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A política de crédito agrícola: uma análise da cultura do café na Bahia/

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Academic year: 2021

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(1)BARTIRA DUARTE SANTANA E SOUZA. A POLÍTICA DE CRÉDITO AGRÍCOLA: UMA ANÁLISE DA CULTURA DO CAFÉ NA BAHIA. SALVADOR 2003.

(2) BARTIRA DUARTE SANTANA E SOUZA. A POLÍTICA DE CRÉDITO AGRÍCOLA: UMA ANÁLISE DA CULTURA DO CAFÉ NA BAHIA. Versão preliminar da monografia apresentada ao Curso de Graduação de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.. Orientador: Prof. José Carrera Fernandez. SALVADOR 2003.

(3) ______________________________________________________________________ Souza, Bartira Duarte Santana e. A política de crédito agrícola: uma análise da cultura do café na Bahia/Bartira Duarte Santana e Souza. – Salvador , 2003. 55 p. il. Monografia (Graduação em Economia) UFBA, 2003. Orientador: Prof. José Carrera Fernandez. 1. Crédito Agrícola. 2. Café-Bahia CDD – 332.71.. ______________________________________________________________________.

(4) Bartira Duarte Santana e Souza. A POLÍTICA DE CRÉDITO AGRÍCOLA : UMA ANÁLISE DA CULTURA DO CAFÉ NA BAHIA. Aprovada em Março de 2003. Orientador: _________________________________________________ Prof. José Carrera Fernandez Faculdade de Economia da UFBA. _________________________________________________ Prof. Wilson Menezes. _________________________________________________ Prof. Antônio Plínio de Moura.

(5) SUMÁRIO. 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 5. 2. A CULTURA DO CAFÉ .............................................................................. 7. 3. A QUESTÃO AGRÍCOLA E O CRÉDITO ............................................... 17. 3.1 A INSTITUIÇÃO DO CRÉDITO DESTINADO À AGRICULTURA .......... 20. 3.2 O CRÉDITO E A INADIMPLÊNCIA ........................................................... 24. 3.3 DIFERENTES FORMAS DE CRÉDITO ...................................................... 25. 4. PANORAMA DO CAFÉ NA BAHIA ........................................................ 29. 4.1 PRINCIPAIS ÁREAS CAFEEIRAS .............................................................. 32. 5. A EFETIVIDADE DO CRÉDITO AGRÍCOLA – UM ESTUDO ECONOMÉTRICO ..................................................................................... 39. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 50. 7. REFERÊNCIAS ........................................................................................... 53.

(6) RESUMO. O café foi escolhido para ser tema desse trabalho por ser um produto de grande importância para a economia e espelho do desenvolvimento econômico. Na Bahia, a cultura do café é recente, data de inícios da década de 70, mas, logo tornou-se uma cultura tradicional e consolidou a Bahia como estado produtor, graças ao apoio em crédito e assistência técnica dada a essa cultura. A Política de Crédito Agrícola: Uma análise da cultura do café na Bahia é uma análise técnica de como a quantidade de recursos financeiros disponíveis a essa cultura pode incrementar a produção cafeeira. Ao longo desse trabalho foram citadas as principais áreas produtoras na Bahia e especificados os métodos utilizados para se obter uma melhor produtividade em cada região de acordo com cada peculiaridade existente nessas áreas: temperatura, recursos hídricos, solo. Este trabalho procura em sua introdução dar uma visão do crédito e de sua importância para a agricultura de um modo geral, destacando o café, objeto de estudo desta monografia; este, aliás, principal assunto do Capítulo 2, onde é feito um estudo que vai desde a sua fase de colheita até a sua condição mercadológica. No capítulo 3 são tratados assuntos relativos ao crédito e sua qualificação quase que essencial para a atividade agrícola, bem como as instituições que o concedem e questões relativas à inadimplência. O capítulo 4 focaliza o café na Bahia especificando as regiões produtoras e detalhando sua situação em cada uma dessas regiões. O capitulo 5 traz um modelo de integração entre as variáveis relativas à produção cafeeira e o crédito concedido a essa cultura, provando uma relação de dependência entre este e a cafeicultura. Nas considerações finais, capítulo conclusivo, faz-se um resumo de toda a análise bem como as respostas finais em relação a este estudo.. Palavras-chave:. café. –. Bahia. ;. crédito. agrícola;. cafeicultura. –. Bahia..

(7) 7. 1. INTRODUÇÃO. Partindo de uma visão, ainda que geral do setor agrícola, nota-se que o quadro nacional não oferece muitas alternativas. A visão de que o homem do campo tem uma vida maravilhosa, ouvindo passarinhos, sentindo o perfume do campo sem poluição e sem problemas, segundo o presidente da Associação dos Cafeicultores da Bahia (ASSOCAFÉ), João Lopes, já passa a ser meio deturpada e esconde a dura realidade pela qual o setor agrícola tem passado nos últimos anos. Comparando-se a situação brasileira com a de outros países desenvolvidos, nota-se que, nos países desenvolvidos, onde a sociedade é mais atenta aos setores estratégicos, há uma necessidade de se prover a necessária segurança alimentar e a agricultura passa a ser protegida por políticas públicas adequadas. No caso do Brasil, , a realidade do setor agrícola é outra: Pagam-se impostos mais elevados, o custo logístico é alto e não se recebe o valor em subsídios.. A agricultura, de fato, é um setor que precisa ser estimulado financeiramente, uma vez que é importante para a economia como um todo. Só a título de informação, dados do F.N.A. (Fórum Nacional de Agricultura), um Fórum. Permanente de Negociações. Agrícolas Internacionais, sediado em Brasília, dão conta de que em 1997, por exemplo o setor rural teve um surplus superior a US$ 12 bilhões, enquanto a economia toda deu prejuízo de US$ 9 bilhões, isto é, se não fosse a agricultura, o País gastaria todas as suas reservas em três anos.. Com tal importância no cenário econômico nacional, a. agricultura necessita de incentivos que subsidiem seus custos e tornem a oferta de seus produtos competitivos, capazes de atender à crescente demanda de seu mercado consumidor interno e externo. Com fatores rudimentares, a produtividade é baixa, o que não ocorre com a utilização de fatores de produção mais modernos. Como o custo de tais fatores é elevado, o crédito acaba sendo a condição para que os empreendimentos rurais se tornem prósperos. A agricultura pode atingir a sua produção ótima conforme a utilização de seus fatores de produção. Além disso, o crédito destinase não só à compra de maquinário moderno como também à compra de fertilizantes, corretivos, equipamentos para irrigação, melhoria de.

