante o Supremo Tribunal Fe-deral (CF, art. 102, I, "e").Antes de ordenar a citação, no entanto -
e
atento
às implicações que desse atopodem
resultar, em face do que dispõem os Artigos 22 e 30 da Convenção de Viena sobre Rela-ções Diplomáticas (v., a propósito, GERAL-DO EULÁLIO GERAL-DO NASCIMENTO E SIL-V A,"A Convenção de Viena sobre Relações
Diplomáticas", p. 107, 2" ed., 1978, Brasília)
- , determino que setransmita o inteiro teor
do presente despacho ao Senhor Ministro de Estado das Relações Exteriores, para que Sua Excelência inste a República dos Camarões a pronunciar-se, por intermédio de sua Missão Diplomática, sobre a sua eventualsubmissão
à jurisdição do Poder Judiciário brasileiro.Com a resposta a ser encaminhada a esta Corte, pelo Ministério das Relações Exterio-res do Brasil, apreciarei, então, a questão ju-rídica pertinente ao tema da imunidade de jurisdição.
Publique-se.
Brasília, 01 de agosto de 2000.
Ministro CELSO DE MELLO - Relator
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO -
TESTEMUNHAS -
DIREITO AO
SILlNClO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Habeas Corpus n° 80.530-2 - medida liminar
Impetrante: Eugênia Silva de Freitas
Coator: Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre ocupação de terras públicas na Amazônia.
Relator: Min. Celso de Mello Despacho do Relator
Paete.: Eugênia Silva de Freitas Impte.: Eugênia Silva de Freitas Adl'. Octavio A vertano Rocha
Coator: Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre ocupação de terras públicas na Amazônia.
DECISÃO: Defiro o pedido de medida li-minar, para o fim de assegurar, à ora paciente, o direito de permanecer em silêncio, se e quando inquirida sobre fatos cujo esclareci-mento possa importar em sua auto-incrimina-ção. bem assim para garantir-lhe a prerroga-tiva do não ser conduzida coerciprerroga-tivamente, sob escolta policial, para depoimento perante a CPI/Amazônia, enquanto não receber regu-lar intimação. nos termos da legislação pro-cessual penal.
Tenho el!fatizado. em decisões proferidas no Supremo Tribunal Federal, a propósito da prerrogativa constitucional contra a auto-in-criminação (HC 79.812-SP. ReI. Min. CEL-SO DE MELLO), que assiste, a qualquer pes-soa. regularmellle convocada para depor pe-rante Comissão Parlamentar de Inquérito. o direito de se manter em silêncio, sem se expor - em virtude do exercício legítimo dessa faculdade - a qualquer restrição em sua es-fera jurídica, desde que as suas respostas, às indagações que lhe venham a ser feitas, pos-sam acarretar-lhe grave dano (Nemo tenefllr se detegere).
É que indiciados ou testemunhas dispõem, em nosso ordenamento jurídico. da prerroga-tim contra a auto-incriminação, consoante tem proclamado ajurisprudência constitucio-nal do Supremo Tribunal Federal (RDA 196/197. ReI. Min. CELSO DE MELLO -HC 78.814-PR, ReI. Min. CELSO DE MEL-LO - HC 79.244-DF. ReI. Min. SEPÚL VE-DA PERTENCE. I'.g.).
Cabe enfatizar que o privilégio contra a auto-incriminação - que é plenamente
invo-cável perante as Comissões Parlamentares de Inquérito (NELSON DE SOUZA SAMPAIO, "Do Inquérito Parlamentar", p. 47/48 e 58/59.1964, Fundação Getúlio Vargas; JOSÉ LUIZ MÔNACO DA SILVA, "Comissões Parlamentares de Inquérito". p. 65 e 73. 1999, Ícone Editora: PINTO FERREIRA, "Comentários à COllStituição Brasileira ", vol. 3. p. 126/127, 1992, Saraiva. I'.g.)
-traduz direito público subjetivo, de estatura constitucional, assegurado a qualquer pessoa pelo art. 5°, inciso LXIII. da nossa Carta Po-lítica. COIII'ém enfatizar, neste ponto, que, "Embora aludindo ao preso, a intelpretação da regra constitucional den' ser /la sentido de que a garantia abrange toda e qualquer pessoa, pois, diante da presu/lçiio de inocê/l-cio, que também cOllstitui garamiafundamen-tal do cidadiio ( ... ), a prova da culpabilidade incumbe exclusivamente à acusação" (AN-TÔNIO MAGALHÃES GOMES FILHO, "Direito à Prova no Processo Penal". p. 113, item n° 7, 1997. RT - grifei).
