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EFEITO DA PRÁTICA MUSICAL NO PROCESSAMENTO AUDITIVO EM ESCOLARES DE SETE A 14 ANOS DE IDADE

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA. EFEITO DA PRÁTICA MUSICAL NO PROCESSAMENTO AUDITIVO EM ESCOLARES DE SETE A 14 ANOS DE IDADE. Dissertação de Mestrado. Elenara Pilar Cioqueta. Santa Maria, RS, Brasil 2006.

(2) EFEITO DA PRÁTICA MUSICAL NO PROCESSAMENTO AUDITIVO EM ESCOLARES DE SETE A 14 ANOS DE IDADE. Por. Elenara Pilar Cioqueta Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana, Área de Concentração em Audiologia, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana. Orientadora: Profª. Drª.Maristela Julio Costa Santa Maria, RS, Brasil. 2006.

(3) Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências da Saúde Curso de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana. A Comissão examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado. EFEITO DA PRÁTICA MUSICAL NO PROCESSAMENTO AUDITIVO EM ESCOLARES DE SETE A 14 ANOS DE IDADE elaborada por Elenara Pilar Cioqueta. como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana. COMISSÃO EXAMINADORA: _____________________________________ Maristela Julio Costa, Fga. Drª. (UFSM-RS) (Presidente/orientador) _____________________________________ Carolina Lisbôa Mezzomo, Fgª. Drª. (FFFCMA-RS). _____________________________________ Angela Garcia Rossi, Fgª. Drª. (UFSM-RS). Santa Maria, 21 de Dezembro de 2006..

(4) DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha família, que em todos os momentos da minha vida, me apoiou e ajudou. A eles que acreditaram nos meus sonhos e apoiaram cada iniciativa e conquista, investiram nos meus estudos e contribuíram para minhas conquistas pessoais e profissionais. Aos que estiveram sempre ao meu lado, amigos, colegas, pela ajuda e apoio nesses anos de estudo..

(5) AGRADECIMENTOS A PRFª DRª MÁRCIA KESKE-SOARES, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana pelo exemplo de confiança, dedicação e ética, não medindo esforços para o sucesso da profissão de fonoaudióloga.. A PROFª. DRª. MARISTELA JULIO COSTA, pela atenção, orientação e disponibilidade, apoiando todos os passos desta pesquisa.. A PROFª. DRª. CAROLINA LISBÔA MEZZOMO pela sua atenção, dedicação, conhecimento e principalmente por ser uma pessoa disposta a ajudar, ampliando caminhos e incentivando idéias dentro da Fonoaudiologia.. A PROFª. DRª. ANGELA GARCIA ROSSI, pelo conhecimento dispensado para a conclusão do meu trabalho.. ÀS COLEGAS E FGª. GABRIELE DONICHT, RAFAELE RIGON, MARCIELI BELLÉ, SÍLVIA DO AMARAL SARTORI, MAIARA SANTOS GONÇALVES, CARLA CASSANDRA DOS SANTOS, MARÍLIA OLIVEIRA HENRIQUES, pela amizade, carinho, confiança e principalmente pelo apoio nesses dois anos de convivência.. AOS ALUNOS DOS 8° E 6° SEMESTRES DO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA, pelo carinho, interesse e compreensão durante as aulas de processamento auditivo.. À COLEGA PAULA MARCHETTI, pelas suas fundamentais e indispensáveis idéias, pelo companheirismo e auxílio nas horas de estudo..

(6) AO PROF. DR. LUIS FELIPE DIAS LOPES, pela realização do estudo estatístico.. AO PROF. ANTONIO AUDE pela ajuda e interesse na pesquisa, contribuindo para que esta se concretizasse.. A MARIA ISABEL E MARIANA AUDE pela ajuda com o grupo de crianças do Método Suzuki, na marcação das avaliações.. A SELENA MICHEL, amiga, disposta a ajudar sempre. AOS FUNCIONÁRIOS DO SAF, ao recepcionarem as crianças, demonstrando atenção e dedicação ao trabalho.. AOS PEQUENOS ANJOS, crianças que participaram da pesquisa, dispostos a ajudar. Pacientes nas avaliações e interessados nos resultados.. MUITO OBRIGADA!!!!!!.

(7) “A vida é um espetáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o contrário. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia construirei um castelo” Fernando Pessoa.

(8) Resumo Dissertação de Mestrado Curso de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana Universidade Federal de Santa Maria. EFEITO DA PRÁTICA MUSICAL NO PROCESSAMENTO AUDITIVO EM ESCOLARES DE SETE A 14 ANOS DE IDADE AUTORA: ELENARA PILAR CIOQUETA ORIENTADORA: MARISTELA JULIO COSTA. Data e Local da Defesa: Santa Maria, 21 de Dezembro de 2006. Sabe-se que a compreensão da fala é essencial para uma comunicação normal e é dependente das habilidades auditivas. Tais habilidades, entre outras, fundamentais para a compreensão da informação acústica, dependem da habilidade perceptiva dos sons e da capacidade individual de cada pessoa. A capacidade de interpretação acústica pode ser aprimorada pelo treinamento auditivo através da música. A música desempenha um papel importante na educação em geral, pois é por meio dela que se treina a percepção e a discriminação dos mais variados sons (Benenzon, 1985). O objetivo desta pesquisa é comparar os resultados da avaliação do processamento auditivo de dois grupos de escolares: um com experiência musical e, outro, sem experiência, ambos formados por 15 participantes. Todas eles foram submetidos à anamnese, inspeção visual do meato acústico externo (MAE), avaliação audiológica básica (audiometria tonal liminar-ATL, limiar de reconhecimento de fala-LRF, índice percentual de reconhecimento de fala-IPRF e medidas de imitância acústica-MIA) e avaliação do processamento auditivo (Staggered spondaic words-SSW, fala no ruído, Pitch pattern sequence-PPS e Duration pattern sequence-DPS). Os resultados da avaliação do processamento auditivo foram submetidos à análise estatística através do Teste Não-Paramétrico de Kruskal-Wallis. O nível de rejeição para a hipótese de nulidade foi fixado em um valor menor ou igual a 5% (p < 0,05). Os seguintes resultados foram obtidos: em relação aos testes SSW e fala no ruído, o grupo de escolares com experiência musical (ECEM) apresentou valores superiores, porém não estatisticamente significantes, quando analisadas as orelhas avaliadas. Em relação ao teste DPS, o mesmo ocorreu, porém foi incluída a forma de resposta dos escolares (murmúrio ou nomeação). Já para o teste PPS, o grupo de ECEM apresentou resultados melhores, estatisticamente significantes, tanto para análise das orelhas avaliadas, quanto para a forma de resposta dos escolares. Ainda, como resultados, observa-se em todos os testes aplicados, que as respostas do grupo de ECEM foram melhores e mais claras, de modo que os resultados qualitativos diferiram significativamente dos resultados do grupo de escolares sem experiência musical (ESEM). Concluí-se que os resultados da avaliação do processamento auditivo do grupo de ECEM foram superiores aos resultados do grupo de ESEM. Palavras-chave: escolares, treinamento musical, processamento auditivo..

