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Revista RN Econômico - Dezembro de 1975

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(2)

JUNTOS

Quando a nossa Empresa inicia uma

nova obra está, com toda certeza

marcando mais uma etapa de progresso

do Rio Grande do Norte. As nossas

construções significam novos

caminhos para o desenvolvimento:

nós fazemos estradas.

Quando a Editora RN-ECONÔMICO

coloca em circulação mais um número

da sua revista está marcando em nossa

história as realizações dos nossos

homens de empresa: sua finalidade é

justamente a de documentar o trabalho

de construção do Rio Grande do Norte.

Estas razões nos levam a enviar aos que

fazem a revista

RN-ECONÔMICO a nossa

mensagem de parabéns pelo seu sexto aniversário.

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CONSTRUTORA

R J ^ I ^ L T O A

^ A n t ô n i o B a s í l i o , 1 3 7 o _ - * " A " e £ sI *

(3)

f RfMBOMffliãD^

V W V F \ J F #

REVISTA MENSAL

PARA HOMENS DE NEGÓCIOS

Diretorea-Edltorea

Marcos Aurélio de Sá

Marcelo Fernandes de Oliveira Gerente Financeiro

Núbia Fernandes de Oliveira Gerente Industrial Creso Barbalho Redatores Sebastião Carvalho Gerson Luiz Manoel Barbosa Colaboradores Alvamar Furtado Benivaldo Azevedo Cortez Pereira Dalton Melo

Domingos Gomes de Lima Edgar Montenegro Epitácio de Andrade Fabiano Veras Fernando Paiva Genirio Fonseca Hélio Araujo Hènio Melo Joanilson P. Rego João de Deus Costa João Wilson M. Melo Jomar Alecrim Luiz Carlos A. Galvão Manoel Leão Filho Moacyr Duarte Ney Lopes de Souza Nivaldo Monte Otto de Brito Guerra Severino Ramos de Brito Túlio Fernandes Filho Ubiratan Galvão

R N - E C O N Ô M I C O revista mensal especializada e m assuntos cconò-mico-financeiros d o R i o G r a n d e d o N o r t e , é d e propriedade da Editora R N - E C O N Ô M I C O Ltda. C G C M F 08423279/0001. Endereço: R u a Dr. José Gonçalves, 687 — N a t a l — R N . T e l e f o n e s : — 2-0706 e 2*4455. Impressa na Grá-fica R N - E C O N Ô M I C O . Ê p e r m l . tida a reprodução total o u parcial d e matérias, desde q u e seja citada a fonte. P r e ç o d o exemplar: — Cr$ 10,00. N ú m e r o atrasado: — Cr$ 12.00. Preço da assinatura anual: Cr$ 60,00. Assinatura para outros Estados: Cr$ 75,00.

J

s i i i n a ^ i o ^ r ^ ^

EMPRESA 1 N°.

As memórias de um vaqueiro

que chegou a capitão de industria / B q El E C O N O M I A

População de N a t a l precisa de

lhores salários IV ' 12 empregos e melhores salarios

N E G Ó C I O S G r u p o P L A N O S A faz n o v a i n v e s t i d a n o m e r c a d o d o p l á s t i c o 16 T U R I S M O A t é 1 9 8 0 , N a t a l terá mais h o s p e d e s d o q u e h o t é i s 18 I N D Ú S T R I A M e t a d a F i a ç ã o B o r b o r e m a é d u p l i c a r p r o d u ç ã o em 1 9 7 6 2 8 A G R I C U L T U R A ~ D ó l a r e s d o R U R A L N O R T E g a r a n t e m f u t u r o d o a l g o d ã o 3 1 S e c r e t á r i o d a A g r i c u l t u r a a n a l i s a p r o b l e m a s d o a l g o d ã o 3 3 P o r q u e os vales ú m i d o s são i m p r o d u t i v o s 3 6 P E R S P E C T I V A S C a i x a E c o n ô m i c a e n c e r r a b e m 7 5 e vai crescer e m 7 6 4 0 C O O P E R A T I V I S M O Falta d e e s t r u t u r a e n t r a v a o d e s e n v o l v i m e n t o d o setor 4 4 A C o o p e r a t i v a C e n t r a l vai a j u d a r ? 4 9 P E S Q U I S A R N p i o n e i r o na u t i l i z a ç ã o d e r á d i o - i s ó t o p o s e m p e s q u i s a s e c o n ô m i c a s 5 2 D E S E N V O L V I M E N T O R N a f i n a l m e l h o r c o l o c a d o na S U D E N E 5 8 E X T E N S Ã O R U R A L E M A T E R a b s o r v e a A N C A R e m u d a sistema d e t r a b a l h o 6 4 A G R O I N D Ú S T R I A I n d ú s t r i a d o a ç ú c a r v i v e os seus m e l h o r e s d i a s 6 7 M E R C A D O D E C A P I T A I S A p e s a r d a s m u d a n ç a s , c a d e r n e t a s a i n d a d ã o v a n t a g e m 7 1 U R B A N I S M O U m p r o j e t o p a r a m e l h o r a r os t r a n s p o r t e s u r b a n o s 7 4 T E C N O L O G I A E n f i m as águas mães s e r ã o i n d u s t r i a l i z a d a s 7 8 I M Ó V E I S " ~ V I V E N D A - a c o r r e t o r a d o a n o 8 0 E D U C A Ç Ã O ~ O P I P M O d á p r o f i ssão a q u e m só fêz e s t u d a r 8 4 M A T É R I A P R I M A A C I S A F vai i n d u s t r i a l i z a r o sisal d o R N 8 4 E M P R E E N D I M E N T O M e d e i r o s & C i a . - um s ó l i d o g r u p o e m p r e s a r i a l q u e n a s c e u d a s m ã o s d e u m p i o n e i r o 8 7 P R E V I D Ê N C I A

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HOMENS

& EMPRESAS

O

B A N O R T E I N V E S T E Cr$ 1,8 M I L H Ã O E M INSTALAÇÕES A B A N O R T E Crédito Imobiliá-rio S/A investiu na sede própria da filial de Natal a soma de . . . . Cr$ 1.800.000,00. O seu prédio da Avenida Rio Branco, com dois pa-vimentos, possui 600 metros qua-drados de área, garantindo con-forto aos clientes e funcionários. Dois homens devem ser apontados como responsáveis diretos pela gran-de expansão da B A N O R T E em Natal: Nelson da Matta e Francisco Cordeiro Bezerra, o primeiro dire-tor da empresa e o segundo gerente local. Nelson da Matta, apesar de suas múltiplas atribuições em Re-cife, tem dado especial atenção ao Rio Grande do Norte e a ele pode ser creditada a participação da B A N O R T E nos audaciosos e bem sucedidos empreendimentos do I N O C O O P .

O

C A P I T A L N A B A N O R T E I N J E T A E C O N O M I A D O R N Em apenas dois anos de atua-ção no Rio Grande do Norte, a B A N O R T E Crédito Imobiliário S / A j á investiu no financiamento de casas próprias em Natal a ex-pressiva soma de Cr$ 200 milhões Com um detalhe importante. 95% deste dinheiro foram trazidos de fora para dentro do Estado, o q u e representa um grande ingresso de recursos externos na nossa econo-mia, gerando empregos e salários para milhares de pessoas. Até este final de 1975, a B A N O R T E — se-gundo informa o seu diretor Nel-son da Matta — já financiou 4.880 casas em Natal. Em 1976, a previ-são é de que a B A N O R T E aumen-tará em mais de 100% essas marcas.

O

S O R I E D E M C O N S T R Ó I MAIS U M G A L P Ã O Até j u n h o do próximo ano a S O R I E D E M inaugurará o seu se-gundo galpão industrial, com o que ampliará a área construída da fá-brica em mais 5.000 metros qua-drados. I n f o r m a Garibaldi Medeiros q u e serão criados pelo menos mais 500 empregos diretos pela sua em-presa. A S O R I E D E M é uma indús-tria de confecções que já oferece 1.050 empregos.

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ILNASA VAI SER A M P L I A D A

A ILNASA — Indústria de La-ticínios de Natal, q u e encontrou a estabilidade financeira sob a di-reção de Vinício Garcia Freire, Sil-vério Cerveira e R o b e r t o Lamas, parte agora para sua expansão. U m projeto de modernização está sen-do elaborasen-do por um sen-dos melho-res escritórios de planejamento do Estado e deverá brevemente ser en-caminhado à SUDENE.

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A L P A R G A T A S SERÃ I N A U G U R A D A E M M A R Ç O

Será dia 16 de março a inaugu-ração das novas instalações da Al-pargatas do Nordeste S/A, à mar-gem da BR-101. Inicialmente, a em-presa empregará cerca de 300 pes-soas mas logo duplicará esse nú-mero Terrenos anexos à fábrica j á foram adquiridos, prevendo-se já para 1976 a construção de novos galpões industriais. Os próprios in-dustriais da confecção no R N con-sideram q u e a Alpargatas poderá ser, n o f u t u r o , a maior empresa do ramo em nosso Estado.