(8) 8. outros fatores como semente, novas variedades, insumos modernos, enfim, todos os subsídios que garantam o desenvolvimento da agricultura.. Dessa forma, fica evidenciada a importância do crédito agrário na constituição da agricultura moderna, para que ela se torne próspera e bem organizada, assim como possa responder às solicitações de um novo tipo de sociedade em que sobressaem as necessidades alimentícias de uma população crescente cada vez mais urbanizada.. O café foi tomado como referencial, pois, ao longo da história e até hoje, tem recebido uma atenção especial por parte do governo, por ser uma cultura tradicional, de alto índice de consumo e aceitação internacional. Embora não disponha de bons incentivos, a cafeicultura é uma das culturas mais bem organizadas do País, além de contar com toda uma estrutura política. Além do Conselho Deliberativo da Política do Café, pode contar com o FUNCAFÉ, criado pelo antigo IBC (Instituto Brasileiro do Café), com recursos confiscados das exportações geridas pelo Banco do Brasil. É necessário salientar que nenhuma outra cultura brasileira goza de tamanha estrutura: uma linha oficial de crédito com recursos do próprio produtor. O acesso a esses recursos por parte do produtor é dificultado por um série de exigências por parte da instituição financeira que o concede. Além de tomar como garantia a safra, o preço do produto é avaliado muito aquém do preço de mercado, chegando até a exigir a hipoteca da propriedade rural.. Para se plantar café além de recursos para a atividade precisa-se de todo um conhecimento do fruto, a cafeicultura para se desenvolver satisfatoriamente necessita que o produtor esteja atento a todas as suas especificidades para adequá-las e chegar a um ideal de produtividade, assunto este abordado no Capítulo 2. Ao longo desta exposição são tratadas também questões do crédito relativas à Cafeicultura (Capítulo 3) e especificações das regiões produtoras na Bahia, no Capítulo 4. Por fim, no Capítulo 5 são mixados os assuntos Café, crédito e Bahia numa análise econométrica em que tenta-se mensurar o crédito e sua importância para a cafeicultura baiana..

(9) 9. 2. A CULTURA DO CAFÉ. Segundo a Enciclopédia Mirador, existem cerca de 70 espécies de café, sendo que apenas 3 apresentam interesse econômico Coffea Arábica, Coffea Canephora (deste deriva o café robusta) e Coffea Liberica. A espécie Caffea Arabica originária da Etiópia, é a mais conhecida e cultivada, fornecendo 70% do produto comercializado. A planta é um arbusto com altura variando de 2 a 4 metros, tronco cilíndrico, raiz pivotante (prolongamento direto do caule), profunda e muito ramificada, principalmente nas proximidades da superfície do solo. Apresenta ramos laterais primários longos e flexíveis, contendo também ramificações secundárias e terciárias. É uma espécie tetraplóide, autofértil e que se multiplica praticamente por autofecundação. É uma planta característica de clima tropical úmido, de temperaturas amenas, cultivável sob temperaturas médias anuais na faixa de 18 a 22ºC que são as mais favoráveis, sendo que o ideal está entre 19 e 21ºC. Temperaturas acima de 23ºC e abaixo de 18ºC são consideradas inaptas para o cultivo desta espécie de café. Temperaturas médias altas provocam prejuízos por ocasião do florescimento, como o abortamento das flores e o conseqüente aparecimento das chamadas estrelinhas2. Por outro lado, em temperaturas muito baixas, pode ocorrer a geada, fenômeno altamente prejudicial ao cafeeiro. Quanto à precipitação, torna-se difícil estabelecer um padrão ótimo anual, visto depender também de outros fatores, principalmente a distribuição das chuvas nos diferentes meses do ano. Todavia, precipitações anuais acima de 1.200mm. são suficientes para o café. O café arábica é normalmente cultivado nas regiões de clima mais ameno, com temperaturas médias anuais na faixa de l9º - 22º C. A produção do café arábica em regiões mais quentes, na faixa de 22º - 24º C, tem-se dado devido ao uso de variedades de porte baixo, com plantas compactas e bem protegidas; e, principalmente, o uso sistemático da irrigação. O fator irrigação atua suprindo água nos tecidos do cafeeiro, evitando o aumento da temperatura junto aos botões florais e, consequentemente, eliminando o abortamento. Como a irrigação tem sido uma prática imprescindível em quase toda a cafeicultura da Bahia, algumas regiões.

(10) 10. mais, outras menos afetadas por estiagem, chega-se à conclusão de que o uso dessa prática não é diferencial econômico entre as áreas mais amenas ou mais quentes. É técnica e economicamente viável cultivar variedades adequadas de café arábica em regiões com temperatura média acima daquela faixa tradicional. O acréscimo de custo pela irrigação é compensado pelo mais rápido desenvolvimento do cafeeiro e pela maior capacidade produtiva inicial das plantas, além de maior fertilidade dos solo nessas regiões.. O solo para instalação de uma cultura de café deve apresentar as seguintes características: profundidade mínima de 1 metro, não devendo existir, até essa profundidade, nada que dificulte a penetração das raízes, boa. drenagem não. encharcando com facilidade, não sendo o solo pedregoso, nem existindo arenoso. Devese dar preferência aos mais férteis, não sendo, todavia, este um fator limitante, pois com adubação adequada pode-se resolver o problema . Além disso, na escolha de um local para o plantio de café, devem ser levados em consideração ainda os seguintes fatores: topografia não muito íngreme, a fim de facilitar os tratos culturais mecanizados; os terrenos voltados para faces sujeitas à ação dos ventos frios devem ser evitados, pois são bastante prejudiciais aos cafeeiros, assim como locais onde tenham sido plantados cafezais há menos de dois anos, pois esta condição poderá favorecer o aparecimento de pragas e doenças, principalmente ataque de nematóides; deve-se evitar também as baixadas úmidas até essa profundidade.. Os solos argilosos cultivados com culturas anuais podem ser preparados com apenas uma aração e uma gradagem (aplanação). Se tiverem uma camada adensada a uns 40 cm de profundidade, deve ser realizada uma subsolagem, com um subsolador semelhante ao usado para a cultura da cana-de-açúcar. Nos terrenos arenosos, mais sujeitos à erosão, se forem realizadas as arações e gradagens, estas deverão ser feitas com cuidado. O mais recomendado, no caso de o terreno estar sendo cultivado com pastagem ou cultura anual, é fazer o rebaixamento da cultura com um rolo-faca ou roçadeira. Antes da formação do cafezal, deve-se retirar uma amostra composta da área total. Em cafezal formado, a amostragem deve ser feita pelo menos a cada 2 anos, na 2. estrelinhas: brota de um novo ramo.

(11) 11. faixa de solo onde são aplicados os adubos. Essas amostras devem ser retiradas a uma profundidade de 0 – 20cm. Em cada 4 anos, retirar amostras compostas de 20 a 40cm de profundidade. Em lavouras formadas, deve-se aplicar calcário para elevar a saturação em bases e o teor de magnésio. O cálculo é feito com base na amostragem de 0 a 20cm de profundidade. Em cafezal já formado, o corretivo é distribuído sobre o solo, de preferência no início da estação chuvosa, aplicando quantidade maior na faixa de terreno que recebe a adubação.. Outro problema sério quando se fala de cafeicultura é a questão das pragas e doenças, que estão diretamente relacionadas com o clima. Neste sentido, devem-se associar práticas de controle genético cultural e químico, buscando-se menor custo.. A colheita do café é realizada por diversos métodos, dependendo da região e também do próprio lavrador. O café pode ser colhido apenas quando estiver maduro ou o chamado cereja.. Esse café passa pelo despolpador, que é uma máquina que separa as sementes e a casca dos frutos. O café despolpado é usado para produção de sementes ou para a venda no comércio, sendo que, para esse método, apenas uma pequena quantidade, pois são poucos os incentivos econômicos para ampliar a sua produção. Além do mais, o despolpamento fornece um produto de boa qualidade, pois apenas o café maduro é usado para esse fim. Outra forma de colheita é a realizada tardiamente, quando os frutos já estão bem secos nas plantas, sendo esse método conhecido pelo nome de derriça e consistindo na retirada dos frutos do café dos galhos, fazendo correr a mão de cima para baixo e deixando cair os grãos. Um pano de colheita pode ser colocado sob o cafeeiro (derriça no pano) para receber essa mistura de cafés. Faz-se a seguir uma abanação em peneiras especiais para limpeza das folhas e ramos secos; o café é limpo, ensacado e levado ao terreiro para completar a secagem. Quando o solo é arenoso, não se usa pano sob o cafeeiro e o café e derriçado de uma só vez, diretamente no solo, de onde é levantado abanado e levado ao terreiro para completar a secagem. Antes da secagem, o café derriçado no chão é submetido a uma limpeza por via úmida. Nas canaletas com água, junto aos terreiros, separa-se o fruto seco do fruto maduro e verde e as impurezas,.

