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Educação ambiental como paradigma para o desenvolvimento sustentável

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Academic year: 2021

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GRANDE DO SUL

DANIELLE BUZZATTI

EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO PARADIGMA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Ijuí (RS) 2018

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DANIELLE BUZZATTI

EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO PARADIGMA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. DCJS – Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais

Orientador: Dr. Daniel Rubens Cenci

Ijuí RS) 2018

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço à Deus por ter me dado força e confiança para superar todas as dificuldades que surgiram ao longo do percurso.

À minha mãe, que sempre se fez presente em meu coração e em meu pensamento.

Ao meu pai, Edegar, meu alicerce que sempre me amparou e me transmitiu seu exemplo de força e que apesar das dificuldades me fortaleceu e me apoiou.

À minha irmã, Mariana, pelo carinho e parceria, que nunca mediu esforços para me ajudar e estar ao meu lado, compreendendo muitas vezes minha ausência.

À minha “tata”, Adriana, que sempre me incentivou a seguir em frente com suas palavras de carinho e confiança.

Ao meu orientador Daniel Rubens Cenci, com quem eu tive o privilégio de conviver e contar com sua dedicação e disponibilidade, guiando-me pelos caminhos do conhecimento.

A todas as pessoas amigas e familiares deixo minha gratidão por todo apoio e carinho.

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“Os homens são miseráveis, porque não sabem ver nem entender os bens que estão ao seu alcance”.

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O presente trabalho de conclusão de curso analisaa educação ambiental como instrumento que viabiliza o desenvolvimento sustentável. Investiga entre outros objetivos, a importância dos elementos necessários para a efetivação da educação ambiental como instrumento que proporciona o bem-estar, viabilizando o desenvolvimento com equilíbrio entre as dimensões ambientais, sociais e econômicas, como tripé da sustentabilidade. O estudo apoia-se nas análises documental e bibliográfica e aprofunda conceitos relacionados ao desenvolvimento e sustentabilidade, dada a importância de ambos para a constituição da harmonia da relação do homem com o meio ambiente, aliado à qualidade de vida. Caracteriza-se por ser um debate da atualidade tendo em vista a crise ambiental enfrentada pelo Planeta e que ainda apresenta dificuldades de ser combatida. Como hipótese da pesquisa, a educação ambiental é caracterizada por trazer uma visão transformadora da realidade ambiental na formação da consciência e construção de conhecimento crítico que objetiva desenvolver um novo paradigma para os aspectos culturais, éticos, econômicos, ambientais e sociais do indivíduo e da coletividade, com a preocupação para a garantia de um meio ambiente ecologicamente equilibrado e promotor da sustentabilidade.

Palavras-chave: Crise Ambiental. Educação ambiental. Desenvolvimento sustentável. Interdisciplinaridade.

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This term paper analyzes environmental education as an instrument that enables sustainable development. Investigating among other objectives the importance of necessary elements for effectiveness of environmental education as a feasibly instrument to well-being, enabling development with a balance among environmental, social and economics dimensions, as the tripod of sustainability. The study supports documentary and bibliographical analysis and goes deeper into concepts related to the development and sustainability, in view the importance of both for constitution of the harmony between human being and respect to the environment, allied to the quality of life. A debate is characterized about the current situation against an environmental crisis faced by the planet that still present difficulties to be overcome. Like a hypothesis of this research, the environmental education is characterized by bringing a transforming vision of environmental reality in the formation of consciousness and the construction of a space of critical knowledge that aims to develop a new paradigm for cultural, ethical, economic, environmental and social aspects of the individual and collectivity, concerning about a guarantee of an ecologically balanced environment and to promote sustainability.

Keywords: Environmental crisis. Environmental education. Sustainable development. Interdisciplinarity.

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INTRODUÇÃO ... 7

1 CRISE AMBIENTAL E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ... 9

1.1 Elementos constitutivos da crise ambiental ... 10

1.2 Considerações históricas da educação ambiental ... 14

1.3 Elementos constitucionais e infraconstitucionais da educação ambiental 18 2 CONTEXTO ATUAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... 22

2.1 Elementos constitutivos para o desenvolvimento sustentável ... 22

2.1.1 Aspectos ambientais ... 27 2.1.2 Aspectos econômicos ... 28 2.1.3 Aspectos sociais ... 29 2.1.4 Aspectos culturais ... 29 2.1.5 Aspectos éticos ... 30 3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL ... 32

3.1 Dificuldade de efetivação da educação ambiental ... 32

3.2 A contribuição da educação ambiental para efetivação do desenvolvimento sustentável ... 36

CONCLUSÃO ... 42

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INTRODUÇÃO

A presente pesquisa consiste em estudar a educação ambiental e analisar sua importância e efetividade, enquanto instrumento para a construção do desenvolvimento sustentável. Pretende-se aprofundar conceitos quanto ao desenvolvimento sustentável, educação ambiental e a construção de valores para melhoria da qualidade de vida e da cidadania.

As contradições do modelo de desenvolvimento atual suscitam interrogações sobre o efetivo resultado na melhoria das condições de vida humana e do ambiente. As considerações acerca do significado e das possibilidades de um modelo de desenvolvimento diverso e sustentável e sua real contribuição na busca por uma melhor qualidade de vida, não são ainda bem compreendidos pela sociedade, visto que a modernidade é considerada uma sociedade que busca satisfazer os desejos individuais e de consumo. Neste sentido, pretende-se verificar quais são os elementos necessários da educação ambiental para proporcionar um bem-estar e buscar o desenvolvimento sustentável, harmonizando a relação do homem com o meio ambiente, aliada à qualidade de vida.

Outro aspecto relevante é que, para que se tenha mudanças, é necessário que cada ator social - poder público, empresa, cidadão – faça seu papel perante a sociedade, tenha participação ativa nessa, e, principalmente, conscientização quanto a proteção ao meio ambiente.

É necessário, desse modo, que se observe o que a sustentabilidade significa no contexto de desenvolvimento. Por meio disso, deve-se perceber que a existência

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de um direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado pressupõe a obediência a alguns fundamentos específicos, e, assim, há vinculação entre o Direito Ambiental e a dignidade da pessoa humana. Em decorrência da relevância do tema, pode-se verificar que a Constituição estabelece formas de impor tanto ao poder público quanto à coletividade não somente deveres de defender o meio ambiente, mas também e principalmente de preserva-lo, assegurando o uso adequado do meio ambiente, para as presentes e futuras gerações.

Dessa maneira, tem-se como objetivo investigar os elementos fundamentais para a efetivação do desenvolvimento sustentável e bem-estar social, ou seja, com melhor qualidade de vida para presentes e futuras gerações, sem que ocorram prejuízos e danos às pessoas e ao ambiente. Além disso, analisar a educação ambiental como instrumento de compreensão e análise da crise ambiental atual, as características da sociedade de consumo e seus impactos no ambiente e na vida das pessoas.

Visa, ainda, pesquisar os aspectos históricos do surgimento do desenvolvimento e da sustentabilidade, de forma que se compreenda as bases da proposta do desenvolvimento sustentável, bem como, verificar os elementos estruturantes para um modelo de desenvolvimento sustentável e sua efetivação, que garanta a contribuição da educação ambiental neste processo.

