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Efeitos jurídicos e psicológicos da alienação parental

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GRANDE DO SUL

CAROLINA SCHWANTES GÖTTERT

EFEITOS JURÍDICOS E PSICOLÓGICOS DA ALIENAÇÃO PARENTAL

Ijuí (RS) 2015

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CAROLINA SCHWANTES GÖTTERT

EFEITOS JURÍDICOS E PSICOLÓGICOS DA ALIENAÇÃO PARENTAL

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Curso - TC.

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS- Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientador: MSc. Marcelo Loeblein dos Santos

Ijuí (RS) 2015

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Dedico este trabalho à minha filha Antônia, pelos dias em que me ausentei para que este fosse possível e se tornasse realidade.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por estar sempre protegendo a minha vida e a vida das pessoas que amo, obrigada também por me ouvir e acompanhar em todos os dias que fiquei só para conseguir desenvolver minha monografia.

Agradeço ao meu pai Roberto e minha mãe Ivete, que estiveram presente durante todos os dias dessa jornada, me incentivando, apoiando, mesmo nos piores dias, aqueles em que somente pai e mãe sabem ajudar.

Ao Everton, pela companhia, pela ajuda e principalmente paciência, do qual sem a sua força este trabalho iria ter um grau de dificuldade muito maior, já que me auxiliou muitas vezes me passando calma e tranquilidade, o meu muito obrigado, por tudo.

Ao meu sogro Amilcar e minha sogra Fatima, por não medirem esforços para me ajudar em casa e com a minha pequena filha Antônia, sempre me mantendo forte, pois sabia que minha pequena estava em boas mãos.

Não posso deixar de citar, que durante minha jornada acadêmica engravidei e nasceu minha querida Antônia, hoje com 02 aninhos, não tem noção da importância em minha vida, e é por ela, todo esforço, todas as aula chorando com aperto do peito de ter que deixá-la aos 05 meses para retornar aos estudos, todas as madrugadas estudando para que durante o dia eu conciliasse aula, casa e é claro o cuidar e amar ela. Porem, sem a ajuda de todas as pessoas acima citadas, meu pai, minha mãe, Ever, meu sogro e minha sogra, e também minha irmã Julia, e quando possível minha cunhada Estefânia, não teria condições alguma de retornar minhas

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atividades acadêmicas, e de tudo que passei esse foi o momento mais difícil, por isso meu muito obrigado, sobre isso, não tenho palavras para agradecer.

Ao meu orientador Marcelo, pela disposição e auxilio, mesmo com a coordenação do curso preocupou-se em fazer o melhor para me orientar, e me socorrer nas horas que precisei.

Aos meus amigos, que gostaria muito de citar nomes, mas são tantos que me ouviram, que me aguentaram, que me deram carona, almoço e que me incentivaram nessa jornada, e eu espero que ao ouvir esse agradecimento lembre-se daquele momento em que me ajudou, obrigada a todos.

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“posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las” Voltaire.

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O presente trabalho de conclusão de curso faz uma análise da Alienação Parental, em busca de conhecimento, uma vez que este assunto cresce e surpreende cada dia os processos que dizem respeito ao direito de família. O seu desenvolvimento, ocorreu através de dados encontrados em fontes bibliográficas tanto do meio físico, quanto na rede de computadores, ocasionando uma reflexão crítica sobre o material selecionado. Analisa a estrutura familiar e os tipos que existentes. Faz uma abordagem acerca dos divórcios e separações, enfatizando a consciência dos cônjuges a fim de que não transmitam os problemas do divórcio a prole, analisando juntamente a legislação. E por fim do primeiro capítulo, estuda acerca da guarda dos menores, qual o melhor método para que não haja tanto sofrimento em relação aos filhos e pais elencando ainda os tipos existentes na jurisdição brasileira. Inicia-se, então, o segundo capítulo, adentrando no tema proposto Alienação Parental, investigando como surgiu, quem aliena, como são as ações do alienador, o porquê da instalação deste malefício na família, fazendo uma ligação a legislação, enfatizando juntamente a parte psicológica, a qual denomina-se Síndrome da Alienação Parental (SAP), moléstia esta, pertencente ao menor, porem, há juntamente distúrbios emocionais que devem ser tratados no alienador, que é o causador de tudo. E por fim, a parte da legislação como inibição da Alienação Parental, como o judiciário procede, as perícias realizadas, como reconhece a instalação da moléstia e como conseguem reverter à situação.

Palavras-Chave: Noções sobre família, divórcio, guarda. Alienação Parental. Síndrome da Alienação Parental. Inibição da Alienação Parental com a Lei.

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This course conclusion work analyzes the Parental Alienation, in search of knowledge, since this issue grows and surprises every day processes that relate to family law. Examines some general considerations about family, current and past, of its structure and the various types there. Makes an approach on divorces and separations, emphasizing the awareness of the spouses so that they do not transmit the divorce problems offspring, analyzing together the legislation and the change in the law. And finally the first chapter, studies on the custody of minors, the best method so that there is so much suffering in relation to children and parents still elencando existing types in the Brazilian jurisdiction. It begins then the second chapter, entering the theme proposed Parental Alienation, investigating how it came about, who alienates, as are alienating actions, why installing this harm the family by making a link to legislation, emphasizing the part along psychological, which is called Parental Alienation Syndrome (SAP), this disease, belonging to the minor, however, there along emotional disorders that must be treated in alienating, which is the cause of everything. Finally, a piece of legislation as inhibition of Parental Alienation, as the court proceeds, the skills performed, as acknowledged by the installation of the disease and how can reverse the situation.

Keywords: Understanding family, divorce, custody . Parental alienation. Parental Alienation Syndrome. Inhibition of Parental Alienation with Law

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INTRODUÇÃO ... 09

1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O DIREITO DE FAMÍLIA ... 11

1.1 Breve histórico sobre a constituição da família ... 11

1.2 Considerações sobre divórcio e separação conjugal ... 16

1.3 Acerca da guarda dos filhos menores... 20

2 ALIENAÇÃO PARENTAL... 25

2.1 O que é alienação parental? ... 25

2.2 Consequências da síndrome da alienação parental ... 29

2.3 A lei 12.318 de 2010 como forma de inibição da alienação parental... 34

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INTRODUÇÃO

O presente estudo pretende abordar a as questões relacionadas com a alienação parental, a fim de efetuar uma investigação em busca da construção de melhor conhecimento sobre o assunto. Essa busca é necessária face à crescente ocorrência deste caso, uma vez que, antigamente não se ouvia falar neste episodio, porem atualmente, verifica-se o aumento a cada dia nos casos relacionados ao direito de família.

Dessa forma, foram traçados os principais obstáculos encontrados para a identificação do desencadeamento da Alienação Parental, remetendo-se as suas consequências e questionando se as formas de coibir realmente satisfazem os problemas psicológicos levando a uma decisão judicial nem sempre contentora.

Para a realização deste trabalho foram efetuadas pesquisas bibliográficas e por meio eletrônico, analisando também as propostas legislativas, a fim de enriquecer a coleta de informações e permitir um aprofundamento no estudo da alienação, revelar a importância do divórcio consensual, da guarda compartilhada, e do discernimento dos cônjuges ao requererem a separação, não devendo dessa forma, atingir a prole, e nunca chegando a triste realidade da alienação parental. .

Houve a separação de materiais que foi utilizado, de forma consciente a leitura e a reflexão crítica foram analisadas com o objetivo de enriquecer o conhecimento que se adquire ao incluir tal obra no presente trabalho, ocorrendo, portanto neste conjunto o desenvolvimento e a construção do mesmo.