(12) 12. como pedrinhas, torrões etc. Há também máquinas denominadas seletoras, empregadas para separar a seco as impurezas e o café colhido em suas várias frações. O emprego de seletores, no entanto, não é generalizado. No processo de secagem do café, denominado preparo a seco, o café é colocado em terreiro, construído em geral, em alvenaria, lá fica em camadas finas e depois em camadas mais grossas, e em constante revolvimento, recebe o sol até atingir um limite mínimo de umidade. À noite o café mais seco é amontoado para igualar a secagem; dos terreiros, o café é recolhido para deposito revestido de madeira denominado tulhas, onde fica até ser beneficiado. A secagem bem feita é de grande importância para obtenção de boa qualidade. Muitas propriedades possuem secadores a lenha, de vários tipos, para a secagem mais rápida do café ou para secagem do café colhido em épocas chuvosas. Como a maturação dos frutos se inicia em abril-maio nas principais regiões cafeeiras, e a colheita é feita apenas em julho, muitos grãos secam e caem sob o cafeeiro, precisando ser catados à parte. Esse café do chão, em geral de qualidade inferior, comparando-se ao café colhido na planta, é recolhido, levado e posto a secar no terreiro, depois guardado separadamente. O despolpamento por via úmida segue-se um período de 24 a 48 horas de fermentação, a fim de remover a mucilagem, que é um composto viscoso produzido pelo cafeeiro e que pode ser removido por processos mecânicos ou por meio de adição de substâncias químicas. Após a secagem, o café é conduzido às máquinas de beneficio, que podem ser de vários tipos. Além de efetuarem uma limpeza, descascam os frutos e classificam as sementes. Às vezes, o café é rebeneficiado para maior uniformização do tamanho dos grãos e para reduzir os defeitos. Além das variedades de Café-Comum, Bourbon, Mundo Novo, considera-se o tamanho da fava-graúda, boa, média e miúda - e a peneira do tipo - chato grosso, chato médio e chatinho, moca grossa, moca média e moquinha. Quanto ao aspecto, o café se classifica em bom, regular ou mau; quanto à cor, em verde, esverdeado, claro, amarelo e velho; com relação à secagem, em boa, regular e má. No que se refere ao preparo, os cafés são classificados em cafés de terreiro e despolpados, o que se reconhece pela cor do grão e da película prateada. A prova de torração é de fundamental importância na classificação do café de terreiro, sendo cotada como fina, boa, regular.. O café produzido em regiões de maior altitude pode ser um pouco diferente, geralmente.

(13) 13. de melhor qualidade, em comparação com o obtido em regiões de menor altitude.. Quanto à classificação da qualidade, há a classificação por tipos ou defeitos e classificação pela qualidade da bebida. Na classificação comercial, o produto ainda é caracterizado pelo porto de exportação. Essa classificação vem de longa data e foi modificada e aperfeiçoada várias vezes . A classificação por tipos admite 7 tipos, com valores que vão de 2 a 8, resultante de uma apreciação de uma amostra de 300gr de café beneficiado segundo normas estabelecidas na tabela oficial de classificação. A cada tipo corresponde maior ou menor número de defeitos (grãos imperfeitos).. O mercado de café requer a competência e a eficácia dos mercados em que impera o regime de liberdade. O mercado livre exige mudança na forma de atuação de todos os agentes da economia cafeeira que têm que conviver com os desafios impostos pela concorrência externa, vigente no setor. Assim sendo, a compatibilização de interesses de todos os setores de produção poderá redundar em competitividade e competência no todo.. O aumento de concorrência e a tendência de concentração do mercado têm determinado margens de lucro menores aos cafeicultores, considerando os menores preços do produto. Baixar os custos para que essas margens não diminuam tanto, pode ensejar a manutenção no mercado, ao mesmo tempo em que uma gestão estruturada em tecnologia poderá permitir às empresas buscar oferecer mais por um preço menor.. O acirramento da competição internacional está a exigir do cafeicultor maior eficiência e esta será a condição para manter-se na atividade. Correm maiores riscos os produtores com menores possibilidades de investir em tecnologia capaz de propiciar produtividade mais elevada. A competitividade pode ser perseguida pela produtividade dos cafezais, adequadamente cultivados.. Maior rentabilidade pode ser obtida por meio de uma. adequada administração da programação empresarial da atividade e de uma comercialização eficiente que é obtida através da tecnologia determinada, através da pesquisa, pelo bom aproveitamento da terra, mão-de-obra , adubos, fungicidas, inseticidas, que são os meios de proteção. Dar a terra maior uso (maior densidade de.

(14) 14. plantio), observar como trabalham os empregados, aplicar os adubos, fungicidas, inseticidas, etc. na quantidade certa, na hora certa, orientar-se para resultados de pesquisa e não por apelo comercial de vendedores, são itens obrigatórios para a obtenção de uma alta produtividade. O bom gerenciamento dos meios de produção, a compra correta dos fatores de produção e a pesquisa de mercado desses fatores também estão entre os itens indispensáveis para a obtenção de um menor custo de produção e conseqüente garantia de eficiência.. Ainda no rol da redução de custos está uma velha tática dos bons administradores. Na observação do melhor período para compras de fertilizantes utilizados na cafeicultura, pesquisas apontam junho-julho como meses favoráveis para a compra de tais componentes, uma vez que os preços estão mais baixos. Nesses meses, a procura cai, o que explica a redução de seus preços.. No período entre setembro- dezembro que corresponde ao plantio das culturas anuais, o adubo alcança seus maiores preços. Deve-se, portanto, evitar sua compra na época de sua aplicação, como a maioria faz. Boa prática é também consultar os preços dos insumos em várias lojas. No mais, o cafeicultor deve-se comportar como um bom capitalista, procurando informa-se sobre os preços vigentes, não entregando o seu produto para o primeiro comprador e estar atento quanto ao seu volume de produção. Se for pequeno, associar-se a um grupo ou filiar-se a uma cooperativa talvez seja sua melhor opção. A própria cooperativa provará o café de modo que o cafeicultor saiba qual o tipo do produto que está vendendo, não precisando aceitar a classificação que o particular vai fazer.. Uma boa estratégia é acompanhar o mercado e esperar o momento em que obtenha o maior preço. O sucesso do empreendimento na cafeicultura depende, em grande parte, da comercialização do produto gerado. Há sempre na comercialização a incerteza quanto ao preço que o produtor atingirá ao fim do processo de produção. A comercialização do café, do ponto de vista do cafeicultor, significa a última operação da produção. É uma etapa incômoda, trabalhosa e arriscada, principalmente pela incompreensão do sistema de preço na hora da venda..