É por essa razão que o Plenário do Supremo Tribunal Federal reconheceu esse direito tam-bém em favor de quem presta depoimento na condiçiio de testemullha. advertindo, então, que" Não configura o crime de falso testemu-111/0, quando a pessoa, depondo como teste-munha, ainda que compromissada, deixa de rel'elarfatos que possam incriminá-la" (RTJ 163/626. Rei. Mi/l. CARLOS VELLOSO -grifei).
Como o explícito reconhecimento dessa prerrogativa, constitucionalizou-se. em nosso sistema jurídico, uma das mais expressivas
conseqüências derivadas da cláusula do due process of la IV.
Qualquer pessoa que sofra investigações penais, policiais ou parlamentares, ostentan-do, ou não, a condição formal de indiciaostentan-do, possui, dentre as várias prerrogativas que lhe são constitucionalmente asseguradas, o direi-to de penllanecer em silêncio, consoante re-conhece a jurisprudência do Supremo Tribu-nal Federal (RTf 141/512, ReI. Min. CELSO DE MELLO).
Esse direito, na realidade, é plenamente oponível ao Estado, a qualquer de seus Pode-res e aos seus Pode-respectivos agentes. Atua, nesse sentido, como poderoso fator de limitações das próprias atividades de investigação e de persecução desenvolvidas pelo Poder Público (Polícia Judiciária, Ministério Público, Juízes, Tribunais e Comissões Parlamemares de In-quérito, p. ex.).
Cabe registrar que a cláusula legitimadora do direito ao silêncio, ao explicitar, agora em sede constitucional, postulado segundo o qual Nemo tenetur se detegere, nada mais fez se-não consagrar, desta vez no âmbito do sistema normativo instaurado pela da Carta República de 1988, diretriz fundamental proclamada, desde 1971. pela Quima Emenda que compõe o Bill of Rights norte-americano.
Na realidade, ninguém pode ser constran-gido a confessar a prática de um ilícito penal. Trata-se de prerrogativa, que, no autorizado magistério de ANTÔNIO MAGALHÃES GOMES FILHO (O. Direito à Prova no Pro-cesso Penal", p. 111, item n° 7, 1997. RT), cOl/Stitui uma decorrência natural do próprio modelo processual paritário, no qual seria inconcebível que uma das partes pudesse compelir o adversário a apreselltar prol'as decisil'as em seu próprio prejuízo ... ".
O direito de o indiciado/acusado (ou teste-munha) permanecer em silêncio - consoante proclamou a Suprema Corte dos Estados Uni-dos da América, em Escobedo 1'. l/Iinois
(1964) e, de maneira mais incisiva, em Mi-randa 1'. Arizona (1966) - insere-se no
al-cance concreto da cláusula constitucional do devido processo legal. E esse direito ao silên-cio inclui, até mesmo por implicitude, a prer-rogativa processual de o depoente negar,
ain-da eu falsamente, perante a autoridade poli-ciaI, judiciária ou legislativa. a prática de qualquer infração penal.
É por essa razão que o Pleno do Supremo Tribunal Federal. ao julgar o HC 68. 742-DF, ReI. p/ o acórdão Min. ILMAR GAL V ÃO (DfU, DE 02/04/93), proclamou que o réu, ainda que negando falsamente a prática do delito, não pode, em virtude do princípio constitucional que protege qualquer acusado ou indiciado contra a auto-incriminação, so-frer, em função do legítimo exercício desse direito, restrições que afetem o seu status poe-naUs.
Esta Suprema Corte, fiel aos postulados constitucionais que expressivamente delimi-tam o círculo de atuação das instituições es-tatais, em sede de repressão criminal, enfati-zou que qualquer indivíduo submetido a pro-cedimentos investigatórios ou a processos ju-diciais de natureza penal" tem, demre as vá-rias prerrogatil'as que lhe são constitucional-mellte asseguradas, o direito de pennanecer calado. Nemo tenetur se detegere. Ningúem pode ser cOIIStrangido a confessar a prática de um ilícito penal" (RTf 141/512, ReI. Min. CELSO DE MELLO)
Em suma: o direito ao silêncio constitui prerrogativa individual que não pode ser des-considerada por qualquer dos Poderes da Re-pública.