(9) ABSTRACT Dissertation of Master's degree Course of Pos-Graduation in Disturbances of the Human Communication Federal University of Santa Maria. EFFECT OF THE MUSICAL LEARNING IN THE HEARING PROCESSING IN SCHOLARS FROM SEVEN TO FOURTEEN YEARS OLD AUTHOR: ELENARA PILAR CIOQUETA ADVISER: MARISTELA JULIO COSTA Date and Place of the Defense: Santa Maria, December 21th, 2006. It is known that the understanding of the speech is essential for a normal communication and it is dependent of the hearing abilities. Such abilities, among others, are fundamental for the understanding of the acoustic information, they depend on the perceptive ability of the sounds and each person's individual capacity. The capacity of acoustic interpretation can be perfected by the hearing training through the music. In general, the music plays an important part in the education, because it is through it that trains the perception and the discrimination of the most varied sounds (Benenzon,1985). The objective of this research is to compare the results of the evaluation of the hearing processing of two groups of scholars, one with musical experience and other inexperienced, both formed by 15 scholars. All of them were submitted to the anamnesis, visual inspection of the external acoustic meato, evaluation basic audiology (tonal audiometry preliminary-ATL, Threshold of Recognition of Speech-LRF, Percentile Index of Recognition of Speech-IPRF and Measures of Imitância Acoustics-MIA) and evaluation of the hearing processing (Staggered Spondaic Words-SSW, speech in the noise, Pitch Pattern Sequence-PPS and Duration Pattern Sequence-DPS). The results of the evaluation of the hearing processing were submitted to the statistical analysis through the no-parametric Test of Kruskal-Wallis. The rejection level for the nullity hypothesis was set in a smaller value or same to 5% (p <0,05). The following results were obtained: in relation to the tests SSW and speech in the noise, ECEM’s group presented superior values, however no statistical significant, when analyzed the appraised ears. In relation to the DPS test, the same happened, however the form of the scholars answer was included (murmuring or nomination). For the PPS test, ECEM’s group presented better results and statistical significant, so much for analysis of the appraised ears, as for the form of the scholars answer. Still, as results, it was observed in all the applied tests, that the answers of the group of ECEM were better and more clear, and the qualitative results differed significantly of the results ESEM’s group. We concluded that the results of the evaluation of the hearing processing of the group of ECEM were superior to the results of the group of ESEM. Keywords: scholars, musical training, hearing processing..

(10) LISTA DE QUADROS QUADRO 01-Apresentação das listas de 25 monossílabos com significado propostas por Chaves (1997) & Pillon (1998).........................................................42 QUADRO 02-Apresentação dos 40 itens utilizados na versão em português do teste SSW (Borges, 1986)................................................................................ 44.

(11) LISTA DE TABELAS TABELA 01-Distribuição dos grupos de ECEM e ESEM quanto à variável idade.................................................................................................. 41. TABELA 02-Grau de disfunção auditiva central.....................................................46 TABELA 03-Porcentagem de acertos esperados em sujeitos normais no teste PPS, versão infantil (Auditec, 1997)..............................................................47 TABELA 04-Porcentagem da média de acertos e desvio-padrão encontrados no teste DPS com resposta não-verbal em sujeitos normais de sete a 16 anos..................................................................................................... 48 TABELA 05-Valores do teste SSW, em porcentagem, nos grupos de escolares com experiência musical (ECEM) e escolares sem experiência musical (ESEM)......................................................................................................53 TABELA 06-Valores do teste Fala no Ruído, em porcentagem, para a orelha direita (OD)e para orelha esquerda (OE), nos grupos de escolares com experiência musical (ECEM) e escolares sem experiência musical (ESEM)......................................................................................................53 TABELA 07-Valores do teste PPS, em porcentagem, nos grupos de escolares com experiência musical (ECEM) e escolares sem experiência musical (ESEM) em função das condições de murmúrio e nomeação e da orelha..............................................................................................................53 TABELA 08-Valores do teste DPS, em porcentagem, nos grupos de escolares com experiência musical (ECEM) e escolares sem experiência musical (ESEM) em função das condições de murmúrio e nomeação e da orelha..............................................................................................................54.

(12) LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 01-Número de dias de prática musical por semana............................. 50 GRÁFICO 02-Idades nas quais os escolares iniciaram a prática musical...................................................................................................51 GRÁFICO 03-Tempo de prática musical...........................................................51 GRÁFICO 04-Número de horas por semana de prática musical......................52.

(13) LISTA DE REDUÇÕES ASHA-American Speech-Language-Hearing Association ATL- Audiometria Tonal Liminar CD- Compact disc dB-Decíbel dB NS-Decíbel nível de sensação DC-Direita competitiva DNC-Direita não competitiva dp-Desvio padrão DPS-Duration pattern sequence EA-Efeito auditivo EC-Esquerda competitiva ECEM-Escolares com experiência musical ENC-Esquerda não competitiva EO-Efeito de ordem ESEM-Escolares sem experiência musical Hz-Hertz I-Inversões IPFD-Índice percentual de reconhecimento de fala distorcida IPRF-Índice percentual de reconhecimento de fala KHz- Kilo hertz LRF-Limiar de reconhecimento de fala MAE-Meato acústico externo MIA-Medidas de imitância acústica.

(14) OD-Orelha direita OE-Orelha esquerda PM-Padrão melódico PPS-Pitch pattern sequence PT-Padrão tonal RA-Reflexo acústico SSW-Staggered Spondaic Words TDDH-Teste de reconhecimento de padrão harmônico em escuta dicótica com dígitos TDD-Teste dicótico de dígitos TE-Total de acertos do teste SSW TMSV-Testes de memória seqüencial verbal TPMB-Teste de reconhecimento de padrão melódico em escuta binaural TPRD- Teste de reconhecimento de padrão rítmico.

(15) LISTA DE ANEXOS ANEXO A-Carta de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa............................................xvii ANEXO B-Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ..................................................xviii. ANEXO C-Protocolo de Anamnese..........................................................................................xx. ANEXO D-Protocolo da Avaliação Audiológica Básica .......................................................xxi. ANEXO E-Protocolo de Avaliação do Teste Fala no Ruído segundo Pen & Mangabeira-Albernaz (1973)..................................................................................................xxiii. ANEXO F-Protocolo de Avaliação do Teste de Padrões de Freqüência-Pitch Pattern Sequence-PPS segundo Auditec (1997)..................................................................................xxiii ANEXO G-Protocolo de Avaliação do Teste de Padrões de Duração-Duration Pattern Sequence-DPS segundo Auditec (1997) ..............................................................................xxiv.

(16) SUMÁRIO RESUMO..........................................................................................................viii ABSTRACT ....................................................................................................... ix LISTA DE QUADROS ........................................................................................ x LISTA DE TABELAS ......................................................................................... xi LISTA DE GRÁFICOS...................................................................................... xii LISTA DE REDUÇÕES ....................................................................................xiii LISTA DE ANEXOS ......................................................................................... xv 1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................17 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................19 3 MATERIAL E MÉTODO................................................................................39 3.1 Seleção da amostra ...................................................................................40 3.2 Procedimentos de avaliação ......................................................................41 3.3 Análise dos dados referentes ao grupo de ECEM e ESEM........................48 4 RESULTADOS..............................................................................................49 4.1 Dados referentes à caracterização do grupo de escolares com experiência musical (ECEM)......................................................................50 4.2 Resultados da avaliação do processamento auditivo..................................53 5 COMENTÁRIOS ...........................................................................................55 5.1 Comentários sobre os dados referentes à caracterização do grupo de escolares com experiência musical (ECEM)................................................56 5.2 Comentários sobre os resultados da avaliação do processamento auditivo.....................................................................................58 6 CONCLUSÃO ...............................................................................................65 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................66 8 FONTE CONSULTADA ................................................................................73 9 ANEXOS .......................................................................................................74.