(15) 15. Diversas firmas com finalidades diferentes negociam com café. São exportadores, cooperativas, torrefações, cafeicultores que comercializam diretamente ou através de corretores. Os cafeicultores vendem para maquinistas, torrefações industriais de solúvel e para firmas exportadoras. Devido à complexidade do mercado de café, é conveniente que se faça a administração dos riscos deste mercado de maneira semelhante ao que se faz no mercado de ações. Os preços podem ser preferidos considerando-se rentabilidade, liquidez, segurança. Se o cafeicultor visa alta rentabilidade e quer obter o valor máximo para o seu produto, deve preferir o preço no “ pico ”. Ao fazer opção por vender pelo maior pico, está ele perseguindo rentabilidade. Os preços de venda usando liquidez são aqueles pelos quais se pode vender em qualquer tempo que for necessário. As vendas feitas visando segurança são aquelas que garantem o recebimento do seu valor combinado.. Cada cafeicultor é caso particular quanto `a preferência por rentabilidade, liquidez e garantia. Alguns podem acompanhar o mercado e esperar o momento em que se obtenha o maior preço.. Outros precisam vender imediatamente após a colheita, pois precisam assumir compromisso de pagamento do custo. Para estes, o interesse é a liquidez, ou seja, encontrar o comprador no momento em que necessite do dinheiro. Se o cafeicultor quer obter maior rentabilidade, terá que vender o seu produto na época de “ pico” de preço.. No período de colheita geralmente, agosto-novembro, acontecem as maiores vendas. Nesta época, o cafeicultor vende para saldar seus compromissos e resolver o problema de necessidade de dinheiro. É época de grande liquidez, mas os preços são os mais baixos do ano. Quando a maioria dos cafeicultores já vendeu seus produtos, geralmente de dezembro-abril, acontecem os “picos” de preço, mas o mercado é estável e às vezes falta comprador, nesta época não há liquidez. Entre maio-julho, o número de negócios também é pequeno e a liquidez é baixa, o mercado apresenta-se nervoso, ocorrem geadas e secas. O conhecimento das safras futuras é impreciso, bem como o balanço dos estoques nas mãos de particulares. Os produtores que vendem nesta época procedem como se.

(16) 16. estivessem em um jogo, pois, se acontece uma geada forte e a época é de escassez, o preço sobe e o cafeicultor tem grande rentabilidade.. Como o mercado de café tem grande variação de preços e varia a quantidade de negócios efetuado no mercado durante o ano, é necessário determinar a melhor estratégia para a comercialização do café. É conveniente fazer uma diversificação nas vendas de acordo com a situação do cafeicultor e do mercado para, no final, obter um preço médio vantajoso. É possível organizar as vendas de modo que elas apresentem, em média, certo grau de rentabilidade, liquidez e segurança compatíveis com o caso particular de cada cafeicultor. A obtenção de financiamento pode ser interessante por possibilitar a venda do produto em época mais propícia, contanto que a taxa de juros seja observada, para que o preço ganho na venda do produto não seja menor do que o dinheiro gasto no financiamento, para que o cafeicultor não venha a ter prejuízo.. Historicamente, os preços do café apresentam oscilações cíclicas. Estas oscilações são sempre fruto de uma variação maior na produção (oferta) do que na variação do consumo (demanda). Uma fase de preços baixos pode ser simplesmente impulsionada por um desequilíbrio entre oferta e demanda que gera um excedente de produção no mercado.. Nesse caso, não existem mágicas. Precisa ser restaurado o equilíbrio através da redução da produção e do aumento do consumo. O maior desafio é estruturar a atividade para que ela se mantenha viva e produtiva, gerando riquezas. É um grande desafio, mas plenamente superável, dependendo da capacidade do próprio produtor e de todos aqueles que fazem do agronegócio café sua atividade.. O agronegócio café iniciou o novo milênio sob o impacto do pior nível de preços de sua história. O efeito resultante dos bons preços de 1994 a 1999 sobre o produtor fez o plantio de novos cafezais no mundo crescer com inédita rapidez, agora que as modernas tecnologias de plantio permitem grande rapidez na implantação das lavouras..

(17) 17. O produtor do café deve tomar plena consciência do processo de desequilíbrio na oferta em relação à demanda e conhecer o seu caráter cíclico ou passageiro. Enquanto não houver esse ajuste, os preços se manterão de forma não remuneradora. Cada um terá que fazer sua parcela de sacrifício, reduzindo sua oferta, buscando selecionar as lavouras, abandonando aquelas menos produtivas.. Outra tendência que se observa é a do deslocamento dos preços de café de alta qualidade do mercado, definido pelas bolsas de mercadorias. O Café arábica de baixa qualidade, tem e continuará tendo seus preços definidos pela Bolsa de New York e estes produtores terão cada vez mais dificuldades de viabilizar seu negócio em função da crescente concorrência dos produtores de Café robusta, que tem um custo de produção bem menor em função da rusticidade da planta.. O Café na Bahia iniciou este milênio em condições bastante favoráveis, impulsionado pelos índices de produtividade superiores à média nacional, sobretudo na área irrigada no Oeste do Estado, e com estimativa de boa remuneração para os produtores. O CDPC (Conselho Deliberativo da Política do Café) vem disponibilizando novo sistema de financiamento. O desenvolvimento de novas tecnologias também conta com a participação de recursos estatais. O Ministério da Agricultura é um outro órgão que vem desenvolvendo políticas visando aumentar a liquidez do café. Diminuir a oferta adicional no mercado significa uma alavancada nos preços.. De fato, os financiamentos públicos mostram-se vitais e, quando não ocorrem, fatalmente acontecem perdas, tanto na área plantada quanto no volume físico produzido. A essencialidade da agricultura exige esse empenho tanto do governo como de outros setores interessados em colaborar com o seu desenvolvimento..

(18) 18. 3. A QUESTÃO AGRÍCOLA E O CRÉDITO. Paulo Rabelo de Castro, coordenador do Grupo de Informação Agrícola da Fundação Getúlio Vargas em seu texto: ‘O Impasse da Política Agrícola’, sintetiza muito bem a necessidade de recursos destinados à agricultura quando afirma ser o financiamento uma condição quase que obrigatória para o desenvolvimento de qualquer tipo de atividade, sendo o autofinanciamento caso raro. Há sempre a necessidade de fontes externas de recursos financeiros ao empresariado, e a falta de recursos financeiros fatalmente desestimula a produção, levando a um inevitável declínio na produtividade. Observando um universo mais macroeconômico, isso poderá ter conseqüências drásticas: Uma insuficiência de oferta, provocada por uma redução na produtividade, ocasionará pressões inflacionárias decorrentes da elevação no nível de preços, o que levará as autoridades monetárias a acionarem instrumentos restritivos sobre os meios de pagamentos, objetivando controlar tal tendência. O oferecimento de crédito, visando empurrar o nível de produção ao máximo permitido pela capacidade produtiva, poderá ser a solução, desde que o governo fique atento para que a abundância de recursos destinados a determinada atividade não provoque uma sangria nos demais setores e isso venha a provocar uma inflação generalizada. Ainda de acordo com Castro, o crédito na agricultura se faz necessário para que os empreendimentos rurais se tornem prósperos. A agricultura pode atingir a sua produção ótima conforme a utilização dos seus fatores de produção: com fatores de produção rudimentares, a produtividade é baixa, o que não ocorre com a utilização de fatores mais modernos. Comparando-se com os demais setores, vê-se claramente que a agricultura não pode oferecer ao capital nela investido os mesmos atrativos dos setores secundário e terciário da economia. A agricultura é um setor em que as rendas são mais baixas, as recuperações são lentas e também lentas são as reações e adaptações à procura dos mercados externos e internos. Em contraste, a indústria desfruta de ganhos maiores e adaptações relativamente rápidas às exigências do abastecimento. Por isso, o crédito funciona como um estímulo à atividade agrícola e se faz essencial para que os empreendimentos rurais se tornem prósperos;. Além disso, os bons e maus dias. dependem também dos níveis de renda nacional e da economia no seu conjunto. Enquanto isso, a indústria, em geral, pode reduzir a produção despedindo trabalhadores,.

