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Desempenho do programa de recuperação fiscal "em dia com a feliz cidade" do município de Feliz-RS

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS. TATIANE SCHNUR. DESEMPENHO DO PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO FISCAL “EM DIA COM A FELIZ CIDADE” DO MUNICÍPIO DE FELIZ-RS. CAXIAS DO SUL 2016.

(2) TATIANE SCHNUR. DESEMPENHO DO PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO FISCAL “EM DIA COM A FELIZ CIDADE” DO MUNICÍPIO DE FELIZ-RS. Monografia apresentada como requisito para a obtenção do Grau de Bacharel em Ciências Contábeis da Universidade de Caxias do Sul Orientador: Prof. Ms. Tarcísio Neves da Fontoura. CAXIAS DO SUL 2016.

(3)

(4) Dedico este trabalho a todos aqueles que fizeram do meu sonho realidade, me proporcionando forças para que eu não desistisse e que me acompanharam nessa longa e feliz trajetória..

(5) AGRADECIMENTOS Quero expressar meus agradecimentos a todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, colaboraram para que este trabalho fosse realizado. Em especial ao meu orientador, Prof. Ms. Tarcísio Neves da Fontoura, pela sua competência e orientação durante todo o desenvolvimento desta monografia. Agradeço aos meus colegas de trabalho, em especial Ramsés Machado pelo apoio dedicado, que foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho. Aos meus familiares e amigos pela compreensão e por acreditarem em minhas escolhas, apoiando-me e esforçando-se, para que eu suprisse todas elas..

(6) “A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas.” Horácio.

(7) RESUMO O programa de recuperação fiscal do município de Feliz-RS, denominado "Em dia com a Feliz Cidade" foi destinado a promover o recebimento à vista ou parcelado dos créditos tributários e não tributários, referentes a qualquer exercício, devidos à Fazenda Pública Municipal de Feliz, vencidos até 10 de julho de 2014. Contudo, as ações, programas e projetos da administração pública, assim como no setor privado, devem ser mensurados para que seja possível apurar sua eficácia. Levando em consideração este pensamento, delimitou-se o tema deste estudo na avaliação do desempenho de refinanciamento do município. A avaliação foi feita a partir de estudo de caso por meio da coleta de dados mensuradas em planilhas para melhor quantificar e qualificar o resultado. O resultado do programa atendeu aos objetivos do estudo, possibilitando a verificação da ocorrência de inadimplência, o total recuperado e o comportamento da dívida ativa. A partir da coleta e análise dos dados pode-se sugerir ao gestor medidas que garantem o recebimento administrativo dos créditos tributários além de alterações nas regras do programa de recuperação. Palavras-chave: Crédito tributário. Avaliação. Inadimplência. Desempenho..

(8) LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Créditos devidos à fazenda em 31.08.2014 (em R$) de 2001-2014 .......41 Tabela 2– Créditos tributários e não tributários parcelados (em R$) de 1995-2014 .42 Tabela 3 – Número de parcelamentos pela Lei Municipal nº 2910/2014 pelo valor do débito ........................................................................................................................43 Tabela 4 – Recebimento à vista e parcelado por valor de débito..............................44 Tabela 5 – Total do recebimento a vista e parcelado por ano da dívida ...................44 Tabela 6 – Inadimplência do total de débitos parcelados por ano.............................45 Tabela 7 – Adesão conforme a modalidade de parcelamento ..................................46 Tabela 8 – Inadimplência pelo número de parcelas aderidas ao programa ..............47 Tabela 9 – Inadimplência pelo valor original do débito..............................................47 Tabela 10 – Percentual de adesão ao programa por cadastro (em R$)....................48 Tabela 11 – Número e percentual de cancelamentos por cadastro (em unidades) ..49 Tabela 12 – Valor e percentual recuperado frente ao valor parcelado (em R$)........49 Tabela 13 – Valor e percentual recuperado frente à isenção (em R$) ......................50 Tabela 14 – Histórico da arrecadação e do estoque da dívida ativa de 2008-2015 ..50.

(9) SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................10. 1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO.......................................................10. 1.2. TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA .......................................................11. 1.2.1. Delimitação do tema ...............................................................................11. 1.2.2. Motivação da escolha do tema ..............................................................12. 1.2.3. Definição do problema............................................................................12. 1.3. PROPOSIÇÕES ........................................................................................12. 1.4. OBJETIVOS ..............................................................................................13. 1.4.1. Objetivo geral ..........................................................................................13. 1.4.2. Objetivos específicos .............................................................................13. 1.5. METODOLOGIA........................................................................................13. 1.5.1. Delineamento da pesquisa .....................................................................13. 1.5.2. Procedimentos de coleta e análise dos dados.....................................15. 1.6. ESTRUTURA DO ESTUDO ......................................................................15. 2. REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................16. 2.1. CONTABILIDADE......................................................................................16. 2.1.1. Definição e histórico...............................................................................16. 2.1.2. Os objetivos e as finalidades da contabilidade....................................17. 2.1.3. Os usuários das informações contábeis ..............................................18. 2.1.4. O campo de aplicação da contabilidade ...............................................18. 2.2. A CONTABILIDADE PÚBLICA ..................................................................19. 2.3. GESTÃO DOS RECURSOS PÚBLICOS MUNICIPAIS.............................21. 2.3.1. Lei de responsabilidade fiscal ...............................................................21. 2.3.2. Renuncia de receita e benefícios tributários ........................................23. 2.4. RECEITA PÚBLICA...................................................................................24. 2.4.1. Fontes de receita pública .......................................................................25. 2.5. RECEITAS PRÓPRIAS MUNICIPAIS .......................................................27. 2.5.1. O imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) ....27. 2.5.2. O imposto sobre serviço de qualquer natureza (ISS) ..........................29. 2.5.3. O imposto sobre transmissão Intervivos (ITBI)....................................30. 2.5.4. Taxas........................................................................................................31.

(10) 9. 2.5.5. Contribuições de Melhorias ...................................................................31. 2.6. A DÍVIDA ATIVA MUNICIPAL ...................................................................32. 2.6.1. Parcelamento de dívida ativa .................................................................33. 2.6.2. Programas de Recuperação Fiscal........................................................35. 2.6.2.1. Programas de recuperação fiscal no Município de Feliz-RS .....................37. 3. ANÁLISE DE DADOS ...............................................................................40. 3.1. CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO.........................................40. 3.2. TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ...................................................41. 3.2.1. Créditos tributários e não tributários devidos à fazenda de Feliz-RS 41. 3.2.2. Recuperação fiscal de acordo com a Lei nº 2910/2014........................42. 3.2.3. Inadimplência da Lei nº 2910/2014.........................................................45. 3.2.4. Indicadores de desempenho da Lei nº 2910/2014 ................................48. 3.2.5. Estoque da Dívida Ativa versus Arrecadação da Dívida Ativa............50. 3.3. ANÁLISE DO RESULTADO ......................................................................51. 3.3.1. Análise do resultado dos indicadores...................................................52. 4. CONCLUSÃO ...........................................................................................55. REFERÊNCIAS........................................................................................................58 APÊNDICE A – LEI MUNICIPAL Nº 2.910, DE 22 DE JULHO DE 2014 ................63 APÊNDICE B – COMPILAÇÃO DOS DADOS DO PROGRAMA (REFIZ) ..............70.