Cabe enfatizar, por necessário - e como natural decorrência dessa insuprimível prer-rogativa constitucional - que nenhuma con-clusão desfavorável ou qualquer restrição de ordem jurídica à situação individual da pessoa que invoca essa cláusula de tIItela pode ser extraída de sua válida e legítima opção pelo silêncio. Daí a grave - e corretíssima -advertência de ROGÉRIO LAURIA TUCCI (" direitos e Garantias Individuais no Proces-so Penal Brasileiro ". p. 396. 1993, Saraiva), para quem o direito de pennanecer calado "não pode importar desfal'orecimento do im-putado, até mesmo porque consistiria inomi-nado absurdo elltcnder-se que o exercício de um direito, expresso na Lei da Leis como fundamental do indivíduo, possa
acarretar-lhe qualquer desl'amagem ".
ANTÔNIO MAGALHÃES GOMES FILHO (" Direito à Prova no Processo Penal", p. 113, item n° 7, nota de rodapé n° 67, 1997, RT), que repele, por incompatíveis com o novo sistema constitucional, quaisquer dispo-sições legais que autorizem inferir, do exer-cício do direito ao silêncio, inaceitáveis con-seqüências prejudiciais
à
defesa e aos interes-ses do réu ou do indiciado, como a advertên-cia a que alude o art. 186 do CPP.No sistema jurídico brasileiro, não existe qualquer possibilidade de o Poder Público (uma Comissão Parlamentar de Inquérito, p. ex.), por simples presunção ou com funda-mento em meras suspeitas, reconhecer, sem prévia decisão judicial condenatória irrecor-rível, a culpa de alguém.
Na realidade, os princípios democráticos que informam o modelo constitucional con-sagrado na Carta Política de 1988 repelem qualquer comportamento estatal que transgri-da o dogma de que não haverá culpa penal por presunção e nem responsabilidade crimi-nal por mera suspeita (RT 690/390 - RT 698/452-454 ).
É por essa razão que" Não podem repercu-tir contra o réu situações jurídico-proces-suais ainda não definidas por decisão irrecor-rível do Poder Judiciário, especialmente na-quelas hipóteses de inexistência de título pe-nal condenatório definitivamente constituí-do" (RTJ 139/885, ReI. Min. CELSO DE MELLO).
Cabe ter presente, bem por isso, o próprio magistério jurisprudencial do Supremo Tri-bunal Federal, que, ao dar sentido e conse-qüência ao postulado da não-culpabilidade, deixou assentadas, nesse tema, diretrizes que se revestem de um inequívoco significado po-lítico-jurídico concernente à preservação do regime constitucional das liberdades públi-cas, em nosso ordenamento positivo.
Com efeito, esta Suprema Corte já se pro-nunciou sobre a questão do necessário res-peito estatal aos direitos de qualquer pessoa contra quem é instaurado procedimento de caráter investigatório (cuide-se de investiga-ção policial ou trate-se de inquérito parla-mentarJ, firmando entendimento que não per-mite reconhecer, fora das hipóteses previstas na Constituição, a validade de medidas que
possam gerar restrições jurídicas à esfera de autonomia individual do indiciado, ou, exce-pcionalmente, da própria testemunha.
Nesse sentido, cabe ter presente decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, na qual esta Corte deixou assentada diretriz da mais alta significação na exegese do princí-pio constitucional de que ninguém pode ser considerado culpado antes que sobrevenha sentença penal condenatória irrecorrível.
.. Nenhuma acusação penal se presume pro-vada. Não compete ao réu demonstrar a sua inocência. Cabe ao Ministério Público com-provar, de forma inequívoco, a culpabilidade do acusado. Já não mais prel'Glece, em nosso sistema de direito positivo, a regra, que, em dado momento histórico do processo político brasileiro (Estado Novo), criou. para o réu, com a falta de pudor que caracteriza os re-gimes autoritários, a obrigação de o acusado provar a sua própria inocência (Decreto. Lei n° 88, de 20/12/37, art. 20, n° 5)."