(19) 19. política esta que a agricultura não pode seguir. O resultado nas épocas de crise é, portanto, de elevado desemprego e inutilização dos recursos na indústria, enquanto na agricultura o peso dos maus dias é suportado diretamente pelo empresário e pelo trabalhador rural. Outro problema é que, em termos gerais, considerados matéria-prima, mão-de-obra e mercado, uma indústria pode estabelecer-se em qualquer lugar. Em lugar disso, muitos produtores agrícolas requerem condições especiais dos solos, topografia, latitude, altitude, temperatura, precipitação pluvial etc.. Somando-se a todas essas. dificuldades estão as contingências a que a agricultura está exposta como as inundações, secas e pragas, riscos que tornam essa atividade bastante vulnerável. Empecilho também é a dificuldade com que os empresários obtêm lucros, tendo em vista que eles só vêm depois do período de desenvolvimento dos cultivos. Todas essas dificuldades a que a atividade agrícola está exposta fazem do crédito um recurso de suma importância na constituição de uma agricultura moderna, próspera, bem organizada e que possa responder às solicitações. de uma sociedade em que sobressaem as necessidades. alimentícias de uma população crescente e cada vez mais urbanizada.. A agricultura é uma atividade primária e essencial, mas tantas são as barreiras que dificultam o seu desenvolvimento que ela necessita de estímulos apropriados para chegar a converter-se em fundamento de um maior bem-estar para as populações rurais. O crédito é, portanto, um desses estímulos e seu objetivo básico é colocar terras em produção, estando sempre em relação com a superfície da terra cultivada, com a característica que tenha seus frutos no mercado nacional ou internacional, assim como com a técnica de produção empregada e o cadastro pessoal da empresa ou pessoa que o solicita. Ele vincula a agricultura a instrumentos jurídicos e econômicos capazes de mobilizar financeiramente as riquezas agrícolas e, juntamente com os demais instrumentos da política agrícola favorecer o desenvolvimento econômico geral, já que impulsiona a criação de outros serviços para os agricultores, sobretudo aqueles serviços auxiliares de crédito e colabora ainda com os demais serviços agrícolas, dentro de suas possibilidades de funções próprias. O empréstimo é feito com as características de um contrato comum, baseado no risco de atividade, no risco associado à firma tomadora do empréstimo, e pelas garantias associadas ao credor. Com tais características e mesmo com as taxas de juros abaixo do.

(20) 20. valor das taxas de mercado, os agentes financeiros estariam dispostos a emprestar somente a tomadores que oferecessem garantias reais muito elevadas e possuíssem um índice de liquidez igualmente alto. Portanto uma firma com índice de liquidez maior, receberia ofertas de empréstimos a juros menores do que as outras firmas com índice de liquidez menor. Tais itens obedecem as regras do capitalismo, embora o objetivo do programa de crédito seja criar as bases para um maior bem-estar econômico e social da população rural.. No âmbito da política creditícia convive-se com os extremos: em algumas situações nota-se a obstrução dos canais de concessão do crédito, em outras, a excessiva liberalidade de algumas linhas de favorecimento. Isso provoca acusações dos demais setores, quer pelo lento crescimento do nível de produção, quer pela ausência aparente de resposta à farta liberalidade creditícia. O que se faz bastante claro é que a presença de uma política agrícola é essencial, uma orientação é fator primordial para que essa política não seja a própria manipulação do crédito rural, uma vez que o crédito subsidiado já rotula o setor agrícola como um setor estagnado, onde o país teria baixo grau de competitividade. A baixa rentabilidade do setor, porém, é superveniente à manipulação dos preços dos fatores de produção para cima, e dos preços dos produtos para baixo. Por aí, vê-se que o crédito subsidiado não funciona apenas como estímulo adicional do setor, mas apenas como mecanismo aparentemente compensatório da política de preços de insumos e produtos agrícolas.. Um maior grau de racionalidade na política agrícola exigiria, primeiramente, um realinhamento do sistema de preços agrícolas (no nível de produtos e insumos). A partir desta medida e somente depois dela, já não seria onerosa, tampouco, a reimposição de uma ‘verdade’ da taxa de juros ao crédito rural, desde que acompanhada, equanimemente, de uma gradual eliminação de todo o sistema de privilégios creditícios artificiais a outros setores. 3.1 A INSTITUIÇÃO DO CRÉDITO DESTINADO À AGRICULTURA. As leis estimuladoras do crédito rural surgiram em meados da década de 1960, quando, segundo a revista Planejamento e Políticas Públicas (dez.1989) começou a surgir uma.

(21) 21. nova classe de pequenos produtores que se distanciou das concepções clássicas de campesinato, e aproximou-se mais do farmer americano. A mais importante delas foi a de número 4.289, de 5 de novembro de 1965, quando de fato o crédito agrícola foi instituído. Teve como sua principal característica o empréstimo de dinheiro a juros negativos, no intuito de estimular o crescimento ordenado de investimentos rurais, além de financiar o custeio oportuno e a comercialização de produtos agropecuários. Esta lei estava cheia de boas intenções e seus objetivos giravam em torno do fortalecimento dos produtores rurais, particularmente os pequenos e médios, e facilitar a introdução de métodos racionais de produção agrícola com a antecipação de recursos para financiamento e aparelhamento. Na verdade, o que se pretendia com o crédito agrícola era promover a modernização da agricultura através da canalização de uma parcela maior de recursos financeiros à agricultura. Isso significava vinculá-la às fontes de financiamentos, o que se realizou ao serem criados instrumentos jurídicos e econômicos de apoio a esta atividade, já que os bancos comerciais privados não vinham atendendo ao setor satisfatoriamente, limitando consequentemente o desempenho da agricultura.. A criação do Sistema Nacional de Crédito Rural em 1965 (LAUCK, dez.1989) deu início a um período de modernização agrícola, marcado principalmente pela intensificação da relação entre a agricultura e o sistema bancário. A partir daí, caberia ao Conselho Monetário Nacional a função de disciplinar o crédito rural e estabelecer suas normas opinativas. Ao Banco Central coube dirigir, coordenar e fiscalizar o cumprimento das normas. Além desse banco, passariam a compor também o Sistema Nacional de Crédito, o Banco do Brasil, os bancos regionais de desenvolvimento, bancos estaduais, bancos privados, Caixa Econômica, sociedades de crédito, financiamento e investimento, cooperativas, órgãos de assistência técnica e extensão rural. Posteriormente, a lei que criou O Sistema Nacional de Crédito Rural foi complementada por dois atos normativos: O primeiro deles criou o FUNAGRI (Fundo Geral para a Indústria e a Agricultura), que destinava recursos para financiamento das necessidades da indústria e da agricultura.. O segundo ato normativo, em 1967,. obrigava os bancos a aplicar 15% dos depósitos que fossem feitos à vista em suas instituições em crédito rural. Essas medidas fizeram com que os recursos destinados ao crédito crescessem de maneira significativa. Esse aumento no volume de recursos.