(11) 10. 1 INTRODUÇÃO 1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO Uma das divisões da contabilidade é a contabilidade pública, que controla o. patrimônio do estado, as receitas e as despesas. A legislação, conforme é apresentada no referencial teórico, determina que o município deve cobrar seus tributos e prestar contas acerca das providências tomadas em relação à inadimplência. A tarefa arrecadatória é uma atividade importante para os entes públicos federados, desta forma, todos os esforços são empreendidos para que esta não perca a força ou venha a provocar o desequilíbrio da arrecadação. Diante da obrigação de promover a arrecadação, os programas de recuperação fiscal tem sido uma ferramenta para a União, estados e municípios para acelerar a entrada de recursos financeiros em caixa. O Município de Feliz no ano de 2014 institui o programa de recuperação fiscal denominado “Em dia com a Feliz Cidade”, que buscou o recebimento dos créditos vencidos até julho de 2014. Pretende-se com este trabalho fazer a avaliação do programa de recuperação fiscal “Em dia com a Feliz Cidade” a partir de coleta de dados mensuradas em planilhas para melhor quantificar e qualificar o resultado. A gestão pública municipal necessita atender as demandas sociais, e para isso, necessita de programas que sejam eficientes para alcançar os melhores resultados. É evidente que a Fazenda Pública deve ter uma postura ativa na forma de arrecadar os tributos municipais, visto que há pouca influência das suas ações nos repasses oriundos do Estado e da União. De acordo com os dados da secretaria da fazenda do município de Feliz-RS extraídos do portal da transparência do Estado do Rio Grande do Sul, as receitas tributárias, corresponderam a 12,45% da arrecadação de receitas correntes do Município no ano de 2013 (RIO GRANDE DO SUL, 2015). Uma das formas utilizadas pelo município no ano de 2014 para aumentar a arrecadação foi o programa de recuperação fiscal. Entretanto o município não traçou métricas para avaliar o seu desempenho..

(12) 11. Desta forma, promover a avaliação deste programa é uma oportunidade para o pesquisador colocar em prática os conhecimentos adquiridos na academia, além de possibilitar uma análise qualitativa e quantitativa desta ferramenta visando demostrar sua viabilidade e eficácia. A importância do tema no meio acadêmico é devido aos poucos estudos na aplicação de estudos que medem o resultado da gestão pública. Cientificamente o estudo é fonte de avaliação das técnicas de pesquisa que melhor atendem a resolução do problema. Profissionais que atuam na gestão de recursos públicos podem levar em consideração na tomada de decisão quanto a realização de um projeto de igual ou semelhante teor quanto a sua eficácia. Diante do exposto, entende-se que o tema apresentado é de grande importância, tanto para fins acadêmicos, científicos e profissionais, justificando-se plenamente a sua realização. 1.2. TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA. 1.2.1 Delimitação do tema A tarefa arrecadatória é atividade de suma importância para os entes públicos federados, desta forma, todos os esforços são empreendidos para que esta não perca a força ou venha a provocar o desequilíbrio da arrecadação. A administração pública tributária busca o cumprimento das obrigações tributárias; e pela não prescrição tributária, que é a impossibilidade de promover a cobrança judicial. De acordo com Bartine (2012), o direito tributário cuida de uma das vertentes das receitas públicas, as receitas tributárias. Segundo Bartine (2012) uma das formas de suspensão de exigibilidade é o parcelamento do crédito tributário que consiste na dilação do prazo de pagamento dos tributos já vencidos. Ainda, o autor aponta o refinanciamento como uma das ferramentas utilizadas na tentativa de buscar estes créditos. A prática de gestão dos créditos tributários é importante para a eficácia do orçamento público. O programa de recuperação fiscal do município de Feliz-RS, denominado "Em dia com a Feliz Cidade" foi destinado a promover o recebimento à.

(13) 12. vista ou parcelado dos créditos tributários e não tributários, referentes a qualquer exercício, devidos à Fazenda Pública municipal de Feliz, vencidos até 10 de julho de 2014, decorrentes de débitos de pessoas físicas ou jurídicas com sede ou não no município de Feliz-RS. Contudo, as ações, programas e projetos da administração pública, assim como no setor privado, devem ser mensurados para que seja possível apurar sua eficácia. Levando em consideração este pensamento, delimitou-se o tema deste estudo na avaliação do desempenho de refinanciamento do município. A avaliação foi feita a partir de coleta de dados mensuradas em planilhas para melhor quantificar e qualificar o resultado. O resultado desta avaliação pode balizar outras ações dentro do município e ainda ser replicado por outros entes da federação na recuperação de créditos vencidos. 1.2.2 Motivação da escolha do tema A necessidade de quantificar e qualificar o programa de refinanciamento nasceu dos questionamentos de outros municípios quanto aos procedimentos adotados e seus resultados. Comumente as ações públicas não são medidas e a carência destas respostas quanto ao desempenho motivaram a pesquisadora a ampliar o conhecimento sobre o programa e apurar o desempenho. 1.2.3 Definição do problema Com base na delimitação do tema de pesquisa proposto, a questão de pesquisa para o estudo é: Qual o desempenho da lei municipal de nº 2910/2014 que instituí o Programa de recuperação fiscal do município de Feliz-RS, denominado "Em dia com a Feliz Cidade”? 1.3. PROPOSIÇÕES - Se com o parcelamento diminuiu o estoque da dívida ativa e aumentou a. arrecadação da dívida ativa;.

(14) 13. - Se com o parcelamento aumentou o estoque da dívida ativa e diminuiu a arrecadação da dívida ativa; - Se com o parcelamento os valores em estoque da dívida ativa e arrecadação da dívida ativa se mantiveram. 1.4. OBJETIVOS 1.4.1 Objetivo geral Considerando o problema anteriormente descrito, tem-se como objetivo. geral demonstrar o desempenho da lei Municipal de nº 2910/2014 que institui o Programa de recuperação fiscal do município de Feliz-RS, denominado "Em dia com a Feliz Cidade”. 1.4.2 Objetivos específicos Com vistas ao alcance do objetivo geral, elencam-se também os objetivos específicos: - Efetuar levantamento do referencial teórico sobre refinanciamentos fiscais; - Identificar o montante de créditos tributários devidos à fazenda até o ano de 2014; - Apurar qual foi à recuperação fiscal à vista e parcelada; - Verificar a inadimplência destes parcelamentos; - Apresentar indicadores de desempenho da Lei Municipal de nº 2910/2014. - Acompanhar a evolução da dívida ativa antes e depois do reparcelamento. 1.5. METODOLOGIA. 1.5.1 Delineamento da pesquisa Quanto aos procedimentos será um estudo de caso, pois estuda in loco os fenômenos e apresenta com maior sagacidade os resultados dentro de seu contexto. O estudo de caso busca explorar os resultados de um caso concreto..

