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PARECER/MP/CONJUR/ICN/Nº / 2007 PROCESSO Nº /

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PARECER/MP/CONJUR/ICN/Nº 1080 – 3.22 / 2007

PROCESSO Nº 23090.000252/2005-95

INTERESSADO: CLAUDINÉIA EMÍDIO DA SILVA

E EMENTA: REQUERIMENTO DE PENSÃO VITALÍCIA NA QUALIDADE DE COMPANHEIRA DO EX-SERVIDOR SRº

LUIZ SILVESTRE BOTELHO.

RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL. INDEFERIMENTO DO PLEITO PELA COGES/DENOP/SRH/MP. JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ENTENDE QUE, COMPROVADA A EXISTÊNCIA DE UNIÃO ESTÁVEL POR OUTROS ELEMENTOS, A AUSÊNCIA DE MESMO DOMICÍLIO NÃO É ÓBICE PARA SEU RECONHECIMENTO. SÚMULA STF, 382. DOCUMENTOS JUNTADOS AOS AUTOS COMPROVAM A EXISTÊNCIA DE UNIÃO ESTÁVEL. PELO DEFERIMENTO DO REQUERIMENTO.

1. Trata-se de envio a esta Consultoria Jurídica, por meio de consulta da COGES/DENOP/SRH/MP (fls. 74 a 77), dos autos do processo relativo ao requerimento de pensão por morte (fl. 02), formulado por Claudinéia Emídio da Silva, na qualidade de companheira de ex-servidor da Universidade Federal de Lavras – MG, Srº Luiz Silvestre Botelho.

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2. A requerente alegou que conviveu maritalmente, como companheira do ex-servidor, por 9 anos, juntando diversos documentos (fls. 04 a 07) na tentativa de comprovar suas alegações.

3. O Diretor da Divisão de Legislação e Normas da Universidade Federal de Lavras – DRH/UFLA, respondendo à consulta do Diretor de Recursos Humanos daquela Instituição, manifestou-se contrariamente à solicitação da requerente, por entender que “o processo não apresenta provas e documentação suficientes para um possível deferimento, tendo como fundamentação legal a Lei nº 8.112/90. Assim sendo, sugerimos encaminhar correspondência à interessada solicitando atender as exigências da citada Legislação.” (fl. 12).

4. Tal sugestão foi acatada pela DRH/UFLA (fl.13), que cientificou a requerente por meio de AR, a qual juntou novos documentos ao processo (fls. 18 a 22).

5. Em seguida, a DRH/UFLA encaminhou o processo à Procuradoria Federal daquela Instituição (fls. 23 a 24), informando que não havia na Pasta funcional do ex-servidor nenhum ato de designação da requerente como dependente do mesmo (fl. 27). Em Parecer Nº PFE/UFLA/OP-127/2005 (fls. 29 a 33), aquela Procuradoria observou que:

“ 6. Examinando minuciosamente os documentos acostados nos presentes autos, não visualizamos prova robusta da designação, bem como não está comprovado a união estável como entidade familiar de acordo com a legislação pertinente.

7. Não está também demonstrado por meio de documentos confiáveis referentes a dependência econômica da requerente em relação ao instituidor de pensão, pelos seguintes motivos:

a) na Declaração da loja de tecidos e calçados “Casa Alberto Ltda.”, consta que o Sr. Luis Silvestre Botelho, comprava naquele estabelecimento para Cláudinéia Emídio da Silva; isto não quer dizer dependência econômica;

b) na Declaração da “Clínica Dentária Clident”, consta (...) “sendo que a mensalidade era paga por Luis Silvestre Botelho”, observe-se que na referida declaração não consta a data de sua emissão;

c) em uma foto em que aparece um casal, sendo ele o Sr. Luiz Silvestre Botelho, já nosso conhecido há anos, não significa dependência econômica e nem união estável;

d) está bem inserido nos autos, um folheto da Telemar, em que demonstra claramente o endereço da requerente sendo na Rua Antonio Benedito dos Santos, 328, Alterosa, enquanto que o endereço do ex-servidor, de acordo com a Certidão de Óbito, era Rua Benjamin Hunicut, 40, B. Nova Lavras;

e) restou tão somente uma declaração do Grupo Vida de Serviços de Assessoria Ltda., uma Proposta Individual de Seguro de Vida em Grupo e Acidentes Pessoais, que consta no campo de favorecidos, Elza Dias de Oliveira, cujo parentesco está como companheira, Claudinéia E. S., como esposa, além de Ana Paula Souza Botelho e Emanuel L.S.Botelho, como filhos do instituidor, e, finalmente, uma carteira do Plano PAIS de Saúde, em nome da requerente.

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Claudinéia Emídio da Silva ora está em nome de Claudinéia Elídio da Silva, inclusive a mesma, assim os assinou.

(...)