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Inicialmente, no primeiro capítulo, foi feita uma abordagem das considerações gerais sobre o direito de família, desde seus primórdios tempos, até a atualidade, visto a mudança na formação das mesmas. Segue, dessa forma, com uma análise sobre a constituição de família, onde há uma variação na atualidade. Também são analisadas as formas do divórcio e separação, e por fim acerca da guarda dos filhos menores, onde se faz tal abrangência, visto a conexão entre essa temática com a alienação parental.

No segundo capítulo é analisada a alienação parental, seu conceito, a forma como se instala na família, o porquê ocorre, e quem proporciona esse maleficio, juntamente é visto a consequência psicológica, como que chega ao ponto complicado de resolver psicologicamente a vida do menor alienado que já tem a moléstia grave denominada síndrome da alienação parental e também as alterações psicológicas do alienador, o qual é o protagonista da causa alienação parental.

E por fim, como a lei, abrangendo então a parte jurídica, atua como forma de inibir, de diminuir e sessar tal situação dentro das famílias, qual é o proposito desta lei, e se realmente com decisões judicias, ameniza e finda a conduta do alienador, superando a síndrome instalada na vida do incapaz, retornando a um comportamento psicológico, dito, normal, e ainda o direito fundamental de convivência família.

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1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O DIREITO FAMÍLIA

O direito família vem acompanhado de uma variação de conceitos validos para o presente trabalho, já que o mesmo estuda as famílias no âmbito do casamento, da união estável, do divórcio, da separação, da guarda, enfim, engloba todo tipo de relação familiar, uma vez que não há como iniciar o tema proposto alienação parental, sem a compreensão dos mesmos.

A família possui um conceito muito amplo, visto uma série de modificações na sociedade, devendo ser analisada a sua formação e em que situação será utilizada para que possa chegar a uma conclusão, porem não deixa de ser aquela visão simples de um conjunto de pessoas que convivem espontânea e diariamente, com um elevado grau afetivo, cuidando uns aos outros.

Feitas essas primeiras colocações, esclarece que o presente capítulo tem por objetivo analisar as definições e tipos legais de família existentes no sistema brasileiro, juntamente com o casamento, o divórcio e a guarda, a fim de possibilitar a posterior relação com a Alienação Parental, já que não existe tal pratica sem que já houvesse uma família constituída, um divórcio e logo um conflito de guarda dos filhos.

1.1 Breve histórico sobre a constituição de família

Impossível imaginar o ser humano sem família, ele vem de uma, e provavelmente irá formar outra. Há alguns anos atrás, essas famílias eram formadas na maioria das vezes não por afeto, mas sim por um exercício de poder que a figura paterna detinha em relação aos filhos, e assim permanecia, motivo pelo qual, não se ouvia falar em separações ou divórcios. Isso se evidenciava devido o homem exercer de forma livre a monogamia e a mulher ser uma espécie de patrimônio, que apenas recebia ordem e obedecia.

Assim, Venosa (2012, p.14) descreve as normas sobre família dos Códigos elaborados a partir do século XIX:

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Naquela época, a sociedade era eminentemente rural e patriarcal guardando traços profundos da família da Antiguidade. A mulher dedicava-se aos afazeres domésticos e a lei não lhe conferia os mesmo direitos do homem. O marido era considerado o chefe, o administrador e o representante da sociedade conjugal. Nosso Código Civil de 1961 foi fruto direto dessa época. Os filhos submetiam-se à autoridade paterna como futuros continuadores da família, em uma situação muito próxima da família romana.

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Entretanto, com o passar dos anos, a mulher foi se afastando do lar e o homem adentrando-se. Trata da liberdade em que o sexo feminino vem até hoje conquistando, uma vez que iniciou uma vida profissional e amorosa que é particularmente sua, tomando decisões livremente. Já o homem por necessidade, iniciou uma vida paterna presente, e podendo ser considerados, em alguns casos, grande domésticos, já que cuidam do lar horizontalmente com as mulheres.

Atualmente há uma variação nos tipos de famílias, sendo que no entendimento de Freitas e Pellizzaro (2010) cada uma segue sua característica, não mais seguindo a estrutura antiga, na qual se entendia que a família era composta por um pai, uma mãe e seus filhos.

Nesse cenário, existem vários tipos de famílias, das quais a mais conhecida é o casamento, que é a mais antiga proposta de composição familiar, composta por um pai, uma mãe e a prole, e segundo o art. 1514 do Código Civil “O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados”

O casamento normalmente entre duas pessoas de sexos diferentes, as quais criam um vínculo afetivo muito forte, fazendo com que tal vínculo se torne algo solene, perante Deus e a Lei, formando assim uma nova família. Dessa forma, Maria Helena Diniz, (2009, p. 37) conceitua o casamento como sendo “o vínculo jurídico entre o homem e a mulher que visa o auxílio mútuo material e espiritual, de modo que haja uma integração fisiopsíquica e a constituição de uma família”.

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o casamento é o contrato de direito de família que tem por fim promover a união do homem e da mulher, de conformidade com a lei, a fim de regularem suas relações sexuais, cuidarem da prole comum e se prestarem mútua assistência.

Há, a entidade familiar sem matrimônio, ou seja, a união estável, que atualmente é frequentemente utilizada pelas pessoas, as quais juntam os bens e residem sob o mesmo teto formando assim, uma família, muitas vezes com filhos, e que é reconhecida pela legislação atual.

Sobre a união estável, Gagliano e Pamplona Filho (2013, p. 424), “conceituam-na como uma relação afetiva de convivência pública e duradoura entre duas pessoas, do mesmo sexo ou não, com o objetivo imediato de constituição de família”.

Assim, paralelamente ao casamento existe a união estável, muito evidenciada nos dias atuais, já que a maioria das pessoas deixou de lado a parte matrimonial para unir-se como tal. Segundo Venosa (2012) o legislador durante muito tempo, negou os efeitos jurídicos à união livre, mais ou menos estável, sendo a única forma de constituição da família era o casamento.

Constata-se, por conseguinte, que o surgimento da união estável como uma fato jurídico apenas foi evidenciado pois dele vinha consequências jurídicas, assim aquela união que ficou reconhecida na sociedade, gerou filhos e conjuntamente conquistaram patrimônios, caso precisasse ser dissolvida consensual ou litigiosamente, devendo então ser diferida do casamento e sim reconhecida como entidade familiar.

A união estável, dessa forma, está explícita no art. 1.723 do Código Civil Brasileiro: “É reconhecida como entidade familiar a união entre o homem e a mulher, configurada a convivência pública, contínua e duradoura, e estabelecida com o objetivo de constituição de família”. Observando, assim, é reconhecida através dos requisitos descritos no artigo supracitado.

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Outrossim, a forma mais nova de constituição de família, vindo da manifestação do Superior Tribunal de Justiça, no REsp 1.183.378;RS relatado pelo Ministro Luis Felipe Salomão, que, de forma pioneira autorizou o casamento civil homoafetivo. A qual relaciona duas pessoas do mesmo sexo, com o objetivo de constituir família, famílias esta composta por dois adultos e uma criança, já que na relação homoafetivas já se tem reconhecimento da mesma e ainda de adoção pelos mesmos.