(15) 14. Segundo Gil (2010) o estudo de caso estuda exaustivamente um ou poucos temas, de maneira a permitir seu detalhado conhecimento. Ainda para Roesch (1999, p.155 apud Yin, 1981) “[...] diz que o estudo de caso é uma estratégia que busca examinar um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto”. Quanto à abordagem dos objetivos optou-se pela pesquisa descritiva. Segundo Gil, (2010, pg. 27) “[...] as pesquisas descritivas têm como objetivo a descrição das características de determinada população. Podem ser elaboradas também com a finalidade de identificar possíveis relações entre variáveis”. Para alcançar os objetivos a pesquisa descritiva utiliza técnicas padronizadas de coleta de dados, como o uso da estatística desde as técnicas mais simples as mais sofisticadas, identificando a relação entre as variáveis. Quanto à forma de abordagem do problema trata-se de uma pesquisa qualiquantitativa, como indica o nome representa a combinação das modalidades qualitativas e quantitativas de pesquisa. Segundo Roesch (1999, p.155) “[...] delineamentos qualitativos e quantitativos são formas complementares e não formas antagônicas de avaliação”. Em sentido amplo, para Richardson (1989, p. 29) “(...) método em pesquisa significa a escolha de procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação de fenômenos”. Desta forma, todo trabalho de pesquisa deve ser planejado e executado de acordo com as normas que acompanham cada método. Segundo Diehl e Tatim (2004) a escolha do método se dará pela natureza do problema, bem como de acordo com o nível de aprofundamento. Ademais, estes métodos são diferenciados, além da forma de abordagem do problema, pela sistemática pertinente a cada um deles (RICHARDSON, 1989). Diehl e Tatim (2004) apresentam um esboço acerca destas duas estratégias: a pesquisa quantitativa pela uso da quantificação, tanto na coleta quanto no tratamento. das. informações,. utilizando-se. técnicas estatísticas,. objetivando. resultados que evitem possíveis distorções de análise e interpretação, possibilitando uma maior margem de segurança; e a pesquisa qualitativa, por sua vez, descrevem a complexidade de determinado problema, sendo necessário compreender e classificar os processos dinâmicos vividos nos grupos, contribuir no processo de mudança, possibilitando o entendimento das mais variadas particularidades dos indivíduos..

(16) 15. Richardson (1989) expõe que este método quantitativo é frequentemente aplicado nos estudos descritivos (aqueles que procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis), os quais propõem investigar “o que é”, ou seja, a descobrir as características de um fenômeno como tal. O método qualitativo difere, em princípio, do quantitativo, à medida que não emprega um instrumental estatístico como base na análise de um problema, não pretendendo medir ou numerar categorias (RICHARDSON, 1989). 1.5.2 Procedimentos de coleta e análise dos dados - Utilização de fontes documentais - Tabulação das respostas utilizando o Excel. - Análise dos dados levantados utilizando o embasamento teórico, alinhado ao objetivo e a questão de pesquisa. 1.6. ESTRUTURA DO ESTUDO No primeiro capítulo foi apresentada a contextualização do tema, bem como. os objetivos, a questão de pesquisa e a metodologia empregada no estudo. No segundo capítulo foi apresentada a revisão de literatura sobre diversos aspectos teóricos e legais na instituição de programas de recuperação fiscal. Ainda, tem o objetivo de evidenciar fatores que devem ser considerados quanto a eficiência da aplicação destes programas. No terceiro capítulo foi aplicada a coleta de dados para o estudo de caso. Em seguida a tabulação e análise dos dados coletados utilizando o Excel. Este capítulo tem o objetivo de proporcionar a apresentação e discussão dos resultados dos dados analisados. Ao final, no quarto capítulo, pretende-se atingir o objetivo principal da pesquisa, qual seja, verificar se os resultados apurados, a partir dos dados coletados, respondem o problema de pesquisa. Ou seja, apontar qual foi o desempenho do programa de recuperação fiscal..

(17) 16. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Este capítulo aborda os conceitos teóricos empregados neste trabalho, que foram divididos em 7 tópicos principais: contabilidade, contabilidade pública, gestão dos recursos públicos municipais, receita pública, receitas próprias municipais e dívida ativa municipal. 2.1. CONTABILIDADE. 2.1.1 Definição e histórico A contabilidade “é uma ciência social que tem por objeto o patrimônio das entidades” (RIBEIRO; COELHO, 2013 p. 20). Franco (2009, p. 21) define patrimônio como “[...] o objeto da contabilidade, isto é, sobre ele exercem as funções contábeis, para alcance de sua finalidade”, onde bens, direitos e obrigações formam o patrimônio das entidades econômicoadministrativas. Franco (2009) traz como conceito de contabilidade a ciência que estuda os fatos ocorridos no patrimônio, com o objetivo de fornecer informações e orientações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado de gestão. A despeito disso Franco (2009, p. 19) considera a contabilidade como “[...] um conjunto de conhecimentos sistematizados, com princípios e normas próprias, ela é, na acepção ampla do conceito de ciência, uma das ciências econômicas e administrativas”. De maneira mais simplista Toigo (2009, p. 24) conceitua contabilidade como “[...] a ciência que estuda e controla o patrimônio das companhias sob o ponto de vista econômico financeiro, observando e registrando seus aspectos e suas variações decorrentes da gestão econômica”. Já Sá (2010, p. 46) entendeu ser adequado definir contabilidade como: “[...] a ciência que estuda os fenômenos patrimoniais, preocupando-se com realidades, evidências e comportamentos dos mesmos, em relação à eficácia funcional das células sociais”. Ainda, nas mesmas linhas de entendimentos Greco e Arend (2011) entendem que se pode afirmar que a contabilidade faz parte das ciências econômicas e.

(18) 17. administrativas, envolvendo um conjunto de conhecimentos, com objeto de estudo e finalidades definidas, que obedece á normas e preceitos próprios. 2.1.2 Os objetivos e as finalidades da contabilidade O objetivo da contabilidade segundo Riberio e Coelho (2013) é controlar o patrimônio da entidade, e através de suas demonstrações subsidiar os usuários na obtenção de informações na tomada de decisão. Na mesma linha de pensamento Toigo (2009, p. 26) define que “[...] a contabilidade tem por objetivo o controle eficaz do patrimônio administrável, informando aos interessados sua composição e as variações decorrentes das transações econômicas realizadas sobre esse patrimônio”. Ainda, asseguram Greco e Arend (2011, p. 2) que um dos objetivos tácitos da contabilidade é: “[...] a apresentação de demonstrativos e relatórios condizentes com os estudos que os usuários pretendem efetuar, contendo os elementos informativos considerados importantes para as suas decisões”. Para Ribeiro e Coelho (2013, p. 20) a principal finalidade da contabilidade: [...] é fornecer informações sobre o patrimônio, informações estas de ordem econômica e financeira, que facilitam as tomadas de decisões, tanto por parte dos administradores ou proprietários como também por parte daqueles que pretendem investir na empresa.. Ainda, para Franco (2009, p. 22) a finalidade da contabilidade é: [...] controlar os fenômenos ocorridos no patrimônio de uma entidade, através do registro, da classificação, da demonstração expositiva, da análise e interpretação dos fatos nele ocorridos, objetivando fornecer informações e orientação – necessárias à tomada de decisões – sobre a sua composição e variações, bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial.. Observa-se, pelos autores citados, que o objetivo da contabilidade, em amplo contexto, é fornecer, através de suas demonstrações, informações aos mais diversos usuários para que facilitem a tomada de decisão..