O

P O R C I N O T E R Ã 1.200m2 DE LOJAS O grupo Porcino deverá inau-gurar em fevereiro a sua nova loja da rua Princesa Isabel, que formará u m a ampla galeria com a matriz das Casas Porcino, na rua João Pes-soa. João Costa, um dos líderes do grupo, informa que a sua cadeia de lojas em Natal somará u m a área coberta superior a 1.200 metros qua-drados. Além de vender móveis e material para escritório e eletro-domésticos, as Casas Porcino im-plantarão u m amplo departamento de móveis coloniais.

O

DE C O N S T R U Ç Ã O NOVA EMPRESA N A P R A Ç A

Por outro lado, o grupo Porcino tem planejado a diversificação das suas atividades econômicas. U m a nova empresa foi criada, com par-ticipação acionária de todos os membros do grupo: a T r a m p o l i m Construção e Imobiliária Ltda., com sede à R u a João Pessoa, 209 — 1.° andar. A frente da nova cons-trutora está o engenheiro Geraldo Costa.

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C E R T A LANÇA E D I F Í C I O CANADÃ O engenheiro José Valter Car-valho, direetor da C E R T A — Construções Civis e Industriais Ltda., anuncia a conclusão este mês do primeiro prédio de apartamen-tos construído pela sua empresa: o Edifício Canadá, na Av. Campos Sales, contando com dez unidades. U m segundo prédio — o Edifício Itália — com três pavimentos, será lançado logo no início de 1976, constando de apartamentos classe "a", no mesmo nível de acabamen-to do primeiro edifício, cujas uni-dades já foram todas vendidas. Será localizado na Av. Hermes da Fon-seca. Até agora, a C E R T A já cons-truiu em Natal 25 residências de alta classe.

O

CA V I M I N A U G U R A NOVA FABRICA

A Companhia Agro-Industrial Vicente Martins — CAVIM, do grupo Vicente Martins, inaugurou a sua unidade de industrialização de castanha de caju, situada no km 1 da Estrada da Redinha. Tra-ta-se de mais uma iniciativa pio-neira da CAVIM no sentido de be-neficiar e valorizar os produtos pri-mários do Rio Grande do Norte trabalho que ela já vem realizando há muitos anos com a carnaúba e outras matérias primas.

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G R U P O A L O N S O B E Z E R R A FAZ L A N Ç A M E N T O S I M O B I L I Á R I O S

Dois grandes edifícios — u m residencial e outro comeercial — serão construídos pelo grupo Alon-so Bezerra. O primeiro, ficará si-tuado à Av. Getúlio Vargas, com visão panorâmica do oceano; o segundo, será localizado à Av. Deo-doro, em frente ao prédio do INPS Esses lançamentos imobiliários ocor-rerão no início de 1976.

O

C O N S T R U T O R A S E R I D Ó E N T R E AS M A I O R E S D O PAIS

A Construtora Seridó foi a em-presa de consrtução civil do R i o Grande do Norte q u e apresentou maior índice de crescimento em 1975, expandindo suas atividades para vários Estados, principalmen-te para Pernambuco. Graças aos resultados alcançados este ano, a Seridó já passou a figurar nas pu-blicações especializadas entre as maiores empresas de construção do país. Alínio, Flávio e Haroldo Aze-vedo, diretores da Construtora Se-ridó, antevêem em 1976 um ano mais promissor do que este.

O

C O R R E T O R E S DE IMÓVEIS J A N T A M C O M A I M P R E N S A O C R E C I — Conselho Regio-nal dos Corretores de Imóveis presidido por Francisco Ribeiro, promoveu um jantar de confrater-nização da classe com os jornalis-tas de Natal, ao qual também se fizeram presentes alguns repre-sentantes do Conselho Nacional dos Corretores. A Caixa Econô-mica, através do seu gerente New-ton Siminéa, a A P E R N pelo seu diretor F e r n a n d o Paiva, e o I N O -COOP, representado pela sua dire-tora Rosário Porpino, estiveram presentes.

A E R O T U R T E M

E X C U R S Ã O A O HAVAI Peri Lamartine, empresário que dirige a Agência Aerotur, lançará no início de janeiro uma excursão ao Hawai, a fim de atender espe-cialmente aos filiados do Lyons C l u b cuja convenção em 1976 será naquele Estado americano. A ci-tada excursão tem atrações previs-tas no México e no T a h i t i .

O

F R I G O N O R T E VAI SAIR DA CRISE

Salomão Lima de Oliveira, di-retor-presidente do F R I G O N O R T E certamente é um dos auxiliares da administração municipal que tem enfrentado mais dificuldades no desempenho de sua função. Ele as-sumiu a direção do órgão encon-trando dívidas elevadíssimas e com uma receita incapaz de fazer face às despesas de manutenção. Em ape-nas alguns meses, a receita do FRI-G O N O R T E foi duplicada e grande parte das dívidas foi liquidada, acreditando Salomão que no início de 1976 a empresa readquirirá o equilíbrio.

O

B Ä N D E R N M E L H O R A D E P O S I T O S E VAI A U M E N T A R C A P I T A L O presidente do Banco d o Es-tado do R i o G r a n d e d o N o r t e S/A, José Dantas de Araújo, fala com otimismo acerca das perspectivas para 1976. Declara ele que, logo no início do ano, o B A N D E R N de-verá elevar o seu capital de Cr$ 10 milhões para Cr$ 50 milhões, ga-n h a ga-n d o assim coga-ndições de abrir suas filiais no R i o de Janeiro e em São Paulo. O que mais estimula a atual direção do Banco do Estado é o prestígio que o estabelecimen-to tem recebido do comércio e da indústria. Desde a posse da atual diretoria, em abril, até este final de ano, os depósitos do Banco cres-ceram em mais de 50% e hoje re-presentam a soma de Cr$ 116 mi-lhões.

(6)

Joio Motta, aos 80 anos, rememora uma vida Inteira dedicada ao trabalho

Sua grande obra, o Curtume S2o Francisco, é hoje uma das mais

(7)

JOÀO FRANCISCO DA MOTTA

As memórias de um vaqueiro que

chegou a capitão de indústria

Nascido na fazenda Lagoa dos Macacos, no interior pernambucano, João Francisco da Motta

viveu todos os percalços que a sua obstinação determinava, na perseguição do ideal maior

de sua ascendência portuguesa: vencer na vida. Vaqueiro na adolescência,

desde essa época aprendeu que lidar com gado seria o seu destino.

Hoje, com oitenta anos de idade, João Motta olha para os lados, para traz e para a

frente e vê a sua obra como uma força atuante em todos os sentidos: é o

Curtume São Francisco fixado como um dos mais importantes da região. São

as fazendas que, multiplicadas graças à visão do vaqueiro adolescente,

representam hoje o cabedal de uma família que, seguindo o exemplo do seu chefe,

as transformam em fonte de rendimentos agro-pecuários dos mais sólidos. O Curtume,

particularmente, já em 1976 terá aumentada a sua produção de 800 couros e

500 peles/dia, para 1.000 couros e 3.000 peles. Além de já

ter projetada a instalação de outra empresa afim, a ARPEL —

Artefatos de Couro, que entre 7 6 / 7 7 estará em pleno funcionamento.

EMPRESA

Um executivo moderno, sem a colaboração de um sofisticado fi-chário ou de uma competente secre-tária, não terá condições de recor-dar datas d e importantes contratos firmados por sua empresa no ano anterior ou, mesmo, meses atrás. Aos 8 0 anos, João Francisco da Motta recorda, sem esforço e com espantosa precisão, todos os detalhes principais de sua incansável jornada para se tornar um dos mais impor-tantes industriais de couro da Re-gião.

E, em termos de dificuldades, não h á aferidores adequados para uma comparação entre a relativa-mente cômoda carreira de um exe-cutivo moderno e a jornada de um industrial nordestino. Principalmen-te se essa jornada Principalmen-teve como impulso inicial apenas a coragem para o tra-balho e a irreversível disposição para enfrentar obstáculos.

Amplos e penosos obstáculos, acrescente-se. Tão amplos que o diri-gente de uma moderna empresa se-quer poderá imaginá-los.

7 RN-ECONÔMICO

O VAQUEIRO E A SUA O R I G E M

O próprio João Francisco da Motta, na sua adolescência, também jamais poderia esperar q u e conseguiria superar tantos obstáculos para sair da condição de humilde vaqueiro de uma pequena fazenda de proprieda-de proprieda-de seu pai. A humilproprieda-de proprie-dade não dava margem a belos so-nhos para o futuro. Situada a 15 quilômetros da cidade de C a r u a r u , Pernambuco, a fazenda Lagoa dos Macacos era apenas um ponto n a monótona paisagem do agreste per-nambucano, quase totalmente des-pida do verde. A família era grande — 13 irmãos — e a terra tinha pou-ca coisa a oferecer, além de um ro-çado de mandioca e a criação d e umas poucas cabeças de gado.