Nesse contexto das relações homoafetivas, Gagliano e Pamplona Filho (2013, p.493), elucidam da seguinte maneira:

Nesse profundo contexto, pensamos que pouco importa reconhecer-se a união homoafetiva como uma “união estável” ou como uma “nova modalidade familiar”, pois a premissa intransponível e mais relevante é que se trata, efetivamente, de uma “família”, merecedora de respeito, e, dado o seu reconhecimento constitucional – na perspectiva de dignidade humana – também de tutela jurídica, com a

aplicação analógica das regras atinentes à relação de

companheirismo heterossexual, com direitos e deveres daí decorrentes.

Da mesma forma Rodrigues (2009) diz que:

Daí ser lícita a conclusão de que o reconhecimento da união homoafetiva dentro do Direito Família é imperativo constitucional, não sendo possível violar a dignidade homem, por apego absurdo e retrógrado a formalismos legais. Entender o contrário, significa negar a pessoas seus direitos fundamentais e sua própria dignidade, garantida constitucionalmente logo no primeiro artigo da Carta Magna.

Não resta duvidas de que a relação de pessoas do mesmo sexo, isto é, duas mulheres e filho ou dois homens e filho, sendo ela contínua e duradoura produzirá efeitos no âmbito do ordenamento jurídico.

Verifica-se, também, a família monoparental, qual seja aquela composta por apenas um dos pais, podendo ser classificada como originária aquela mais comum que é o exemplo de mãe solteira ou superveniente, que segundo Gagliano e Pamplona Filho (2013), surge de algo originalmente composto por duas pessoas, mas que sofre uma fragmentação devido ao efeito morte ou gravidez por relação

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causal, ou relacionamento amoroso estável seguido de abandono e inclusive a produção independente ou adoção por individuo solteiro.

A família monoparental, é reconhecida no art. 226, §4º da Constituição Federal: “Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”.

Embora importante tal classificação, o que se pretende, por ora é contextualizar a família atual, ou seja, entender exatamente tipos de relações que existem entre as pessoas e qual sua importância, por isso não podemos deixar de citar o artigo 226, § 1ª e §4ª da Constituição Federal de 1988.

A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. §1.º O casamento é civil e gratuita a celebração.

§2.º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.

§3.º Para efeito da proteção doestado, é reconhecida união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

§4.º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descentes.

§5.º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.

Dessa forma, a família possui uma extrema importância na vida de qualquer pessoa, existindo assim, vários tipos de constituição de família, sendo o principal ponto a ser considerado é o cuidado, o amor, a união e o respeito, em qualquer uma das modalidades, verificando seus direitos e deveres, principalmente em relação a criança e ao adolescente, não importando a formação, mas sim a relação entre os membros.

Contudo, o presente trabalho além de exigir os conceitos familiares para se alcançar a alienação parental, precisa haver também exemplificações sobre o divórcio e separação e então a temida guarda acompanhada da alienação.

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1.2 Considerações sobre divórcio e separação conjugal

Tendo em vista que o foco central desta pesquisa é a alienação parental, para abordar tal temática, necessário fazer algumas considerações acerca dos institutos do divórcio e da separação para que possa entender o berço do tema proposto, onde e como ele realmente nasce.

Assim, utiliza-se Gagliano e Pamplona Filho (2012, p. 526), para conceituar:

O divórcio é a medida dissolutória do vínculo matrimonial válido, importando, por consequência, a extinção de deveres conjugais. Trata-se, no vigente ordenamento jurídico brasileiro, de uma forma voluntária de extinção da relação conjugal, sem causa específica, decorrente de simples manifestação de vontade de um ou ambos os cônjuges, apta a permitir, por consequência, a constituição de novos vínculos matrimoniais.

Após conceituado, contextualiza-se historicamente o surgimento da separação, conforme Dias (2012) era o desfazimento da união pelo homem, uma vontade unilateral, que expulsava a mulher do lar, porem, como dito anteriormente, não era muito evidenciado tal separação, visto o homem viver com várias mulheres, e a sua esposa ser considerada um patrimônio, para cuidar da prole e do lar.

Depreende-se que a separação é um ato de vontade que parte do casal, muitas vezes de apenas um ou dos dois, considerando que não é algo fácil de ser resolvido, principalmente quando não há consenso, levando a crises emocionais das partes, e muitas vezes dos filhos. Assim, a separação inicia com as pessoas não querem viverem mais juntos, ou seja, mudar de residência, e a convivência diária não existir mais.

Outrossim, enquanto o assunto era casamento, nada falou-se sobre a alienação parental, visto que, ela surge a partir do contexto do divórcio de casal com filhos, os quais não entram em consenso com a guarda e durante o divórcio muitas vezes para afetar a vida do ex-cônjuge começa a pratica da alienação.

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Por isso, frisa-se a importância de entender o divórcio seguido da guarda para adentrar-se na pratica da alienação parental e logo a consequência que é a síndrome que afeta os filhos.

Há que observar que o divórcio é uma ação personalíssima, conforme Gonçalves (2012, p. 287):

A ação de divórcio é personalíssima e se extingue com a morte do requerente, mesmo pendente recurso para instância superior. Já decidiu a propósito o Superior Tribunal de Justiça que, se ocorre o “falecimento do varão antes do trânsito em julgado da decisão que concedeu o divórcio, o estado civil do cônjuge sobrevivente é de viúva, não de divorciada”.

Logo, Jorge e Almeida (2013) diz que no divórcio há a maneira consensual, a qual fica tudo estabelecido da melhor forma, tanto a respeito dos bens do casal, sendo eles casa veículos, empresa, entre outros, como também a respeito da guarda dos filhos, os alimentos e as visitas, sendo que desse modo dificilmente haverá a alienação, não afetando a vida dos filhos, fazendo com que o divórcio, não aparenta algo tão complicado quanto é, havendo dessa forma, muita idoneidade por parte do casal.

O divórcio consensual é prático e rápido de ser efetuando, conforme Gonçalves (2012, p. 287):

[...] o divórcio direto consensual entre cônjuges maiores e capazes pode, também ser efetuado administrativamente, por escritura pública, conforme faculta o art. 1.124-A do Código de Processo Civil, acrescentado pela Lei n. 11.441/2007.

Portanto é de requerimento conjunto, e realizado de uma forma simples e civilizado, onde os filhos são de maneira correta colocados a frente da situação, não sendo eles atingidos gravemente, tudo feito em prol para que não sintam a tristeza de uma separação, mas sim, a convivência com os seus pais de forma livre e espontânea, sem que afete o sentimento de um pai ou mãe por um filho ou o filho pelos pais.

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Venosa (2012, p. 159) explica a situação do divórcio ou separação:

Em qualquer situação, a separação ou divórcio deve traduzir essencialmente um remédio ou solução para o casal e a família, e não propriamente uma sanção para o conflito conjugal, buscando evitar maiores danos não só quanto â pessoa dos cônjuges, mas principalmente no interesse dos filhos menores. Transita-se, pois, na história, na doutrina, e nas legislações, entre os conceitos de divórcio-remédio e divórcio-sanção, aos quais nossa lei não foge à regra [...].

Outrossim, há ainda o divórcio litigioso, é aquele que apresenta dissenso entre os consortes, visto que a insuportabilidade da vida em comum é o suficiente para que seja desfeita a união, muitas vezes a requerimento de um sem que o outro concorde.

É no divórcio litigioso que acontece, as brigas e as não conformidades, considerando que ninguém pode ser obrigado a permanecer em uma relação que não deseja manter, porem não é necessária maior complicação para que a relação seja desfeita legalmente, mesmo não havendo consenso.

Nesse sentindo Gonçalves (2012, p. 287), corrobora para o divórcio litigioso:

O divórcio requerido por um só dos cônjuges (litigioso) seguirá o procedimento ordinário, segundo o dispõe o art. 40, § 3º, da Lei do Divórcio. Nada obsta a inciativa por aquele que deu causa ao rompimento da convivência familiar.