(17) 1 INTRODUÇÃO O ser humano diferencia-se dos outros seres por comunicar-se de forma verbal. Essa característica torna-o tão especial a ponto de conseguir expressar suas emoções, sentimentos e intenções de maneira natural. Sabe-se que a compreensão da fala é essencial para uma comunicação normal e é dependente das habilidades auditivas. A audição é considerada como o mais importante sentido de relação e, também, o mais antigo. Surgiu, na escala filogenética, antes da visão e de outros sentidos. Além da capacidade de detectar um som, as pessoas possuem a capacidade de localizá-lo, discriminá-lo, interpretá-lo, memorizá-lo, entre outras habilidades fundamentais para compreensão efetiva de um evento sonoro, seja ele a fala, a música ou um som desprovido de significado verbal. Estas habilidades exercem um papel único e indispensável para o aprendizado, tanto de crianças, quanto de adultos. Tais habilidades, entre outras, fundamentais para a compreensão da informação acústica, dependem da habilidade perceptiva dos sons e da capacidade individual de cada pessoa. Conforme Maj (1989), a facilidade com que o indivíduo é capaz de perceber a fala, deve-se à redundância extrínseca - dentro do sinal de fala – e à redundância intrínseca - dentro do sistema auditivo. O primeiro tipo de redundância refere-se às numerosas pistas sobrepostas dentro da própria fala e, o segundo tipo, refere-se às múltiplas vias do Sistema Nervoso Auditivo Central e às fontes de informação que o sistema humano possui para processar a fala. Com freqüência, os indivíduos desempenham normalmente uma tarefa de processamento da fala se somente um destes dois tipos de redundância estiver ocorrendo e, quando os dois tipos de redundância estiverem reduzidos, ocorre um desempenho anormal. A capacidade de interpretação acústica pode ser aprimorada pelo treinamento auditivo através da música. Além disso, estudos demonstram que a música ativa as mesmas zonas cerebrais que participam do processamento das emoções. Sabe-se, também, que a estimulação auditiva resulta em mudanças morfológicas e funcionais, aprimorando e aperfeiçoando a função auditiva. As pessoas vivem imersas em sons.

(18) e simplesmente não têm como evitá-lo, uma vez que as vibrações acústicas que permeiam o espaço tocam todo o corpo humano. A música desempenha um papel importante na educação em geral, pois é através dela que se treina a percepção e a discriminação dos mais variados sons (Benenzon, 1985). Ela se configura como uma forma de expressão e comunicação que a espécie humana desenvolveu ao longo de sua evolução. Ainda, ela é considerada um instrumento sociocultural, com grande valor emocional. Alguns teóricos do desenvolvimento defendem a idéia de que o contato com a musica deve ocorrer o mais precocemente possível, com o objetivo de possibilitar um desenvolvimento mais completo desta forma de aprendizado, expandido o conhecimento. A música é considerada uma forma de aprendizado que desenvolve e aprimora habilidades auditivas, estimula o ser humano como um todo e age em áreas cerebrais da emoção. Ela estimula a concentração e a atenção, exercitando a escuta. Ainda, a música não é utilizada somente para fins terapêuticos, mas é também utilizada como instrumento de avaliação. Atualmente, são realizadas muitas pesquisas para evidenciar a influência positiva que a música exerce sobre o desenvolvimento cognitivo do indivíduo, possibilitando a aquisição de novas habilidades e, principalmente, o aprimoramento das habilidades de percepção auditiva. Há evidências de que o processamento musical depende de componentes genéticos e ambientais. Estudos revelam que a música resulta de mecanismos evolutivos e está relacionada ao processamento de diferentes estímulos auditivos do ambiente (Zatorre, 2005). O cérebro humano tem áreas especializadas cujas funções primordiais trabalham em conjunto para o processamento musical. Sendo assim, o objetivo que delineou esta pesquisa é de comparar os resultados da avaliação do processamento auditivo de dois grupos de escolares, um com experiência musical e outro sem experiência..

(19) 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Este capítulo contém uma síntese de alguns estudos relacionados ao tema desta pesquisa, encontrados na literatura compulsada, apresentados em ordem cronológica de publicação.. Kimura (1961) observou que o padrão normal de respostas em testes de escuta dicótica consiste de índices de acerto próximos a 100%, em ambos os ouvidos.. Tobias (1970) comentou que o sistema auditivo humano, quando adequadamente estimulado, é capaz de criar o efeito de uma melhora na relação sinal/ ruído sem que seja modificada, de fato, a intensidade do sinal ou do ruído e, com isso, melhorar a inteligibilidade da fala em ambientes acusticamente desfavoráveis.. Rejto (1973) descreveu um estudo de caso, no qual foi comprovada melhora significante na habilidade auditiva de reconhecimento de figura-fundo, relações espaciais, habilidades visuais e outras habilidades auditivas, em um menino de sete anos de idade, após ter recebido seis meses de aula de piano.. Com. a. finalidade. de. investigar. diferenças. entre. as. orelhas. no. processamento de estímulos não verbais, Bever & Chiarello (1974), compararam o desempenho de um grupo de sujeitos experientes musicalmente, mas não profissionais (sujeitos que tocaram um instrumento musical ou cantaram nos quatro anos anteriores ao estudo, sem interrupções) com um grupo inexperiente musicalmente (que tiveram menos de três anos de aulas musicais nos cinco anos que antecederam o estudo), na tarefa de reconhecimento de melodias. Os resultados mostraram uma vantagem na orelha esquerda para o grupo de não músicos, enquanto os músicos apresentaram uma vantagem na orelha direita. Segundo os autores, no processamento de estímulos não verbais, os não músicos realizaram a tarefa enfocando a curva melódica como um todo, e isso envolveu o processamento holístico do estímulo sonoro, o qual é realizado pelo hemisfério.

(20) cerebral direito, gerando uma vantagem da orelha esquerda. Já os músicos aprenderam a perceber a melodia como um conjunto articulado de relações entre seus componentes, tarefa que envolveu o processamento analítico do estímulo sonoro, realizado pelo hemisfério cerebral esquerdo, gerando uma vantagem da orelha direita. Os autores concluíram que é o tipo de processamento aplicado ao estímulo musical que pode determinar qual hemisfério é dominante. Sugeriram, também, que as diferenças de lateralidade na percepção musical são determinadas pelo treinamento.. Craig (1979) comparou o desempenho de músicos experientes (três anos de prática ou mais) com o desempenho de músicos inexperientes (dois anos de prática ou menos) em uma tarefa de percepção de ilusão de oitavas. Segundo o autor, sujeitos com três anos ou mais de treinamento musical já têm considerável experiência com escuta de estímulo tonal e algum conhecimento musical teórico. Foram utilizados padrões de oitava, apresentados dicoticamente como estimulo sonoro. Cada padrão consistiu em 20 tons de 250m/seg, que oscilaram de 400 a 800 Hz. Os padrões foram combinados de tal modo que, enquanto uma orelha recebia tom de 400 Hz, um tom de 800 Hz era apresentado simultaneamente na orelha oposta. Os sujeitos foram orientados a relatar o que haviam escutado. As respostas dos sujeitos com treinamento musical diferiram significativamente das respostas dos sujeitos não treinados, sugerindo que o treinamento musical serviu para estabelecer um critério psicofísico mais preciso para julgar sons pouco conhecidos. De acordo com o autor, o treinamento musical salientou a acuidade auditiva, a percepção verídica real do estímulo auditivo. Ainda, o autor considera que indivíduos com três anos ou mais de treinamento musical já têm considerável experiência com escuta de estímulo tonal e algum conhecimento musical teórico.. Roskam (1979) analisou a efetividade de uma série de atividades musicais desenvolvidas para ampliar a percepção auditiva e melhorar as habilidades de linguagem em crianças com dificuldade de aprendizagem. Participaram do estudo 36 crianças, de seis a nove anos de idade, com diagnóstico de dificuldade de aprendizagem, as quais foram divididas em três grupos de 12: o primeiro grupo recebeu um programa planejado de atividades musicais, o segundo grupo recebeu atividades de desenvolvimento de linguagem e o terceiro grupo recebeu uma.