15. Com efeito, depreende-se que não foram acostados aos autos provas capazes de configurar a dependência econômica da interessada em relação ao instituidor, a união estável como entidade familiar bem como não restou comprovado a vontade do servidor falecido por meio de designação, de que a interessada fizesse jus à pensão vitalícia.

6. A requerente solicitou a reconsideração (fl. 36) daquele entendimento, e juntou novos documentos (fls. 37 a 42).

7. Em Parecer PFE/UFLA/OP-287/2005 (fl. 45 a 46), a Procuradoria Federal da UFLA manteve o posicionamento contrário à solicitação da requerente por entender que, embora com os novos documentos juntados tenha ficado demonstrada a dependência econômica da mesma em relação ao ex-servidor, faltava o Ato de Designação, o qual seria, conforme jurisprudência do Tribunal de Contas da União, imprescindível para o pagamento de pensão por morte ao companheiro.

8. A requerente solicitou novo pedido de reconsideração (fl. 49), juntando aos autos Sentença Homologatória de União Estável proferida pela 2ª Vara Civil da Comarca de Lavras (fl. 50).

9. A Coordenação-Geral de Elaboração, Sistematização e Aplicação das Normas, deste Ministério – COGES/SRH/MP, em resposta à consulta da DRH-UFLA se manifestou contrariamente ao requerimento por entender que:

“Da análise dos autos observa-se que a requerente não foi formalmente designada pelo ex-servidor. Assim, quando da inexistência de designação formal na ficha funcional do servidor, a legislação previdenciária poderá ser aplicada como legislação subsidiária, sobretudo o §3º do art. 22, do Decreto nº 3.048, de 06 de maio de 1999 (...)

Assim, considerando comprovante de residência da interessada, datado de fevereiro de 2005, fls. 10, onde consta que a mesma reside à Rua Antonio Benedito dos Santos, 328-Alterosa, Lavras/MG, endereço diferente do que consta da Certidão de Óbito do ex-servidor: Rua Benjamim Hunicutt, 40 B. Nova Lavras, Lavras/MG, o que descaracteriza a existência da união estável como entidade familiar à data do óbito do servidor.

Face ao exposto, somos pelo indeferimento do pleito, por falta de amparo legal. No entanto, caso a interessada apresente, no mínimo, três dos documentos acima elencados, inclusive prova de mesmo domicílio, de forma que reste comprovado a união estável, poderá ter seu pleito deferido.”. (grifos acrescidos)

10. Diante da irresignação da requerente com o indeferimento do seu pleito, a DRH – UFLA reencaminhou o processo à COGES/DENOP/SRH/MP, a qual manteve seu entendimento anterior.

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11. Os autos vieram a esta Consultoria Jurídica para análise e manifestação.

12. É o relatório.

13. Restou devidamente demonstrado no Parecer MP/CONJUR/MAA/Nº 1307 – 2.4 / 2006 (fls. 62 a 65) que a ausência de ato de designação do companheiro não obsta seu direito à pensão vitalícia, desde que a existência da união estável como unidade familiar, à data do óbito, consiga ser provada por outros meios. Inclusive, este é o posicionamento adotado pela jurisprudência de nossos tribunais, conforme diversos precedentes citados no mesmo Parecer.

14. Portanto, no caso em análise, a falta do ato de designação, por si só, não é circunstância passível de afastar a possibilidade da concessão de pensão vitalícia, pois, ainda assim, a condição de dependência alegada pela requerente pode ser demonstrada por outros elementos.

15. Na situação apresentada aos autos, a requerente alegou a condição de companheira do ex-servidor como fundamento do seu pedido, e juntou diversos documentos para amparar suas alegações. Vale a pena aqui mencionar apenas os documentos mais relevantes, como a declaração do Grupo Vida Serviços de Assessoria Ltda (fls. 18 e 19) informando que constaria em seus registros a requerente como dependente de Luiz Silvestre Botelho no Plano de Saúde “PAIS”; apólice de seguro (fls. 37) e propostas de seguro (fls. 38 a 41), indicando a requerente como beneficiária do servidor falecido; Escritura Pública Declaratória (fl. 42); e, principalmente, a Sentença Homologatória de União Estável (fls. 50), proferida pela 2ª Vara Cível da Comarca de Lavras – MG.

16. É bem verdade que, isoladamente considerados, talvez tais documentos não comprovem a condição alegada pela requerente, de companheira do ex-servidor Luiz Silvestre Botelho, mas, se analisarmos todo o conjunto juntado aos autos, não há como negar que certamente há comprovação da existência de união estável entre ambos. É importante observar que na Ação Declaratória de União Estável ajuizada pela requerente (fl. 50), os próprios filhos do ex-servidor falecido reconheceram a união estável alegada por aquela.

17. O art. 217, da Lei nº 8.112, de 1990, traz o companheiro como beneficiário da pensão vitalícia, em previsão consentânea com a proteção assegurada pelo art. 226, §3º, da Constituição Federal aos conviventes. Portanto, demonstrada a união estável, que pode ser realizada por qualquer meio de prova idôneo, constitui-se o direito ao recebimento da pensão.