(19) 18. 2.1.3 Os usuários das informações contábeis Várias são as pessoas que utilizam as informações contábeis, de acordo com seus interesses (Greco e Arend, 2011). Para Marion (2004, p.27) “os usuários da contabilidade são as pessoas que se utilizam da contabilidade, que se interessam pela situação da empresa e buscam na contabilidade suas respostas”. Segundo Ribeiro e Coelho (2013, p. 24) os usuários das informações contábeis são: [...] pessoas físicas e jurídicas que a utilizam para registrar e controlar a movimentação de seus patrimônios, bem como aqueles que, direta ou indiretamente, tenham interesse no controle; na apuração de resultados; na avaliação da situação patrimonial, econômica e financeira; na análise do desempenho e do desenvolvimento da entidade, como titulares (empresas individuais), sócios, acionistas (empresas societárias), gerentes, administradores, governo (fisco), fornecedores, clientes, bancos etc.. Conforme introduz Jiambalvo (2009), os usuários das informações contábeis podem ser divididos em internos e externos. Os usuários internos fazem uso das informações da contabilidade gerencial para planejar, controlar e tomar de decisões, enquanto os usuários externos se utilizam das informações da contabilidade financeira para decidir se fazem investimentos, empréstimos. Franco (2009) considera que as informações contábeis são indispensáveis à orientação administrativa, trazendo maior eficácia na gestão econômica e financeira da entidade e de seus bens patrimoniais. 2.1.4 O campo de aplicação da contabilidade Para Franco (2009) a aplicação da contabilidade ocorre nas entidades econômico-financeiras, visto que o controle e as informações contábeis são imprescindíveis para alcançar os objetivos da entidade, sejam econômicos ou sociais, ou ainda, econômico-sociais. Ainda para Ribeiro e Coelho (2013) a contabilidade é aplicada às entidades econômicas e administrativas, as pessoas físicas e as pessoas jurídicas de direito público..

(20) 19. Seguindo a mesma linha de pensamento Greco e Arend (2011) afirmam que o campo de aplicação da contabilidade é composto por pessoas físicas ou jurídicas que exercem atividade econômica. 2.2. A CONTABILIDADE PÚBLICA De acordo com Bezerra Filho (2015) a contabilidade aplicada ao setor público. está legalmente normatizada pela lei nº 4320/1964, que para a elaboração do orçamento e balanços da União, Estados e Municípios dispõe sobre as normas gerais de direito financeiro. A contabilidade pública é uma das divisões da contabilidade, sendo conceituada como: “[...] o ramo da contabilidade que estuda, orienta, controla e demonstra a organização e execução da Fazenda Pública; o patrimônio e suas variações” (KOHAMA, 2010, p. 25). Para Bezerra Filho (2015, p. 02) “a contabilidade aplicada ao setor público é o ramo da ciência contábil que aplica, no processo gerador de informações, os princípios de contabilidade e as normas contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades do setor público”. Na mesma linha de pensamento Silva (2011) diz que a contabilidade pública tem por objetivo fornecer as informações à administração sobre o patrimônio do Estado, execução do orçamento, controle dos custos e eficiência do setor público, controle da receita e despesa e as normas de prestação de contas aos usuários. Ainda, para Angélico (1995, p. 107) contabilidade pública “[...] é a disciplina que aplica, na administração pública, as técnicas de registros e apurações em harmonia com as normas gerais do direito financeiro”. Angélico (1995) defini que a aplicação da contabilidade pública é restrita a administração pública nos três níveis de governo: federal, estadual e municipal e suas autarquias. Razão pela qual a matéria é de baixa divulgação e poucos são os técnicos especializados. Para Kohama (2010, p.25), a contabilidade pública é um dos ramos mais complexos da ciência contábil e tem por objetivo captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações orçamentárias, financeiras e patrimoniais das entidades de direito público interno, ou seja, União,.

(21) 20 Estados, Distrito Federal e Municípios e respectivas autarquias, através de metodologia especialmente concebida para tal [...].. De acordo com a NBC T 16.1 entende-se por campo de aplicação da contabilidade: [...] o espaço de atuação do profissional de contabilidade que demanda estudo, interpretação, identificação, mensuração, avaliação, registro, controle e evidenciação de fenômenos contábeis, decorrentes de variações patrimoniais em: (a) entidades do setor público; e (b) ou de entidades que recebam, guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem recursos públicos, na execução de suas atividades, no tocante aos aspectos contábeis da prestação de contas. (BRASIL, 2008).. Ainda, para Bezerra Filho o campo de aplicação da contabilidade pública está demonstrado na figura 1. Figura 1- Campo de aplicação da contabilidade aplicada ao setor público. Fonte: Bezerra Filho (2015, p. 03)..

(22) 21. 2.3. GESTÃO DOS RECURSOS PÚBLICOS MUNICIPAIS Para Bartini (2012, p. 21), “entende-se atividade financeira do estado a busca. pela própria Administração Pública, da satisfação das necessidades públicas. A finalidade precípua é a de atingir o bem comum, satisfazendo todas as necessidades coletivas”. Já para Baleeiro (2008, p. 04), “a atividade financeira consiste em obter, criar, gerir e despender dinheiro indispensável às necessidades, cuja satisfação o Estado assumiu ou cometeu àqueloutras pessoas de direito público”. Ainda, cabe citar Mello (1979, 2010 apud Kohama, 2010, p. 09) que registra que “[...] administrar é gerir os serviços públicos; significa não só prestar o serviço, executá-lo, como também, dirigir, governar, exercer a vontade com o objetivo de obter um resultado útil”. A despeito disso, Anselmo (2013, p. 07) entende que “[...] para que a administração municipal consiga promover a tributação com qualidade e justiça, é fundamental que todos os elementos que compõem a ação de tributar sejam perfeitamente entendidos pelos diferentes segmentos políticos e da sociedade”. Cabe neste sentido citar Matias-Pereira (2006, p. 134), que aponta como evidência “[...] que o objetivo precípuo das finanças públicas é o estudo da atividade fiscal, ou seja, aquela desempenhada pelos poderes públicos com o propósito de obter e aplicar recursos para o custeio dos serviços públicos”. 2.3.1 Lei de responsabilidade fiscal A Lei de Responsabilidade Fiscal busca orientar e supervisionar os gestores públicos por mecanismos de transparência, controle, de fiscalização, além de ser um importante instrumento de participação do cidadão na administração pública (MATIAS-PEREIRA, 2010). A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) define no seu § 1º do artigo 1º: § 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária,.

