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Direitos da mulher no ciclo gravídico-puerperal: conhecimento das gestantes em uma unidade básica de saúde [Women's rights in the pregnancy-puerperal cycle: knowledge of pregnant women in a primary care unit]

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Academic year: 2021

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Direitos da mulher no ciclo gravídico-puerperal: conhecimento das gestantes em

uma unidade básica de saúde

Women's rights in the pregnancy-puerperal cycle: knowledge of pregnant women in a primary care unit

Derechos de la mujer en el ciclo gravídico-puerperal: conocimiento de gestantes en unidad básica de salud

Bárbara Kellen Souza OliveiraI; Taisa de Paula GonçalvesII; Kleyde Ventura de SouzaIII

Objetivo: analisar o conhecimento das gestantes sobre seus direitos no ciclo gravídico-puerperal. Metodologia: estudo descritivo, exploratório, de abordagem qualitativa, à luz de Paulo Freire. Desenvolvido em um Centro de Saúde, de Belo Horizonte. Participaram 21 gestantes, com 18 anos ou mais, que realizavam o pré-natal na Unidade. A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas individuais. Utilizou-se a Análise de Conteúdo. Resultados: Em geral, as gestantes demonstraram desconhecimento e insegurança sobre os seus direitos no ciclo gravídico-puerperal. Além disso, esse tema era pouco abordado pelos profissionais de saúde durante as consultas de pré-natal, sendo que os meios de comunicação e as experiências familiares e pessoais foram os mais citados como forma de disseminação de informações sobre o assunto. Conclusão/Implicações para a Enfermagem Obstétrica: a educação em saúde é importante dispositivo para construção de conhecimento e fortalecimento da autonomia da mulher. Dessa forma, os profissionais de saúde devem estar capacitados, com conhecimento atualizado e baseado em evidências científicas, quanto às políticas e os programas existentes voltados para a saúde e direitos da mulher.

Descritores: Saúde da mulher; direitos da mulher; gestantes; educação em saúde. ABSTRACT

Objective: to analyse pregnant women's knowledge about their rights in the pregnancy-puerperal cycle. Methodology: descriptive, exploratory, qualitative study, based on the Paulo Freire’s theoretical reference. Carried out in a Health Center, Belo Horizonte. The participants were 21 pregnant women, 18 years of age or older, who had prenatal attendance in the Unit. Data collection was performed through individual interviews. We used the Content Analysis as proposed by Minayo. Results: In general, the pregnant women showed lack of knowledge and insecurity about their rights in the pregnancy-puerperal cycle. In addition, this topic was little approached by health professionals during prenatal consultations, and the media and family and personal experiences were the most cited as a way of disseminating information about the theme. Conclusion/Implications for Obstetric Nursing: health education is an important device for building knowledge and strengthening women's autonomy. In this way, health professionals should be trained, with up-to-date knowledge and based on scientific evidence, on existing policies and programs for women's health and rights. Descriptors: Women’s health; women’s rights; pregnant women; health education.

RESUMEN

Objetivo: analizar el conocimiento de gestantes sobre sus derechos en el ciclo gravídico-puerperal. Metodología: estudio descriptivo, exploratorio, de abordaje cualitativo, a la luz de Paulo Freire. Desarrollado en Centro de Salud, Belo Horizonte. Participaron 21 gestantes, con 18 años o más, que realizaban el prenatal en la Unidad. La recolección de datos fue a través de entrevistas individuales. Se utilizó el Análisis de Contenido propuesto por Minayo. Resultados: Muchas gestantes demostraron desconocimiento e inseguridad sobre sus derechos en el ciclo gravídico-puerperal. Además, ese tema era poco abordado por los profesionales durante lo prenatal, siendo los medios de comunicación y las experiencias familiares y personales los más citados como forma de diseminación de informaciones. Conclusión/Implicaciones para la Enfermería Obstétrica: la educación en salud es un importante dispositivo para construcción de conocimiento y fortalecimiento de la autonomía de la mujer. Profesionales de la salud deben estar capacitados, con conocimiento actualizado y basado en evidencias científicas, en cuanto a las políticas y los programas existentes orientados a la salud y derechos de la mujer.

Descriptores: Salud de la mujer; derechos de la mujer; mujeres embarazadas, educación en salud.