18. Nota-se ainda que, aparentemente, a única razão do indeferimento da solicitação da requerente pela COGES/DENOP/SRH/MP seria o fato daquela não apresentar prova de mesmo domicílio do servidor falecido. Entretanto, em relação a tal exigência, cumpre informar que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça entende que se a união estável ficar comprovada por outros elementos, a mera ausência de mesmo domicílio entre os companheiros não é óbice para o seu reconhecimento, conforme precedentes citados abaixo:

“DIREITOS PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. UNIÃO ESTÁVEL. REQUISITOS. CONVIVÊNCIA SOB O MESMO TETO. DISPENSA. CASO CONCRETO. LEI N 9.728/96. ENUNCIADO N. 382 DA SÚMULA/STF. ACERVO

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FÁTICO-PROBATÓRIO.REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIADO N. 7 DA SÚMULA/STJ. DOUTRINA. PRECEDENTES. RECONVENÇÃO. CAPÍTULO DA SENTENÇA. TANTUM DEVOLUTUMQUANTUM APELLATUM. HONORÁRIOS. INCIDÊNCIA SOBRE A CONDENAÇÃO. ART. 20, § 3º, CPC. RECURSO PROVIDO PARCIALMENTE.

I - Não exige a lei específica (Lei n. 9.728/96) a coabitação como requisito essencial para caracterizar a união estável. Na realidade, a convivência sob o mesmo teto pode ser um dos fundamentos a demonstrar a relação comum, mas a sua ausência não afasta, de imediato, a existência da união estável.

II - Diante da alteração dos costumes, além das profundas mudanças pelas quais tem passado a sociedade, não é raro encontrar cônjuges ou companheiros residindo em locais diferentes.

III - O que se mostra indispensável é que a união se revista de estabilidade, ou seja, que haja aparência de casamento, como no caso entendeu o acórdão impugnado. IV - Seria indispensável nova análise do acervo fático-probatório para concluir que o envolvimento entre os interessados se tratava de mero passatempo, ou namoro, não havendo a intenção de constituir família.

V - Na linha da doutrina, “processadas em conjunto, julgam-se as duas ações [ação e reconvenção], em regra, 'na mesma sentença' (art. 318), que necessariamente se desdobra em dois capítulos, valendo cada um por decisão autônoma, em princípio, para fins de recorribilidade e de formação da coisa julgada".

VI - Nestes termos, constituindo-se em capítulos diferentes, a apelação interposta apenas contra a parte da sentença que tratou da ação, não devolve ao tribunal o exame da reconvenção, sob pena de violação das regras tantum devolutum quantum apellatum e da proibição da reformatio in peius.

VII - Consoante o § 3º do art. 20, CPC, "os honorários serão fixados (...) sobre o valor da condenação". E a condenação, no caso, foi o usufruto sobre a quarta parte dos bens do de cujus. Assim, é sobre essa verba que deve incidir o percentual dos honorários, e não sobre o valor total dos bens.” (STJ, Resp nº 474962/SP, 4ª Turma, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 01.03.2004 p. 186, grifos acrescidos)

“União estável. Comprovação nas instâncias ordinárias. Súmula nº 07 da Corte. 1. Comprovada exaustivamente nas instâncias ordinárias que a autora e seu falecido companheiro mantiveram uma união pública, contínua e duradoura por 32 (trinta e dois) anos, não se pode afastar a configuração da existência de verdadeira união estável, não relevando, nas circunstâncias dos autos, o fato de não morarem sob o mesmo teto.

2. Recurso especial não conhecido.” (STJ, Resp nº 474581/MG, 3ª Turma, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 29.09.2003 p. 244, grifos acrescidos)

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18. Ainda, o Enunciado nº 382 da Súmula do Supremo Tribunal Federal dispõe que “A vida em comum sob o mesmo teto, more uxório, não é indispensável à caracterização do concubinato”.

19. Diante do exposto, opina-se pelo deferimento da pensão vitalícia solicitada por CLAUDINÉIA EMÍDIO DA SILVA, conforme previsão do art. 217, I, c, da Lei nº 8.112, de 1990, em virtude de restar comprovada nos autos sua condição de companheira do servidor falecido Srº Luiz Silvestre Botelho, sugerindo-se o encaminhamento dos autos à COGES/DENOP/SRH/MP.

À consideração superior. Brasília, 02 de agosto de 2007.

IRMA CLÁUDIA DO NASCIMENTO MORAIS Advogada da União

De acordo.

Em 02 de agosto de 2007.

DILES MARIA LUVISON KUHN

Coordenadora - Geral Jurídica de Recursos Humanos

Aprovo. Encaminhe-se à COGES/DENOP/SRH/MP, conforme proposto. Em 02 de agosto de 2007.

WILSON DE CASTRO JUNIOR Consultor Jurídico

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