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Qualidade da água na bacia hidrográfica do Alto Ivaí

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

ALANA GOMES DOS SANTOS

QUALIDADE DA ÁGUA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO IVAÍ

CAMPO MOURÃO 2019

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ALANA GOMES DOS SANTOS

QUALIDADE DA ÁGUA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO IVAÍ

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso 2 (TCC 2), do curso de Engenharia Ambiental, do Departamento Acadêmico de Ambiental (DAAMB), do Câmpus Campo Mourão, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), como requisito parcial do título de bacharel em Engenharia Ambiental.

Orientadora: Profª. Drª. Morgana Suszek Gonçalves

CAMPO MOURÃO 2019

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Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Campus Campo Mourão Coordenação de Engenharia Ambiental

TERMO DE APROVAÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO

ALANA GOMES DOS SANTOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no dia de 04 de dezembro de 2019 ao Curso Superior de Engenharia Ambiental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Campo Mourão. A discente foi arguida pela Comissão Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a comissão considerou o trabalho aprovado com alterações.

_____________________________________ Prof. Dr. Thiago Morais de Castro

Avaliador 1 UTFPR

_____________________________________ Prof. Dr. Eudes José Arantes

Avaliador 2 UTFPR

______________________________________ Prof. Drª. Morgana Suszek Gonçalves

Orientadora UTFPR

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me dado saúde, força e ter me abençoado em todos os momentos da minha vida.

Aos meus pais, Elisandra e André, pelo amor, apoio, confiança e por todo esforço realizado para que eu pudesse concluir a graduação.

Aos meus avós, Francinete, Geraldo e Neusa por todo amor, apoio e suporte. Aos meus irmãos, Nathália, Lívia e Miguel que, apesar se serem crianças e não entenderem muito bem, lidaram com minha ausência por morar em outra cidade e sempre me receberam com uma felicidade e amor inexplicáveis.

A Gabriela e Mariana, pela amizade, parceria e por terem sido as melhores pessoas as quais eu tive o privilégio de compartilhar momentos inesquecíveis.

Aos meus amigos Flaviane Galvani, Júlio Tomé, Rafael Gon, Pedro Henrique, Carolina Ballestrin e Felipe Inagaki que estiveram comigo em todos esses anos de faculdade.

As minhas amigas Pâmella Amorim, Priscilla Ferreira, Letícia Arroyo e Jhenifer Ferracini que, mesmo longe, estiveram sempre presentes.

Ao meu namorado Lucas, por todo amor, apoio, cumplicidade e por ter sido essencial na conclusão dessa etapa.

A minha orientadora e a todos os professores, pelos ensinamentos passados ao longo de todos esses anos.

Enfim, agradeço a todas as pessoas que direta ou indiretamente fizeram parte dessa etapa muito importante da minha vida.

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RESUMO

A água pode estar exposta a diversas situações que podem provocar mudanças significativas na qualidade da mesma, por esse motivo é fundamental que exista um monitoramento a fim de assegurar a qualidade da água, que é indispensável para o consumo humano e outros usos múltiplos, além de evitar possíveis contaminações. O enquadramento de corpos hídricos de uma bacia hidrográfica é dependente da qualidade da água e busca o estabelecimento de metas a serem alcançadas ou mantidas em um segmento de corpo de água, de acordo com os usos preponderantes pretendidos, ao longo do tempo. O objetivo deste estudo foi analisar a qualidade da água da bacia hidrográfica do Alto Ivaí, no Estado do Paraná, e comparar as médias obtidas com os valores vigentes na Resolução CONAMA nº 357/2005. Os dados foram obtidos através de plataformas online, sendo analisados os seguintes parâmetros de qualidade: nitrogênio total, nitrato, nitrogênio amoniacal, potencial hidrogeniônico (pH), fósforo total, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), coliformes termotolerantes (Escherichia coli), oxigênio dissolvido, sólidos dissolvidos totais e turbidez. Neste estudo foram considerados os dados referentes ao período de janeiro de 2015 a dezembro de 2018 de um total de 10 estações de monitoramento na bacia. Os resultados obtidos mostraram que todos os parâmetros analisados estão em conformidade com o que estabelece a legislação.

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ABSTRACT

Water may be exposed to various situations that may cause significant changes in its quality, because of that monitoring is essential to ensure the water quality, that is indispensable for human consumption and other multiple uses, besides avoiding possible contaminations. The water bodies framing of a watershed depends on the water quality and seeks to establish goals to be achieved or maintained in a water body segment, according to the intended predominant uses, over time. This study aimed to analyze the water quality of the Alto Ivaí watershed, in the state of Paraná, and comparing the obtained averages with the values in force in CONAMA Resolution No. 357/2005. Data were obtained through online platforms, and the following quality parameters were analyzed: total nitrogen, nitrate, ammoniacal nitrogen, hydrogen potential (pH), total phosphorus, biochemical oxygen demand (BOD), thermotolerant coliforms (Escherichia coli), dissolved oxygen, total dissolved solids and turbidity. Were considered in this study data from 2015 to 2018 of a total of 10 monitoring stations in the watershed. This study considered data from January 2015 to December 2018 of a total of 10 monitoring stations in the basin. The results obtained showed that all parameters analyzed are in accordance with the legislation..

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Sumário

1 INTRODUÇÃO ... 8 1.1 Objetivos ... 9 1.1.1 Objetivos Específicos ... 9 1.2 Justificativa ... 9 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 10

2.1 1 Manejo de Recursos Hídricos ... 10

2.2 Qualidade da água ... 11

2.3 Disponibilidade Hídrica ... 13

2.4 Enquadramento de corpos d’água ... 13

3 METODOLOGIA ... 15

3.1 Área de Estudo... 15

3.2 Coleta de Dados ... 16

3.3 Estações fluviométricas e parâmetros de qualidade de água ... 16

3.4 Análise e Interpretação dos Resultados ... 18

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 19

4.1 Nitrogênio Total, Nitrato, Nitrogênio Amoniacal e pH ... 19

4.2 Fósforo Total ... 24

4.3 DBO... 26

4.4 Coliformes Termotolerantes (Escherichia coli) ... 28

4.5 Oxigênio Dissolvido (OD) ... 29

4.6 Sólidos Dissolvidos Totais... 31

4.7 Turbidez ... 33

5 CONCLUSÃO ... 37

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1 INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural de grande importância para a sociedade, pois é essencial para a qualidade de vida da população, atende também os setores industriais e agrícolas, além de ser utilizada para a geração de energia e de ser um elemento físico da natureza que controla a umidade do ar (BARROS et al., 1995).

Os corpos hídricos são utilizados para abastecimento de água para uma determinada região, sendo esse um dos principais motivos para a preservação do recurso hídrico. Apesar de ser um recurso com abundância em grande parte das regiões do Brasil, a água vem se tornando cada vez mais limitada para a qualidade de vida da população, pois existem situações as quais provocam alterações na qualidade da água. Muitas dessas alterações são causadas por atividades humanas, como: práticas não conservacionistas, desmatamento da vegetação, além das atividades realizadas por indústrias e propriedades rurais que refletem direta ou indiretamente na qualidade da água, podendo prejudicar a qualidade de vida da população. (PEREIRA, 2004; TOMITA; BEYRUTH, 2002).