I

NTRODUÇÃO

A partir das primeiras décadas do século XX, a saúde da mulher foi sendo incorporada às políticas nacionais de saúde motivada, especialmente, pelos altos índices de mortalidade materna e infantil e pelos movimentos de mulheres, que reivindicaram ao governo a melhoria da assistência prestada à mulher1.

____________________

IEnfermeira Especialista em Trauma, Emergências e Terapia Intensiva. Graduada pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte,

Brasil. E-mail: tpg.enf@gmail.com

IIEnfermeira Obstétrica. Graduada pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, Brasil. E-mail: barbarakelen@hotmail.com IIIEnfermeira Obstétrica. Doutora. Professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de S aúde Materno Infantil. Belo

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Nesse contexto, o Ministério da Saúde (MS) implementou várias políticas e ações referentes à saúde da mulher. Em 1984, propôs o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que ampliou a oferta dos serviços oferecidos no atendimento à mulher, incorporando ações como assistência ao planejamento familiar, controle de doenças sexualmente transmissíveis e câncer de colo de útero e de mama1. Em 2000, foi criado o Programa de

Humanização ao Pré-natal e Nascimento (PHPN), para difundir o conceito de uma assistência humanizada e de qualidade à gestante e ao recém-nascido2.Em 2011, foi lançada a Rede Cegonha, estratégiaque buscou implementar

um novo modelo de atenção à saúde da mulher e da criança, com foco na atenção ao parto, ao nascimento, ao crescimento e ao desenvolvimento da criança de zero aos vinte e quatro meses3.

Atualmente, mesmo com a implementação de políticas públicas relevantes, observa-se altas taxas de mortalidade materna e infantil, com grandes desigualdades regionais, fazendo com que esse tema seja motivo de preocupação e alvo de novas políticas públicas.4 Portanto, percebe-se a necessidade da atenção em saúde atuar no

sentido de ampliar o grau de informação das mulheres em relação ao seu corpo, suas condições de saúde e sua capacidade de fazer escolhas adequadas ao seu contexto e momento de vida5.

Destaca-se a educação em saúde como um conjunto de ideias e práticas orientadas para a prevenção de doenças e promoção da saúde e como meio para o estabelecimento de uma relação dialógico-reflexiva entre profissional de saúde e usuária, valorizando o desenvolvimento da consciência crítica das pessoas, inclusive, da necessidade da luta por direitos à saúde e à qualidade de vida6. Dá-se destaque ao enfermeiro, profissional este que é

voltado ao cuidado, tendo também como função estabelecer uma relação singular com cada usuário, família e comunidade e realizar ações de educação em saúde, na busca da construção compartilhada de conhecimento7.

As necessidades evidenciadas no campo do diálogo, da reflexão e da orientação do Sistema Único de Saúde (SUS) aproximam-se da fundamentação de Paulo Freire, referencial teórico do estudo.A abordagem de Freire oferece uma nova forma de condução do processo educativo, partindo de uma investigação inicial do universo dos sujeitos para que, a partir disso, conhecimentos se fortaleçam ou reconstruam de forma diferente8.

Durante o pré-natal, é fundamental que os profissionais de saúde reconheçam que esse momento se constitui como oportunidade de aprendizado para a mulher e de fortalecimento de sua autonomia e bem-estar. Além disso, os profissionais que realizam o cuidado à mãe, bebê e sua família devem estar capacitados, com uma atuação baseada nas normas de atenção ao pré-natal do MS, com o propósito de um cuidado seguro, humanizado e justificado por evidências científicas, incluindo o direito à informação2,7,8.

Durante o acompanhamento à assistência de pré-natal em um Centro de Saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais, identificou-se como problema de pesquisa o fato de que muitas mulheres apresentavam desconhecimento em relação aos seus direitos na gestação, parto e puerpério; e que, além disso, tais direitos praticamente não eram discutidos entre as gestantes e os profissionais de saúde, sendo o atendimento baseado em uma abordagem clínica e fragmentada. Assim, o objetivo do estudo foi analisar o conhecimento das gestantes acerca dos seus direitos no ciclo gravídico-puerperal.