O jovem João, porém, tinha no sangue a têmpera d e tradicionais famílias portuguesas que haviam es-colhido o Brasil como segunda pá-tria e a j u d a r a m o país a crescer com o seu trabalho. Seus bisavós eram portugueses: Antonio de Aniceto d e

Melo e Silva e Ricardo Fernandes da Motta, este d e Coimbra. O pri-meiro emigrou para Pernambuco e constituiu família em Limoeiro; o segundo veio também para Pernam-buco, mas se radicou em Caruaru. Ainda imberbe — João Fran-cisco da Motta nasceu em dois d e novembro de 1895 — ajudava n a fazenda e mostrava-se um vaqueiro aplicado, aparentemente como tan-tos outros da Região. Mas só apa-rentemente.

Aplicado, certamente era; possi-bilidade de obter conhecimentos es-colares, galgar os caminhos da Uni-versidade, também não tinha. Po-rém era dominado por uma idéia fixa que o diferenciava daquela fau-na de homens sem esperanças: a de ser independente.

Como vaqueiro, adotara um mé-todo muito comum naquela época: recebera uma vaca de um coronel e o compromisso de cuidar dela, fi-cando com um de cada quatro be-zerros nascidos.

(8)

AS A J U D A S E A T R A J E T Ó R I A D E U M V A Q U E I R O R E S O L U T O

Como vaqueiro, o q u e ganhava era pouco, conforme recorda hoje João Francisco da Motta, "mas va-lia à pena".

E valia à p e n a p o r q u e ia de-senvolvendo a sua capacidade po-tencial de m u l t i p l i c a r p e q u e n o s re-cursos através do t r a b a l h o . Capaci-dade q u e , aliada a u m a a g u d a per-cepção, o levou a concluir que a vida de v a q u e i r o n ã o apresentava grandes perspectivas.

"A família era grande — 13

irmãos — e a terra tinha

pouca coisa a oferecer, além

de um roçado de mandioca e

a criação de poucas cabeças

de gado".

Daí, em 1914 — com 19 anos, p o r t a n t o — J ° ã o Francisco se ini-ciava como corretor de peles e cou-ros. O p r i m e i r o c o n t a t o foi com u m a m e r i c a n o d o n o de u m arma-zém — R o s b a b k . Este, demonstra-ra q u e t i n h a necessidade de u m cor-r e t o cor-r e o jovem v a q u e i cor-r o viu, en-tão, a o p o r t u n i d a d e de ingressar n a q u e l a trilha de i n d e p e n d ê n c i a q u e escolheu p a r a si. — C o m p r a v a com m e u p r ó p r i o d i n h e i r o e revendia t a m b é m a di-n h e i r o . — l e m b r a .

A sua comissão era, em média, de m e i o tostão.

A clara m e m ó r i a de J o ã o M o t t a situa os preços d a q u e l a época:

— U m a pele de cabra custava 500 réis; a de carneiro, 400 réis e

a de boi de 1 . 8 0 0 a 2 . 0 0 0 réis. As transações se desenrolavam n a base da mais absoluta c o n f i a n ç a pessoal. O aval era o p r ó p r i o com-p o r t a m e n t o de cada u m . U m a b o a p a r t e das f i r m a s c o m p r a d o r a s era de origem norte-americana, m a s os gerentes brasileiros t i n h a m p l e n a c o n f i a n ç a n o jovem ex-vaqueiro, j á e n t ã o corretor. E r a difícil, c o n t u d o , p a r a q u e m nasceu n u m a fazenda, esquecer a a g r i c u l t u r a . J o ã o n ã o a esquecia. Mas a sua disposição de tornar-se i n d e p e n d e n t e o o b r i g a v a a agir de m a n e i r a prática.

C R É D I T O , A V I A P A R A SE G A N H A R D I N H E I R O

N u m aspecto, pode-se fazer u m a

r f l B R I G f t e

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Um* foto histórica: J o i o Motta «Inda jovem (da chapéu) antre oi taui ooerérloi, no Inicio de tua vida de empreiirio.

c o m p a r a ç a o e n t r e as necessidades de u m a empresa m o d e r n a e a de u m h o m e m destemido e a t u a n d o indivi-d u a l m e n t e : a necessiindivi-daindivi-de indivi-de capital. Só q u e a p r i m e i r a , h o j e em dia, tem a seu dispor os bancos, priva-dos e públicos, p a r a s u p r i r as suas necessidades de capital, com o de-talhe de n ã o haver t a n t a rigidez p a r a a consecução das transações.

E m 1918 n ã o havia bancos em C a r u a r u . H a v i a u m p e q u e n o g r u p o de pessoas q u e emprestava d i n h e i r o com prazos rígidos e j u r o s de dois p o r cento ao mês. O cadastro era a confiança pessoal. Q u e m n ã o a tivesse e n ã o cumprisse os prazos de p a g a m e n t o s t i n h a o crédito li-q u i d a d o e sem remissão.

Alguns p a r e n t e s a j u d a v a m J o ã o M o t t a com p e q u e n a s q u a n t i a s p a r a despesas pessoais, q u e ele logo restituía. Mas, fiel ao seu propó-sito de tornar-se i n d e p e n d e n t e fi-n a fi-n c e i r a m e fi-n t e , p a r t i u p a r a u m dos "ricos" d a q u e l a área e q u e tam-b é m fazia o p a p e l de tam-banco. E r a Francisco José dos Santos. O limi-te do e m p r é s t i m o era 100 m i l réis.

— O prazo: três meses. O j u r o era descontado logo: de 100 m i l réis, recebíamos 94. E r a m j u r o s b e m altos. Mesmo assim, era negócio. E eu só m e levantei graças ao crédito. — diz J o ã o Francisco d a M o t t a .

E p r i n c i p a l m e n t e p o r q u e fazia questão de respeitar i n t e g r a l m e n t e os compromissos.

L e m b r a , t a m b é m , q u e havia ou-tra espécie de ou-transação. U m o u t r o financista caboclo, José Nascimen-to, p o r exemplo, costumava empres-tar 100 mil réis pela m a n h ã n o iní-cio da feira — a q u e m t i n h a neces-sidade u r g e n t e de d i n h e i r o p a r a realizar alguns bons negócios —

p a r a receber 102 à tarde, ao térmi-n a r a feira.

Essa sequência de c o m p r a r , re-vender, p a g a r o d i n h e i r o empres-tado e viver e t e r n a m e n t e preocu-p a d o com os preocu-prazos t e r m i n o u preocu-p o r revelar a J o ã o Francisco da M o t t a q u e , no ciclo d o couro, o lucro maior ficava com q u e m c u r t i a e o industrializava.

"O primeiro couro, eu curti

em Rio Branco, então distrito

do município de Pesqueira,

em Pernambuco. Por 12 mil

réis por mês arrendei o

pequeno curtume do coronel

Domingos de Araújo".

Depois de cinco anos nessa ati-v i d a d e e considerando-se suficiente-m e n t e f a suficiente-m i l i a r i z a d o cosuficiente-m os segre-dos do couro, decidiu buscar novos rumos. N o d i a 22 de n o v e m b r o de 1919 ( l e m b r a sem hesitação e sem necessidade de q u a l q u e r consulta) saiu de C a r u a r u . Seu destino era o e n t ã o Distrito de R i o Branco, q u e p e r t e n c i a ao M u n i c í p i o de Pesquei-r a e, h o j e , é u m dos mais pPesquei-rogPesquei-res- progres-sistas m u n i c í p i o s de P e r n a m b u c o , Arcoverde, s i t u a d o n u m agreste mais suave. — E m R i o B r a n c o — evoca J o ã o Francisco — c u r t i o m e u pri-m e i r o couro.

E t a m b é m se iniciava como in-d u s t r i a l in-de couro. Por 12 m i l réis ao mês a r r e n d o u u m p e q u e n o cur-t u m e ao coronel D o m i n g u e s de A r a ú j o . E r a mais e x p e r i e n t e como corretor, p o r é m acreditava q u e era RN-ECONÔMICO

(9)

a exploração industrial a melhor parte do negócio. Arrendando o curtume, dedicou-se com especial empenho aos dois setores. Conhecia bem o mercado.

— O transporte principal — diz — era o trem. Como conhecia o ambiente, ia desenvolvendo o cur-tume razoavelmeente.

Fabricava, principalmente, sola e o cliente mais importante era a firma Carvalho & Varela, que ti-nha suas instalações na rua Impe-rial, no Recife.

Surgiu, então, um obstáculo inesperado: a seca. T o d a a área on-de estava situado o cortume foi afe-tada por uma violenta e dramática

seca. Isso provocou o fechamento do curtume dois anos depois do ar-rendamento.

O C A P I T A L QUE JA COMEÇAVA A S U R G I R

Dois anos como curtidor de cou-ro deram a João Francisco da Motta, um capital de nove contos de réis. E, evidentemente, mais experiência e, sobretudo, confiança de que po-deria chegar ao antigo sonho de in-dependência.

Com o capital, que era razoável naquelas circunstâncias, partiu para a Bahia, rota natural do agreste pernambucano. Instalou-se em Fei-ra de Santana. Logo, no entanto, surgiu de novo o problema da falta dágua e teve de se deslocar para Juazeiro.

Cioso, guardava o capital dura-mente conseguido.

— As despesas pessoais eram poucas. Era quase tudo de graça. — conta.