O monitoramento dos parâmetros de qualidade de um rio é importante para que seja possível analisar as alterações causadas ao longo de um determinado período e, assim, buscar alternativas para melhorias da qualidade de água e, consequentemente, da qualidade de vida da população. Alguns fatores que contribuem para uma adequada qualidade da água são o tratamento de esgotos e águas residuárias que são lançados diretamente nos rios, tratamento e disposição final de resíduos sólidos, redução do uso de agrotóxicos e preservação da mata ciliar (BRITO et al., 2005; MEYBECK; HELMER, 1996);

A qualidade da água também é um fator importante para o enquadramento de corpos hídricos, que procura determinar melhorias ou manter a qualidade, quando considerada boa. A Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, denominada Política Nacional de Recursos Hídricos tem como um de seus instrumentos: “o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água ” (ANA, 2007).

O enquadramento dos corpos hídricos é realizado conforme a Resolução CONAMA nº 357/2005, que além de classificar as águas doces, salinas e salobras

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de acordo com os seus usos preponderantes, também estabelece as classes de acordo com os parâmetros de qualidade de água.

Este trabalho teve por objetivo analisar as médias dos parâmetros de qualidade de água presentes na Bacia Hidrográfica do Alto Ivaí, afim de verificar se estão em conformidade com a legislação vigente. Para isso, foram utilizados dados de monitoramento no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2018.

1.1 Objetivos

Analisar os valores médios dos parâmetros de qualidade de água presentes na Bacia Hidrográfica do Alto Ivaí, afim de verificar se estão em conformidade com o que exige a Resolução CONAMA nº 357/05.

1.1.1 Objetivos Específicos

 Selecionar dados de qualidade da água disponibilizados no sistema de informações hidrológicas do Instituto das Águas do Paraná e da Agência Nacional de Águas (ANA);

 Calcular a média dos parâmetros referentes às estações fluviométricas distribuídas ao longo da bacia, no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2018;

 Comparar os resultados obtidos de acordo com a Resolução CONAMA nº 357/2005 e com a Portaria SUREHMA nº 019/92.

1.2 Justificativa

A análise da qualidade de água é de suma importância, visto que reflete diretamente nas condições ambientais de uma bacia hidrográfica, que muitas vezes é responsável por abastecimento público. O conhecimento das características presentes em um corpo d‟água facilita a entender as causas que possam estar alterando ou melhorando a qualidade do corpo hídrico.

Levando em consideração que bacia hidrográfica do Alto Ivaí é a segunda maior do estado do Paraná e o seu comitê, apesar de já possuir o decreto de criação do comitê de bacias hidrográficas, ainda não está totalmente em atuação e, por isso, há uma carência de informações sobre a bacia em questão. Sendo assim, esse estudo tem por justificava analisar se os parâmetros de qualidade de água estão de

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acordo com a legislação, além de também poder contribuir e servir de base, de alguma maneira, ao comitê, órgãos ambientais e futuros estudos na região.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 1 Manejo de Recursos Hídricos

O conceito de bacia hidrográfica é definido como uma área de captação natural de água proveniente da precipitação da chuva, que é acumulado em um único ponto, denominado de exutório. A formação de uma bacia hidrográfica se deve à junção de vertentes de cursos da água presentes ao seu redor que em algum momento se encontrarão em um ponto de saída (FINLKER, 2012).

De acordo com Pereira-Silva et al. (2011), para a conservação de recursos naturais, é fundamental que exista um bom planejamento para o uso de uma bacia hidrográfica e o monitoramento da qualidade da água é necessário para que possam ser feitas análises químicas, físicas e biológicas para acompanhar as possíveis alterações obtidas em cada análise.

Os corpos hídricos desenvolvem um papel fundamental de abastecimento dos ecossistemas e da população (ALLEN et al. 1974). Ainda segundo o autor, sua utilização inadequada pode causar diversos impactos como poluição, contaminação dos seres que vivem nesses corpos hídricos, má qualidade da água e, dependendo da gravidade desses impactos, pode ocasionar a escassez ou até mesmo o fim desse recurso.

Bacias hidrográficas podem ser classificadas como rurais e urbanas. Em geral, bacias de áreas rurais estão localizadas em locais de cultivos ou pastagens e necessitam do uso da água para irrigação, principalmente. O abastecimento público e industrial, assim como a crescente demanda de irrigação, pode implicar em uma redução significativa da disponibilidade hídrica (TUNDISI, 2006). Segundo Merten e Minella (2002), poluição difusa ou pontual são duas formas de poluição pela agricultura e de acordo com os autores:

”As fontes difusas de poluição são caracterizadas principalmente pelo deflúvio superficial, a lixiviação e o fluxo de macroporos no quais a água se desloca por gravidade. Já as fontes de poluição pontual no meio rural, em geral, estão associadas a atividades de criação de animais em confinamento e a forma de manejo dos dejetos”.

As bacias de áreas urbanas sofrem mudanças sobre o ciclo das águas por meio do crescimento desordenado e sem planejamento da população, que ocasiona

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o aumento da impermeabilização do solo e implica em uma alteração nos corpos hídricos das áreas urbanizadas (FINLKER, 2002). Diante desse crescimento, há um aumento significativo de geração de esgotos domésticos, efluentes industriais, resíduos sólidos urbanos e industriais e emissão de poluentes atmosféricos que podem também alterar a qualidade da água (FINOTTI et al., 2009).

2.2 Qualidade da água

A utilização da água pode ter diversos usos, porém, se utilizada de forma incorreta, pode provocar mudanças significativas na qualidade da mesma, que é indispensável para a boa qualidade de vida da população (SOUZA et al., 2014).

Durante muito tempo, a água, devido a sua abundância, foi tratada como se fosse um recurso infinito. Entretanto, segundo Constantinov (2010), estudos mostram que a disponibilidade no mundo caiu cerca de 62% nos últimos 50 anos. Essa afirmação reforça a ideia de que esse recurso provavelmente está sendo usado de forma inadequada e, diante disso, diminuirá cada vez mais.

O monitoramento da qualidade da água é fundamental, pois é através desse método que irá assegurar a água adequada para consumo humano e evitará possíveis contaminações, principalmente por agentes biológicos (vírus, bactérias e parasitas) (D‟AGUILA et al, 2000).

Para manter a água em condições ideais, é necessário evitar contaminações por resíduos, sejam eles provenientes da agricultura (agrotóxicos), esgotos não tratados lançados diretamente nos rios, resíduos industriais descartados em locais inadequados que acabam sendo levados aos rios pela chuva e sedimentos de erosão(SANTOS et al., 2004).

Os parâmetros da qualidade da água (Quadro 1) são divididos em físicos, químicos e microbiológicos e são importantes para identificar e tratar as substâncias ou impurezas presentes na água. Os padrões de qualidade desses parâmetros precisam estar de acordo com a legislação vigente, conforme especificado na Resolução CONAMA 357/2005, que “Dispõe sobre a classificação dos corpos de

água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências”.

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Quadro 1 - Parâmetros de qualidade de água de definições

Parâmetros Conceitos Origem Antropogênica Outros

Nitrogênio Total, Nitrato e Nitrogênio Amoniacal

Quantidade de nitrogênio presente na água, nutriente que pode ser limitante para o crescimento de organismos

aquáticos.