Deve-se ressaltar que existe a Emenda Constitucional n. 66/2010, a qual pretendeu facilitar o divórcio no Brasil, uma vez que anteriormente, deveria existir a separação judicial, a qual colocava fim a deveres decorrentes do casamento, porem o vínculo matrimonial persistia.

Da mesma forma a emenda implantou o fim da exigência do prazo de separação de fato para então a dissolução do vínculo patrimonial, assim, na atualidade o divórcio é direto, sem necessidade de separação e muito menos o prazo, conforme o entendimento de Gagliano e Pamplona Filho (2012, p. 558):

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Até então, exigia-se, para o divórcio direto, estarem os cônjuges separados de fato há mais de dois anos, sem que houvesse, no período, efetiva reconciliação do casal.

Assim, se João e Maria convolaram núpcias em 2003, separando-se de fato em 2005, somente poderiam pugnar pelo divórcio direto a partir de 2007(quando completados mais de dois anos de separação de fato).

Nota-se, que o divórcio atual é então da seguinte forma, Divórcio Extrajudicial (Consensual), Divórcio Judicial (Consensual ou Litigioso), obedecendo assim, duas simples forma de divórcio, sem necessidade de lapso temporal, apenas do modo direto.

No entanto, Altieri ( 2006) explica que não importa a maneira de como o divórcio é realizado, sempre haverá magoas, já que se refere ao desfazimento de uma família que convivia cotidianamente, contudo, não há como negar que o divórcio litigioso tem uma carga maior de muitos prejuízos e desgastes a mais do que o consensual, porem, esta é uma escolha que diz respeito somente aos cônjuges.

Além disso, é no divórcio que os filhos são utilizados como moeda de troca, sendo que as mágoas, os ressentimentos e a dor são transferidos para os mesmos. Dessa forma, analisar-se-á a guarda dos filhos, instituto de grande influência nas ocorrências da alienação parental.

Por fim, os casais mesmo divorciados, nunca devem esquecer que estão rompendo apenas o vínculo matrimonial, nesse sentindo utiliza-se as sábias palavras da psicoterapeuta de família e casais Carneiro (2012, p. 68):

Quando recebemos, na clínica, pais em litigio no processo de separação, trazendo-nos os problemas em relação aos filhos, o que trabalhamos no primeiro momento com eles é a necessidade de separarem com clareza as questões conjugais das questões parentais. A partir daí buscamos trabalhar os conflitos conjugais mostrando a importância de deixar os filhos fora deles, ao mesmo tempo, em que enfatizamos a necessidade de preservação das funções parentais. Quem se separa é o casal conjugal. O casal parental continuará para sempre com as funções de cuidar, proteger e de prover as necessidades materiais e afetivas dos filhos.

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Dessa forma, percebe-se que o divórcio influência na família toda, porem os ex-cônjuges devem sempre lembrar que não são mais cônjuges, porem são pais, e o lugar deles ninguém poderá ocupar como desejam os menores envolvidos, dessa maneira, além do divórcio há de que se enfatizar, sobre a guarda dos mesmo, é o que esta descrito no próximo ponto.

1.3 Acerca da guarda dos filhos menores

O presente tópico abrange o conceito, a forma e até mesmo a dificuldade que os pais tornam o procedimento de guarda dos filhos, algo considerado tão temido e triste só pelo fato de ter que ser resolvido, mas há pais que os tornam muito piores, devido às magoas ditas anteriormente, realizado principalmente nos divórcios litigiosos, onde não há consenso entre os cônjuges e afetando até mesmo os filhos.

Os filhos, sem duvidas, são as pessoas que os pais mais zelam e tem cuidado, dando-lhes amor, carinho, proteção, atenção suficientes para serem pessoas bem resolvidas e profissionais excelentes no futuro. Por isso, nos processos de divórcio, onde ficam estabelecidos os bens, os alimentos, e a guarda e visitas dos menores, onde pode ou não haver um acordo entre os cônjuges devendo ser solucionado cuidadosmente para que todo o zelo e cuidado permaneça na família.

Dessa forma, Venosa (2012, p.286), abrange guarda da seguinte forma:

A guarda dos filhos menores é atributo do poder familiar. Segundo o art. 1.634, II, do Código, compete aos pais ter os filhos menores em sua companhia e guarda. O pátrio poder, hoje, denominado poder familiar, gera um complexo de direitos e deveres, sendo guarda um de seus elementos.

Enfatizando a guarda nos acordos realizados em audiência de conciliação dos processos de divórcio conforme Gagliano e Pamplona Filho (2012), é analisando e levando em conta o interesse da prole e não o culpado do término da relação, por isso a alegação de culpa para efeito de fixação de guarda somente tem sentindo se o comportamento estiver ligado aos filhos.

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Assim, são propostas da seguinte forma: a guarda unilateral ou exclusiva, a guarda alternada, a guarda compartilhada ou conjunta, devendo ser observado que existem outros tipos, porem os mais utilizados em nosso ordenamento jurídico são os três supracitados.

É valido conceituar e entender brevemente sobre as modalidades de guarda, iniciando então pela guarda unilateral ou exclusiva, sendo a mais utilizada do âmbito jurídico, é aquela em que um dos pais é possuidor da guarda e ao outro o direito de visitas, sendo que o filho reside com o guardião.

Há que observar, que tal modalidade só é possível, depois de esgotadas as tentativas de implementação de guarda compartilhada. Assim, de acordo com Gagliano e Pamplona Filho (2013) pode ser feita de dois modos: por acordo dos pais, ou seja, aquele que tem o exercício mais efetivo do poder familiar, ou por decisão judicial, porem ambos continuam responsáveis pelos filhos. Dessa forma a guarda física será atribuída ao genitor que tiver melhor condições de exercê-la, que tenha mais aptidão para garantir os direitos, e dar saúde, educação, entre outros, já ao outro genitor cabe supervisionar e zelar pelo interesse da prole.

Dessa forma, propõe art. 1.583 do Código Civil Brasileiro:

A guarda será unilateral ou compartilhada.

§1.º Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substituía (art. 1.548 §5.ª) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direito e deveres do pai e da mãe quenão vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.

§2.º A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições para exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para proporcionar aos filhos os seguintes fatores: I- afeto nas relações com o genitor. II- saúde e segurança. III- educação.

Outra modalidade de guarda é a alternada, sendo que Jorge e Almeida (2013) expõe que a qual se da pela guarda exclusiva de um dos cônjuges, porem alternadamente, acordadas e determinadas por um espaço de tempo, podendo ser, mensal, trimestral, semestral e até mesmo anual, visto que findo tal período, alterna-se o detentor da guarda.

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A guarda alternada é também unilateral, porem com um curto espaço de tempo para cada genitor, uma vez que fica resguardado o interesse do menor, à medida que permanece a convivência com ambos os genitores, ora com um, ora com outro, não perdendo assim seu vínculo resultante do convívio. Porem, tal modalidade é muito confundida com a guarda compartilhada que veremos logo mais.

Considerando a modalidade alternada de guarda, Pamplona Filho e Gagliano (2013, p.605), expõe da seguinte forma:

Modalidade comumente confundida com a compartilhada, mas que tem características próprias. Quando fixada, o pai e a mãe revezam períodos exclusivos de guarda, cabendo ao outro direito de visitas. Exemplo: de 1ª de janeiro a 30 de abril a mãe exercerá com exclusividade a guarda, cabendo ao pai direito de visitas, incluindo o de ter o filho em finais de semanas alternados; de 1ª de maio a 31 de agosto, inverte-se, e assim, segue sucessivamente. Note-se que há uma alternância na exclusividade da guarda, e o tempo de seu exercício dependerá da decisão judicial. Não é uma boa modalidade, na prática, sob o prisma do interesse dos filhos.