(RTJ 161/264-266, Rei. Min. CELSO DE MELLO).
A natureza essencialmente democrática do regime político sob o qual vivemos confere sentido de permanente atualidade à lapidar decisão proferida pelo E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que. em acórdão da lavra do saudoso Des. VICENTE DE AZEVE-DO, proclamou, sob a égide da Constituição de 1946, que, "Por exclusão. suspeita ou pre-sunção, ninguém pode ser condenado em nos-so sistema jurídico-penal "(RT 165/596), e nem privado ou afetado em seus direitos, quando estes encontram pleno fundamento no ordenamento positivo.
Não constitui demasia enfatizar, neste pon-to, que o princípio constitucional da não-cul-pabilidade, além de incidir, precipuamente, no domínio da prova (impondo, ao órgão es-tatal, o ônus de provar a culpa daquele a quem se atribuiu a prática de um crime), tam-bém consagra, em nosso sistema jurídico, uma regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado e ao réu, como se estes já houvessem sido conde-nados definitivamente por sentença do Poder Judiciário.
Em suma: cabe ter presente, no exame da
matéria ora em análise, a jurisprudência
constitucional que tem prevalecido, sem
maiores disceptações, no âmbito do Supremo
Tribunal Federal:
"O privilégio contra a
auto-incriminação-que é plenamente invocável perante as
Co-missões Parlamentares de Inquérito -
traduz
direito público subjetivo assegurado a
qual-quer pessoa que deva prestar depoimento
pe-rante órgãos do Poder Legislativo. do Poder
Executivo ou do Poder Judiciário.
-
O exercício do direito de permanecer em
silêncio não autoriza os órgãos estatais a
dis-pensarem qualquer tratamento que implique
restrição à esfera jurídica daquele que
regu-larmente invocou essa prerrogativa
funda-mentaI. Precedentes.
- Ninguém pode ser tratado cooo culpado,
independentemente da natureza do ilícito
pe-naI que lhe possa ser atribuído. sem que exista
decisão judicial condenatória transitada em
julgado.
O princípio constitucional da
não-culpabi-lidade consagra, em nosso sistema jurídico.
uma regra de tratamento que impede o Poder
Público de agir e de se comportar. em relação
ao suspeito. ao indiciado. ao denunciado ou
ao réu, como se estes já houvessem sido
con-denados definitivamente por sentença do
Po-der Judiciário. Precedentes. "
(HC 79.812-SP, Rei. Min. CELSO DE
MELLO, Pleno)
No que concerne à condução coercitiva da
ora paciente, devo observar que, em
situaçõ-es assemelhadas à dos prsituaçõ-esentsituaçõ-es autos, o
Su-premo Tribunal federal concedeu medida
li-minar para obstar a efetivação dessa
provi-dência excepcional, quando decretada pela
própria Comissão Parlamentar de Inquérito,
sem observância daformalidade exigida pelo
art. 218 do CPP, c/c o art. 3°,m parágrafo
único, da Lei n° 1.579/52, notadamente
quan-do a pessoa convocada para depor residir em
local diverso daquele em que deverá ocorrer
a sua inquirição, hipótese a que se aplicará
o art. 222 do CPP, por efeito de expressa
determinação constante do art. 6
0da já
refe-rida Lei n° 1.579/52:
"O paciente pretende ser ouvido em
Cam-pinas/SP ( ... ).
O pedido encontra amparo legal (CPP.
art.222).
As Comissões Parlamentares de Inquérito
têm 'poderes de investigação próprios
dasau-toridades judiciais' (CF. art. 58.
§3°).
Tais poderes exercer-se-ão nos moldes dos
procedimentos a que
se
submetem os juízes.
Égarantia constitucional (CF. art. 5°. LIV).
Concedo liminar.
O Paciente poderá deixar de atender
àinti-mação. nos termos em que foi posta.
Não estará sujeito a medidas coercitivas.
Comunique-se ao Senhor Presidente da
CP!."