M

ETODOLOGIA

Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, com abordagem qualitativa, realizado em um Centro de Saúde, da Regional Nordeste de Belo Horizonte, no período de 7 a 18 de janeiro de 2013. Foram entrevistadas 21 mulheres, sendo elas: gestantes, com idade igual ou superior a 18 anos, que realizavam o acompanhamento de pré-natal na Unidade em questão e que aceitaram participar da pesquisa.

O número de participantes não foi previamente determinado, já que não se consegue estabelecer uma medida a

priori para o entendimento da diversidade e da intensidade das informações necessárias a uma pesquisa. A coleta de

dados finalizou-se quando as pesquisadoras encontraram a lógica interna do objeto de estudo, em todas suas conexões e interconexões9.

Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas individuais, orientadas por um roteiro semiaberto, as quais foram gravadas e transcritas. Todas as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e puderam esclarecer suas dúvidas quanto à pesquisa, anteriormente à realização da entrevista, estando cientes da gravação.

As principais perguntas que guiaram a entrevista foram: “Você conhece os direitos, garantidos por lei, da mulher durante a gestação/durante o parto/ após o parto? Se sim, quais?”, “Durante suas consultas de pré-natal, algum profissional lhe informou sobre seus direitos? Se sim, qual profissional? Quais direitos foram informados?”, “Pelos meios de comunicação, você já ouviu falar dos direitos da mulher durante a gestação, parto e pós-parto? Onde?” “Você acha que conhecer os direitos da mulher durante a gestação, parto e puerpério influencia esse período de sua vida? Por quê?”

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Após a realização de cada entrevista, propomos à gestante que houvesse uma discussão sobre suas dúvidas e reflexões acerca das perguntas. Utilizou-se como instrumento norteador um folheto informativo intitulado “Direitos da mulher no ciclo gravídico-puerperal”, elaborado pelas pesquisadoras, que continha exemplos dos direitos da mulher nesse período e os contatos de instituições ou serviços para que a mulher pudesse buscar informações e atendimentos caso fosse de seu desejo e/ou necessidade. Dessa forma, a identificação do conhecimento das gestantes sobre seus direitos possibilitou que o diálogo, após a entrevista, valorizasse as experiências trazidas por elas e focasse nos pontos de pouco ou nenhum conhecimento.

A análise de dados foi feita a partir das respostas obtidas durante as entrevistas, utilizando-se a Análise de Conteúdo proposta por Minayo. Para a organização dos dados, realizou-se uma leitura global de cada entrevista e a separação do conteúdo em categorias analíticas. A palavra categoria refere-se a um conceito que abrange elementos ou aspectos com características comuns ou que se relacionam.Todos os dados relevantes a cada categoria foram identificados e examinados utilizando o processo denominado comparação constante. Após esse processo, as categorias foram reagrupadas no intuito de juntar as repetições10.

Dessa forma, reuniram-se as falas das entrevistadas em cinco categorias: 1. Direitos na Gestação; 2. Direitos no Parto e Nascimento; 3. Direitos no Puerpério; 4. Meios de comunicação disseminadores de informações sobre os direitos da mulher na gestação, parto e puerpério; 5. Percepção das mulheres sobre a importância do conhecimento dos seus direitos no ciclo gravídico-puerperal. Em cada uma das categorias, foram apresentadas falas de algumas das entrevistadas, as quais foram identificadas pela letra E, seguida por um número (E1 a E21), a fim de garantir o anonimato das participantes.

Este estudo obedece às diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos da Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, CAAE: 06993112.2.3001.5140.

R

ESULTADOS

A idade das entrevistadas variou de 18 a 40 anos, com média de 26 anos. Quanto ao grau de escolaridade, 4,8% cursaram o 1º grau completo, 14,3% tinham o 1º grau incompleto, 42,8% tinham o 2º grau completo, 14,3 tinham o 2º grau incompleto, e 23,8% tinham o superior incompleto. Aproximadamente 42,9% das gestantes trabalhavam, sendo 44,4% com carteira assinada. A maioria apresentava renda familiar de 1 a 3 salários mínimos (81%).

Das participantes, 23,8% tinham filhos (1 a 7). Destas, 100% realizaram as consultas de pré-natal nas gestações anteriores. Com relação à gravidez atual, o período de gestação variou de 8 a 40 semanas, sendo que 85,71% iniciaram o pré-natal no 1º trimestre. O número de consultas de pré-natal variou de 1 a 8 e a maioria das consultas foi realizada pelo profissional médico.