(23) 22 operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. (BRASIL, 2000).. De acordo com Matias-Pereira (2010, p. 83), “[...] a finalidade principal da LRF foi deferir normas de finanças públicas para a responsabilidade da gestão fiscal, instituiu o planejamento e a transparência como seus pilares”. A lei de diretrizes orçamentárias (LDO) tem a função de guiar a elaboração dos orçamentos, compreende as metas e prioridades da administração pública, além de dispor sobre as alterações na legislação tributária (KOHAMA, 2010). De acordo com o Inciso I, do artigo 4º da LRF, a LDO disporá também sobre: a) equilíbrio entre receitas e despesas (BRASIL, 2000). Segundo Quintana et al. (2011, p. 14), [...] o projeto da LDO deverá conter um anexo de metas fiscais, onde serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes.. O anexo de metas fiscais conterá ainda, de acordo com Kohama (2011, p. 36), - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior; - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional; - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos; - avaliação da situação financeira e atuarial dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial; - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.. A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece, em seu artigo 13, que o poder executivo deve desdobrar as receitas em metas bimestrais de arrecadação, especificando as medidas de combate à evasão e à sonegação, a quantidade de ações ajuizadas e a evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa (BRASIL, 2000)..

(24) 23. Ainda, o artigo 58 da LRF estabelece que a prestação de contas prestada pelos chefes do poder executivo: [...] evidenciará o desempenho da arrecadação em relação à previsão, destacando as providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sonegação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias administrativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento das receitas tributárias e de contribuições. (BRASIL, 2000).. Desta forma, observa-se que a LRF veio estabelecer meios de garantir que as receitas e os gastos públicos sejam dotados de transparência e controle. Sendo a prestação de contas a publicação dos resultados obtidos quanto a correta gestão dos recursos financeiros da administração pública. 2.3.2 Renuncia de receita e benefícios tributários A renúncia de receita é abordada no artigo 14 da LRF: Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: [...] I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; II - estar acompanhada de medidas de compensação, [...]. § 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. (BRASIL, 2000).. Para Martins e Nascimento (2014, p. 94), a renúncia de receita exprime: [...] a desistência do direito sobre determinado tributo, por abandono ou desistência expressa do ente federativo competente para a sua instituição. De sorte que 'importa sempre num abandono ou numa desistência voluntária, pela qual o titular de um direito deixa de usá-lo ou anuncia que não o quer utilizar'. Nesse caso, a renúncia decorre da concessão de incentivos fiscais..

(25) 24. Ainda, Fabretti (2005, p. 131) aponta que “[...] benefícios fiscais só serão válidos se instituídos por lei de ente federativo competente para arrecadar o respectivo tributo. Entretanto, esses benefícios fiscais importam numa renúncia fiscal quanto ao tributo cuja arrecadação é assegurada por lei”. Ao referir-se sobre a renúncia de receita Fabretti (2005, p. 131) levanta outro aspecto e cita a extrafiscalidade como “[...] forma de o estado usar o tributo, dispensando,. postergando. ou. reduzindo. seu. pagamento,. para. alcançar. determinados objetivos políticos, econômicos ou sociais. Por exemplo: redução de alíquota, incentivos fiscais [...]”. 2.4. RECEITA PÚBLICA Conforme Quintana et al. (2011) a receita pública está vinculada ao ingresso. de recursos, que visa manter a manutenção dos serviços prestados pelo ente público. Cabe citar o trabalho de Angélico (1995, p. 44), que diz, em amplo sentido, que receita pública é “[...] o recolhimento de bens aos cofres públicos”. Na mesma linha de pensamento Silva (2011) aponta receita pública como o conjunto de recursos ou rendas que são entregues pela coletividade ao ente público para suprir suas necessidades. Complementando, cabe citar Kohama (2010, p. 60), que identifica que: entende-se, genericamente, por receita pública todo e qualquer recolhimento feito aos cofres públicos, quer seja efetivado através de numerário ou outros bens representativos de valores – que o governo tem o direito de arrecadar em virtude de leis, contratos ou quaisquer outros títulos de que derivam direitos a favor do Estado [...].. Angélico (1995) nos apresenta que a receita pública desdobra-se em receita orçamentária e receita extra orçamentária, sendo que as receitas orçamentárias integram o orçamento público e devem ser autorizadas pelo legislativo pela própria lei do orçamento. Segundo Kohama (2010) a receita pública está sujeita ao efetivo recebimento aos cofres públicos, ou seja, pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas. Receita orçamentária, segundo Quintana et al. (2011, p. 39), “é aquela constante no orçamento público, consignada na lei orçamentária, [...]”. A Lei Federal.

(26) 25. 4320/1964, em seu artigo 11º, estabelece que as receitas orçamentárias sejam classificadas como receitas correntes e receitas de capital (BRASIL, 1964). Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital.. São receitas correntes, de acordo com a Lei 4320/1964: [...] as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes (BRASIL, 1964).. São receitas capital, de acordo com a Lei 4320/1964: [...] as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente (BRASIL, 1964).. Compõem as receitas tributárias, segundo Kohama (2010), os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria. Cabe citar Angélico (1995, p. 44) que conceitua receita tributária como a “[...] resultante da cobrança de tributos pagos pelos cidadãos em razão de suas atividades, suas rendas, suas propriedades e dos benefícios diretos e imediatos recebidos do Estado”. Para atender as necessidades do Estado Silva (2011, p. 227) menciona que “[...] para fazer face as suas necessidades, o Estado dispõe de recursos ou rendas que lhe são entregues através da contribuição da coletividade”. 2.4.1 Fontes de receita pública Segundo Bartini (2012) a competência tributária é o poder atribuído pela Constituição Federal para instituir tributos. A competência tributária é matéria exclusiva da carta magna. Somente ela dá o poder de legislar e criar tributos aos entes federados (União, estados e municípios) (CASTELLANI, 2012)..