Despejos domésticos, industriais, excrementos de animais e

fertilizantes

A determinação da forma predominante do nitrogênio pode fornecer informações sobre o

estágio da poluição num corpo hídrico pH

Concentração de íons de hidrogênio. Indica a condição de acidez, neutralidade ou alcalinidade da água

Despejos domésticos e industriais Valores de pH longe da neutralidade pode afetar a vida aquática

Fósforo Total

Quantidade de fósforo presente na água, nutriente que pode ser limitante

para o crescimento de organismos aquáticos

Despejos domésticos, industriais, detergentes, excrementos e

fertilizantes

Quando em altas concentrações em lagos ou represas, podem ocasionar em um crescimento

exagerado de algas, processo conhecido como eutrofização

DBO

Quantidade de oxigênio consumida como resultado da oxidação matéria

orgânica dissolvida na água

Despejos domésticos e industriais Retratam o consumo indireto de oxigênio dissolvido num corpo hídrico Coliformes Termotolerantes

Número máximo de coliformes totais por 100 ml de amostra do corpo

hídrico

Despejos domésticos e excreções animais

São utilizados como indicadores de contaminação fecal

Oxigênio Dissolvido

Representa a quantidade de oxigênio (O2) presente na água. Ele está ligado

a biodegradação da matéria orgânica.

Despejos doméstico e industriais

Principal parâmetro de caracterização dos efeitos da poluição das aguas por despejos

orgânicos

Sólidos Dissolvidos Totais Conjunto de substâncias orgânicas e inorgânicas contidas em um líquido

Despejos domésticos, industriais, micro-organismos e erosão

Reflete o impacto de alterações das características de uso do solo da bacia e tem implicações significativas sobre os tradicionais

parâmetros de qualidade de agua Turbidez

Representa o grau de interferência com a passagem da luz através da

água.

Despejos domésticos, industriais, micro-organismos e erosão

Pode estar associada a compostos tóxicos e organismos patogênicos

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2.3 Disponibilidade Hídrica

O estado do Paraná é contemplado com uma disponibilidade hídrica de 1,2 milhões de litros por segundo, desconsiderando a contribuição dos Rios Paraná e Paranapanema, que passam por outros estados. Metade dessa disponibilidade está presente nas duas maiores bacias do estado: Iguaçu e Ivaí, sendo 94.440 (L/s) o valor da disponibilidade hídrica disponível na Bacia Hidrográfica do Alto Ivaí (ÁGUASPARANÁ, 2010).

São necessários 51 mil L/s para atendimento dos usos e usuários de recursos hídricos no estado do Paraná e, 42% desse valor é utilizado para o abastecimento público, indústria e agropecuária. Na Bacia Hidrográfica do Alto Ivaí, de acordo com o Plano Estadual de Recursos Hídricos, a demanda por uso do abastecimento público de 1.056 L/s, setor industrial de 627 L/s, setor agrícola e setor pecuário de 831 e 808 L/s respectivamente, totalizando em 3.317 L/s (AGUASPARANÁ, 2010).

2.4 Enquadramento de corpos d’água

A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) tem como um de seus instrumentos o enquadramento de corpos d‟água em classes segundo os usos preponderantes da água que, segundo a Lei nº 9.433/1997, também conhecida como “Lei das Águas”, visa “assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas e diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes”.

A regulamentação é estabelecida pela Resolução CONAMA nº 357/2005, que classifica as águas doces, salinas e salobras do país, além de definir o enquadramento dos corpos d‟água como o estabelecimento de metas com o objetivo de manter ou alcançar uma qualidade da água (classe) de acordo com os usos preponderantes pretendidos ao longo do tempo (Quadro 2).

A análise do corpo hídrico é importante para que seja possível verificar a atual situação em que essa qualidade da água se encontra e assim manter o padrão ou identificar os pontos a serem melhorados e estabelecer as metas necessárias para que seja possível alcançar a condição desejada. Além disso, para a avaliação de impactos de poluição e alterações dos parâmetros de qualidade, a identificação de cargas poluidoras é uma outra etapa em que, através desses dados, será possível

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analisar os motivos responsáveis pelas classificações as quais os corpos d‟água foram enquadrados (BRITES, 2010).

Quadro 2 - Classificação dos corpos de água doce

Classificação Destinação

Classe Especial

a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção; b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades

aquáticas;

c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral.

Classe 1

a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de

2000; d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de

frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e

e) à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.

Classe 2

a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000;

d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e

e) à aquicultura e à atividade de pesca.

Classe 3

a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado;

b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; c) à pesca amadora;

d) à recreação de contato secundário; e e) à dessedentação de animais.

Classe 4 a) à navegação; e

b) à harmonia paisagística. Fonte: Adaptado de Resolução CONAMA nº 357/2005.

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3 METODOLOGIA 3.1 Área de Estudo

A bacia hidrográfica do rio Ivaí é uma das 16 bacias hidrográficas que compõe o estado do Paraná, sendo a segunda maior do estado com 36.540 km² de área total (SEMA-2007), é dividida em duas unidades hidrográficas de gestão de recursos hídricos: Alto e Baixo Ivaí (Figura 1).

Figura 1 - Localização da Bacia do Alto Ivaí e Baixo Ivaí.

Fonte: Autoria própria (2018).

Com uma extensão de 680 km, o rio Ivaí é considerado o segundo maior rio do estado. Sua nascente tem origem no município de Prudentópolis, a partir do encontro do rio dos Patos com o rio São João e desagua no Rio Paraná (SEMA, 2007).

Sendo a unidade hidrográfica do Alto Ivaí o foco principal do presente trabalho, a área de abrangência tem suas nascentes localizadas nos municípios de Inácio Martins e Guarapuava, terminando ao lado da foz Ribeirão dos Índios. Além disso, a

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bacia hidrográfica do Alto Ivaí é composta pelos municípios de Apucarana, Arapuã, Ariranha do Ivaí, Barbosa Ferraz, Boa Ventura de São Roque, Bom Sucesso, Borrazópolis, Califórnia, Cambira, Campo Mourão, Cândido de Abreu, Corumbataí do Sul, Cruzmaltina, Engenheiro Beltrão, Faxinal, Fênix, Floresta, Godoy Moreira, Grandes Rios, Guamiranga, Guarapuava, Irati, Iretama, Itambé, Ivaí, Ivaiporã, Jandaia do Sul, Jardim Alegre, Kaloré, Lidianópolis, Luiziana, Lunardelli, Mamborê, Mandaguari, Manoel Ribas, Marialva, Marilândia do Sul, Maringá, Marumbi, Mato Rico, Mauá da Serra, Nova Tebas, Novo Itacolomi, Ortigueira, Peabiru, Pitanga, Prudentópolis, Quinta do Sol, Reserva, Rio Bom, Rio Branco do Ivaí, Roncador, Rosário do Ivaí, Santa Maria do Oeste, São João do Ivaí, São Pedro do Ivaí, Sarandi e Turvo, totalizando 727.741 habitantes (IBGE, 2010).

Situada no segundo e terceiro planalto paranaense, a Bacia Hidrográfica do Alto Ivaí possui cinco unidades aquíferas existentes: Caiuá, Guarani, Paleozoica Médio Superior, Paleozoica Superior e Serra Geral Norte, sendo as duas últimas as mais preponderantes da bacia (SUDERSHA, 1998).