(21) combinação dos dois programas. As habilidades de reconhecimento e compreensão de leitura, ortografia e discriminação auditiva não verbal e verbal foram testadas em todas as crianças, antes e depois da aplicação dos programas de reabilitação. Os resultados indicaram que o grupo de crianças que recebeu o programa de atividades musicais apresentou o maior ganho nos escores de discriminação auditiva verbal e não verbal, reconhecimento de leitura e ortografia, apesar da análise estatística não ter revelado diferença significante entre os grupo.. Benward, apud Humphrey (1980), afirmou que a capacidade de escuta é adquirida através de prática consistente, que é construída no treinamento prévio. Segundo o autor, o treinamento auditivo é significativo quando a meta é a performance musical. Além disso, o treinamento auditivo no contexto musical pode, por conseguinte, resultar na melhora dos escores de testes padronizados de discriminação auditiva.. Humphrey (1980) analisou o efeito do treinamento auditivo musical nas habilidades de discriminação auditiva em adolescentes com deficiência mental. Participaram do estudo 30 adolescentes, divididos em dois grupos: 15 que participaram do coral da escola e 15 que não fizeram parte do coral. Os integrantes dos dois grupos eram equivalentes com relação as seguintes variáveis: idade cronológica, idade mental, coeficiente de inteligência e coeficiente emocional. Os membros do coral participaram de duas sessões semanais de terapia musical no coral, por um período de 30 meses. As sessões do coral foram direcionadas para a performance musical e envolveram treinamento de melodia, imitação de ritmos, produção vocal e memória auditiva. Ao final desse período, a habilidade de discriminação auditiva dos 30 sujeitos foi medida através do Goldman-FristoeWoodcock Test of Auditory Discrimination, realizado em três sessões. Na primeira sessão os sujeitos foram ensinados a identificar a palavra ouvida através do reconhecimento da figura. A segunda sessão envolveu a identificação da palavra apresentada em um ambiente silencioso e a terceira sessão, a identificação da palavra apresentada em um ambiente ruidoso. Os resultados mostraram que os índices de erros na discriminação auditiva foram significativamente mais altos no grupo de jovens que não recebeu treinamento auditivo musical, tanto na condição de silêncio como na de ruído. O autor concluiu que o treinamento auditivo musical.

(22) melhorou significativamente a discriminação auditiva dos adolescentes com deficiência mental.. Lerdahl & Jackendorff (1983) definiram que a música, assim como a linguagem, é uma forma de comunicação baseada na acústica, com uma série de regras para combinar um número limitado de sons em um número infinito de formas.. Ducorneau (1984) ressaltou que a música é aplicada de maneira dupla, pois utiliza tanto a parte intelectual quanto a afetiva. Isto se deve ao fato de que, ao criar ou escutar música, o indivíduo sente emoções e, ao mesmo tempo, utiliza aspectos intelectuais para julgar, comparar, analisar e sintetizar os sons que manipula.. A música desempenha um papel importante na educação em geral, pois é através dela que se treina a percepção e a discriminação dos mais variados sons (BENENZON,1985).. Machado & Pecora (1985) comentaram que o distúrbio de audição central pode ser considerado como uma inabilidade na captação das informações vindas de um estímulo auditivo, quando a função periférica estiver normal. Habilidades como a localização do som, a discriminação do padrão sonoro, a discriminação do padrão fonêmico,. combinação,. fusão. binaural,. separação. binaural. da. mensagem. competitiva, processamento lingüístico, duração, figura-fundo, atenção e memória, caracterizam o processamento auditivo. Os autores referiram que os hemisférios estão estruturados para receberem todos os estímulos auditivos e que ambas as orelhas são representadas em ambos os hemisférios, ipsi e contralateral, existindo, na maior parte das pessoas, uma especialização hemisférica para a linguagem. A extensão e superfície dos lobos temporais apresentam-se de forma diferente, sendo no lobo esquerdo maiores do que no direito. A função da linguagem está primeiramente localizada no lobo temporal esquerdo. Os dois hemisférios trabalham diferentemente nos homens e mulheres.. Pinheiro & Musiek (1985), referiram que as tarefas de ordem temporal das informações auditivas foram propostas, ao longo da história de pesquisas experimentais psicoacústicas e de avaliação do processamento temporal, com.

(23) diversas variações, entre elas: o tipo de estímulos, o número de componentes numa seqüência de sons, a duração desses componentes, o modo e a alta taxa de apresentação das seqüências, o tipo de resposta solicitada aos sujeitos e o treinamento prévio ou não para as tarefas realizadas. Ainda, os autores citaram que, no teste de padrões de duração, crianças de nove anos apresentaram desempenho semelhante ao de adultos, mas as crianças menores necessitaram que os componentes dos padrões tivessem duração mais longa para executarem o reconhecimento dos mesmos. Há melhora do desempenho com o aumento da idade. Ainda relataram que o desempenho de sujeitos músicos é melhor do que sujeitos não-músicos no teste de padrão de freqüências. Davidson et al. (1987) investigaram os efeitos da familiaridade com o tipo de estímulo musical apresentado (tradicional ou contemporâneo) e do treinamento formal prévio na habilidade de percepção musical. Foram analisadas as respostas de 48 sujeitos: 16 não músicos, 16 artistas de música convencional semiprofissionais e 16 compositores de música contemporânea profissionais. De acordo com os resultados obtidos, apenas os compositores contemporâneos profissionais perceberam veridicamente o estímulo sonoro apresentado. Os autores concluíram que a familiaridade com o estímulo musical e o treinamento musical intensivo atuam conjuntamente para a percepção verídica do estímulo, melhorando a percepção de estruturas e características tonais, rítmicas e harmônicas. Pereira (1993) testou sujeitos jovens, normais, utilizando listas de vocábulos monossilábicos com ruído branco para mascarar o sinal de fala, em várias relações, a saber, -25, -15, -5 e +5 dB, também ipsilateralmente. Detectou que as relações sinal/ ruído de -5 e +5 dB se revelaram de maior aplicabilidade. Concluiu, também, que houve diferença estatisticamente significante quanto aos lados das orelhas relacionadas à ordem de testagem, primeira x segunda orelha testada, sugerindo uma aprendizagem durante a realização da testagem. Outro dado relevante é que não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre os sujeitos do gênero masculino e feminino. A autora afirmou que reconhecer a fala na presença de ruído branco mede a habilidade do ouvinte em fazer fechamento auditivo. Quando se realiza testagens usando mensagem competitiva, mede-se a capacidade do ouvinte em realizar figura-fundo auditiva..