(27) 26. O poder de tributar não é absoluto, a própria Constituição Federal impõe limites. Esses limites tem a função de demarcar, delimitar e fixar as fronteiras do exercício do poder de tributar. Eles funcionam como garantias dos contribuintes aos abusos que podem vir dos entes federados (BARTINI, 2012). A obrigação tributária pode ser formulada como o “[...] vinculo jurídico em virtude do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir de um particular (sujeito passivo) uma prestação pecuniária (objeto), nas condições previstas em lei (causa)” (DENARI, 2007, p. 197). Para Bartine (2012) é da ocorrência do fato gerador que nasce a obrigação tributária de recolher dinheiro aos cofres públicos ou o cumprimento de demais obrigações junto à arrecadação e fiscalização de tributos, sendo que a obrigação tributária pode ser principal ou acessória. Conforme Machado (2011) a obrigação tributária principal é patrimonial, ou seja, uma quantia em dinheiro. Segue o mesmo pensamento Castellani (2012, p. 123), que diz que obrigação tributária principal “[...] é toda a obrigação imposta pela legislação tributária, representada pela entrega de dinheiro ao Estado”. A obrigação acessória, para Machado (2011), é de interesse da arrecadação ou fiscalização dos tributos, e compreendem em fazer ou não fazer, por exemplo: a emissão de notas fiscais, escriturar os livros. Ainda para Castellani (2012), ela é de caráter não pecuniário. Para Denari (2007, p. 197) sujeito passivo da obrigação tributária principal “[...] é a pessoa obrigada ao pagamento do tributo ou penalidade pecuniária”. Contudo, o município, além de instituir os tributos, deve garantir o ingresso desses recursos aos cofres públicos, conforme o artigo 37 da Constituição Federal Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...] (BRASIL, 1988).. Reforçado ainda no artigo 11 da Lei de Responsabilidade Fiscal: Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. (BRASIL, 2000)..

(28) 27. O Código Tributário Nacional (CTN) define tributo, no seu artigo 3º, como sendo “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” (BRASIL, 1966). Os tributos podem ser divididos em impostos, taxas e contribuições de melhoria, conforme o artigo 5º do CTN, sendo que a natureza jurídica do tributo é dada pelo fato gerador (BRASIL, 1966). O conceito de imposto está descrito no artigo 16 do Código Tributário Nacional: “Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de. qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. (BRASIL, 1966). Verifica-se, por meio dos autores citados, que do poder de tributação nasce a obrigação tributária. Os tributos são fontes de receitas públicas que mantem a atividade financeira do Estado. 2.5. RECEITAS PRÓPRIAS MUNICIPAIS As receitas próprias e acordo com Matias e Campello (2000) se classificam. em: tributária (impostos, taxas e contribuições de melhoria); patrimonial (originam da exploração do patrimônio, incluindo juros, dividendos e aluguéis); agropecuária e industrial (exploração e produção de bens); e diversas (multas e cobrança de dívida ativa). No que diz respeito às receitas próprias municipais Denari (2008) traz como competência tributária dos municípios o poder de instituir os tributos sobre a propriedade predial e territorial, sobre a transmissão intervivos a qualquer título e sobre os serviços de qualquer natureza, discriminados na constituição federal. 2.5.1 O imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) De acordo com Matias e Campello (2000) o IPTU é definido pela Constituição Federal, em seu art. 156, sendo previsto na Seção II do Código Tributário Nacional: Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como.

(29) 28 definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. (BRASIL, 1966).. Ainda, o IPTU é um imposto (BRASIL, 2009, p. 39): [...] patrimonial que incide sobre o valor venal dos imóveis urbanos. A Constituição Federal admite a utilização de alíquotas progressivas com o objetivo de fazer com que a propriedade atenda à sua função social, mas, por se tratar de imposto da esfera municipal, esta progressividade deve estar prevista na lei ordinária municipal.. De acordo com Matias e Campello (2000, p. 70) o IPTU “[...] é lançado anualmente pela administração pública, respeitada a situação do imóvel no início do exercício [...]”. O IPTU tem como base de cálculo o valor venal do imóvel, que leva em consideração a localização do imóvel, dimensões e áreas envolvidas, confrontações e características dos imóveis (MATIAS E CAMPELLO, 2000). Estabelecidas por lei municipal as alíquotas, em geral, são maiores para os imóveis não construídos (BRASIL, 2009). A Constituição Federal aceita três formas de progressividade: no tempo (art. 182, § 4º, II); em razão do valor do imóvel (art. 156, § 1º, I) e em razão da localização do imóvel (art. 156, § 1º, II) (BRASIL, 2009). Matias e Campello (2000) trazem o assentamento da planta genérica de valores, a determinação de alíquotas e a atualização do cadastro de imóveis como de fundamental importância para a administração desse tributo. Outro fator importante é o prazo para pagamento do IPTU, que segue a necessidade de cada município. Podendo ser pagos em cota única ou parcelados, com a possibilidade de incidência de descontos em função do custo de oportunidade (MATIAS; CAMPELLO, 2000). As características do IPTU, de acordo com Brasil (2009), podem ser verificadas no Quadro 1..

(30) 29. Fato gerador Contribuinte Base de cálculo Alíquotas. Quadro 1 – Características do IPTU É a propriedade de imóvel situado na zona urbana do município. É o proprietário do imóvel. É o valor venal do imóvel. São estabelecidas pela lei municipal, em geral, maiores para os imóveis não construídos (terrenos). A Constituição Federal admite três formas de progressividade: no tempo, para punir a especulação imobiliária em propriedades urbanas não edificadas, não utilizadas ou subutilizadas (art. 182, § 4o, II); em razão do valor do imóvel (art. 156, § 1o, I); em razão da localização do imóvel (art. 156, § 1o, II).. Fonte: Brasil (2009, p. 36).. 2.5.2 O imposto sobre serviço de qualquer natureza (ISS) De acordo com Matias e Campello (2000, p. 72) o ISS “[...] possui como fato gerador a prestação de serviços”. Ainda, a Brasil (2009, p. 36) traz como fato gerador “[...] a prestação de serviços, não compreendidos na área de incidência do ICMS, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador”. Segundo Matias e Campello (2000, p. 72) “[...] o setor terciário possui relevância em todos os municípios, a administração deve possuir um cadastro de atividades atualizado sobre os profissionais que desenvolvem as mais variadas atividades”. De acordo com a Brasil (2009, 36-37), estão sujeitos ao pagamento do ISS: [...] os serviços prestados por médicos, dentistas, psicólogos, costureiras, cabeleireiros, esteticistas, massagistas, advogados, contadores, barbeiros, corretores, tradutores, e os serviços relacionados com revelação de filmes e fotografia, estabelecimentos de ensino, lavanderia, cobranças diversas, transportes intermunicipais, hotelaria, jardinagem e outros prestadores de serviços.. Como afirma Matias e Campello (2000, p. 72), a base de cálculo do imposto é o valor do serviço prestado e deve ser recolhido pelos profissionais de forma mensal. O lançamento é escriturado pelo próprio contribuinte. De acordo com o ponto de vista de Matias e Campello (2000, p. 72-73): [...] a eficiência na arrecadação do imposto exige um aparato de fiscalização adequado [...]. Devem ser desenvolvidas ações específicas, ao menos, em.