Segundo a classificação de Köppen, o clima predominante é do tipo Cfa (IAPAR, 2000). Caracterizado como um clima subtropical, registra 18ºC de temperatura média no mês mais frio e 22ºC no mês mais quente.

Nas proximidades dos municípios de Campo Mourão e Maringá, a região dessa bacia apresenta temperaturas de 27 a 29ºC nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro (trimestre mais quente). Já nos meses junho, julho e agosto, considerado o trimestre mais frio, são registradas temperaturas de 12 a 13ºC nas redondezas de Guarapuava (IAPAR, 2000).

3.2 Coleta de Dados

Os dados analisados são referentes aos parâmetros de qualidade de água das 10 estações fluviométricas presentes na Bacia do Alto Ivaí, que foram obtidos e relacionados por meio de relatórios do período de a partir de janeiro de 2015 a dezembro de 2018, disponíveis do site do Instituto das Águas do Paraná e Agência Nacional de Águas (ANA).

3.3 Estações fluviométricas e parâmetros de qualidade de água

Foram selecionadas 10 estações fluviométricas presentes na bacia hidrográfica do Alto Ivaí, sendo elas: Quinta do Sol, Ubá do Sul, Porto Espanhol,

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ETA – Pitanga, Tereza Cristina, Rio dos Patos, Porto Bananeiras, Barbosa Ferraz, ETA – Campo Mourão e Salto Natal.

O enquadramento dos cursos d‟água da Bacia do Rio Ivaí é estabelecido pela Portaria SUREHMA nº019/92, que diz que todos dos os rios da bacia em questão pertencem à Classe 2, com exceção dos cursos d´agua que são utilizados para abastecimento público e seus afluentes quando a área desta bacia de captação for menor ou igual a 50 km², em que estes pertencerão à Classe 1.

Na Tabela 1, estão apresentadas as 10 estações fluviométricas analisadas, bem como a classificação dos corpos d‟água e os códigos em que cada uma delas são apresentadas no Instituto de Águas do Paraná e na Agência Nacional das Águas (ANA).

Tabela 1 – Siglas e códigos das estações fluviométricas, e seus respectivos rios e classes de enquadramento.

Siglas Código Estações Fluviométricas Rio Classe

E1 64673000 QUINTA DO SOL Rio Mourão 2

E2 64655000 UBÁ DO SUL Rio Ivaí 2

E3 64645000 PORTO ESPANHOL Rio Ivaí 2

E4 64634000 ETA – PITANGA Rio Ernesto 1

E5 64625000 TEREZA CRISTINA Rio Ivaí 2

E6 64620000 RIO DOS PATOS Rio dos Patos 2

E7 64675002 PORTO BANANEIRAS Rio Ivaí 2

E8 64659000 BARBOSA FERRAZ Rio Corumbataí 2

E9 64671950 ETA – CAMPO MOURÃO Rio do Campo 2

E10 64671000 SALTO NATAL Rio Mourão 2

FONTE: ANA (2019).

Dos parâmetros de qualidade de água que constam na Resolução CONAMA nº 357/05, nove foram analisados nessas estações e comparados com os limites exigidos pela legislação, sendo eles: nitrogênio total, nitrato, nitrogênio amoniacal, potencial hidrogeniônico (pH), fósforo total, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), coliformes termotolerantes (Escherichia coli), oxigênio dissolvido, sólidos dissolvidos totais e turbidez. De acordo com os dados disponíveis no período analisado para essas estações, as datas de medição para cada parâmetro foram distintas.

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3.4 Análise e Interpretação dos Resultados

Para análise dos dados, foi utilizada a planilha eletrônica Excel®, onde foram calculadas as médias de cada um dos 9 parâmetros de qualidade de água das 10 estações fluviométricas, estas representadas por siglas que variam do E1 ao E10, referentes a cada uma das estações (Tabela 1). A partir dos resultados foi realizada uma análise comparativa entre as classificações dos rios da Bacia do Rio Ivaí, de acordo com a Portaria SUREHMA nº 019/92, com as médias calculadas dos parâmetros de qualidade de água no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2018, a fim de verificar se esses valores estão ou não em conformidade com Resolução CONAMA nº 357/2005, que classifica os corpos d‟água como Classe Especial, Classe 1, Classe 2, Classe 3 e Classe 4 (Quadro 2).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Nitrogênio Total, Nitrato, Nitrogênio Amoniacal e pH

Existem diferentes formas de nitrogênio presente nos ambientes aquáticos, o nitrato (NO3-) nitrito (NO2-), amônia (NH3) e íon amônio (NH4+) são as principais. O nitrato pode ser considerado como um indicador de poluição em um corpo d‟água relacionada ao final do processo de nitrificação e essa característica pode indicar que há presença de efluentes domésticos nos corpos hídricos. Já o nitrogênio amoniacal provém de um composto derivado da amônia, que por sua vez é a mais reduzida forma de nitrogênio orgânico presente na água, mas tendo em vista que o nitrogênio é essencial para a flora aquática, o nitrato contribui para a fertilização da água (ANA, 2013).

Na Figura 2a são apresentados os resultados médios para o parâmetro de nitrogênio total, onde a maior média apresentada foi de 1,76 mg/L da estação E6, estando em conformidade de acordo com os limites exigidos pela legislação, que é um valor máximo de 2,18 mg/L para águas doces de classe 1 e 2 para ambientes lóticos, quando este for fator limitante para eutrofização. Os valores de desvio padrão para cada uma das estações dispostos na Tabela 3, foram calculados de acordo com as médias, valores máximos e mínimos disponíveis para o nitrogênio total.

Figura 2a - Valores médios de Nitrogênio Total

0,86 1,03 0,95 0,49 1,26 1,76 1,08 0,63 0,59 0,64 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 mg /L

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Tabela 2 - Quantidade de amostras, valores máximos, mínimos e de desvio padrão para o nitrogênio total

Nitrogênio Total

Estações Número de amostras Média Máx Min Desvio Padrão

E1 8 0,86 1,3 0,6 3,55 E2 8 1,03 1,8 0,27 3,54 E3 8 0,95 1,8 0,35 3,53 E4 8 0,49 0,78 0,38 3,73 E5 8 1,26 2 0,6 3,41 E6 8 1,76 3,5 0,82 3,19 E7 8 1,08 2,4 0,49 3,43 E8 8 0,63 1,2 0,27 3,67 E9 8 0,59 1 0,41 3,67 E10 8 0,64 2,1 0,33 3,57 FONTE: ANA (2019)

De acordo com a Resolução CONAMA nº 357/05, o valor máximo permitido para nitrato é de 10,0 mg/L N para todas as classes de águas doces e, analisando o comportamento das médias apresentadas na Figura 2b, seguido dos valores de desvio padrão na Tabela 3, a estação E9 foi a que apresentou o maior valor médio de 3,36 mg/L N para o parâmetro em questão. Entretanto, assim como as demais estações, o valor encontra-se dentro do permitido e em conformidade com a classificação do Rio do Campo que está enquadrado na Classe 2. O resultado obtido é satisfatório, levando em consideração que o nitrato é tóxico e pode causar uma doença grave chamada metahemoglobinemia infantil, conhecida como “síndrome do bebê azul”, que afeta principalmente crianças com menos de 6 meses de vida (COSTA et al. 2016).