(22) 22. destinados ao crédito gerou um aumento extraordinário na utilização dos chamados insumos modernos (fertilizantes e defensivos principalmente) e de máquinas e equipamentos na agricultura, uma vez constatado que os insumos modernos tinham preços elevados para a agricultura de baixa renda e que a utilização destes inibia o desenvolvimento da agricultura.. O crédito agrícola subsidiado foi um forte fator. responsável pelo desempenho satisfatório do setor agrícola, sendo responsável pelo crescimento da produção e pela modernização ocorrida no setor brasileiro nas décadas de 60 e 70. Tanto a disponibilidade do crédito em si como o subsídio implícito nas taxas de juros mais negativas fizeram do crédito rural o único e mais importante instrumento utilizado pelo governo para alcançar seus objetivos no campo da agricultura. Com os recursos provenientes do crédito foram comprados fertilizantes, corretivos, equipamentos para irrigação, novas variedades de sementes etc.. O programa de crédito visava assegurar uma parcela maior e mais estável de recursos financeiros à atividade agrícola, e os bancos oficiais eram os mais indicados para tal empréstimo, pois, pelo menos teoricamente, estes bancos têm objetivos sociais e, por isso, admitiriam um maior volume de inadimplência como resultado normal. Além do mais, não tentariam obter uma maior lucratividade na administração do crédito rural, embora sempre tentando minimizar o volume da inadimplência. Tudo isso fazia do programa de crédito um programa pouco atrativo para os bancos privados. Mesmo assim, os bancos privados também foram levados a participar do programa de crédito rural através do Ato Normativo de 1967, por meio do qual foram obrigados a destinar 15% de seus depósitos para empréstimo à agricultura, determinação esta que deu enorme amplitude às operações do sistema.. Foi instituído também o Decreto N.º. 58.380, de 1966, pelo qual cabia ao Banco Central do Brasil a administração das operações de crédito rural, objetivando a constituição da “Provisão para Riscos de Financiamentos Rurais”, destinada a indenizar financiadores pelas suas operações de crédito agrícola.. O Ministério da Agricultura adotou medidas que permitiram ao. Conselho Monetário Internacional fazer constar, no orçamento da União, verbas específicas para o custeio de assistência técnica e educativa aos beneficiários do crédito rural, tudo isso monitorado pelo Banco Central, objetivando evitar o paralelismo de assistência ao mesmo beneficiário para idêntica finalidade.. Caberia ao Conselho.

(23) 23. Monetário Nacional a revisão das taxas de financiamento e demais despesas incidentes sobre as operações de financiamentos concedidos pelas instituições financeiras ao setor rural, objetivando reduzir o custo dessas operações.. O acesso facilitado ao dinheiro proporcionou o desvio de recursos destinados ao crédito para o consumo e aquisição de terras, e as primeiras evidências sugeriam que o principal objetivo da concessão do crédito rural não estava sendo satisfatoriamente atingido, uma vez que a maior parcela dos saldos de crédito rural era destinada a grandes produtores rurais, enquanto apenas uma pequena parcela destinava-se a pequenos tomadores. Isso evidenciava que o objetivo de proteção e incentivo aos pequenos e médios produtores rurais não estava sendo plenamente atendido. Malgrado todas as suas intenções iniciais, suas aplicações continuavam extremamente concentradas, pois entre 75% e 90% do valor dos créditos concedidos acabavam indo para as mãos dos grandes e médios proprietários de estabelecimentos agropecuários, os de dimensões superiores a 100 hectares. O número total de contratos de crédito, segundo as estatísticas, mostra que os empréstimos rurais beneficiam não mais de 25% dos estabelecimentos agropecuários existentes, certamente os de maiores recursos.. Pelo mecanismo do crédito, o Estado passou a subvencionar o setor agrícola. No período de 1969/1975, o crédito rural a juros subsidiados aumentou consideravelmente de volume, sendo provável que se tenha tornado o principal instrumento de apoio governamental ao crescimento da produção agrícola. Contudo esses recursos acabavam não beneficiando aos setores que dele mais necessitavam, e logo nos anos seguinte à sua implantação, o crédito rural cresceu a taxas três vezes superiores, evidenciando o caráter altamente especulativo da utilização do crédito subsidiado.. Os tomadores. elevavam o seu grau de endividamento pela simples conveniência de reaplicar os lucros de sua atividade agropecuária em outros setores, com taxas de retorno mais específicas a curto prazo, além do que os novos recursos, ao invés de serem canalizadas para o incremento da mecanização, estavam sendo orientados para a compra de novas terras, elevando o custo destas e se convertendo em fator inflacionista.. Por ser a forma de financiamento mais barata do País, a concessão de crédito rural foi.

(24) 24. responsável pela intromissão de aventureiros sem nenhuma experiência agrícola, que conseguiram abrir o cofre da maior instituição de crédito oficial do País e penetrar no meio. As facilidades eram muitas: os empréstimos eram concedidos sem as garantias exigidas pelos bancos privados e muitos ruralistas se aproveitaram do dinheiro do Banco do Brasil para engordar o patrimônio, enquanto outros investiram na produção, e com tantas facilidades acabaram fazendo mais do que podiam e se endividaram até quebrar. Até 1979, o crédito rural não teve correção monetária, e até então, muita gente enriqueceu tomando dinheiro do financiamento agrícola e aplicando o juro no mercado financeiro.. A partir daí, o governo passou a cobrar a TR ( Taxa Referencial) e 11% de juros, mas, apesar disso, os juros eram menores do que os cobrados pela casa própria, menos que para o cheque especial ou das compras pelo crediário. Ainda assim, os ruralistas faziam tudo para não pagar seus débitos. Na época do Plano Cruzado, eles tiveram suas dívidas anistiadas depois de se rebelarem contra o pagamento da correção monetária. Em 1992, no Plano Collor, eles conseguiram rolar parte de suas dívidas com o argumento de que os juros estavam muito altos. Em resumo, os planos econômicos fracassados antes do Real contribuíram para turvar a situação do crédito rural.. Cada plano teve sua própria regra de correção monetária, cada lado fazia seus cálculos e a coisa sempre parava na Justiça. O problema de parar na Justiça é a lentidão com que os processos se arrastam nos tribunais e, com isso, os ruralistas acham que ganharão tempo para um novo perdão. Esta certeza baseia-se na relação promíscua que quase sempre os inadimplentes mantêm com o poder. Eles financiam campanhas eleitorais, têm representatividade no Congresso Nacional e têm uma certa aproximação com o Poder Executivo.. Por isso, vez por outra, eles conseguem derrubar a TR ou tentam anular sua cobrança em prol da variação do preço mínimo dos seus produtos, visando assegurar que, em época de safra, seu produto seja cobrado abaixo disso. A bancada ruralista é organizada e poderosa, por isso consegue atormentar a vida de sucessivos governos, boicotando votações para conseguir dinheiro para o campo, empréstimos a juros baratos ou mesmo.

(25) 25. perdão da dívidas.. 3.2 O CRÉDITO E A INADIMPLÊNCIA. De acordo com o autor do artigo que está na Revista Veja (BALTHAZAR, nov.1988), a questão da inadimplência abrange uma porção pequena de agricultores e o que impressiona é o montante financeiro que isso representa. Por exemplo, na safra de 1995 existiam 331.000 agricultores que tiveram acesso ao crédito rural do Banco do Brasil e 95% pagaram suas dívidas em dia, restaram 18.000 caloteiros que perfaziam 5% do total, mas que tinham uma dívida em dimensões gigantescas. Em resumo: são estes os grandes fazendeiros, milionários do campo, habituados a tomar dinheiro barato de crédito rural do Banco do Brasil e não pagar o que devem.. O empréstimo. governamental é feito de acordo com o seu objetivo: existe o empréstimo para a implantação da cultura, que varia conforme o número de covas plantadas; existe o empréstimo para compra de máquinas e infra-estrutura para beneficiamento, armazenamento e classificação do produto, e ainda existe o chamado empréstimo de custeio. O Banco do Brasil é o principal fornecedor deste tipo de crédito, mas o antigo Baneb e o BNB também participavam do financiamento. Como o critério para empréstimo é possuir um maior número de covas, os maiores valores emprestados são mesmo para os grandes produtores, que também acabam ficando com a maior fatia do financiamento destinado ao custeio. A conclusão incontestável é que esses financiamentos se concentram mais nas mãos dos grandes produtores. Infelizmente a tendência aqui é a mesma que se verifica em qualquer tipo de atividade: embora os produtores menores sejam em bem maior número de covas, os maiores valores emprestados são para os grandes produtores, que também acabam ficando com a maior fatia do financiamento destinado a custeio. Infelizmente, a tendência aqui é a mesma que se verifica em qualquer tipo de atividade: embora os produtores menores sejam em bem maior número, participam em bem menor proporção dos benefícios concedidos pelos canais oficiais do Estado.. Uma das constantes alegações entre os ruralistas é que a agricultura é uma atividade de.