A presente pesquisa é do tipo exploratória que utiliza no seu delineamento a coleta de dados em fontes bibliográficas e documentais disponíveis em meios físicos e na rede de computadores. Utilizando o método de abordagem hipotético-dedutivo, observa-se que a seleção de bibliografia e documentos afins à temática e em meios físicos e na Internet, interdisciplinares são capazes e suficientes para a formação de uma análise crítica sobre o tema.

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1 CRISE AMBIENTAL E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Os efeitos da problemática ambiental no contexto atual estão se tornando cada vez mais presentes e perceptíveis na sociedade, tornando visível a preocupação em torno do futuro do planeta e de seus habitantes. É em meio ao cenário marcado pelos problemas ambientais, resultantes de uma crise antropogênica, que é possível observar a destruição e devastação do meio ambiente, a precariedade dos recursos naturais, os índices crescentes de poluição do ar, da água, da destruição de florestas e biodiversidade, dentre muitos outros problemas presentes. Tal crise, conhecida a mais de meio século, está sendo hoje perceptível aos olhos de cada cidadão. Seus impactos afetam a condição de bem-estar e de existência, comprometendo em grande parte a qualidade de vida das presentes e futuras gerações.

O desenvolvimento sustentável e a educação ambiental são fundamentais para a compreensão equilibrada da crise, não somente quanto ao tema de meio ambiente, mas também quanto à necessidade de mudar comportamentos, construir saberes e observar quais são os fundamentos da crise. Além disso, mudar as escolhas, tornando-as de suma importância para que seja compreendido como o tema, sempre foi, e que ainda, permanece na vida de cada ser vivo, numa equação de equilíbrio ambiental que preserve o ambiente natural.

Neste sentido, olhar para o futuro significa pensar em um modelo de desenvolvimento que qualifique a vida para as gerações presentes, bem como, garanta às gerações futuras possibilidades de que igualmente possam viver descentemente e com qualidade. Para tanto, um novo paradigma educacional se apresenta como estratégia fundamental para que se possa reaprender o direito ao meio ambiente equilibrado, como um direito difuso, e portanto, horizontal; um direito social e de solidariedade, que se caracteriza somente se estendido para todos os seres vivos, humanos e não humanos, porquanto a vida no planeta depende de conexões profundas e interdependentes. Esse será o desafio de pesquisa do presente capítulo.

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1.1 Elementos constitutivos da crise ambiental

Grandes mudanças marcam o cenário mundial no que se refere ao meio ambiente e, dessa forma, encontra-se a sociedade em um momento de grande desafio na preservação desse, principalmente visando à qualidade de vida. O momento em que se encontra essa crise é impossível de ser mensurado, tendo em vista que a espécie humana vive em constante evolução, razão pela qual Milaré (2011, p. 63) assegura que “A única resposta cabível, e ainda assim provisória, é de que a espécie humana e a Terra encontram-se num determinado estágio de evolução impossível de ser precisado”, dessa maneira, percebe-se que não há uma perspectiva segura do futuro.

É perceptível que a relação do homem com a natureza desde os seus primórdios sempre foi marcada pela ocorrência dos impactos que acontecem no meio ambiente, sendo que, por meio disso, percebe-se que a crise ambiental, já instaurada ao longo do tempo em âmbito mundial, está cada vez mais presente e mais contundente com o passar dos dias. Constata-se que o ser humano sempre buscou o desenvolvimento baseado, tão somente, na perspectiva do crescimento econômico.

O homem, com o decorrer do tempo, degrada o meio ambiente, diante de uma busca constante para viver de forma com que satisfaça tão somente os seus desejos, sem construir saberes de equilíbrio ambiental e observar uma perspectiva que objetive não degradar o meio em que vive. Dessa forma, o que se apresenta é uma crise ambiental resultante da busca pelo crescimento pessoal, de tal maneira que a economia é predominante nesse crescimento e deixa de lado a preservação da natureza.

Leff (2012, p. 17) menciona que a “A crise ambiental veio questionar a racionalidade e os paradigmas teóricos que impulsionam e legitimaram o crescimento econômico, negando a natureza”. É necessário referir que o crescimento econômico, por esse ser considerado uma das principais causas para o aumento significativa da crise ecológica, vem se alastrando em qualquer lugar do

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mundo. No mesmo sentido afirma Blanc (2012, p.165) que “O impulso humano imediato é transformar os recursos naturais em objeto de lucro, sem considerar as consequências”. Pensar, tão somente, na lucratividade, transformando o meio ambiente em objeto que pode ser usado da forma que é mais favorável, resulta e colabora para que a crise aumente de forma catastrófica, causando impactos que degradam significativamente o meio.

Milaré (2011, p. 67) traz a ideia da problemática do crescimento econômico, em especial no que se refere ao Brasil, assegurando que:

[...] nosso país, de fato, apresentou, em tal período, níveis elevados de crescimento econômico sem, todavia, ocupar-se de salvaguardas ambientais: por isso, essa opção de crescer a qualquer custo levou o brasileiro a uma impiedosa – ainda não estancada – agressão a natureza, que, exaurida, começa a cobrar seu preço.

Esse modelo de desenvolvimento voltado estritamente para a produção de resultados econômicos, visando sempre a lucratividade, dissociado da noção de sustentabilidade, implicará necessariamente no exaurimento dos recursos naturais. E uma grande dificuldade é, justamente, a utilização abusiva destes recursos, incluindo petróleo, carvão, gás natural, minérios, sendo já visível o esgotamento como consequência. Com isso, nota-se que o Planeta Terra está totalmente envolvido por uma crise que se torna cada vez mais crescente e sem precedentes, deflagrando uma necessidade urgente de alternativas que solucionem ou minimizem os problemas existentes em sede de meio ambiente.

Os problemas, que até então eram circunscritos apenas a determinadas localidades, passaram a atingir dimensões globais. Apesar de a ação do homem sobre a natureza ser tão antiga quanto a sua evolução civilizatória, foi apenas com o advento da Revolução Industrial que o homem passou a degradar o meio ambiente de forma mais contundente, comprometendo seu equilíbrio.

É importante referir que o desenvolvimento econômico não é o único fator que contribui para o avanço da crise. A busca constante na satisfação dos desejos e insaciabilidade do ser humano também apresentam-se como problemas, sendo que a continuidade com o atual padrão de consumo é incompatível com os recursos que

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o planeta ainda tem a oferecer. A economia, presente na sociedade consumista, detêm como combustível os impulsos e vícios ocasionados, por exemplo, pelo avanço tecnológico que, na maioria das vezes, baseiam-se no excesso e desperdício e que, consequentemente, impulsionam significativamente a crise.

O consumo é um ato necessário a todo e qualquer ser vivo, seja através da necessidade de consumir ar, água, alimentos. O grande problema é que o uso de bens e serviços está acontecendo de uma forma excessiva, gerando o desequilíbrio do meio ambiente e a exploração elevada dos recursos naturais.