(31) 30 três frentes: junto aos maiores contribuintes (bancos, empreiteiras etc.); junto às associações de classe (comerciários, contabilistas, corretores de imóveis, engenheiros etc.); e junto ao INSS[...].. As características do ISSQN, de acordo com Brasil (2009), podem ser verificadas no Quadro 2. Fato gerador Contribuinte Base de cálculo Alíquotas. Quadro 2 – Características do ISSQN É o serviço prestado, exceto os de comunicação e os de transporte estadual e interestadual, que são tributados pelo ICMS. É o prestador de serviços. É o valor do serviço prestado. São fixadas pela legislação municipal.. Fonte: Brasil (2009, p. 37).. 2.5.3 O imposto sobre transmissão Intervivos (ITBI) De acordo com a Brasil (2009, p. 37) o ITBI é um imposto “[...] que incide sobre a transmissão de bens imóveis intervivos, a qualquer título, por ato oneroso, ou seja, decorrente da operação de compra e venda. Difere do ITCMD cujo fato gerador é transmissão por doação e causa mortis”. Conforme conclui Matias e Campello (2000, p. 71), “tal imposto possui alíquotas estabelecidas na legislação municipal, porém os aspectos mais importantes relacionados à administração desse tributo são os relacionados a sua arrecadação”. Como chama a atenção Matias e Capello (2000), o fato gerador não é de controle da administração municipal, o lançamento deste imposto ocorre quando se possui o conhecimento da transação e após a sua realização, proveniente da vontade dos agentes no mercado imobiliário. Segundo o ponto de vista de Matias e Campello (2000, p.72) “[...] é imprescindível que a administração desenvolva procedimentos que permitam o acesso às informações necessárias para o lançamento do imposto [...]”. Ainda, sugere Matias e Campello (2000) que há uma relação entre a cobrança de ITBI e os lançamentos de IPTU, que devido à mudança de propriedade deve ser atualizado o cadastro imobiliário. As características do ITBI, de acordo com Brasil (2009), podem ser verificadas no Quadro 3..

(32) 31. Fato gerador Contribuinte Base de cálculo Alíquotas. Quadro 3 – Características do ITBI É a transmissão inter vivos, a qualquer titulo, por ato oneroso. Pode ser qualquer das partes na operação tributada. É o valor venal do imóvel. São estabelecidas pela lei de cada município.. Fonte: Brasil (2009, p. 37).. 2.5.4 Taxas O CTN conceitua as taxas em seu artigo 77: Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. (Brasil, 1966).. Tem-se uma série de taxas que são cobradas nos municípios brasileiros. As principais referem-se ao consumo de água, de esgoto, de limpeza pública, de conservação, de exercício de comércio, de exercício de obras particulares, de expediente, dentre outras (MATIAS; CAMPELLO, 2000). De acordo com Brasil (2009, p. 26) observa que ”[...] as taxas exigem uma atuação estatal direta em relacão ao contribuinte e o seu valor deverá limitar-se ao custo do serviço prestado, sob pena de seu excesso configurar imposto”. 2.5.5 Contribuições de Melhorias A instituição de contribuição de melhoria é dada pelo artigo 81 do CTN: Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. (BRASIL, 1966).. Segundo Matias e Campello (2000) a cobrança da contribuição de melhoria possui como limite superior o total das despesas realizadas e como limite individual o acréscimo ao seu patrimônio que resultar da obra..

(33) 32. Conforme considera Brasil (2009, p. 27), sua justificativa jurídica “[...] esta no princípio da vedação ao enriquecimento sem causa”. A despeito disso, “[...] sempre que a obra pública realizada proporcionar a valorização do imóvel do particular, é licito ao Estado recuperar o enriquecimento ganho por meio da contribuição de melhoria”. Matias e Campello (2000) consideram ainda que a não cobrança deve ser evitada, deixando assim de inviabilizar investimentos futuros de mesma natureza, impedindo o favorecimento de particulares. 2.6. A DÍVIDA ATIVA MUNICIPAL Segundo Angélico (1995) a dívida ativa é constituída pelos créditos líquidos e. certos que compõem o ativo permanente. Neste sentido, cabe citar Kohama (2010, p. 84) “que diz que constituem dívida ativa as importâncias relativas a tributos, multas e créditos da Fazenda Pública, lançados mas não cobrados ou não recebidos no prazo de vencimento, a partir da data de sua inscrição”. Podemos ainda trazer o conceito adotado no manual de contabilidade aplicada ao setor público: A dívida ativa constitui-se em um conjunto de direitos ou créditos de várias naturezas, em favor da Fazenda Pública, com prazos estabelecidos na legislação pertinente, vencidos e não pagos pelos devedores, por meio de órgão ou unidade específica instituída para fins de cobrança na forma da lei (BRASIL, 2012, p. 113).. Conforme reforça Matias e Campello (2000, p. 218), as dívidas ativas compreendem o conjunto de valores referentes a impostos, taxas e contribuições lançados, ou que deveriam ter sido lançados, e que não foram realizados no prazo de vencimento, ou seja, são os tributos que não foram pagos pelos contribuintes.. De acordo com o artigo 39 da Lei nº 4320/1964, podemos classificar a dívida ativa em dois grupos: dívida ativa tributária e dívida ativa não tributária. (BRASIL, 1964). Para Kohama (2010, p 84), a dívida ativa tributária é “[...] proveniente da obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas”. Consoante.

(34) 33. Quintana et al. (2011, p. 54), a dívida ativa tributária é aquela que reúne somente os créditos relativos a tributos lançados e não arrecadados. Os fatos contábeis devem ser registrados e representam, no caso da inscrição em dívida ativa, um fato permutativo, pois é resultado da transferência de um valor não recebido dentro do prazo estabelecido, dentro do próprio ativo, acrescido de juros e atualização monetária ou outros encargos previstos (BRASIL, 2012). O cancelamento de créditos inscritos em dívida ativa significa a sua extinção, e para este fato apresenta-se uma diminuição da situação líquida patrimonial. A baixa deste crédito é classificada como uma variação patrimonial diminutiva. Assim também são classificados os registros de abatimentos, anistias ou quaisquer outros valores que diminuam o valor inscrito em dívida ativa (BRASIL, 2012). A dívida ativa integra o grupo de contas a receber e constitui uma parcela do ativo de grande destaque na estrutura patrimonial de qualquer órgão ou entidade pública. (BRASIL 2012, p. 113). Conforme analisa Matias e Campello (2000, p. 218), a dívida ativa é: [...] parte das contas do ativo da organização pública e, como tal ser administrada com o mesmo zelo e eficiência que as demais. Infelizmente, os gestores financeiros não dedicam a atenção necessária, sendo comum a prescrição ou mesmo a falta de correção monetária dos valores.. Conforme consideram Matias e Campello (2000, p. 220), “[...] o administrador financeiro deve desenvolver procedimentos que permitam a inscrição dos créditos em dívida ativa, antes que tal direito deixe de existir”. Tais procedimentos devem facilitar o pagamento da dívida ativa do contribuinte, evitando que a administração fazendária entre em conflito com os contribuintes inadimplentes (MATIAS e CAMPELLO, 2000). A busca por recuperar os créditos devidos pelos inadimplentes, com a regular cobrança da dívida ativa, podem incrementar bastante as receitas dos municípios. 2.6.1 Parcelamento de dívida ativa O parcelamento do crédito tributário está previsto no artigo nº 155-A do Código Tributário Nacional: “[...] Art. 155-A. O parcelamento será concedido na.