Categoria 1: Direitos na gestação

Dentre os direitos durante a gestação, o mais citado (oito gestantes) foi o direito de receber assistência pré-natal no Centro de Saúde:

Eu sei da consulta, que é o pré-natal. Só esse mesmo... (E14)

Sei que tem consulta gratuita no Centro de Saúde para a gestante. (E20)

Tem o direito de sair (do trabalho) para consultas de pré-natal e fazer exames. (E3)

Cinco participantes citaram a prioridade da gestante no atendimento público e a existência de assentos preferenciais nos transportes coletivos, sendo que uma delas se equivocou ao dizer que gestante não necessita pagar passagem:

Já ouvi falar na prioridade na fila de supermercado. (E13)

Eu conheço a prioridade no ônibus, na frente para sentar. Prioridade quando vai pagar alguma coisa no banco. (E10) A gestante tem o direito de não pagar passagem, igual idoso. (E9)

Uma gestante citou o direito de ter um período de estabilidade no emprego:

A mulher tem estabilidade quando trabalha, inclusive estou recorrendo à justiça porque me mandaram embora mês passado. (E20)

Segundo uma das entrevistadas, jovem estudante, existe o direito a um tratamento diferenciado para a grávida que estuda:

Na faculdade, tem uma licença também... época de prova tem uma licença lá, você fica alguns dias afastado e eles tem que te passar a prova tudo por e-mail ou então eles vêm aqui na casa aplicar. Você não é prejudicado em nada na escola, na faculdade, entendeu? (E1)

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Sete gestantes afirmaram desconhecimento com relação aos seus direitos na gestação: Nunca ouvi falar não... (E2)

Sobre direitos na gestação... não sei. (E19)

Categoria 2: Direitos no parto e nascimento

O direito mais citado (quatro gestantes) foi o de ter um acompanhante no momento do parto: Tenho direito de escolher o hospital e quem vai acompanhar. (E13)

Direito de ter um acompanhante, essas coisas assim, né? Eu também já passei pelos dois partos, eu sei isso. (E12) Direito à hospitalização, internação com acompanhante e todo o acompanhamento médico. (E14)

Algumas gestantes citaram a escolha da via de parto e o acesso ao alívio da dor durante o processo do parto e nascimento como direitos:

A escolha do parto que seria na hora que eu chegar no hospital. (E4) Direito a ter um parto sem dor. (E8)

Enquanto algumas gestantes percebem o alívio da dor como direito, uma das entrevistadas demonstrou descrença pelo sistema de saúde em vigor:

Direito eu acho que é só de sentir dor, né? (risos). Esse é de graça, né? (E1)

Com relação aos direitos de saúde da mulher no parto, 14 gestantes afirmaram desconhecimento. Hum... tem algum? Porque eu não sei.. (E9)

Sinceramente, não sei. (E11)

Categoria 3: Direitos no pós-parto

O direito mais citado (cinco gestantes) foi o de assistência à mulher e bebê no Centro de Saúde:

Não sei se é um direito, mas depois do parto, de continuar acompanhamento médico pra ver se está tudo bem, direito de acompanhamento da criança... à vacinação. (E20)

Tem uns testezinhos (para o bebê) que são gratuitos. (E4)

Quatro entrevistadas citaram o direito da licença-maternidade para a mulher que trabalha. Quando cê pára de trabalhar tem seus direitos trabalhistas, de licença maternidade. (E2) Conheço o direito de licença-maternidade. (E3)

Das gestantes entrevistadas, 13 afirmaram desconhecimento com relação aos seus direitos no pós-parto, sendo que uma dessas se equivocou com o direito:

Pessoas de carteira assinada tem afastamento por 90 dias e o de direito de amamentar de 3 em 3 horas quando volta para o trabalho. (E5)

Também nunca ouvi falar. (E7)

Categoria 4: Meios de comunicação disseminadores de informações sobre os direitos da mulher na gestação, parto e puerpério

Duas entrevistadas disseram que foram informadas sobre seus direitos durante as consultas de pré-natal, sendo que uma dessas não demonstra certeza:

O ginecologista falou para eu fazer o pré-natal, os exames e me orientou a ir no posto. (E9) Acho que já me falaram sobre isso em alguma consulta. (E5)

Grande parte das entrevistadas alegou que obteve informações por meio de algum meio de comunicação, de outras pessoas que não são profissionais de saúde ou por experiências em gestações anteriores.