(21)

Figura 2b - Valores médios de nitrato

Tabela 3 - Quantidade de amostras, valores máximos, mínimos e de desvio padrão para o nitrato

Nitrato

Estações Número de amostras Média Máx Min Desvio Padrão

E1 8 0,55 0,61 0,39 3,74 E2 8 0,5 0,79 0,12 3,77 E3 8 0,55 0,83 0,12 3,76 E4 8 0,28 0,4 0,21 3,85 E5 8 0,81 1,3 0,204 3,64 E6 8 0,96 2,6 0,41 3,47 E7 8 0,8 1,8 0,33 3,56 E8 8 0,39 0,9 0,08 3,79 E9 8 3,36 25 0,02 11,10 E10 8 0,24 0,31 0,19 3,88 FONTE: ANA (2019)

Furlan et al. (2011) encontraram, em um estudo realizado no rio Jacupiranga na região do estado de São Paulo, altas concentrações de nitrogênio total e fósforo total e acreditam que esse comportamento acontece devido ao uso do solo e o carregamento de dejetos animais originados da pecuária para dentro do corpo d‟água. Além disso, em decorrência de ausência de matas ciliares no local, há também a possibilidade de que lançamentos clandestinos de esgoto contribuam para as altas concentrações. Em alguns pontos de coleta do estudo, foi observado cultivos de bananas, onde provavelmente ocorre o uso de fertilizantes químicos e,

0,55 0,50 0,55 0,28 0,81 0,96 0,80 0,39 3,36 0,24 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 mg /L N Nitrato Classes 1 e 2 (3,57 mg/L N)

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diante desse fato, uma carga elevada de nitrogênio e fósforo podem também influenciar na qualidade da água do rio.

Arantes (2017) verificou, no reservatório do ribeirão João Leite, no estado de Goiás, valores mais elevados de nitrato para períodos chuvosos, e em períodos de estiagem os resultados encontrados foram menores. No entanto, todos os valores desse estudo estiveram bem abaixo do limite da legislação, levando em consideração que o maior resultado apresentado foi de 1,6 mg/L em período de chuva.

O nitrogênio amoniacal total é composto pelos dois compostos nitrogenados dissolvidos em água: NH4+, que é a forma ionizada, e NH3, forma não ionizada, sendo essa tóxica ao meio e principalmente aos peixes (PEREIRA; MERCANTE, 2005). Os valores apresentados estão todos de acordo com a resolução CONAMA nº 357/05que estabelece um limite de 3,7 mg/L N para pH menor ou igual a 7,5 para corpos d‟água de Classes 1 e 2 e de acordo com os valores dispostos na Figura 2c, a maior média apresentada foi de 0,20 mg/L N na estação E6 e os valores de desvio padrão apresentados na Tabela 4 apresentaram valores muito próximos entre si. Fazendo uma análise simultânea desse parâmetro com o pH (Figura 3) e com os valores de desvio padrão (Tabela 5) é possível perceber que apesar dos valores de pH se mostrarem um pouco ácidos, estão todos bem próximos de 7, tendendo a neutralidade. Esses resultados também se mostram em conformidade com os valores de pH exigidos, que é de 6,0 a 9,0 para todas as lasses de águas doces. Figura 2c - Valores médios para o nitrogênio amoniacal

0,05 0,04 0,03 0,03 0,04 0,20 0,04 0,04 0,03 0,02 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 mg /L

(23)

Tabela 4 - Quantidade de amostras, valores máximos, mínimos e de desvio padrão para o nitrogênio amoniacal

Nitrogênio Amoniacal

Estações Número de amostras Média Máx Min Desvio Padrão

E1 8 0,05 0,15 0,01 3,97 E2 8 0,04 0,062 0,01 3,98 E3 8 0,03 0,048 0,011 3,99 E4 8 0,03 0,072 0,01 3,98 E5 8 0,04 0,064 0,03 3,98 E6 8 0,2 0,63 0,06 3,86 E7 8 0,04 0,095 0,014 3,98 E8 8 0,04 0,092 0,01 3,98 E9 8 0,03 0,01 0,07 3,98 E10 8 0,02 0,035 0,01 3,99 FONTE: ANA (2019)

Figura 3 - Valores médios de pH

Tabela 5 - Quantidade de amostras, valores máximos, mínimos e de desvio padrão para o pH

Continua pH

Estações Número de amostras Média Máx Min Desvio Padrão

E1 11 7,34 9,04 6,35 2,04 E2 12 6,71 7,85 5,5 2,82 E3 11 6,99 7,95 5,07 2,47 E4 12 6,89 8,49 6,12 2,61 E5 10 6,51 8,16 3,950 2,57 E6 11 6,93 8,3 6,03 2,17 E7 12 7,19 8,72 6,25 2,52 7,34 6,71 6,99 6,89 6,51 6,93 7,19 7,10 7,11 7,14 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 E 1 E 2 E3 E 4 E5 E 6 E 7 E8 E 9 E 10 p H pH Min. (6,0) Máx. (9,0)

(24)

Conclusão Estações Número de amostras Média Máx Min Desvio Padrão

E8 12 7,1 8,21 5,57 2,74

E9 11 7,11 8,26 6,3 2,05

E10 11 7,14 8,15 6,48 1,99

FONTE: ANA (2019)

Arantes (2017) observou que no reservatório do ribeirão João Leite, as concentrações de nitrogênio amoniacal, ao contrário do nitrato, apresentaram em períodos chuvosos valores menores do que em períodos de estiagem. O autor considera ainda que nos pontos de análise mais profundos foi onde as concentrações aumentaram nos períodos de estiagem e que, esse fato provavelmente se relaciona com homogeneização da massa líquida, devido aos fenômenos de circulação ou desestratificação térmica.

De acordo com Libâneo (2008), a presença de CO2 liberado no processo de decomposição da matéria orgânica está associada com a acidez do pH com valores entre 4,5 e 8,2, uma vez que esse gás, ao reagir com a água, produz o ácido carbônico que libera íons H+ ao dissociar-se, causando a redução do pH.

Em um estudo realizado por Silva (2014) no Rio do Campo no município de Campo Mourão - PR, os resultados de pH também se encontraram levemente ácidos na maioria das análises realizadas, resultado similar ao obtido no presente estudo. A autora conclui que, essa acidez pode ter sido influenciada pela presença de solos ácidos na sub-bacia como também ter sido originada da quantidade de matéria orgânica presente na água que podem ter sido provenientes do escoamento de chuvas em dias anteriores ao dia de realização da coleta.

4.2 Fósforo Total

Segundo a ANA (2013), o fósforo, na maioria dos corpos hídricos, pode se tornar um fator limitante da produtividade e, por esse motivo, é um dos principais fatores responsável pela eutrofização nos ambientes aquáticos. O uso agrícola nas bacias hidrográficas pode alterar as condições ecológicas naturais, além da ação antrópica, que alteram a quantidade e características dos sedimentos que são carregados pelo escoamento superficial.