Em Juazeiro deparou-se com uma ótima oportunidade: havia u m curtume parado, de propriedade do ex-prefeito, coronel Aprígio Duarte. Imediatamente o alugou por 20 mil réis por mês. D u r a n t e um ano e um mês, trabalhou d u r o a fim de levar o curtume para fren-te. O couro tinha um preço muito barato. Porém o ruim, mesmo, era o impaludismo.

— Eu mesmo adoeci. Dois dos meus operários morreram.

Decidiu-se, daf, seguir para Cam-pina Grande. Perseguia a idéia de tornar-se um grande industrial de couro. Na cidade paraibana voltou a alugar um curtume.

— Foi em 1.° de março de 1923. Àquela altura, estava j á em con-dições de tratar o couro através de

Em Juazeiro, João Motta

deparou-se com outra

oportunidade, depois que a

seca forçara a sua fuga para

Feira de Santana: o curtume

do coronel Aprígio Duarte foi

alugado por 20 mil réis

mensais. Porém, ao invés da

seca veio o impaludismo. "Eu

adoeci. Dois dos meus

operários morreram".

métodos químicos. Não havia mais segredos para ele. Por isso, o cur-tume se desenvolveu com grande rapidez e, cinco anos depois, adqui-ria na Alemanha modernas máqui-nas a fim de implantar uma indús-tria moderna e com capacidade para concorrer com as mais apare-lhadas do gênero. As máquinas fo-ram adquiridas na Alemanha, atra-vés de sua representante no Brasil, a firma Hermes Stoltz. O custo to-tal foi de 17 contos de réis, com 18 meses de prazo para amortização. O plano geral foi: cinco contos de entrada e o resto desdobrado em 14 meses.

O ESFORÇO G R A N D E . OS N E G Ó C I O S CRESCERAM

A jornada fora bem áspera, des-de os tempos des-de vaqueiro na pe-quena fazenda Lagoa dos Macacos. Pouca comodidade, muito trabalho, cansativas viagens em modorrentos trens, poeira, frugalidade no co-mer, pouca diversão.

Mas a meta estava sendo atin-gida. O jovem vaqueiro passava a galgar o posto que aspirava: torna-ra-se o patrão de si mesmo, trans-formara-se n u m industrial.

Ocorre q u e os negócios cres-ciam, tomavam proporções mais do que João esperava. Havia necessi-dade da a j u d a de outro braço para a j u d a r na condução do barco. Em agosto de 1924 convidou um irmão para associar-se no negócio. A ra-zão social da indústria passou a ser J. Motta 8c Irmão — C u r t u m e São José.

O trabalho prosseguia intensa-mente. João se encarregava, entre òutras coisas, de toda p a r t e quí-mica.

Q U A N D O SE PENSA Q U E É DE AÇO

— Eu pensava q u e era de aço. — comenta, agora.

Não era, é claro. Depois de seis anos de luta, João Francisco sofreu um colapso em plena indústria, em Campina Grande. Depois dos pri-meiros socorros, consultou-se com o cardiologista João Marques, no Recife, que constatou um princí-pio de intoxicação e insuficiência aórtica. A determinação do médico foi para q u e cessasse, imediatamen-te, todas as suas atividades, caso não quisesse morrer.

Foi um choque. Aquilo signifi-cava q u e não poderia mais traba-lhar em indústria de couro.

Porém a inevitabilidade da in-compatibilidade do seu estado de saúde e o curtume forçava uma so-lução. João, então, vendeu sua par-te a outro irmão, Manoel Francisco da Motta, em 1931, passando a fir-ma a ter a razão social de Motta 8c Irmão, que permanece até hoje.

— Vendi a m i n h a parte por 105 contos de réis. Com o primeiro pa-gamento, comprei a fazenda Lucas em Campina Grande. O restante recebia em pequenas parcelas.

Era uma mudança radical n u m ritmo de vida.

— E eu fiquei muito contraria-do, claro. — diz João Francisco da Motta — Mas não havia jeito. Sa-bia que só com o ar do campo é que poderia recuperar-me.

E, de qualquer maneira, as ati-vidades na agricultura não chega-vam a lhes ser estranhas. Nascera n u m a fazenda. A diferença é que, então, passava a ter a sua própria fazenda — e muito maior do que Lagoa dos Macacos. T a m b é m era uma maneira de cuidar da saúde com o ar do campo e, ao mesmo tempo, exercer u m a atividade.

Porque ele não se limitou a usu-f r u i r de u m a ociosidade que seria merecida. A tranquilidade financei-ra não bastava; nem se renderia à ameaça latente do coração.

Na Fazenda Lucas, aos poucos, foi realizando u m a série de melho-ramentos. Construía açudes, proce-dia o desmatamento, lançava-se à pecuária. Sempre com muita mo-deração.

A notícia de que estava quase q u e completamente curado lhe foi dada q u a t r o anos depois, após u m tratamento intensivo com o profes-sor João Marques.

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— Mais ou menos curado, pois até hoje ainda não estou totalmen-te — observa.

U M A V O L T A . E MAIS E M P R E E N D I M E N T O S

Com a possibilidade de voltar a dedicar-se à indústria de couro, João Francisco da Motta passou a alimentar planos* de expansão. A oportunidade surgiu em abril de 1935 com a oferta para compra do curtume Santa Clara, em Natal que í estava parado e pertencia aos médicos J a n u á r i o Cicco e Aderbal de Figueiredo.

A compra do cortume Santa Cla-ra eCla-ra o início de uma nova etapa do industrial de couro, que passou, daí em diante, a defrontar-se com mecanismos mais complicados e próprios de todo processo de ex-pansão. A escritura de compra foi assinada no dia 15 de maio de 1935 no hospital Miguel Couto, tendo por testemunha o Dr. Raul Fernan-des. Logo em julho, passou a de-dicar-se ao curtume.

Sobreveio, no entanto, a revolu-ção comunista em Natal e os trans-tornos terminaram por afetar vio-lentamente à indústria. Até 1936, as dificuldades afetaram a produti-vidade e lucratiproduti-vidade do empreen-dimento. O crédito, base do desen-volvimento de qualquer negócio, se tornara difícil e não bastava, como em 1919, em Caruaru, a garantia de um comportamento empresarial íntegro. Apenas o Banco do Brasil contribuía com financiamentos es-parsos. De outro lado, a deficiência da estrutura dos transportes difi-cultava o escoamento da produção.

O u t r o rude golpe foi o estouro da I I Guerra M u n d i a l em 1939. T o d a a indústria nordestina passou a atravessar u m processo de estagna-ção que só começou a melhorar a partir de 1942, q u a n d o o Brasil de-clarou guerra à Alemanha, surgin-do um novo panorama com o esfor-ço de guerra.

O bom para a indústria de cou-ro potiguar, e em especial para o curtume de João Francisco da Motta, veio em 1942. T o d a a pro-dução era pouca para as 60 indús-trias de botas que passaram a fun-cionar a todo vapor na Região.

Essa situação privilegiada durou apenas dois anos.

Em 1944, os transportes entra-vam em crise. Os navios não apa-reciam no porto para fazer o trans-porte das mercadorias. Chegou a

haver uma demora de cinco meses, sem que surgisse qualquer navio no porto.

Além da guerra, sobrevieram outras dificuldades relacionadas com a desapropriação do terreno em que estava localizada a indús-tria de Natal. Mas n e n h u m a era su-ficiente para demover João Fran-cisco da Motta de sua obstinação em ampliar a indústria de couro. As dificuldades financeiras poste-riores puderam ser enfrentadas com o crédito que voltou a fluir atra-vés da rede bancária de Natal. U m crédito, de ceerto modo, mais fácil de conseguir do que com os finan-cistas independentes de Caruaru, no começo de sua vida.

AS FAZENDAS Q U E SE M U L T I P L I C A R A M

Paralelamente, João Francisco da Motta ia fazendo multiplicar-se as fazendas. Não podia mais afas-tar-se de todo do campo. Passou a adquirir propriedades principal-mente na região do Cariri, na Pa-raíba. Depois da Lucas, comprou a Malhada da Roça, em 29 de outu-bro de 1942, com cerca de 2.500 hectares. Depois, veio Riacho do Padre, a 27 de dezembro do mesmo ano. Em o u t u b r o de 1947 compra-va Poço; Riachão em 15 de julho de 1951, em Campina Grande; Po-cinhos de Cabaceira em 23 de no-vembro de 1953 (no município de Cabaceira; Serra do Monte e Cedro vieram a seguir.

— Os preços eram insignifican-tes. Malhada da Roça, comprei por 71 contos de réis, hoje em dia o preço de um pequeno bode. — as-sinala João Francisco da Motta.

Essas terras, porém, foram mui-to valorizadas com os melhoramen-tos que nela vêm sendo introduzi-dos. No momento, João Francisco da Motta reúne todos os esforços na Fazenda Pocinhos onde passa a maior parte do seu tempo.

— Se mais 10 anos de vida ti-ver, terminarei o que iniciei em Pocinhos.

Como na indústria de couro que montou, também nas fazendas é ele mesmo o técnico, o veterinário, o engenheiro. Lá, cria jumentos, ca-valos, bodes, ovelhas e gado.