Já ouvi falar dos direitos só na TV e internet (...) e o resto de boca a boca. (E15)

Já tive consulta de pré-natal com médico e enfermeira, mas ninguém me falou nada. (E19) Sei disso porque aprendi quando tive meu outro filho. (E12 )

Não conheço quais são meus direitos, por isso não uso. (E16)

Categoria 5: Percepção das mulheres sobre a importância do conhecimento dos direitos no ciclo gravídico-puerperal

Durante as entrevistas, as gestantes foram questionadas se acreditavam existir alguma influência de se conhecer os direitos no ciclo gravídico-puerperal durante o pré-natal. A maioria das entrevistadas (17) respondeu que esse conhecimento traria algum benefício.

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Seis delas relacionaram a um maior poder de defesa, estando mais segura para exigir seus direitos:

Pode claro. Ah porque aí eu vou... caso aconteça alguma coisa errada ou que eu não esteja em concordância, eu posso protestar contra aquilo. Conhecer meus direitos é um meio de defesa, vou exigir meus direitos. (E7)

Três delas disseram que o conhecimento dos direitos possibilita um melhor cuidado recebido por ela e seu bebê, trazendo benefícios para ambos:

Demais! Influencia muito! Influencia na questão da saúde, principalmente, tanto da mulher, quanto para o bebê e até mesmo no nível familiar, porque não acarreta problema para a família. (E14)

Das quatro gestantes que disseram que o conhecimento dos direitos não influencia durante a gestação, parto e pós-parto, três afirmaram que não acreditam na implementação das políticas públicas na prática.

Não tem influência nenhuma. Às vezes a pessoa pode conhecer demais, mas ao correr atrás não faz diferença nenhuma. Não respeitam seu conhecimento. (E21)

Nada. Porque não tão respeitando, nem incomodando com a mulher. Igual minha irmã estava grávida e entrou no ônibus e a moça nem levantou para deixar ela sentar no assento de prioridade. Então, acho que não. (E10)

Porque na prática não funciona, nem pra mim, nem pra elas, a verdade é essa...Não influencia pra mim... Porque eu esperar três anos e meio por um filho, chegar no hospital e eles me forçarem fazer um parto que eu não quero e ainda ter o risco de correr, de ver meu filho morrer, como aconteceu com minha irmã, eu não aceito de forma alguma. (E4)

D

ISCUSSÃO

O direito mais citado, na categoria que se refere à gestação, foi o de assistência pré-natal. A lei define que a assistência de pré-natal deve ser assegurada de forma gratuita pela Secretaria Municipal de Saúde, conforme a Portaria nº 569/0011.São direitos da gestante realizar pelo menos seis consultas durante a gravidez e levar um

acompanhante; possuir o Cartão da Gestante; realizar os exames de rotina do pré-natal; tomar vacina contra hepatite B e tétano; e conhecer antecipadamente o hospital onde será realizado seu parto e onde será atendida nos casos de intercorrências pré-natal11,12,13.

Nesse contexto, considera-se a Estratégia de Saúde da Família fundamental na organização da assistência na rede de saúde, atuando na captação da gestante, no acompanhamento de sua situação de saúde, dando resolutividade ao seu problema e/ou referenciando-a para outros serviços quando necessário14.

Cinco das gestantes entrevistadas citaram o direito às prioridades em filas de banco e supermercados e assento preferencial em transporte público. A Constituição Federal de 1988, assim como a Lei nº 10.048/2000, trazem como direitos sociais da mulher a proteção à maternidade, destacando o atendimento em caixas especiais, prioridade em filas de bancos e supermercados, acesso à porta da frente de lotações e assento preferencial.O assento preferencial no ônibus não significa que a gestante está isenta de pagar passagem, conforme foi dito, equivocadamente, por uma das entrevistadas15,16.