Cabe salientar que o excesso de consumo afeta diretamente o desenvolvimento. Blanc (2012, p. 158) estipula que “[...] cerca de 20% da humanidade consomem 80% da energia gerada. Os habitantes das nações industrializadas, cerca de 25% da população planetária, servem-se de 75% dos recursos naturais da Terra”. Possivelmente esse seja um dos maiores problemas que a humanidade está enfrentando e, como pode-se notar, “de acordo com ambientalistas, esse superconsumo é a principal causa da degradação ambiental que estamos testemunhando” (BLANC, 2012, p. 158). Torna-se de fácil evidência que toda a humanidade está se tornando cada vez mais dominada pelo consumo. Consequência disso, além da utilização desenfreada dos elementos naturais, recorrente da exploração elevada do meio ambiente, é a desigualdade social, ocasionada pelo aumento significativo de riquezas, baseados na sociedade consumista e no desenvolvimento econômico.

Para além disso, a mudança climática é consequência da degradação ambiental e gera consequências desfavoráveis ao meio ambiente, para Milaré (2011, p. 68) é um dos maiores males, tal maneira é que,

[...] o risco global das mudanças climáticas é, talvez, o mais iminente e, por isso, o mais temido. Melhor dizendo, os males das mudanças climáticas (que são relacionadas ao efeito estufa) deixaram, desde muito, de ser risco para se converter em prejuízo concretos, presentes em todo o globo terrestre sob formas as mais diversas. E sua tendência óbvia é o aumento em extensão e intensidade.

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Os prejuízos advindos dessas mudanças climáticas são preocupantes, de tal forma que o efeito estufa, fenômeno natural de extrema importância, responsável por manter a Terra na temperatura necessária garantindo, o calor adequado, está sendo prejudicado significativamente. Como consequência negativa dessas mudanças, no que diz respeito ao efeito estufa, encontra-se o aquecimento global, que acarreta diversos problemas para o planeta, como por exemplo, os derretimentos das grandes geleiras, que ocasionam o aumento elevado de casos de inundações, tempestades e furacões.

As grandes alterações na estrutura e função dos sistemas naturais do planeta caracterizam uma ameaça muito grande para o homem. É impossível deixar de perceber que a maior vítima de toda a crise é o próprio planeta, e, nesse sentido, Milaré (2012 p. 161) garante:

[...] a maior vítima do desenvolvimento desenfreado é o próprio planeta. É ele que deve ser salvo. Esse discurso, advogado com mais veemência pela comunidade científica, propõe que a Terra como um todo seja alvo de intervenção científica e política. Problemas globais, como o buraco da camada de ozônio ou o aquecimento do planeta, devem ser cada vez mais um problema de política mundial. Isso significa dizer que o gerenciamento de soluções e de recursos financeiros deve ser feito em escala global e não em termos de países ou de grupos isolados.

A crise alastrada por todo o mundo é preocupante, determina Blanc (2012, p. 151) que “A resposta, porém, não se constitui de uma única solução isolada, mas de um conjunto de soluções sincronizadas, as quais, ao longo do tempo, poderão reverter o quadro tenebroso do futuro que nos guarda segundo as previsões atuais”. A postura da população em relação à da crise é preocupante, principalmente pela falta de interesse, de busca de informação e de consciência ambiental, aliadas à falta de participação e de envolvimento do cidadão nas questões voltadas à natureza.

Nesse sentido, um instrumento essencial para colaborar com os atuais impasses da sociedade, diante de toda essa problemática, é a educação ambiental, que apresenta um papel desafiador ao cidadão. Como maneira de entender esse papel que contribui para um desenvolvimento sustentável, é necessário

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compreender a relação entre o meio ambiente e a educação e, para isso, é oportuno discorrer as considerações históricas voltadas à educação ambiental.

1.2 Considerações históricas da Educação Ambiental

Pode-se trazer à tona a educação ambiental como forma de contribuição para o desenvolvimento sustentável baseado, principalmente, no exercício de uma cidadania responsável, considerando a natureza como um patrimônio da coletividade. A educação ambiental, portanto, nada mais é do que uma forma de conscientização da sustentabilidade.

A questão do meio ambiente começou a ser debatida com mais ênfase a partir dos anos 70, quando aconteceram as primeiras conferências internacionais que trouxeram como discussão a crise ambiental, que até então não tinha tanta visibilidade. Ao longo dos diversos debates e conferências, foi constatado a necessidade de ser criadas atividades voltadas à educação que buscassem ajudar na reflexão sobre as relações dos seres que compartilham o mesmo ambiente, ou seja, relação do ser humano com a natureza.

O Clube de Roma, é uma consideração importante que merece destaque, foi criado no ano de 1968, com a participação de um grupo de especialistas, pertencentes a diferentes áreas da sociedade - economistas, pedagogos, cientistas, empresários- liderados pelo empresário Arillio Peccei com o objetivo de promover as discussões sobre o futuro do planeta e da humanidade. No decorrer dos debates ocasionados pelo Clube de Roma, no ano de 1972, é publicado o relatório chamado de “Os limites do crescimento”, que apresentava em seus estudos uma preocupação quanto ao crescimento significativo da população, da indústria e da economia, que gerariam consequências ao meio ambiente.

Os estudos alcançados por meio do relatório geraram um impacto significativo, de tal forma que sua repercussão internacional impulsionou para que ocorresse a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada

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em Estocolmo, no mesmo ano de publicação do relatório, em 1972, que ficou conhecida mundialmente e recebeu o nome de Conferência de Estocolmo.

A Conferência de Estocolmo é considerada um marco no âmbito da preocupação com a exploração do meio ambiente. O objetivo principal da conferência foi discutir as consequências da degradação do meio ambiente, visando princípios que guiem para preservação, cuidado e melhorias do mesmo e, ainda, criar a Declaração da Conferência da ONU no Ambiente Humano.

Nos proclames da declaração encontra-se a determinação quanto à necessidade de proteção e melhorias do meio ambiente, por se tratar de uma questão fundamental que afeta diretamente o bem-estar do ser humano e o desenvolvimento econômico. Ainda, estabelece que o crescimento natural da população coloca continuamente os problemas relativos à preservação do meio ambiente em risco, firmando medidas apropriadas para enfrentar esses problemas sem degradar do meio ambiente.

Além do mais, a declaração estipula, em seu primeiro artigo, o direito que o homem tem de desfrutar das condições adequadas para viver em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o ambiente natural para as gerações presentes e futuras, garantindo ainda ao homem o direito fundamental à liberdade e à igualdade.

A Conferência de Estocolmo foi considerada, de acordo com Dias (2004, p. 79), “um marco histórico-político internacional, decisivo para o surgimento de políticas de gerenciamento ambiental” que chamou a atenção do mundo todo para as questões voltadas às problemáticas ambientais, que estabelecia o reconhecimento da Educação Ambiental, pelo fato de ser considerada um elemento crítico para o combate à crise ambiental.

Após a Conferência de Estocolmo, realiza-se em Belgrado, no ano de 1975, provido pela Unesco, o Encontro de Belgrado, com o intuito de que fossem formulados princípios e orientações acerca do Programa Internacional de Educação

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Ambiental. Com o final desse encontro, foi elaborada a Carta de Belgrado, documento que objetiva uma estruturação global para a Educação Ambiental. Em seu texto, afirma:

A reforma dos processos e sistemas educacionais é central para a constatação dessa nova ética de desenvolvimento e ordem econômica mundial. Governantes e planejadores podem ordenar mudanças e novas abordagens de desenvolvimento e podem melhorar as condições do mundo, mas tudo isso se constituíra em soluções de curto prazo se a juventude não receber um novo tipo de educação. Isto vai requerer um novo e produtivo relacionamento entre estudantes e professores, entre a escola e a comunidade entre o sistema educacional e a sociedade. (2018)

Esse documento torna-se um marco conceitual de grande relevância para as questões relacionadas com o meio ambiente, que proporciona a possibilidade de desenvolvimento de novos conceitos, habilidades, atitudes e valores que assegurem a qualidade de vida das atuais e futuras gerações visando a preservação e a qualidade ambiental.