(24) Os estudos de avaliação da capacidade de detecção da ordem temporal, de acordo com Schoeny & Talbott (1994), têm auxiliado no conhecimento dos limites psicofísicos auditivos para fazer discriminações e, secundariamente, para localizar estruturas neurais envolvidas nessa capacidade. Funções ou alterações específicas podem estar associadas a áreas particulares do sistema auditivo central, provendo aspectos essenciais para o diagnóstico clínico e aumentando a compreensão do processamento auditivo em indivíduos normais ou com alguma desordem. No estágio atual do conhecimento neurofisiológico a interpretação destes dados ainda é complexa. Ciasca (1995) afirmou que as habilidades auditivas vão melhorando conforme a criança vai crescendo e desenvolvendo sua capacidade de aprender por meio da audição, refletindo o processo de maturação neurológica.. Elbert et al. (1995) constataram que a prática continuada de instrumentos de corda provocou uma modificação cortical nos músicos estudados. Os autores verificaram um aumento da representação cortical para os dedos da mão esquerda nesses indivíduos e atribuíram o achado como sendo produto da prática extensiva do instrumento, ou seja, do treinamento. Segundo os autores, os dedos da mão esquerda desses músicos estão continuamente ocupados, tocando as cordas do instrumento, tarefa essa que envolve considerável destreza manual e elevada estimulação sensorial. Com esse estudo os autores comprovaram a influência do treinamento musical também na melhora de habilidades físicas, além da melhora nas habilidades de percepção auditiva que já vinham sendo estudadas por diversos outros autores na época em que seu estudo foi desenvolvido. Além disso, este estudo comprovou a ocorrência de plasticidade neuronal do indivíduo adulto a partir do treinamento de uma atividade determinada. Segundo a American Speech-Language-Hearing Association-ASHA (1996), processos auditivos centrais são os mecanismos e processos do sistema auditivo responsáveis. pelos. seguintes. fenômenos. comportamentais:. localização. e. lateralização sonora; discriminação auditiva; reconhecimento de padrões auditivos; aspectos temporais da audição; incluindo resolução temporal; mascaramento temporal; integração temporal e ordenação temporal; desempenho auditivo na.

(25) presença de sinais competitivos e desempenho auditivo com sinais acústicos degradados. Sloboda et al. (1996), afirmaram que a prática é essencial para estabelecer altos níveis de competência na maioria, se não em todas as áreas. Assim, os autores investigaram o papel da prática no desenvolvimento da performance musical. Avaliaram 257 alunos, com idade entre oito e 18 anos, de uma escola de música altamente especializada, divididos em cinco grupos de acordo com seu nível de performance musical. Também foram avaliados 58 sujeitos que haviam abandonado o estudo instrumental depois de menos de um ano de instrução formal. Foi verificada forte relação entre performance musical e a quantidade de prática formal empreendidas e relações mais fracas entre performance musical e quantidade de prática informal. Fatores como quantidade de horas de prática diária e idade em que foram iniciadas as práticas musicais também exerceram influência na performance musical. Esses autores concluíram que tais achados sustentam a teoria de que a prática formal é a principal determinante, ou seja, é a variável chave na determinação da performance musical. Eles asseguraram que diferenças individuais não são determinantes de diferentes conquistas e realizações musicais. As qualidades deficientes podem ser compensadas por uma grande quantidade de prática possibilitando altos níveis de realizações. De acordo com Chermack & Musiek (1997), os testes de padrão de freqüência e duração são sensíveis para detectar lesões e/ou disfunções cerebrais, sendo, portanto, eficazes na detecção de alterações nas vias auditivas centrais, quando associados a outros testes para avaliação do processamento auditivo. Conrado (1997) referiu a existência de diversos centros processadores entre a cóclea e o córtex auditivo: o núcleo coclear; complexo olivar superior, colículo inferior e corpo geniculado medial. Cada componente apresenta milhões de células nervosas com interconexões complexas, envolvendo fibras nervosas ascendentes ou descendentes que se comunicam entre si através de sinapses e o resultado constitui o processamento que o sistema auditivo realiza para interpretar as vibrações sonoras por ele detectadas. Existem algumas hipóteses de funções atribuídas ao córtex auditivo: analisar sons complexos; localizar e representar o espaço auditivo; atentar seletivamente para estímulos auditivos baseados na posição da fonte sonora; inibir respostas motoras inadequadas; identificar estímulos;.

(26) discriminar padrões temporais; memorizar auditivamente sons em seqüência, além de praticar tarefas auditivas mais difíceis.. Pereira (1997) fez uma classificação do Grau de Disfunção Auditiva Central considerando o número de acertos, em valores percentuais, obtidos nos índices percentuais de reconhecimento de fala distorcida (IPFD), ou, então, os valores em porcentagem de acertos para as condições direita competitiva e esquerda competitiva do teste SSW, para a idade de oito anos em diante. O quadro a seguir apresenta a classificação proposta pela autora:. GRAU DE. TESTES MONÓTICOS: FF OU. SEVERIDADE. FRB – IPFD. SSW. NORMAL. > 71%. >90%. LEVE. 56-71%. 80-90%. MODERADO. 41-55%. 60-80%. SEVERO. 0-40%. 0-59%. Auditec (1997) relatou que, em relação ao teste de padrão de freqüências, os sujeitos normais não têm, geralmente, diferenças significantes entre as orelhas e os tipos de respostas. As crianças, na faixa etária de seis a sete anos, apresentam uma grande variabilidade de desempenho. A interpretação da avaliação até os sete anos e seis meses de idade deve ser realizada com cautela e o diagnóstico confirmado por outros procedimentos. As crianças têm maior facilidade em murmurar as seqüências ouvidas. As crianças com problemas emocionais ou deficiência mental, geralmente, apresentam desempenho normal. Ainda, de acordo com a Auditec (op.cit), as inversões são fenômenos normais, ocorrendo em 30% a 60% do total de erros em sujeitos normais.. Roederer (1998) referiu que a música pode ser um subproduto bastante natural da evolução da fala e da linguagem. Nessa evolução, que indubitavelmente foi um fator essencial para o desenvolvimento da raça humana, surgiu uma rede neural capaz de executar as ultracomplexas operações de processamento, identificação, armazenagem e recuperação de som que são necessárias para o reconhecimento fonético, a identificação da voz e a compreensão da fala. Como a.