Pocinhos tem uma área de 5.352 hectares e exige muito trabalho.

— Essa propriedade fica na re-gião mais seca do Brasil. O Gover-no devia pagar um prêmio a quem a desbravasse e não cobrar impos-to terriimpos-torial por terras tão secas.

O C U R T U M E SÃO F R A N C I S C O O C u r t u m e São Francisco é, hoje, uma empresa moderna. H á cerca de 15 anos, João Francisco da Motta começou a formar a equipe para que, conforme acentua, "com o meu pesaparecimento a indústria não passe por uma descontinuida-de". Um dos primeiros passos foi transformar a empresa em Socie-dade Anônima, transformando fi-lhos e genros em acionistas. Daí preparou-os para continuar condu-zindo a indústria.

— H o j e — diz — estou satis-feito, porque eles têm sabido con-tinuar o meu trabalho.

Atualmente, o C u r t u m e São Francisco está implantando um pro-jeto de ampliação que lhe permiti-rá passar, em 76 de uma produção atual média de 800 couros diaria-mente (e 500 peles de caprinos e ovinos) para 1.000 couros/dia e três mil peles.

A ampliação, com recursos do Finor (em torno de 60%) e próprios (40%) visa, basicamente, atender à demanda do mercado externo, atendendo, dessa maneira, ao dese-jo do Governo de aumentar as ex-portações. A produção atual é co-locada em sua maioria no mercado interno (70%) e o restante na Eu-ropa, Estados Unidos e Oriente Médio. A produção interna é colo-cada, na maior parte, nos mercados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, onde a empresa mantém escritórios e armazéns. O custo total do investimento no pro-jeto de ampliação é de Cr$ 20 mi-lhões.

T a m b é m está projetada para entrar na fase de produção no pe-ríodo 76/77 outra empresa do gru-po, a A R P E L — Artefatos de Pele, também com recursos do Finor e que representará a criação de 251 empregos diretos. Somando-se aos 354 já proporcionados pelo Curtu-me São Francisco.

A empresa confia nas perspecti-vas do mercado externo, já q u e vem participando desde 1970, toda primeira semana de setembro, de uma Feira Internacional de Couro que se realiza em Paris.

São, certamente, tempos bem di-ferentes daqueles em q u e João Francisco da Motta tinha de em-pregar todo vigor para superar os obstáculos. Foi exatamente esse tra-balho que terminou criando uma empresa moderna. U m a empresa do tipo em q u e u m executivo atual se sentiria perfeitamente à vontade.

(11)

o

PARA O GRUPO EIT

O FUTURO DO

NORDESTE É HOJE

Üf

O grupo E I T sempre acreditou no Nordeste. Com empreendimentos

em três Estados - Rio G r a n d e do Norte, Ceará e M a r a n h ã o - o grupo

E I T contribui para o desenvolvimento da região, construindo estradas e

explorando racionalmente nossos recursos naturais. O grupo E I T oferece

hoje 5.000 empregos, garantindo a subsistência e a segurança de 25 mil

pessoas. As fazendas pertencentes ao grupo totalizam uma área de 120

mil hectares. Além de 5 aviões, possui 1.500 veículos automotores e na

M A I S A - Mossoró Agro Industrial S / A - está construindo um conjunto

residencial com 600 casas, para abrigar todos os trabalhadores da fazenda.

Empresas do grupo EIT

MAISA • Mossoró Agro Industrial S/A

FAISA • Fortaleza Agro Industrial S/A

CIT • Companhia Industrial Técnica

EIT-Empresa Industrial Técnica

CITEMA-Cia. Industrial Técnica do Maranhão

TEMASA - Técnica Maranhense Agro Industrial S/A

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População de Natal precisa de

empregos e melhores salários

Natal é uma cidade onde 30% da população detém 70% do que é

produzido em termos econômicos, o que bem demonstra a irregular

distribuição de renda. Com poucas indústrias e um comércio pouco

movimentado, a população ativa natalense fica em'sua maioria

vinculada ao setor de serviços, sendo os poderes públicos federais,

estaduais e municipais os maiores empregadores. Ganhando o

suficiente para a subsistência, ou menos do que o suficiente, a

maioria da população não dispõe de poder aquisitivo nem

tem poupança. Técnicos e empresários, procurados por

RN-ECONÔMICO, discutem e analisam os problemas da

nossa economia popiilar

ECONOMIA

N a t a l é u m a cidade de serviços. O u seja: a sua p o p u l a ç ã o economi-camente ativa está incluída n o setor terciário da estrutura ocupacional do R i o G r a n d e do N o r t e , tendo logo em seguida maior proporção de pessoas ocupadas n o setor secun-dário (atividades industriais) e em ú l t i m o lugar, no setor primário, re-lacionado com atividades agro^pe cuárias. O inverso do q u e ocorre na situação geral do Estado, q u e tem no setor p r i m á r i o o seu maior con-tingente de pessoas ocupadas, vin-do em seguida o setor terciário e, p o r último, o secundário.

Sendo u m a cidade de serviços, nem assim N a t a l é u m a comunida-de capaz comunida-de p r o p o r c i o n a r u m con-sumo além do razoável, de bens q u e não, sejam os de p r i m e i r a necessidade. Do q u e resulta que, afora a aquisi-ção d ^ a r t i g o s de subsistência, o na-talense tem u m limitado poder de compra.

T r o c a n d o t u d o em miúdos, se poderá dizer q u e a população de N a t a l vive em sua g r a n d e maioria na d e p e n d ê n c i a dos empregos pú-blicos, federais, estaduais ou muni-cipais, tendo por conseguinte u m /pder aquisitivo m u i t o restrito,

im-possibilitada t a m b é m de fazer pou-pança. Daí, por exemplo, a grande maioria das vendas de eletro-domés-ticos ser feita pelos sistemas de pa

g a m e n t o a prestação, o mesmo ocor r e n d o com móveis e, em maiores proporções, com a c o m p r a da casa própria, sendo q u e nesse p a r t i c u l a r é comum, por exemplo, se ver u m a família se sujeitar a pagar aluguéis exorbitantes, por n ã o possuir pou-pança p a r a d a r como e n t r a d a na

Paulo Pereira dos Santos: "Os salá-rios dos natalenses são

predominan-temente baixos".

compra de u m imóvel, a p a r t i r do q u e pagaria mensalidades bem me-nores q u e o aluguel.

— " N ã o é necessário fazermos u m l e v a n t a m e n t o áócio-econômico d a cidade do Natal, p a r a afirmar-mos q u e a sua força de t r a b a l h o economicamente ativa é constituída pela maioria de pessoas assalaria-das" — diz o economista P a u l o Pe-reira dos Santos. "Ademais, os salá-rios são p r e d o m i n a n t e m e n t e baixos, o q u e implica em u m poder aqui-sitivo igualmente baixo, n ã o ha-v e n d o na cidade u m a escala de pre-ferência elástica p a r a os bens cha-mados supérfluos".

C O N C E N T R A Ç Ã O DE R E N D A N a t a l é o m u n i c í p i o do R i o G r a n d e do N o r t e q u e possui maior n ú m e r o de pessoas economicamen-te ativas, somando, com Mossoró, 70% desse contingente.

P a r a o economista J o m a r Ale-crim, o q u e ocorre com N a t a l é consequência de u m a irregular dis-tribuição de renda, pois aproxima-d a m e n t e apenas 30% aproxima-da sua popu-lação detém cerca de 70% do q u e é p r o d u z i d o em termos econômicos. — " H a v e n d o essa concentração de renda, poucas pessoas atingem níveis elevados de consumo" — diz ele. "E o restante da massa

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Jomar Alecrim: "Havendo a concen-tração de rendas nas mãos de poucos, a maioria do povo fica limitada ape-nas ao consumo de bens essenciais". Iacional fica limitada somente ao consumo dos bens essenciais, como vestuário, alimentação e bens de base. Por o u t r o lado, observa-se q u e a p r o x i m a d a m e n t e 8 0 % da popula-ção de N a t a l tem u m nível de sa-lário abaixo do mínimo, o q u e tam-bém implica n u m nível de consumo limitado".

N a verdade, com relação ao li-mite salarial do natalense, ou do potiguar de m o d o geral, observam-se carências q u e d e m o r a r ã o m u i t o a ser corrigidas.

U m diagnósticjopreliminar feito pelo I D E C — I n s t i t u t o de Desen-volvimento do Estado, por exemplo admitia q u e o sub emprego no R i o G r a n d e do N o r t e , tomando-se por base informações válidas no ano de

1970, poderia ser sentido através do seguinte q u a d r o :

lado do Piauí, Paraíba, Bahia, R i o G r a n d e do Sul, Goiás, Paraná, Ma-r a n h ã o e G u a n a b a Ma-r a ) teMa-ria conse-g u i d o taxa superior à média do País, com relação ao crescimento do mercado de trabalho.