Os maiores valores médios apresentados para o fósforo total (Figura 4), são das estações E2, E5 e E6. As duas primeiras, com os valores de 0,093 e 0,087 mg/L

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P respectivamente, podem ter esse aumento na concentração de fósforo total justificado por se localizarem próximas a área urbana. As estações E4, E8 e E10 foram as que apesentaram as menores médias e, ao contrário das estações citadas anteriormente, possuem sua localização afastada da área urbana, com exceção da E4, que se localiza dentro do município e representa a Estação de Tratamento de Água de Pitanga. A quantidade de amostras para esse parâmetro foi igual em todas as estações e, diante disso, os valores de desvio padrão (Tabela 6) se apresentaram bem próximos um do outro.

Figura 4 - Valores médios de fósforo total

Tabela 6 - Quantidade de amostras, valores máximos, mínimos e de desvio padrão para o pH FONTE: ANA (2019) 0,054 0,093 0,074 0,033 0,087 0,084 0,068 0,038 0,056 0,031 0,000 0,020 0,040 0,060 0,080 0,100 0,120 E 1 E 2 E3 E 4 E5 E 6 E 7 E8 E 9 E 10 mg /L P

Fósforo total Classes 1 e 2 (0,1 mg/L)

Fósforo Total

Estações Número de amostras Média Máx Min Desvio Padrão

E1 8 0,054 0,079 0,043 3,97 E2 8 0,093 0,21 0,07 3,94 E3 8 0,074 0,11 0,016 3,97 E4 8 0,033 0,082 0,014 3,98 E5 8 0,087 0,14 0,025 3,96 E6 8 0,084 0,17 0,047 3,95 E7 8 0,068 0,16 0,024 3,96 E8 8 0,038 0,082 0,012 3,98 E9 8 0,056 0,11 0,027 3,97 E10 8 0,031 0,057 0,012 3,98

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Dessa forma, os corpos hídricos em todas as estações, para esse parâmetro, estão condizentes com as classes dos rios da Bacia conforme a Portaria SUREHMA nº 019/92 e também com resolução CONAMA nº 357/05 que define um valor máximo de 0,1 mg/L P para ambientes lóticos e tributários de ambientes intermediários para corpos d‟água de Classes 1 e 2.

Danelon et al. (2012) realizaram análises no córrego de Terra Branca, localizado no município de Uberlândia – MG e, de acordo com os resultados obtidos, observaram que o parâmetro de fósforo total apresentou valores acima do permitido pela Resolução CONAMA nº 357/05. Os autores acreditam que essa condição se deve a atividades de agricultores e o uso de fertilizantes químicos nas proximidades da bacia. Por esse motivo, quando há eventos chuvosos, o rio pode carregar particulados que, ao entrar em contato com a água liberam componente fósforo, que está presente na composição de fertilizantes.

4.3 DBO

A identificação da presença de matéria orgânica em água é medida indiretamente por meio da demanda bioquímica do oxigênio (DBO). Esse parâmetro tem por função identificar o consumo de oxigênio por organismos vivos. O aumento da quantidade de matéria orgânica em água pode acarretar na redução do oxigênio no corpo hídrico causando diversas consequências. Além disso, despejos que são provenientes de origem orgânica podem fazer com que o aumento das concentrações de DBO aconteçam (ANA, 2013).

A média em destaque para esse parâmetro foi a da estação E3 (3,0 mg/L O2), localizada em Porto Espanhol no município de Rio Branco do Ivaí. Mesmo sendo o maior valor médio encontrado entre as estações de monitoramento (Figura 5) e apresentando os valores de desvio padrão (Tabela 7) bem semelhantes, ainda se encontra em conformidade com a condição estabelecida pela Resolução CONAMA nº 357/05, que é um máximo de 3 mg/L O2 e 5 mg/L O2 para corpos d´água de Classe 1 e 2, respectivamente.

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Figura 5 - Valores médios de DBO

Tabela 7 - Quantidade de amostras, valores máximos, mínimos e de desvio padrão para o pH

DBO

Estações Número de amostras Média Máx Min Desvio Padrão

E1 8 2,4 3 2 2,80 E2 8 2,4 3 2 2,80 E3 8 3 6 2 2,75 E4 8 2,4 3 2 2,80 E5 8 2,4 3 2 2,80 E6 8 2,6 3,4 2 2,73 E7 8 2,7 3,5 2 2,70 E8 8 2,4 3 2 2,80 E9 8 2,5 3 2 2,78 E10 8 2,6 3 2 2,76 FONTE: ANA (2019)

Barros et al. (2011) encontraram, em alguns pontos estudados, valores de DBO elevados em épocas de seca na região de Mato Grosso, possuindo uma variação entre 12,0 e 16,0 mg/L, entretanto, um dos pontos que está localizado na nascente do córrego André, apresentou valores entre 2,5 e 3,0 mg/L em eventos chuvosos. Para os autores, os níveis de alteração de DBO podem estar relacionados ao ciclo hidrológico, uma vez que apresentaram valores baixos em períodos de cheia e elevados em dias secos.Além disso, também consideram que o processo de autodepuração é mais intenso e acelerado em dias de chuva devido a uma maior movimentação das águas, o que ocasiona um acúmulo menor de DBO nos pontos estudados. 2,4 2,4 3,0 2,4 2,4 2,6 2,7 2,4 2,5 2,6 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 E 1 E 2 E3 E 4 E5 E 6 E 7 E8 E 9 E 10 mg /L O 2

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4.4 Coliformes Termotolerantes (Escherichia coli)

Os coliformes termotolerantes são descritos dessa maneira por serem resistentes e capazes de se reproduzir em temperaturas acima de 40ºC. A importância do estudo desse parâmetro presente nos corpos hídricos se deve ao fato de serem um possível indicador da existência de micro-organismos patogênicos, que são responsáveis pela causa de doenças provenientes de veiculação hídrica (ANA, 2013).

Na Figura 6, é possível observar que houve uma variação muito grande entre as médias analisadas. Para que este parâmetro esteja em conformidade com a resolução CONAMA nº 357/05, o valor não deve ultrapassar 200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros para Classe 1 e nenhuma das estações esteve dentro dessa condição. Já para a Classe 2, o valor máximo é de 1000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros e as estações que estiveram dentro dessa condição foram E1, E4, E5, E8 e E10. A estação E2 apresentou uma média de 4016,25 NTU, valor esse que não está em conformidade com o que estabelece a Resolução CONAMA nº 357/05 (Figura 6), uma vez que o limite exigido para Classe 3 é de 4000 NTU. O valor de desvio padrão para essa estação também foi o mais alto entre as estações, com um valor de 11465,85 (Tabela 8). As demais estações se apresentaram com os valores médios em conformidade com os limites estabelecidos para essa mesma classe.