(27) percepção da música está essencialmente baseada em processamento de informações acústicas, o maior ou menos grau de complexidade de identificação de uma mensagem sonora, o grau de sucesso nas operações de previsão que são realizadas pelo cérebro para lançar esse processo de identificação e o tipo de associações. invocadas. por. comparação. com. informação. armazenada. de. experiências anteriores podem, conjuntamente, ser a “causa” essencial das sensações musicais invocadas por certa mensagem musical. Se isso for verdade, deve ser bastante óbvio que tanto os mecanismos neurais inatos (operações de processamento. primário). quanto. o. condicionamento. cultural. (mensagens. armazenadas e operações de processamento aprendidas) devem determinar nossa resposta comportamental e estética à música. O autor ainda referiu que a percepção musical, assim como a percepção da fala, envolve tarefas cognitivas complexas, em que a informação levada por sinais acústicos é analisada, armazenada, recuperada e interpretada.. Jourdain (1998) afirmou que a dominância cerebral “migra” do hemisfério direito para o esquerdo, à medida que o individuo adquire treinamento musical. Devido à aquisição de habilidades adicionais completamente diferentes para a análise melódica, os músicos profissionais são, portanto, lateralizados de forma diferente dos ouvintes normais.. No estudo de Pantev et al. (1998), foram medidas as representações corticais auditivas para tons de piano e para tons puros de freqüência fundamental semelhantes as do piano em músicos altamente qualificados. Todos os sujeitos eram normo-ouvintes. Os principais instrumentos tocados pelos músicos eram: piano (nove), instrumento de sopro (sete) e instrumento de corda (quatro). Foram avaliados três grupos de sujeitos: 1) nove músicos com pitch absoluto (idade média de 29 anos); 2) 11 músicos com pitch relativo (idade média de 23 anos) e 3) 13 estudantes que nunca tocaram um instrumento musical (idade média de 26 anos). Os autores referiram que a habilidade de pitch absoluto é natural, ou seja, inata, e torna a pessoa capaz de perceber e identificar freqüências harmônicas específicas entre vários estímulos acústicos, de modo que a incidência desta habilidade na população em geral é estimada como sendo menor que 0,01%. O pitch relativo é uma habilidade presente somente em músicos profissionais, sendo obtida através da.

(28) prática e do treinamento musical intensivo. De acordo com os resultados, houve um aumento de aproximadamente 25% na representação cortical auditiva para tons de piano em ambos os grupos de músicos; porém o mesmo não ocorreu para estímulos de tons puros. Nenhuma diferença significativa foi encontrada na representação cortical para estímulos de piano e tom puro no grupo controle. Foi observada uma maior representação cortical nos músicos que começaram a tocar instrumento musical antes dos nove anos de idade, mas não houve diferença entre aquelas com pitch relativo ou absoluto. Segundo os autores, o aumento na representação cortical está relacionado com a idade de início do treinamento musical. O trabalho mencionou a investigação de dados mais aprofundados em relação às horas de prática musical, conhecimento de teoria musical, habilidade de leitura, habilidade de tom/ freqüência absoluta ou relativa, instrumento principal e outros instrumentos que os indivíduos do estudo tocavam, presença de músicos na família e a idade na qual começaram o treinamento. Estas informações foram referentes aos seguintes instrumentos musicais: piano, sopro e corda.. Anderson et al (1999), referiram que o hemisfério esquerdo é responsável pelo processamento de estímulos em períodos específicos de tempo (discriminação da fala) e ao hemisfério direito se atribui uma maior capacidade de detecção do contorno melódico e de intervalo de freqüências. Os testes de ordem temporal não são segundo Bellis e Ferre (1999), procedimentos destinados a avaliar a acuidade temporal fina por si, mas para avaliar a habilidade para reconhecer um padrão de eventos auditivos ocorrendo no tempo. Katz & Wilde (1999) referiram que processamento auditivo é aquilo que se faz com o que se ouve, ou seja, é a construção que se faz acerca do sinal auditivo para tornar a informação funcionalmente útil.. Segundo ALVAREZ et al (2000), processamento auditivo é um conjunto de habilidades específicas das quais o indíviduo depende para interpretar o que ouve. Tais habilidades são medidas pelos centros auditivos localizados no tronco encefálico e no cérebro, podendo ser subdivididas em: atenção, discriminação, associação, integração e organização de saída..

(29) Binder et al (2000) mencionaram que o hemisfério esquerdo, considerado o encarregado do reconhecimento da fala e processamento da linguagem, função que depende de áreas anteriores do córtex auditivo, está envolvido também no processamento de estímulos musicais. A assimetria a favor deste hemisfério se associa ao reconhecimento de estruturas temporais do som, que, por sua vez, permitem o processamento de estruturas temporais específicas.. Em 2000, durante a Convenção Anual da ASHA, foi proposta uma nova categorização dos processos auditivos comportamentais, que contemplou os seguintes aspectos: padrão e ordem temporal auditiva; separação e fechamento auditivo; separação e integração binaural; localização, lateralização e/ ou interação binaural; discriminação auditiva e outros aspectos temporais, como detecção de intervalos e julgamentos de duração, entre outros (SCHOW et al., 2000).. Baharloo et al (2000), referiram que, em relação ao treinamento musical, o cérebro deve ser particularmente mais sensível durante certo período do desenvolvimento. Mas nem todas as crianças que receberam lições de música desenvolvem uma habilidade de percepção musical. Então, outros fatores devem ser considerados. Novas evidências sugestionam que a genética tem o seu papel no desenvolvimento de tarefas musicais.. Para Domitz & Schow (2000), a ênfase dessa nova proposta de avaliação do processamento auditivo é no processamento temporal das informações auditivas, pois todos os estímulos auditivos são codificados no tempo. Assim, grande parte das tarefas auditivas, quer sejam com sons verbais ou não-verbais, envolvem detecção, reconhecimento, discriminação, retenção e resgate da ordem e seqüência temporal das informações. Ainda, os autores afirmaram que o sistema auditivo é sensível a diferenças de tempo do estímulo acústico, pois em todas as tarefas auditivas, seja de sons verbais ou não-verbais, há processamento temporal da informação, ou seja, decodificação de informações codificadas em padrões acústicos temporais..

(30) Jerger & Musiek (2000) referiram que para o processamento temporal são necessárias algumas habilidades auditivas, tais como: detecção, reconhecimento e discriminação supraliminar dos sons.. Gil et al (2000) realizaram um estudo com o objetivo de comparar o desempenho de indivíduos com e sem treinamento auditivo para percepção musical na tarefa de resolução temporal, utilizando testes de padrão de freqüência e de duração. Foram avaliados 20 indivíduos audiologicamente normais, divididos em dois grupos. O grupo I foi constituído por 10 indivíduos com idades variando entre 21 e 29 anos sem treinamento auditivo para percepção musical. No grupo II, foram avaliados 10 músicos dos gêneros masculino e feminino, com idade entre 17 e 34 anos, com pelo menos cinco anos de treinamento auditivo para percepção musical. Os resultaram mostraram que houve diferença estatisticamente significante entre os grupos no teste de padrão de freqüência, indicando que o reconhecimento foi mais fácil para o grupo com treinamento auditivo musical (II). No teste de padrão de duração, apesar de não ter sido encontrada diferença estatisticamente significante entre os grupos, os sujeitos com treinamento auditivo musical apresentaram resultados levemente melhores. Além disso, as autoras não encontraram diferenças significantes entre orelha direita e orelha esquerda em ambos os grupos, mas a diferença numérica entre as orelhas foi menor para o grupo de músicos nos dois testes aplicados.. Silva et al (2000) compararam o desempenho de 10 indivíduos normouvintes não-músicos e 10 músicos nos testes de padrões sonoros de freqüência, intensidade e duração, para verificar se existe variabilidade entre os resultados dos respectivos testes em indivíduos com treinamento musical (músicos) e os indivíduos sem qualquer experiência de aprendizagem musical (não-músicos). A partir dos resultados obtidos na aplicação dos testes de padrões sonoros de freqüência, intensidade e duração os autores concluíram que: em relação a todos os testes, de forma geral, os músicos obtiveram melhor desempenho, estatisticamente comprovado, quando comparados aos não-músicos. A diferença mais significativa entre os resultados obtidos na testagem dos músicos e não-músicos, ocorreu no teste de padrão de freqüência sonora a favor dos músicos, o que mostra que o.