Dizia o d o c u m e n t o q u e de ju-lho de 1974 a j u l h o último, haviam R I O G R A N D E D O N O R T E S u b e m p r e g o por setores S E T O R PEA * T o t a l pessoas c/ r e n d a até Cr$ 50 mensais S E T O R PEA * M í n i m o % PEA P r i m á r i o Secundário T e r c i á r i o 240.955 45.283 123.873 63.850 4.291 29.245 26.5 9,5 23.6 T o t a l 410.111 97.386 24,0 * População Econc »micamente Ativa

A d e m a n d a de novos empregos, a p a r t i r de u m a progressão f u t u r a , p a r a o período q u e vai até 1980, comprova q u e a situação do nosso Estado não vai m u d a r muito, com relação às proporções do Nordeste e do País. Em 1980, o R i o G r a n d e do N o r t e deverá ter em torno de 2 milhões de habitantes, com u m a população jovem na faixa etária até 19 anos d i s p u t a n d o u m incremento ocupacional de apenas 20%, com relação ao a n o de 1970.

Recentemente, o Ministério da Previdência Social t o r n o u público os dados incluídos nos primeiros resultados do sistema de indicado-res sociais, executados por u m a em-presa de c o m p u t a ç ã o da p r ó p r i a Previdência Social — segundo os quais o R i o G r a n d e do N o r t e (ao

sido criados no País e x a t a m e n t e 1.038.399 novos empregos, o q u e representa u m a média de 90.000 empregos por mês, p a r a u m cres-cimento de 9 % do mercado de tra-balho na área u r b a n a nacional.

Esses números, no e n t a n t o , ca-recem senão de comprovação, pelo menos de prazos, p a r a começarem a significar alguma coisa em ter-mos de relatividade prática. C o m o bem observa J o m a r Alecrim, "pelo menos no caso do R i o G r a n d e do Norte, os novos empregos criados estão apenas no papel, p o r q u e são o r i u n d o s de projetos aprovados pela Sudene, por exemplo, q u e ain-da n ã o estão implantados, embora já sejam c o m p u t a d a s n u m levanta-m e n t o desta natureza as novas opor-tunidades q u e os mesmos p o d e r ã o

Em sets anos. o RN-EC0NÔMIC0 ajudou a construir a Imagem econômica do Estado. Aqueles que constroem sabem o quanto è importante essa mlssáo

)

C E R T A -

C o n s t r u ç õ e s Civis Industriais L t d a .

P r a ç a João M a r i a , 74 - N a t a l - R N

(14)

vir a oferecer".

E F E I T O D E M O N S T R A T I V O — "É bom lembrar sempre" — diz ainda J o m a r Alecrim — "que o q u a d r o cie distribuição da renda, em Natal, existe em f u n ç ã o do de-senvolvimento econômico. Ora, n ã o sendo N a t a l u m a cidade onde se o b t e n h a níveis de desenvolvimento econômico compatíveis com os gran-des centros, sua população econo-micamente ativa passa a d e p e n d e r de serviços q u e não representam grandes recompensas salariais. As o p o r t u n i d a d e s de emprego são pe-quenas, o n ú m e r o de indústrias ainda é incipiente e a população fica na dependência do setor de serviços, do qual o serviço público ainda sobressai com o desempenho de maior empregador".

Para c o n f i g u r a r a disparidade relacionada por J o m a r Alecrim, basta se manusear dados do I B G E (Instituto Brasileiro d c Geografia e Est;íística) relativos a Natal, e re-ferentes a duas classes ativas, dados baseados no Censo de 1970 mas

atu-José Ronaldo Vilar de Queiroz: "Natal é uma cidade onde as pessoas

não têm o que poupar" alizados, em 1973: Para 342 médi-cos, havia 1.441 professores primá-rios. Para 361 advogados, havia

1.280 professores secundários. — " N a t a l é u m a cidade onde as pessoas n ã o têm o q u e p o u p a r " — diz o economista José R o n a l d o Vilar de Queiroz, técnico do B D R N — Banco de Desenvolvimento do R i o G r a n d e do N o r t e S/A. — " N ã o têm o q u e p o u p a r em v i r t u d e do p e q u e n o salário q u e u s u f r u e m . En-tão, aqueles mais controlados têm

14

q u e fazer p l a n e j a m e n t o de gastos, d i s p e n d e n d o os n u m e r á r i o s prati-camente apenas em bens necessá-rios à sua subsistência".

A análise de critérios dos gastos então, em q u e pesem as grandes alternativas de compra de bens su-pérfluos, torna-se u m imperativo no cotidiano dos assalariados, h a j a vis-ta o esforço necessário de alguns para mover os obstáculos q u e limi-t a m o crescimenlimi-to de sua r e n d a .

Para Paulo Pereira dos Santos, o contingente de pessoas mal pa-gas é vítima do q u e ' em economia se chama efeito demonstração, ou seja: o indivíduo resolve comprar u m carro simplesmente p o r q u e o seu vizinho comprou um, e o faz sem poder, etc.

E V O L U Ç Ã O DOS P R E Ç O S Leônidas Morais Medeiros, eco-nomista e, como Paulo Pereira dos Santos, pertencente à S E R T E L — um escritório especializado cm pla-n e j a m e pla-n t o e projetos — lembra também a evolução dos preços, na redução de capacidade de aquisi-ção da populaaquisi-ção natalense.

"— Sim, substancial parcela da população economicamente ativa de N a t a l configura-se pela disponibili-dade de renda física distribuída na-t u r a l m e n na-t e em níveis salariais dife-rentes" — diz ele. "Essa disponibi-lidade, no entanto, caracteriza limi-tação de poder aquisitivo, u m po-der de consecução q u e sofre redu-ções continuadas, infligidas pela evolução dos índices dos preços, es-pecialmente no tocante às necessi-dades primárias, como alimentação, habitação, educação, saúde, vestuá-rio".

Para Leônidas Medeiros, as aspi-rações de bem estar por conta disto,

são sempre preteridas em f u n ç ã o da sobrevivência básica. O q u e pro-voca o fato da relação a m p l i t u d e de d e s e j o / p o d e r de consecução (que d e f i n e o grau de bem estar das co-munidades) racionalmente inexistir em Natal.

— "A a p a r e n t e semelhança de elevado poder de aquisição da clas-se média é efetivamente derivada do conhecido efeito demonstração" — lembra a i n d a Leônidas, q u e n ã o tem consistência ou expressão eco-nômica. Em síntese, trata-se de u m p r o b l e m a de infra-estrutura socio-económica, q u e somente u m a polí-tica corretiva, de ordem estrutural, poderia modificar, p r o p o r c i o n a n d o melhores níveis de bem estar co-m u co-m " .

O S E T O R T E R C I Á R I O

U m a cidade essencialmente ativa n o setor terciário, N a t a l c e r t a m e n t e poderia oferecer u m q u a d r o melhor de consumo, partindo-se d o princí-pio cle q u e esse setor favorece, co-m u co-m e n t e , à aquisição co-mais rápida, p o r q u e os elementos q u e o o c u p a m são por norma, auto-suficentes. Mas, segundo o diagnóstico do IDEC, o nosso setor terciário a i n d a n ã o dis-põe de u m a estrutura m o n t a d a , em níveis adequados, a p r e s n t a n d o for-tes deficiências em alguns

subseto-Leônidas Medeiros: "O elevado poder de aquisição da classe média

nata-lense é aparente"

res. Resultado do pouco dinamis-m o q u e caracteriza a p r ó p r i a eco-nomia do Estado, como u m todo, e dos investimentos do setor pú-blico em infra-estrutura.

Sendo constituído p o r atividades residuais, o nosso setor terciário de-p e n d e do d i n a m i s m o dos demais setores produtivos, p a r a se estrutu-rar a d e q u a d a m e n t e e f u n c i o n a r com eficiência. Isto p o r q u e , no R i o G r a n d e do N o r t e ocorre que:

a) a p r o d u ç ã o agrícola, apesar cie f u n d a m e n t a l no Estado, se situa em níveis m u i t o baixos, em decor-rência de fatores os mais diversos carecendo ainda de u m a infra-estru-tura de serviços básicos, capaz de c o n t r i b u i r p a r a u m melhor desem penho, oferecendo alternativas p a r a a expansão e diversificação de ser-viços mais especializados, ligados ao seu f u n c i o n a m e n t o ;

b) a atividade industrial, com o peso significativo na e s t r u t u r a eco-nômica do Estado, conta com u m a

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capacidade muito limitada para, di-reta ou indidi-retamente, criar um con-j u n t o de atividades que lhe com-plemente ou possa influenciar de-cisivamente na multiplicação de outras ocupações já existentes em níveis insatisfatórios;

c) a própria autonomia do setor terciário comprova q u e de modo geral o« serviços não apresentam níveis compatíveis de atendimento seja na área dos tradicionais (co-mércio, administração pública, etc.) onde as deficiências são estruturais, ou por inadequação do quadro ins-titucional — seja porque ainda é muito limitado no Estado o campo para aqueles serviços mais sofisti cados, (financeiros, de utilidade in-dustrial, autônomo^, etc.) que ise caracterizam como atividades dinâ-micas, nas economias melhor estru-turadas e com graus de conscienti-zação mais elevados.