(35) 34. forma e condição estabelecidas em lei específica. § 1o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas”. (BRASIL, 1966). De acordo com a parte III, do manual de contabilidade aplicada ao setor público a inclusão de valores em dívida ativa [...] em programas de recuperação de dívidas legalmente instituídos ou renegociações administrativas, efetuadas pelo órgão ou entidade competente, que possibilitem a fixação de datas e valores de recebimentos futuros deverá ser expresso em termos contábeis (BRASIL, 2012, p. 136).. Segundo a cartilha de racionalização da cobrança da dívida ativa municipal é importante ressaltar que a existência de uma legislação específica que trate de parcelamentos, até como forma de evitar a perda integral de créditos, por falta de capacidade de pagamento momentânea de contribuinte, possa estimular a adimplência e manter o fluxo de caixa do município (RIO GRANDE DO SUL, 2014, p. 08).. A cartilha traz alguns princípios que devem ser previstos na legislação de parcelamento: - quantidade máxima de parcelas, de preferência que não ultrapassem a 60 meses; - valor mínimo por parcela (valores distintos para pessoa física e para pessoa jurídica); - fixação das parcelas em unidades fiscais do município, com vistas a garantir pelo menos a atualização monetária anual; - cancelamento do parcelamento em razão do inadimplemento, por exemplo, a partir de três parcelas descumpridas; - exigência de quitação de um percentual mínimo da dívida consolidada (10% a 20%, por exemplo) para a concessão de novos parcelamentos, a partir do descumprimento de acordo(s) anterior(es) de parcelamento(s), com vista a evitar o simples protelamento da dívida (RIO GRANDE DO SUL, 2014, p. 08).. Ainda, de acordo com a parte III do manual de contabilidade aplicada ao setor público, a concessão de [...] abatimentos, reduções e anistias sobre os valores da dívida ativa – principal, atualização monetária, juros, multas e outros encargos – deverá ser registrada como baixa de dívida ativa, em conta de variação patrimonial diminutiva específica para o tipo de baixa. (BRASIL, 2012, p. 136)..

(36) 35. A cartilha de racionalização da cobrança da dívida ativa municipal reforça ainda que [...] a concessão da “anistia” e da “remissão”, institutos por vezes utilizados por alguns municípios, perdoando multa e juros, não se constitui numa boa prática. No período da vigência da lei a iniciativa traz um incremento expressivo na arrecadação, mas, por outro viés, desestimula os bons pagadores, afetando a realização dos créditos no médio e longo prazo (RIO GRANDE DO SUL, 2014, p. 08).. 2.6.2 Programas de Recuperação Fiscal Os programas de recuperação fiscal surgem como alternativa que se oferece ao contribuinte como forma genérica de perdão de parte da dívida (juros e multas) em troca do principal (valor do imposto e correção monetária) (ARAÚJO, 2009). Araújo (2009, p. 29) considera ainda que o “[...] programa de recuperação fiscal dá a oportunidade a contribuintes que no passado não cumpriram com suas obrigações, a no presente, consertar essa falta, sem que lhe seja imposta nenhuma penalidade”. São exemplos de programas especiais de parcelamento da União o Refis – Programa de Recuperação Fiscal, de 2000; o Paes – Parcelamento Especial, de 2003; o Parcelamento Simples, de 2004; o Paex – Parcelamento Excepcional, de 2006; o Parcelamento para ingresso no Simples Nacional, de 2007; e, mais recentemente, o parcelamento instituído pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, apelidado de “Refis da Crise”, em alusão à crise econômica global deflagrada em meados de 2008 (CAVALCANTE, 2010).. O Governo federal, nos últimos anos, tem instituído vários programas de recuperação fiscal, conhecidos como REFIS. Segue breve histórico destes parcelamentos: O primeiro REFIS, o Programa de Recuperação Fiscal foi instituído no ano de 2000, destinava-se a promover a regularização dos créditos da União com vencimento até 29 de fevereiro de 2000, decorrentes de débitos de pessoas jurídicas, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal e pelo Instituto Nacional do Seguro Social (PORTAL TRIBUTÁRIO, 2015)..

(37) 36. O segundo REFIS, denominado “PAES” instituiu no ano de 2003 o parcelamento especial de débitos em até 180 meses para todos os débitos vencidos até fevereiro de 2003, para com a Fazenda Nacional, constituídos ou não, inscritos ou não em Dívida Ativa da União (PORTAL TRIBUTÁRIO, 2015). O terceiro REFIS, denominado “PAEX”, instituiu parcelamento especial em 2006 de débitos, vencidos até 28 de fevereiro de 2003, em até 130 (cento e trinta) prestações mensais e sucessivas para os débitos de pessoas jurídicas junto à Secretaria da Receita Federal, à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e ao Instituto Nacional do Seguro Social (PORTAL TRIBUTÁRIO, 2015). O quarto REFIS, chamado de “Refis da Crise” conhecido também por “Refis da Copa”, instituído em 2009, permitia o parcelamento das dívidas tributárias federais vencidas até 30 de novembro de 2008. O prazo de adesão ao programa de parcelamento do "REFIS da Crise" foi reaberto em 2013, e em 2014 foram abertos 3 novos prazos de adesão (PORTAL TRIBUTÁRIO, 2015). Em 2010 foi instituído o parcelamento dos débitos administrados pelas autarquias e fundações públicas federais e os débitos de qualquer natureza, tributários ou não tributários, com a Procuradoria-Geral Federal. Este programa de parcelamento foi reaberto até 31.12.2013 (PORTAL TRIBUTÁRIO, 2015). Em 2013 foi a vez do REFIS dos bancos, parcelou os débitos para com a Fazenda Nacional relativos à contribuição para o Programa de Integração Social e à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, devidos por instituições financeiras e companhias seguradoras, vencidos até 31 de dezembro de 2012, poderiam ser parcelados em até 60 parcelas (PORTAL TRIBUTÁRIO, 2015). Ainda em 2013, tivemos o REFIS dos Lucros no Exterior, tratou do parcelamento de débitos do IRPJ e CSLL de lucros oriundos no exterior, em até 120 parcelas, com descontos de multa e juros (PORTAL TRIBUTÁRIO, 2015). Conforme coloca Scaff (2014), foram um total de sete programas de recuperação fiscal com regras e características diferentes em cada versão. Ambos tiveram como base uma espécie de redução de valores devidos ao fisco federal (valor do principal, juros, multas e encargos) sob a condição de que o contribuinte fizesse uma renúncia de direitos à discussão desses créditos. Renunciado o direito à discussão perante o Poder Judiciário, de acordo com cada refis os créditos poderiam ser parcelados pelos contribuintes com as reduções.

Referências

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