Como busca para que fossem apreciadas e discutidas propostas de contribuição para o desenvolvimento de questões relativas à educação ambiental, além da Carta de Belgrado, foi realizada a Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, organizada pela Unesco, em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – Pnuma, em Tbilisi.

A Conferência de Tbilisi reuniu diversos especialistas do mundo todo para discutir as propostas estabelecidas pelos países aceitos pela ONU e contribuiu de forma significativa para a construção de matérias fundamentais voltadas à educação ambiental. Acontece a formulação de princípios, objetivos e características que criem estratégias e recomendações pertinentes aos planos tanto regionais, quanto nacionais e internacionais.

Como forma de contribuição para o desenvolvimento da educação ambiental, essa conferência, conforme Dias (2004, p. 82-83), certifica a necessidade de considerar os aspectos - políticos, sociais, econômicos, científicos, tecnológicos, culturais, ecológicos e éticos - que compõem a questão ambiental, ainda, que todos os indivíduos integrem a coletividade compreendendo a complexidade da natureza,

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de forma que a educação ambiental facilite uma visão mais ampla e integrada do ambiente.

A Conferência de Tbilisi firma uma declaração determinando que a educação ambiental deve despertar o interesse de toda a comunidade e ainda estipula que a educação contribui para a aquisição de conhecimentos, valores, comportamentos e habilidades que demonstrem eficácia da preservação e solução dos problemas do meio ambiente.

Após a passagem de 10 anos da Conferência de Tbilisi, realizou-se, no ano de 1987, em Moscou, o Congresso Internacional em Educação e Formação Ambiental, promovido pela Unesco, como forma de verificar se tudo o que havia sido desenvolvimento sobre a educação ambiental estava sendo colocado em prática, e ainda, se existiam progressos para a diminuição da crise ambiental. Ocorre que, infelizmente, após a análise da situação global quanto ao meio ambiente, foi percebido que não ocorreram mudanças a respeito disso. Ademais, o Congresso de Moscou concordou que a educação ambiental deve preocupar-se com o desenvolvimento de hábitos, valores e conscientização viabilizando a busca de um ambiente que seja agradável e com melhor qualidade de vida e que, consequentemente, contribua para a diminuição da crise.

Outro marco importante foi a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, no ano de 1992, que ficou conhecida como a Rio-92 ou também como Cúpula da Terra. Essa Conferência reuniu diversos chefes de Estado para debater sobre formas de desenvolvimento sustentável, conceito que até então era considerado relativamente novo.

Foi por meio da Rio-92 que ocorreu a determinação da forma como a humanidade deve encarar sua relação com o planeta, para tanto, percebeu-se a necessidade de conciliação do desenvolvimento socioeconômico com a utilização dos recursos da natureza, para que esses sejam preservados. Foi pela Rio-92 que os países participantes reconheceram o conceito de desenvolvimento sustentável e começaram a planejar ações que objetivam a proteção ao meio ambiente, além de

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que, começaram a ser discutidas propostas para que o progresso se dê em harmonia com a natureza, garantindo a qualidade de vida tanto para a geração atual quanto para as futuras.

Para que fossem colocadas em prática as ideias apresentadas e propostas pela Rio-92, ocorre a criação da Agenda 21 e faz-se necessário considerar que

[...] a implementação da Agenda 21 não depende exclusivamente dos governos. As mudanças que serão necessárias em termos de valores, de modelos produtivos e padrões de consumo configuram uma verdadeira revolução cultural. É preciso conquistar os corações e as mentes das pessoas para a causa ambiental, causa esta que, na verdade, não se restringe a questões exclusivamente ecológicas, mas engloba também desafios como a erradicação da pobreza, a firmação global e irrestrita, dos direitos humanos a consolidação da paz entre os povos. Esta é, portanto, uma obra de toda a sociedade. (BRASÍLIA, 2018)

Nota-se, contudo, que não há registros de processos de participação da sociedade que trazem como um marco importante, no que tange à discussão de problemas comuns, na tomada de deliberações de alcance geral, nem em formas simples de atuação política e social como forma de colocar em prática todas as discussões desenvolvidas com o decorrer de todos estes anos. O que pode-se observar, contudo, são medidas constitucionais e infraconstitucionais desenvolvidas como forma de garantir direitos e promover deveres para a sociedade.

1.3 Elementos Constitucionais e Infraconstitucionais da Educação Ambiental

A educação ambiental deve ser compreendida como a maneira mais adequada de desenvolvimento da consciência humana que contribui para o desenvolvimento sustentável sem a degradação do meio ambiente. Busca-se por meio dela viver em um ambiente adequado que potencializa as preocupações dos indivíduos e da sociedade para as questões pertinentes à proteção ambiental. A educação ambiental pode ser considerada, portanto, como um instrumento preventivo, de proteção e preservação do meio ambiente e é de extrema importância analisa-la através das garantias que a legislação oferece para a sociedade.

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A educação, ao ser analisada de forma isolada, é considerada um direito fundamental e está determinada no artigo 205, da Constituição Federal, que dispõe:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 2018)

A educação, portanto, é um direito garantido a todo e qualquer cidadão brasileiro, tendo em vista sua relevância na construção de um bem comum e de uma sociedade justa, com base constitucional de um dever do Estado e da família. O cidadão e o poder público devem ser partes ativas nesse processo educacional, atuando diretamente como condão para o desenvolvimento da pessoa humana com formação para o mercado de trabalho e principalmente preparando o indivíduo para o exercício pleno de cidadania.

É importante salientar que a Constituição Federal de 1988 foi um marco significativo e de grande relevância para as questões ambientais, tendo em vista que, anteriormente a essa Constituição, não existia nenhuma abordagem específica em matéria de meio ambiente.

Assim, foi introduzido na legislação brasileira, por meio da Constituição Federal de 1988, o direito ao meio ambiente naturalmente preservado. É, portanto, assegurado a qualquer pessoa, conforme o artigo 225, que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 2018). Resta evidente que tal artigo refere-se ao meio ambiente não somente como direito, mas principalmente como dever de preservação, por parte da coletividade e do Poder Público, por se tratar de um bem de uso comum da população.

É previsto pela Constituição, no parágrafo 1º, do artigo mencionado, como forma de assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente equilibrado, uma política para promover a educação ambiental. Dessa forma, dispõe o inciso VI que deve-se “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a

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conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. Em resumo, são bens assegurados ao cidadão brasileiro a proteção da ordem ambiental e de um ambiente ecologicamente equilibrado.

Observa-se, que a Constituição é a base mais sólida que garante a todos direitos considerados fundamentais, sobretudo e como forma de amparar a legislação máxima, a educação ambiental está definida na Lei 9795/99. Por meio dessa lei, há o que pode-se definir como parâmetros gerais que regulam a educação ambiental por meio da instituição da Política Nacional de Educação Ambiental.