Em relação à estabilidade no emprego, a lei assegura que, ao ficar grávida, a mulher que trabalha não pode ser demitida nem sofrer redução no salário, desde a confirmação da gravidez até cinco meses pós-parto12.Destaca-se a

fala da entrevistada E20 que diz estar recorrendo à justiça, por ter sido demitida do trabalho. Isso demonstra a relevância do acesso à informação, e do conhecimento de direitos fundamentais e básicos que, muitas vezes, não são respeitados.

Ainda relacionado aos direitos no trabalho, a gestante pode mudar de cargo ou função na empresa, caso o mesmo possa provocar problemas para a saúde da mãe ou do bebê, comprovados por meio de atestado médico.12,17

Além disso, todo cidadão brasileiro tem direito também ao Registro Civil de Nascimento e a primeira via da Certidão de Nascimento gratuitamente12,17.

Somam-se às trabalhadoras, as mulheres que estudam e tentam conciliar a maternidade com sua formação profissional, como lembrado por uma das entrevistadas (E1). A legislação que ampara a questão educacional e a estudante gestante é a Lei Federal n.º 6.202/75, a qual regulamentou o regime de exercícios domiciliares, instituído pelo Decreto-Lei n.º 1.044/6918. Instituiu-se o regime de exceção, destinado aos alunos merecedores de tratamento

excepcional, que inclui as estudantes grávidas, atribuindo-lhes exercícios domiciliares a partir do oitavo mês de gestação e durante três meses após o nascimento do bebê. Em casos excepcionais, mediante atestado médico, pode ser aumentado o período de repouso, antes e/ou depois do parto18.

No que se refere aos direitos no parto e nascimento, o mais citado foi o de ter acompanhante no momento do parto. A Lei nº 11.108/05 enfatiza que a mulher tem direito de ter um acompanhante de livre escolha durante o trabalho de parto, parto e pós-parto, no âmbito do Sistema Único de Saúde19.Estudos científicos comprovaram que a

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inclusão de outras pessoas à cena do parto melhora os indicadores perinatais, pois reduz a necessidade de cesariana, episiotomia, sofrimento fetal, desmame precoce e até depressão pós-parto20.

Algumas gestantes citaram a escolha da via de parto (parto normal ou cesárea) e o alívio da dor como direitos. A Lei traz a escolha do tipo de parto como uma decisão da mulher juntamente com a equipe de saúde, que irá avaliar sua situação de saúde e do bebê, analisando as implicações do tipo escolhido12.Além disso, a mulher tem o direito de

receber medidas de alívio da dor durante o trabalho de parto e parto, como banho morno, massagem, medicação para analgesia e anestesia, deambulação para facilitar a descida do bebê, além de estar na companhia de quem gosta e confia. Outra questão que deve ser considerada, é o direito que a mulher possui de ser escutada em suas queixas, para se sentir mais segura e ter um trabalho de parto e parto mais tranquilos21.Essas questões tornam-se mais

relevantes quando analisada a fala da entrevistada E1. Ela traz a ironia de sentir dor como um direito, mas desconhece que na verdade o direito é o acesso aos métodos de alívio da dor durante o trabalho de parto e parto.

No que se refere aos direitos no pós-parto, o direito mais citado foi o de assistência à mulher e bebê. Sobre isso, as “Ações do Quinto Dia”, instituídas pelo MS, propõem que o recém-nascido deve ser avaliado por um profissional de saúde entre o 3º e o 5º dia de vida e que sejam realizadas orientações sobre cuidados com o bebê e a mãe.22 Deve ser

realizado também o Teste do Pezinho, exame gratuito para detecção precoce de hipotireoidismo, fenilcetonúria, mucoviscidose e hemoglobinopatias,além de serem administradas as vacinas para o recém-nascido22.

Um direito que merece destaque, mas que não foi citado pelas gestantes, é o Alojamento Conjunto, publicado por meio da Portaria n.°1.016/9323. Este consiste em um sistema hospitalar em que o recém-nascido sadio, logo

após o nascimento, permanece com a mãe até a alta hospitalar. O sistema permite, por exemplo, estimular o aleitamento materno, fortalecer os laços afetivos entre mãe e filho e diminuir o risco de infecção hospitalar23.