Figura 6 - Valores médios para coliformes termotolerantes (E. coli)

544,8 4016,3 1412,5 937,5 533,8 2457,5 2042,5 310,1 2116,3 319,4 0,0 500,0 1000,0 1500,0 2000,0 2500,0 3000,0 3500,0 4000,0 4500,0 E 1 E 2 E3 E 4 E5 E 6 E 7 E8 E 9 E 10 N TU/100mL

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Tabela 8 - Quantidade de amostras, valores máximos, mínimos e de desvio padrão para o coliformes termotolerantes (E. coli)

Coliformes Termotolerantes (E. coli)

Estações Número de amostras Média Máx Min Desvio Padrão

E1 8 544,8 1200 18 563,70 E2 8 4016,25 24000 100 11465,85 E3 8 1413 9500 100 4542,11 E4 8 937,5 3600 100 1678,67 E5 8 533,8 1200 100 543,74 E6 8 2458 6400 330 2942,16 E7 8 2043 10000 100 4735,44 E8 8 310,1 890 61 403,89 E9 8 2116 8300 100 3902,50 E10 8 319,4 950 45 435,67 FONTE: ANA (2019)

Analisando de uma maneira mais aprofundada as informações obtidas no Instituto das Águas do Paraná para a estação E2, observa-se que na medição em um dia específico (28 de fevereiro de 2018) apresentou um valor de 24.000 NTU/100 mL, comportamento muito acima em relação às medições das outras datas. Ainda de acordo com esses dados, para esse dia a condição do tempo foi registrada como chuvosa, além de também apresentar chuva nas últimas 48 horas anteriores ao dia da medição. Dessa forma, esses fatores podem ter influenciado na média.

Esse parâmetro foi o que mais apresentou alterações de valores em relação aos limites estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357/05 e, fazendo uma comparação com o estudo já citado realizado por Silva (2014), coliformes termotolerantes foi também o parâmetro o qual apresentou todas as análises com números acima do exigido e, nesse caso, o que pode ter contribuído para essa alteração foi a localização do ponto em que foi realizado a coleta, pois este é sujeito a receber efluentes provenientes da área urbana, além de estar localizado nas proximidades do rio Água dos Papagaios, curso d„água esse localizado no estado do Paraná e que recebe efluentes de tratamento de frigoríficos e de uma malharia.

4.5 Oxigênio Dissolvido (OD)

O oxigênio dissolvido é a concentração de oxigênio que se encontra presente na água e é indispensável para o equilíbrio das comunidades aquáticas, uma vez que se torna essencial para o metabolismo dos organismos aeróbicos. As baixas

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concentrações de OD podem ser provenientes de lançamento de efluentes nos cursos d‟agua, como também pode ser afetado pela temperatura da água, pressão atmosférica e salinidade (ANA, 2013; SPERLING, 2005; LIBÂNIO, 2008).

Na Figura 7 são apresentados os valores médios de oxigênio dissolvido para as águas das estações em estudo. Os valores estiveram em um intervalo de 7,42 a 9,42 mg/L O2, sendo esse último valor representado pela estação E8, que obteve a maior média e o menor desvio padrão (Tabela 9). Sendo assim, todas as estações estão em conformidade e apresentaram valores acima no mínimo exigido pela resolução CONAMA Nº 357/05 para Classes 1 e 2, que não deve ser menor que 6 e 5 mg/L O2 respectivamente.

Figura 7 - Valores médios de oxigênio dissolvido

Tabela 9 - Quantidade de amostras, valores máximos, mínimos e de desvio padrão para o oxigênio dissolvido

Oxigênio Dissolvido

Estações Número de amostras Média Máx Min Desvio Padrão

E1 9 7,93 9,87 4,5 2,35 E2 11 8,91 10,84 6,5 2,10 E3 8 9,01 10,21 6,67 1,50 E4 11 7,42 9,4 4,49 2,80 E5 8 8,65 9,73 7,14 1,09 E6 10 7,93 9,41 6,49 1,57 E7 11 8,72 11,49 4,73 3,08 E8 10 9,42 10,51 8,53 0,85 E9 10 8,18 10,09 6,41 1,74 E10 10 8,95 11,54 7,82 1,58 7,93 8,91 9,01 7,42 8,65 7,93 8,72 9,42 8,18 8,95 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 mg /L O 2

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Sardinha et al. (2008) observaram, no rio Ribeirão do Meio do município de Leme - SP, que as concentrações de oxigênio dissolvido obtiveram pouca variação nos valores em dias chuvosos ou de seca. Em um dos pontos analisados, houve sempre uma concentração baixa em relação aos outros pontos, e esse resultado pode ter sido proveniente da oxidação de matéria orgânica oriunda de efluentes domésticos do município. Entretanto, os valores analisados pelos autores se encontram, na maioria dos pontos de coleta, bem abaixo do estabelecido pela legislação, ao contrário dos resultados encontrados no presente estudo.

Costa et al. (2010) considerou que, estações fluviométricas próximas a usinas hidrelétricas apresentaram baixos valores de oxigênio dissolvido, tendo em vista que esse valor pode estar associado ao fato de que a diminuição desse parâmetro pode decorrer de uma estratificação térmica e eutrofização que acontecem em consequência da água “parada” nos lagos próximos as usinas. Além disso, os autores acreditam que a temperatura elevada da água, a utilização de produtos químicos usados na agricultura, poluição hídrica por indústrias e residências também levam a alteração do oxigênio dissolvido.

Apesar da estação E10 ser representada por uma pequena central hidrelétrica (PCH Salto Natal), os valores de oxigênio dissolvido observados no presente estudo não se mostraram menores que os outros e nem abaixo do limite mínimo estabelecido pela Resolução CONAMA nº 357/05.

4.6 Sólidos Dissolvidos Totais

A importância do monitoramento e análise de sólidos totais se deve ao fato da definição das condições ambientais, visto que alguns sólidos podem causar danos no ambiente e vida aquática, por causar diminuição da incidência de luz e aumentar a sedimentação nos rios. O controle de poluição das águas, caracterização de esgotos sanitários, efluentes industriais e controle nas ETE‟s são realizados através da determinação dos níveis de concentração de sólidos (ANA, 2013).

Na Figura 8 são apresentados os resultados das concentrações médias de sólidos dissolvidos totais e na Tabela 10 os valores de desvio padrão. As estações E5 e E7 tiveram uma certa relevância, apresentando valores de 75,1 e 70,8 mg/L, respectivamente. A estação E5 está localizada próxima a uma área de cobertura florestal e também da área urbana, já a E7, além de também possuir área de

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cobertura florestal, é também localizada nas proximidades da nascente do Rio Ribeirão Marialva.

Figura 8 - Valores médios de sólidos dissolvidos totais

Tabela 10 - Quantidade de amostras, valores máximos, mínimos e de desvio padrão para o sólidos dissolvidos totais

Sólidos Dissolvidos Totais

Estações Número de amostras Média Máx Min Desvio Padrão

E1 10 51,2 99 26 38,86 E2 11 51,2 90 27 34,37 E3 11 51,5 100 16 41,08 E4 11 38 57 9 23,01 E5 10 75,1 119 32 48,27 E6 10 62,9 103 23 42,05 E7 11 70,8 119 34 47,14 E8 11 62,9 104 36 39,80 E9 11 34,2 78 14 30,90 E10 10 27,3 46 9 17,44 FONTE: ANA (2019)

De maneira oposta, os menores resultados, 27,3 e 34,1 mg/L, foram das estações E9 e E10, as duas pertencentes ao município de Campo Mourão, sendo a E9 a Estação de Tratamento de Água e E10 a PCH Salto Natal. Sendo assim, para esse parâmetro, a resolução CONAMA nº 357/05 defini um limite máximo de 500 mg/L para todas as classes e analisando a Figura 8, todas as estações estão de acordo e ficaram abaixo desse valor.