Ademais, no 1º artigo dessa lei é garantida a educação ambiental como um processo de construção de atitudes voltadas à preservação do meio ambiente, desse modo, introduz um conceito jurídico como forma de conservação e melhoraria para o meio ambiente,

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 2018)

Há, portanto, que ser considerado como enfoque humanista, holístico, democrático e participativo na concepção do meio ambiente em sua totalidade, que considera a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade, com base nas concepções pedagógicas e no pluralismo de ideias, que vinculam a ética, a educação, práticas sociais e o trabalho. Ainda, a lei é vista como garantia de continuidade e permanência do processo educativo, de regulamentar a avaliação crítica do mesmo com a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais com o reconhecimento do respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.

Os objetivos da lei podem ser observados de forma implícita que envolve aspectos legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, psicológicos, ecológicos, culturais e éticos com uma compreensão integrada do meio ambiente e as complexas relação com tais aspectos. Caracteriza, ainda, como objetivo implícito, a garantia do estímulo e fortalecimento de uma consciência crítica voltada à

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problemática ambiental baseada na democratização das informações que incentivam à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do meio ambiente. É oportuno mencionar que a defesa da qualidade ambiental é um valor, parte integrante do exercício da cidadania que baseia-se na construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada fundada no fortalecimento da cidadania com ampla garantia à liberdade, igualdade, responsabilidade e sustentabilidade pretendendo um futuro digno para a humanidade.

A Lei dispõe, ainda, que a educação ambiental deve ser garantida em todo o ambiente escolar, seja na educação básica, infantil, nas instituições de ensino fundamental, médio ou superior ou, ainda, em qualquer âmbito da educação, instituindo a prática de uma educação integrada, contínua e permanente em qualquer nível de ensino, formal ou não formal, incorporando conteúdos que tratem da ética ambiental em diversas atividades.

A educação ambiental é, portanto, fundamental para o desenvolvimento sustentável e, com isso, percebe-se a necessidade de entender seu atual contexto, que apresenta diversas discussões e complexidades a serem compreendidas por toda a sociedade.

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2 CONTEXTO ATUAL DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A configuração de um sistema baseado na sustentabilidade, apesar de ser inovador, deve buscar mecanismos mais novos, ágeis e eficientes para demonstrar a viabilidade da esfera ambiental. A sustentabilidade deve exigir que o mercado e o processo de produção sejam reformulados, o que implica reconhecer a natureza como princípio organizativo básico da sociedade, mantendo a integridade de processos, ciclos e ritmos voltados para a melhor qualidade de vida para todos.

Dessa maneira, compreender o significado de sustentabilidade é de suma importância, mas para além disso, é necessário compreender o desenvolvimento como um processo que examina diversos aspectos, seja ambientais, sociais, econômicos, éticos ou culturais.

É preciso analisar elementos que constituem o desenvolvimento sustentável para, a partir daí, entender que esse é um processo de desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da atual geração, sem comprometer as futuras, para que não sejam esgotados os recursos naturais, e principalmente que viabilize o equilíbrio do meio ambiente com base na sua preservação.

Há elementos que estabelecem o desenvolvimento sustentável e, portanto, devem ser observados, dessa forma, objetivo principal desse capitulo é justamente traze-los presentes visando inclusive outros aspectos que o constituem que os tornam ainda mais relevantes.

2.1 Elementos constitutivos para o desenvolvimento sustentável

É imprescindível que se analise, inicialmente, o conceito de sustentabilidade como um elemento importante para tornar possível um adequado entendimento do termo desenvolvimento sustentável. É pela visão de Machado (2012, p. 71) que se observa a sustentabilidade como uma condição necessária de definição das ações humanas, que visam sanar as necessidades dos seres humanos, sem deixar de considerar a compreensão do futuro para próximas gerações, de tal maneira,

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completa a afirmação de Milaré (2011, p. 82) de que a sustentabilidade “é um atributo necessário a ser respeitado no tratamento dos recursos ambientais, em especial dos recursos naturais”.

Desse modo, deve-se trazer presente o que está determinado na Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento Sustentável, originária da Resolução 41/128, da ONU, de 4 de dezembro de 1986, que determina em seu preâmbulo o conceito quanto ao desenvolvimento, que este é entendido como

um processo econômico, social, cultural e político abrangente, que visa ao constante incremento do bem-estar de toda a população e de todos os indivíduos com base em sua participação ativa, livre e significativa no desenvolvimento e na distribuição justa dos benefícios daí resultantes. (ONU, 2018)

É a partir do desenvolvimento que a pessoa deixa de ser vista como um fator de produção e se torna sujeito principal para um adequado processo de desenvolvimento visualizando o bem-estar de todos e, ainda, estabelecendo a participação ativa e livre do indivíduo como forma de contribuição para a formação desse processo.

É imprescindível, para tanto, entender que desenvolvimento está relacionado diretamente com a economia, porém desenvolvimento econômico e crescimento econômico não devem ser confundidos. Observa Sachs (2004, p. 13) que “O crescimento é uma condição necessária, mas de forma alguma suficiente (muito menos é um objetivo em si mesmo), para se alcançar a meta de uma vida melhor, mais feliz e mais completa para todos”, e o desenvolvimento, ao contrário do crescimento econômico, objetiva alcançar o ideal de uma vida plena, baseada na felicidade completa do ser humano.

Nesse contexto, Veiga destaca (2005, p. 81) que “o desenvolvimento tem a ver, primeiro e acima de tudo, com a possibilidade de as pessoas viverem o tipo de vida que escolheram, e com a provisão dos instrumentos e das oportunidades para fazerem as suas escolhas.” Para ele, o desenvolvimento tem como objetivo básico alargar as liberdades humanas, além de expandir suas capacidades, aumentando

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assim as escolhas que os seres podem fazer para viver adequadamente, dispondo de sua criatividade e plenitude sem poluir ou deteriorar o meio ambiente.

Constata-se, então, que a sustentabilidade depende da capacitação da humanidade de submeter-se aos preceitos de precaução e cuidados ecológicos e de fazer um bom uso da natureza. Diante disso, o desenvolvimento depende de questões que envolvem aspectos econômicos, culturais, sociais, éticos e ambientais, não podendo limitar-se somente a um.

O desenvolvimento sustentável somente é possível se houver a equidade de todos esses aspectos, de maneira que sejam valorizados projetos voltados ao uso responsável dos recursos naturais com respeito às capacidades do ambiente, às estratégias de desenvolvimento proporcionais ao equilíbrio da natureza e à relação de uma política baseada na promoção de direitos humanos, especialmente os relacionados à gestão ambiental e cultural da humanidade.

É de grande relevância apontar que o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) dispõe sobre questões de extrema significância para o desenvolvimento sustentável, visando a liberdade, respeito igualitário e melhoria da qualidade de vida. Dessa maneira, o destaque são aos objetivos que é garantido pelo PNUD (2018), conhecidos também como objetivos globais como “um chamado universal para ação contra a pobreza, proteção do planeta e para garantir que todas as pessoas tenham paz e prosperidade”.