(26) 26. risco e o governo tem o dever de ajudá-los com subsídios, preços mínimos e juros baixos, e ainda acham que o governo tem a obrigação de preterir produtos agrícolas a preços bem mais baratos no exterior para comprar os plantados no Brasil, a preços bem mais elevados.. Todos os devedores do Banco do Brasil dizem ter uma dívida bem menor do que os valores cobrados pelo banco. A dívida é grande porque, ao tomar dinheiro emprestado, o agricultor assina um contrato que prevê multas e juros mais pesados se ele não pagar o que deve. Depois do vencimento, além de pagar a parcela e o valor da TR, o devedor passa a pagar o valor da parcela, a TR e o juro mensal. Pelo atraso no pagamento, o banco também cobra uma multa sobre o valor total do empréstimo. No final, nem se paga a dívida e a lista de inadimplência do Banco do Brasil vai parar na Justiça.. 3.3 DIFERENTES FORMAS DE CRÉDITO. Têm-se que distinguir duas formas de crédito: A primeira é o crédito para custeio e a segunda é o crédito para investimento, as quais se constituem em duas propostas diferentes mesmo sendo interdependentes. Até 1979, o valor básico de custeio era determinado pela fórmula: Área cultivada x Produtividade x Preços mínimos, passando depois desta data a serem determinados pelo Banco Central. Com essa mudança, o Conselho Monetário Internacional passou a controlar os limites de crédito rural por área, além de que o financiamento não era mais feito integralmente, girando em torno de 80% a 90% a depender do tamanho do produtor.. Existem grandes distorções na política de crédito rural provocadas pelos desvios em relação aos propósitos expressos nos regulamentos e planos governamentais. O crédito, por exemplo, não vem atendendo prioritariamente os pequenos e médios agricultores, contribuindo para o aumento das disparidades regionais, não está ajudando no uso adequado dos fatores de produção disponíveis e nem está provocando respostas, quer em nível da produção quer em nível da produtividade, proporcionais aos recursos aplicados. São comuns casos de desvios de natureza fraudulenta quando os recursos.

(27) 27. liberados para o financiamento são diretamente aplicados em outros setores da economia.. Por ser um setor fortemente subsidiado, estas distorções contribuem ainda mais para o aumento das desigualdades já marcantes da sociedade brasileira.. Como instrumento de política econômica manipulado pelo Estado, o crédito rural tem expressado claramente os interesses dos grupos que maior influência exercem sobre as decisões do governo. O crédito rural é simultaneamente um instrumento de que as classes dominantes lançam mão, através do aparato estatal, para estabelecer as suas alianças que vêm beneficiar os médios e particularmente, os grandes proprietários rurais. O financiamento subsidiado, que se constitui numa verdadeira doação, seria sua compensação a outras penalidades impostas ao setor agrícola como um todo (confiscos, cotas de retenção, preços administrados), mas que beneficia apenas uma minoria.. Interesse salutar partiu do setor industrial, precisamente das indústrias de insumos e máquinas agrícolas. Este setor encontra-se inteiramente dependente da disponibilidade do crédito rural e tem um claro interesse na chamada modernização da agricultura. Modernização e crédito dinamizam vários setores da economia e, os bancos, apesar das taxas negativas de juros, apresentavam lucros elevadíssimos provenientes da gestão do crédito agrícola. Assim, tanto o Banco do Brasil, que responde por três quartos dos financiamentos da agricultura e que dirige mais de 50% de suas aplicações para este setor, como os bancos particulares, dirigindo empréstimos em maior escala para a comercialização, em que os riscos são menores e os lucros maiores, têm lucros bastante elevados. Diversos grupos da economia se beneficiam da agricultura e todos têm interesse no programa de crédito agrícola: comerciantes, vendedores de insumos e máquinas, intermediários compradores de produtos agrícolas, indústrias que processam produtos agropecuários, exportadores, ainda que em menor escala, todos esses grupos se beneficiam.. As distorções que têm caracterizado a política de crédito são grandes, o governo vem introduzindo novas exigências com vistas a aumentar a participação dos recursos próprios dos produtores, bem como a elevação das taxas de juros, implementando um sistema de fiscalização mais rigoroso. Para aqueles que têm acesso fácil ao crédito.

(28) 28. rural, tornou-se prática rotineira realizar-se a exploração agrícola apenas com dinheiro do governo, destinando os recursos próprios para outros investimentos. Tanto era assim que o produtor rural brasileiro em face das taxas de juros reais negativos, objetiva a maximização de seu patrimônio líquido e não a maximização de sua renda líquida. Tanto é que os líderes de associações de classe dos agricultores e alguns membros do governo propõem suprimir os subsídios ao crédito rural, mas isso significaria uma ausência de qualquer controle por parte do Estado, o que não atenderia aos interesses das forças que comandam o processo de acumulação do capital.. Em palestra proferida pelo Ministro da Agricultura na Comissão de Agricultura da Câmara em março de 1995, ficou claro que o modelo de crédito rural concebido nos anos 60 era um modelo de autêntico paternalismo estatal. Na época em que foi concebido, o equilíbrio fiscal não era uma prioridade, e a emissão de moeda, o Tesouro nacional e os depósitos à vista do sistema bancário eram as fontes financiadoras do crédito rural. Por dispor de tais regras, o crédito rural passou a ser responsável por uma parcela crescente da dívida pública e da base monetária, chegando, em 1980, no auge das aplicações, a representar 20% do saldo dessas duas contas. Acirrou-se o processo inflacionário, e, a partir de meados dos anos 70, o governo passou a impor restrições quantitativas com relação à fonte Tesouro Nacional nas contas em aberto do orçamento monetário, entre as quais incluía-se o crédito rural.. A partir de 1986, as contas. financiadas com recursos do Tesouro Nacional foram todas transferidas para o Orçamento federal e as contas do Tesouro que, nos anos 70, participava com 75% das aplicações na agricultura, passou a aplicar cerca de 10% a partir de 1986. A redução drástica do volume de crédito oficial não é substituída por financiamentos da rede bancária privada, que tenta manter-se fora, ou apenas atendendo a setores mais dinâmicos, como a agroindústria e os exportadores de produtos agropecuários. Na realidade, o crédito rural vem-se sustentando, desde os meados dos anos 70, por empréstimos dos bancos oficiais federais, tornando o modelo brasileiro de crédito rural totalmente estatizado.. Descendo a um universo mais micro o próximo capítulo faz um estudo bem detalhado da produção de café na Bahia, focando as principais regiões produtoras e suas.

(29) 29. especificidades produtivas..