Quatro gestantes citaram o direito à licença maternidade. Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 define que a puérpera tem direito à licença-maternidade, que pode ser de 180 dias, caso a empresa onde a gestante trabalhe faça parte do Programa Empresa Cidadã, ou 120 dias caso a empresa não faça parte15,24.Nos casos de adoção e em

casos de natimorto ou de óbito do bebê, a mulher também tem direito à licença-maternidade12.

Outro direito relacionado ao trabalho que não foi mencionado é o horário especial de trabalho, com dois descansos, de 30 minutos cada, destinados à amamentação até o bebê completar seis meses de idade.Além disso, as mulheres têm direito à visita domiciliar do Agente Comunitário de Saúde, nos primeiros dias após o parto, para orientações sobre a consulta de pós-parto, de cuidados com o bebê e de planejamento familiar12.

Destaca-se que, caso a mulher vivencie o processo de abortamento, ela deve ser atendida imediatamente, sem recriminações ou críticas, sendo informada sobre todos os tratamentos propostos25.

Um número considerável de gestantes (33,33%), disseram desconhecer algum direito na gestação. Esse número cresce ainda mais quando relacionado ao desconhecimento dos direitos no pós-parto (61,9%) e no parto e nascimento (66,66%).

Segundo as entrevistas, os direitos da mulher no período gravídico-puerperal são pouco discutidos pelos profissionais de saúde durante as consultas de pré-natal, sendo que os meios de comunicação se destacaram na disseminação das informações sobre seus direitos. Os meios de comunicação exercem um importante papel na difusão da informação, porém, não devem substituir a atuação do profissional, em especial o enfermeiro, na utilização da educação em saúde como dispositivo para construção de conhecimento e fortalecimento da autonomia das mulheres.

Quando questionadas sobre a importância do conhecimento dos direitos no ciclo gravídico-puerperal, uma questão presente nos discursos é que as informações trariam mais segurança às mulheres, ajudando a exigir seus direitos e servindo como um meio de defesa. Segundo as entrevistadas, conhecer os direitos traria proteção não somente para a mulher, mas para o bebê e para a família. Percebe-se que a informação se constitui como um suporte social de extrema relevância para a mulher, principalmente nesse período. Exemplo disso é que as mães que contam com esse suporte adequado, possuem uma saúde mental melhor e estão menos propensas a sofrerem de ansiedade e depressão26.

Três gestantes citaram a descrença que têm na concretização de seus direitos na prática, relacionando tal situação à forma como funciona o sistema de saúde em vigor no país. Consolidado em nosso meio, o nascimento no ambiente hospitalar caracteriza-se pela adoção de variadas tecnologias com o objetivo de torná-lo mais seguro para a mulher e seu filho. Se por um lado, o avanço da obstetrícia moderna contribuiu com a melhoria dos indicadores de morbimortalidade materna e perinatais, por outro permitiu a concretização de um modelo que considera a gravidez, o parto e o nascimento como doenças e não como expressões de saúde21. Como consequência, as mulheres e

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situações de real necessidade. Esse excesso de intervenções deixou de considerar os aspectos emocionais, humanos e culturais envolvidos no processo, esquecendo que a assistência ao nascimento se reveste de um caráter particular.21

C

ONCLUSÃO

Na tentativa de analisar o conhecimento da mulher no ciclo gravídico-puerperal, notou-se que, em geral, as gestantes demonstraram desconhecimento e insegurança sobre o assunto. Isso porque muitas não conheciam seus direitos e, mesmo quando sabiam de sua existência, não forneciam informações consistentes, trazendo falas curtas e incompletas. As gestantes relataram que o tema era pouco abordado pelos profissionais de saúde, fato que pode ser explicado possivelmente pela falta de conhecimento desses profissionais sobre o assunto. Quando as gestantes demonstravam conhecimento sobre algum direito, relacionavam-no principalmente aos meios de comunicação e experiências familiares ou pessoais, em gestações anteriores.

Espera-se que este estudo possa incentivar a educação em saúde como dispositivo de empoderamento da mulher e o despertar dos profissionais de saúde quanto à importância desse tema e sua influência na melhoria das condições maternas e neonatais. Isso para que as mulheres possam usufruir de seus direitos, vivenciar experiências positivas de gestar, parir e cuidar, e ter segurança e autonomia para a tomada de decisões.

R

EFERÊNCIAS

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Referências

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