A ideia principal do PNUD é dispor sobre questões relevantes ao desenvolvimento do ser humano como o respeito igualitário da sociedade, a liberdade política e de escolha, além da melhoria da qualidade de vida. O PNUD (2018) contribui para o crescimento sustentável com parceria nos Estados, setor privado, sociedade civil organizada e possui a missão continua de “alinhar seu trabalho às necessidades do país, colaborando no desenvolvimento de políticas, habilidades de liderança, capacidades institucionais, resiliência e, especialmente, erradicação da pobreza e redução de desigualdades e exclusão social”.

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Para além disso, verifica-se que o conceito de desenvolvimento sustentável é uma ligação dos dois termos, sustentabilidade e desenvolvimento, onde sustentabilidade torna-se qualificação e caracterização para o desenvolvimento. É no artigo 225, caput, da Constituição Federal (BRASIL, 2018) que encontra-se a definição de desenvolvimento sustentável como um direito de todo o ser humano, dispondo que:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defende-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações

Contudo, percebe-se que não há de forma expressa o termo desenvolvimento sustentável elencado na Constituição Brasileira, e, conforme observa Machado (2012, p. 89), esse trata-se de um princípio implícito, onde o fato do dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e as futuras gerações são inseridos, de maneira que representa a essência do princípio da sustentabilidade.

É diante desse princípio que pode-se observar o caráter de garantia de satisfação do ser humano com o adequado cuidado com o meio ambiente, preservando-o e oportunizando que as futuras gerações possam usufruir e apreciar aquilo que hoje ainda é disponível, destaca Fiorillo (2009, p. 28) que,

o principio do desenvolvimento sustentável tem por conteúdo a manutenção das bases vitais da produção e reprodução do homem e de suas atividades, garantindo igualmente uma relação satisfatória entre os homens e destes com o seu ambiente, para que as futuras gerações também tenham oportunidade de desfrutar os mesmos recursos que temos hoje à nossa disposição.

Percebe-se que o desenvolvimento sustentável deve ser compreendido como a maneira de encarar a evolução do ser humano, aliado à busca da satisfação de suas necessidades, compreendendo a forma de aprofundar e elaborar a criatividade e capacidade que o ser humano tem de adquirir aquilo que é importante sem degradar o meio ambiente, encontrando o equilíbrio relevante entre o ser e o ter, tornando parte ativa nesse processo de desenvolvimento que viabiliza a sustentabilidade.

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Assim, diante do contexto apresentado, Philippi Junior e Malheiros (2005) trazem a ideia de que, por meio do desenvolvimento sustentável, é preciso que sejam estabelecidas metas para o subsídio de políticas públicas e quanto às tomadas de decisões a respeito do tema. Além disso, para eles, é necessário que se reavalie o sistema atual, no que refere ao consumo, necessidades e impactos. Verificam, também, que é fundamental a participação efetiva de todos os atores sociais, nas diversas fases do processo de desenvolvimento e, principalmente, um processo contínuo de educação ambiental e capacitação.

O desenvolvimento sustentável deve ser entendido sob diversas óticas do mundo globalizado, deve visualizar um desenvolvimento com base na preservação ambiental. O problema é que o mundo está chegando em um patamar crítico de aumento excessivo de consumo, exploração incontrolável de produtos e recursos naturais que agravam as atuais gerações e ainda, deixam em dúvida quanto as futuras gerações, dessa maneira ao pensar no desenvolvimento sustentável e colocar em prática aquilo que está determinado como tal é necessário envolver todos os setores da sociedade.

Ocorrendo o exercício pleno de sustentabilidade ambiental, como já pode ser percebido, será proporcionada qualidade de vida, que atende às necessidade básicas das atuais e futuras gerações, onde toda a sociedade terá participação e fará jus ao estabelecer limites às suas próprias ações que acarretam a formação do desenvolvimento sem que ocorra agressão ao meio ambiente.

Para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado, é necessário planejar ações que levem em conta a sustentabilidade ligada a diversos aspectos. A adoção das dimensões da sustentabilidade no dia-a-dia é imprescindível para a mudança de comportamento da sociedade, de forma que desenvolvimento deve ser elevado com base não somente no aspecto econômico, mas principalmente nos aspectos ambientais, sociais, éticos e culturais, os quais serão apresentados a seguir.

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2.2.1 Aspectos ambientais

No que tange aos aspectos ambientais, há que se falar que o desenvolvimento está diretamente ligado à preservação do meio ambiente. Essa maneira de interdisciplinaridade é tida como a forma mais adequada de desenvolver sustentavelmente, pois o que pode e deve ser levado em consideração é buscar ferramentas que amenizem os impactos ambientais causados pelo homem.

O que se observa é que nas últimas décadas, o que agravou o problema ambiental no planeta, nada mais é do que a intensificação da industrialização e o consequente aumento de intervenção do homem na natureza. A revolução industrial incentivou o aumento do crescimento econômico sem que o meio ambiente fosse levado em consideração, tendo em vista que acarretaria no aumento significativo da lucratividade, sem observar preponderantemente, a produção em massa de bens que possibilitassem à população uma melhor qualidade de vida.

A dimensão quanto ao aspecto ambiental é vista como alternativa viável que permite manter os objetivos capitalistas, porém incorporando as questões ambientais ao modelo de desenvolvimento econômico. Desta forma, o meio ambiente pode e deve se tornar uma estratégia, que proporciona um diferencial competitivo, atraindo os segmentos mais exigentes e ambientalmente conscientes da sociedade.

É necessário, para tanto, que o aspecto ambiental seja um elemento basilar do desenvolvimento sustentável, e para Sachs (2005, p. 15) no que diz respeito ao aspecto ambiental determina que “[...] os sistemas de sustentação da vida como provedores de recursos e como “recipientes” para a disposição de resíduos. Ou seja, o desenvolvimento deve ser aliado à preservação dos recursos naturais, do meio ambiente e principalmente, a redução de desperdícios e formação de resíduos. Sendo assim, há que se falar em buscar melhores formas de desenvolver-se sustentavelmente diante dos aspectos ambientais, com projetos que visem a redução do impacto ambiental e buscas por alternativas de práticas saudáveis.

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2.2.2 Aspectos econômicos

Embora existam inúmeras formas de se definir desenvolvimento sustentável, a discussão que se tem com maior complexidade é a crescente preocupação com os atuais padrões de crescimento econômico mundial, que podem resultar na inviabilidade da vida humana. De fato, o atual modelo de desenvolvimento voltado ao crescimento econômico está gerando enormes desequilíbrios, onde, de um lado, há muita riqueza e fartura, e, do outro, há o aumento da miséria, degradação ambiental e poluição. Diante desta constatação, surge a ideia do desenvolvimento sustentável, buscando conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental.

Quando se fala em aspectos econômicos, é importante salientar sobre o envolvimento de vantagens competitivas de uma política ambiental responsável, como a obtenção da vida sustentável, com qualidade, assegurando uma existência digna. Não pode, dessa maneira, ser impedido o desenvolvimento econômico, dada a sua importância para a sociedade, porém, é necessário que este não cause degradações ao meio ambiente.