De acordo com Marmontel e Rodrigues (2015), um estudo realizado na região de São Manuel - SP o parâmetro de Sólidos Dissolvidos Totais apresentou uma

51,2 55,6 51,5 38,0 75,1 62,9 70,8 62,9 34,1 27,3 0,0 100,0 200,0 300,0 400,0 500,0 600,0 E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 mg /L

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melhor qualidade da água em locais onde possuem cobertura de terra com bambuzal e uma faixa de vegetação ripária em estado degradado.

Sardinha et al. (2008) observaram que, no Ribeirão do Meio, os valores de Sólidos Totais dissolvidos aumentam com a diminuição da vazão, fato esse justificado por um efeito menor da diluição e um tempo maior de atuação do processo de intemperismo que também contribuem para que os valores de pH e condutividade tenham uma elevação.

4.7 Turbidez

Conforme a ANA (2013), a turbidez representa uma característica física da água que é afetada pela presença de sólidos em suspensão na água e que faz com que seja reduzida a transparência da água. O tamanho das partículas de suspensão depende da quantidade da presença de partículas inorgânicas (areia, silte e argila) e pode variar dependendo da movimentação do ambiente, dessa maneira, a presença de partículas provoca uma dispersão e absorção de luz, o que faz com que a água fique com uma aparência turva.

Na Figura 9 são apresentados os valores médios de turbidez das amostras de água nas estações de monitoramento em estudo. A resolução CONAMA nº 357/05 exige que o valor máximo para corpos d‟água de Classe 1 e Classe 2 sejam até 40 e 100 NTU, respectivamente. De acordo com os resultados analisados, a estação E9 foi a que apresentou a maior média de 56,8 NTU e também o maior desvio padrão (Tabela 11). Dessa maneira, todas as estações em conformidade com a legislação.

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Figura 9 - Valores médios de turbidez

Tabela 11 - Quantidade de amostras, valores máximos, mínimos e de desvio padrão para turbidez

Turbidez

Estações Número de amostras Média Máx Min Desvio Padrão

E1 11 29,2 71,4 8,5 29,09 E2 12 49 140 7,1 61,56 E3 11 45,5 168 3,7 76,18 E4 12 20,9 73,5 3,5 31,50 E5 10 42,7 42,73 3 21,10 E6 10 37,8 101 4,4 44,28 E7 11 43,4 115 5,8 50,30 E8 12 26,8 107 1,7 47,87 E9 11 56,8 263 16 119,31 E10 11 28,8 124 7,6 54,89 FONTE: ANA (2019)

Danelon e Rodrigues (2013) notaram que existe uma grande relação entre os valores de turbidez e dias chuvosos, uma vez que, exposto a essas condições, houve um aumento nos valores de turbidez do estudo realizado pelos autores, valores esses que chegara a exceder os limites exigidos pela Resolução CONAMA nº 357/05. Além disso, um escoamento superficial na bacia e o carregamento de sedimentos podem ocorrer como consequência desses eventos chuvosos e contribuir para o aumento da turbidez.

Considerando-se todos os parâmetros de qualidade da água analisados para a Bacia do Alto Ivaí, obtidos a partir das estações de monitoramento disponíveis, observou-se que apenas os trechos de corpos hídricos das estações E1, E5, E8 e

29,2 49,0 45,5 20,9 42,7 37,8 43,4 26,8 56,8 28,8 0,0 15,0 30,0 45,0 60,0 75,0 90,0 105,0 E 1 E 2 E3 E 4 E5 E 6 E 7 E8 E 9 E 10 N .T .U

(35)

E10 estiveram em conformidade com o que estabelece a Portaria SUREHMA nº 019/92 (Tabela 12).

Tabela 12 – Siglas e códigos das estações fluviométricas, e seus respectivos rios e comparação das classes de enquadramento

Siglas Estações Fluviométricas Rio Classe1 Conformidade2

E1 QUINTA DO SOL Rio Mourão 2 2

E2 UBÁ DO SUL Rio Ivaí 2 3

E3 PORTO ESPANHOL Rio Ivaí 2 3

E4 ETA – PITANGA Rio Ernesto 1 2

E5 TEREZA CRISTINA Rio Ivaí 2 2

E6 RIO DOS PATOS Rio dos Patos 2 3

E7 PORTO BANANEIRAS Rio Ivaí 2 3

E8 BARBOSA FERRAZ Rio Corumbataí 2 2

E9 ETA – CAMPO MOURÃO Rio do Campo 2 3

E10 SALTO NATAL Rio Mourão 2 2

FONTE: ANA (2019)

1Classe do Corpo Hídrico conforme a Portaria SUREHMA Nº019/92 2Conforme todos os parâmetros de qualidade analisados no trabalho

Em relação aos parâmetros de qualidade de água, os valores de coliformes termotolerantes nas estações E2, E3, E4, E6 e E7 apresentaram-se em desacordo com os valores estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357/05 para as Classes estabelecidas (Tabela 4).

(36)

Tabela 13 - Tabela resumo dos resultados analisados para parâmetros de qualidade de água

Estação Rio Classe

Parâmetro de Qualidade da Água

NT NO3- N-NH3 pH P DBO E. coli OD SDT Turbidez

E1 Rio Mourão 2

E2 Rio Ivaí 2

E3 Rio Ivaí 2

E4 Rio Ernesto 1

E5 Rio Ivaí 2

E6 Rio dos Patos 2

E7 Rio Ivaí 2

E8 Rio Corumbataí 2

E9 Rio do Campo 2

E10 Rio Mourão 2

NT: nitrogênio total; NO3-: nitrato; N-NH3: nitrogênio amoniacal; P: fósforo total; DBO: demanda bioquímica de oxigênio; E. coli: Escherichia coli; OD: oxigênio dissolvido; SDT: sólidos dissolvidos totais.

De acordo com a Classe de enquadramento. Em desacordo com a Classe de enquadramento. Em desacordo com a Resolução CONAMA nº 357/05

(37)

5 CONCLUSÃO

Nas condições que foram analisadas na Bacia Hidrográfica do Alto Ivaí, os parâmetros de nitrogênio total, nitrato, nitrogênio amoniacal, pH, fósforo total, DBO, oxigênio dissolvido, sólidos dissolvidos totais e turbidez apresentaram suas médias em conformidade com os limites estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357/05, com exceção do coliformes termotolerantes (E. coli) que em uma única estação (E2) em apresentou uma média de 4016,25 NPM, estando em desacordo com a legislação.

Em relação a Portaria SUREHMA nº 019/92, apenas as estações E1, E5, E8 e E10 estiveram em conformidade com as classes estabelecidas para o enquadramento dos corpos d„água.

Dessa maneira, conclui-se que os parâmetros que por ventura tiveram alguma alteração nesse valor, teve seu valor possivelmente explicado por diversos motivos, entre eles estão os fatores climáticos, dias chuvosos ou dias secos, além de muito dessas serem provenientes de ações antrópicas, como: lançamento de efluentes sem tratamento adequado, fertilizantes e agrotóxicos provenientes de práticas agrícolas, falta de práticas conservacionistas do solo etc. Apesar dos resultados não terem se apresentado fora das condições permitidas, seria interessante uma maior fiscalização nesses locais, a fim de evitar que essas situações aconteçam.

(38)

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