(31) padrão de freqüência sonora é uma habilidade mais desenvolvidas em pessoas que estão diretamente ligadas à música. Ainda, no estudo, os autores observaram que os músicos demonstraram maior capacidade de concentração (atenção) aos sons. A comparação estatística entre os dois grupos, em todos os testes, mostra que o grupo de não-músicos apresentou-se mais heterogêneo com relação ao seu desempenho, enquanto o grupo de músicos apresentou desempenho mais homogêneo entre seus componentes. Por fim, Silva et al (op.cit) concluíram que houve variabilidade estatisticamente comprovada a favor dos músicos quanto ao desempenho diante dos testes de padrões sonoros de freqüência, intensidade e duração, quando comparados aos não-músicos, o que sugere que o treinamento musical favorece a eficácia das habilidades auditivas, tais como: atenção e discriminação de freqüência, intensidade e duração de estímulos sonoros. É possível que estas habilidades permitam uma melhora em outras habilidades auditivas não testadas, como: reconhecimento, memória, sequencialização, compreensão e organização auditivas.. Balen (2001), em sua pesquisa, verificou que o desempenho de crianças de sete a 11 anos no teste de padrões de freqüência com respostas não-verbais apresentou pouca variabilidade tanto na orelha direita quanto na orelha esquerda. Por outro lado, ao utilizar resposta verbal, as crianças apresentaram grande variabilidade em ambas as orelhas. Essa variabilidade de desempenho nas tarefas com respostas verbais pode estar relacionada ao nível de atenção exigido da criança ao longo do teste ou à heterogeneidade de desenvolvimento dessa capacidade na faixa etária estudada, além da maior complexidade da tarefa com resposta verbal que exige envolvimento de mecanismos de memória e associação do som a uma representação lingüística.. Kishon-Rabin et al (2001) consideraram, em geral, que músicos apresentam habilidades auditivas excepcionais. Porém, há poucos estudos que fundamentam esta afirmação em tarefas psicoacústicas básicas. Por esta razão, desenvolveram um estudo com o propósito de ampliar os conhecimentos a respeito das habilidades auditivas básicas dos músicos, comparando-os com não músicos. Participaram do estudo 16 músicos profissionais e 14 não músicos. Foram obtidas as diferenças dos limiares para tom puro, por freqüência, para três freqüências (0,25, 1 e 1,5 KHz)..

(32) Foram realizadas três estimativas de limiares para cada freqüência. Os resultados mostraram que as médias das diferenças de limiares por freqüência para músicos foi aproximadamente a metade dos valores obtidos para os não músicos. Ainda, os autores concluíram que houve aprendizagem significante para ambos os grupos durante as três estimações dos limiares, e que o desempenho foi influenciado pela experiência musical. De acordo com os autores, esses achados representam o efeito do treinamento em uma tarefa auditiva bem como a influência da memória auditiva e dos fatores relacionados à experiência no desempenho auditivo.. Schochat et al (2002), mencionaram que o treinamento auditivo, por representar experiências auditivas específicas que exercitam e buscam aprimorar as habilidades. auditivas,. pode. ser. um. agente. facilitador. do. processo. de. reconhecimento da fala. Sabe-se que o treinamento auditivo melhora a percepção de sinais acústicos complexos como a fala, e que um dos fundamentos dessa prática é a plasticidade do sistema nervoso auditivo central.. Machado (2003) referiu que já foi observado que os adultos e as crianças normais, em torno de 11 anos de idade, apresentaram o mesmo tipo de resultados no teste SSW, dentro da categoria normal. Em um estudo para avaliar a performance de um grupo de crianças entre sete e 11 anos de idade, as conclusões foram: conforme a idade cronológica aumenta, diminui o número de erros, assim como a amplitude do desvio padrão; a performance do ouvido direito é superior à do esquerdo, nos resultados de crianças, sugerindo um efeito significativo da dominância do hemisfério esquerdo; a idade de 10 anos parece ser um estágio de transição entre a performance de crianças e a de adultos no teste SSW; por volta dos 11 anos o desempenho se equipara ao do adulto; não há diferenças entre as performances dos meninos e meninas nos grupos testados pela autora.. Neves & Feitosa (2003), afirmaram que o estudo do processamento temporal auditivo é subdividido em dois grandes tópicos: a integração temporal (também chamada de somação temporal) e a resolução temporal (também chamada de acuidade temporal). A integração temporal auditiva consiste na capacidade do sistema auditivo de acumular informação durante algum tempo para melhorar a.

(33) detecção ou discriminação de sons. A resolução temporal, por sua vez, se refere aos aspectos rápidos do processamento auditivo, que permitem, por exemplo, detectar interrupções breves entre dois estímulos, ou detectar modulações nos sons. Pantev et al (2003) referiram que vários achados estão agora emergindo, o que nos ajuda a entender como o cérebro é “esculpido” pela experiência musical. Os autores ainda comentaram que o treinamento da música aumenta a atividade de certos sistemas neurais. Por exemplo, os autores citaram que áreas do córtex motor que, especificamente, correspondem aos dedos da mão esquerda, mostraram um aumento da resposta elétrica, em estudantes de música através da prática do violino.. Kurrle (2004), em seu estudo sobre a musicoterapia nas dificuldades de processamento auditivo, avaliou 10 estudantes de 1ª a 3ª séries de 1º grau de quatro escolas, sendo duas públicas e duas particulares, da cidade de Santa Maria-RS. Foi entregue aos professores um questionário, contendo questões relacionadas às dificuldades de aprendizagem dos sujeitos envolvidos. Estes foram submetidos à avaliação audiológica periférica e central. Entre os que apresentaram alteração do processamento auditivo, um grupo, escolhido aleatoriamente, foi submetido a musicoterapia. Depois de realizadas quinze sessões musicoterápicas, o grupo foi submetido às mesmas avaliações realizadas anteriormente. Quanto ao desempenho das. habilidades. auditivas. obtiveram-se. como. resultados. uma. melhora. estatisticamente significante em todos os sujeitos e, desta forma, foi possível concluir que a musicoterapia teve influência positiva nas habilidades do processamento auditivo do grupo estudado.. Soncini (2004), em seu estudo sobre o efeito da prática musical no reconhecimento da fala no silêncio e no ruído, verificou, na aplicação das listas de sentença do Português (Costa, 1998), os seguintes resultados: LRSS (limiar de reconhecimento de sentenças no silêncio) para não músicos, OD= 6,58 dB NA e OE= 4,94 dB NA; para músicos, OD= 6,82 dB NA e OE= 6,03 dB NA. A relação sinal/ruído (S/R) para os não músicos: OD= -5,70 dB NA e OE= -5,94 dB NA e para os músicos, OD= -7,22 dB NA e OE= -7,09 dB NA. A autora concluiu que indivíduos.