AS POSSIBILIDADES

A modificação do panorama ge-ral do subemprego ou do desem-prego em Natal e no Rio Grande do Norte, assim como desenvolvi-mento dos atuais setores que em-pregam a maioria economicamente ativa das nossas populações urbana e rural, certamente só poderá advir de um incremento do mercado de trabalho.

João Olímpio Filho, presidente da Associação Comercial do Rio Grande do Norte e um dos mais importantes do ramo de eletro-do-méstico no Estado, analisando a questão das perspectivas que estão se abrindo, no terreno dos empre-gos e das possibilidades econômi-cas, assim se define:

— "Porque Natal é uma cidade de serviços, o comércio vive à es-pera dos dias de pagamento de sa-lários, principalmente do funciona-lismo, a fim de poder faturar mais. N o entanto, boas perspectivas estão se abrindo, para o futuro. Sabemos que providências estão sendo toma-das pelo Governo e por grupos in-dustriais e temos à porta a indús-tria da barrilha, que oferecerá u m grande mercado de trabalho, inclu-sive com faturamento tributário para o Estado, equivalente ao que ele dispõe atualmente. Outras fon-tes despontam, como a exploração prevista e planejada de outras ri-quezas, principalmente o calcáreo, que poderá ser exportado, para ali-mentar as Usinas de Itaqui, no

Ma-ranhão e T u b a r ã o , no Espírito Santo. O petróleo também é fator de grandes esperanças, não somente pela exploração na plataforma — que vai nos possibilitar recebimen-to de royalties, como pela possibili-dade de que as jazidas se estendam pelo território do Estado. Oportu-nidade em que seremos portadores da receita tributária, passando o petróleo a ser realmente nosso".

Para Leônidas Morais de Medei-ros o que falta é uma política cor-retiva, de ordem estrutural, que de-verá ser dirigida às classes menos

favorecidas, de renda mais baixa. Porque, com poder de aquisição, elas se transformariam em um novo mercado.

— "Na medida em que se ve-rifique a implantação e desenvol-vimento de novas indústrias" — diz J o m a r Alecrim — o leque de em-pregos será ampliado, as oportuni-dades surgirão e a população pas-sará a desfrutar de maiores salá-rios e de maiores alternativas de ocupação".

E será ampliado todo um elenco de fatores que implicam na estag-nação do proceso de desenvolvimen-to de nossas possibilidades de ocu-pação, de faturamento, de aquisi-ção e da própria receita tributária do Estado.

A rènda familiar no Rio Gran-de do Norte, por exemplo, está na mesma faixa do subemprego. Dados preliminares coligidos pelo IDEC indicam que ela se fixa em 23% para renda até Cr$ 50,00mensais e em 78% até Cr$ 200,00 mensais.

A participação do R i o G r a n d e do Norte na formação da R e n d a Interna do País, por outro lado, sempre foi inexpressiva e de peso nada significativo, com relação ao Nordeste. Em 1949, a renda inter-na do Estado somava Cr$ 4.627,200 (a preços da época), o que corres-pondia a apenas 5,5% da encon-trada no Nordeste e menos de 1% do conhecido para o Brasil. Os ín-dices de evolução, de 1949 a 1969, indicam que o nosso Estado vem perdendo posição, no contexto glo-bal da R e n d a Interna.

F A T O R E S I N S T I T U C I O N A I S Voltando à situação de Natal, e outra vez considerando-se que é o setor terciário o que hoje e sem-pre vai possibilitar maior volume de empregos, na Capital, poder-se-fa entender, que u m a série de

fato-res institucionais entravam o seu desenvolvimento e poderão desen-volvê-lo, na hora em que forem con-siderados. Dentre esses:

a) o crescimento precário da ad-ministração estadual, tanto do pon-to de vista de seus objetivos decla-rados como do funcionamento ade-q u a d o dos órgãos e entidades ade-que a compõem.

b) a inexistência de recursos hu-manos que acompanhem quantita-tivamente as solicitações de desen-volvimento do Estado, hoje apre-sentando baixa motivação e remu-neração.

c) a ausência de um plano ade-quado de cargos e salários, o que provoca desníveis inaceitáveis de remuneração entre os servidores.

d) inadequação das estruturas organizacionais, vulneráveis ao gi-gantismo e com frequentes super-posições jurisdicionais.

Solucionados os impasses insti-tucionais, aumentado o mercado de trabalho, bem distribuída a renda e havendo a poupança para apli-cação em novos investimentos, cer-tamente N a t a l seria uma cidade-modelo, em termos economicamente corretos, para satisfação dos seus habitantes.

(onfeccionista :

nas suas próximas

encomendas de

etiquetas e carteias

consulte

os preços de

PRTMMŒ

Dr J o i é G o ^ ç a l v c i 687 • f o n t £ 0 7 0 6 t 2 - 4 < S 5 - N o t o l 1 » N ) . 15 RN-ECONÔMICO

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SACOPLAST

Grupo PLANOSA faz nova investida

no mercado do plástico

O grupo PLANOSA está se expandindo por duas razões

naturais: possibilidades do mercado e senso administrativo de

seus diretores. É hoje um dos mais sólidos grupos do parque industrial

do RN, que só de impostos ao Estado — através de uma de suas

unidades — vai pagar Cr$ 367 mil/ano. O crescimento da empresa

extrapola o RN e já agora está sendo implantada uma fábrica na

Amazônia, para produzir sacos, embalagens e recipientes de plásticos.

A expansão do grupo PLANOSA um dos mais sólidos do nascente p a r q u e industrial do Rio Grande do Norte, pode ter sido determina-da por uma rigorosa pesquisa re-gional de mercado, denunciadora de reais possibilidades de comercia-lização para manufaturados de plás-tico — sacos e embalagens diver-sas. Mas se deveu em grande parte ao senso administrativo de homens como Pedro William Cavalcanti, Cyro Cavalcanti e Carlos Menezes Diniz que, p a r t i n d o de uma fábrica de saquinhos plásticos f u n d a d a em 1960 e funcionando no bairro das Roçais, já conseguiram extrapolar os limites do Estado, se fazendo pre-sentes, com uma unidade fabril, na distante Amazônia.

Distante vão os tempos da PLAS-T O N E , com a sua produção de 10 toneladas/mês de saquinhos de po-lietileno, mas o espírito administra-tivo q u e dominava os diretores da firma naquela época continua o mesmo atualmente, e foi graças a ele que a P L A S T O N E adquiriu o controle acionário da PLANOSA-PLÁSTICOS D O N O R D E S T E S/A, em 1967, e sete anos depois consti-tuiu a SACOPLAST — Sacos Plás-ticos do Nordeste S/A, para logo em seguida plantar em Manaus a PLASTAM — Plásticos da Amazô-nia S/A.

Atualmente, a expansão da SA-C O P L A S T é a preocupação maior do G r u p o PLANOSA, mesmo por-que a sua produção é totalmente

consumida por um mercado sempre ávido e, por conseguinte, ainda não totalmente abastecido por fábricas da região.

O Q U E É SACOPLAST

A SACOPLAST — Sacos Plás-ticos do Nordeste S/A está situada à margem da BR-101, próximo ao Aeroporto Augusto Severo, no mu-nicípio de Eduardo Gomes (ex-Par-namirim). Projeto aprovado pela SUDENE, contou também com a participação financeira do B D R N (Banco de Desenvolvimento do Rio Grande do Norte), que lhe repas-sou recursos do BNDE (Banco Na-cional de Desenvolvimento Econô-mico).

Implantada n u m a área de . . . 20.000m2, a fábrica tem 3.500m2 de área coberta e nas construções civis e aquisição de equipamento importado, o projeto inicial previu investimentos da ordem de Cr$ 16 milhões, dos quais a SUDENE par-ticipou com Cr$ 7,6 milhões, o B D R N / B N D E com Cr$ 4,5 milhões e o G r u p o Planosa com os Cr$ 3,9 milhões restantes.

Iniciada a construção da fábrica em maio de 1974, em abril de 1975 ela j á começava a faturar e essa im-plantação em tempo recorde foi devida a um dinâmico plano de ação, determinado pelas exigências do mercado que se p r o p u n h a aten-der.

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H o j e , a p r o d u ç ã o é de 1.200.000 sacos/mês, embalagens pesadas

fei-tas à base de p o l i p r o p i l e n o e adqui-ridas pelos setores industriais do sal, açúcar, cereais, adubos, etc., com capacidade p a r a 30 e até 100 quilos. — "Mas essa p r o d u ç ã o é ape-nas a da la. etapa de p r o j e t o " — diz Pedro W i l l i a m Cavalcanti — "pois q u a n d o a ampliação da fá-brica estiver completada, produzi-remos 2.500.000 sacos/mês".