(30) 30. 4. O PANORAMA DO CAFÉ NA BAHIA. A cafeicultura representa a principal atividade agrícola de vários regiões do Estado, gerando emprego e renda. A Bahia vem-se firmando a cada ano como um estado produtor de café graças ao advento na sua modernização, através do uso da tecnologia adequada e de um processo de acompanhamento e informação constante junto aos produtores, objetivando agregar qualidade e valor, contribuindo para o desenvolvimento e competitividade das regiões onde estão instaladas. A Bahia ocupa a 4ª posição entre os demais Estados e vem cada vez mais desenvolvendo sua potencialidade para ocupar um lugar de destaque entre os primeiros Estados produtores de café do Brasil.. A Bahia está desenvolvendo a certificação do seu café através de três marcas que representam regiões em característica e peculiaridades próprias. Em verdade, no solo baiano são produzidos 23% de café robusta do Sul e Extremo-Sul do Estado; O café do Planalto representa o arabica produzido nas Regiões da Chapada, Vitória da Conquista, Jequié, Santa Inês e Brejões; e o Café da Bahia Cerrado que representa a produção também do arabica na Região do Oeste da Bahia. O café arabica é normalmente cultivado nas regiões de clima mais ameno, com temperaturas médias anuais na faixa de 19º - 22º C e o robusta em áreas mais quentes.. As mudanças tecnológicas que vêm ocorrendo nas regiões tradicionais do café arábica, Planalto de Conquista, Chapada Diamantina e Região Serrana de Itiruçu/Brejões e na ampliação das áreas de Comillan, do gênero robusta na Região Atlântica, juntamente com o estabelecimento de um moderno e competitivo pólo cafeeiro irrigado na região Oeste (Cerrado) de forma organizada e na busca constante do direcionamento de suas ações para qualidade e isenção num mercado de ponta do agronegócio café, demonstram que a cafeicultura da Bahia será um destaque no novo milênio.. Vários órgãos, como a SEAGRI- Secretária de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária, EBDA- Empresa Bahiana de Desenvolvimento Agrícola S/A e o Banco do Nordeste, assinaram o Protocolo do Café, com a finalidade de promover a recuperação e ampliação do parque cafeeiro, assim como torná-lo competitivo, através da aplicação de.

(31) 31. linhas de crédito, transferência de tecnologia mediante assistência técnica e desenvolvimento de pesquisa, contemplando inicialmente a Região do Planalto de Vitória da Conquista, expandindo-se para as demais regiões tradicionais produtoras, depois incorporando novas fronteiras, a exemplo da Região do Extremo-Oeste, onde vem-se implantando uma cafeicultura irrigada, e a introdução do café da espécie Coffea Conephora, Robusta, da Região Sul.. Como resultado da aplicação de recurso, vários produtores foram beneficiados. A ação direta da aplicação do crédito fez ampliar a área plantada e indiretamente, através da influência do programa nas áreas tradicionais e da atração de novos investimentos, principalmente na região do Extremo-Oeste. Outra elevação vem ocorrendo com o número de produtores, devido ao grande número de projetos beneficiando a Associação de Pequenos Produtores com o crédito, mais os resultados dos investimentos privados, ampliando, assim, os benefícios sociais e econômicos da cafeicultura nessas regiões. Verificou-se, também, um acelerado processo de mudança na densidade de plantas utilizadas por área, assim como nos sistemas de condução das lavouras e utilização do uso de irrigação ou de técnicas que permitem menores perdas com os períodos de seca nas regiões produtoras, buscando uma melhor produtividade. O trabalho de apoio para a melhoria nos tratos da lavouras, envolvendo principalmente o uso de irrigação, nutrição equilibrada e controle de pragas/doenças, deve merecer a concessão de créditos adequados e assistência técnica competente, através de equipe especializada.. A cafeicultura baiana vem crescendo e a Bahia avança na sua pretensão de estar entre os maiores produtores nacionais. Na Bahia, a cafeicultura está alcançando fronteiras e trazendo riqueza e prosperidade aos cafeicultores que nela acreditaram. Variedades mais bem adaptadas permitiram a expansão para o Sul, Baixo-Sul, e Oeste, e a conquista de maiores espaços no mercado mundial, atendendo à nova realidade da globalização.. Embora exista um grande potencial para a produção de café nas áreas tradicionais, tanto na condição de sequeiro como de irrigado, outros espaços, sob condição de uso da irrigação e manejo mais adequado, estão-se expandindo. Além da boa infra-estrutura.

(32) 32. existente, como estradas, eletrificação, armazéns e portos, o Governo vem criando uma série de estímulos e incentivos em parceria com o Banco do Nordeste, Desenbanco, Banco do Brasil, entre outras entidades, para revigorar e ampliar a produção cafeeira. Entre os programas de incentivo do Governo, destacam-se: o Programa de Recuperação e Desenvolvimento da Cafeicultura do Estado da Bahia, lançado para desenvolver ações integradas de assistência técnica, gerencial e creditícia, aumentar a produção mediante a expansão da área cultivada e permitir ganhos de produtividade do café irrigado e de sequeiro; e o Agrainvest- Programa de Investimento para Modernização da Agricultura Baiana, dirigido para reduzir os encargos financeiros da cafeicultura irrigada e deixar o setor mais competitivo para responder aos novos desafios de mercado..

(33) 33. Mapa 1: Principais áreas cafeeiras do Estado da Bahia Fonte: BAHIA (2000).

(34) 34. Oeste Baiano. Um dos pólos cafeeiros que vem merecendo destaque é o Oeste Baiano. Considerado importante pólo agrícola do País contabiliza números de crescimento de área, produção e produtividade fantásticos. Neste início de século, esta região já conta com 1,2 milhões de hectares cultivados. Dentro desta área, estão 68 mil hectares irrigados onde, além da cultura do café irrigado, estão as culturas de algodão e frutas.. Plantar café nessa área apresenta certas facilidades, pois a Região Oeste da Bahia está situada à margem esquerda do Rio São Francisco, o mais importante do Nordeste, compondo uma extensa bacia hidrográfica, com potencial de irrigação grande e bastante propício à agricultura. A região tem solo, vegetação, índices pluviométricos e, principalmente, clima perfeitamente adaptável para a agricultura mecanizada. Aliado a isso, a grande disponibilidade de terras a baixo custo é um excelente atrativo ao investidor.. Comparando-se o preço da terra desta região com a do vizinho Estado de Minas Gerais, nota-se que nesta região baiana a terra chega a ter um preço até 20 vezes menor do que na parte mineira. Além disso, conta-se com a vantagem de um trabalhador receber uma diária irrisória. Mas o principal causador do desenvolvimento da cultura cafeeira no Oeste Baiano é mesmo a irrigação, um sistema de pivôs com suas varias torres descendo a cada 2 metros. Trata-se de um método já utilizado em São Paulo e que já vinha apresentando bons resultados na fruticultura. O fato de ser uma região plana facilita a introdução da mecanização, cabendo apenas ao Estado monitorar o uso da água, o que não parece difícil numa região em que, a cada 10 km, encontra-se um rio. Outra vantagem também é o clima, pois, além da estabilidade em torno de 27ºgraus, como a planta necessita de intensa luminosidade, esta, na região, é bastante razoável. A altitude desta região (entre 750 a 850 metros) é ideal para o Café Arabica , aí plantado. Abaixo de 700 metros só se consegue o tipo Robusta especialmente em blending para a indústria do solúvel. A topografia plana, a ampla insolação e o clima liberto pelas geadas são os grandes estímulos que poderão provocar uma verdadeira revolução.

Referências

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