(34) com e sem prática musical apresentaram desempenho semelhante em tarefas de reconhecimento de sentenças no silêncio. Porém, em tarefas de reconhecimento de sentenças apresentadas diante de ruído competitivo, indivíduos com prática musical apresentaram desempenho melhor que indivíduos sem prática musical, indicando que a prática musical é uma atividade que melhora a habilidade de reconhecimento de fala, quando esta ocorre diante de ruído.. Talero-Gutiérrez et al (2004) afirmaram que a música e a linguagem estão relacionadas com a criação de imagens (recordações e memória), atividade motora e afetividade. Ainda, os autores citaram que o estudo do processamento central da música permite atribuir aos dois hemisférios cerebrais a função de reconhecimento de distintas características do som. O hemisfério direito se relaciona com a análise do tom e timbre e o hemisfério esquerdo com ritmo e reconhecimento de melodias. Segundo a classe de estímulos musicais apresentados, se ativam diferentes áreas cerebrais em função da percepção que evoca: recordações, imagens, associação de palavras. a. sentimentos. relacionados,. entre. outros. elementos.. Também. reconheceram um predomínio do hemisfério esquerdo na análise das estruturas musicais em músicos ou pessoas com treinamento musical.. Bigand (2005) citou que existem muito mais similaridades que diferenças entre cérebros de músicos e não músicos, acreditando que redes neuronais postas em jogo nas atividades musicais se desenvolvem mesmo na ausência de um aprendizado intensivo. Em outras palavras, a simples escuta (não a prática) basta para tornar o cérebro “músico”. Ainda, o mesmo autor, refere que os recém-nascidos passam por aprendizados de grande complexidade, tanto para a linguagem quanto para a música: quando bebês de alguns meses ouvem uma melodia, eles manifestam forte reação de surpresa no momento em que uma nota é substituída por uma outra que infrinja as regras musicais. Os bebês denunciam a própria surpresa sugando o seio mais rápido ou virando a cabeça para o lado de onde vem o som. O autor deduz que os circuitos neuronais envolvidos nas atividades musicais se organizam bem antes e independentemente de qualquer aprendizagem explícita da música. Porém, o problema é saber se as aptidões musicais que se desenvolvem.

(35) naturalmente podem ser tão elaboradas quanto à dos músicos que seguiram um longo processo de formação.. Rios (2005) elaborou testes de processamento auditivo com estímulos musicais e tarefas de ordenação temporal e de escuta dicótica. Caracterizou o desempenho, nestes testes, com o observado em testes convencionais com estímulos verbais e mesmas tarefas em indivíduos ouvintes normais. O autor elaborou três testes, os quais utilizaram estímulos musicais baseados em estruturas da música popular brasileira e tarefas de escuta dicótica: integração binaural, separação e ordenação temporal. Os testes foram aplicados em 40 indivíduos adultos, de ambos os sexos, falantes de português brasileiro, residentes na cidade de São Paulo. Os resultados foram comparados com os obtidos em testes convencionais, Testes de Memória Seqüencial Verbal (TMSV) e Teste Dicótico de Dígitos (TDD), que avaliam o processamento auditivo por meio das mesmas tarefas. Os testes elaborados foram denominados Testes de Processamento Temporal com Estímulos Musicais, o primeiro denominado Teste de Reconhecimento de Padrão Rítmico (TPRD); o segundo, Teste de Reconhecimento de Padrão Melódico em Escuta Binaural (TPMB); e o terceiro, Teste de Reconhecimento de Padrão Harmônico em Escuta Dicótica com Dígitos (TDDH). Na aplicação em ouvintes normais, o autor verificou um bom desempenho. Não ocorreu efeito de predomínio de orelha. Em TPRD, a presença do estímulo familiar apresentado como estímulo competitivo contralateral (melodia brasileira) interferiu negativamente na tarefa rítmica de escuta dicótica: separação binaural. Em TPMB, houve maior facilidade em identificar corretamente as seqüências de dois tons, denominado padrão tonal (PT) do que as seqüências de sete tons, denominado padrão melódico (PM). Em TPMBPT, o número de acertos foi menor do que em TMSV (três sons), e entre TPMB-PM e TMSV (quatro sons) as diferenças não foram estatisticamente significantes. Em TDDH, o uso do estímulo musical na tarefa de escuta dicótica melhorou a resposta na etapa de atenção direcionada em relação à mesma etapa em TDD.. Segundo Zatorre (2005), a experiência musical depende da integração de praticamente todas as funções cognitivas. Até mesmo cantarolar uma melodia familiar requer mecanismos complexos de processamento auditivo, atenção,.

(36) memória, integração sensório-motora, entre outros. Há evidências de que o processamento musical depende de componentes genéticos e ambientais. Estudos revelam que a música resulta de mecanismos evolutivos e está relacionada ao processamento de diferentes estímulos auditivos do ambiente, como perceber um som ameaçador ou um chamado específico de outro membro de sua espécie. A música está presente no ser humano desde as primeiras fases do desenvolvimento neural. Segundo o autor, os bebês humanos apresentam uma habilidade precoce de discriminação dos sons, como se já nascessem “mini-músicos sofisticados”, com um cérebro pronto para vivências musicais. Segundo o autor, a educação musical antes do período da adolescência pode favorecer o desenvolvimento de habilidades como o ouvido absoluto, que é a capacidade de o indivíduo distinguir uma nota musical somente pela via auditiva, sem referência de outras notas. Um grande número de pesquisas sugere que a música pode trazer informações valiosas sobre os mecanismos cerebrais. Ao contrário do que muitos pensam, a música não é processada em uma única região do cérebro. Diferentes funções cognitivas contribuem de uma maneira integrada, para essa habilidade musical. Ainda, de acordo com o mesmo autor, estudos recentes em pacientes com lesões cerebrais através de técnicas de neuroimagem (exames de Tomografia, Ressonância Magnética ou SPECT), sugerem que os dois hemisférios cerebrais desempenham funções diferentes e complementares no processamento dos sons. A região do córtex auditivo esquerdo, por exemplo, seria responsável pelo reconhecimento e discriminação de sutilezas do som (ex: perceber diferenças entre notas próximas). Já o hemisfério direito, estaria voltado para a identificação de padrões gerais ou superficiais dos sons, permitindo ao indivíduo analisar e responder rapidamente aos estímulos que se apresentam. Além disso, há indícios de que algumas funções musicais e lingüísticas são mediadas por substratos neurais comuns, como é o caso da sintaxe presente na música e na fala humana.. Eisencraft, Miranda & Schochat (2006) verificaram o Potencial Evocado Auditivo de Média Latência (PEAML) em adultos normo-ouvintes frente à estimulação por clique e com música contralateral. Foram realizadas as avaliações de PEAML em 10 sujeitos utilizando cliques na intensidade de 70dBnNA bilateralmente e posteriormente com estímulo musical, de modo que as latências e amplitudes foram medidas. Procedeu-se a comparação da amplitude da onda Pa em.

(37) relação ao eletrodo C3 e C4 e em relação à orelha direita e esquerda na presença e ausência de estímulo musical. Todos os sujeitos apresentaram PEAML dentro dos limites de normalidade em ambas as orelhas e na avaliação com estímulo musical e clique foi observada uma diminuição das amplitudes na orelha contralateral a apresentação do estímulo musical em todas as posições do eletrodo, embora esta diferença não tenha sido estatisticamente significante. As autoras sugeriram que o estímulo musical influencia na amplitude do PEAML, uma vez que houve diminuição da amplitude da onda Pa frente a esta estimulação..

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