Essa ampliação, j á p r o g r a m a d a p a r a começar em j u n h o de 1976, vai d e p e n d e r do a u m e n t o da área de construções civis e da importa-ção de outras m á q u i n a s , bem como do a u m e n t o de importação da ma-téria prima, o polipropileno, q u e ainda é a d q u i r i d o nos Estados Uni-dos e na E u r o p a , e m b o r a em f u t u r o p r ó x i m o vá ser produzida em São Paulo. I M P O S T O S : Cr$ 367 M I L F u n c i o n a n d o desde j u n h o últi-mo em regime de três turnos de t r a b a l h o — p r o d u z i n d o vinte e q u a t r o horas i n i n t e r r u p t a s , a SACO-P L A S T está utilizando mão-de-obra a r r e g i m e n t a d a na p r ó p r i a cidade de E d u a r d o Gomes. São 100 empre-gados semi-qualiíicados afora 10 qualificados (engenheiros, mestres, contra-mestres, contadores), n ú m e r o s q u e d o b r a r ã o q u a n d o o p r o j e t o es-tiver n a p l e n i t u d e de seu desem-penho.

— "Nessa época" — diz P e d r o W i l l i a m Cavalcanti — a empresa estará recolhendo aos cofres do Es-tado, em impostos, a q u a n t i a de Cr$ 367 mil por mês, cálculo esti-m a d o para 9 0 % da capacidade pro-dutiva da fábrica".

Recebendo o p o l i p r o p i l e n o em grãos, a S A C O P L A S T t r a n s f o r m a a m a t é r i a p r i m a em fio sintético, sub-metendo-o ao processo de tecelagem posteriormente m a n u f a t u r a n d o os sacos, t u d o através de processos au-tomáticos e rigorosamente d e n t r o da mais m o d e r n a técnica.

A área coberta d a fábrica consta dos galpões industriais e do setor social, devendo até dezembro esta-rem concluídas as moderníssimas instalações para os escritórios.

N o setor social, f u n c i o n a o res-taurante, com cozinha, q u e fornece refeições (almoço) aos operários, a preços simbólicos.

PI,ANOSA E P L A S T A M

A t u a l m e n t e o complexo indus-RN-ECONÔMICO

trial do G r u p o Planosa consta da PI,ANOSA — Plásticos do Nordes-te S. A . , da S A C O P L A S T — Sacos Plásticos do Nordeste S. A., e d a P L A S T A M — Plásticos d a Ama-zônia S. A .

A primeira, resultou da fusão da antiga P L A S T O N E , d o b a i r r o das Rocas, com a P L A N O S A , c u j o controle acionário fora a d q u i r i d o pelo g r u p o em 1967, preferindo-se a razão social da empresa adquiri-da, p a r a d e n o m i n a r a fusão. Atual-mente, p r o d u z saquinhos e vasilha-mes plásticos, em polietileno, cerca de 70 toneladas/mês. C o m 230 em-pregados, está localizada n a r u a Gal. J o ã o M o n t e i r o e os vasilhames plásticos de sua fabricação são ad-quiridos pela indústria local ou d a região, p a r a embalagem de refrigerantes, molhos, cosméticos, p r o d u -tos farmacêuticos, etc.

Q u a n t o à P L A S T A M , está sen-do i m p l a n t a d a em Manaus, desti-n a d a a produzir a mesma lidesti-nha de produtos d a P L A N O S A . A fábrica tem u m a área de 20.000 m2, com 2.500 m2 de área construída e de início vai empregar 95 pessoas, de-v e n d o começar a produzir d e n t r o do mais c u r t o espaço de t e m p o pos-sível.

T u d o isto, no entanto, n ã o sig-nifica q u e o G r u p o Planosa vai p a r a r . E n q u a n t o houver mercado carente dos p r o d u t o s de sua espe-cialidade, ele e x p a n d i r á os seus ne-gócios. Esta é u m a d e t e r m i n a n t e de ação dos seus responsáveis. E até mesmo u m a atividade estranha ao sistema já está sendo abraçada p o r u m dos diretores do G r u p o : P e d r o William Cavalcanti, particularmen-te, t a m b é m cuida dos negócios da sua I . P . B . — I n d ú s t r i a do Pesca-do Brasileiro, q u e está senPesca-do im-p l a n t a d a no m u n i c í im-p i o de Cangua-retama, u m criatório de peixes (pisei cultura) com 52 viveiros, q u e prevê p a r a os próximos 12 meses, o abas-tecimento semanal do mercado de N a t a l , com 5 / 6 toneladas de peixe fresco.

O p r o j e t o foi financiado pelo Banco do Brasil, com recursos do P R O T E R R A , da ordem de Cr$ 1.200.000,00.

— "Mas isto é outra coisa, n ã o tem nada a ver com o G r u p o PLA-N O S A " — diz Pedro W i l l i a m Ca-valcanti.

Pedro William Cavalcanti: além das três empresas do grupo, um pro-jeto de pesca, próprio.

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TURISMO

Até 1980, Natal terá mais

hóspedes do que hotéis

Entre 1976 e 1980, tomando-se por base uma taxa de crescimento

de 10% (na realidade, os cálculos oficiais são de 12%) o índice de

procura de hospedagem em Natal saltará de 137.085 para 200.705

hóspedes. Não é certamente um grande aumento, mas mesmo assim,

considerando-se os hotéis de que dispomos e os que estão programados

com reais possibilidades de serem construídos, nem essa pequena

demanda será convenientemente atendida. Agora que o Grupo UEB

está atacando em ritmo acelerado a construção do Ducal Natal

Palace Hotel (ex-Monte Líbano), o problema hoteleiro da capital e do

Estado volta a aflorar. Mas só isto. Porque mesmo com o Ducal

Natal funcionando e mesmo que o Reis Magos e o Samburá

completem ampliações, já em 1976 teremos carência de apartamentos

para o fluxo normal de hóspedes.

Agora q u e as obras de constru-ção do ex-Hotel M o n t e L í b a n o (atual N a t a l Ducal Palace H o t e l ) são atacadas em r i t m o acelerado, o p r o b l e m a hoteleiro da capital d o R i o G r a n d e do N o r t e volta à evi-dência. Mais ainda p o r q u e , n a h o r a em q u e o G r u p o U E B resolve le-v a n t a r d e n t r o de 12 meses os dezes-sete andares do m o d e r n o prédio, deixando-o no p o n t o de receber os turistas do verão de 1976 — outros projetos de hotéis p a r a N a t a l con-t i n u a m paralizados, p r i n c i p a l m e n con-t e nos trâmites burocráticos d a EM-B R A T U R ou da S U D E N E , à es-p e r a dos defectíveis incentivos fis-cais. E o p r o j e t o de ampliação do H o t e l Samburá, q u e carece apenas da desapropriação, por p a r t e do Go-verno do Estado, de u m a área fron-teira à p a r t e j á construída, ficou estacionado n o depósito de Cr$ 1 m i l h ã o q u e o ex-governador Cortez Pereira deixou n a E M P R O T U R N — q u a n d o h o j e j á é necessária essa importância duas vezes e meia, p a r a se pagar aos proprietários de imó-veis situados no terreno por onde o hotel se e x p a n d i r á o suficiente p a r a acrescentar mais 162 a p a r t a m e n t o s aos 76 q u e já possui. E n q u a n t o isto, a C o m p a n h i a T r o p i c a l de Hotéis, concessionária do H o t e l I n t e r n a c i o n a l dos Reis 18

Magos, pertencente ao Estado a g u a r d a u m a definição sobre reno-vação de contrato ou c o m p r a do imóvel, e e m b o r a a segunda opção lhe seja mais favorável, encontra sé-riosjDercalços no c a m i n h o p a r a efe-tivá:la, como por exemplo o f a t o

de não poder conseguir incentivos p a r a a transação, pois esses só exis-tem p a r a r e f o r m a ou construção e n u n c a p a r a c o m p r a de hotéis. E m v i r t u d e disto, a gerência d a casa n a d a pode fazer p a r a m e l h o r a r u m

serviço q u e já estaria sendo supera-do pelo supera-do segunsupera-do hotel d o seu nível, existente n a cidade, justa-m e n t e o Sajusta-mburá.

N u m a cidade q u e p r o p a l a e p r e p a r a suas potencialidades turís-ticas h á longo tempo, é desalenta-dor se verificar q u e o elemento in-fra-estrutural de maior importância p a r a a implantação da c h a m a d a in-dústria sem chaminés (os hotéis) p r a t i c a m e n t e inexiste. A t u a l m e n t e , contam-se nos dedos os hotéis q u e

®

¥

j j :

Ducal Palace H o t e l . A área construída será de 11.000 m2,

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Usemos

a m e s m a

linguagem

Quando Deus quis se comunicar mais direta-mente com os homens Ele mandou o seu Filho è Terra.

Para sentir, viver, sofrer, falar a mesma linguagem. Perdoar. Mostrar o caminho. Ser soli-dário.

E para anunciar a sua chegada Ele usou um símbolo comunicando a boa nova: usou a Estrela de Belém, que iluminou a manjedoura. Um símbo-lo que todos entenderam e vieram adorar o Filho de Deus que se fez homem, para salvar a humani-dade.

Façamos como Ele.

Usemos a mesma linguagem. Usando símbo-los que todos entendam. Sendo solidário na ale-gria e na dor. No abraço. Vivendo. Participando. Amando. Dando-se às mãos.

Falando a linguagem do amor. O amor maior. Sem preconceitos e discriminações. O amor que renova. Rejuvenesce. Engrandece.

Com os votos de Feliz Natal e Próspero Ano Novo dos que fazem a TELERN.

I

Referências

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