Fiorillo (2009, p 36) define que a ideia de desenvolvimento aliada à atividade econômica voltada ao princípio da sustentabilidade não é somente importante, mas principalmente necessária, de forma que:

Devemos lembrar que a ideia principal é assegurar existência digna, através de uma vida com qualidade. Com isso, o princípio não objetiva impedir o desenvolvimento econômico. Sabemos que a atividade econômica, na maioria das vezes, representa alguma degradação ambiental. Todavia, o que se procura é minimizá-la, pois pensar de forma contrária significaria dizer que nenhuma indústria que venha a deteriorar o meio ambiente poderá ser instalada, e não é essa a concepção apreendida do texto. O correto é dizer que as atividades sejam desenvolvidas lançando-se mão dos instrumentos existentes adequados para a menor degradação possível.

Conclui-se que a questão ambiental e as questões de economia, se unidas, promovem e contribuem para o desenvolvimento sustentável de maneira que esse não descarta as questões econômicas.

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2.2.3 Aspectos sociais

Determina Sachs (2004, p.15) que “o conceito de desenvolvimento sustentável acrescenta outra dimensão- a sustentabilidade ambiental- à dimensão da sustentabilidade social”. Dessa forma, o que se espera é a interdisciplinaridade entre o desenvolvimento e o aspecto social, no sentido de que seja levado em consideração o desenvolvimento como processo que garante a todos uma vida digna, condicionada à garantia de que os interesses comuns dos seres humanos prevaleçam sobre os interesses individuais e de maneira que os cidadãos se apropriem de seus deveres com uma participação ativa nos processos de desenvolvimento, voltados para a produção e decisão de métodos que garantam a sustentabilidade.

Pode-se dizer que a sustentabilidade voltada ao aspecto social apresenta o problema da divisão e distribuição de recursos na sociedade. Melhor dizendo, é necessário que haja a distribuição adequada de recursos e bens para cada pessoa, satisfazendo as necessidades de cada ser, independentemente de sua condição, seja ela física, mental ou social.

Dessa maneira, é preciso entender a importância do desenvolvimento voltado ao âmbito social, onde cada indivíduo tem sua importância como parte do processo de desenvolvimento para as atuais e futuras gerações com qualidade de vida adequada.

2.2.4 Aspectos culturais

O desenvolvimento deve ser relacionado diretamente em aspectos que dizem respeito à cultura. Nota-se que a cultura sempre esteve presente na sociedade na evolução dos povos, onde cada qual constrói valores que são desenvolvidos pela convivência social. Com isso, pode-se definir uma característica baseada na diversidade dos povos, onde a cultura torna-se inerente ao meio pelo qual o indivíduos está inserido.

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A partir disso é possível que o indivíduo desenvolva o pensamento crítico de tal maneira, que para Barlow e Stone (2006, p. 42), a transferência cultural é circulada pela convivência familiar e pela comunidade que possuem a finalidade de garantir a maior probabilidade de bem-estar para cada geração propagando para toda coletividade.

A cultura detém uma relação direta com o direito à liberdade, onde cada ser humano tem a liberdade para escolher sua identidade cultural desenvolvida pela convivência na comunidade na qual está inserido. A cultura, dessa forma, nada mais é do que um aspecto essencial que facilita a construção de relações e convivências com os outros, com vistas à criação de um mundo mais sustentável, Veiga (2005, p. 10) inclusive alega que “o desenvolvimento depende da cultura” e não pode limitar-se unicamente aos aspectos sociais e econômicos.

É imperioso integrar a cultura na prática do desenvolvimento sustentável, pelo fato dessa garantir o envolvimento de toda a população com a busca de resultados eficazes e satisfatórios para atingir o desenvolvimento, assegurando a qualidade de vida voltada à preservação do meio ambiente com a colaboração de toda a população. É importante ressaltar que essa prática impulsiona o fortalecimento de iniciativas voltadas às tradições da população e na construção de políticas públicas que fortaleçam as comunidades, promovendo o desenvolvimento que preze valores intrínsecos como conhecimento, criatividade, diversidade, identidade permitindo ao cidadão ter uma vida plena de consciência.

2.2.5 Aspectos éticos

Quanto ao aspecto ético, Milaré (2011, p. 151) menciona que diante da problemática tão diversificada do mundo em que o ser humano faz parte, colocando em jogo, muitas vezes, os valores tradicionais e busca por novos valores capazes de preencher as expectativas, verifica-se um renascimento da sustentabilidade voltada à ética.

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Isto posto, pode-se considerar que a ética está relacionada à pratica da cidadania, que colabora diretamente na solução de parte dos problemas ambientais gerados para o efetivo desenvolvimento sustentável, de tal modo que todos os seres humanos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, garantido constitucionalmente. Além do mais assegura o bem de uso comum do povo e à sadia qualidade de vida, preservando e protegendo o meio ambiente para não somente as gerações atuais, e principalmente à essa preservação, voltada para as futuras gerações.

A questão ética, desse modo, torna-se responsável pelas regras e condutas do ser humano relacionadas diretamente ao desenvolvimento sustentável, comprometendo-se a responsabilização do estudo dos costumes sociais amparando as questões ambientais sem a degradação do meio ambiente.

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3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A educação ambiental merece destaque pela sua importância na sociedade, por ser considerada a maneira mais adequada de contribuir para a formação da conscientização do cidadão que objetiva a preservação do meio ambiente. Pode ser determinada como um processo que desperta, tanto na coletividade, como no indivíduo, a preocupação de questões voltadas à natureza.

A educação garante acesso à informação, participação ativa do cidadão na sociedade e principalmente colabora para a evolução e desenvolvimento de uma consciência crítica que visa à equidade de questões sociais, culturais, politicas. Além do mais, é um dos principais paradigmas que garante o desenvolvimento sustentável.

Diante da relevância da educação ambiental para a sociedade, no decorrer desse capitulo serão elencadas as dificuldades para sua efetivação nos dias atuais, bem como a contribuição da mesma como processo de formação de conhecimento e aprendizagem que contribui para o desenvolvimento sustentável.

3.1 Dificuldade de efetivação da educação ambiental

Diante da evolução da sociedade com suas inúmeras transformações, pensar em um ambiente ecologicamente equilibrado, passar a ter uma abrangência de gerar, especialmente, um reconhecimento de ligação entre o meio ambiente e o desenvolvimento de ações de preservação, vez que as preocupações devem ser passada para as futuras gerações. É necessário pensar em um ambiente cuja desarmonia na relação entre a ação humana e o meio ambiente tem sido responsável pelo elevado aumento da degradação ambiental atingindo um desequilíbrio do mesmo.

Tendo em vista as graves consequências geradas ao meio ambiente, já evidenciadas, é necessário que sejam adotadas medidas que garantam uma inter-relação entre o desenvolvimento e o direito ao meio ambiente ecologicamente

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equilibrado. Afirma Leff (1999, p. 113) que “A emergência da questão ambiental como problema do desenvolvimento e a interdisciplinaridade como método para um conhecimento integrado são respostas complementares à crise da racionalidade da modernidade”.

Diante dessa emergência, o mundo começa apontar mudanças urgentes e necessárias como tentativa de reverter quadros já avançados de destruição. Constitui uma grande preocupação global as constantes mudanças climáticas e a degradação do meio ambiente, e desde que as questões ambientais ganharam peso no âmbito mundial, as relações entre o modelo de desenvolvimento, que constituiu a sociedade contemporânea e o meio ambiente, vêm sendo profundamente questionadas. Nesse sentido, Dias (2004, p. 215) afirma que “A população humana, mais do que qualquer outra, tem causado danos ao ambiente e, portanto, deve ser responsável por ações corretivas e preventivas”.

A maior preocupação evidenciada é que, apesar de ser nítido que algo de extrema gravidade está acontecendo, a maior parte da população prefere acreditar que tudo está bem e que a vida vai evoluir sem alterar significativamente o meio ambiente. As pessoas, em sua maioria, estão dispostas a acreditar que todos os problemas ambientais estão sob controle, isso fica evidente na publicação de Eliane Brum no dia 21 de maio de 2018, no jornal El País, denominada como “O mundo precisa de adultos responsáveis, não de otimismo infantilizado”. As pessoas ainda não estão cientes dos problemas que o meio ambiente enfrenta, nessa coluna Brum (2018) afirma que:

Há várias barreiras travando o enfrentamento desse momento de urgência. A primeira delas é que os adultos dessa época carregam uma mentalidade de século 20 e estão criando filhos com uma mentalidade de século 20. Ainda com a convicção de que bastam obras e tecnologia que tudo se resolverá, na crença absoluta da potência humana. Seguidamente sem perceber que esse “pode tudo” causou uma mudança na Terra.

São medidas urgentes que precisam ser tomadas para combater a crise do mundo globalizado que passaram a ganhar peso nos debates mundiais após a Revolução Industrial. O homem, tendo em vista o fator econômico como maior

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influência para o desenvolvimento, passa a viver em um sistema voltado ao lucro que oportuniza o aumento da sociedade consumista, inclusive.

A postura do homem frente à sociedade é a busca por meio de posses, daí se encontra um dos maiores desafios que a educação ambiental enfrenta, que é modificar essa cultura baseada na degradação da natureza que beneficia o indivíduo diante dessa sociedade de consumo acima de qualquer proteção e cuidado com o meio ambiente. É urgente um despertar da consciência para a tomada de novas atitudes sustentáveis capazes de reverter esses problemas que tem causado as desigualdades que geram a degradação.

As preocupações com a atual crise ambiental, que provoca a degradação do meio ambiente diante das ações e escolhas da sociedade capitalista, industrial e humana, voltada ao estilo de vida consumistas e de exploração dos recursos naturais, como forma de crescimento pessoal, tem afetado de forma negativa o planeta. Surge, portanto, a necessidade de buscar políticas e práticas de educação voltadas a mudanças de pensamentos, paradigmas e atitudes por parte da sociedade, onde a reversão dessa cultura de consumo e degradação para adquirir a melhoria da qualidade de vida é indispensável.

Outro desafio é justamente elaborar uma pedagogia eficiente que conduza o indivíduo a uma reflexão transformadora, visto que,

os problemas ambientais são, fundamentalmente, problemas do conhecimento. Daí podem ser derivadas fortes implicações para toda e qualquer política ambiental – que deve passar por uma política do conhecimento –, e também para a educação. Apreender que a complexidade ambiental não constitui um problema de aprendizagens do meio, e sim de compreensão do conhecimento sobre o meio. (LEFF. 2002, p. 217)

Nesse sentido, é necessário compreender que esses problemas são advindos da falta de uma política ampla de conhecimento em virtude dos desafios que a educação enfrenta tendo em vista seu instrumento principal que é a possibilidade de contribuir para a formação e desenvolvimento do conhecimento atuando de forma responsável na sociedade.

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Isso significa que a efetivação da educação ambiental ainda é um grande desafio, tal que a dificuldade envolve não somente o ambiente escolar, por meio dos professores, atividades e trabalhos voltados na preservação e cuidado com o meio ambiente, mas também o âmbito da sociedade em geral.

É preciso que toda a sociedade e todos os agente sociais pertencentes a ela – poder público, empresário, comunidade, consumidores – estejam cientes da sua responsabilidade nela, ou seja, é fundamental que todos entendam a importância de seu papel, de tal modo que a mudança é voltada a todos.

A adversidade está justamente na dificuldade em praticar aquilo que dispõe a efetividade da educação ambiental na sociedade, em outras palavras, o cidadão ao ser inserido na sociedade deve ser um agente ativo, ou seja, deve ser assíduo no exercício de sua cidadania, e principalmente, deve entender que há uma relação entre o ser humano e o meio ambiente que deve ser preservada. Dispõe Milaré (2011, p. 648), em seu estudo, que,

O exercício da cidadania, com seus direitos e seus deveres, sob a proteção ou com a força da lei, torna indissociáveis o Direito do Ambiente e a Educação Ambiental. O ordenamento jurídico e o ordenamento social sustentam-se mutuamente, e com o reforço da Ética será possível reformular o relacionamento do ser humano com o mundo natural, visando a sociedade justa e um Planeta dignificado.

É fundamental, diante de todas as problemáticas apresentadas, que cada ser humano entenda a importância dele no meio ambiente e que são as ações advindas dele que fazem com que a crise aumente ou diminua. Para que se tenha mudanças quanto a isso, é imprescindível uma transformação nas ideias e hábitos que se tem como base o melhor desenvolvimento visando a qualidade de vida.

O desafio é formular uma educação que seja crítica e inovadora em todos os ambientes. Assim, a educação ambiental deve ser, acima de tudo, um ato político voltado para a transformação social, onde seu enfoque busca uma perspectiva de ação holística que relaciona o homem com a natureza e o universo. De tal maneira, quando se fala em educação, o desafio principal é fortalecer a cidadania para toda a sociedade, concretizada pelo ser humano como um ator ativo nela.

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A educação ambiental é uma tarefa difícil que exige dedicação e envolvimento de toda a sociedade, com a prática de todo e qualquer cidadão. É fundamental que educação seja um hábito presente na vida cotidiana de qualquer um, por ser o exercício de formação do cidadão capaz de desenvolver sua consciência crítica, tornando-se apto para tomar decisões de como a atuar na sociedade visando o seu bem-estar e de toda a coletividade.

3.2 A contribuição da educação ambiental para efetivação do desenvolvimento sustentável

Quando se fala em desenvolvimento sustentável é importante entender que esse atinge a comunidade em sua totalidade, e, por isso, deve-se considerar que a chave para esse desenvolvimento é a participação, organização, educação e o fortalecimento das pessoas, como menciona Dias (2004, p. 226). Ainda, entende-se que o desenvolvimento sustentável não é centrado, tão somente, na produção, mas sim nas pessoas, devendo ser apropriado à cultura, história, politica, voltadas ao meio ambiente. Em vista disso, a ideia que Leff (1999, p. 120) destaca é que “os desafios do desenvolvimento sustentável implicam na necessidade de formar capacidades para orientar um desenvolvimento fundado em bases tecnológicas, de equidade social, diversidade cultural e democracia participativa”.

Assim, cabe a educação ser o “Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano” (AURÉLIO, 2001, p. 251) garantido como direito fundamental que contribui no desenvolvimento do indivíduo e também da coletividade. A educação é, portanto, um direito de todos e também um dever do Estado.

É necessário que cada ser humano entenda a importância da educação ambiental na sociedade, ainda que não é somente no ambiente escolar que pode e deve ser debatido quanto ao tema, é preciso, consequentemente introduzi-la em todos os ambientes, atingindo toda a coletividade. Nesse sentido Leff (1999, p. 120)

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