Percebe-se que na prática, tal modalidade não é tão beneficente aos filhos, porem ao mesmo tempo, não deixa de ser interessante, conforme Vieira (2012) e se os pais entrarem em consenso pode dar muito certo, devido à prole não perder a convivência familiar com nenhum dos genitores, uma vez que, a visita de finais de semana, não devem ser comparadas ao tempo de guarda alternada, assim, nessa modalidade, o cotidiano entre os pais e filhos ficam evidenciados podendo entender da vida e ajudando nos problema e dificuldades que os filhos encontram.

E por fim, em relação aos tipos de guarda, há a modalidade compartilhada, a qual entende-se como conjunta, positivada em nosso ordenamento jurídico, através da lei 11.698 de 2008, pode-se definir como o sistema em que filhos de pais separados permanecem sob a autoridade equivalente de ambos os genitores, os quais tomam decisões conjuntamente sobre a educação, saúde e bem estar.

Tal compartilhamento da guarda, não necessariamente implica na guarda física, mas sim na preocupação de se evitar prejuízos em relação à saúde emocional e metal do menor, por isso que para se estabelecer tal modelo, deve ser

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considerado as condições e capacidades dos genitores, devendo cada um deles observar a relação de confiança entre os genitores.

Gagliano e Pamplona Filho (2013, p. 605) explicam com precisão a guarda compartilhada:

Modalidade preferível em nosso sistema, de inegáveis vantagens, mormente sob o prisma de repercussão psicológica na prole, se comparada a qualquer das outras. Nesse tipo de guarda, não há exclusividade em seu exercício. Tanto pai quanto a mãe detém-na e são corresponsáveis pela condução da vida dos filhos. O próprio legislador a diferencia da modalidade unilateral: “art. 1583, § 1ª Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substituía (art. 1.584, §5ª) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns”.

No entanto, é necessário observar que conforme Barros e Aguirre (2008) o juiz, em qualquer caso, deve estabelecer o melhor para o menor, devendo ser atribuída a guarda a quem tem melhores condições de exercê-la, mesmo que tenha acordo dos pais, existindo um grave motivo a excelência deverá decidir por forma diversa.

Assim, considerando todos os tipos de guarda, como são reconhecidos e como procedem, concluída a etapa do casamento, do divórcio começa a dar ênfase ao tema proposto, iniciando então no próximo capitulo, como se efetiva alienação parental em sua parte tanto psicológica como jurídica, utilizando assim, dos divórcios e das guardas exemplificadas no presente capítulo.

Vale, observar que a guarda de um filho é de suma importância devido estar em jogo a vida de uma criança ou de um adolescente, seus princípios e como ira orientar-se no futuro, não devendo assim, ser resolvida ou utilizada como uma arma, mas sim, com o afeto e cuidado devido.

Dessa forma, Viera (2012), deixa claro que a guarda deve ser muito bem estipulada pelos genitores e juiz, porem, nunca deixando confundir guarda com o poder familiar exclusivo, devendo o genitor que não detém a guarda, participar

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igualmente da vida da criança e o maior tempo possível, trazendo-lhe segurança e conforto, não deixando que o vínculo paternal rompa-se juntamente com o vínculo conjugal.

Por fim, a guarda tem seus efeitos jurídicos e psicológicos atingidos, tanto para os genitores como os filhos e não sendo facilmente resolutivo, mas pode piorar havendo a alienação cominada com todo esse procedimento, e que se trata o próximo capitulo deste trabalho.

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2 ALIENAÇÃO PARENTAL

A partir da análise dos institutos de família, referentes a casamento, divórcio e guarda, enfim, chegamos ao tema proposto, faz-se necessária essa busca de conceitos e estudo sobre família, afim de que entenda onde começa a alienação parental, sobre o aspecto de que deve-se sim haver uma família com filhos, e essa família, deve ser dissolvida, e infelizmente de uma forma não agradável e não consensual, para então surgir a discussão da guarda da prole e a partir desse momento que o genitor utiliza da fraqueza do outro, e não satisfeito com a separação usam seus próprios filhos como armas contra o ex-cônjuge, fazendo com que a criança ou adolescente repudie o genitor, causando-lhe uma conduta denegritória.

A expressão Alienação Parental, foi utilizada por Richard Gardner, em 1985, que dada à relevância ao tema estudou até a data de seu falecimento. Gardner, foi professor do Departamento de Psiquiatria Infantil da Faculdade de Columbia, em Nova York, EUA, atuou como psiquiatra infantil e foi perito judicial, podendo acompanhar com proximidade o sofrimento dos menores durante as ações, sendo que utilizou-se de tal expressão, visto que constatava que a mãe ou o pai do menor a induzia romper os laços afetivos com o outro cônjuge, prejudicando assim, uma convivência familiar saudável.

Considera-se então, que não satisfeito com o término da relação, um dos cônjuges, que vai ser chamado de alienador, inicia um processo de vingança contra o ex, que será chamado de alienado, sendo assim, o alienador não agindo com bom senso, utiliza-se seu filho com alvo de disputa, tornando-o um instrumento de guerra.

2.1 O que é alienação parental?

A alienação parental é uma denominação dada para identificar os problemas nos divórcios maus resolvidos, e conforme Toaldo e Torres (2009) o cônjuge alienador instiga o filho a repudiar o cônjuge alienado, tal fenômeno não é novo, mas é recente a sua divulgação para as pessoas no geral, sendo que começou a chamar

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atenção, devido as grande prática de tal ato, visto que denunciados de forma recorrente.

Outrossim, as denuncias, muitas vezes não eram identificadas, por não haver no campo jurídico a tutela necessária para resolver a situação, já que infelizmente, apenas a doutrina e jurisprudência, esforçavam-se para dar conta da demanda jurídica, dessa forma, adveio a Lei 12.318, publicada em 27.08.2010, no Diário Oficial, e sancionada no dia anterior.

Assim, a referida lei, especifica a Alienação Parental da seguinte maneira:

Art. 2o. Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.

Dessa forma, o ato de alienação parental interfere diretamente ao poder familiar, ao afeto e a convivência entre pais e filhos, fazendo com que tais necessidades simples, tornam-se dificuldades diárias na vida dos envolvidos.

Nesse sentido, Venosa (2012, p. 324) reforça que:

Não raro os filhos menores são tidos como um joguete na separação. O ranço da separação pode traduzir-se numa atitude beligerante em relação ao outro genitor, geralmente aquele que não tem a guarda, embora isso não seja uma regra. Mesmo aquele que só recebe os filhos nos finais de semana e em datas específicas pode ter conduta de alienação parental. O guardião em geral, seja ele divorciado ou fruto de união estável desfeita, passa a afligir a criança com ausência de desvelo com a relação ao outro genitor, imputando-lhe má conduta e denegrindo sua personalidade sob as mais variadas formas. Nisso o alienador utiliza todo tipo de estratagemas. Trata-se de abuso emocional de consequências graves sobre a pessoa dos filhos. Esse abuso traduz o lado sombrio da separação dos pais. O filho é manipulado para desgostar ou odiar o outro genitor.

O cônjuge alienador, muitas vezes não tem a capacidade de entender o mal que esta causando entre o alienado e seu filho, dessa forma Motta (2012) descreve que o objetivo do alienador é mais que denegrir e destruir o outro cônjuge é fazer

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com que os filhos afastam-se sem mesmo ter motivo, e acabam pensando que o alienado é a pior pessoa, visto que na inconsciência do menor ele é o culpado por tudo aquilo que esta acontecendo na vida da família, e o alienador acaba ficando como vitima do caso.

Outrossim, a alienação parental é vista como uma moléstia, assim sendo quando já proporcionada toda essa problemática na vida da criança ou adolescente, surge a chamada Síndrome da Alienação Parental (SAP), que é todo o transtorno psicológico, causado pelo alienador, o qual já conseguiu implantar no pensamento da criança todo mal que ela pudesse sentir pelo outro genitor, fazendo com que tal síndrome também seja conhecida como Implantação de falsas memórias.

Uma explicação clássica da alienação parental é dada por Dias (2012, p. 12):

A criança, que ama o seu genitor, é levada a afastar-se dele, que também a ama. Isso gera contradição de sentimentos e destruição do vínculo entre ambos. Restando órfão do genitor alienado, acaba identificando-se com o genitor patológico, passando a aceitar como verdadeiro tudo que lhe é informado.

O detentor da guarda, ao destruir a relação do filho como o outro, assume o controle total. Tornam-se unos, inseparáveis. O pai passa ser considerado um invasor, um intruso a ser afastado a qualquer preço. Este conjunto de manobras confere prazer ao alienador em sua trajetória de promover a destruição do antigo parceiro.

Observa-se, que o alienador tenta e consegue de todas as formas afastar pai e filho, mediante mentiras e invenções que de muito insistir tornam-se verdadeiras para os menores envolvidos, fazendo assim, com que a própria criança além de pensar, começa a denigrir seu genitor, apenas por manipulação do alienador, que faz isso com a intenção de realmente afasta-los por insatisfação no divórcio, por não aceitar as vidas separadas, usando dessa forma seu filho, sem pensar nas consequências psicológicas que causará ao menor.

De acordo com a promotora de justiça Simão (2012), existem casos em que o alienador, afirma que o alienado abusa sexualmente do filho, durante as visitas rápidas, instigando o filho a imaginar que aquele abraço apertado de saudades ou

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aquela brincadeira, é mal intencionado, observando, dessa forma, que o alienador, não tem limites na intervenção da relação entre ambos.

Conforme Freitas e Pellizzaro (2011) citam experiências profissionais de Blush e Ross, os quais são peritos em tribunais de família, e exemplificam que são causas de alienação, as falsas acusações de abuso sexual e distanciamento de um dos genitores dos filhos, definido como Síndrome de SAID, ou seja, Síndrome de Alegações Sexuais no Divórcio, em que o genitor conta a história de um falso abuso sexual para a criança, acusando, dessa forma, o outro genitor.

É necessário ainda ressaltar que há no artigo 2ª, parágrafo único da Lei 12.318, de 26 de agosto de 2010, formas exemplificativas de alienação parental, as quais são:

Parágrafo único: São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxilio de terceiros:

I- realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade;

II- dificultar o exercício da autoridade parental;

III- dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;

IV- dificultar o exercício de direito regulamentado de convivência familiar;

V- omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;

VI- apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;

VII- mudar o domicilio para local distante sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós.

Embora, dialoga-se muito com o afastamento por histórias mal intencionadas contadas pelo alienador, há também a alienação parental nos casos expostos acima, começando por dificultar o contato entre a criança e o genitor, a convivência familiar, omitir ao genitor algumas informações importantes sobre a criança, incluindo apresentações na escola, eventos importantes para o filho, consultas médicas, e até mesmo o endereço atual do menor, visto que no ultimo inciso especifica que mudar de endereço para local distante, sem justificativa, dificulta a convivência, todos esses

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aspectos já dão margem para inicio grave de alienação parental, ficando a cada dia pior a situação entre pais e filhos.

Observa-se, também, que no rol do parágrafo único, o legislador citou não só os pais, mas também parentes e principalmente avós, dessa forma, a alienação parental, é com certeza mais frequente na relação entre pai e filho, onde a mãe é a alienadora, mas nem sempre é assim, pode ser, por exemplo, entre pai e avós maternos, onde a mãe é falecida, ou ao contrario, dessa forma, tal questão é estendida a quem estiver na guarda da criança. Outrossim, a versão clássica de alienação parental, na qual apresenta-se como alienador a figura materna e como alienado a figura paterna e o filho detentor da síndrome da alienação parental.

Dessa forma, Gonçalves (2012, p. 306) explica:

A lei em apreço deixou claro o que caracteriza a alienação parental, transcrevendo uma série de condutas que se enquadram na referida síndrome, sem, todavia, considerar taxativo o rol apresentado. Faculta, assim, o reconhecimento, igualmente, dos atos assim considerados pelo magistrado ou constatados pela perícia. Estendeu ela os seus efeitos não apenas aos pais, mas também aos avós e quaisquer outras pessoas que tenham a guarda ou vigilância (guarda momentânea) do incapaz.

Diante da explanação sobre o que é a alienação parental e um breve comentário sobre a lei, que nos exemplifica e clareia o entendimento, levando em consideração a abrangência de situações e casos da alienação parental, devemos iniciar o tópico, o qual, irá abranger a parte da psicologia referente à Síndrome da Alienação Parental, conhecida pela sigla SAP, já que há muitos efeitos psicológicos envolvidos no tema.

2.2. Consequências da síndrome da alienação parental

A Alienação Parental se dá quando, um dos cônjuges, normalmente a figura materna, revoltada e não conformada com o divórcio, inicia um procedimento de vingança contra a figura paterna, e considerando que não há nenhum tipo de comunicação amigável, querendo ver seu ex-cônjuge magoado, afasta o que há de mais valioso na vida de um pai, o filho.

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Dessa forma, o procedimento de vingança do alienador é com o objetivo de apenas atingir o cônjuge, não se preocupando com a vida no menor envolvido, iniciando assim, a alienação parental, ou seja, quando a mãe descontroladamente, inventa história, afasta a criança do alienado, mente, se abstêm de informar assuntos importantes sobre o menor ao ex-cônjuge, e de todas as formas desmoraliza e destroe a outra parte.

Depois, então de todo o esforço do alienador, a criança não distingue mais a mentira da verdade, causando sérios problemas psicológicos, já que a mesma acredita totalmente no que lhe é dito em relação ao pai, desencadeando repudia do filho contra a figura paterna, assim, então, a SAP esta presenta na vida da criança, quando afeta o psicológico, aparentando sequelas em seus comportamentos diários.

Assim, Priscila Fonseca (apud Gagliano E Pamplona Filho, 2012, p. 614), em estudo sobre o tema, afirma, com precisão:

A síndrome da alienação parental não se confunde, portanto, com a mera alienação parental. Aquela geralmente é decorrente desta, ou seja, a alienação parental é o afastamento do filho de um dos genitores, provocado pelo outro, via de regra, o titular da custódia. A síndrome da alienação parental, por seu turno, diz respeito às sequelas emocionais e comportamentais de que vem a padecer a criança vitima daquele alijamento. Assim, enquanto a síndrome refere-se à um dos progenitores, que já sofre as mazelas oriundas daquele rompimento, a alienação parental relaciona-se com o processo desencadeado pelo progenitor que intenta arredar o outro genitor da vida do filho. .

Assim, tem-se a explicação da diferença entre a alienação parental e a síndrome da alienação parental, visto que uma é decorrente da outra, esclarecendo ainda mais conforme Barros (2012), que a SAP só se faz presente quando a criança passa a contribuir para a campanha difamatória do genitor alienado, não querendo vê-lo e repudiando-o, por isso a SAP é resultado da alienação parental, enquanto a alienação parental é o processo de desencadeamento pelo genitor alienador, contra o seu ex.

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Porém para que a SAP seja realmente implantada, deve-se conhecer alguns dos comportamentos da parte alienadora, sendo valida a explanação dos elencados por Garder (apud Maria Antonieta Pisano Motta 2012, p. 38):

a) recusa de passar as chamadas telefônicas aos filhos; b) organizar várias atividades com os filhos durante o período que o outro genitor deve normalmente exercer o direito de visitas; c) apresentar o novo cônjuge aos filhos como sua nova mãe ou seu novo pai; d) interceptar as cartas e os pacotes mandados aos filhos; e) desvalorizar e insultar o outro genitor na presença dos filhos; f) Recusar informações ao outro genitor sobre as atividades em que os filhos estão envolvidos (esportes, atividades escolares, grupos teatrais, escotismo, etc.); g) Falar de maneira descortês do novo cônjuge ao outro genitor; h) Impedir o outro genitor de exercer seu direito de visitas; i) “Esquecer” de avisar o outro genitor de compromissos importantes; j) Envolver pessoas próximas (sua mãe, seu novo cônjuge, etc.) na lavagem cerebral de seus filhos; k) Tomar decisões importantes a respeito dos filhos sem consultar o outro genitor (escolha da religião, escolha da escola,etc.). l) Trocar (ou tentar trocar) seus nomes e sobrenomes. m) Impedir o outro genitor de ter acesso às informações escolares e/ou médicas dos filhos; n) Sair de férias sem os filhos e deixá-los com outras pessoas que não o outro genitor, ainda que esteja disponível e queira ocupar-se dos filhos ; o) Falar aos filhos que a roupa que o outro genitor comprou é feia, e proibi-los de usá-las; p) Ameaçar punir os filhos se eles telefonarem , escreverem, ou se comunicarem com o outro genitor de qualquer maneira; q) Culpar o outro genitor pelo mal comportamento dos filhos.

Quando os comportamentos supracitados são evidenciados na família, deve ser o quanto antes identificado, para que não haja a sua Síndrome, uma vez que, será facilmente resolvido se não instalada as falsas memorias no menor, e quando ele ainda não constituiu o desafeto com o alienado, já que é nesta ocasião que é notória a intenção da parte alienante.

Porem, quando não cessada no inicio a alienação parental, da margem para alterações psicológicas no incapaz, em seu comportamento, em seu estado emocional, até mesmo, com os amigos e colegas, ficando fragilizado com a decepção, e a mercê de muita confusão mental.

Assim, inicia a SAP, conforme Silva e Resende (2012) a própria criança sente e fala o que o alienador sentia e falava, o menor acaba distanciando-se do alienado por vontade própria, não necessitando mais da influência do alienador, pois o

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mesmo atingiu seu objetivo que é a não relação entre os dois, o distanciamento entre pai e filho.

Vejamos dessa forma, que há uma gigante consequência na vida de um incapaz quando a SAP se faz presente, já que além de toda mudança emocional, comportamental, o menor perde o seu mais preciso vinculo, que é entre pais e filhos, vinculo este, que deveria ser civilizado, harmônico, com todo carinho e amor que uma criança merece, para crescer e tornar-se um adulto capaz, determinado e de um belo futuro.

A Síndrome da Alienação Parental, apesar de atingir grande parte da população infantil, é pouco difundida entre os cidadãos em geral, dessa forma Freitas e Pellizzaro (2011, p. 19) explicam:

[...] a divulgação da Síndrome da Alienação Parental, passou a ter maior atenção pelo Poder Judiciário por volta de 2003, quando surgiram as primeiras decisões reconhecendo este fenômeno, infelizmente muito mais antigo nas lides familistas. Esta percepção começou a tomar corpo por conta da maior participação das equipes interdisciplinares nos processos familistas e por conta de pesquisa e divulgações realizadas como a APASE – Associações de Pais e Mães Separados, IBDFAM- Instituto Brasileiro de Direito Família, entre outros. Não tardou para que o resultado desse e de outros trabalhos e pesquisas fossem difundidos entre os demais

profissionais atuantes no Direito Família e nas áreas

interdisciplinares correlatas.

Passado já 12 anos das primeiras decisões reconhecendo a Síndrome, ainda tem-se dificuldade em detê-la, mesmo com a Lei aprovada em 2010, o Poder Judiciário, sente dificuldade em constatar quando a SAP já esta presente na vida do menor, sendo necessárias várias pericias e muito atenção dos psicólogos principalmente com o alienador, devendo perceber o ódio que ele transmitiu ao filho, para que então faça o diagnostico que todo aquele transtorno na criança foi adquirido do genitor.

O reconhecimento dessa Síndrome é de grande necessidade, para que se possa iniciar um tratamento, com o menor, juntamente com os pais, já que a estrutura família, mesmo divorciados, foi desabada pelos transtornos, sendo este tratamento

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realizado de forma extremamente tranquila, pois trata-se de caso muito frágil e não será resolvido em um curto espaço de tempo.

Para reforçar esse entendimento, diz a Assistente Social do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Maria Luiza Campos da Silva Valente (2012, p. 75): “A sensibilidade e a experiência em manejar situações de litigio são essenciais, permitindo ao profissional contribuir de modo construtivo para a solução do conflito.”.

Percebe-se, que as consequências trazidas ao menor não são poucas, e mesmo tratadas irão acompanha-lo pelo resto da vida, como expõe Raquel Pacheco Ribeiro de Souza (2010, p. 7):

O filho, já abalado pela separação dos pais, vê-se ainda mais prejudicado, diante do sentimento de vazio e de abandono cauado pelo afastamento do não-guardião. A ruptura, embora dolorida para os filhos, poderia ser muito melhor vivenciada se os genitores continuassem a ser pais e mães, de forma efetiva, apesar da separação. O maior sofrimento da criança não advém da separação em si, mas do conflito, e do fato de se ver abruptamente privada do convívio com um de seus genitores, apenas porque o casamento deles fracassou. Os filhos são cruelmente penalizados pela imaturidade dos pais quando estes não sabem separar a morte conjugal da vida parental, atrelando o modo de viver dos filhos ao tipo de relação que eles, pais, conseguirão estabelecer entre si, pós-ruptura.

Ocorre que, como o procedimento da Alienação Parental é ainda conhecido superficialmente por alguns integrantes do Poder Judiciário, existe uma certa resistência desses profissionais em submeter as partes em pericias psicológicas, e preferem muitas vezes decidir a guarda sob influencia do menor, e sendo assim, o alienador ficará satisfeito com a decisão, deixando a outra parte decepcionada e insegurança.

Por isso, veremos a seguir, como a Lei 12.318 de 2010 se insere nesse contexto, a fim de assegurar os direitos da criança de do adolescente e decidir na perspectiva de reconstrução de uma relação amigável e equilibrada entre todos, principalmente de que o menor é vítima indefesa dessa grave atrocidade realizada por seus genitores.

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2.3 A lei nº 12.318 de 2010 como forma de inibição da Alienação Parental

A lei nº 12.318 de 26 de agosto de 2010 dispõe sobre a alienação parental, entre seus artigos podemos encontrar o conceito sobre a Alienação Parental, as hipóteses de reconhecimento da Alienação, os sujeitos que tem o intuito de prejudicar um dos genitores, algumas condutas para identificação, a relação com o direito fundamental da criança de adolescente, e como proceder em relação ao processo e perícia entre outros.

Antes da lei da alienação parental ser sancionada, os casos eram resolvidos com base na doutrina e jurisprudência, dessa forma Venosa (2010, p. 323) explica: “A Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010, houve por bem colocar problemática em termos legislativos, embora não fosse matéria essencial para isso, pois se inclui na proteção do menor, dentro do poder geral do juiz.”

O reconhecimento de ter uma legislação própria, no dizer de Gagliano e Pamplona Filho (2012), veio da certeza de que o legislador não poderia abster-se de ter algo resolutivo, para esse contexto psicológico, de devastadores efeitos na seara das relações familiares.”

Menciona ainda Gonçalves (2012, p.306) que a lei em apreço,

deixou claro o que caracteriza a alienação parental, transcrevendo uma série de condutas que se enquadram na referida síndrome, sem, todavia, considerar taxativo o rol apresentado. Faculta, assim, o reconhecimento, igualmente, dos atos assim considerados pelo magistrado ou constatados pela perícia. Estendeu ela os seus efeitos não apenas aos pais, mas também aos avós e quaisquer outras pessoas que tenham a guarda ou a vigilância (guarda momentânea) do incapaz. Esclareceu, também, como o Judiciário pode agir para reverter a situação. O juiz pode, por exemplo, afastar o filho do convívio da mãe ou do pai, mudar a guarda e o direito de visita e até impedir a visita. Como última solução, pode ainda destituir ou suspender o exercício do poder parental.

Acredita-se dessa forma, que a lei veio como forma esclarecedora, já que anteriormente era apenas julgada pela doutrina e pelos direitos fundamentais da

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criança de adolescente, não tendo o julgador como proceder processualmente, reconhecer e ainda como decidir, conforme ainda o próprio Gonçalves (2010, p. 306) diz:

A referida lei n.12.318/2010, ao dispor sobre a síndrome da alienação parental, fortaleceu o direito fundamental à convivência familiar, regulamentado no Capítulo III do Estatuto da Criança e do Adolescente e que diz respeito ao direito da criança e do adolescente ao convívio com ambos os pais.

Em relação à identificação da prática da alienação parental, Freitas e Pellizzaro (2011) comentam que o legislador previu em seu art. 4º, que as partes, magistrado ou representante do Ministério Público, deve além de conferir tramitação prioritária ao processo, também promover medidas assecuratórias dos direitos do menor e em defesa do genitor alienado, e ainda que a lei prevê no art. 5 a possibilidade de uma ação ordinária autônoma para identificação.

Dessa forma a lei auxilia na inibição da Alienação parental, outrossim, nota-se ainda que no art. 4º na lei, que a suspensão de visitas ou a modificação da guarda só é viabilizada com um conjunto probatório muito robusto, já que tais medidas são excepcionais, devendo ser realizada somente após a realização de pericias, em que não houver dúvidas, afirmam Jorge e Almeida (2013).

Havendo, então, indícios de Alienação Parental, no processo judicial, o juiz irá determinar a realização de uma perícia psicológica ou biopsicossocial conforme o art. 5º da Lei 12.318 de 2010, devendo ser de acordo com Venosa (2012) profissional capacitado e ainda podendo ser realizada por uma equipe multidisciplinar, ou seja, psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, pedagogos e quem se fizerem necessárias para o auxilio e a certeza da decisão, pericia esta realizada e concluída em até 90 dias.

Depois de detectada a alienação realizada pelo alienador, prejudicando o alienado e também seu filho, observada a síndrome presente no comportamento do menor, nas reações psicológicas dele, no seus discurso totalmente influenciado, e realizado o regular procedimento de apuração aplica-se então as sanções do art. 6º da Lei 12.318 de 2010:

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Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com o genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá,

cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente

responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: I- declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; II- ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; III- estipular multa ao alienador; IV- determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; V- determinar a alteração da guarda para a guarda compartilhada ou sua inversão; VI- determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; VII- declarar a suspensão da autoridade paretal. Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilizando ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de convivência familiar.

Ocorre que o rol do art. 6 é exemplificativo, tais medidas não se esgotam de forma alguma, permitindo que os efeitos da alienação parental seja maior ou menor dependendo do momento em que se detectou ou até mesmo das armas utilizadas pelo alienador.

Analisando ainda o art. 6 º, com auxilio de Vieira (2012), há uma gradação sancionaria, que inicia de uma medida mais branda, até uma mais robusta, porem dificilmente, será observada uma sequencia fixa para a sua aplicação, ficando dessa forma, o juiz livre para determinar qual medida é mais benéfica para o caso concreto.

Já Gonçalves (2012, p. 307), entende que “ A lei ora comentada tem mais um caráter educativo, no sentido de conscientizar os pais, uma vez que o Judiciário já vinha tomando providências para proteger o menor [...]”, esclarecendo, que a lei tem o objetivo de garantir o direito da criança, através da intervenção dos pais, conscientizando os mesmos de que a alienação parental é prejudicial a todos que compõe a família.

Sem dúvidas, a alienação parental refere-se a uma situação complicadíssima aos filhos, deixando-os confuso, dessa forma a lei, expõe nos referidos incisos anteriormente mencionados alguns modos de intervenção para que a situação seja

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agradável para o menor, e ainda, salvaguardando o direito de convivência familiar, nesse entendimento Carneiro (2012, p. 66) diz,

Seria importante que o pai e a mãe pudessem dividir direitos e deveres sobre a criança o que talvez fosse possível na guarda conjunta, que aparece com uma das alternativas mais adequadas à saúde psíquica da criança. Tanto do ponto de vista psicológico, como do social e do jurídico, devemos incentivar tanto o pai como a mãe a serem genitores. O direito de visita quinzenal do pai que contribui para o não desempenho das importantes funções do genitor. O pai é colocado pela legislação em uma posição onde se vê com escassas possibilidades de influenciar na educação dos filhos, sentindo-se cercado em seu direito de influenciar na criação deste.

Embora haja uma formalidade no procedimento da guarda, há condutas de genitores que são consideradas de extrema importância para o bem dos filhos, em que ambos, sabem sobre o menor, sobre a escola, médico, e estado emocional, por isso, no inciso V, do art. 6 º da Lei, refere-se a guarda compartilhada, visto esta ser uma das melhores maneiras de evitar a síndrome instalada no menor, fazendo co que pai e mãe atuam com tal..

A participação ativa de psicólogos depois de evidenciada a alienação é essencial, em busca de uma vida com comportamentos adequados, como se refere Motta (2012, p. 60) “os efeitos na criança podem ser: depressão crônica, incapacidade de adaptação em ambiente psicossocial, transtornos de identidade e de imagem, desespero, sentimento incontrolável de culpa [...]” recomendando assim, conforme o exposto no inciso IV, do art. 6 º da Lei, o acompanhamento psicológico ou biopsicossocial.

Entretanto, para um desempenho pleno destes profissionais sob o menor, o tratamento ser estendido ao alienador, dessa forma Freitas e Pellizzaro (2011, p. 37), entendem:

É importante esclarecer que a realização de acompanhamento não se restringe ao menor alienado, pois em leitura sistemática com o caput, o alienador geralmente é quem precisa do auxílio psicoterápico, devendo ser ampliados os efeitos desta previsão a este e não restringidos àquele, afinal, nos poderes conferidos por lei e pela regra do art. 461, em seus §5 º, do Código de Processo Civil, o magistrado pode determinar de forma compulsória (sob pena de

Referências

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