(HC 80.152-SP. Rei. Min. NELSON
JO-BIM)
Essa percepção do tema encontra apoio no
magistério da doutrina (ODACIR KLEIN,
"Comissões Parlamentares de Inquérito -
A
Sociedade e o Cidadão ", p. 55/56, item n° 5,
1999, Fabris Editor; JOSÉ LUIZ MÔNACO
DA SILVA, "Comissões Parlamentares de
In-quérito". p. 69170, 1999, Ícone Editora),
ra-zão pela qual entendo prudente também
con-ceder, no ponto, medida liminar em favor da
ora paciente, para que não sofra qualquer
condução coercitiva determinada pela
pró-pria CPI/Amazônia, até que esta Suprema
Corte, ao julgar a presente ação de habeas
corpus, pronuncie-se sobre o tema ora em
análise.
Cabe enfatizar. por necessário. que a
con-dução coercitiva de qualquer testemunha,
para legitimar-se emface do ordenamento
ju-rídico, supõe estejam presentes os
pressupos-tos a que alude o art. 218 do CPP, de tal
modo que, se não tiver ocorrido a intimação
regular da testemunha, não se justificará a
adoção da medida extraordinária em
referên-cia.
Também não se revelará lícito empregar o
meio excepcional a que alude o art. 218 do
CPP, se houver justa causa que autorize o
não-cumparecimento da testemunha, ainda
que esta tenha sido regularmente intimada.
Daí a advertência de JULIO FABBRINI
MIRABETE ("Código de Processo Penal
ln-terpretado ", p. 503,
7" ed., 2000, Atlas):.. Não se justifica a condução coercitiva se
houver justa causa para o
não-comparecimen-to (enfermidade, acidente etc.)."
Observo que, no caso, a ora paciente ainda
não foi pessoalmente intimada
para compa-recer perante a Comissão parlamentar de fn-quérito ora apontada como órgão coator,tan-to que
o Oficial de Jllstiça - incumbido de cientificá-la para a audiência pública desig-nada, pela CP!, para o próximo dia 09 de novembro -certificou
que deixou defazê-lo, paranão
a haver encontrado, eis que,segun-do
informação obtida pelo meirinho, a Senho-ra Eugênia Silva de Freitas"está viajando
para a Cidade de Belém/P A. em tratamento
de saúde"
(j7s. 75).Desse modo, e enquanto
não se promo!'er a intimação regular da ora paciente, estanão
poderá
er conduzida coerciti!'amente.Sendo assim, defiro
o pedido de medida liminar, nos precisos temlOs expostosnesta
decisão.Comunique-se com urgência,
o teor deste ato decisárin. ao Senhor Presidellte da CPf/Amazônia, ao Senhor Superintendente Regional do DPF/Pará e ao Senhor Secretá-rio da Segurança Pública do Estado do Pará,encaminhando-se-Ihes
cópia da preseme de-cisão.2. Não obstante
a preseme concessão da medida liminar,determino
que a ora pacien-te, em cinco (5) dias,informe
a CPf/Amazô-Ilia sobre o endereço onde poderá receber pessoal notificação, para efeito de prestar depoimento perame esse órgão de illl'estiga-ção parlamentar,comprovando, ainda,
nestesautos, logo após a efetivação de tal medida,
a execução do ato em questão.
A presente medida é detenninada
para
im-pedir
qlle a obra paciente - cuja prerroga-tiva conta a auto-incriminaçãojá se acha
as-segurada poresta
decisão - !'enha asub-trair-se,
deliberada e ilegitimameme, aocum-primento
dodever
jurídico-legalque lhe
in-cumbe
como testemunha.Decorrido
o prazo assinado à paciente, cuja intimação dar-se-á na pessoa de seu ilustre procurador constituído napresente
causa, !'oltem-meimediatamente
conclusos estes au-TOS, paraverificação do cumprimento
da pro-vidência ora determinada.3. Cumpra-se
o despacho exarado aj1s. 39.Publique-se.
Brasília. 08 de novembro de 2000.
Ministro CELSO DE MELLO -
Relator
TABELIÃO DE NOTAS - LlMfTE DE IDADE - APOSENTADORIA
- Aplicação ao tabelionato de notas e de protesto de títulos do regime de aposemadoria dos servidores públicos por limite de idade.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Suspensão de Segurança n° 1.607-5
Despacho do Presidente
Proced.:Santa Catarina
Relator:
Ministro Presidente
Reqte.:Estado de Santa Catarina
Adv.:PGE-SC -
Osmar José Nora
Reqdo.: